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24 DE MAIO, 2011 01 Camila Soares e Thais Telezzi A locutora santista revela o motivo de sua saída do MetroNight, afirma ainda se sentir presente no programa e disposta a voltar definitivamente. Entrevista PRISCILLA CARDENA “Sempre há espaço” A radialista e ex apresentadora do programa MetroNight, Priscilla Cardena, começou sua carreira há 14 anos com participação no programa Ritmo da Noite – Rádio Serra do Mar. Cardena foi a primeira voz feminina da emissora e nos conta os preconceitos que enfrentou. Chegou a ser cartucheira da Rádio comunitá- ria Digital FM e também nos revela a experiência na qual, durante três anos, ser âncora do programa MetroNi- ght – Rádio Metropolitana FM, e seu afastamento. Priscilla afirma ainda se sentir presente no programa: “Quem sai não volta, e estou lá ainda”. A san- tista continua recebendo elogios por ter apresentado o programa durante os últimos anos, e os ouvintes pedem sua volta. Diz que na época foi um susto, mas que já superou o afastamento. Ain- da é envolvida com sua produção, mas garante ficar a parte ao que acontece. Pioneira no rádio, hoje a locutora é folguista da Rádio Metropolitana FM e disponibiliza o restante de seu tempo para cuidar mais de si mesmo e visi- tar sua família que mora em Santos. Você se descobriu locutora muito cedo. Não teve interesse por outra profissão? Não. Desde pequena escutava o rádio, e pensava: “Quero ser locutora!”. Eu conversava com as locutoras ao lado da caixa de som. Dizia: “Me deixa falar. Eu quero falar!”. Hoje brinco que fora a locu- ção, seria aeromoça. Adoro avião. Adoro voar. Não viajo muito, mas acho o máximo ter a oportunidade de conhecer o mundo. Na verdade, nunca tive interesse por outra profis- são. Meu sonho sempre foi fazer o que faço, e agradeço a Deus por ter me proporcionado a realização. Hoje brinco que fora a locução, seria aeromoça. Adoro avião. Adoro voar. Na verdade, nunca tive interesse por outra profissão

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24 DE MAIO, 2011 01

Camila Soares e Thais Telezzi

A locutora santista revela o motivo de sua saída do MetroNight, afirma ainda se sentir presente no programa e disposta a voltar definitivamente.

Entrevista PRISCILLA CARDENA

“Sempre há espaço”

Aradialista e ex apresentadora do programa MetroNight, Priscilla Cardena, começou sua carreira há 14 anos com participação

no programa Ritmo da Noite – Rádio Serra do Mar. Cardena foi a primeira voz feminina da emissora e nos conta os preconceitos que enfrentou. Chegou a ser cartucheira da Rádio comunitá-ria Digital FM e também nos revela a experiência na qual, durante três anos, ser âncora do programa MetroNi-ght – Rádio Metropolitana FM, e seu afastamento. Priscilla afirma ainda se sentir presente no programa: “Quem sai não volta, e estou lá ainda”. A san-tista continua recebendo elogios por ter apresentado o programa durante os últimos anos, e os ouvintes pedem sua volta. Diz que na época foi um susto, mas que já superou o afastamento. Ain-da é envolvida com sua produção, mas garante ficar a parte ao que acontece. Pioneira no rádio, hoje a locutora é folguista da Rádio Metropolitana FM e disponibiliza o restante de seu tempo para cuidar mais de si mesmo e visi-tar sua família que mora em Santos.

Você se descobriu locutora muito cedo. Não teve interesse por outra profissão? Não. Desde pequena escutava o rádio, e pensava: “Quero ser locutora!”. Eu conversava com as locutoras ao lado da caixa de som. Dizia: “Me deixa falar. Eu quero falar!”. Hoje brinco que fora a locu-ção, seria aeromoça. Adoro avião. Adoro voar. Não viajo muito, mas acho o máximo ter a oportunidade de conhecer o mundo. Na verdade, nunca tive interesse por outra profis-são. Meu sonho sempre foi fazer o que faço, e agradeço a Deus por ter me proporcionado a realização.

“Hoje brinco que fora a locução, seria aeromoça. Adoro avião. Adoro voar. Na verdade, nunca tive

interesse por outra profissão ”

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Ainda amo muitoo programa, no

entanto, nãome sinto bem

em ver pessoas que não gostam do MetroNight.

