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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - PRPPG PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO PPGAN MESTRADO MARIANA DE MORAIS SOUSA COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO FRUTO E DO LICOR DE JAMELÃO (Syzygium cumini) Teresina 2012

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - PRPPG

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO – PPGAN

MESTRADO

MARIANA DE MORAIS SOUSA

COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO FRUTO E DO

LICOR DE JAMELÃO (Syzygium cumini)

Teresina

2012

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Mariana de Morais Sousa

COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO FRUTO E DO

LICOR DE JAMELÃO (Syzygium cumini)

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição,

da Universidade Federal do Piauí, como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Alimentos e Nutrição.

Área: Qualidade de Alimentos

Orientador: Dr. Alessandro de Lima

Teresina

2012

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Mariana de Morais Sousa

COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO FRUTO E DO

LICOR DE JAMELÃO (Syzygium cumini)

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição,

da Universidade Federal do Piauí, como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Alimentos e Nutrição.

Área: Qualidade de Alimentos

Orientador: Dr. Alessandro de Lima

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Alessandro de Lima - IFPI

(Orientador/Presidente)

Profª. Dra. Neide Kazue Sakugawa Shinohara - UFRPE

1º Examinador

Prof. Dr. Reginaldo Almeida da Trindade - UFPI

2º Examinador

Teresina

2012

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DEDICATÓRIA

Dedico esta conquista aos meus irmãos e aos

meus pais pela torcida e incentivo, principalmente

a minha mamãezinha por todo o seu amor,

dedicação e apoio incondicional ao longo de toda

a minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Nesta trajetória, muitas foram as pessoas que acompanharam e contribuíram de forma

inestimável para meu crescimento profissional e pessoal. As palavras de apoio, incentivo e

companheirismo, de grande valia, foram preenchendo os dias que passavam e, cada uma

delas, à sua maneira, contribuiu para a realização desta pesquisa.

Agradeço primeiramente a Deus, meu alicerce e meu guia que esteve sempre ao meu

lado, ajudando-me a concluir este trabalho. Agradeço ainda por ter colocado em meu caminho

pessoas maravilhosas que sempre me ajudaram quando precisei. Por ter me colocado diante

alguns obstáculos para que através deles eu aprendesse e me tornasse mais forte e capaz de

superá-los.

Aos meus pais, Pedro e Raimunda, pelo amor incondicional e pelo sucesso na

educação de seus filhos, diante de todas as adversidades. Aos meus irmãos, Silvanei e

Silvania, pelo carinho e compreensão. Aos meus sobrinhos Suzany e Athos pelos momentos

de descontração. E aos meus cunhados, Adamantino e Juliana, que mesmo de maneira discreta

sei que sempre torceram por mim. Amo vocês!

À todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição que

contribuíram com minha formação e meu crê/scimento intelectual e humano.

Em especial, ao Profº Dr. Alessandro de Lima, por ter conduzido minha orientação,

ouvir com interesse as questões, dúvidas e problemas que surgiram durante o processo desta

pesquisa. Não somente por isso, mas também pelo caráter generoso, inteligência,

competência, simplicidade, humildade e a admirável coragem de ousar com novas ideias e

conceitos. Agradeço a alegria de trabalharmos juntos, os ensinamentos proporcionados e a sua

amizade, principalmente.

Às professoras da banca examinadora da qualificação do projeto, Dra. Regilda Saraiva

e Dra. Regiane Gonçalves, que forneceram sugestões indispensáveis para construção deste

trabalho. E aos professores da banca examinadora da dissertação, Dr. Reginaldo Almeida e

Dra. Neide Shinohara, por aceitarem avaliar este trabalho.

À minha querida amiga e companheira de mestrado Rosália, por partilhar comigo todo

o processo de produção desta pesquisa, fonte de apoio intelectual e afetivo, os quais

imensamente contribuíram para que este trabalho chegasse ao fim. Agradeço o

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companheirismo, os conselhos e toda a atenção despendida. Trabalhar ao seu lado muito me

acrescentou como pessoa e profissional.

À minha querida amiga Afra, com quem partilhei minhas alegrias, dúvidas, anseios e

sonhos durante esses anos, sempre disposta a ouvir e incentivar-me. Sou grata pelos tão bons

momentos que passamos juntas, pelos conselhos e pela calma que me transmitiu quando

muito precisei. Agradeço eternamente pelo carinho e atenção.

Ao meu amigo Carlos, por se fazer presente em toda essa trajetória, me

proporcionando caminhos mais fáceis para chegar onde eu cheguei. Agradeço pela amizade,

companheirismo e pelo incentivo para que eu nunca desistisse dos meus sonhos.

A todas as amigas de turma, especialmente as “amigas de qualidade”, pelo período em

que estivemos juntas, dividindo momentos de angústias, de alegrias e de muitos sentimentos

que fortaleceram nossa amizade.

Aos meus colegas de trabalho e amigos, Pedro e Marília, pela imensa ajuda na

execução das análises (inclusive Pedro adiou uma viagem sua pra poder me ajudar...muito

obrigada!). Agradeço ainda pelos momentos de descontração e conversas agradáveis tornando

essa caminhada mais branda.

À Edileide por ter trazido para mim uma grande quantidade dos jamelões utilizados

nesta pesquisa, sem eles nada teria saído a contento. Agradeço ainda os esclarecimentos

botânicos tanto do fruto como da planta.

À minha orientanda de iniciação científica, Aline Suluane, pela disposição e auxílio

durante a realização das análises.

À toda equipe de sensorial, pois sem ela parte desse trabalho não seria possível,

principalmente a minha equipe treinada. Agradeço o interesse, a assiduidade e a paciência de

provar vários tipos de bebidas alcoólicas, danificando um pouquinho do seu fígado para fazer

com que esta pesquisa desse certo.

E não poderia deixar de agradecer também a minha amada cadelinha Latika, que

sempre permaneceu ao meu lado até altas horas, durante noites e mais noites de estudos.

Enfim, a todos àqueles que direta ou indiretamente, se fizeram presentes, torceram

pelo meu sucesso e contribuíram para que esta pesquisa se tornasse realidade.

A todos a minha sincera gratidão.

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"De tudo ficaram três coisas ... A certeza de que estamos

começando ... A certeza de que é preciso continuar ... A certeza de

que podemos ser interrompidos antes de terminar ... Façamos da

interrupção um caminho novo ... Da queda, um passo de dança ...

Do medo, uma escada ... Do sonho, uma ponte ... Da procura, um

encontro!"

(Fernando Sabino)

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RESUMO

O jamelão (Syzygium cumini) é um fruto de fácil produção em parte do Brasil, entretanto ainda

pouco explorado nutricionalmente e economicamente, apesar de possuir vários compostos que

podem ser benéficos ao organismo animal. Diante disso, essa pesquisa visou avaliar os principais

compostos bioativos e a atividade antioxidante in vitro do fruto e do licor de jamelão, bem como

verificar o efeito do processamento no teor de compostos bioativos do licor preparado a partir do

fruto. Para determinação das características físicas, físico-químicas, composição centesimal, teor

de minerais e ácido ascórbico da parte comestível do fruto foram utilizadas metodologias oficiais;

os compostos bioativos (antocianinas, carotenoides e compostos fenólicos) foram determinados

por espectrofotometria; a atividade antioxidante in vitro foi realizada utilizando os radicais

sintéticos DPPH• e ABTS•+. Foram elaboradas 9 formulações de licores, sendo empregadas 3

concentrações de frutos (C1: 0,775 Kg. L-1; C2: 1 Kg. L-1; C3: 1,225 Kg. L-1) para 3 técnicas

diferentes de processamento: P1 (maceração do jamelão sem tratamento térmico e adição de

xarope preparado à quente), P2 (maceração do jamelão com tratamento térmico e adição de

xarope preparado à quente) e P3 (preparação de xarope por desidratação osmótica e maceração).

A estabilidade dos fenólicos totais, das antocianinas monoméricas, assim como a atividade

antioxidante in vitro de licores pelos métodos DPPH• e ABTS•+ foi verificada nos tempos 0, 30,

60 e 90 dias (período de maturação dos produtos elaborados). A avaliação sensorial dos licores foi

realizada por meio de aplicação de três testes, sendo eles: preferência e aceitação para verificar

quais as melhores formulações e caracterização sensorial por Análise Descritiva Quantitativa das

formulações selecionadas. Os resultados obtidos demonstraram que o fruto apresentou baixo valor

energético (44,28 ± 1,11 Kcal.100 g-1 ), fonte de fibra alimentar total (3,08 ± 0,04 g. 100 g-1) e de

minerais como Ca, Mg, P, K, Fe, Mn, Zn. Em relação aos compostos bioativos, apresentou

quantidades expressivas de antocianinas monoméricas (223,18 ± 7,70 mg de cianidina-3-

glicosídeo.100 g-1) e um bom teor de ácido ascórbico (25,47 ± 2,61 mg de ácido ascórbico.100 g-

1). Quanto a extração dos polifenóis, o extrato aquoso se sobressaiu em relação aos demais,

392,17 ± 43,33 mg EAG.100 g-1, no entanto não apresentou a maior atividade antioxidante. Nos

dados da atividade antioxidante, tanto pelo método DPPH• como pelo ABTS•+, o extrato acetônico

foi o que demonstrou maior capacidade inibitória frente a esses radicais, apresentando EC50: 43,54

± 2,02 μg.mL–1 e valor TEAC: 140,23 ± 8,01 μmol Trolox.g-1. Em relação a estabilidade dos

licores de jamelão constatou-se que houve variação no teor de compostos bioativos e na atividade

antioxidante in vitro, no entanto, os processamentos distintos aplicados e as diferentes

concentrações do fruto dentro do mesmo processamento pouco influenciaram na extração desses

compostos. Fator determinante para verificação dessa estabilidade antioxidante foi o período de

maturação dos licores, pois os compostos antioxidantes analisados, bem como a verificação da

atividade antioxidante in vitro variou significativamente (p < 0,05) no decorrer desse período.

Dentre as 9 formulações elaboradas, as formulações F8 (1 Kg. L-1) e F9 (1,225 Kg. L-1) foram

consideradas as melhores formulações pelos provadores não treinados e a análise de perfil

sensorial demonstrou que estas amostras foram realmente semelhantes quanto aos atributos

analisados. Diante disso, pode-se inferir que o jamelão possui um bom valor nutritivo e esse fruto

in natura assim como seu licor apresentam compostos bioativos com expressiva atividade

antioxidante mesmo após o período de maturação do licor.

Palavras-chave: Syzygium cumini. Compostos bioativos. Licor. Estabilidade antioxidante.

Avaliação sensorial.

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ABSTRACT

The jambolan (Syzygium cumini) is a fruit of easy production in some regions of Brazil, but it still

is poorly nutritionally and economically explored even with its beneficial physiological activities

in the animal organism. Facing this facts, this research aimed to evaluate the major bioactive

compounds and antioxidant activity in vitro of the jambolan fruit and liqueur, as to verify the

effect of processing in the rate of the bioactive compounds on the liqueur. The determination of

the physical and physicochemical characteristics, centesimal composition, rate of minerals and

ascorbic acid of the fruit was obtained using the official methodologies; the bioactive compounds

(anthocyanins, carotenoids and phenolic compounds) was determined by spectrophotometry; the

antioxidant activity in vitro was realized using the DPPH• and ABTS•+ synthetic radicals. 9

formulations of liqueurs were produced, being 3 different concentration of fruits (C1: 0,775 Kg.

L-1; C2: 1 Kg. L-1; C3: 1,225 Kg. L-1) and for each 3 different techniques of processing were

applied P1 (maceration of jambolan without thermal treatment and adding of hot processed

syrup) P2 (maceration of jambolan with thermal treatment and adding of hot processed

syrup) P3 (syrup processed by osmotic dehydration and maceration). The stability of the total

phenolics, the monomeric anthocyanins, as for the antioxidant activity in vitro of the liqueurs by

the DPPH• e ABTS•+ methods were all verified at the times 0, 30, 60 and 90 days (phase of

maturation for the elaborated liqueurs). The sensory evaluation of the liqueurs were obtained by

the application of three tests: Preference and acceptance to verify which were the best

formulations and a sensory characterization by Quantitative Descriptive Analysis of the selected

formulations in the previous tests. The results obtained were that the fruit presented low energetic

value (44,28 ± 1,11 Kcal.100 g-1 ) being a source for total dietary fibre (3,08 ± 0,04 g. 100 g-1)

and minerals as Ca, Mg, P, K, Fe, Mn, Zn. In the matter of bioactive compounds, it was

discovered expressive amounts of monomeric anthocyanins (223,18 ± 7,70 mg of cyanidin-3-

glycoside.100 g-1) and a good rate of acid ascorbic (25,47 ± 2,61 mg of ascorbic acid.100 g-1)). As

for the extraction of polyhpenols, the aquous extract was the most representative, 392,17 ± 43,33

mg GAE.100 g-1, however it didn´t presented the most antioxidant activity. In the data of

antioxidant activity, as for the DDPH• as for the ABTS•+, the cetonic extract was the sample with

the higher inhibitory capacity facing those radicals, presenting IC50: 43,54 ± 2,02 μg.mL–1and

TEAC: 140,23 ± 8,01 μmol Trolox.g-1. Relating to the stability of the jambolan liqueurs it was

observed that the bioactive compounds and antioxidant activity in vitro had varied, however the

distinct processing and different concentrations of fruit in the same kind of process had little

influence over the extraction of those compounds. The determinant factor for the verification of

antioxidant stability was the maturation time, the antioxidant compounds analyzed as the

antioxidant activity in vitro verified varied significantly (p < 0,05) during the maturation. Within

the 9 formulations produced the F8 (1 Kg. L-1) and F9 (1,225 Kg. L-1) samples were considered

the best ones by the untrained tasters and the sensory profile demonstrated that these samples

were very similar as for the analyzed attributes. Facing these results, it´s possible to conclude that

the jambolan possesses a high nutritive value and this fruit in natura as its liqueur presents

bioactive compounds with expressive antioxidant activity even after the maturation period of the

liqueur.

Keywords: Syzygium cumini. Bioactive compounds. Liqueur. Antioxidant activity. Sensory

evaluation.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Árvore de jamelão (Syzygium cumini) ..................................................... 19

FIGURA 2 Folhas e flores da árvore de jamelão (Syzygium cumini) ........................ 20

FIGURA 3 Frutos da árvore de jamelão (Syzygium cumini) em diversos estádios de

maturação ................................................................................................

20

FIGURA 4 Fruto e semente da árvore de jamelão (Syzygium cumini) ...................... 20

FIGURA 5 Obtenção dos extratos aquoso, etanólico e acetônico de jamelão ........... 39

FIGURA 6 Curva de calibração de ácido gálico (mg.mL-1

) a 720 nm ...................... 40

FIGURA 7 Curva de calibração-resposta da porcentagem de inibição de Trolox em

etanol (15 a 75 mmol.mL-1

) frente ao radical DPPH• (517 nm) ..............

41

FIGURA 8 Curva de calibração-resposta da porcentagem de inibição de Trolox em

etanol (50 a 800 μmol.mL-1

) frente ao radical ABTS•+

(734 nm) ...........

42

FIGURA 9 Métodos de processamento dos licores ................................................... 44

FIGURA 10 Kit de aromas concentrados .................................................................... 48

FIGURA 11 Curva cinética do potencial antioxidante do extrato aquoso (a),

acetônico (b) e etanólico (c) de jamelão pelo método de sequestro do

radical DPPH• ..........................................................................................

63

FIGURA 12 Curva cinética do potencial antioxidante dos extratos orgânicos de

jamelão pelo método de sequestro do radical ABTS•+

............................

66

FIGURA 13 Licores de jamelão obtidos por três processamentos distintos: (a, b, c)

processo de maceração do fruto sem tratamento térmico e adição de

xarope preparado a quente; (d, e, f) processo de maceração do fruto

com tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; (g, h, i)

xarope elaborado por desidratação osmótica e maceração do fruto ........

67

FIGURA 14 Intenção de compra dos licores de jamelão ............................................. 82

FIGURA 15 Perfil sensorial em gráfico aranha para as amostras de licor ................... 85

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LISTAS DE TABELAS

TABELA 1 Formulações de licores de jamelão ......................................................... 43

TABELA 2 Concentração das soluções aquosas para identificação dos gostos

básicos .....................................................................................................

48

TABELA 3 Características físicas e físico-químicas de jamelão (Syzygium cumini)

coletados na cidade de Floriano, Piauí – Brasil, 2011 ............................

51

TABELA 4 Composição centesimal (g.100 g-1

de amostra) e valor energético total -

VET (Kcal.100 g-1

de amostra) de jamelão, coletados na cidade de

Floriano, Piauí – Brasil, 2011 .................................................................

53

TABELA 5 Comparação do perfil de minerais (mg.100 g-1

de amostra seca) de

jamelão com as recomendações de ingestão diária para adultos

saudáveis .................................................................................................

54

TABELA 6 Antocianinas monoméricas, carotenoides totais e ácido ascórbico em

jamelão coletados na cidade de Floriano, Piauí – Brasil, 2011 ..............

56

TABELA 7 Polifenóis (mg EAG.100 g-1

) dos extratos orgânicos de jamelão ........... 58

TABELA 8 Atividade antioxidante, expressos pelo percentual de proteção (%) e

EC50 (μg.mL–1

) pelo método de sequestro do radical DPPH• para os

extratos orgânicos de jamelão .................................................................

60

TABELA 9 Valor TEAC (Capacidade antioxidante equivalente ao Trolox) pelo

método de sequestro do radical ABTS•+

para os extratos orgânicos de

jamelão ....................................................................................................

64

TABELA 10 Compostos fenólicos (mg EAG. L-1

) em licores de jamelão durante o

período de maturação ..............................................................................

68

TABELA 11 Antocianinas monoméricas (mg cianidina-3-glicosídeo.L-1

) em licores

de jamelão durante o período de maturação ............................................

71

TABELA 12 Atividade antioxidante pelo método de sequestro do radical DPPH•

(mmol.100 mL-1

) em licores de jamelão durante o período de

maturação ................................................................................................

74

TABELA 13 Coeficientes de correlação entre as concentrações de compostos

fenólicos, antocianinas monoméricas e a atividade antioxidante dos

licores de jamelão pelo método de sequestro do DPPH• nos tempos de

10 e 30 minutos .......................................................................................

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TABELA 14 Atividade antioxidante pelo método de sequestro do radical ABTS•+

(μmol.100 mL-1

) em licores de jamelão durante o período de maturação

77

TABELA 15 Coeficientes de correlação entre as concentrações de compostos

fenólicos, antocianinas monoméricas e a atividade antioxidante dos

licores de jamelão pelo método de sequestro do ABTS•+

nos tempos de

10 e 30 minutos ......................................................................................

79

TABELA 16 Valores médios da aceitação e intenção de compra para licor de

jamelão ....................................................................................................

80

TABELA 17 Termos descritores, definições e referências levantados pela equipe ..... 83

TABELA 18 Médias da equipe para os termos descritores do licor de jamelão .......... 86

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% Porcentagem

Abs Absorbância

ABTS•+

2,2-azino-bis-(3-etil-benzotiazolina-6-acido sulfônico

ADQ Análise descritiva quantitativa

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATT Acidez total titulável

C6–C1 Ligação entre o carbono 6 e o carbono 1

C6–C3 Ligação entre o carbono 6 e o carbono 3

Ca Cálcio

cm Centímetro

Cu Cobre

DCFI Sal sódico 2,6-diclorofenol indofenol

DNA Ácido desoxirribonucleico

DPPH• 2,2-difenil-1- picrilidrazil

DRI Dietary Reference Intakes

EAG Equivalente de ácido gálico

ERO’s Espécies reativas do oxigênio

Fe Ferro

FRAP Poder antioxidante de redução do ferro

g Grama

h Hora

IDR Ingestão diária recomendada

INPM Instituto Nacional de Pesos e Medidas

K Potássio

Kg Quilograma

L Litro

m Massa

Mg Magnésio

mg Miligrama

mL Mililitros

mmol Milimol

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Mn Manganês

N Normalidade

Na2CO3 Carbonato de sódio

NaOH Hidróxido de sódio

nm Nanômetro

º Graus

ºC Graus Celsius

ºGL Graus Gay Lussac

ORAC capacidade de absorção de radicais oxigênio

P Fósforo

PA Pró-análise (grau analítico)

pH Potencial hidrogeniônico

ppm Parte por milhão

RNA Ácido ribonucleico

Se Selênio

SST Sólidos solúveis totais

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TEAC Capacidade antioxidante total equivalente ao Trolox

v Volume

VET Valor energético total

Zn Zinco

μL Microlitros

μmol Micromol

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 17

2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 19

2.1 Jamelão (Syzygium cumini) ........................................................................................... 19

2.2 Composição química e usos do Syzygium cumini ......................................................... 21

2.3 Compostos antioxidantes .............................................................................................. 22

2.4 Ensaios químicos para avaliar a atividade antioxidante in vitro ................................... 23

2.5 Elaboração de Licor ..................................................................................................... 24

2.5.1 Processamento artesanal de licores ............................................................................ 25

2.5.1.1 Maceração ............................................................................................................... 26

2.5.1.2 Preparo do xarope a quente ..................................................................................... 27

2.5.1.3 Preparo do xarope por desidratação osmótica ......................................................... 27

2.5.1.4 Mistura da solução hidroalcoólica ao xarope .......................................................... 27

2.5.1.5 Maturação ................................................................................................................ 28

2.6 Análise sensorial de licor .............................................................................................. 28

3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 30

3.1 Objetivo geral ............................................................................................................... 30

3.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 30

4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 31

4.1 Matérias-primas ............................................................................................................. 31

4.2 Local e período de estudo ............................................................................................. 31

4.3 Caracterização física e físico-química ........................................................................... 31

4.3.1 Peso médio, biometria (diâmetro longitudinal e transversal) e rendimento ............... 31

4.3.2 pH ............................................................................................................................... 32

4.3.3 Sólidos solúveis totais (SST) ..................................................................................... 32

4.3.4 Acidez total titulável .................................................................................................. 32

4.3.5 Índice de maturação ................................................................................................... 32

4.4 Caracterização química ................................................................................................. 33

4.4.1 Umidade ..................................................................................................................... 33

4.4.2 Resíduo mineral fixo (Cinzas) ................................................................................... 33

4.4.3 Composição de minerais ............................................................................................ 33

4.4.4 Proteínas ..................................................................................................................... 34

4.4.5 Extrato etéreo (Lipídios) ............................................................................................ 35

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4.4.6 Fibra alimentar total ................................................................................................... 35

4.4.7 Carboidratos ............................................................................................................... 36

4.5 Compostos bioativos ..................................................................................................... 36

4.5.1 Antocianinas monoméricas ........................................................................................ 36

4.5.2 Carotenoides ............................................................................................................... 37

4.5.3 Ácido ascórbico .......................................................................................................... 38

4.5.4 Compostos fenólicos .................................................................................................. 39

4.5.4.1 Obtenção dos extratos ............................................................................................. 39

4.5.4.2 Quantificação dos compostos fenólicos .................................................................. 39

4.6 Avaliação da atividade antioxidante in vitro ................................................................. 40

4.6.1 Teor de matéria seca do extrato .................................................................................. 40

4.6.2 Método de sequestro do radical livre DPPH• ............................................................ 41

4.6.3 Método de sequestro do radical livre ABTS•+

........................................................... 42

4.7 Processamento dos licores ............................................................................................. 43

4.7.1 Elaboração do xarope a quente e por desidratação osmótica ..................................... 43

4.7.2 Preparação dos licores ................................................................................................ 43

4.7.3 Licor (P1) – Maceração do jamelão sem tratamento térmico e adição de xarope

preparado a quente ..............................................................................................................

45

4.7.4 Licor (P2) – Maceração do jamelão com tratamento térmico e adição de xarope

preparado a quente ..............................................................................................................

45

4.7.5 Licor (P3) – Xarope por desidratação osmótica e maceração do fruto ...................... 45

4.8 Análise da estabilidade antioxidante do licor ............................................................... 45

4.9 Avaliação sensorial ....................................................................................................... 46

4.9.1 Pré-seleção dos provadores ........................................................................................ 47

4.9.2 Desenvolvimento da terminologia descritiva ............................................................. 48

4.9.3 Treinamento e seleção dos provadores ....................................................................... 49

4.9.4 Análise das amostras de licor de jamelão ................................................................... 49

4.10 Análise estatística ........................................................................................................ 49

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 51

5.1 Caracterização física e físico-química ........................................................................... 51

5.2 Composição centesimal e de minerais .......................................................................... 53

5.3 Quantificação dos compostos bioativos ........................................................................ 56

5.4 Avaliação da atividade antioxidante in vitro ................................................................. 60

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5.4.1 Método de sequestro do radical DPPH• ..................................................................... 60

5.4.2 Método de sequestro do radical ABTS•+

.................................................................... 64

5.5 Obtenção e estabilidade dos licores de jamelão ............................................................ 67

5.5.1 Estabilidade dos compostos fenólicos e das antocianinas monoméricas em licores

de jamelão ...........................................................................................................................

68

5.5.2 Estabilidade da atividade antioxidante in vitro em licores de jamelão ...................... 73

5.6 Análise sensorial dos licores de jamelão ....................................................................... 79

5.6.1 Desenvolvimento da terminologia descritiva ............................................................. 82

5.6.2 Perfil sensorial dos licores de jamelão ....................................................................... 85

6 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 88

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 90

Apêndice A Termo de consentimento livre e esclarecido

Apêndice B Teste de aceitação, intenção de compra e ordenação de preferência

Apêndice C Questionário para recrutamento de voluntários para a Análise Descritiva

Quantitativa (ADQ)

Apêndice D Teste de reconhecimento de odores

Apêndice E Teste de identificação de gostos básicos

Apêndice F Teste de verificação da capacidade discriminatória

Apêndice G Teste para levantamento de descritores de licor - Método de Rede

Apêndice H Teste para avaliação de desempenho dos provadores

Apêndice I EC50 dos extratos orgânicos de jamelão e dos padrões de ácido gálico e

catequina

Anexo A Submissão ao Comitê de Ética da UFPI

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1 INTRODUÇÃO

Estudos epidemiológicos têm demonstrado relação direta entre dieta e saúde.

