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06 a 08 de nov

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06 a 08/11/2010201XVIII

O TEMPO - P. 27 - 06.11.2010

Menos, gente! A situação em Nova Lima chegou

aos píncaros da Serra do Curral. O Mi-nistério Público não pode aliviar nas suas funções. Tem vereador no vizinho município com vergonha de exercer o seu mandato, tal a bandalheira disse-minada na Câmara Municipal. Se em Santa Catarina existe a farra do boi, em Nova Lima existe a farra do cres-cimento desordenado de condomínios e espigões, em desrespeito à legislação urbana e ambiental. Aliás, bem ao gos-to da especulação imobiliária

hOjE EM dia - P. 32 - 06.11.2010MÁRCiO FaGUNdES

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O TEMPO - P. 7 - 07.11.2010RaQUEL FaRia

diÁRiO dO COMÉRCiO - P. 7 - 06.11.2010

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O TEMPO - 1ª P. E P. 7 - 06.11.2010itabirito

MP investiga vereadores por mau uso dos recursosDenúncia tem como base relatório feito pelo Tribunal de Contas, que aponta uma série de irregularidades na Câmara

Municipal, como contratações sem licitações e fraudes no pagamento de diárias. Página 7

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CONT... O TEMPO - P. 7 - 06.11.2010

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O TEMPO - P. 26 - 06.11.2010

O TEMPO - P. 28 - 06.11.2010

BUROCRaCia

Desperdício na saúde pública

Radares

Suspensão temporária para multas de Sabará

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SUPER NOTíCia - P. 10 - 06.11.2010

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CONT... SUPER NOTíCia - P. 10 - 06.11.2010

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Paula Takahashi Impulsionado pelo boom da indústria da construção

civil e pela desoneração do Imposto sobre Produtos Indus-trializados (IPI), entre dezembro de 2009 e fevereiro deste ano, o mercado de móveis tem tudo para fechar 2010 com faturamento 10% superior ao do último ano, segundo expec-tativas da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel). Assim como os lucros, as reclamações contra as empresas de móveis também estão em alta. Não são raros os casos de atrasos na entrega, problemas na montagem ou produtos com especificações diferentes da contratada.

O supervisor de produção Leonardo Matos espera desde 20 de outubro pela entrega do sofá e da mesa que comprou na loja Sofá e Complemento, na capital mineira. “Garan-tiram que entregariam hoje (sexta-feira), mas, até agora, nada”, afirma. Assim como Leonardo, o analista de sistemas Clúsio Maciel também luta para receber a mercadoria que deveria ter chegado em sua casa em 19 de outubro. “Já mu-daram o prazo para 30 de outubro e agora pediram até 25 de novembro para fazer a entrega do sofá de R$ 1,8 mil, pelo qual paguei à vista”, lamenta.

O supervisor da Sofá e Complemento e filho do proprie-tário, Daniel Magalhães, reconhece os atrasos, causados pelo fechamento da fábrica da empresa em 15 de outubro. “Tive-mos que terceirizar a produção e estamos fazendo acordos com os clientes. Muitos já tiveram o dinheiro devolvido”, afirma Magalhães. Ele ainda garante que novas encomendas foram suspensas e que somente produtos de pronta entrega estão sendo comercializados até que a situação seja regula-rizada.

A advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consu-midor (Idec) Mariana Alves orienta: “A empresa é obrigada

a cumprir o prazo de entrega, instalação ou montagem de qualquer produto, conforme indicação ao consumidor”. Ela ainda acrescenta que os prejuízos causados ao consumidor em decorrência do descumprimento do prazo também po-dem ser indenizados. Uma dica importante é sempre manter registrados os acordos firmados com a empresa. “Sempre que o consumidor combinar um prazo para a entrega de um produto, deve pedir uma comprovação por escrito e guardar a nota fiscal”, ensina.

O coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbo-sa orienta o consumidor que, em casos como esses, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) prevê três soluções para o problema. “O primeiro direito é de que se cumpra imediata-mente a oferta, com a entrega do produto. Outra alternativa é a loja oferecer outra mercadoria e a terceira seria a rescisão do contrato e devolução do dinheiro”, afirma.

O primeiro passo para quem se sentir lesado é tentar um acordo extrajudicial com a empresa. Caso isso não ocorra, o cliente deve recorrer ao Procon para que haja uma tentativa de conciliação. “Se não chegar a um consenso no Procon, a saída é a ação judicial”, explica Barbosa.

No Juizado Especial de Relações de Consumo, proces-sos semelhantes também se acumulam e os problemas são sempre os mesmos. “Ou o produto não é entregue, ou é, mas com especificações distintas do contrato”, explica Lisley de Oliveira, coordenadora jurídica do setor de atermação, res-ponsável pelo recebimento das ações. A maior reivindicação dos consumidores é pelo cumprimento do contrato firmado ou a substituição do produto não entregue. É possível entrar com ação no juizado para causas de até 40 salários mínimos, sendo que até 20 não se faz necessária a presença do advo-gado.

Mesmo depois das ações no Juizado, mui-tos consumidores ainda ficam no prejuízo. Além das empresas não comparecerem às audiências de conciliação, ainda não cumprem as decisões judiciais. Caso seja constatada administração fraudulenta e má-fé do estabelecimento comer-cial, o ideal é que os clientes lesados se reúnam e apresentem ao Ministério Público uma de-núncia coletiva.

“Ao perceber que a loja, de maneira reite-rada, não tem cumprido com a oferta, é preciso tomar uma providência coletiva emergencial. Apresentada a denúncia ao Ministério Público, serão tomadas as medidas administrativas. Uma delas é fechar a loja”, afirma Marcelo Barbosa, coordenador do Procon Assembleia. Em último caso, é solicitado ao juiz a desconsideração da personalidade jurídica dos sócios da empresa. “A partir daí, eles passam a responder com seus bens pela reparação dos danos causados aos

consumidores”, acrescenta Marcelo. Recentemente, o Ministério Público Esta-

dual decretou a paralisação das atividades da loja Spazio Decorações, que lesou pelo menos 50 clientes. Entre eles, está o gerente do Procon Assembleia, Gilberto Dias de Souza, que com-prou um hack para TV e um painel de madeira no valor de R$ 2,6 mil, em dezembro do ano passado, e nunca viu os móveis. “Foi encami-nhada a denúncia ao Ministério Público e aberto processo administrativo em junho”, conta.

O promotor de Justiça estabeleceu prazo de 30 dias para que a empresa apresentasse uma proposta aos clientes. “Mas, até hoje, nada. Acredito que o próprio Ministério Público po-deria entrar com uma ação civil pública para pedido de desconsideração da personalidade jurídica da empresa, que está prevista no Códi-go de Defesa do Consumidor”, afirma Gilberto Dias. (PT)

ESTadO dE MiNaS - P. 12 - 08.11.2010 Consumidor

Raro é não ter problema com compra de móveis

Denúncia ao Ministério Público pode ser a saída

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Em Fronteira dos Vales, no Vale do Mucuri, em Minas Ge-rais, Francisco Alves (PSDB) usou dinheiro público para promo-ver um churrascão antes das eleições com direito a quatro bois no rolete. No Sudoeste da Bahia, em Jussiape, Vagner Neves Freitas (PTB) foi algemado e preso depois de um ataque de fúria contra o vice-governador do estado. Em Ipixuna, no Pará, Edvaldo Cunha (PT) distribuiu cheques da municipalidade para pagar cabos elei-torais. Vagno Pereira, o Banga (PSB), sacou na boca do caixa e extraviou milhões de reais dos moradores de Serrano do Mara-nhão, a 460 quilômetros de São Luís. O que esses políticos têm em comum? Eleitos para administrar as finanças de suas cidades, eles são alguns exemplos de prefeitos que perderam o cargo. Desde a eleição de 2008 para cá, pelo menos 100 já tiveram o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maioria das in-vestigações aponta para os crimes de compra de voto e abuso de poder econômico.