Isso me incomoda.Eu defendo o

programa com unhas e dentes

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Entrevista PRISCILLA CARDENA

O que primeiro lhe interessa em sua carreira? O espaço pra fazer meu trabalho. O salário é uma conse-qüência. Não gosto de trabalhar em uma Rádio que não me sinta bem. Graças a Deus, hoje me sinto muito bem onde estou. Alias, nunca trabalhei em um lugar onde não gos-tasse. Cheguei a trabalhar em Rádio Gospel, que não é minha paixão, mas foi muito bacana. Tudo é valido. A experiência me acrescentou muito como pessoa e profissional.

Aos 16 anos, sua primeira participa-ção na Rádio Jovem Pan - Programa Ritmo da noite. Como foi? Maravi-lhoso! Fiz com a Tatiana Fráguas – grande amiga até hoje. Eu era ouvin-te do programa, e ela me “conhecia” por isso. Gostava tanto, que até sabia a vinheta de oferecimento. Certo dia fiz no ar uma participação dizendo: “Ritmo da Noite, oferecimento DJ Sound, a única revista especializada em Dance Music no Brasil”. Adorei! Não senti medo, sempre fui muito falante. Tenho apenas que agradecer a Tati. Excelente pessoa, grande profissional.

Seu primeiro trabalho foi na Rádio Serra do Mar, onde foi a única locu-tora. Houve preconceito? O maior preconceito que enfrentei no início da minha carreira foram as piadinhas que sempre ouvia nos corredores dos estúdios: “Ela é muito menina, muito nova”. O preconceito já era notável por eu ser a única voz femi-nina da Rádio. Devido o fato de ser nova, fez tudo aumentar.A maioria das pessoas me parabe-nizam pela coragem e estão do meu lado até hoje. Confesso que todas as vezes que escutava essas frases, me entristecia. Porém, acredito que tudo na vida seja um aprendizado. Sinto orgulho pela determinação que sempre tive e não tenho vergonha

em contar as pessoas essa fase da minha vida.

Você nasceu em Santos e hoje tra-balha em São Paulo. O que te trouxe a esta cidade? Eu havia recebido diversos convites para trabalhar em São Paulo. Cheguei a gravar tes-tes, pilotos, mas nunca aceitava vir quando dava certo. Alguns fatores impediam minha vinda – problemas particulares. Quando cheguei a São Paulo, algo de fato me trouxe. Esta-va disposta a encarar uma fase nova da minha vida. Na época, uma amiga me disse que a Rádio Vida FM estava em busca de locutoras para um programa vespertino. Fiz o teste, passei, e permaneci dois anos. Logo em seguida, fiquei sabendo que a Metropolitana FM estava procuran-do uma apresentadora para um pro-grama de balada. Achei bacana, fiz o teste sem pretensão de dar certo, pois não imaginava que o Metroni-ght tivesse algo a ver comigo. Nunca havia apresentado um programa de Rádio e não frequento baladas cons-tantemente. Adoro um bom lugar,

porém, não sou baladeira. Enfim, fiz o teste, passei, onde permaneci os últimos três anos e com certeza, o programa foi o melhor que aconte-ceu em minha vida profissional.

Qual foi o motivo de sua saída do MetroNight? É como um acordo. Quem sai não volta, e estou lá ainda. Foi muito marcante minha vida no programa, pois permaneci três anos. As pioneiras foram Gigi Monteiro e Dani Zanetti, ambas apresentaram o programa por cinco anos, respecti-vamente. O formato do Metronight precisava ser mudado, inovado, bem como os de mais, de qualquer emis-sora. A decisão da minha “saída” foram essas mudanças. Inovação na programação. Nunca fui contra. Pri-meiro sofri com o corte, porque amei trabalhar no programa, mas depois superei bem. Ainda amo muito o programa, no entanto, não me sinto bem em ver pessoas que não gostam do MetroNight. Isso me incomoda. Eu defendo o programa com unhas e dentes.

Você faz participações no MetroNight. Quando isto ocorre? Esporadica-mente. Normalmente quando há transmissão simultânea. Quando pre-cisam de mim, estou a disposição. Adoro o bate bola no ar. A transmis-são masculina com a feminina dá um charme no ar. Acredito que seja um diferencial.

Você já chegou a trabalhar em mais de uma rádio simultaneamente? Como se prepara antes de entrar no ar? Sim. São 14 anos de rádio. Di-versas vezes cobri falta de locutores, passando muitas horas no ar. Che-guei a fazer duas rádios ao mesmo tempo - jovem e popular, e até com TV junto! Para me preparar, durmo bem. Sempre me preocupo para não beber gelado também, e um bom

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O maior preconceito que

enfrentei no inicio da minha carreira

foram as piadinhasque sempre ouvia nos

corredores dos estúdios: Ela é muito menina,

muito nova

fonoaudiólogo sempre é bom. Entre-tanto, amar o seu trabalho é a melhor forma de preparo para exercê-lo.