Pesquisadores, cada vez mais, estão centrando-se no papel que os nutrientes desempenham na

manutenção da saúde, e mais especificamente, na redução de doenças crônicas não-

transmissíveis. Os estudos revelam que a produção excessiva de radicais livres durante os

processos metabólicos que leva ao estresse oxidativo, é uma das principais causas para o

surgimento dessas doenças (BIANCHI e ANTUNES, 1999). Dentre os vários compostos com

efeitos benéficos ao organismo, destacam-se os antioxidantes, um grupo de compostos

químicos possuidores de múltiplas funções que permitem ao organismo combater

eficientemente o excesso dos radicais livres, retardando ou prevenindo a oxidação celular

(SUHAJ, 2006).

Tais benefícios à saúde são atribuídos aos alimentos ricos em compostos fenólicos e

outros antioxidantes, tais como o ácido ascórbico, os tocoferóis e os carotenoides. Estudos

recentes relatam que os polifenóis, além de atuarem como antioxidantes diretos, podem ainda

influenciar na atividade protetora do organismo contra danos oxidativos, protegendo as

biomoléculas (proteínas, lipídios e carboidratos), as moléculas do DNA e RNA; estimular a

produção e a atividade das enzimas antioxidantes, elevando dessa forma, a qualidade de vida

do indivíduo (EFRAIM; ALVES e JARDIM, 2011; FLOEGEL et al., 2011). Essas

descobertas têm elevado a procura por novas espécies botânicas, especialmente frutos, que

possuam tais propriedades benéficas ao organismo.

Nesse contexto, destaca-se o jamelão (Syzygium cumini), frutífera exótica da família

Myrtaceae nativa dos trópicos, particularmente da Índia, amplamente cultivada no Brasil

como árvore ornamental e de sombra (RUFINO, 2008). O jamelão se propaga por todas as

regiões tropicais do mundo, é uma fruta pequena, de forma elipsoide, que se torna roxa escura

quando completamente madura, sua pele é fina, lustrosa e aderente. Sua polpa, também roxa,

é carnosa e envolve uma semente única e grande. Possui sabor adstringente, mas mesmo

assim muito agradável ao paladar. Nas épocas de safras, as suas árvores ficam carregadas de

frutos e quando maduros, despencam e se acumulam no solo. Apesar dessa abundância, esses

frutos não são tradicionalmente consumidos por populações urbanas, sendo mais utilizados

para fins medicinais (SÁ, 2008).

Como muitas empresas estão conscientes das tendências de consumo e buscam novos

ingredientes para incorporar aos produtos já existentes e aos que poderão ser desenvolvidos

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no futuro, uma técnica que pode ser viável é a elaboração do licor a partir desse fruto, que

além de ser um método simples, agrega valor ao produto, minimizando suas perdas.

Pesquisas recentes têm demonstrado que bebidas como vinho, licores e cervejas

apresentam compostos polifenólicos que atuam como antioxidantes (OLIVEIRA et al., 2009),

mostrando que o consumo moderado de bebidas alcoólicas pode proporcionar benefícios à

saúde. Um estudo realizado por Renaud et al. (1992), mostrou que a população francesa

apresentava um índice bem menor de doenças cardiovasculares que a maioria da população

mundial, apesar de consumirem alimentos ricos em gorduras e não praticarem exercícios

físicos regularmente (fenômeno conhecido como “paradoxo francês”). A explicação para tal

constatação advém do hábito alimentar dos franceses em consumirem vinho frequentemente,

uma fonte potencial de compostos fenólicos, no qual são encontrados em concentrações de 1,4

a 4,0 g.L-1

. Dessa forma, a elaboração de licor de jamelão, matéria-prima rica nesses

compostos, pode proporcionar um produto final com apreciável propriedade antioxidante.

Atualmente, são aplicados vários métodos de elaboração de licor (à quente, à frio,

maceração, e outras variações como tempo de contato do álcool com o fruto) e como alguns

constituintes dos alimentos se alteram com facilidade, torna-se fundamental a utilização da

melhor técnica de elaboração para preservar seus nutrientes e compostos antioxidantes, uma

vez que o processamento pode alterar a concentração e combinação da quantidade de

antioxidantes presentes no produto (RAWSON et al., 2011).

Considerando a elevada produção e perda de frutos de jamelão, as diversas

propriedades fitoterapêuticas e ausência de estudos sobre o seu conteúdo orgânico e mineral e

sua aplicação tecnológica, esta pesquisa visou determinar as características físico-químicas,

compostos bioativos e atividade antioxidante das frações comestíveis do fruto. Além disso,

elaborar um licor de jamelão avaliando o efeito do processamento no teor de compostos

bioativos, na atividade antioxidante e atributos sensoriais do produto final.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Jamelão (Syzygium cumini)

O jameleiro é uma frutífera exótica da família Myrtaceae nativa dos trópicos,

particularmente da Índia, amplamente cultivada no Brasil como árvore ornamental e de

sombra (RUFINO, 2008). Foi classificado botanicamente como Eugenia jambolana e

posteriormente, reclassificado como Syzygium cumini (LAGO; GOMES e SILVA, 2006).

Possui várias sinonímias, sendo conhecido também como jambolão, jalão, cereja, azeitona

preta, azeitona roxa, azeitona-doce, jambul, jaman (Ásia), faux pistachier (França), indian

black berry (Inglaterra) e jambal, duhat (Finlândia) (RUFINO, 2008).

É uma árvore perenifólia de copa frondosa e densa, de 15 a 20 metros de altura, com

tronco geralmente tortuoso (Figura 1) (RUFINO, 2008). Prefere o clima quente e úmido,

sendo uma planta bastante rústica, adaptando-se bem em qualquer tipo de solo, inclusive

aqueles impróprios para o cultivo comercial de outras fruteiras (DONADIO, 2007).

Figura 1 - Árvore de jamelão (Syzygium cumini)

As folhas (Figura 2) são simples, coriáceas, glabras, aromáticas, lustrosas, medindo de

8 a 14 cm de comprimento, com a nervura principal destacada e o pecíolo de 1 a 3 cm, e as

flores (Figura 2) são dominadas pelos estames de coloração branca a creme e ficam dispostas

em grandes quantidades em rancemos axilares ramificados (AYYANAR e SUBASH-BABU,

2012).

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Figura 2 - Folhas e flores da árvore de jamelão (Syzygium cumini)

Os frutos são carnosos do tipo baga, elipsoides, apresentando cerca de 3 a 4 cm de

comprimento e 2 cm de diâmetro, com pericarpo de coloração roxo-escuro intenso quando

maduro (Figura 3), apresentando apenas uma semente (Figura 4) (SÁ, 2008). E o sabor,

apesar de um pouco adstringente, é agradável ao paladar (FARIA; MARQUES e

MERCADANTE, 2011).

Figura 3 – Frutos da árvore de jamelão (Syzygium

cumini) em diversos estádios de maturação

Figura 4 – Fruto e semente da árvore de jamelão

(Syzygium cumini)

A forma de multiplicação da árvore é através da dispersão das sementes, normalmente

realizada por pássaros e pequenos animais (LORENZI et al., 2006). No Brasil geralmente a

árvore floresce nos meses de agosto a novembro, e os frutos são encontrados abundantemente

nos meses de outubro a dezembro, principalmente em alguns estados da região nordeste.

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2.2 Composição química e usos do Syzygium cumini

Vários componentes fazem parte da composição química de frutas e hortaliças, os

quais conferem as características de cor, sabor e flavor, além dos efeitos nutricionais e

nutracêuticos. Centenas de componentes podem estar presentes nos tecidos vegetais, mas a

grande maioria se apresenta em quantidades muito pequenas quando expressos em peso

(BARCIA, 2009). Dentre os componentes mais importantes presentes no jamelão, incluem-se

a água, pigmentos antociânicos, vitaminas, minerais e outros componentes resultantes do

metabolismo secundário, denominados fitoquímicos (SÁ, 2008).

Estas substâncias são produzidas naturalmente pelas plantas para se protegerem do

ataque de pragas e doenças e também para ajudarem a suportar as condições adversas do

ambiente. Além dessa função protetora da planta, esses compostos são responsáveis por suas

várias propriedades farmacológicas, sendo amplamente utilizado na medicina popular

(VIZZOTO e PEREIRA, 2008), por conferir ação hipoglicemiante, antimicrobiana,

hipotensiva, diurética, cardiotônica, antiinflamatória, antiemética, estimulante do sistema

nervoso central, antipirética, anticonvulsivante, anti-hemorrágica, carminativa e

antiescorbútica (CHAUDHARY e MUKHOPADHYAY, 2012).

Isso tem popularizado o emprego do jamelão no tratamento de várias enfermidades

como constipação, leucorréia, úlcera venérea, purificação de sangue, interrupção de

hemorragia nas fezes, disenteria, dispepsia, asma, bronquite, gengivite, estomatite,

queimaduras, retenção urinária e descamações do couro cabeludo (MIGLIATO et al., 2006).

Esse tratamento é feito de forma empírica, por meio do uso das sementes, cascas, folhas,

frutos e flores do jamelão na forma de chás, infusões, xaropes, extratos, entre outros,

Além do uso medicinal, os frutos e outras partes da planta também são utilizados na

cosmetologia e/ou indústria alimentícia (SÁ, 2008). Na cosmetologia, são empregadas

principalmente as folhas, das quais são extraídos os óleos essenciais, e a fragrância é

adicionada a sabões e/ou misturadas a outras substâncias para produção de perfumes. Na

indústria alimentícia, utiliza-se principalmente o fruto, sendo este empregado como

ingrediente de diversos produtos alimentícios, como doces, geleias, sucos, vinagres, pudins e

bebidas como vinho, e tais produtos encontram-se disponíveis no mercado asiático

(CHAUDHARY e MUKHOPADHYAY, 2012), hábito ainda não incorporado no Brasil.

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2.3 Compostos antioxidantes

Um antioxidante é uma substância que, em baixas concentrações, retarda ou previne a

oxidação do substrato, e que quando o seu mecanismo de ação for através de reação com o

radical livre, o novo radical formado deve ser estável e incapaz de propagar a reação

(SHAHID; JANITHA e WANASUNDARA, 1992). Esses compostos podem ser de origem

endógena ou exógena. Neste último caso, são obtidos pela dieta, sendo conhecidos também

como antioxidantes naturais, sendo que o seu consumo aumenta a resistência aos danos

provocados pela oxidação, apresentando assim um impacto significativo para a saúde humana

(PRADO, 2009). Além disso, esses compostos podem ajudar na proteção do organismo contra

os danos causados pelas espécies reativas do oxigênio (ERO’s) e doenças degenerativas como

câncer, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, entre outras (SHAHIDI, 1996).

A forma de atuação desses compostos, de modo a proporcionar tais benefícios, ocorre

por vários mecanismos nos organismos vivos, tais como complexação de íons metálicos,

captura de radicais livres, inibição de enzimas responsáveis pela geração de espécies reativas

de oxigênio e nitrogênio e modulação de vias sinalizadoras celulares (VASCONCELOS;

SILVA, e GOULART, 2006).

Como os compostos antioxidantes permitem ao organismo combater o excesso de

radicais livres, vários estudos estão voltados para pesquisa de frutos, como o jamelão que

possui essas propriedades, bem como o desenvolvimento de novos produtos que também

proporcionem essa ação ao organismo humano (AYYANAR e SUBAHS-BABU, 2012).

Dentre os compostos antioxidantes, destacam-se os compostos fenólicos, substâncias

amplamente distribuídas no reino vegetal, em particular nas frutas e em outros vegetais. São

conjuntos heterogêneos que apresentam em sua estrutura vários grupos benzênicos

característicos, substituídos por grupamentos hidroxilas (SOARES et al., 2008). Esses

compostos, apesar de atualmente não serem considerados nutrientes, têm recebido muita

atenção devido a sua atividade biológica, uma vez que estudos sugerem que os alimentos

vegetais contenham compostos metabólicos secundários, que quando ingeridos,

frequentemente através da dieta, apresentam efeitos benéficos à saúde, entre os quais os de

antiinflamatório, antioxidante, antimicrobiana, analgésica e vasodilatadora (EFRAIM;

ALVES e JARDIM, 2011).

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Os compostos fenólicos podem ser classificados em dois grupos: os flavonóides e os

não flavonóides. Os flavonóides constituem a maior classe de fenólicos vegetais, e sua

estrutura química consiste em dois anéis aromáticos unidos por um heterociclo oxigenado

(BARCIA, 2009). Dependendo do grau de hidrogenação e da substituição do heterociclo,

diferenciam-se em flavanóis, flavonas, flavonois, flavanonas, antocianinas, antocianidinas e

isoflavonoides (KARAKAYA, 2004).

As antocianinas são flavonoides que conferem as várias nuances de cores entre laranja,

vermelho e azul encontradas em frutas, vegetais, flores, folhas e raízes. Essa variedade de

cores se deve a uma forte absorção de luz na região do visível, dependendo do meio em que se

encontre (SÁ, 2008). São compostos naturais capazes de agir como potentes antioxidantes.

Esse potencial é regulado por suas diferenças na estrutura química, uma vez que varia a

posição e os tipos de grupos químicos em seus anéis aromáticos, dessa forma, a capacidade de

aceitar elétrons desemparelhados de moléculas de radicais também varia. Vale ressaltar que

seu potencial antioxidante também é dependente do número e da posição dos grupos

hidroxilas e sua conjugação, assim como da presença de elétrons doadores no anel da

estrutura, devido à capacidade que o grupo aromático possui de suportar o

desemparelhamento de elétrons (VOLP et al., 2008).

O grupo dos não flavonoides consiste em dois subgrupos, os derivados do ácido

hidroxibenzóico e os derivados do ácido hidroxicinâmico. Os ácidos hidroxibenzóicos

incluem os ácidos gálico, p-hidroxibenzóico, protocatecuíco, vanílico e siríngico, que têm

estrutura comum, C6–C1; enquanto os ácidos hidroxicinâmicos, são compostos aromáticos

com três carbonos que formam uma cadeia lateral (C6–C3), como os ácidos caféico, ferúlico e

p-cumárico (ANGELO e JORGE, 2007). Esses componentes, além da vitamina C, E e β-

caroteno, são os responsáveis pela capacidade antioxidante de vários frutos e vegetais (SÁ,

2008).

2.4 Ensaios químicos para avaliar a atividade antioxidante in vitro

O crescente interesse pelos possíveis efeitos benéficos dos antioxidantes à saúde tem

feito com que seja desenvolvida uma grande quantidade de métodos para determinar a

atividade antioxidante dos extratos de alimentos. Diante disso, vários métodos têm sido

criados e empregados nesses substratos, permitindo uma rápida seleção de substâncias e/ou

misturas potencialmente interessantes com relação ao seu potencial em combater os diversos

radicais livres (SAAVEDRA, 2008).

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No entanto, ainda não há uma metodologia oficial para tal fim, e quando se usa mais

de um método para avaliar esse potencial antioxidante, obtêm-se resultados muitas vezes

conflitantes e não comparáveis (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006). Isso ocorre porque em

um mesmo alimento pode haver misturas de diferentes antioxidantes com variados

mecanismos de ação, ocorrendo reações sinérgicas, fazendo-se necessário a diversificação nas

análises para poder considerar os possíveis mecanismos de ação de todos os antioxidantes

presentes no alimento (PÉREZ-JIMÉNEZ, 2007).

Dentre os métodos para se estimar a capacidade antioxidante em frutas e hortaliças

incluem-se o ABTS•+

(2,2-azino-bis-(3-etil-benzotiazolina-6-acido sulfônico), DPPH• (2,2-

difenil-1- picrilidrazil), FRAP (poder antioxidante de redução do ferro), autoxidação do

sistema β-caroteno/ácido linoleico, Rancimat, ORAC (capacidade de absorção de radicais

oxigênio), entre outros (PRADO, 2009).

Para uma escolha prudente dos testes para verificar a atividade antioxidante é

importante tomar como base a resposta de algumas questões que se referem às propriedades

de proteção dos antioxidantes, tais como onde irão se localizar no sistema de ação, os

produtos que serão inibidos, a interação com outros componentes e os seus efeitos. Dessa

forma, medidas da capacidade antioxidante para frutas e outros produtos naturais requerem

uma seleção rigorosa na escolha dos métodos de avaliação, o que vai depender dos tipos de

compostos antioxidantes a serem testados (FRANKEL e MEYER, 2000).

Os mais utilizados são os ensaios de sequestro do radical DPPH• e ABTS

•+. Ambos

apresentam excelente estabilidade em certas condições de análise, mas também mostram

diferenças importantes frente aos antioxidantes e quanto à manipulação. O DPPH• é um

radical livre que é adquirido dessa forma, sem a necessidade de preparo. Ao contrário deste, o

radical ABTS•+

deve ser gerado por reações enzimáticas ou químicas. Outra diferença é que o

ABTS•+

pode ser solubilizado em meios orgânicos e aquosos nos quais a atividade

antioxidante pode ser determinada, dependendo da natureza dos compostos antioxidantes,

enquanto que o DPPH• somente pode ser solubilizado em meios orgânicos (meios alcoólicos,

especificamente) (ARNAO, 2000).

2.5 Elaboração de licor

Segundo o Decreto nº 6.871 de 4 de junho de 2009 que regulamenta a Lei n° 8.918 de

14 de julho de 1994, licor é a bebida com graduação alcoólica de 15% a 54% em volume, a 20

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ºC, com percentual de açúcar superior a 30 g.L-1

. É elaborado com álcool etílico potável de

origem agrícola, ou destilado alcoólico simples de origem agrícola, ou com bebida alcoólica

ou mistura de um ou mais desses alcoóis. Ao produto é adicionado extratos ou substâncias de

origem vegetal ou animal, substâncias aromatizantes, saborizantes, corantes e outros aditivos

(BRASIL, 2009).

Ainda de acordo com esse decreto, os licores podem ser denominados de seco, fino ou

doce, creme, escarchado ou cristalizado em função do teor de açúcar presente em sua

formulação, sendo o licor seco aquele com mais de 30 g.L-1

e no máximo 100 g.L-1

; o licor

fino ou doce ou suave é aquele com mais de 100 g.L-1

e no máximo 350 g.L-1

; licor creme o

que contém mais de 350 g.L-1

; e licor escarchado ou cristalizado é a bebida saturada de

açúcares parcialmente cristalizados. O licor que contiver por base mais de uma substância

vegetal e, não havendo predominância de alguma delas, poderá ser denominado

genericamente de licor de ervas, licor de frutas ou outras denominações que caracterizem o

produto (BRASIL, 2009).

Conforme Penha (2006), os licores são bebidas muito saborosas, com propriedades

digestivas, estimulantes e reconstituintes, podendo ser servidos como bebida cordial (para

agradar os visitantes), como aperitivo (servido antes da refeição para estimular o apetite) ou

ainda como digestivo, após as refeições.

2.5.1 Processamento artesanal de licores

De acordo com Decreto nº 6.871 de 4 de junho de 2009 que regulamente a Lei n°

8.918 de 14 de julho de 1994, os licores são bebidas alcoólicas fabricados por mistura de

vários ingredientes (BRASIL, 2009). Trata-se de um processo simples, no entanto existem

variações, com registro de algumas patentes que visam, de alguma forma, melhorar a

qualidade do produto final (PENHA et al., 2002). Conforme Teixeira et al. (2005), as etapas

da elaboração de licores de frutas envolvem infusão, preparo do xarope, mistura,

envelhecimento, clarificação, filtração e envase. Sendo que a qualidade do produto depende

de fatores tais como a formulação utilizada, o emprego de boas práticas de fabricação e os

métodos de processamento utilizados.

Segundo Coelho et al. (2007), a proporção de frutas e solventes, a concentração de

etanol e o tempo de maceração podem originar licores com aroma e sabor distintos, podendo

ser a etapa de elaboração do extrato da fruta o ponto mais crítico do processo. Conforme

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Penha (2004), a melhor proporção a ser empregada é de 1 para 1, ou seja, 1 Kg de fruta para 1

litro de álcool potável a 98° INPM (Instituto Nacional de Pesos e Medidas). Esta proporção

aumenta a extração das substâncias mais importantes da fruta e reduz a degradação da cor e

do teor vitamínico dos sucos de frutas.

Existem basicamente três formas de preparo de licor de frutas (maceração do fruto

sem tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; maceração do fruto com

tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; e preparação de xarope por

desidratação osmótica e maceração do fruto). Tais métodos de processamento podem influir

no teor de fenólicos totais e de antocianinas e consequentemente na sua atividade

antioxidante, sendo fundamental a escolha do melhor método de preparação para se obter uma

maior conservação desses compostos no produto final (GEOCZE, 2007). A seguir são

descritos as principais etapas na elaboração de licor artesanal

2.5.1.1 Maceração

O método de maceração é uma operação unitária que também pode ser designado

como extração sólido-líquido ou lixiviação. Esta consiste em deixar a matéria-prima por um

tempo em contato com uma solução hidroalcoólica, transcorrido o tempo necessário faz-se

uma filtração obtendo-se o extrato alcoólico que contem os princípios aromáticos e corantes

extraídos da matéria-prima. Este procedimento é comum em licores naturais produzidos a

partir de frutas (TEIXEIRA et al., 2012).

No processo de extração das frutas, os componentes solúveis são encontrados no

interior celular e estes são extraídos porque o solvente passa da solução para a superfície da

amostra, difundindo-se no sólido. Nessa etapa muitas vezes a taxa de extração torna-se menor,

pois as paredes celulares são resistentes à difusão, porém não é o fator determinante da

velocidade de lixiviação, pois é a difusão do soluto para o meio que determina como essa

operação irá transcorrer (TEIXEIRA et al., 2012). Para contornar esse problema pode-se

realizar a redução do tamanho da amostra, assim durante a extração, o solvente percorre

distâncias menores e chega ao maior número de células. A seguir, o soluto é dissolvido no

solvente no interior do sólido e difunde-se através da mistura de sólido e solvente até a

superfície da partícula. Por fim os princípios ativos dos frutos e/ou ervas são transferidos

dessa superfície para a solução hidroalcoólica (GEANKOPLIS, 2007).

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2.5.1.2 Preparo do xarope a quente

Xarope é a solução concentrada de açúcar e água, do qual dependem a consistência e a

suavidade do licor. A quantidade de açúcar no xarope é variável, de acordo com a

consistência desejada, podendo-se usar de uma e meia a cinco partes de açúcar, por partes de

água. Pelo aquecimento ocorrem a solubilidade e a concentração do xarope. Um xarope pouco

concentrado está sujeito à fermentação e quando supersaturado, à cristalização (SOUZA e

BRAGANÇA, 2001).

Durante a fase de preparação do xarope deve-se acrescentar uma pequena quantidade

de ácido cítrico ou tartárico para promover a inversão parcial da sacarose em frutose e glicose,

o que desfavorece sua cristalização (TEIXEIRA et al., 2007).

2.5.1.3 Preparo do xarope por desidratação osmótica

O preparo do xarope pode ocorrer a frio, através do processo de desidratação osmótica

de alimentos. Esta é uma técnica de grande potencial industrial, que consiste na remoção de

água do alimento, quando imerso em material com alta pressão osmótica (soluções

hipertônicas ou moléculas desidratantes) (WALISZEWSKI et al., 1997). A osmose consiste

no movimento do solvente de um meio menos concentrado (hipotônico) para um meio mais

concentrado (hipertônico). A migração do solvente depende da seletividade e da

permeabilidade do alimento, tempo de contato e tamanho do produto. Os solutos mais

comumente usados para essa desidratação osmótica são o cloreto de sódio, sacarose, lactose,

frutose e glicose (BARBOSA-CÁNOVAS e MERCADO, 1995).

Segundo Shi, Fito e Chiralt (1995), a sacarose, sendo uma molécula grande, pode não

difundir através da membrana celular. Assim, a aproximação de equilíbrio é obtida,

primariamente, pela perda de água dos tecidos do fruto, originando um xarope com alto teor

deste açúcar.

2.5.1.4 Mistura da solução hidroalcoólica ao xarope

A mistura da solução hidroalcoólica (macerado ou aguardentes) e da essência ao

xarope deve ser sempre feita a frio, pois a maioria dos aromas é muito volátil. Vale ressaltar

ainda, que o resfriamento do xarope deve acontecer naturalmente para que não ocorra sua

cristalização e que a proporção usada de xarope e infusão são o diferencial que personaliza o

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licor, determinando o seu teor alcoólico, sua viscosidade e o seu teor de açúcar (GEOCZE,

2007).

2.5.1.5 Maturação

Após a mistura da infusão e do xarope, o licor é armazenado pelo período mínimo de

três meses, tempo necessário para que a bebida adquira paladar, aroma, sabor requintado e

harmonia na sua composição. Esse período é chamado de “maturação” (SOUZA e

BRAGANÇA, 2001). Segundo Geocze (2007), pode-se acelerar o envelhecimento do licor

através do processo de “tranchage” que consiste em submeter a mistura em recipiente fechado

à temperatura abaixo de 78,4 ºC, ponto de ebulição do álcool, e depois resfriá-lo lentamente,

este processo acelera as reações que ocorrem durante o envelhecimento, principalmente a

formação dos ésteres aromáticos responsáveis pelo “bouquet”, tais como o acetato de etila,

além de outros compostos. Com o aquecimento, fornece-se energia de ativação para que tais

reações ocorram. Este aquecimento, porém, não deve atingir temperaturas muito elevadas,

nem ser por tempo muito longo, para não provocar queima dos compostos presentes.

