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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO TEORIAS E PRÁTICAS EM CUIDADOS INTEGRATIVOS ALUNA: CLAUDIA MARQUES RESENHA DO FILME MODIGLIANI O filme trata da vida do pintor Amedeo Modigliani, da sua infância a sua morte. Ao retratar sua infância, em 1919, apresenta uma cena em que ele desenhava na parede enquanto guardas invadiam sua casa para confiscar os bens da família perto do fim da Primeira Guerra Mundial. O preconceito que o pintor sofre por ser judeu permeia todo o filme e é causa de muito sofrimento. Como ponto central de todo o filme está a falta que sente de sua mãe, e todo o movimento de aproximação e afastamento que o pintor estabelece com a figura feminina, retratada no filme pela jovem Jeanne, com quem gerou três filhos. A personalidade retratada no filme é de um jovem excêntrico, aparentemente sem limites, cuja especialidade é fugir das relações mais profundas. A cena em que ele e Picasso encontram-se com Renoir deixa clara a linha tênue que separa a sanidade e a loucura de Modigliani. A relação que ele estabelece com Jeanne e com seus filhos revela a necessidade de reconciliar-se com seu passado para poder viver conscientemente o presente. Os fantasmas de sua infância rondam todo o filme em diferentes cenas, mostrando que sua vida encontra-se estagnada ainda na sua primeira infância. A forma com que lida com sua própria saúde, ignorando as recomendações médicas e excedendo-se no álcool e nas drogas traz à tona uma ferida aberta, difícil de ser curada. A arte apresenta-se como uma forma de elaborar os conteúdos psíquicos do pintor, que pauta sua trajetória principalmente em sua relação com Picasso. O desafio, a superação e o fracasso que surgem dessa convivência mostram a forma como Modigliani precisa perdoar a si próprio e a sua criança ferida, acolhendo-se e dando- se colo. A fala de Renoir, em fala que “todo artista chega ao seu limite e segue o seu destino” aponta para o movimento que o próprio Modigliani realiza em sua vida tão curta. Na cena da

Resenha filme modigliani

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Page 1: Resenha filme modigliani

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULOTEORIAS E PRÁTICAS EM CUIDADOS INTEGRATIVOSALUNA: CLAUDIA MARQUES

RESENHA DO FILME MODIGLIANI

O filme trata da vida do pintor Amedeo Modigliani, da sua infância a sua morte. Ao retratar sua infância, em 1919, apresenta uma cena em que ele desenhava na parede enquanto guardas invadiam sua casa para confiscar os bens da família perto do fim da Primeira Guerra Mundial. O preconceito que o pintor sofre por ser judeu permeia todo o filme e é causa de muito sofrimento.

Como ponto central de todo o filme está a falta que sente de sua mãe, e todo o movimento de aproximação e afastamento que o pintor estabelece com a figura feminina, retratada no filme pela jovem Jeanne, com quem gerou três filhos. A personalidade retratada no filme é de um jovem excêntrico, aparentemente sem limites, cuja especialidade é fugir das relações mais profundas. A cena em que ele e Picasso encontram-se com Renoir deixa clara a linha tênue que separa a sanidade e a loucura de Modigliani.

A relação que ele estabelece com Jeanne e com seus filhos revela a necessidade de reconciliar-se com seu passado para poder viver conscientemente o presente. Os fantasmas de sua infância rondam todo o filme em diferentes cenas, mostrando que sua vida encontra-se estagnada ainda na sua primeira infância. A forma com que lida com sua própria saúde, ignorando as recomendações médicas e excedendo-se no álcool e nas drogas traz à tona uma ferida aberta, difícil de ser curada.

A arte apresenta-se como uma forma de elaborar os conteúdos psíquicos do pintor, que pauta sua trajetória principalmente em sua relação com Picasso. O desafio, a superação e o fracasso que surgem dessa convivência mostram a forma como Modigliani precisa perdoar a si próprio e a sua criança ferida, acolhendo-se e dando-se colo.

A fala de Renoir, em fala que “todo artista chega ao seu limite e segue o seu destino” aponta para o movimento que o próprio Modigliani realiza em sua vida tão curta. Na cena da prisão, em que o pintor vê um amigo amarrado no centro da cela e, tempos depois, ele vê a si próprio encarcerado, a meu ver, ilustra justamente o “limite” mencionado por Renoir. No entanto, o limite é estabelecida pela vida, em que Modigliani finalmente se reconcilia com a Arte, com sua mulher e com sua criança, ilustrado na cena em que ele vai embora de mãos dadas com Picasso.