No entanto, o quadro pode ser bem mais grave, se for levado em consideração os casos frequentes de prefeitos que viraram alvo de processo de cassação nos quatro cantos do país. Embora seja movido pelas câmaras de vereadores, com base na legislação vi-gente, esse contingente é desconhecido. Trata-se de um verdadeiro buraco na contabilidade do TSE e de órgãos como a Associação Brasileira de Câmaras Municipais (Abracam), Confederação Na-cional dos Municípios (CNM) e Ministério Público (MP). “É um dado complexo, porque as câmaras municipais não nos informam o número de prefeitos cassados”, alega Rogério Rodrigues da Sil-va, presidente da Abracam e ex-vereador da cidade mineira de Co-romandel, no Alto Paranaíba.

Nos casos de cassação pelos vereadores, vários processos instaurados têm como pano de fundo rixas políticas locais. Sem

influência sobre o Legislativo, os prefeitos perdem o cargo por questões administrativas consideradas banais e sanáveis. Indigna-dos com esse tipo de desfecho, eles entopem o poder Judiciário com uma enxurrada de recursos na tentativa de voltar ao poder. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou não ter levantamento de prefeitos depostos por vereadores, pois o sistema de consulta é restrito ao número de processo ou ao nome das par-tes envolvidas. Estado com maior número de municípios – 853 ao todo – Minas também lidera com folga o ranking das cassações do TSE, com 21 prefeitos fora das vagas que conquistaram nas urnas em 2008. aGiLidadE

O desembargador Kildare Gonçalves Carvalho, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), diz que o número de afastados reflete o rigor das apurações. O magistrado atribui as cassações à significativa quantidade de cidades no estado, a celeridade das apurações dos processos e, principalmente, ao leque de opções de linhas de investigação proporcionado pela legislação eleitoral. “Não é um número desprezível. Estamos dentro da normalidade se for levado em consideração o baixo percentual em comparação com o número de cidades”, avalia.

Pela legislação, em caso de cassação, os votos dados ao ven-cedor são anulados. Sendo assim, se o candidato conquistou mais de 50% dos votos válidos no primeiro turno, são convocadas no-vas eleições. Foi justamente isso que ocorreu em cidades mineiras, onde 20 eleições fora de época foram realizadas em virtude de pre-feitos que perderam o cargo. Além dessas, a população de Campo Florido, no Triângulo, terá de voltar às urnas em 5 de dezembro para escolher o novo governante colocando um ponto final na crise política do município.

ESTadO dE MiNaS - P. 4 E 5 - 08.11.2010 jUSTiÇa

Derrubados em pleno vooAo menos 100 prefeitos brasileiros foram cassados desde as eleições municipais de 2008

pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), devido a irregularidades durante a administração

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CONT... ESTadO dE MiNaS - P. 4 E 5 - 08.11.2010

“O segundo colocado na disputa de 2008 ocupou o lugar e vários documentos importantes do município sumiram” - Sildete Rodrigues (PMN), Cassado pela Câmara de Vereadores, Evandro Mendes (PT), pre-feito eleito de Pitangui, no Centro-Oeste de Minas, garante que perdeu o cargo devido uma rixa política com opositores locais. Mendes teve o mandato confiscado pelo Poder Legislativo local acusado de má gestão de verbas públicas. Em contestação, o petista diz ter documentos que comprovam sua inocência. Ele sustenta não ter cometido ou acobertado qualquer ato ilícito. E refuta os rumores de desvio de dinheiro alardeado por seus adversários.