Durante o preparo de um licor à base de frutas é necessário ter o cuidado de preservar

seus atributos sensoriais e substâncias nutritivas, para que assim o consumidor possa associá-

lo à fruta com a qual foi preparado. Além dessas substâncias, os compostos antioxidantes

também devem ser preservados, uma vez que técnicas de preparo podem interferir na sua

biodisponibilidade (PENHA, 2006).

2.6 Análise sensorial de licor

A análise sensorial é uma ferramenta utilizada para medir, analisar e interpretar o

impacto que as características dos alimentos, bebidas e materiais produzem nos órgãos dos

sentidos humanos, e assim, determinar como os produtos são percebidos (LORENZETI,

2009). No estudo de bebidas alcoólicas, a análise sensorial torna-se imprescindível, pois é o

meio empregado para verificar a sua aceitação (CARDELLO e FARIA, 2000),

aprimoramento dos processos de elaboração (ROTA e FARIA, 2009), para a pesquisa de

atributos e o melhoramento da qualidade da bebida (MAÇATELLI, 2006) e ainda para a

análise tempo-intensidade de estímulos sensoriais (CARDELLO e FARIA, 1999).

Análise descritiva quantitativa (ADQ) é um dos testes sensoriais mais aplicados para

avaliação de bebidas alcoólicas, pois descreve e quantifica as características sensoriais de uma

determinada bebida, utilizando terminologias geradas por provadores, o que resulta em uma

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linguagem próxima à do consumidor (BARNABÉ; VENTURINI FILHO e BOLINI, 2007).

Esta técnica de análise fornece descrições qualitativas e quantitativas das bebidas, baseadas

nas percepções de indivíduos qualificados. Constitui-se numa descrição sensorial completa,

levando em conta todas as sensações percebidas quando a bebida é avaliada: visual, auditiva,

gustativa, olfativa e cinestética (STONE e SIDEL, 1993).

Dentre os estudos com bebidas alcoólicas, destacam-se os com vinho (BIASOTO,

2008; BARNABÉ; VENTURINI FILHO e BOLINI, 2007; BEHRENS e SILVA, 2000), sidra

(CHIQUETO; SIMÕES e WOSIACKI, 2010), licores (LORENZETI, 2009), entre outros.

Vale ressaltar que a análise descritiva, além de caracterizar as propriedades sensoriais, avalia

também o grau de intensidade com que cada atributo está presente no alimento (DUTCOSKY,

2011).

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliar os principais compostos bioativos e a atividade antioxidante in vitro do fruto e

do licor de jamelão (Syzygium cumini) e verificar o efeito do processamento no teor de

compostos bioativos do licor.

3.2 Objetivos específicos

Determinar as características físicas, físico-químicas e a composição centesimal e de

minerais do fruto jamelão.

Quantificar os compostos bioativos (antocianinas monoméricas, carotenoides,

vitamina C e fenólicos totais).

Avaliar a atividade antioxidante in vitro por metodologias distintas (método DPPH• e

ABTS•+

).

Preparar licores de jamelão por três processamentos distintos.

Avaliar o efeito do processamento e o período de maturação no teor de compostos

bioativos e na atividade antioxidante in vitro do licor.

Caracterizar sensorialmente os licores formulados e verificar sua aceitação.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Matérias-primas

Os frutos de jamelão foram colhidos manualmente de árvores adultas localizadas na

cidade de Floriano-PI (6º78’58.19’’ de latitude sul e 43º03’45.06’’ de longitude oeste), no

período de outubro de 2011 a novembro de 2011. Os frutos foram selecionados, de acordo

com o grau de maturação (determinado visualmente, sendo colhidas as frutas de coloração

roxa). Após a colheita, foram higienizados pela imersão em água a 100 ppm de hipoclorito de

sódio.10 min-1

,enxaguados e acondicionados em embalagens plásticas de polietileno e

poliamida, termoselados e armazenados a - 18 ºC. As demais matérias-primas (açúcar

refinado e álcool de cereais) para elaboração dos licores foram adquiridas no comércio local

de Teresina-PI.

4.2 Local e período de estudo

As análises foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos do Instituto

Federal do Piauí (IFPI), no Laboratório de Experimentação e Análise de Alimentos (LEAAL)

da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e no Laboratório de Fertilidade do Solo e

Nutrição Vegetal – Campo Análises Agrícolas (Paracatu-MG), no período de janeiro de 2012

a outubro de 2012.

4.3 Caracterização física e físico-química

4.3.1 Peso médio, biometria (diâmetro longitudinal e transversal) e rendimento

Para mensuração do peso dos frutos, foram utilizadas 40 unidades do fruto in natura,

utilizando-se balança analítica. A mesma quantidade de frutos foi utilizada para a

determinação das medidas biométricas (diâmetro longitudinal e transversal) que foram obtidas

com o auxilio de paquímetro digital.

O rendimento do fruto foi determinado pela relação entre o peso líquido (fruto sem

semente) e peso bruto (fruto com a semente) conforme a Equação 1.

R (%) = (PL.PB-1

) x 100 (1)

PL = Peso Líquido

PB = Peso Bruto

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4.3.2 pH

Para determinação do potencial hidrogeniônico (pH) dos frutos, utilizou-se o método

potenciométrico. Pesaram-se 10 g da amostra, adicionaram-se 100 mL de água destilada a 25

ºC e homogeneizou-se por 30 minutos em agitador magnético. Após 10 minutos de repouso,

para decantação, foi realizada a leitura do pH no sobrenadante. O potenciômetro portátil

estava previamente calibrado com as soluções tampões pH 7,0 e pH 4,0 (IAL,2008).

4.3.3 Sólidos solúveis totais (SST)

Os teores de SST foram determinados por meio de leitura direta em refratômetro

portátil, com valor corrigido a 20 ºC. Adicionaram-se duas gotas da amostra no visor do

aparelho e realizou-se a leitura. Os resultados foram expressos em ºBrix (IAL,2008).

4.3.4 Acidez total titulável

A acidez total titulável foi determinada por titulação potenciométrica. Pesaram-se 2,5

g de amostra, diluíram-se em 25 mL de água destilada, adicionaram-se 3 gotas de solução de

fenolftaleína e titulou-se com solução de NaOH 0,1 N e fator de correção de 0,99, sob

agitação constante, até pH 8,3. O teor da acidez foi calculado, conforme Equação 2,

considerando o volume do álcali que foi gasto na titulação da suspensão e os resultados

expressos em % ácido cítrico (IAL,2008).

ATT = (V x f x N x PM).(10 x P x n)-1

(2)

ATT = acidez total titulável

V= volume em mL da solução de NaOH gasto na titulação

f = fator de correção da solução de NaOH

N = normalidade da solução de NaOH

PM = peso molecular do ácido correspondente em g (PM ácido cítrico = 192 g)

P = peso da amostra em g

n = número de hidrogênios ionizáveis (n ácido cítrico = 3)

4.3.5 Índice de maturação

O índice de maturação foi determinado por meio da relação entre sólidos solúveis

totais e acidez total titulável (IAL,2008).

Índice de maturação = (ºBrix).(acidez total titulável)-1

(3)

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4.4 Caracterização química

4.4.1 Umidade

Para determinação da umidade, utilizou-se o método gravimétrico descrito pelo IAL

(2008). Pesaram-se 3 g da amostra triturada e homogeneizada em cápsulas de porcelana

previamente aquecidas a 105 ºC e pesadas. Colocaram-se as cápsulas com as amostras em

estufa a 105 ºC por 3 horas, posteriormente foram retiradas da estufa e resfriadas em

dessecador por 30 minutos, e em seguidas foram pesadas. O procedimento foi repetido até

peso constante. O teor de umidade (%) foi obtido pela Equação 4:

U (%) = (100 x N).P-1

(4)

U (%) = teor de umidade por cento

N = nº de gramas de umidade (perda de massa em g)

P = nº de gramas da amostra

4.4.2 Resíduo Mineral fixo (Cinzas)

O resíduo mineral fixo foi obtido pelo método gravimétrico preconizado pelo IAL

(2008). Foram pesados 4 g de amostra em cadinhos previamente secos em mufla a 550 ºC e

pesados. Os cadinhos com as amostras foram colocados em mufla a 250 ºC por 4 horas para

carbonização da amostra, posteriormente a temperatura da mufla foi aumentada a 550 ºC,

gradativamente, até incineração completa da amostra. Em seguida, os cadinhos foram

resfriados em dessecador por 30 minutos e pesados. O procedimento foi repetido até peso

constante. O teor de cinzas foi obtido pela Equação 5:

C (%) = (100 x N).P-1

(5)

C(%) = teor de cinzas por cento

N = nº de gramas de cinzas

P = nº de gramas da amostra

4.4.3 Composição de minerais

Para análise dos minerais (cálcio (Ca), magnésio (Mg), cobre (Cu), manganês (Mn),

ferro (Fe), zinco (Zn), potássio (K), selênio (Se) e fósforo (P)) seguiu-se a metodologia

proposta por Malavolta, Vitti e Oliveira (1997). Os teores de Ca, Mg, Cu, Mn, Fe, Zn, K e Se

foram extraídos por digestão nítrico-perclórica e determinados em espectrofotômetro de

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absorção atômica de chama ar-acetileno e os comprimentos de onda utilizados foram 422,7;

285,2; 324,8; 279,5; 510; 213,9; 564 e 196 nm, respectivamente. O mineral P foi determinado

por colorimetria e leitura em espectrofotômetro a 660 nm. Os resultados foram expressos em

mg do mineral correspondente.100 g-1

de amostra seca.

4.4.4 Proteínas

A análise de proteína seguiu a metodologia descrita pela IAL (2008), com a utilização

da técnica de Micro-Kjeldhal. Esta técnica foi realizada em 3 etapas: digestão, destilação e

titulação, utilizando fator de conversão de 6,25 para conversão do nitrogênio em proteína.

Foram pesadas 3 g de amostra em papel manteiga e foram colocadas em tubo de

Kjeldhal. Adicionou-se 5 mL de ácido sulfúrico concentrado e 2 g de mistura catalítica (4%

de sulfato de cobre e 96% de sulfato de potássio). Para obter o branco, excluiu-se apenas a

amostra do experimento.

Digestão – tubos de Kjeldhal foram acoplados ao digestor de micro-Kjeldhal que teve

sua temperatura ajustada gradualmente de 50 a 50 ºC até 350 ºC por 4 h, onde ocorreu a

viragem completa da amostra para coloração esverdeada límpida, em sequência foram

resfriados e destilados.

Destilação – À amostra digerida presente nos tubos digestores foram adicionadas

algumas gotas de fenolftaleína a 1%, em seguida os tubos foram acoplados ao destilador e por

meio de um funil, do próprio aparelho, adicionou-se uma solução de 30% de hidróxido de

sódio (NaOH) para neutralização do meio ácido (aparecimento de coloração avermelhada).

Transferiram-se 20 mL de ácido sulfúrico 0,05 mol.L-1

para erlenmeyer de 500 mL e

acrescentaram-se 3 gotas do indicador vermelho de metila (0,2%). Acoplou-se o erlenmeyer

ao destilador para recuperar o nitrogênio destilado até obter um volume de 2/3 do volume

inicial.

Titulação – O excesso de ácido sulfúrico, obtido no item anterior, foi titulado com

solução de NaOH 0,1 mol.L-1

com indicador vermelho de metila. O volume de NaOH

utilizado foi anotado e utilizado para realização dos cálculos.

O teor de proteínas foi obtido pela Equação 6:

Pr (%) = (V x 0,14 x f x 100).P-1

(6)

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Pr (%) = teor de proteínas por cento

V = volume de ácido sulfúrico utilizado menos volume de NaOH utilizado na titulação.

f = fator de conversão de N para proteína (6,25)

P = nº de gramas de amostra

Obs: A correção das soluções foi efetuada com os seus respectivos fatores.

4.4.5 Extrato etéreo (Lipídios)

A fração lipídica foi determinada em extrator intermitente de Soxhlet, utilizando-se

éter de petróleo como solvente (IAL, 2008). Foram pesados 5 g de amostra em cartuchos de

Soxhlet e estes em aparelho extrator de Soxhlet. O extrator foi acoplado a balões de fundo

chato previamente aquecidos a 105 ºC e pesados. Adicionaram-se 150 mL de éter de petróleo

a estes balões e eles foram mantidos em chapa elétrica aquecida (60 ºC) para extração

contínua por 4 horas. Após o termino da extração, recuperou-se o solvente e os balões com o

resíduo extraído foram transferidos para estufa a 105 ºC durante 1 hora. Resfriaram-se em

dessecador por 30 minutos e foram pesados até peso constantes.

O teor de lipídios (%) foi obtido com a Equação 7:

L(%) = (100 x N).P-1

(7)

L(%) = teor de lipídios por cento

N = nº de gramas de lipídios

P = nº de gramas de amostra

4.4.6 Fibra alimentar total

Para analisar o teor de fibra alimentar, utilizou-se o método oficial de determinação de

fibra alimentar total gravimétrico não-enzimático descrito pela AOAC (2005). Pesaram-se 2

vezes 500 mg de amostra úmida de jamelão em béquer. Adicionaram-se 25 mL de água

destilada e homogeneizou-se até completa dissolução da amostra. Cobriu-se o béquer com

papel alumínio e o deixou sob agitação em banho Maria (37 ºC) por 90 minutos. Em seguida,

adicionaram-se 100 mL de etanol 95% e deixou-se descansar por 60 minutos em temperatura

ambiente (25 ºC). Filtrou-se sob vácuo em cadinho de vidro tipo Gooch (50 mL, com placa

porosa de filtração, 40 micras) contendo 500 mg de celite, previamente secos a 105 ºC em

estufa e pesados. Lavou-se o resíduo 2 vezes como 20 mL de etanol 78%, 2 vezes com 10 mL

de etanol 95% e 1 vez com 10 mL de acetona. Posteriormente, o cadinho com a celite e o

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resíduo da amostra foi submetido à temperatura de 105 ºC em estufa. Deixou-se esfriar em

dessecador por 2 horas e pesou-se o cadinho para determinação do resíduo total. A partir dos

resíduos foram determinados os teores de cinzas (Mufla a 525 ºC.5 h-1

) e de proteínas

(método de Kjeldahl, usando fator de conversão de N 6,25). O teor de fibra alimentar foi

quantificado de acordo com a Equação 8:

FAT = 100 x {Pr – [(P + C).100-1

] x Pr}.Pa-1

(8)

FAT = fibra alimentar total

Pr = peso do resíduo

P = % proteínas no resíduo

A = % cinzas no resíduo

Pa = peso da amostra

4.4.7 Carboidratos

Os carboidratos totais disponíveis foram obtidos por diferença dos demais

constituintes da composição centesimal mais fibra alimentar (AOAC, 2005), coforme

Equação 9:

CT = 100 - Pr - U - C – FAT (9)

CT = carboidratos totais

Pr = proteínas

U = umidade

C = cinzas

FAT = fibra alimentar total

4.5 Compostos bioativos

4.5.1 Antocianinas monoméricas

Para a extração das antocianinas nos frutos de jamelão, utilizou-se 100 g da fração

comestível imersos em 100 mL de solução extratora composta de metanol, etanol, água

destilada e ácido acético (69:20:10:1, v:v:v:v). A extração foi realizada em 24 horas, sem

agitação e em ambiente escuro. A solução extraída foi concentrada com auxílio de evaporador

rotativo (40 ºC) até um volume final de 30 mL (SÁ, 2008).

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A quantificação das antocianinas monoméricas foi realizada pelo método

espectrofotométrico de diferença de pH (GIUST e WROLSTAD, 2001). Preparou-se duas

soluções tampões, uma de cloreto de potássio (0,025M; pH 1,0 - ajustado com ácido

clorídrico concentrado), e outra de acetato de sódio (0,4M; pH 4,5 - também ajustado com

ácido clorídrico concentrado). Posteriormente, determinou-se o fator de diluição das amostras,

através da diluição com a solução tampão cloreto de potássio até a absorbância da amostra no

λ vis-max (510 nm). O fator de diluição é determinado de acordo com a Equação 10, dividindo-

se o volume final pelo volume inicial.

FD = (Vfinal).(Vamostra)-1

(10)

FD = fator de diluição

Vfinal = volume do extrato da amostra mais volume da solução tampão

Vamostra = volume inicial do extrato da amostra

O aparelho foi zerado com água destilada em todos os comprimentos de onda que

foram utilizados (510 nm e 700 nm). Foram preparadas duas diluições da amostra, uma com

a solução tampão cloreto de potássio e outra com a solução tampão acetato de sódio, diluindo

cada uma pelo fator de diluição previamente determinado. Deixou-se que essas diluições

equilibrassem por 15 minutos em temperatura ambiente e na ausência de luz. A absorbância

de cada diluição foi medida em 510 e 700nm, utilizando água destilada como branco. As

absorbâncias das diluições foram calculadas através da Equação 11:

A = (Aλvis-max - A700) pH 1,0 – (Aλvis-max - A700) pH 4,5 (11)

A concentração de antocianinas monoméricas (expressas como cianidina-3-glicosídeo)

foi calculada por meio da Equação 12:

Antocianinas monoméricas (mg.L-1

) = (A x PM x FD x 1000).(ε x 1)-1

(12)

A = absorbância

PM = peso molecular (449,2 para cianidina-3-glicosídeo)

FD = fator de diluição

ε = absortividade molar (26900 para cianidina-3-glicosídeo)

4.5.2 Carotenoides

A determinação do teor de carotenoides foi realizada segundo o método descrito por

Rodriguez-Amaya (2001), com adaptações. Pesou-se 5 g de amostra e 2 g de celite.

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Adicionou-se 20 mL de acetona gelada (5 ºC), homogeneizando-se o conteúdo por 10 minutos

em agitador magnético. O material foi filtrado à vácuo em funil de Büchner com papel filtro,

lavando a amostra com acetona até que o extrato ficasse incolor. O filtrado foi transferido

para um funil de separação, acrescentaram-se 30 mL de éter de petróleo e 100 mL de água

destilada. Descartou-se a fase inferior e repetiu-se o procedimento por 4 vezes para ocorrer a

remoção total da acetona. Transferiu-se o extrato superior para um balão de 100 mL,

completando-o com éter de petróleo. Realizou-se a leitura em espectrofotômetro a 450 nm

(λmax ß-caroteno), usando éter de petróleo como branco.

O conteúdo de carotenoides foi determinado pela Equação 13 e os resultados foram

expressos em μg de ß-caroteno.g-1

de amostra.

μg de carotenoides.g-1

amostra = (A x V x 106).(100 x ε

1% x P)

-1 (13)

A = Absorbância

V = volume obtido da fase superior mais o éter de petróleo (100 mL)

ε1%

= absortividade molar do ß-caroteno (2592)

P = peso da amostra

4.5.3 Ácido ascórbico

O ácido ascórbico (Vitamina C) foi analisado pelo método de Tilmans, que se baseia

na redução do sal sódico 2,6-diclorofenol indofenol (DCFI) pelo ácido ascórbico (IAL, 2008).

Inicialmente, realizou-se a análise da solução padrão de ácido ascórbico pipetando-se 10 mL

em um erlenmeyer contendo 50 mL de solução de ácido oxálico, em seguida a solução final

foi titulada com a solução DCFI até coloração rosa persistente durante 15 segundos.

Posteriormente, foi realizado o mesmo procedimento, substituindo a solução de ácido

ascórbico pela amostra a ser analisada.

Para a obtenção da quantidade de ácido ascórbico utilizou-se a Equação 14:

mg de ác. ascórbico.100 mL-1

de amostra = (5 x A x 100).(P x mL de amostra)

-1 (14)

5 = mg de ácido ascórbico padrão titulado

A = volume da solução de DCFI utilizada para titular a amostra

P = volume da solução de DCFI utilizada para titular o padrão

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4.5.4 Compostos fenólicos

4.5.4.1 Obtenção dos extratos

Os extratos do fruto de jamelão foram obtidos usando solventes de diferentes

polaridades, segundo metodologia proposta por Sousa, Vieira e Lima (2011). Conforme

observa-se na Figura 5, as extrações foram realizadas na proporção de 1:10 (amostra:solvente,

p.v-1

), utilizando os seguintes solventes de extração: água destilada, álcool etílico PA (95%) e

acetona PA. Para a obtenção dos extratos, as amostras com os solventes foram

homogeneizados em agitador magnético, a temperatura ambiente (25 ºC) por 1 hora.

Posteriormente realizou-se filtração a vácuo em funil Büchner com papel filtro. O

sobrenadante obtido de cada solvente foi armazenado em vidro âmbar sob refrigeração a ± 8

ºC até o momento das análises.

Figura 5 - Obtenção dos extratos aquoso, etanólico e acetônico de jamelão

Fonte: Adaptado de Sousa, Vieira e Lima (2011)

4.5.4.2 Quantificação dos compostos fenólicos

A quantificação dos compostos fenólicos seguiu a metodologia descrita por Swain e

Hills (1959), adaptada por (SOUSA, VIEIRA e LIMA, 2011). Do extrato de cada amostra,

foram medidos 0,5 mL em tubo de ensaio e adicionados 8 mL de água destilada e 0,5 mL do

reagente Folin Dennis. A solução foi homogeneizada e, após 3 minutos, foi acrescentado 1

mL de solução saturada de carbonato de sódio (Na2CO3). Decorrida 1 hora de repouso em

+ acetona

+ 1 h agitação

+ filtração à vácuo

+ álcool etílico

+ 1 h agitação

+ filtração à vácuo

Extrato etanólico Sobrenadante

+ água destilada

+ 1 h agitação

+ filtração à vácuo

Extrato aquoso Sobrenadante

Extrato acetônico Sobrenadante

10 g amostra

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temperatura ambiente e na ausência de luz, foram realizadas as leituras em triplicata das

absorbâncias em espectrofotômetro a 720 nm.

Utilizou-se como padrão o ácido gálico, nas concentrações de 50, 100, 150, 250, 500 e

750 mg.mL-1

para construir uma curva de calibração (Figura 6). A partir da equação da reta

obtida por regressão linear, efetuou-se o cálculo do teor de fenólicos totais, expresso em mg

de ácido gálico.100 g-1

de amostra de jamelão. O conteúdo de fenólicos totais obtidos em

licores foram expressos em mg de ácido gálico. L-1

de licor.

Figura 6 - Curva de calibração de ácido gálico (mg.mL-1

) a 720 nm

4.6 Avaliação da atividade antioxidante in vitro

4.6.1 Teor de matéria seca do extrato

Essa determinação teve por objetivo quantificar o teor de sólidos totais dos extratos

aquoso, etanólico e acetônico, obtidos no item 4.5.4.1, para o cálculo das concentrações dos

extratos que seriam utilizadas nas análises da atividade antioxidante pelo método DPPH•.

Colocou-se 1 mL de cada extrato em vidros de relógio, previamente secos a 105 ºC e pesados,

e os levou para estufa a 105 ºC por 1 hora para evaporação do solvente. Posteriormente, os

vidros de relógio foram resfriados em dessecador e pesados (IAL, 2008). Os resultados foram

expressos em % de extrato seco, obtidos de acordo com a Equação 15:

% extrato seco = (PF – PI) x 100 (15)

PF = peso final do vidro de relógio com o extrato seco

PI = peso inicial do vidro de relógio

y = 0,0009x + 0,0359 R² = 0,9983

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0 150 300 450 600 750

Ab

sorb

ân

cia

(n

m)

Concentração de ácido gálico (mg.mL-1)

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41

4.6.2 Método de sequestro do radical livre DPPH•

A partir dos teores de matéria seca obtidos no item 4.6.1, foram preparadas 5 diluições

de concentrações diferentes de cada extrato para avaliação da atividade antioxidante pelo

método de captura do radical livre DPPH•, descrita por Brand-Wyllians, Cuvelier e Berset

(1995), adaptada por (VIEIRA et al.,2011). Adicionou-se a 1,5 mL da solução etanólica de

DPPH• (6x10

–5M) uma alíquota de 0,5 mL de cada amostra, além dos padrões catequina e

ácido gálico. As leituras foram realizadas em espectrofotômetro a 517 nm, após 2, 5, 10, 20 e

30 minutos do início da reação. Todas as determinações foram realizadas em triplicata e

acompanhadas de um controle (álcool etílico + solução etanólica de DPPH•). O decréscimo na

absorbância das amostras e dos padrões foi medido e a capacidade de sequestrar radicais

livres foi calculada com base na diminuição da absorbância observada. A capacidade

antioxidante foi expressa como o porcentual de proteção conforme Equação 16:

% proteção = [(Abscontrole – Absbranco).(Abscontrole)-1

] x 100 (16)

Além do porcentual de proteção, calcularam-se também os valores de EC50

(concentração do antioxidante necessária para reduzir 50% do radical DPPH•) dos distintos

extratos e dos padrões de catequina e ácido gálico. Esses valores foram calculados por

regressão linear a partir de uma curva linear entre a capacidade antioxidante (calculada

segundo a Equação 16) e a concentração dos extratos e dos padrões. Construiu-se ainda uma

curva de calibração (Figura 7) utilizando como padrão o antioxidante sintético Trolox nas

concentrações de 15, 30, 45, 60 e 75 mmol de Trolox em etanol para analisar a atividade

antioxidante dos licores de jamelão. A partir da equação da reta obtida por regressão linear,

efetuou-se o cálculo para verificar a capacidade antioxidante dos licores. Os resultados foram

expressos em TEAC, em mmol de Trolox.100 mL-1

de licor.

