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Cartilha Bahia de Todos os Circos

Escrito por Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB)Qui, 16 de Agosto de 2012 19:34

No ano de 2010, a Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), unidade vinculada àSecretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), lançou a cartilha Bahia de Todos osCircos, cujos principais objetivos são facilitar o relacionamento entre os artistas circenses e ospoderes públicos municipais e estimular a boa acolhida do circo nas cidades baianas. Apublicação, que teve sua tiragem de 2.500 exemplares esgotada, foi revista e atualizada, e teráuma 2ª edição neste ano de 2012. Antes da conclusão e impressão do material, a FUNCEBconvoca a classe circense e demais interessados para consultarem o documento econtribuírem com sugestões para aperfeiçoá-lo. A cartilha, em versão em PDF, está disponívelpara leitura  aqui , onde também se encontra um formulário para inscrição de sugestões, quepodem ser enviadas até o dia 26 de agosto.

A cartilha Bahia de Todos os Circos apresenta uma introdução sobre o histórico do circo naBahia, mapas que ilustram a atividade circense nas diversas regiões baianas, instruções sobrea manutenção da formação escolar para crianças e jovens que itineram com suas famílias,informações sobre as políticas públicas estaduais e federais para esta linguagem artística eorientações de como os municípios, através de seus órgãos gestores, podem apoiar os circos erecebê-los com segurança e eficiência, garantindo o acesso do público e a manutenção

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Cartilha Bahia de Todos os Circos

Escrito por Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB)Qui, 16 de Agosto de 2012 19:34

qualificada desta arte milenar na Bahia.

O CIRCO NA BAHIA - HISTÓRICO

São raras as publicações sobre o circo na Bahia que nos permitam saber como foi que ascompanhias mambembes chegaram ou se desenvolveram dentro do estado. É certo que,mesmo sem estradas definidas, no início do século XX algumas companhias ou trupes abriram“picadas” para que o circo passasse pelo estado, adentrando assim o Nordeste do Brasil, vistoque a Bahia então funciona como porta de entrada para os circos vindos do Sudeste. Empesquisas acadêmicas realizadas recentemente no estado, há informações sobre grandescompanhias circenses que transitaram nos territórios baianos no início dos anos 1900, gerandooutras pequenas companhias e trupes. Mas, para se constituir a história do circo na Bahia,ainda é necessário recorrer a depoimentos e à história oral, na fala de pessoas que, de algumaforma, vivenciaram e testemunharam a existência de circos, companhias, artistas, números,textos e esquetes encenados, ou mesmo que tenham participado de algum grupo. Por isso, osregistros ainda são escassos.

O interesse pela história do circo na Bahia parte dos próprios artistas ou pesquisadores dasartes cênicas que buscam conhecer o passado e entender de que modo funciona estaatividade dentro do estado na contemporaneidade. Assim, na década de 1970, Nélson deAraújo registrou em pesquisa no Recôncavo Baiano algumas comédias e palhaçadasapresentadas nos circos da época, nas localidades de Amoreiras, Gameleira, Santo Amaro deCatu, Arembepe, Barra do Gil e Mar Grande, como forma de instrumentalizar os alunos emartes cênicas, bem como registrar parte desta atividade.

Em 1980, os integrantes da Trupe Tapete Mágico, Anselmo Serrat e Verônica Tamaoki,entrevistaram diversos artistas circenses, principalmente em Salvador, Região Metropolitana eRecôncavo, dos quais muitos se integraram à equipe de instrutores da primeira escola de Circodo Norte e Nordeste, Escola Picolino, que passa a ser Associação Picolino de Artes do Circona década de 1990. Dentre estes instrutores, havia artistas de famílias tradicionais circensesou artistas que haviam se incorporado nas atividades circenses, tais como Jucineide Silva(contorcionista da Trupe dos Silva e do Circo Iquiloni), Vanilson (Palhaço Pimpão do Circo RealD’Plaza), José Maria (trapezista de vários circos na Bahia), André, conhecido comoPé-de-Ferro (monociclista famoso por se equilibrar e construir bicicletas que se desmontavam)e palhaço Jurubeba. A partir destas entrevistas e outras pesquisas que se seguiram, os artistasitinerantes da Bahia puderam também ser conhecidos: Dona Zeza e seu Circo Mundial, DonaRosária e seu esposo Palhaço Camarão, Zé Fubica, dentre outros.

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Escrito por Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB)Qui, 16 de Agosto de 2012 19:34

A atividade circense no estado é constituída de diversos artistas e famílias, muitas vezesdesconhecidos para o grande público soteropolitano, mas com grande reconhecimento entre opúblico das cidades do interior. O interesse em conhecer mais sobre a atividade circense temlevado pesquisadores, estudiosos e artistas a buscar os circos itinerantes para, a partir daí,formular alguns levantamentos. O pesquisador Reginaldo Carvalho registrou diversos circosque estiveram na cidade de Senhor do Bonfim entre as décadas de 1920 e 1960, pois seu avô,após trabalhar no Circo Meridiva por seis meses, montou um grupo de teatro na cidade,encenando dramas e melodramas.

Outra pesquisadora, Cristina Macedo, que trata da Educação no Circo, registrou e evidenciou aatividade circense de cinco circos: Dallas, Circo Barcelona, Marco Polo, Weverton e Jamaica.Já a pesquisadora Alda Souza traçou uma linha hereditária da família circense que tem iníciocom um fotógrafo lambe-lambe, em 1954, criando a Trupe dos Silva, mais tarde se tornando oCirco Iquiloni. Neste trabalho, também foram apontados outros circos que itineravam na Bahiae Nordeste entre as décadas de 1950 e 1960, como o Azes Pernambucano, Circo do PalhaçoTarugo e Circo do Dil.Levantar fatos e histórias é uma tarefa complexa para que se evidenciemtodos os agentes envolvidos na história do circo na Bahia: um processo em construção quesurge de forma fragmentada, mas que é imprescindível para se ter noção da direção que aatividade circense tomará.

Na figura do Palhaço, podem ser citados alguns artistas que contribuíram ou contribuem comesta história: Palhaço Economia, Palhaço Cadilac, Palhaço Pindola, Palhaço Camarão,Palhaço Detefon, Palhaço Paradinha, Palhaço Bigorrilho, Palhaço Zé Fubica, PalhaçoFura-Fura, Palhaço Funhanha, Palhaço Pinduca, Palhaço Carobinha e Palhaço CD.Através doMapeamento e Memória do Circo, que vem sendo realizado pela FUNCEB para oreconhecimento desta realidade, cerca de 50 companhias, artistas, trupes, circos itinerantes eescolas de circo foram levantados no período de 2007 a 2011. Esta pesquisa, porém, não parae deve ser sempre atualizada, uma vez que há uma peculiaridade nos circos que atuam naBahia: da mesma forma como as famílias circenses rapidamente constituem um circo, tambémo desfaz. A dinâmica dos circos itinerantes também não permite que estes sejam mapeadossomente em um estado, pois muitos atuam em outras localidades do Nordeste. De qualquermodo, este levantamento serve de norteador para diversas ações para a área, além de fazerconhecido o que antes era desconhecido: os artistas mambembes do estado da Bahia.

Texto extraído da  Cartilha de Todos os Circos  da Fundação Cultural do Estado da Bahia(FUNCEB)

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