Quem você tem como referência profissional?Tatiana Fráguas. Excelente pessoa e profissional. Ensinou-me muito do que sei. Só tenho a agradecer. Quem eu gosto, acho legal demonstrar. Para um bom profissional sempre há espaço. Existe a oscilada ao decorrer da carreira, mas faz parte. Cabe a cada um de nós aproveitar as oportu-nidades, e dar o melhor de si para cumpri-las.

Já fez algo diferente a locução? Não. Nunca trabalhei numa loja ou escritório, por exemplo. Sou muito realizada com minha escolha profissional. Antes mesmo de entrar no meio artístico, sabia que era esse meu destino. Quando consegui meu primeiro contato com o Rádio, ape-nas tive mais certeza do que queria. Porém, sei fazer um bolo, doces, uma boa escova no cabelo...

Em 2010 você recebeu o prêmio DJ Sounds Awards por ser apre-sentadora do MetroNight. Houve reconhecimento? Quem ganhou foi o programa, não eu. Estava a frente do MetroNight, mas ele não se faz sozinho. Temos uma equipe maravilhosa, com: técnicos, produ-tores, diretor, etc. Família unida. O programa ter recebido o prêmio foi uma recompensa impagável. Inclusi-ve, o troféu me foi dado pelas mãos de um dos donos da rádio, e diretor do programa, Jayr Sanzone. O tenho guardado em casa, com o maior cari-nho. Este presente, sem dúvidas, foi o mais marcante de minha carreira.

Você já trabalhou como operadora de mesa de som na Rádio Serra do Mar, e como cartucheira na Rádio

Digital FM. Como foi exercer estes trabalhos? No começo foi mágico. A Rádio Digital foi uma radio comu-nitária, simples. Havia a casseteira, onde era preciso voltar os comerciais em uma fita cassete. No começo foi difícil, porém, válido. É tudo passo a passo. Hoje, trabalho numa rádio bem equipada, de ultima geração. Faço a locução e operação. Apenas no MetroNight que fui apenas apresentadora.

O que crê que seja o futuro do Rádio FM? Por mais que falemos em con-corrências entre rádios, nosso maior inimigo é o Ipod. Principalmente devido ao público jovem, que tem acesso direto às músicas disponí-veis na internet. Então, creio que as rádios tenham que investir bastante nas promoções e no diferencial de apresentação dos programas. Infe-lizmente, a programação musical já não é apenas suficiente.

O que espera de um trabalho quan-do o aceita? Espero dar o melhor de mim, e dou. Sou extremamente

eclética e disposta a encarar novos desafios. Já apresentei programas românticos, de pagode, dance, etc. Espero alcançar 100% o objetivo proposto pelo programa e estar feliz comigo mesmo em fazê-lo. Eu amo rádio. Pra mim o que vier, é bem vindo.

Qual é o próximo passo em sua carreira? Eu ainda não defini, acho. Estou numa fase onde tenho que fazer o que amo. Procuro aproveitar o momento e realizar minhas tarefas da melhor maneira possível.

E Rádios AM? Nada contra, mas sem-pre fui bem extrovertida. Minha fala no rádio é mais animada. Gosto de alternar a locução com as músicas. Ser mais expressiva, poder entrar em contato direto com o ouvinte e sentir a emoção dele em estar no ar durante determinado programa. Comparti-lhar momentos com o ouvinte para mim é maravilhoso.

Qual sua relação com o trabalho?Não sou antiprofissional. Nunca me preocupei com quanto ganharia, indo atrás de contraproposta. Errado, pro-fissionalmente. Para mim, meu tra-balho é amor, porque paixão acaba. Às vezes estava mal, com assuntos para resolver, mas quando chego no Estúdio, tudo muda. Sinto-me feliz, disposta e deixo os problemas para o lado de fora da porta.

Você, afinal, acredita em dom/desti-no? Acredito. Nada é por acaso. O amor pelo meu trabalho está ligado ao dom. Rádio, você nasce ou não nasce para trabalhar nele. Ouvi do Jayr: “É Nato”. Meu amor pelo rádio é nato. Eu já cheguei a cair da cadeira do estúdio, machucar o braço e precisar engessá-lo. Ainda sim amo meu trabalho. Meu destino é rádio!

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