Figura 7 - Curva de calibração-resposta da porcentagem de inibição de Trolox em etanol (15 a 75 mmol.mL-1

)

frente ao radical DPPH• (517 nm)

y = 0,0056x + 0,0258 R² = 0,99

0,000

0,100

0,200

0,300

0,400

0,500

0 20 40 60 80

Va

ria

na

ção

na

ab

sorb

ân

cia

(n

m)

Concentração de trolox (mmol.mL-1)

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42

4.6.3 Método de sequestro do radical livre ABTS•+

O método de captura do radical ABTS•+

utilizado foi o descrito por Re et al. (1999),

adaptado por (SOUSA; VIEIRA e LIMA, 2011). Inicialmente formou-se o radical ABTS•+

, a

partir da reação de 7 mmol de ABTS com 2,45 mmol de persulfato de potássio, os quais

foram incubados à temperatura ambiente, na ausência de luz, por 14 horas. Transcorrido esse

tempo, a solução foi diluída em etanol até obter-se uma solução com absorbância de 0,700 ±

0,01 a 734 nm. Foram adicionados 40 μL dos extratos, diluídos em etanol, a 1960 μL do

radical, determinando-se a absorbância em espectrofotômetro a 734 nm, após 2, 5, 10, 20 e 30

minutos do início da reação. A queda na leitura da densidade ótica das amostras foi

correlacionada com o controle (etanol + radical ABTS•+

), estabelecendo-se a porcentagem de

descoloração do radical ABTS•+

. Utilizou-se como padrão o antioxidante sintético Trolox nas

concentrações de 50, 100, 200, 400 e 800 μmol em etanol para construir uma curva de

calibração (Figura 8). A partir da equação da reta obtida por regressão linear, efetuou-se o

cálculo para verificar a atividade antioxidante.

Os resultados da atividade antioxidante dos extratos de jamelão foram expressos em

TEAC (capacidade antioxidante total equivalente ao Trolox), em μmol de Trolox.g-1

de

amostra e os resultados da atividade antioxidante dos licores foram expressos em TEAC, em

μmol de Trolox.100 mL-1

de licor.

Figura 8 - Curva de calibração-resposta da porcentagem de inibição de Trolox em etanol (50 a 800 μmol.mL-1

)

frente ao radical ABTS•+

(734 nm)

y = 0,0006x + 0,0353 R² = 0,9989

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0 200 400 600 800 1000

Va

ria

ção

na

ab

sorb

ân

cia

(n

m)

Concentração de trolox (µmol.mL-1)

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43

4.7 Processamento dos licores

4.7.1 Elaboração do xarope a quente e por desidratação osmóstica

O xarope a quente foi elaborado com açúcar refinado e água mineral na proporção de

1:1 (m.v-1

, açúcar refinado:água mineral). O açúcar foi dissolvido em água e submetido a

tratamento térmico brando (60 ºC) até a consistência de calda fina a 35 ºBrix. O xarope por

desidratação osmótica foi obtido pela intercalação de camadas de frutas e açúcar refinado na

proporção de 60 g de açúcar.100 g-1

de jamelão.

4.7.2 Preparação dos licores

O licor elaborado foi o do tipo fino ou suave. Para obtenção desse licor, utilizaram-se

as concentrações do fruto nas formulações determinadas por meio de testes pilotos. Usaram-se

3 concentrações de frutos (Concentração 1: 0,775 Kg de fruto. L-1

de álcool de cereais;

Concentração 2: 1 Kg de fruto. L-1

de álcool de cereais; Concentração 3: 1,225 Kg de fruto.

L-1

de álcool de cereais). Cada concentração foi utilizada na produção de licores por 3

técnicas diferentes de processamento, definidas de acordo com as diferentes formas de

extração dos compostos solúveis das frutas. Os processamentos foram nomeados de

processamento P1 (maceração do jamelão sem tratamento térmico e adição de xarope

preparado à quente), P2 (maceração do jamelão com tratamento térmico e adição de xarope

preparado à quente) e P3 (preparação de xarope por desidratação osmótica e maceração)

(GEOCZE, 2007). Ao término do processamento, obtiveram-se 9 formulações, apresentadas

na Tabela 1. As formulações F1, F2 e F3, fazem parte do processamento P1 nas três

concentrações; as formulações F4, F5 e F6, do processamento P2 nas três concentrações;

assim como F7, F8 e F9, do processamento P3, também nas três concentrações.

Tabela 1 - Formulações de licores de jamelão.

Formulações de

licores

Matérias-primas utilizadas na elaboração dos licores

Polpa de jamelão

(Kg)

Álcool de cereais

(L)

Xarope

(mL)

Açúcar

refinado

(g)

Água

(mL)

F1 0,775 1,000 210 - Ajustável

para

graduação

alcoólica e

ºBrix

P1 F2 1,000 1,000 210 -

F3 1,225 1,000 210 -

F4 0,775 1,000 210 -

P2 F5 1,000 1,000 210 -

F6 1,225 1,000 210 -

F7 0,775 1,000 - 465,00

P3 F8 1,000 1,000 - 600,00

F9 1,225 1,000 - 735,00

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Para a elaboração de cada licor, os frutos sofreram maceração manual para retirada da

porção comestível sem injúria da semente. Todos os licores foram ajustados para uma

graduação alcoólica de 25% (v.v-1

) e 30 ºBrix.

As etapas do processamento do licor por essas metodologias distintas estão dispostas

na Figura 9.

Figura 9 - Métodos de processamento dos licores

Fonte: Adaptado de Geocze, 2007, p. 39

Trituração da polpa

Jamelão

Obtenção da polpa

Método de preparo

LICOR (P1)

Método de preparo

LICOR (P2)

Método de preparo

LICOR (P3)

Tratamento térmico (70 ºC.3

min-1

) + resfriamento a 25 ºC

Desidratação osmótica

Maceração alcoólica

(10 dias)

Maceração alcoólica

(10 dias) Filtração

Adição do xarope

Filtração

Maturação

Trituração da polpa +

xarope

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4.7.3 Licor (P1) – Maceração do jamelão sem tratamento térmico e adição de xarope

preparado a quente

As frutas maceradas foram recolhidas em recipientes de vidro âmbar, no qual foi

adicionado 1 L de álcool de cereais. Essa imersão hidroalcoólica ocorreu por 10 dias. Após

esse período, o macerado foi filtrado. Ao filtrado foi acrescentado o xarope, ajustando a

graduação alcoólica e o grau ºBrix. Fez-se uma nova filtração à vácuo em funil de Büchner

com papel filtro e o licor foi armazenado por 90 dias (GEOCZE, 2007).

4.7.4 Licor (P2) – Maceração do jamelão com tratamento térmico e adição de xarope

preparado a quente

As frutas maceradas foram dispostas em recipientes de aço inoxidável, onde foram

acrescentados 20 mL de água.100 g-1

de jamelão. Essa mistura foi aquecida até 70 ºC e foi

mantida por 3 minutos, posteriormente foi submetida a resfriamento rápido em recipientes de

aço inoxidável contendo água com cubos de gelo, até atingir a temperatura de 25 ºC. Em

seguida, essa mistura foi adicionada em recipientes de vidro âmbar nos quais foram

acrescentados 1 L de álcool de cereais. Essa imersão hidroalcoólica ocorreu por 10 dias. Após

esse tempo, o macerado foi filtrado. Ao filtrado foi acrescentado o xarope, ajustando a

graduação alcoólica e o grau Brix. Fez-se uma nova filtração à vácuo em funil de Büchner

com papel filtro e o licor foi armazenado por 90 dias (GEOCZE, 2007).

4.7.5 Licor (P3) – Xarope por desidratação osmótica e maceração do fruto

No preparo desse licor foi utilizada a técnica de desidratação osmótica. As frutas

maceradas foram acondicionadas em recipientes de aço inoxidável, em camadas intercaladas

de açúcar refinado, 60 g de açúcar.100 g-1

de jamelão. Após dez horas, triturou-se os frutos

com o xarope obtido e posteriormente, adicionou-se a essa mistura 1 L de álcool de cereais e a

deixou em repouso por 10 dias. Após esse período, o macerado sofreu uma filtração à vácuo

em funil de Büchner com papel filtro e o teor alcoólico e o grau Brix foram ajustados e o licor

maturado por 90 dias (GEOCZE, 2007).

4.8 Análise da estabilidade antioxidante do licor

A estabilidade dos compostos fenólicos, das antocianinas monoméricas, assim como a

atividade antioxidante in vitro das alíquotas de licores pelo método de sequestro dos radicais

DPPH• e ABTS

•+ foram realizadas conforme descritos nos itens 4.5.4.2; 4.5.1; 4.6.2 e 4.6.3,

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respectivamente. Essa avaliação ocorreu nos tempos de 0, 30, 60 e 90 dias, correspondentes

ao período de maturação dos produtos elaborados.

4.9 Avaliação sensorial

A avaliação sensorial dos licores de jamelão foi realizada por meio de aplicação de

três testes, sendo eles: preferência, aceitação e caracterização sensorial. Os testes foram

realizados no IFPI, Campus Teresina Zona Sul, no período de agosto a outubro de 2012. Para

os testes de aceitação e preferência utilizou-se um grupo de 103 provadores não treinados com

faixa etária entre 18 e 50 anos, de ambos os sexos, os quais receberam orientações específicas

sobre os testes antes de serem submetidos a eles. Para cada assessor foi entregue duas vias do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice A), uma para ficar com o

mesmo e outra para que fosse assinada e devolvida.

Para verificação da formulação preferida, empregou-se o teste de aceitação, intenção

de compra e ordenação de preferência. No teste de aceitação, foram avaliados os atributos de

aceitação global, cor, aroma, sabor e consistência por meio de Escala Hedônica Estruturada de

nove pontos, onde 1 representa “desgostei muitíssimo” e 9 representa “gostei muitíssimo”. A

intenção de compra foi avaliada por meio de Escala Estruturada de cinco pontos, onde 1

representa “certamente não compraria” e 5 “certamente compraria”, e o teste de ordenação de

preferência em que o assessor irá definir qual a amostra deverá assumir o primeiro, o segundo

ou o terceiro lugar de acordo com a ordem de preferência (Apêndice B) (DUTCOSKY, 2011).

Estas verificações foram realizadas em 4 sessões. Na primeira sessão, ocorreu a avaliação

sensorial das formulações F1, F4 e F7; na segunda sessão, F3, F5 e F8; na terceira, F2, F6 e

F9; e na quarta, a formulação preferida de cada sessão foi avaliada para selecionar a mais

aceita e preferida. Essas formulações foram escolhidas porque apresentavam a mesma

concentração do fruto, embora fossem provenientes de processamentos diferentes. Dutcosky

(2011) ainda define que para um produto ser considerado aceito, o índice de aceitação

(Equação 17) deve ser igual ou superior a 70%.

IA (%) = (A x 100).B-1

(17)

IA (%) = índice de aceitação

A = nota média obtida para o produto

B = nota máxima dada ao produto

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Nos testes de preferência, as amostras foram dispostas randomicamente, com códigos

de três dígitos aleatorizados e diferentes para cada assessor. Durante a análise sensorial, foi

disponibilizado para os provadores água potável para limpeza do palato, minimizando o efeito

de resíduos entre uma amostra e outra. Os licores de jamelão foram servidos em taças de

acrílico descartáveis e em temperatura ambiente.

A formulação preferida ainda foi submetida ao teste de Análise Descritiva

Quantitativa (ADQ) para identificar os seus termos descritores, permitindo assim a avaliação

completa do licor de jamelão (DUTCOSKY, 2011).

4.9.1 Pré-seleção dos provadores

Nessa primeira etapa, foi distribuído um questionário de recrutamento (Apêndice C) a

funcionários, professores e acadêmicos do curso de Tecnologia em Gastronomia do IFPI,

Campus Teresina Zona Sul. Este questionário avaliou os seguintes itens: interesse em

participar do treinamento, a ingestão de medicamentos, alcoolismo na família, frequência de

consumo de licor e disponibilidade de horários dos voluntários. Com base nas respostas, os

provadores foram selecionados considerando-se a frequência de consumo de licores, interesse

intelectual e disponibilidade de participar dos testes sensoriais. Posteriormente, foram

aplicados testes de memória sensorial – reconhecimento de odores básicos (Apêndice D) e

identificação de gostos básicos (Apêndice E) - e capacidade discriminatória (Apêndice F) aos

provadores pré-selecionados.

A habilidade dos indivíduos em reconhecer odores básicos foi avaliada utilizando-se

16 substâncias aromáticas selecionadas do kit aromas (Figura 10). Os aromas concentrados

(maçã verde, gengibre, avelã, cedro, frutas vermelhas, amêndoa, baunilha, pimenta do reino

preta, terra molhada, limão, couro, café, chocolate amargo, morango, canela e menta) foram

embebidos em algodão, colocados em tubos de ensaio de 30 mL, envoltos e tampados com

folha de alumínio. Os tubos de ensaios contendo os aromas foram codificados com números

de três dígitos, sendo a folha de alumínio perfurada no momento da realização do teste. À

identificação correta do odor foi atribuída nota de 1 ponto, para a associação, 0,5 ponto, e à

falta de resposta nota 0. Foram selecionados os candidatos que atingiram 70% de acertos

(DUTCOSKY, 2011).

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Figura 10 - Kit de aromas concentrados

A capacidade dos indivíduos em reconhecer gostos básicos foi avaliada utilizando-se

soluções aquosas que permitiram a identificação dos gostos ácido, amargo, doce, salgado e

umami (Tabela 2). A apresentação dos cinco gostos básicos foi feita de forma aleatória. O

critério para aprovação nesse teste foi de 100% de identificação (DUTCOSKY, 2011).

Tabela 2 - Concentração das soluções aquosas para identificação dos gostos básicos.

Gosto básico Substância Concentração (%)

Ácido Ácido cítrico 0,04

Amargo Cafeína 0,02

Doce Açúcar refinado 0,58

Salgado Cloreto de sódio 0,12

Umami Glutamato monossódico 0,06 Fonte: DUTCOSKY, 2011, p. 55

A capacidade discriminatória (Apêndice F) de cada provador foi avaliada utilizando-se

teste triangular (STONE e SIDEL, 1993), nos quais foram servidas amostras de licor comum

de marcas comerciais. Os testes triangulares foram realizados até que os provadores

atingissem índice de acertos significativo a 5%.

4.9.2 Desenvolvimento da terminologia descritiva

Após a seleção dos provadores, o licor de jamelão foi apresentado, sendo solicitado

que o mesmo fosse descrito integralmente quanto aos atributos de cor, sabor, aroma e

consistência, desenvolvendo uma terminologia a partir da qual os provadores seriam treinados

a reconhecer e discriminar as sensações (QUEIROZ e TREPTOW, 2006). Para a

determinação dos descritores, foi utilizado o método de rede (ou grid) (DUTCOSKY, 2011),

no qual as amostras foram apresentadas de forma pareada aos provadores, juntamente com a

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ficha própria (Apêndice G). Solicitou-se que fossem listadas as diferenças e similaridades

entre elas com relação aos atributos supracitados.

Após a avaliação, sob a supervisão do líder, os provadores discutiram os termos

levantados, eliminando redundâncias, sinônimos e termos poucos citados, e então foram

selecionados os termos que melhor descreviam as semelhanças e diferenças entre as amostras.

Em seguida, elaborou-se uma lista com a definição dos termos descritivos das amostras e

foram propostas referências para exemplificar cada termo descritor (STONE e SIDEL, 1993).

Com isso elaborou-se a ficha de avaliação (Apêndice H) que foi utilizada no treinamento e

seleção dos provadores e na avaliação das amostras.

4.9.3 Treinamento e seleção dos provadores

Nas sessões de treinamento foram apresentadas as soluções de referência,

representando os extremos da escala ancorada para cada um dos termos descritivos

selecionados (Apêndice H). Para a seleção da equipe final, os provadores avaliaram amostras

de licor, em 3 repetições. Foram selecionados os provadores com boa capacidade

discriminatória, reprodutibilidade e julgamento consensual com o restante da equipe,

conforme Dutcosky (2011).

4.9.4 Análise das amostras de licor de jamelão

Os provadores avaliaram as amostras em 3 repetições. Os licores foram servidos em

temperatura ambiente, em taças de vidro próprias para licor. A intensidade dos atributos das

amostras foi avaliada em escala não estruturada de 9 cm, com os termos de intensidade

ancorados em seus extremos (Apêndice H).

4.10 Análise estatística

A análise dos resultados encontrados na caracterização física e físico-química e dos

compostos bioativos (antocianinas monoméricas, carotenoides totais e ácido ascórbico)

presentes no jamelão foi realizada por meio de cálculo de médias e desvio-padrão, análise de

variância e aplicação do teste de Tukey.

Para a análise dos compostos fenólicos e do poder antioxidante in vitro (sequestro dos

radicais DPPH• e ABTS

•+) do fruto e dos licores foram construídas curvas de calibração para

obtenção de equações, correlações e regressões lineares. Os resultados médios encontrados

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também foram submetidos à análise de variância e aplicação do teste de Tukey. Utilizou-se

para verificação da normalidade dos modelos o teste de Kolmogorov-Smirnov.

A identificação das diferenças significativas ao se correlacionar várias variáveis foi

feita utilizando-se à análise multivariada e o teste de Lambda Wilks,seguida do teste de

Between-subjts Effets para identificar as variáveis significativas em relação à comparação

dessas variáveis. Para finalizar, aplicou-se o teste de Tukey para identificar quais as variáveis

diferiam entre sim.

Também aplicou-se o teste de análise de componentes principais para verificar quais

os componentes explicavam as diferenças entres a amostras de licor de jamelão.

Para todos os testes realizados considerou-se como diferença significativa p < 0,05.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterização física e físico-química

As características físicas e químicas dos frutos são de grande importância para a sua

comercialização e manuseio. Conforme Oliveira et al. (2011), a aparência externa dos frutos,

tais como tamanho, consistência, espessura, forma e coloração da casca são fatores

imprescindíveis para a aceitação pelos consumidores. Os resultados da caracterização física e

físico-química do jamelão estão expressos na Tabela 3.

Tabela 3 - Características físicas e físico-químicas de jamelão (Syzygium cumini) coletados

na cidade de Floriano, Piauí – Brasil, 2011.

Média ± dp CV (%)

Comprimento transversal (cm) 2,44 ± 0,17 6,97

Comprimento longitudinal (cm) 1,69 ± 0,15 8,87

Peso bruto (g) 6,07 ± 1,27 20,92

Peso líquido (g) 4,57 ± 1,19 26, 04

Rendimento (%) 75,28 -

pH 4,11 ± 0,02 0,49

SST (ºBrix) 15,20 ± 0,72 4,74

ATT (ácido cítrico) 0,68 ± 0,001 0,14

SST/ATT 22,35 ± 0,05 0,22

*SST – sólidos solúveis totais; ATT – acidez total titulável expressa em ácido cítrico; CV (%) – coeficiente de

variação.

Os resultados obtidos permitem afirmar que esse fruto é pequeno, pois apresentou

apenas 2,44 ± 0,17 cm de comprimento transversal e 1,69 ± 0,15 cm de comprimento

longitudinal. Esses dados são inferiores aos descritos por Sá (2008) que relatou que o jamelão

apresenta cerca de 3 a 4 cm de comprimento e 2 cm de diâmetro. Em relação ao peso, esse

fruto apresentou peso bruto de 6,07 ± 1,27 g e peso líquido de 4,57 ± 1,19 g, conferindo com

o peso médio encontrado por Benherlal e Arumughan (2007), 6,0 g ± 3,0 g, ao realizar a

caracterização física desse fruto.

Em termos de rendimento porcentual de polpa, o jamelão enquadra-se entre as

espécies de frutas em que a porção casca ou pele é inseparável da polpa, assim como frutas

bastante populares na Amazônia Brasileira como o açaí, a bacabinha e o bacabi

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(CARVALHO; MULLER e SILVA, 2005). Conforme observado na Tabela 3, o rendimento

do fruto foi de 75,28%, maior que os encontrados por Benherlal e Arumughan (2007) e Lago,

Gomes e Silva (2006), isto é 66,6% e 67,69% respectivamente, sendo viável para

industrialização, embora alguns autores relatem que os frutos de maior peso ou tamanho

sejam os preferidos para o desenvolvimento de novos produtos por apresentarem maior peso

de polpa e casca (SILVA et al., 2001).

Os valores de pH, acidez e sólidos solúveis totais apresentam diferenças entre as frutas

oriundas de diferentes plantas e entre as mesmas plantas em épocas diferentes. Estas variações

podem estar associadas às condições edafoclimáticas (clima, relevo, temperatura, umidade do

ar, composição atmosférica, radiação e precipitação pluvial), as quais influenciam diretamente

na composição química da fruta (CHITARRA e CHITARRA, 1990).

O pH encontrado no jamelão (4,11 ± 0,02) é semelhante aos encontrados por Lago,

Gomes e Silva (2006) e Migliato et al. (2007), os quais relataram valores pH de 4,09 ± 0,02 e

3,90, respectivamente, para esse fruto. Esse valor de pH é característico de frutas tropicais

brasileiras assim como os encontrados por Rufino et al. (2010) para açaí (5,38 ± 0,10), acerola

(3,19 ± 0,02), cajá (3,07 ± 0,06), caju (4,37 ± 0,07), jaboticaba (3,18 ± 0,06) e puçá preto

(4,53 ± 0,07).

Mesmo apresentando baixo valor de pH, o teor de acidez titulável, expresso em ácido

cítrico, foi relativamente baixo (0,68%), o que pode ser explicado, pelo menos em parte,

devido ao elevado valor em °Brix (15,20), pois estes parâmetros são inversamente

proporcionais nos frutos (BARCIA, 2009). Lago, Gomes e Silva (2006) ao analisarem o fruto

jamelão para produção de geleias constataram um valor superior de acidez (5,91% ± 0,01),

expressa em ácido cítrico, e valor inferior para ºBrix (9,0 ± 0,01), divergindo, portanto dos

dados obtidos nesse estudo. Vale ressaltar que o ºBrix encontrado nesta pesquisa apresentou

um valor superior ao utilizado para determinar o ponto ideal de colheita de frutos (8-10 °Brix)

(CHIM, 2008), isso pode ser consequência do clima na época de colheita, o qual pode ter

influenciado na alta síntese de açúcares, o que é decorrente da fotossíntese da planta.

A relação SST/ATT indica o grau de maturação dos frutos, sendo um dos indicadores

mais comuns de avaliação dessa característica em frutas destinadas ao consumo in natura e/ou

ao processamento agroindustrial. Nesta pesquisa, o valor obtido para essa relação foi de

22,35, valor este superior ao encontrado por Rufino et al. (2010) para o mesmo fruto, 13,95 ±

0,55. No entanto, é muito baixo quando comparado a outros frutos tropicais como caju, puçá-

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preto e carnaúba que apresentaram valores de 107,70 ± 12,49, 75,98 ± 3,63 e 58,79 ± 10,35,

respectivamente (RUFINO et al., 2010).

5.2 Composição centesimal e de minerais

Os resultados da composição centesimal e do valor energético total do jamelão

encontram-se na Tabela 4. Constata-se que a polpa do fruto em estudo apresenta baixo valor

energético (44,28 ± 1,11 Kcal.100 g-1

), além de ser fonte de fibra alimentar total (3,08 ± 0,04

g.100 g-1

) conforme classificação da Portaria Nº 27 de 13 de janeiro de 1998 da ANVISA que

caracteriza um alimento como fonte de fibras alimentares quando ele apresenta no mínimo 3 g

de fibras.100 g-1

(BRASIL, 1998). A partir dos valores de fibra alimentar detectado nesta

pesquisa, percebe-se que o jamelão apresenta teores próximos aos presentes na banana ouro

(3,61%) e no figo (3,60%) e inferiores a fruta do conde (5,62%) e goiaba branca (5,63%)

(TACO, 2011).

Tabela 4 - Composição centesimal (g.100 g-1

de amostra) e valor energético total - VET

(Kcal.100 g-1

de amostra) de jamelão, coletados na cidade de Floriano, Piauí – Brasil, 2011.

Parâmetros Média ± dp CV (%)

Umidade 85,73 ± 0,23 0,27

Cinzas 0,31 ± 0,07 22,02

Proteínas 0,82 ± 0,05 6,74

Lipídios 0,16 ± 0,01 6,30

Fibra alimentar total 3,08 ± 0,04 1,19

Carboidratos totais 9,89 ± 0,31 3,14

VET 44,28 ± 1,11 2,51

*VET – valor energético total; CV (%) – coeficiente de variação.

O valor calórico do Jamelão (44,28 Kcal.100 g-1

) é inferior aos da à goiaba vermelha,

maçã, pêra e uva, as quais apresentam respectivamente, 54,0, 56,0, 53,0 e 53,0 Kcal.100g-1

(TACO, 2011). Observa-se ainda na Tabela 4, que o conjunto dos resultados encontrados na

composição centesimal do jamelão mostra um perfil de composição similar ao que é

normalmente encontrado para frutas pequenas consumidas sem necessidade de descascamento

como, por exemplo, o morango (TACO, 2011). Verifica-se também que o conteúdo de

umidade (83,70 a 85,8%), cinzas (0,32 a 0,40%), proteínas (0,70 a 0,13%), lipídios (0,15 a

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0,30%) e carboidratos (14%) descritos por Ayyanar e Subash-Babu (2012) ao estudar o

jamelão foram próximos aos obtidos nesta pesquisa.

O resultado do perfil de minerais do jamelão bem como a ingestão diária recomendada

para adultos saudáveis (IDR) estão descritos na Tabela 5. A partir dos dados apresentados,

constata-se que esse fruto é uma excelente fonte de minerais, pois, segundo a Portaria Nº 27

de 13 de janeiro de 1998 da ANVISA, o alimento sólido é considerado fonte de mineral

quando o consumo de 100 g supre no mínimo 15% da IDR (BRASIL, 1998), valor este

alcançado pela maioria dos minerais analisados.

Tabela 5 - Comparação do perfil de minerais (mg.100 g-1

de amostra seca) de jamelão com as

recomendações de ingestão diária para adultos saudáveis.

Minerais Média ± dp IDR* Necessidades diárias

atendidas (%)

Cálcio (Ca) 176,20 ± 0,03 1000 mg.dia-1

17,62

Magnésio (Mg) 74,90 ± 0,02 260 mg.dia-1

28,81

Fósforo (P) 170,57 ± 0,04 700 mg.dia-1

24,37

Potássio (K) 1642,43 ± 0 ,41 4,7 g.dia-1

34,95

Ferro (Fe) 12,70 ± 2,58 14 mg.dia-1

90,71

Cobre (Cu) 0,34 ± 0,16 900 mg.dia-1

0,04

Manganês (Mn) 0,45 ± 0,42 2,3 mg.dia-1

19,56

Zinco (Zn) 1,29 ± 0,28 7 mg.dia-1

18,43

Selênio (Se) < 0,002 6 mg.dia-1

0,03

*IDR: Ingestão Diária Recomendada para adultos normais (BRASIL, 2005; DRI, 2005)

Dentre os minerais analisados (Tabela 5), destaca-se o mineral ferro, pois o consumo

de 100 g de amostra seca de jamelão consegue suprir 90,71% da ingestão diária recomendada.

Sabe-se que esse mineral desempenha papel imprescindível no organismo humano, pois

participa de processos vitais, como no transporte de oxigênio do pulmão aos tecidos, na

reserva muscular de oxigênio, nos sistemas que intervêm no metabolismo energético, na

síntese de proteínas dos ácidos nucleicos e das mitoses celulares (RODRIGUEZ et al., 2011).

Vale ressaltar que a carência de ferro, incluindo a sua forma mais severa, a anemia, é a

deficiência nutricional mais comum em todo o mundo (FERREIRA et al., 2011) e a

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descoberta de frutos com altos teores desse mineral, bem como elevado conteúdo de vitamina

C (fator de promoção de absorção de ferro não heme) é de grande valia.

Os dados apresentados ainda demonstram que em termos quantitativos o potássio

(1642,43 ± 0,41 mg.100 g-1

), o cálcio (176,20 ± 0,03 mg.100 g-1

) e fósforo (170,57 ± 0,04

mg.100 g-1

) foram os minerais observados em maior abundância no fruto, com concentrações

similares às encontradas por Sá (2008) para o mesmo fruto (1907,80 mg de potássio e 125,30

mg de cálcio em 100 g). Benherlal e Arumughan (2007) ao estudar a composição química do

jamelão, também constataram que esse fruto possuía um bom conteúdo de potássio e cálcio,

no entanto, o valor obtido em sua pesquisa para o potássio (250 mg.100 g-1

) foi bem inferior

ao encontrado nesse estudo.

De acordo com a ingestão diária recomenda (DRI, 2005) são recomendadas para

indivíduos adultos saudáveis 4,7 g de potássio.dia-1

, o que poderia ser 34,95% suprido com o

consumo de 100 g de jamelão e esta mesma quantidade atingiria 17,62% dos valores

referenciados na ingestão adequada para o consumo de cálcio (1000 mg para adultos

saudáveis) (BRASIL, 2005) e 24,37% do consumo de fósforo (700 mg.dia-1

) (BRASIL,

2005).

Quando analisado o conteúdo de macro e microminerais (Tabela 5), a amostra seca de

jamelão também apresentou importante concentração do mineral magnésio, com 74,90 ± 0,02

mg.100 g-1

de amostra seca. Sabe-se que esse mineral desempenha papel fundamental no

organismo humano, atuando no metabolismo dos carboidratos, proteínas e lipídeos (DUTRA-

DE-OLIVEIRA e MARCHINI, 2006). Embora a deficiência de magnésio seja de difícil

ocorrência, recomenda-se a ingestão de cerca de 260 mg por dia (DRI, 1997), e o consumo de

100 g de jamelão supre 28,81% dessa quantidade recomendada.

Observa-se ainda que o jamelão também é fonte do mineral zinco, pois consegue

suprir 18,43% da IDR quando ingerido 100 g de amostra seca. Este mineral atua como um

componente estrutural e/ou funcional de várias metaloenzimas e metaloproteínas,

participando de muitas reações do metabolismo celular, incluindo processos fisiológicos, tais

como função imune, defesa antioxidante, crescimento e desenvolvimento (MAFRA e

COZZOLINO, 2004).

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5.3 Quantificação dos compostos bioativos

Para identificação e quantificação de compostos bioativos em fontes naturais como

frutas, sementes e especiarias, é necessária a realização da extração com solventes de

polaridades diferentes. As pesquisas enfocam essas extrações com o objetivo de comparar

seus resultados e encontrar a melhor alternativa para sua aplicação em alimentos (ANDREO e

JORGE, 2006). Os resultados para os teores de antocianinas monoméricas, carotenoides totais

e ácido ascórbico estão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 - Antocianinas monoméricas, carotenoides totais e ácido ascórbico em jamelão

coletados na cidade de Floriano, Piauí – Brasil, 2011*.

Média ± dp CV (%)

Antocianinas monoméricas 223,18 ± 7,70 3,45

Carotenoides totais 110,19 ± 0,07 6,23

Ácido ascórbico 25,47 ± 2,61 10,24

* As antocianinas monoméricas foram expressas em mg de cianidina-3-glicosídeo.100 g-1

de amostra; os

carotenoides totais em μg de ß-caroteno.100 g-1

de amostra; e o teor de ácido ascórbico em mg de ácido

ascórbico.100 g-1

de amostra.

Pode-se verificar na Tabela 6 que a extração de antocianinas monoméricas com a

solução extratora contendo metanol:etanol:água:ácido acético (69:20:10:1, v:v:v:v) foi

eficiente, pois quantificou-se 223,18 ± 7,70 mg.100 g-1

, valor superior aos encontrados por

Faria, Marques e Mercadante (2011), que foi de 210 ± 9,1 mg.100 g-1

, Vizzoto e Pereira

(2008), que quantificaram 141,80 ± 50,4 mg.100 g-1

, e por Kuskoski et al. (2006), que

identificaram valores de 108 a 111 mg.100 g-1

. Vale ressaltar que tais autores extraíram esses

pigmentos utilizando uma solução extratora contendo etanol e ácido clorídrico, e como o

etanol é menos eficiente que a solução metanol:água para extração dos compostos

antociânicos (FARIA; MARQUES e MERCADANTE, 2011), obtiveram os resultados

inferiores. Entretanto, Lago, Gomes e Silva (2006), mesmo utilizando o etanol como solvente

extrator, encontraram 276,7 mg.100 g-1

, resultados superiores ao desta pesquisa.

A quantificação das antocianinas foi feita na polpa com pele e, tal como em pitanga e

uva, o pigmento concentra-se em maior proporção na pele. Em pitanga, por exemplo, o teor

de antocianinas na polpa e pele é de 26 e 420 mg.100 g-1

da fruta, respectivamente (LIMA;

MELO e LIMA, 2002). Ao comparar o teor encontrado para o jamelão com os achados em

estudos específicos com outras frutas pequenas como mirtilo (93 a 280 mg.100 g-1

de amostra)

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(CONNOR et al., 2002), framboesa (até 197,2 mg.100 g-1

de amostra) (WANG e LIN, 2000),

amora-preta (120-171,6 mg.100 g-1

de amostra) (MOTA, 2006), açaí (50,0 mg.100 g-1

de

amostra) (BOBBIO et al., 2000) e morango (40 mg.100 g-1

de amostra) (WANG e LIN,

2000), observa-se que o jamelão é rico em antocianinas. Isso faz com que esse fruto seja

recomendado para consumo in natura ou utilização na indústria de alimentos, pois esses

pigmentos além de suas cores características, também apresentam excelentes propriedades

antioxidantes, participando na inibição da peroxidação lipídica, na desagregação de plaquetas

e na ação antitumoral e antimutagênica (ANGELO e JORGE, 2007).

Da mesma forma que as antocianinas, o conteúdo de carotenoides geralmente é mais

concentrado na película do que na polpa das frutas (BARCIA, 2009). Dessa forma,

quantificou-se esse grupo fitoquímico na polpa com pele, obtendo-se 110,19 ± 0,07 μg de ß-

caroteno.100 g-1

de amostra (Tabela 6), valor superior ao encontrado por outros autores como

Rufino et al. (2010) e Faria, Marques e Mercadante (2011) que encontraram 0,51 ± 0,1 μg de

ß-caroteno.100 g-1

de amostra e 89,2 ± 5,4 μg de ß-caroteno.100 g-1

de amostra,

respectivamente.

Em comparação com outros frutos, considerados fontes desse grupo fitoquímico, o

teor de carotenoides no jamelão foi baixo. Isso era esperado, uma vez que a coloração da

polpa do fruto em estudo não está dentro da faixa de cor dos carotenoides, que varia do

amarelo ao vermelho (MAIA; SOUSA e LIMA, 2007). Sentanin e Rodriguez-Amaya (2007),

avaliando os conteúdos de carotenoides em algumas cultivares de pêssegos, observaram

níveis muito baixos que também estavam correlacionados à coloração, semelhante à do fruto

em estudo.

O teor de ácido ascórbico ou vitamina C quantificado (25,47 ± 2,61 mg de ácido

ascórbico.100 g-1

de amostra) está demonstrado na Tabela 6. Este resultado foi semelhante ao

descrito para o jamelão na TACO (2011), que foi de 27,1 mg de ácido ascórbico.100 g–1

de

amostra, e representa um achado importante, pois o consumo de 100 g desse fruto supre

56,6% das necessidades diárias de vitamina C para adultos (45 mg.dia-1

) (BRASIL, 2005).

O ácido ascórbico é imprescindível para o organismo humano, pois além de atuar

como antioxidante no combate aos radicais livres possui várias funções fisiológicas e

farmacológicas, incluindo funções na formação do colágeno e na absorção intestinal de ferro

(TAI e GOHDA, 2007). Vale lembrar, que o fruto em estudo também apresentou uma

quantidade significativa desse mineral, e que a biodisponibilidade do ferro não hemínico

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(ferro proveniente de vegetais) é fortemente influenciada pelos componentes da dieta, como o

ácido ascórbico. Assim, a ingestão do fruto proporciona, além de vitamina C, uma maior

biodisponibilidade desse mineral.

Rufino et al. (2010) ao analisar o jamelão obtiveram resultados superiores ao obtido

nesse estudo, 112,3 ± 5,8 mg de ácido ascórbico.100 g-1

de amostra; entretanto, outros

pesquisadores encontraram valores inferiores. Brandão et al. (2011) ao analisar o conteúdo de

ácido ascórbico em diversos estádios de maturação, encontraram para o jamelão maduro um

valor correspondente a 6,61 ± 1,04 mg de ácido ascórbico.100 g-1

de amostra e Faria, Marques

e Mercadante (2011) ao identificar compostos bioativos nesse fruto encontraram apenas

traços. Essa divergência de valores ocorre porque o teor de vitamina C nos alimentos é

variável de acordo com a região de cultivo, clima e época de colheita, mesmo sendo a mesma

variedade (COUTTO e CANNIATTI-BRAZACA, 2010).

Na Tabela 7 encontram-se os teores de polifenóis determinados nos extratos aquoso,

acetônico e etanólico do jamelão, onde se observa que os valores variaram de 87,85 ± 22,61

mg EAG.100 g-1

de amostra (extrato etanólico) a 392,17 ± 43,33 mg EAG.100 g-1

de amostra

(extrato aquoso).

Tabela 7 - Polifenóis (mg EAG.100 g-1

) dos extratos orgânicos de jamelão.

Polifenóis

(mg EAG.100 g-1

amostra)

Extrato aquoso 392,17 ± 43,33ª

Extrato etanólico 87,85 ± 22,61b

Extrato acetônico 116,76 ± 15,49b

*Médias na mesma coluna seguidas de letras diferentes diferem estatisticamente entre si (p < 0,05).

Comparando a eficiência do solvente de extração dos compostos fenólicos, a partir da

Tabela 7, constata-se que o extrato aquoso foi o mais eficiente, seguido pelo acetônico e

etanólico. Como a água pura apresentou o maior poder extrator, evidencia-se, que a maior

parte dos compostos fenólicos dessa fruta apresenta maior polaridade, portanto são mais

hidrossolúveis. Vale ressaltar, que embora o extrato acetônico tenha apresentado uma

capacidade de extração superior ao extrato etanólico, eles não diferiram estaticamente entre si

(p > 0,05).

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Como não existe uma metodologia oficial para extração dos polifenóis, há uma grande

variação dos conteúdos desses compostos na literatura consultada, isso ocorre devido à

utilização de diversos procedimentos metodológicos com diferentes solventes extratores

(NACZK e SHAHIDI, 2004). Ali (2011), encontrou no extrato aquoso valores

correspondentes a 5,42 mg EAG.g-1

e 6,66 mg EAG.g-1

para duas variedades de jamelão,

Rajamun e Kaatha, respectivamente. Tais valores foram superiores ao dessa pesquisa para o

mesmo extrato.

A extração de compostos fenólicos em meio alcoólico também proporcionou

resultados diversificados entre vários autores. Faria, Marques e Mercadante (2011) analisaram

o teor de fenólicos totais em extrato hidrometanólico de jamelão e quantificaram 148,3 ± 32,4

mg EAG.100 g

-1. Kuskoski et al. (2006) encontraram 229,6 ± 13,6 mg EAG.100

g

-1 para o

extrato hidroetanólico e 194,7 ± 3,5 mg EAG.100 g

-1 para o extrato hidrometanólico. Vieira et

al. (2011), também encontraram um baixo teor de compostos fenólicos nos extratos

hidroalcoólicos de polpas de bacuri (7,23 ± 0,08 mg EAG.100 g

-1), cajá (6,62 ± 0,90 mg

EAG.100 g

-1), goiaba (20,21 ± 1,95 mg EAG.100

g

-1) e tamarindo (23,35 ± 0,21 mg EAG.100

g-1

).

Em relação ao extrato acetônico, Rufino et al. (2010) ao verificar as propriedades

funcionais de frutas tropicais brasileiras não tradicionais, obtiveram um conteúdo de

compostos fenólicos superior ao encontrado nesta pesquisa, que foi de 185,4 ± 3,8 mg

EAG.100

g-1

para o extrato acetônico/metanólico de jamelão. Esses mesmos autores

encontraram 1063,3 ± 53,1 mg EAG.100 g

-1 para acerola, 440,4 ± 9,9 mg EAG.100

g

-1 para

jaboticaba, 90,4 ± 2,2 mg EAG.100 g

-1 para umbu, 72,00 ± 4,4 mg EAG.100

g

-1 para cajá e

117,7 ± 3,7 mg EAG.100 g

-1 para o caju, sendo que este último fruto apresenta um conteúdo

de polifenois semelhante ao fruto em estudo.

Vasco, Ruales e Kamal-Eldin (2008), ao analisar o teor de fenólicos totais de

dezessete frutos provenientes do equador, classificaram os seus frutos em três categorias:

baixo (< 100 mg EAG.100 g

-1, médio (100 a 500 mg EAG.100

g

-1) e alto (> 500 mg EAG.100

g-1

) conteúdo de compostos fenólicos para amostras frescas. Dessa forma, o extrato etanólico

de jamelão é considerado uma fonte pobre de compostos fenólicos, enquanto que os extratos

aquoso e acetônico de jamelão são considerados fontes médias.

Esse resultado para o extrato aquoso de jamelão é bastante promissor, pois a maior

forma de consumo dessa fruta é in natura ou na forma de sucos, o que proporciona uma maior

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ingestão desses compostos. E sabe-se que os polifenóis possuem vários efeitos benéficos à

saúde, propiciando uma potente atividade antioxidante na prevenção de reações oxidativas e

de formação de radicais livres, bem como na proteção contra danos ao DNA das células

(EFRAIM; ALVES e JARDIM, 2011).

5.4 Avaliação da atividade antioxidante in vitro

5.4.1 Método de sequestro do radical DPPH•

A capacidade antioxidante é definida pela habilidade que alguns compostos redutores,

presentes em alimentos e/ou sistemas biológicos, possuem para sequestrar os radicais livres,

reduzindo o estresse oxidativo e o desenvolvimento de algumas doenças (FLOEGEL et al.,

2011). Atualmente, não existe um método oficial para determinar essa capacidade

antioxidante em alimentos de origem vegetal e seus subprodutos, tendo em vista os vários

mecanismos antioxidantes que podem ocorrer, bem como a diversidade de compostos

bioativos. Entre os ensaios espectrofotométricos mais utilizados, se destacam os que utilizam

os radicais livres sintéticos DPPH• e ABTS

•+, pela facilidade de execução e pela boa

correlação com as demais metodologias para avaliar a atividade antioxidante (SOUSA;

VIEIRA e LIMA, 2011). Os resultados da atividade antioxidante dos extratos orgânicos de

jamelão, além dos padrões ácido gálico e catequina, determinada pelo método de sequestro do

radical DPPH•, encontram-se dispostos na Tabela 8.

Tabela 8 - Atividade antioxidante, expressos pelo percentual de proteção (%) e EC50 (μg.mL–

1) pelo método de sequestro do radical DPPH

• para os extratos orgânicos de jamelão.

Extratos e

Padrões

Concentração (μg.mL-1

)

Porcentual de Proteção (%)

EC50 (μg.mL

–1)

Extrato

Aquoso

50 μg.mL-1 100 μg.mL-1 150 μg.mL-1 200 μg.mL-1 250 μg.mL-1

24,58 ± 2,78c 36,24 ± 1,45

c 43,61 ± 2,32

b 49,83 ± 0,87

ab 56,58 ± 3,83

a 208,86± 6,15

A

Extrato

Etanólico

75 μg.mL-1 100 μg.mL-1 125 μg.mL-1 150 μg.mL-1 175 μg.mL-1

39,81 ± 0,53c 54,46 ± 3,60

c 69,84 ± 1,89

b 77,86 ± 4,60

a 83,34 ± 6,20

a 102,54 ± 2,78

B

Extrato

Acetônico

50 μg.mL-1 75 μg.mL-1 100 μg.mL-1 125 μg.mL-1 150 μg.mL-1

43,85 ± 0,74e 71,99 ± 1,49

d 81,34 ± 1,78

c 86,25 ± 1,44

b 92,57 ± 0,99

a 43,54 ± 2,02

C

Ácido

Gálico

0,125 μg.mL-1

0,25 μg.mL-1

0,50 μg.mL-1

1,0 μg.mL-1

2,5 μg.mL-1

4,83 ± 1,25c 9,27 ± 0,23

c 15,76 ± 1,07

bc 23,68 ± 1,02

b 74,43± 10,18

a 1,74 ± 0,21

D

Catequina 2,5 μg.mL-1

5,0 μg.mL-1

10,0 μg.mL-1

20 μg.mL-1

40 μg.mL-1

9,37 ± 0,25D

19,54 ± 3,20d 32,15 ± 0,77

c 59,88 ± 5,41

b 88,52 ± 0,97

a 91,77± 0,22

a

*Médias na mesma linha seguidas de letras minúsculas diferentes diferem estatisticamente entre si (p < 0,05);

Médias na mesma coluna seguidas de letras maiúsculas diferentes diferem estatisticamente entre si (p < 0,05).

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De acordo com a Tabela 8, observa-se que os extratos orgânicos de jamelão

apresentaram atividade antioxidante pela redução do radical DPPH• que variaram de 24,58%

± 2,78 (extrato aquoso na concentração de 50 μg.mL-1

) a 92,57% ± 0,99 (extrato acetônico na

concentração de 150 μg.mL-1

). E que na concentração de 100 μg.mL-1

os extratos aquosos,

etanólico e acetônico apresentaram porcentuais de sequestro de 36,24 ± 1,45; 54,46 ± 3,60; e

81, 34 ± 1,78, respectivamente. Segundo a classificação estabelecida por Melo et al. (2008),

que estabelece como forte capacidade de sequestro os extratos de frutos que apresentam

porcentual de proteção acima de 70%, moderada, entre 50 e 70%, e fraca, menor que 50%,

pode-se considerar que na concentração de 100 μg.mL-1

, o extrato aquoso apresenta fraca

capacidade quelante do radical DPPH•, o etanólico, moderada e o acetônico, uma forte

capacidade de sequestrar esses radicais livres. Constata-se ainda que os padrões analisados,

ácido gálico e catequina, apresentaram uma forte capacidade sequestrante mesmo em

concentrações bem inferiores, 2,5 μg.mL-1

e 20 μg.mL-1

respectivamente.

Afify et al. (2011) ao estudar a atividade antioxidante de jamelão obtiveram porcentual

de proteção no solvente etanólico de 81,80% ± 1,4 e no extrato aquoso de 30,86% ± 1,6 na

concentração de 100 μg.mL-1

, corroborando com os resultados obtidos nesse estudo. Ali

(2011) ao avaliar a eficiência dos extratos brutos de duas variedades desse fruto, obtiveram

para o extrato etanólico um porcentual de 67,67% para variedade Rajamun e 81,67% para a

variedade Kaatha; em relação ao extrato aquoso, esse autor verificou um porcentual de

32,11% para a variedade Rajamun e 33% de Kaatha, demonstrando que o extrato etanólico

tem um poder sequestrante do radical DPPH• maior que extrato aquoso.

Melo et al. (2008) ao verificar a capacidade antioxidante de frutas detectaram uma

forte capacidade de sequestrar o radical DPPH•

tanto no extrato acetônico como no extrato

aquoso das frutas acerola e caju (superior a 70%). Esses mesmos autores encontram

resultados diferentes destes ao analisar frutos como abacaxi, laranja pêra, mamão formosa,

mamão havaí e melão japonês, pois nesses frutos há uma maior capacidade sequestrante no

extrato aquoso que o extrato acetônico.

Em concordância com o porcentual de proteção, os resultados do EC50 dos extratos

orgânicos de jamelão na Tabela 8, demonstram que o extrato acetônico foi o mais eficiente

para capturar o radical livre DPPH•

(43,54 ± 2,02 μg.mL–1

), seguido pelo extrato etanólico

(102,54 ± 2,78 μg.mL–1

) e aquoso (208,86 ± 6,15 μg.mL–1

). Constata-se ainda que os três

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extratos diferenciaram-se estatisticamente entre si (p < 0,05), assim como diferiram dos

padrões ácido gálico (1,74 ± 0,21 μg.mL–1

) e catequina (9,37 ± 0,25 μg.mL–1

).

Benherlal (2010) ao investigar os compostos fitoquímicos bioativos presentes em

jamelão, obteve EC50 para o extrato metanólico da polpa desse fruto de 172 ± 3,7 μg.mL–1

,

valor superior ao encontrado nesse fruto no extrato etanólico. Roesler et al. (2007) avaliando a

atividade antioxidante dos extratos aquoso e etanólico de frutas do cerrado brasileiro, pelo

ensaio DPPH•, encontraram os seguintes valores de EC50: 387,47 ± 8,70 para o extrato

etanólico e 879,3 ±11,70 para o extrato aquoso da polpa de cagaita; 148,82 ± 0,98 para o

extrato etanólico e 1321,93 ± 20,77 para o extrato aquoso de araticum; 298,75 ± 3,80 para o

extrato etanólico e 534,43 ± 7,32 para o extrato aquoso de polpa + semente de pequi. A partir

desses valores, constata-se que os extratos orgânicos de jamelão possuem atividade

antioxidante superior a esses frutos do cerrado.

Essa capacidade de sequestro dos radicais livres é diferenciada entre frutos e entre

extratos do mesmo fruto devido à diversidade dos compostos bioativos extraídos. Wu et al.

(2004), avaliando a ação antioxidante de frutas disponíveis no mercado dos Estados Unidos,

evidenciaram que a fração hidrofílica, na qual os compostos fenólicos predominavam,

apresentou a maior capacidade de sequestrar radical livre pelo método ORAC (capacidade de

absorção do radical oxigênio) do que a fração lipofílica. Estes autores ressaltaram que os

compostos fenólicos da fração hidrofílica são responsáveis por mais de 90% da capacidade

antioxidante total das frutas estudadas.

Esses dados não conferiram com os obtidos nesse estudo, pois o extrato acetônico bem

como o etanólico foram os que apresentaram menor conteúdo de compostos fenólicos, 116,76

± 15,49 mg.EAG.100–1

g e 87,85 ± 22,61 mg.EAG.100–1

g, respectivamente, no entanto

exibiram uma maior capacidade antioxidante, demonstrando que os compostos fenólicos

extraídos por esses solventes possuem uma atividade antioxidante superior aos compostos

extraídos por água para o fruto jamelão.

As curvas cinéticas de degradação do radical DPPH• a 517 nm (perda da coloração

púrpura do radical) pelos antioxidantes presentes nos extratos aquoso, acetônico e etanólico

estão representadas na Figura 11 (a, b e c, respectivamente). Observou-se que para todos os

extratos a reação dos antioxidantes com o radical ocorreu principalmente nos primeiros cinco

minutos da reação, demonstrando que os antioxidantes presentes no fruto possuem ação

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rápida em combater os radicais livres, o que é uma característica positiva, pois se sabe que os

radicais livres formados no interior do organismo possuem meia vida muito curta.

a)

b)

c)

Figura 11 - Curva cinética do potencial antioxidante do extrato aquoso (a), acetônico (b) e etanólico (c) de

jamelão pelo método de sequestro do radical DPPH•

0,200

0,250

0,300

0,350

0,400

0,450

0,500

0 10 20 30 40

Ab

sorb

ânci

a (n

m)

Tempo (minutos)

BRANCO 50 ug.mL-1 100 ug.mL-1 150 ug.mL-1 200 ug.mL-1 250 ug.mL-1

0,000

0,100

0,200

0,300

0,400

0,500

0 10 20 30 40

Ab

sorb

ânci

a (n

m)

Tempo (minutos)

BRANCO 50 ug.mL-1 75 ug.mL-1 100 ug.mL-1 125 ug.mL-1 150 ug.mL-1

0,020

0,070

0,120

0,170

0,220

0,270

0,320

0,370

0,420

0 10 20 30 40

Ab

sorb

ânci

a (n

m)

Tempo (minutos)

BRANCO

75 ug.mL-1

100 ug.mL-1

125 ug.mL-1

150 ug.mL-1

175 ug.mL-1

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5.4.2 Método de sequestro do radical ABTS•+

O ensaio espectrofotométrico de captura do radical ABTS•+

também é um dos mais

aplicados na avaliação da atividade antioxidante, considerando sua elevada sensibilidade,

praticidade, rapidez e estabilidade (VIEIRA, 2011). Uma vantagem desse método é a forma

de expressão dos resultados, uma vez que são expressos como valor TEAC (capacidade

antioxidante total equivalente ao Trolox), tornando mais fácil a comparação dos resultados

obtidos por diversos alimentos e distintos estudos (ARTS et al., 2004). Vale ressaltar que o

TEAC é definido como a concentração de Trolox que apresenta o mesmo porcentual de

inibição que uma concentração de 1 mmol do composto de referência; assim, quanto maior o

valor TEAC, mais forte é o potencial antioxidante (SOUSA; VIEIRA e LIMA, 2011).

Esses valores dependem do tempo escolhido para efetuar a medida da capacidade

antioxidante para capturar os radicais ABTS•+

. Alguns pesquisadores indicam o tempo de 4

minutos como o mais apropriado (RE et al., 1999), outros sugerem tempo de 6 minutos para

padrões de referência e de 7 minutos para os compostos puros, extratos de plantas ou

alimentos (SELLAPPAN; AKOH e KREWER, 2002). E outros trabalhos utilizam tempos

mais longos de reação (4 a 60 minutos), pois os antioxidantes alimentares normalmente não

reagem tão prontamente com o radical, subestimando sua atividade antioxidante (LIMA,

2008).

Nesta pesquisa, a capacidade de sequestro do radical ABTS•+

dos extratos orgânicos de

jamelão foi mensurada nos tempos de 2 a 30 minutos, e os resultados obtidos estão dispostos

na Tabela 9. Observou-se nesses extratos um aumento dos valores TEAC nos tempos

supracitados, constatando que os compostos antioxidantes presentes nos extratos continuaram

reagindo com o radical ABTS•+

ao longo do tempo da reação.

Tabela 9 - Valor TEAC (Capacidade antioxidante equivalente ao Trolox) pelo método de

sequestro do radical ABTS•+

para os extratos orgânicos de jamelão.

Valor TEAC (μmol Trolox.g-1

)*

Extratos 2 min 5 min 10 min 20 min 30 min

Extrato aquoso

42,86 ± 10,25aB

62,36 ± 5,77aB

65,53 ± 6,72aB

68,45 ± 9,43aB

70,53 ± 11,19aB

Extrato etanólico

40,45 ± 16,73bB

69,20 ± 4,12abB

72,45 ± 4,71abB

77,45 ± 4,48aB

80,45 ± 4,47aB

Extrato acetônico 101,90 ± 6,6bA

126,90 ± 2,83aA

131,90 ± 5,66aA

138,07 ± 6,83aA

140,23 ± 8,01aA

*Médias na mesma linha seguidas de letras minúsculas diferentes diferem estatisticamente entre si (p < 0,05);

médias na mesma coluna seguidas de letras maiúsculas diferentes diferem estatisticamente entre si (p < 0,05).

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Conforme se observa na Tabela 9, os extratos aquoso e etanólico não diferiram

estatisticamente entre si (p > 0,05), apresentando comportamentos semelhantes em todos os

tempos de mensuração da capacidade de captura do radical ABTS•+

. O extrato acetônico, por

sua vez diferiu dos demais extratos, apresentando valores superiores de TEAC, 101,90 ± 6,6

μmol Trolox.g-1

no tempo de 2 minutos e 140,23 ± 8,01 μmol Trolox.g-1

no tempo de 30

minutos de reação.

Kuskoski et al. (2006) ao estudar a atividade antioxidante dos frutos tropicais

silvestres, obtiveram para os extratos hidroetanólico de jamelão, valores correspondentes a

13,3 ± 1,9 μmol Trolox.g-1

no tempo de 30 minutos e 20,1 ± 1,1 μmol Trolox.g-1

no tempo de

60 minutos; e para o extrato hidrometanólico, valores correspondentes a 15,0 ± 3,1 μmol

Trolox.g-1

no tempo de 30 minutos e 21,0 ± 2,4 μmol Trolox.g-1

no tempo de 60 minutos.

Valores esses bem inferiores aos encontrados nesse estudo para todos os extratos orgânicos

analisados.

Rufino et al. (2010) ao estudar os compostos bioativos e capacidade antioxidantes de

frutas tropicais não tradicionais brasileiras encontraram valores de 29,7 ± 0,3 μmol Trolox.g-1

para o extrato acetônico/metanólico de jamelão em 6 minutos de reação, valor inferior ao

encontrado neste estudo para aos extratos aquoso, etanólico e acetônico no tempo de 5

minutos. Esses mesmos autores avaliaram ainda outros frutos como açaí, acerola, jaboticaba e

puçá-preto, obtendo valores TEAC de 15,1 ± 4,1 μmol Trolox.g-1

, 96,6 ± 6.1 μmol Trolox.g-1

,

37,4 ± 1,4 μmol Trolox.g-1

e 125 ± 9,7 μmol Trolox.g-1

, o que demonstra que em 6 minutos de

reação, a acerola e o puçá-preto possuem maior capacidade de sequestrar o radical ABTS•+

que os extratos aquoso e etanólico de jamelão.

Batista (2010) ao averiguar os compostos bioativos e a capacidade antioxidante em

frutas produzidas no submédio do vale do São Francisco, obteve valores TEAC para

cultivares de acerola que variaram de 78,27 a 144,77 μmol Trolox.g-1

e para cultivares de

goiaba que variaram de 8,47 a 15,313 μmol Trolox.g-1

. Valores inferiores aos encontrados

para os extratos de jamelão.

As curvas cinéticas de degradação do radical ABTS•+

a 734 nm (perda da coloração

verde-azulada) pelos antioxidantes presentes nos extratos aquoso, etanólico e acetônico estão

representadas na Figura 12. Observou-se que, assim como aconteceu com o radical DPPH•,

para todos os extratos a reação dos antioxidantes com o radical ocorreu principalmente nos

primeiros cinco minutos da reação, demonstrando que os antioxidantes presentes no fruto

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realmente possuem ação rápida em combater os radicais livres que podem ser formados no

interior do organismo.

Figura 12 - Curva cinética do potencial antioxidante dos extratos orgânicos de jamelão pelo método de

sequestro do radical ABTS•+

Comparando-se as Tabelas 8 e 9, observa-se que os extratos orgânicos avaliados

apresentaram atividade antioxidante pelos dois métodos empregados e que apresentaram

comportamentos semelhantes frente ao radical ABTS•+

e DPPH•, apresentando o extrato

aquoso como o extrato que possui menor capacidade de captura dos radicais livres e o extrato

acetônico como o extrato que possui maior capacidade de sequestro desses radicais.

Alguns estudos também verificaram essas semelhanças. Thaipong et al. (2006), ao

analisarem a atividade antioxidante de extratos metanólicos de goiaba pelos ensaios ABTS•+

e

DPPH•, encontraram correlação positiva significativa (p = 0,85) entre estes dois métodos,

assim como Leong e Shui (2002), que ao correlacionarem a capacidade antioxidante de frutas

comercializadas em Singapura pelos ensaios ABTS•+

e DPPH•, reportaram uma boa

correlação (r = 0.9045) entre a atividade antirradical livre em 11 frutas analisadas. Outros

autores no entanto, não verificaram essas semelhanças. Floegel et al. (2011), ao avaliarem o

potencial antioxidante de 18 frutas, 13 legumes e 19 bebidas consumidas nos Estados Unidos,

constataram que a capacidade antioxidante detectada pelo ABTS•+

foi significativamente

maior para os frutos, legumes e bebidas em comparação com o ensaio DPPH•. Segundo esses

autores, os antioxidantes hifrofílicos e de alta pigmentação foram melhor refletidos pelo

ensaio ABTS•+

, sugerindo que este método pode ser mais útil do que o método de DPPH• para

a detecção da capacidade antioxidante em uma variedade de alimentos.

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

0 10 20 30 40

Ab

sorb

ânci

a (n

m)

Tempo (minutos)

Branco

Trolox

Extrato Acetônico Extrato Etanólico

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5.5 Obtenção e estabilidade dos licores de jamelão

Nesta pesquisa utilizaram-se três processamentos de elaboração dos licores de jamelão

(Figura 13): maceração do fruto sem tratamento térmico e adição de xarope preparado a

quente; maceração do fruto com tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; e

xarope por desidratação osmótica e maceração. Esses processamentos foram selecionados

devido aos seus usos tradicionais na preparação de licores, sendo o menos usual o que utiliza

o tratamento térmico no processo de maceração. No entanto, ele foi selecionado porque o

aquecimento brando feito no início do processo, 70 ºC por 3 minutos, propicia uma maior

extração dos compostos solúveis, sem o comprometimento das propriedades sensoriais do

produto e suas características físico-químicas (GEOCZE, 2007).

Figura 13 - Licores de jamelão obtidos por três processamentos distintos: (a, b, c) processo de maceração do

fruto sem tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; (d, e, f) processo de maceração do fruto

com tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; (g, h, i) xarope elaborado por desidratação

osmótica e maceração do fruto

Estudos já realizados demonstraram que quanto maior o tempo de contato das frutas

com a solução hidroalcoólica, maior o aroma e o sabor frutais no produto. Portanto, o tempo

de maceração (contato do fruto com álcool), dez dias, foi semelhante ao recomendado por

Geocze (2007), nove dias, e maior que o recomendado por Souza e Bragança (2001), três dias.

A escolha do teor alcoólico e do grau Brix deve-se ao fato que, de acordo com Penha et al.

(2002), o teor entre 18 ºGL e 25 ºGL favorece a percepção de aromas frutais e doces,

enquanto o valor de 30 º Brix diminui a pungência, o aroma e o sabor alcoólicos, aumentando

assim a palatabilidade dos licores. O período de maturação dos licores escolhido foi de três

meses, pois de acordo com Souza e Bragança (2001) esse tempo é o tempo mínimo necessário

para que seja incorporado na bebida os aromas, sabores e para que haja uma harmonia na sua

composição.

Conforme descrito nos subitens 5.3 e 5.4 o jamelão in natura apresentou um conteúdo

(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h) (i)

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representativo de compostos bioativos com atividade antioxidante, principalmente

antocianinas monoméricas e compostos fenólicos. É importante destacar que o consumo in

natura de alimentos fontes desses compostos tem sido apontado como fator de proteção

contra diversas doenças. No entanto, esses alimentos podem ser utilizados como matéria-

prima para elaboração de novos produtos e nesse caso, o conteúdo e a capacidade antioxidante

podem ser alterados. Rawson et al. (2011) apontaram diferentes consequências do

processamento sobre as propriedades antioxidantes de alimentos, como: perda de

antioxidantes, melhora da capacidade antioxidante, formação de novos compostos com

atividade antioxidante ou pró-oxidante ou, ainda, nenhuma mudança na concentração de

antioxidantes naturalmente presentes.

Boa parte dos estudos a respeito da perda de antioxidantes em alimentos processados

refere-se a alimentos industrializados. Poucos são os estudos, até o momento, que avaliaram a

estabilidade de compostos antioxidantes em licores frente ao período de maturação e tipo de

processamento utilizado.

5.5.1 Estabilidade dos compostos fenólicos e das antocianinas monoméricas em licores de

jamelão

Os resultados para o conteúdo de fenólicos totais dos licores de jamelão durante o seu

período de maturação estão expressos da Tabela 10.

Tabela 10 - Compostos fenólicos (mg EAG. L-1

) em licores de jamelão durante o período de

maturação.

Compostos fenólicos (mg EAG. L-1

)

Formulação Período de maturação (dias)

0 30 60 90

F1 227,26 ± 0,55b 261,89 ± 0,39

b 361,33 ± 3,77

a 264,11 ± 0,71

b

P1 F2 238,00 ± 0,80b 282,44 ± 0,63

b 408,00 ± 4,87

a 387,44 ± 1,18

a

F3 295,78 ± 2,82b 309,11 ± 0,16

b 559,11 ± 0,47

a 532,45 ± 2,67

a

F4 215,48 ± 0,61a 256,33 ± 0,08

a 379,12 ± 9,27

a 384,68 ± 1,41

a

P2 F5 223,56 ± 1,39b 303,56 ± 0,47

b 507,43 ± 7,15

a 517,44 ± 0,39

a

F6 254,30 ± 0,84c 418,00 ± 3,46

b 655,21 ± 2,44

a 617,43 ± 1,65

a

F7 345,41 ± 0,13b 356,89 ± 0,16

b 508,02 ± 4,40

a 466,33 ± 2,75

a

P3 F8 371,33 ± 0,67b 397,44 ± 0,86

b 559,67 ± 2,28

a 568,00 ± 4,56

a

F9 390,22 ± 2,33b 418,01 ± 2,36

b 626,35 ± 0,24

a 583,03 ± 3,06

a

*Letras minúsculas diferentes na mesma linha diferem estatisticamente entre si (p < 0,05); P1: Processo de maceração do

fruto sem tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; P2: Processo de maceração do fruto com tratamento

térmico e adição de xarope preparado a quente; P3: Xarope elaborado por desidratação osmótica e maceração do fruto.

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Conforme os dados demonstrados na Tabela 10, constatou-se que houve variação no

teor de fenólicos totais entre os diferentes tipos de processamentos utilizados para a

elaboração dos licores de jamelão (P1: 227,26 ± 0,55 a 559,11 ± 0,47 mg EAG.L-1

; P2:

215,48 ± 0,61 a 655,21 ± 2,44 mg EAG.L-1

; P3: 345,41 ± 0,13 a 626,35 ± 0,24 mg EAG.L-1

)

e que as diferentes concentrações do fruto dentro do mesmo processamento também

proporcionaram diferença no conteúdo total de fenólicos. Além disso, percebeu-se que o

período de maturação dos licores elaborados também possuiu uma forte influência sobre o

conteúdo desses compostos bioativos.

Neste trabalho foram utilizados três processamentos para a elaboração dos licores de

jamelão e observou-se que após a elaboração desses produtos até o período de 90 dias de

maturação, o Processamento 3 (P3), que utilizou desidratação osmótica para elaboração do

xarope, se sobressaiu em relação aos demais, no entanto, não foi constatado diferença

significativa (p > 0,05) quando comparado aos outros processamentos. Geoczé (2007) ao

estudar a influência do processamento no teor de compostos bioativos no licor de jabuticaba,

também constatou que o processamento que utilizou desidratação osmótica conseguiu extrair

mais compostos fenólicos. Isso ocorre porque o método de desidratação osmótica promove a

extração de água e de compostos solúveis, aumentando assim a concentração dos compostos

fenólicos no produto final.

Ao analisar as três concentrações do fruto dentro do mesmo processamento de licor,

constatou-se que as formulações que continham maior quantidade de fruto (F3, F6 e F9)

foram as que apresentaram maior conteúdo de compostos fenólicos, assim como as

formulações que continham a menor quantidade de fruto (F1, F4 e F7) foram as que

apresentaram o menor teor de fenólicos totais. Entretanto, vale ressaltar que apesar da

diferença numérica, também não foi verificado diferença significativa (p > 0,05) entre as

formulações dentro do mesmo processamento.

Alamprese, Pompei e Scaramuzzi (2005) ao caracterizar e estudar a atividade

antioxidante de 30 Nocinos, licores italianos a base de nozes verdes, detectaram que duas de

suas amostras caseiras analisadas continham níveis mais baixos de fenóis e que isso foi

devido provavelmente à pequena quantidade de nozes utilizada, demonstrando que a

concentração da matéria-prima influencia na quantidade final de fenólicos.

Observando ainda a Tabela 10, verificou-se que durante o período de maturação,

houve um incremento significativo (p < 0,05) no conteúdo de fenólicos totais para todas as

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70

formulações nos dois primeiros meses, independente do processamento utilizado para

elaboração do licor. Contudo, a partir dos 90 dias percebeu-se um declínio na quantidade

desses compostos bioativos, exceto nas formulações F4, F5 e F8 que obtiveram um leve

aumento no teor de fenólicos nesse período, mesmo assim não diferiram significativamente (p

> 0,05) dos teores obtidos no período de 60 dias.

As formulações F4 e F5 foram provenientes do processamento P2, processamento no

qual os frutos foram submetidos a aquecimento (70 ºC. 3 minutos-1

) e posteriormente a

resfriamento até a temperatura ambiente. De acordo Fellows (2006), o aquecimento brando

seguido de resfriamento (branqueamento) tem como principal objetivo inativar as enzimas

polifenoloxidases, responsáveis por catalisar a oxidação dos compostos fenólicos. Dessa

forma, o tratamento submetido ao jamelão antes da elaboração do licor, embora tenha

proporcionado uma redução inicial no teor de fenólicos (Tempo 0), auxiliou na manutenção

desses compostos durante o período de maturação, minimizando a sua reação de degradação.

Dado similar foi relatado por Torres (2002) que observou que a temperatura e o tempo de

fermentação interferiam, positivamente, no conteúdo final de compostos fenólicos totais

presentes em vinhos de um mesmo tipo de uva.

Daniel (2009) ao avaliar o período de maturação do licor de amora também detectou

alterações no conteúdo de fenólicos, que diminuíram do primeiro ao segundo mês de 1422,32

± 14,4 a 1315,21 ± 14,3 mg EAG.L-1

de licor, entretanto no terceiro e quarto mês houve um

incremento significativo de 1518,91 ± 25,7 a 1733,26 ± 27,4 mg EAG.L-1

de licor,

respectivamente. Esse autor relata que o aumento do conteúdo de fenólicos deveu-se

possivelmente ao período de maturação em que há liberação de outros fenólicos que se

encontram complexados com outros constituintes do fruto.

Resultados divergentes aos desta pesquisa em relação à variação dos compostos

fenólicos no período de maturação foram obtidos por Alamprese, Pompei e Scaramuzzi

(2005), os quais observaram que de modo geral os fenólicos totais das amostras de nocino

envelhecidas permaneceram estáveis com o período de armazenamento.

Mesmo havendo uma pequena redução no teor de fenólicos após o término da

maturação, as formulações dos licores de jamelão apresentaram conteúdos que variaram de

264,11 ± 0,71 mg EAG.L-1

a 617,43 ± 1,65 mg EAG.L-1

, valores próximos aos reportados por

Daniel (2009), 477,12 ± 5,52 mg EAG.L-1

a 884,98 ± 16,11 mg EAG.L-1

para os licores de

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71

amora, e inferiores aos obtidos por Geoczé, 0,52 g EAG.L-1

a 1,20 g EAG.L-1

para licores de

jabuticaba.

Destaca-se ainda que todas as formulações, com exceção da formulação F1, tiveram o

seu teor de fenólicos totais superior ao do vinho branco (0,350 g EAG.L-1

) quando analisados

por Ishimoto et al. (2006) e bem inferiores aos vinhos tintos analisados por Granato,

Katayama e Castro (2010), que obtiveram valores entre 1041,63 e a 1958,78 mg EAG.L-1

.

Mesmo assim os dados obtidos permitem afirmar que o licor de jamelão pode proporcionar

um aporte importante de fenólicos quando comparados a outras bebidas.

Da mesma forma que os compostos fenólicos, o conteúdo de antocianinas

monoméricas presentes no licor de jamelão variou em função dos diferentes tipos de

processamentos utilizados para a elaboração dos licores, das diferentes concentrações do fruto

dentro do mesmo processamento e durante o período de maturação desses produtos, conforme

observado na Tabela 11.

Tabela 11 - Antocianinas monoméricas (mg cianidina-3-glicosídeo.L-1

) em licores de jamelão

durante o período de maturação.

Antocianinas monoméricas (mg cianidina-3-glicosídeo.L-1

)

Formulação

Período de maturação (dias)

0 30 60 90

F1 66,80 ± 2,87a 62,59 ± 2,74

a 61,16 ± 6,91

a 37,70 ±3,05

b

P1B F2 85,33 ± 5,14

a 77,92 ±1,31

a 63,68 ± 1,91

b 39,84 ±1,55

c

F3 92,08 ± 6,91a 87,53 ± 1,79

a 73,54 ± 5,60

b 44,81 ± 2,62

c

F4 94,18 ± 8,46a 75,06 ± 2,26

b 71,27 ± 0,48

b 39,93 ±1,19

c

P2A F5 105,05 ± 2,72

a 83,82 ± 2,50

b 75,56 ± 1,55

c 46,75 ± 1,07

d

F6 106,11 ± 0,68a 88,96 ± 0,48

b 77,84 ± 1,67

c 55,60 ± 2,14

d

F7 67,90 ± 3,95a 54,67 ± 0,83

ab 48,02 ± 1,91

b 27,63 ± 3,81

c

P3C F8 71,27 ± 1,03

a 55,01 ± 3,69

b 51,22 ± 0,24

c 35,38 ±0,24

d

F9 71,66 ± 1,18a 53,66 ± 0,36

b 55,26 ± 2,86

b 42,62 ± 0,48

c

*Letras minúsculas diferentes na mesma linha diferem estatisticamente entre si (p < 0,05); Letras maiúsculas

diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente entre si (p < 0,05); P1: Processo de maceração do fruto sem

tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; P2: Processo de maceração do fruto com tratamento

térmico e adição de xarope preparado a quente; P3: Xarope elaborado por desidratação osmótica e maceração do

fruto.

Os dados apresentados na Tabela 11 demonstram que o conteúdo de antocianinas

presentes nos 3 processamentos empregados na elaboração dos licores de jamelão diferiram

estatisticamente entre si (p < 0,05), e que o processamento P2 (aquecimento dos frutos a 70

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ºC. 3 minutos-1

, seguido de resfriamento até a temperatura ambiente) foi o processamento que

mais conseguiu extrair esses pigmentos antociânicos (94,18 ± 8,46 a 106,15 ± 2,72 mg

cianidina-3-glicosídeo.L-1

), seguido pelos processamentos P1 (66,80 ± 2,87 a 92,08 ± 6,91 mg

cianidina-3-glicosídeo.L-1

) e P3 (67,90 ± 3,95 a 71,66 ± 1,18 mg cianidina-3-glicosídeo.L-1

).

Esses resultados divergiram dos encontrados por Geoczé (2007) ao analisar o teor de

antocianinas monoméricas em licores de jabuticaba, que verificou que os licores que foram

submetidos ao tratamento térmico (60 ºC.10 minutos-1

) foram os que apresentaram menor

conteúdo desses compostos bioativos. Maeda et al. (2007), cita que as antocianinas são

compostos termossensíveis e são rapidamente degradadas quando submetidas ao aquecimento

prolongado durante o processamento e/ou armazenamento. Já Malacrida e Motta (2006) e

Alves e Mendonça, 2011 relatam que processos que utilizam baixo tempo em alta temperatura

estão sendo recomendados, uma vez que conseguem reter com maior facilidade esses

pigmentos. Esses autores discutem que o processo de aquecimento favorece a retirada de

oxigênio (desaeração) que é um dos principais reponsáveis pela degradação de corantes e

vitaminas das frutas. Dessa forma, o tempo e temperatura empregados na elaboração das

formulações F4, F5 e F6 foram ideais, pois favoreceu a retenção dos pigmentos antociânicos.

Ao se avaliar as três concentrações do fruto dentro do mesmo processamento de licor,

constatou-se que as formulações que continham maior quantidade de fruto (F3, F6 e F9)

foram as que apresentaram maior conteúdo de antocianinas monoméricas, assim como as

formulações que continham a menor quantidade de fruto (F1, F4 e F7) foram as que

apresentaram o menor teor desses compostos. Todavia, não se verificou diferença

significativa (p > 0,05) entre as formulações dentro do mesmo processamento, assim como

ocorreu com o teor de fenólicos totais.

Analisando o período de maturação, verificou-se que as antocianinas diminuíram de

forma significativa (p < 0,05) após os 90 dias para todas as formulações independente do

processamento utilizado para elaboração dos licores. A taxa de degradação desses compostos

variou de 40,69% (Formulação F7) a 59,53% (Formulação F9). Daniel (2009) ao estudar as

alterações dos pigmentos antociânicos em licores de amora durante o período de maturação,

também observou que o conteúdo de antocianinas monoméricas diminuiu de maneira

significativa de 20,55 ± 0,35 a 14, 03 ± 0,14 mg cianidina-3-glicosídeo.L-1

, o que representou

uma degradação de 68,27%, degradação maior que a obtida nesse estudo.

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Mesmo com a redução significativa das antocianinas monoméricas após o período de

maturação, constata-se que os licores de jamelão apresentaram teores que variaram de 27,63 ±

3,81 a 55,60 ± 2,14 mg cianidina-3-glicosídeo.L-1

, valores superiores aos obtidos por Geoczé

(2007), 9,70 a 10, 72 mg cianidina-3-glicosídeo.L-1

para os licores de jabuticaba, e

semelhantes aos obtidos por Granato, Katayama e Castro (2010) para vinhos tintos das

variedades Pinot Noir (40,24 mg cianidina-3-glicosídeo.L-1

), Syrah (42,92 mg cianidina-3-

glicosídeo.L-1

), Cabernet Sauvignon (9, 35 a 45,75 mg cianidina-3-glicosídeo.L-1

) e Merlot

(36,32 mg cianidina-3-glicosídeo.L-1

). Esses resultados demonstram que os licores de jamelão

se constituem em uma excelente fonte de antocianinas monoméricas, com valores próximos

aos do vinho tinto.

5.5.2 Estabilidade da atividade antioxidante in vitro em licores de jamelão

A estabilidade da atividade antioxidante in vitro dos licores de jamelão durante o

período de maturação foram avaliadas pelo método de sequestro dos radicais DPPH• e

ABTS•+

após 10 e 30 minutos do início da reação da amostra com esses radicais.

Na Tabela 12, estão expressos os resultados provenientes da atividade antioxidante

pelo método de captura do radical DPPH•. Observa-se nesta tabela que todos os licores

demonstraram comportamento semelhante na atividade antioxidante por esse método,

apresentando uma redução significativa (p < 0,05) no decorrer dos 90 dias de maturação.

Dados semelhantes foram obtidos por Daniel (2009) ao verificar a atividade antioxidante de

licores de amora pelo método de sequestro do radical DPPH•. Este autor percebeu que nos três

primeiros meses de maturação a capacidade antioxidante das amostras de licores também

diminuiu, passando de 94,19 ± 3,43 mmol Trolox.mL-1

para 50,00 ± 0,20 mmol Trolox.mL-1

.

Em relação às outras variáveis (diferentes processamentos empregados na elaboração

dos licores e diferentes concentrações do fruto dentro do mesmo processamento) a análise

estatística dos dados não encontrou variação significativa (p > 0,05). Mesmo assim observa-se

que os licores provenientes do processamento P3 que utilizou o processo de desidratação

osmótica para elaboração do xarope foi o que apresentou maior atividade antioxidante após os

90 dias de maturação (F7: 74,99 ± 1,12 mmol Trolox.100 mL-1

; F8: 70,88 ± 2,23 mmol

Trolox.100 mL-1

; F9: 65,94 ± 0,55 mmol Trolox.100 mL-1

), seguido pelos processamentos P1

(F1: 71,72 ± 1,70 mmol Trolox.100 mL-1

; F2: 62,55 ± 2,09 mmol Trolox.100

mL-1

; F3: 58,92 ±0,47 mmol Trolox.100 mL-1

) e P2 (F4: 62,55 ± 1,34 mmol Trolox.100 mL-

1; F5: 59,63 ± 1,12 mmol Trolox.100 mL

-1; F6: 55,88 ± 2,01 mmol Trolox.100 mL

-1).

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Tabela 12 - Atividade antioxidante pelo método de sequestro do radical DPPH• (mmol.100 mL

-1) em licores de jamelão durante o período de

maturação.

Formulação Período de maturação (dias)

0 30 60 90

TEAC (mmol.100 mL-1

)a – 10 minutos

F1 141,41 ± 0,71a 119,27 ± 1,29b 104,95 ± 1,09c 70,71 ± 0,36d

P1 F2 123,43 ± 1,97a 106,77 ± 2,23b 84,60 ± 3,12c 61,72 ± 0,98d

F3 116,89 ± 0,55a 96,41 ± 1,29b 78,40 ± 2,43c 58,44 ± 0,27d

F4 115,58 ± 7,55a 99,86 ± 0,55b 65,55 ± 4,23c 57,79 ± 3,77c

P2 F5 112,01 ± 2,30a 97,48 ± 0,62b 65,19 ± 4,88c 56,00 ± 1,15d

F6 107,13 ± 1,29a 92,84 ± 3,05b 60,55 ± 3,65c 53,56 ± 0,64d

F7 145,82 ± 0,55a 122,60 ± 1,09b 109,48 ± 0,21c 72,91 ± 0,27d

P3 F8 137,36 ± 2,09a 118,55 ± 1,89b 97,81 ± 3,60c 68,68 ± 1,05d

F9 130,70 ± 1,24a 112,96 ± 2,06b 89,71 ± 3,41c 65,35 ± 0,62d

TEAC (mmol.100 mL-1

)b

– 30 minutos

F1 143,43 ± 3,39a 121,41 ± 0,71b 107,10 ± 1,49c 71,72 ± 1,70d

P1 F2 125,10 ± 4,17a 108,55 ± 1,29b 87,21 ± 3,62c 62,55 ± 2,09d

F3 117,84 ± 0,94a 102,24 ± 1,76b 83,40 ± 1,83c 58,92 ± 0,47d

F4 125,10 ± 2,68a 102,84 ± 1,29b 75,55 ± 6,72c 62,55 ± 1,34d

P2 F5 119,27 ± 2,23a 99,51 ± 1,76b 67,21 ± 0,36c 59,63 ± 1,12d

F6 111,77 ± 4,02a 95,70 ± 2,50b 69,24 ± 3,12c 55,88 ± 2,01d

F7 149,98 ± 2,23a 123,08 ± 0,55b 114,60 ± 4,54c 74,99 ± 1,12d

P3 F8 141,77 ± 4,46a 118,67 ± 1,44b 108,76 ± 0,74c 70,88 ± 2,23d

F9 131,89 ±1,09a 114,39 ± 1,76b 101,02 ± 1,44c 65,94 ± 0,55d

*TEACa: atividade antioxidante equivalente ao Trolox (mmol TE.100 mL

-1 de licor) em 10 minutos. TEAC

b: atividade antioxidante equivalente ao Trolox (mmol

TE.100 mL-1

de licor) em 30 minutos. *Letras minúsculas diferentes na mesma linha diferem estatisticamente entre si (p < 0,05; P1: Processo de maceração do fruto sem

tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; P2: Processo de maceração do fruto com tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; P3: Xarope

elaborado por desidratação osmótica e maceração do fruto.

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Geoczé (2007) também verificou que o processo que utilizou a desidratação osmótica

foi o que apresentou a maior atividade antioxidante, o que demonstra que este processamento

é apropriado para extração dos compostos bioativos com atividade antioxidante.

Analisando ainda a Tabela 12, observa-se a redução dos radicais livres ocorreu

principalmente nos primeiros 10 minutos da reação, demonstrando que os antioxidantes

presentes nos licores de jamelão possuem ação rápida frente ao radical DPPH•. Após os 30

minutos de reação, houve ainda um leve incremento nessa atividade, porém não significativo

(p > 0,05). Portanto, sugere-se que estudos que visem avaliação da atividade antioxidante em

bebidas alcoólicas utilizem tempos mais curtos (10 minutos).

Os coeficientes de correlação entre as concentrações médias de fenólicos totais,

antocianinas monoméricas e a atividade antioxidante pelo método de captura do radical

DPPH•, 10 e 30 minutos após a reação, estão indicados na Tabela 13.

Tabela 13 – Coeficientes de correlação entre as concentrações de compostos fenólicos,

antocianinas monoméricas e a atividade antioxidante dos licores de jamelão pelo método de

sequestro do DPPH• nos tempos de 10 e 30 minutos.

Coeficiente de correlação de Pearson (r)

DPPH – 10 minutos DPPH – 30 minutos

Compostos fenólicos -0,5929

p < 0,01

-0,571

P < 0,01

Antocianinas monoméricas 0,4218

p < 0,01

0,4545

p < 0,01

Como pode ser observado, há uma correlação negativa moderada (r = - 0,5929 e r = -

0,571) entre compostos fenólicos e a atividade antioxidante para o método DPPH• nos dois

tempos de análise. Vários autores (KATALINIC et al., 2004; GOMES, 2006) encontraram

coeficientes de correlação positivos entre o conteúdo de fenólicos totais e atividade

antioxidante em vinhos. Entretanto, Melo et al. (2006) relatam que a capacidade antioxidante

de um determinado alimento não pode ser explicada apenas pelo seu teor de compostos

fenólicos, mas também pela sua natureza química, pois a posição e o número de hidroxilas

presentes na molécula dos fenóis é um fator relevante para essa atividade.

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A correlação existente entre o teor de antocianinas monoméricas e a atividade

antioxidante pelo método DPPH• nos dois tempos de análise foi uma correlação positiva

moderada (r = 0,4218 e r = 0,4545). Daniel (2009) encontrou uma forte correlação positiva (r

= 0,97) entre a atividade antioxidante pelo método DPPH• e o conteúdo de antocianinas

monoméricas em licores de amora, sugerindo que as antocianinas monoméricas são

fundamentais na capacidade antioxidante desses licores. Resultado semelhante foi encontrado

por Katalinic et al. (2004) que obtiveram correlações positivas entre o conteúdo de

antocianinas e porcentagem de inibição de radicais em vinhos tintos, aplicando o método

DPPH•. No entanto, Gomes (2006) não encontrou correlação significativa entre o teor de

antocianinas e a atividade antioxidante ao estudar vinhos tintos.

A capacidade antioxidante dos licores de jamelão pelo método de sequestro do radical

ABTS•+

(Tabela 14), assim como pelo método de sequestro do radical DPPH•, também

diminuiu com o período de maturação. Observa-se na Tabela 14 que a redução da atividade

antioxidante das formulações desses licores pelo método de captura do radical ABTS•+

, nos

primeiros 10 minutos só foi significativa (p < 0,05) com 90 dias de maturação, exceto para as

formulações F3, F4, F5 e F9. As formulações F3 e F5, embora como uma discreta redução na

capacidade antioxidante, mantiveram-se estáveis durante o período de maturação. As

formulações F4 e F9 diminuíram o seu poder antioxidante de forma significativa (p < 0,05)

com 60 e 30 dias, respectivamente.

Após 30 minutos de reação entre as amostras de licores e os radicais ABTS•+

, o

comportamento dessa diminuição da atividade antioxidante durante o período de maturação

foi diferenciado, pois se constatou redução significativa (p < 0,05) com 30 dias de maturação

para as formulações F6, F8 e F9 e com 60 dias para as formulações F1, F2 e F3. As demais

formulações (F4 e F5) mantiveram-se estáveis.

Observou-se na Tabela 14 que com 30 minutos de reação entre os licores de jamelão e

os radicais ABTS•+

os valores TEAC obtiveram um aumento significativo (p < 0,05),

constatando-se que os compostos antioxidantes presentes nos licores continuaram reagindo

com o radical ABTS•+

ao longo do tempo da reação. Segundo Berg et al. (2000), isto ocorre

porque alguns compostos fenólicos precisam de um tempo maior para reagir, dependendo da

quantidade e posição de grupos hidroxilas presentes no anel aromático.

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Tabela 14 - Atividade antioxidante pelo método de sequestro do radical ABTS•+

(μmol.100 mL-1

) em licores de jamelão durante o período de

maturação.

Formulação Período de maturação (dias)

0 30 60 90

TEAC (μmol.100 mL-1

)a – 10 minutos

F1 2262,08 ± 328,30a 2215,5 ± 211,86

a 1949,67 ± 168,26

ab 1628,56 ± 90,51

b

P1 F2 3010,00 ± 370,90a 2656,53 ± 273,90

ab 2498,56 ± 383,80

ab 1908,56 ± 301,21

b

F3 3146,11 ± 395,31a 3123,19 ± 226,28

a 2903,00 ± 519,66

a 2533,00 ± 264,91

a

F4 2867,64 ± 187,89a 2665,22 ± 421,76

ab 2118,33 ± 180,85

b 2090,78 ± 73,74

b

P2 F5 3300,97 ± 125,37a 2576,33 ± 491,66

a 2568,33 ± 622,05

a 2455,22 ± 226,90

a

F6 3673,89 ± 445,45a 3637,08 ± 101,04

a 3214,11 ± 297,42

ab 2746,33 ± 35,28

b

F7 2840,56 ± 284,35a 2348,19 ± 253,08

ab 2151,89 ± 414,53

ab 1664,11 ± 165,51

b

P3 F8 3298,89 ± 463,26a 2775,97 ± 175,07

ab 2560,78 ± 512,44

ab 2135,22 ± 74,34

b

F9 3710,00 ± 22,05a 2850,97 ± 328,12

b 2414,11 ± 450,20

b 2270,78 ± 156,39

b

TEAC (μmol.100 mL-1

)b

– 30 minutos

F1 3071,11 ± 111,91a 2859,31 ± 335,44

ab 2423,00 ± 187,02

bc 2101,89 ± 96,69

c

P1 F2 3912,78 ± 161,23a 3206,53 ± 325,89

ab 2965,22 ± 349,62

bc 2553,00 ± 67,66

c

F3 4104,44 ± 168,39a 3625,97 ± 197,61

ab 3225,22 ± 284,44

bc 2955,22 ± 225,62

c

F4 3412,08 ± 188,75a 3138,56 ± 430,62

a 3040,56 ± 649,00

a 2515,22 ± 60,49

a

P2 F5 3800,97 ± 89,88a 3362,78 ± 573,75

a 3038,56 ± 437,28

a 2864,11 ± 187,89

a

F6 4268,33 ± 44,10a 3981,53 ± 24,06

b 3445,22 ± 107,77

c 3104,11 ± 21,43

d

F7 3415,56 ± 274,03a 2862,08 ± 306,30

ab 2676,33 ± 567,22

ab 2026,33 ± 184,87

b

P3 F8 4276,67 ± 30,05a 3275,97 ± 184,34

b 2974,11 ± 477,97

bc 2404,11 ± 322,24

c

F9 4218,33 ± 8,33a 3303,75 ± 310,58

b 3118,56 ± 340,22

bc 2679,67 ± 110,15

c

*TEACa: atividade antioxidante equivalente ao Trolox (mmol TE.100 mL

-1 de licor) em 10 minutos. TEAC

b: atividade antioxidante equivalente ao Trolox (mmol

TE.100 mL-1

de licor) em 30 minutos. *Letras minúsculas diferentes na mesma linha diferem estatisticamente entre si (p < 0,05; P1: Processo de maceração do fruto sem

tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; P2: Processo de maceração do fruto com tratamento térmico e adição de xarope preparado a quente; P3: Xarope

elaborado por desidratação osmótica e maceração do fruto.

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A análise estatística dos dados apresentados na Tabela 14 demonstrou que não houve

diferença significativa (p > 0,05) na atividade antioxidante pelo método ABTS entre os três

tipos de processamentos empregados na elaboração dos licores. Todavia, percebe-se que

após o período de 90 dias de maturação o processamento P2, que empregou aquecimento ao

fruto (70 ºC. 3 minutos-1

), foi o que apresentou maior atividade antioxidante (F4: 2515,22

± 60,49 μmol Trolox.100 mL-1

; F5: 2864,11 ± 187,89 μmol Trolox.100 mL-1

; F6: 3104,11

± 21,43 μmol Trolox.100 mL-1

), seguido pelos processamentos P1 (F1: 2101,89 ± 96,69 μmol

Trolox.100 mL-1

; F2: 2553,00 ± 67,66 μmol Trolox.100 mL-1

; F3: 2955,22 ± 225,62 μmol

Trolox.100 mL-1

) e P2 (F7: 2026,33 ± 184,87 μmol Trolox.100 mL-1

; F8: 2404,11 ± 322,24

μmol Trolox.100 mL-1

; F9: 2679,67 ± 110,15 μmol Trolox.100 mL-1

). Esse resultado condiz

com o comportamento apresentado pelos compostos bioativos presentes nos licores

submetidos a esse processamento, uma vez que ele auxiliou na manutenção dos compostos

fenólicos e conseguiu reter os pigmentos antociânicos.

Esses resultados divergiram dos encontrados por Geoczé (2007) que ao analisar

atividade antioxidante de licores de jabuticaba elaborados por três tipos de processamentos,

obteve maior valor TEAC pelo método de captura do radical ABTS•+

para os licores

provenientes do processamento que utilizou desidratação osmótica (361 μmol Trolox.100 mL-

1), seguido pelos licores que utilizaram aquecimento prévio aos frutos (312 μmol Trolox.100

mL-1

) e pelos os sem aquecimento dos frutos (248 μmol Trolox.100 mL-1

), valores inferiores

aos encontrados nesta pesquisa para todas as formulações. Valores superiores aos obtidos

neste estudo foram reportados por Villaño et al. (2004) que encontraram valor TEAC de 670

μmol Trolox.100 mL-1

para vinhos brancos e de 693 μmol Trolox.100 mL-1

para vinhos tintos.

Ao se verificar as três concentrações do fruto dentro do mesmo processamento de

licor, constatou-se que as formulações que continham maior quantidade de fruto (F3, F6 e F9)

foram as que apresentaram maior atividade antioxidante frente ao radical ABTS•+

, assim

como as formulações que continham a menor quantidade de fruto (F1, F4 e F7) foram as que

apresentaram o menor poder antioxidante. A análise estatística dos dados detectou diferença

significativa (p < 0,05) entre as formulações dentro do mesmo processamento, dessa forma

quanto mais fruto utilizado na elaboração dos licores maior a atividade antioxidante.

Os coeficientes de correlação entre as concentrações médias de fenólicos totais,

antocianinas monoméricas e a atividade antioxidante pelo método de captura do radical

ABTS•+

, 10 e 30 minutos após a reação, estão expressos na Tabela 15.

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Tabela 15 – Coeficientes de correlação entre as concentrações de compostos fenólicos,

antocianinas monoméricas e a atividade antioxidante dos licores de jamelão pelo método de

sequestro do ABTS•+

nos tempos de 10 e 30 minutos.

Coeficiente de correlação de Pearson (r)

ABTS – 10 minutos ABTS – 30 minutos

Compostos fenólicos -0,0682

p > 0,05

-0,2436

P < 0,01

Antocianinas monoméricas 0,5997

p < 0,01

0,7059

p < 0,01

Como pode ser observado, há uma correlação negativa muito fraca (r = -0,0682 e r = -

0,2436) entre os compostos fenólicos e a atividade antioxidante pelo método de sequestro do

radical ABTS•+

nos dois tempos de análise, assim como ocorreu quando se verificou a

correlação entre os fenólicos totais a atividade antioxidante pelo método DPPH•, o que é

sugestivo de que os compostos fenólicos presentes nos licores de jamelão possuem baixa

atividade antioxidante.

A capacidade antioxidante pelo método de captura do radical ABTS•+

expressa pelos

licores de jamelão pode ser proveniente das antocianinas monoméricas, pois estas

apresentaram uma correlação positiva que variou de moderada (r = 0,5997) a forte (r =

0,7059) nos tempos de 10 e 30 minutos da reação, respectivamente. Isso sugere que as

antocianinas são importantes na atividade antioxidantes dos licores, dessa forma a

manutenção desses compostos é imprescindível tanto durante o processamento como durante

o período de maturação dos licores.

5.6 Análise sensorial dos licores de jamelão

Os resultados obtidos nos testes de aceitação, intenção de compra e ordenação de

preferência nas três sessões iniciais da avaliação sensorial para escolha das amostras

preferidas foram submetidos à análise multivariada e ao teste estatístico Lambda Wilks para

verificar se os licores diferiram significativamente ao se correlacionarem todas as variáveis. E

foi detectado que existiram diferenças significativas (p < 0,05) em todos os licores quando se

correlacionaram todas as variáveis. Posteriormente, os dados foram submetidos ao teste de

Between-subjts Effets para identificar quais variáveis eram significativas em relação a

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comparação desses licores e observou-se que na primeira sessão, onde foram avaliadas as

formulações F1, F4 e F7 (formulações com 0,775 Kg de fruto. L-1

de álcool de cereais), as

variáveis significativas para diferenciar as amostras foram aceitação global, intenção de

compra, sabor e a amostra preferida; na segunda sessão, em que as formulações analisadas

foram F2, F5 e F8 (formulações com 1 Kg de fruto. L-1

de álcool de cereais), as variáveis para

diferenciar essas amostras foram sabor, intenção de compra e a amostra preferida; e na

terceira sessão, as variáveis significativas para diferenciar as formulações F3, F6 e F9

(formulações com 1,225 Kg de fruto. kg-1

de álcool de cereais) foram aceitação, intenção de

compra e amostra preferida. A essas variáveis foi aplicado o teste de Tukey para identificar

quais variáveis diferiam entre si e escolher o melhor licor de cada sessão. Os resultados

demonstraram que na primeira sessão a melhor formulação foi a F7, na segunda, F8, e na

terceira, F9. Essas formulações também foram submetidas ao teste de aceitação, intenção de

compra e ordenação de preferência. Os resultados obtidos estão dispostos na Tabela 16.

Tabela 16 - Valores médios da aceitação e intenção de compra para licor de jamelão.

Formulação

de licores

Cor Aroma Sabor Consistência Impressão

Global

Intenção

de compra

F7 6,5 ± 1,5a 6,3 ±1,8

a 6,0 ±1,5

a 6,5 ±1,1

a 6,5 ± 1,2

b 3,2 ±1,2

b

F8 6,7 ±1,3a 6,4 ±1,7

a 6,1 ±2,0

a 6,1 ±2,0

a 7,0 ±1,1

ab 4,2 ±1,0

a

F9 6,6 ±1,2a 6,6 ±1,6

a 6,6 ±1,7

a 6,8 ±1,2

a 7,1 ±1,2

a 4,4 ±0,9

a

*Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem estatisticamente entre si (p < 0,05);

Formulações de licores de jamelão elaboradas com: F7: 0,775 Kg. L-1

; F8: 1 Kg. L-1

; F9: 1,225 Kg. L-1

.

Observa-se na Tabela 16, que as formulações F7, F8 e F9 foram semelhantes

estatisticamente (p > 0,05) quando avaliados os atributos cor, aroma, sabor e consistência. No

entanto, ao se avaliar a impressão global percebeu-se que a formulação F7 foi semelhante

estatisticamente (p > 0,05) a formulação F8 e diferente estatisticamente (p < 0,05) da

formulação F9. Quando analisado a intenção de compra, a formulação F7 obteve a menor

média e diferiu estatisticamente das formulações F8 e F9, ambas semelhantes

estatisticamente. Estas duas formulações também foram estatisticamente semelhantes quando

avaliado a preferência, sendo, portanto consideradas as melhores formulações pelos

provadores.

No estudo de Alves e Mendonça (2011), foram submetidas à avaliação sensorial oito

formulações de licor típico amazônico a base de açaí quanto aos atributos aroma, consistência,

sabor e impressão global. As três amostras preferidas apresentaram notas entre 6,24 e 7,24,

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equivalentes a “gostei ligeiramente” e “gostei regularmente”, notas semelhantes às obtidas

nesse estudo para as três formulações preferidas (6,0 a 7,1). Já Geocze (2007) ao submeter

amostras de licor de jabuticaba à avaliação sensorial também obteve resultados semelhantes

aos desta pesquisa, obtendo notas em torno de 7,0 (“gostei regularmente”), para os cinco

atributos avaliados (cor, sabor, aroma, consistência e impressão global).

Os resultados encontrados nesse estudo, mostram que o desenvolvimento do licor de

jamelão é bastante favorável, pois mesmo o jamelão não sendo consumido em larga escala na

região de estudo, o licor a base desse fruto foi aceito pelos provadores, pois o índice de

aceitabilidade foi igual ou superior a 70% para todos os atributos analisados conforme

estabelece Dutcosky (2011).

Dias et al. (2011) ao caracterizar sensorialmente o licor de corte de maracujá amarelo

quanto aos atributos sabor, aparência, consistência, cor, aroma e teor alcoólico, observaram

que o mesmo apresentou média menor para o teor alcoólico e sabor, 6,4 e 6,6

respectivamente, correspondente a “gostei ligeiramente”. Teixeira et al. (2005), ao realizar

testes sensoriais com amostras de licor a base de banana submetidas a seis tipos de tratamento

com diferentes proporções de banana, solução extratora e tempo de extração, também

obtiveram resultados semelhantes, 6,7 para sabor alcoólico e 7,2 para impressão global, notas

equivalentes a “gostei ligeiramente” e “gostei regularmente”, respectivamente.

Observa-se ainda na Tabela 16 que há uma forte tendência de intenção de compra das

formulações F8 e F9 por parte dos provadores, 4,2 ± 1,0 e 4,4 ± 0,9 respectivamente, que

corresponde a provavelmente compraria. Dias et al. (2011) também obtiveram uma boa

intenção de compra para o licor de corte de maracujá amarelo, visto que 84% dos provadores

responderam que comprariam o produto. Alves e Mendonça (2011) obtiveram 78,6% de

intenção de compra para licor típico amazônico a base de açaí, sendo que apenas 19,4%

ficaram indecisos e 1,9% não comprariam o produto. Esses valores porcentuais foram

inferiores ao encontrado nesta pesquisa para formulação F8 e F9, pois conforme observado na

Figura 14, a intenção de compra dessas formulações foram acima de 80%, sendo que

aproximadamente 5% não comprariam e 12% a 16% teriam dúvidas em relação a compra do

licor de jamelão.

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Figura 14 - Intenção de compra dos licores de jamelão

As três formulações consideradas as preferidas pelos provadores (F7, F8 e F9) foram

provenientes do mesmo processamento (maceração do fruto e elaboração do xarope por

desidratação osmótica), um processo que preserva os princípios ativos do fruto, além de

deixar o licor com um sabor mais adocicado, o que favoreceu a sua aceitação. Além disso,

essas formulações apresentaram um conteúdo relevante de compostos bioativos e atividade

antioxidante conforme demonstrados nas Tabelas 10, 11, 12 e 14.

5.6.1 Desenvolvimento da terminologia descritiva

Responderam ao questionário de recrutamento para determinação do perfil sensorial

das duas formulações de licores consideradas preferidas 17 pessoas, sendo 10 mulheres e 7

homens. A faixa etária predominante foi entre 25-35 anos (82,35%), seguida pelas pessoas

com menos de 25 anos (17,65%). A frequência de consumo de licores entre os candidatos

pode ser definida como ocasional (52,94%) a moderada (29,41%). Aqueles que responderam

consumir muito pouco licor representaram 17,65% dos consumidores.

Entre os que foram recrutados (n = 17), 11 foram escolhidos (baseando-se

principalmente na frequência de consumo de licor e disponibilidade de tempo) para participar

dos testes de pré-seleção. No teste de memória sensorial, 10 dos participantes conseguiram

identificar pelo menos 70% dos aromas apresentados, o participante que não atingiu essa

porcentagem foi dispensado. No teste de reconhecimento de gostos básicos 8 provadores

foram capazes de reconhecer pelo menos uma solução de cada gosto, os outros 2 provadores

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

F7 F8 F9

(%)

Formulações dos licores de jamelão

Não compraria

Teria dúvidas

Compraria

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83

sentiram dificuldade no reconhecimento do sabor umami e salgado, sendo dispensados do

processo.

A capacidade discriminatória dos provadores pré-selecionados (n = 8) foi verificada

utilizando-se o teste triangular, que foram realizados até que os provadores atingissem índice

de acertos significativos de 5%. Todos os provadores atingiram a quantidade de acertos

suficientes, assim foram selecionados para participar do desenvolvimento da terminologia

descritiva.

Para o levantamento da terminologia descritiva foram realizadas 3 sessões, onde

conduziu-se uma discussão com a equipe para agrupar os termos descritivos mais utilizados.

Foram eliminados os termos sinônimos e os que apareciam em baixa frequência, sendo

escolhidos 16 termos. Foi feito um glossário com esses termos para facilitar o consenso entre

os julgadores, que foi utilizado durante as análises. As definições dos termos descritores, bem

como as referências de intensidade que ancoram os extremos das escalas durante o

treinamento dos julgadores, encontram-se na Tabela 17.

Durante a etapa de treinamento, os julgadores que não apresentaram repetibilidade e

discriminação foram submetidos a novos testes. Os que não atingiram valores significativos

foram eliminados. Do total de 8 julgadores selecionados, um foi excluído em função do baixo

poder de discriminação e repetibilidade. Assim, o perfil sensorial dos licores de jamelão foi

descrito por uma equipe final de 7 provadores.

Tabela 17 - Termos descritores, definições e referências levantados pela equipe

DESCRITOR DEFINIÇÃO REFERÊNCIAS

APARÊNCIA

Corpo

Característica de aderência do filme do licor

na parede da taça.

Pouco: água

Muito: Licor fino de café Tia Maria

(26,5 ºGL)

Cor caramelo Intensidade de cor caramelo do licor de

jamelão.

Fraco: 5 mL de licor fino de café

Tia Maria (26,5 ºGL) diluídos em 25

mL de água

Forte: Licor fino de café Tia Maria

(26,5 ºGL)

Limpidez Característica da bebida não desviar o feixe

de luz incidente; estar isenta de partículas em

suspensão.

Pouco: 5 mL de mel orgânico de

abelha diluídos em 15 mL de

conhaque Dreher (38 ºGL)

Muito: Conhaque Dreher (38 ºGL)

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AROMA

Alcoólico Aroma característico de etanol.

Fraco: 10 mL de cachaça 51 (39

ºGL) diluídos em 40 mL de água

Forte: 5 mL de água diluídos em 45

mL de cachaça 51 (39 ºGL)

Mel

Aroma característico de mel diluído em

solução hidroalcoólica.

Fraco: 4,5 mL de mel orgânico de

abelha diluídos em 45,5 mL de

solução água/cachaça 51(39 ºGL)

(9:1)

Forte: 23 mL de mel orgânico de

abelha diluídos em 27 mL de

solução água/cachaça 51(39 ºGL)

(2,5:1)

Frutal Aroma associado à presença do fruto. Fraco: 1,75 g de polpa de jamelão

triturada imerso em solução de

cachaça 51 (39 ºGL)/água (3:1)

Forte: 8 g de polpa de jamelão

triturada

Pungente Percepção de ardência nas mucosas nasais.

Fraco: 33,5 mL de vodka Orloff (38

ºGL) diluídos em 16,5 mL de água

Forte: 33,5 mL de cachaça 51 (39

ºGL) diluídos em 16,5 mL de água

SENSAÇÕES BUCAIS

Viscosidade Característica de preenchimento na boca.

Pouco: 33,5 mL de cachaça 51 (39

ºGL) diluídos em 16,5 mL de água

Muito: Licor fino de café Tia Maria

(26,5 ºGL)

Adstringência Percepção de secura na mucosa oral,

semelhante àquela causada por certas frutas

verdes.

Pouco: Nenhum

Muito: solução aquosa de ácido

tânico a 0,15%

Pungência bucal Percepção de ardência nas mucosas bucais.

Fraco: solução aquosa de cachaça

51 (39 ºGL) a 32%

Forte: solução aquosa de cachaça

51 (39 ºGL) a 45%

Ardência residual Percepção de queimação na garganta.

Fraco: 18 mL de vodka Brazlowa

(38,5 ºGL) diluída em 32 mL de

água

Forte: Solução aquosa da cachaça

51 (39 ºGL) a 54%

GOSTO

Amargo Gosto característico de solução aquosa com e

sem substâncias amargas

Fraco: Nenhum

Forte: 16,5 mL de água tônica

diluídos em 33,5 mL de água

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Ácido Gosto característico de solução aquosa com e

sem ácido cítrico

Fraco: Nenhum

Forte: solução aquosa de ácido

cítrico a 0,08%

SABOR

Alcoólico Sabor característico de solução aquosa de

etanol.

Fraco: solução aquosa de cachaça

51 (39 ºGL) a 32%

Forte: solução aquosa de cachaça

51 (39 ºGL) a 45%

Adocicado Percepção associada à nota de sabor doce,

característico de solução aquosa de mel.

Fraco: água

Forte: 23 mL de mel orgânico de

abelha diluídos em 27 mL de

solução água/cachaça 51 (39 ºGL)

(2,5:1)

Frutal Sabor característico de jamelão

Fraco: 3,2 mL de polpa triturada de

jamelão diluídos em 20 mL de

vodka Orloff (38 ºGL)

Forte: fruto de jamelão triturado

5.6.2 Perfil sensorial dos licores de jamelão

O perfil sensorial das duas formulações de licor de jamelão pode ser observado na

Figura 15, o qual se apresenta em coordenadas polares, com as escalas correspondentes ao

Apêndice H. O valor zero da escala de intensidade situa-se no centro do gráfico e o valor

máximo na periferia. As médias de intensidade de cada atributo levantado pela equipe, para

cada licor, foram posicionadas na escala, obtendo uma representação do perfil sensorial das

duas amostras.

Figura 15 - Perfil sensorial em gráfico aranha para as amostras de licor de jamelão

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Corpo

Cor caramelo

Limpidez

Aroma alcoólico

Aroma de mel

Aroma frutal

Aroma pungente

Viscosidade

Adstringência

Pungência bucal

Ardência residual

Gosto amargo

Gosto ácido

Sabor alcoólico

Sabor adocicado

Sabor frutal

F8 F9

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Conforme observado na Figura 15, as duas formulações de licores de jamelão

apresentaram características bem similares, isso devido a utilização da mesma técnica de

processamento e das mesmas matérias-primas, diferenciando-se apenas na quantidade de fruto

que foi empregada para elaboração de cada formulação. Embora todos os atributos tenham

sido semelhantes estatisticamente (p > 0,05), constata-se que alguns atributos foram distintos

e marcadamente peculiares, tais como sabor alcoólico e ardência residual.

Para melhor visualização das semelhanças e diferenças existentes entre as duas

formulações de licores, estão apresentados na Tabela 18 os valores médios para cada termo

descritor levantado pela equipe julgadora.

Conforme observado na Figura 15 e na Tabela 18, o licor com maior quantidade de

fruto (F9) foi considerado como o de maior intensidade para a maioria dos atributos, com

exceção do gosto amargo e ácido e dos atributos relacionados à presença de álcool (aroma

alcoólico, aroma pungente, pungência bucal, ardência residual e sabor alcoólico). Isso se

explica pelo fato de que uma maior quantidade do fruto proporciona um sabor adocicado ao

licor, mascarando o sabor e o aroma alcoólicos, diminuindo a pungência e aumentando a

palatabilidade (PENHA et al., 2002).

Tabela 18 - Médias da equipe para os termos descritores do licor de jamelão.

Atributos F8 F9

Corpo 5,28 ± 2,09 5,70 ±1,24

Cor caramelo 4,47 ± 0,78 5,05 ± 1,03

Limpidez 4,39 ± 2,22 5,27 ± 2,28

Aroma alcoólico 5,60 ± 1,07 5,48 ± 1,04

Aroma de mel 4,12 ± 1,80 4,44 ± 1,86

Aroma frutal 3,55 ± 1,45 3,95 ± 1,52

Aroma pungente 4,36 ± 1,96 4,24 ± 1,37

Viscosidade 4,02 ± 1,46 4,65 ±1,47

Adstringência 4,93 ± 1,71 5,19 ± 2,11

Pungência bucal 4,58 ± 1,86 3,98 ± 1,84

Ardência residual 5,66 ±1,92 4,02 ± 1,98

Gosto amargo 3,55 ± 1,79 3,08 ± 1,89

Gosto ácido 2,03 ± 0,93 1,95 ± 1,33

Sabor alcoólico 5,79 ± 1,07 4,60 ± 1,06

Sabor adocicado 4,80 ± 1,29 5,30 ± 2,00

Sabor frutal 4,12 ± 1,65 5,04 ± 1,62 *Formulações de licores de jamelão elaboradas com: F7: 0,775 Kg. L

-1; F8: 1 Kg. L

-1; F9: 1,225 Kg. L

-1.

Behrens e Silva (2000) ao caracterizar o perfil sensorial de vinhos brancos varietais

brasileiros por meio de análise descritiva detectou que as amostras de vinhos que

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apresentaram maior intensidade de gosto amargo e acidez, foram justamente aquelas com

menor intensidade de sabor doce. Fato semelhante foi observado na caracterização das

amostras de licores de jamelão. Isso pode ser explicado pelos estudos reportados por Berg et

al. (1955) que demonstraram que compostos fenólicos, responsáveis pelo gosto amargo em

vinhos, aumentam o limiar de detecção de açúcares e, portanto, diminuem a percepção de

doçura em vinhos.

Os licores analisados demonstraram características esperadas para um bom licor, tais

como presença de sabor frutal, leve aroma alcoólico e sabor adocicado. Penha (2004) ainda

define como um dos principais atributos de qualidade de um licor a sua aparência que está

intimamente associada à sua cor, turbidez e limpidez, características também bem avaliadas

no licor de jamelão.

A análise de componentes principais confirmou os resultados obtidos na comparação

entre as médias dos descritores sensoriais dos licores de jamelão (Tabela 18) e do perfil

sensorial (Figura 15), demonstrando que realmente não há variação entre as amostras quando

analisados globalmente seus resultados, pois o primeiro componente principal, que incluiu

todos os atributos, explicou 100% das possíveis variações entre as amostras. Dessa forma, não

é possível inferir estatisticamente qual a melhor formulação de licor de jamelão, uma vez que

obtiveram escores iguais (0,3445794). No entanto, percebe-se que a formulação F9 obteve

características mais homogêneas e uma menor presença de atributos relacionados ao álcool, o

que pode favorecer a sua inserção no hábito alimentar dos consumidores.

Para indústria de bebidas, a formulação F8 pode ser a mais indicada, pois a quantidade

de fruto adicionada é menor, diminuindo o custo de produção e aumentando

consequentemente o lucro.

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88

6 CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos, pode-se inferir que:

Os frutos de jamelão possuem baixo valor energético e são considerados fontes de

fibra alimentar total e de vários minerais como cálcio, magnésio, fósforo, potássio,

ferro, manganês e zinco. Esses frutos também são fontes de vitamina C, o que aumenta

a biodisponibilidade do mineral ferro.

O jamelão se constitui em uma boa fonte de compostos fenólicos, principalmente

compostos fenólicos hidrossolúveis e de antocianinas monoméricas, possuindo um

teor de antocianinas mais elevado que o de muitas frutas brasileiras.

Todos os extratos (aquoso, etanólico e acetônico) apresentaram atividade antioxidante

pelas duas metodologias testadas, se destacando o extrato acetônico, pelos dois

métodos avaliados.

Os licores elaborados por três processamentos distintos apresentaram variação no

conteúdo final dos compostos bioativos e na atividade antioxidante in vitro. Em

relação à extração das antocianinas, o processamento que submeteu os frutos a

aquecimento conseguiu reter mais os pigmentos antociânicos, enquanto que o

processamento que utilizou a desidratação osmótica foi o que menos conseguiu extrair

esses compostos bioativos.

Na extração dos compostos fenólicos, o processamento que empregou a desidratação

osmótica foi o que mais extraiu esses compostos, no entanto durante o período de

maturação, o processamento que empregou técnica de aquecimento manteve esses

compostos mais estáveis.

As diferentes concentrações de frutos utilizadas na elaboração dos licores foram

diretamente proporcionais aos compostos bioativos analisados e a atividade

antioxidante pelo método ABTS•+

.

O período de maturação dos licores influenciou no conteúdo de fenólicos totais,

antocianinas monoméricas e na atividade antioxidante in vitro, proporcionando

alterações em seus teores e sua atividade antioxidante com o armazenamento.

A atividade antioxidante dos licores de jamelão está mais associado as antocianinas

monoméricas, pois este estudo demonstrou que os compostos fenólicos presentes

nesses produtos apresentaram correlação negativa com a atividade antioxidante.

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Dentre as nove formulações elaboradas, as formulações F8 e F9 foram consideradas as

melhores formulações pelos provadores não treinados, apresentando uma média de

aceitação superior a 70%.

A análise do perfil sensorial das formulações demonstrou que o licor de Jamelão

apresentou sabor frutal encorpado, leve aroma alcoólico e adstringente e sabor

adocicado, características esperadas para um licor que se proponha a ser lançado ao

mercado de bebidas alcoólicas.

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100

APÊNDICES

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101

APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido

Título do estudo: Compostos bioativos e atividade antioxidante do fruto e do licor de

jamelão (Syzygium cumini).

Pesquisadores responsáveis: Alessandro de Lima; Mariana de Morais Sousa.

Instituição/Departamento: Universidade Federal do Piauí

Telefone para contato: (86) 9970-6837

Local da coleta de dados: Instituto Federal do Piauí (IFPI)

Prezado(a) Senhor(a):

• Você está sendo convidado(a) a responder às perguntas deste questionário de forma

totalmente voluntária. Antes de concordar em participar desta pesquisa e responder este

questionário, é muito importante que você compreenda as informações e instruções contidas

neste documento. Os pesquisadores deverão responder todas as suas dúvidas antes de você se

decidir a participar. Você tem o direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer

momento, sem nenhuma penalidade e sem perder os benefícios aos quais tenha direito.

Objetivo do estudo: esta pesquisa visa elaborar licor de jamelão por três metodologias

distintas e verificar o efeito do processamento no teor de compostos bioativos, na atividade

antioxidante e atributos sensoriais do produto final.

Procedimentos: Sua participação nesta pesquisa consistirá apenas no preenchimento deste

questionário e das fichas de avaliação sensorial para verificar a preferência e aceitação das

amostras de licor de jamelão.

Benefícios: Esta pesquisa trará maior conhecimento sobre o tema abordado, sem benefício

direto para você.

Riscos: O preenchimento deste questionário e das fichas de avaliação sensorial não

representará qualquer risco de ordem física ou psicológica para você.

Sigilo: As informações fornecidas por você terão sua privacidade garantida pelos

pesquisadores responsáveis. Os sujeitos da pesquisa não serão identificados em nenhum

momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados em qualquer forma.

Ciente e de acordo com o que foi anteriormente exposto, eu

____________________________________, estou de acordo em participar desta pesquisa,

assinando este consentimento em duas vias, ficando com a posse de uma delas.

Teresina, 08 de agosto de 2012.

___________________________

Pesquisador responsável

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102

APÊNDICE B - Teste de aceitação, intenção de compra e ordenação de preferência

Nome: Escolaridade: __________________

Sexo: M ( ) F( ) Faixa etária: ( )18–24 anos ( )25 -34 anos ( )35 – 45 anos ( ) > 45 anos

Você está recebendo 3 amostras codificadas de licor de jamelão. Avalie globalmente as

amostras servidas e anote o valor de acordo com a escala abaixo para descrever o quanto você

gostou ou desgostou do produto.

(1) = Desgostei muitíssimo

(2) = Desgostei muito

(3) = Desgostei regularmente

(4) = Desgostei ligeiramente

(5) = Indiferente

CÓDIGO DA

AMOSTRA

COR AROMA SABOR CONSISTÊNCIA ACEITAÇÃO GLOBAL

Avalie as amostras de acordo com a sua intenção de compra, utilizando a escala abaixo.

(1) = Certamente não compraria

(2) = Provavelmente não compraria

(3) = Tenho dúvidas se compraria

(4) = Provavelmente compraria

(5) = Certamente compraria

CÓDIGO DA

AMOSTRA

INTENÇÃO DE COMPRA

Você está recebendo 3 amostras codificadas de licor de jamelão. Por favor, ordene as

amostras de acordo com sua preferência, colocando em primeiro lugar a que você mais gostou

e por último a que você menos gostou.

1 ______ 2 ______ 3______

Comentários:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

(6) = Gostei ligeiramente

(7) = Gostei regularmente

(8) = Gostei muito

(9) = Gostei muitíssimo

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103

APÊNDICE C - Questionário para recrutamento de voluntários para a Análise

Descritiva Quantitativa (ADQ)

No Instituto Federal do Piauí, realizaremos análises sensoriais para caracterização de licor de jamelão

usando voluntários. Estas análises têm o objetivo de treinar os voluntários para compor uma equipe

capaz de identificar as similaridades e as diferenças desse licor. Para isso, serão necessários encontros

da equipe com a responsável (mestranda), de uma a duas vezes por semana, com duração de 10 a 30

minutos. As datas e horários serão ajustados de acordo com a disponibilidade dos interessados.

Você está recebendo um questionário para o recrutamento de voluntários destinados a participar dessa

equipe de análise sensorial de licor. Por favor, preencha-o com os dados solicitados. Todas as

informações serão mantidas confidenciais.

Nome:__________________________________________ Sexo: ( ) F ( ) M Idade: _______

Telefone: ____________________E-mail: ________________________________________

( ) aluno de graduação ( ) aluno pós-graduação ( ) professor ( ) funcionário

1. Você tem interesse em ser um voluntário da equipe de análise sensorial de licor de jamelão?

( ) Sim ( ) Não

2. Você está tomando alguma medicação?

( ) Não ( ) Sim

3. Você é fumante?

( ) Sim ( ) Não

4. Você tem aversão/ alergia a produtos alcoólicos?

( ) Sim ( ) Não

5. Você tem casos de alcoolismo na família?

( ) Sim ( ) Não

6. Com que frequência você consome licor?

( ) pelo menos uma vez a cada 15 dias

( ) pelo menos uma vez por mês

( ) pelo menos uma vez por bimestre

( ) não consumo

7. Qual seu horário disponível para participar dos testes sensoriais?

Manhã: Dias da semana _________________________________ Horários: _________________

Tarde: Dias da semana __________________________________ Horários: _________________

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104

APÊNDICE D - Teste de reconhecimento de odores

Nome_____________________________________________________Data_____________

Aspire a primeira amostra. Identifique o aroma e registre na ficha. Aguarde alguns segundos

para aspirar a próxima, ou realize o branco cheirando seu braço ou mão inodoros. Proceda

desta forma para as amostras restantes.

Amostra Descrição do Aroma Amostra Descrição do Aroma

1 9

2 10

3 11

4 12

5 13

6 14

7 15

8 16

Comentários:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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105

APÊNDICE E - Teste de identificação de gostos básicos

Nome_____________________________________________________Data_____________

Prove cuidadosamente cada solução e identifique o gosto percebido, preenchendo com um X

no quadro correspondente ao gosto provavelmente identificado.

Amostra Doce Salgado Amargo Ácido Umami

134

245

456

367

129

762

931

484

057

379

Comentários:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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106

APÊNDICE F - Teste de verificação da capacidade discriminatória

Nome_____________________________________________________Data_____________

Você está recebendo três amostras codificadas de licor, duas iguais e uma diferente. Prove as

amostras da esquerda para a direita e depois circule o código da amostra diferente das

demais.

473 781 526

Comentários:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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107

APÊNDICE G - Teste para levantamento de descritores de licor - Método de Rede

Nome_____________________________________________________Data_____________

Você está recebendo duas amostras de licores. Avalie as amostras e descreva suas

similaridades e suas diferenças quanto à aparência, aroma, sensações bucais, gosto e sabor

que as caracterizam.

Amostras: 485 e 893

Similaridades Diferenças

Aparência

Aroma

Sensações bucais

Gosto

Sabor

Comentários:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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108

APÊNDICE H - Teste para avaliação de desempenho dos provadores

Nome_________________________________________________________________Data_____________

Avalie cuidadosamente as amostras, marcando com um traço vertical a intensidade referente a cada atributo. As

referências estão à disposição ao lado.

APARÊNCIA

Corpo •______________________________________________________•

Pouco Muito

Cor caramelo •______________________________________________________•

Fraco Forte

Limpidez •______________________________________________________•

Pouco Muito

AROMA

Alcoólico •______________________________________________________•

Fraco Forte

Mel •______________________________________________________•

Fraco Forte

Frutal •______________________________________________________•

Fraco Forte

Pungente •______________________________________________________•

Fraco Forte

SENSAÇÕES BUCAIS

Viscosidade •______________________________________________________•

Pouco Muito

Adstringência •______________________________________________________•

Pouco Muito

Pungência bucal •______________________________________________________•

Fraco Forte

Ardência residual •______________________________________________________•

Fraco Forte

GOSTO

Amargo •______________________________________________________•

Fraco Forte

Ácido •______________________________________________________•

Fraco Forte

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109

SABOR

Alcoólico •______________________________________________________•

Fraco Forte

Adocicado •______________________________________________________•

Fraco Forte

Frutal •______________________________________________________•

Fraco Forte

Comentários:

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

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110

APÊNDICE I - EC50 dos extratos orgânicos de jamelão e dos padrões de ácido gálico e catequina

Gráfico 1 - EC50 do extrato aquoso.

Gráfico 2 - EC50 do extrato acetônico.

y = 0,1657x + 16,408 R² = 0,9705

0

10

20

30

40

50

60

70

0 50 100 150 200 250 300

% d

e p

rote

çã

o

Concentração do extrato (μg.mL-1)

y = 0,1424x + 19,383 R² = 0,9694

0

10

20

30

40

50

60

0 100 200 300

% d

e p

rote

çã

o

Concentração do extrato (μg.mL-1)

y = 0,1575x + 20,879 R² = 0,9857

0

10

20

30

40

50

60

70

0 100 200 300

% d

e p

rote

ção

Concentração do extrato (μg.mL-1)

y = 0,4456x + 30,44 R² = 0,83

0

20

40

60

80

100

0 25 50 75 100 125 150 175

% d

e p

rote

çã

o

Concentração do extrato (μg.mL-1)

y = 0,4305x + 32,187 R² = 0,8404

0

20

40

60

80

100

0 25 50 75 100 125 150 175

% d

e p

rote

çã

o

Concentração do extrato (μg.mL-1)

y = 0,4643x + 28,933 R² = 0,8933

0

20

40

60

80

100

0 25 50 75 100 125 150 175

% d

e p

rote

çã

o

Concentração do extrato (μg.mL-1)

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Gráfico 3 - EC50 do extrato etanólico.

Gráfico 4 - EC50 de ácido gálico.

y = 0,4513x + 5,389 R² = 0,9525

0

20

40

60

80

100

0 50 100 150 200 250

% d

e p

ro

teçã

o

Concentração do extrato (μg.mL-1)

y = 0,3769x + 12,026 R² = 0,9337

0

20

40

60

80

100

0 50 100 150 200 250

% d

e p

rote

çã

o

Concentração do extrato (μg.mL-1)

y = 0,5456x - 5,1851 R² = 0,9413

0

20

40

60

80

100

0 100 200

% d

e p

rote

çã

o

Concentração do extrato (μg.mL-1)

y = 29,012x + 0,1308 R² = 0,9883

0

20

40

60

80

0 1 2 3

% d

e p

rote

çã

o

Concentração de ácido gálico (μg.mL-1)

y = 24,17x + 2,6518 R² = 0,989

0

20

40

60

80

0 1 2 3

% d

e p

rote

çã

o

Concentração de ácido gálico (μg.mL-1)

y = 33,688x - 2,0107 R² = 0,9846

0

20

40

60

80

0 1 2 3

% d

e p

rote

çã

o

Concentração de ácido gálico (μg.mL-1)

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Gráfico 5 - EC50 de catequina.

y = 3,9164x + 13,666 R² = 0,9719

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25

% d

e p

rote

ção

Concentração de catequina (μg.mL-1)

y = 3,7247x + 14,032 R² = 0,995

0

20

40

60

80

100

0 10 20 30

% d

e p

rote

çã

o

Concentração de catequina (μg.mL-1)

y = 4,0953x + 12,333 R² = 0,9367

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25

% d

e p

rote

çã

o

Concentração de catequina (μg.mL-1)

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ANEXO

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114

ANEXO A – Submissão ao Comitê de Ética da UFPI