O prefeito eleito conta que seus problemas começaram logo que sua chapa foi formada. Em vez de coligar com outro partido, ele resolveu apostar em uma chapa puro-sangue. Com a ajuda da vice, Isabel Corgo-sinho (PT), venceu a eleição. “A partir daí começaram os problemas. Aí vêm os pedidos de emprego em troca da tal governabilidade. Como não cedi um milímetro sequer, virei mais uma vítima de um processo pura-mente político. Nós ficamos totalmente isolados”, sustenta.

O curioso é que os documentos que embasaram o pedido de cassação foram obtidas junto ao próprio petista. No início do mandato, ele detectou incongruências na contabilidade de pagamentos e prestação de serviços

referentes às verbas da educação voltadas para o transporte escolar. “Não houve má-fé ou qualquer tipo de negligência. Houve um remanejamento de recursos que, posteriormente, foi totalmente corrigido”, explica.

Com a descoberta, foi instaurada uma sindicância interna. A pedido do prefeito eleito, toda a papelada foi enviada ao conhecimento do Mi-nistério Público (MP) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Mesmo assim, a oposição não poupou o petista. Dos nove vereadores, sete vota-ram de forma favorável à perda do mandato em uma sessão extraordiná-ria, iniciada num sábado à tarde, varando a madrugada, com desfecho na manhã de domingo. Alegando ser um injustiçado, Mendes já entrou com recurso junto ao Tribunal de Justiça na tentativa de reverter a decisão dos vereadores.

Em Raposos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o ex-pre-feito João Carlos da Aparecida (PT) perdeu o cargo em julho. Ele foi preso em outubro do ano passado com pedras de crack e se declarou usuário de drogas. No dia seguinte, foi afastado pela Câmara para fazer tratamento. Reassumiu o posto em janeiro, mas foi afastado definitivamente seis me-ses depois por quebra de decoro. Em entrevistas, o ex-prefeito declarou que começou a se envolver com drogas por estar “estressado” com os problemas do município. (AA e EF)

Amanda Almeida e Ezequiel Fagundes Propina na calada da noite, oferta de pneu de moto, máquina

de costura, sacos de cimentos, tijolos e tratamento dentário. São algumas das benesses oferecidas em troca de voto na disputa pela Prefeitura de Dom Expedido Lopes, cidadezinha com pouco mais de sete mil habitantes, no interior do Piauí. Lá, os eleitores vol-taram às urnas ontem para decidir a eleição de 2008. Em agosto, o então titular do cargo, Benedito Dantas Neto, o popular Bené (PTB), foi cassado sob a acusação de compra de voto e abuso de poder econômico. Nem por isso, Bené se afastou da prefeitura.

Com uma canetada do prefeito tampão Luiz Gonzaga de Sou-sa, o Luiz Quinôr (PCdoB), Bené foi nomeado poucos dias depois de perder o mandato para o cargo de secretário de Administração, no qual permanece firme até agora. “O Bené é muito querido aqui na cidade, além de muito competente. Como sua cassação foi uma injustiça, não vi problema algum em colocá-lo trabalhando com a gente”, relata. Vereador com cinco mandatos consecutivos, Quinôr conta que a disputa pelo poder local transformou a cidade em um foco de corrupção eleitoral e desmandos. Ele diz que os eleitores são constantemente cortejados com propostas financeiras ou ofer-ta de bens materiais. “A turma contrária ao nosso grupo visita as casas de madrugada para oferecer dinheiro. Isso é comum aqui. Inclusive temos até um vídeo com imagem de um eleitor dizendo que recebeu R$ 1 mil da coligação contrária. Estamos juntando todas as denúncias para entregar ao promotor”, conta.

Quinôr não esconde que assumiu o cargo devido a uma situa-ção, no mínimo, inusitada. Vice-presidente da Câmara, na prática, era a terceira opção na linha sucessória, atrás do vice-prefeito e do presidente da Casa. Mas, devido a uma manobra, abocanhou a vaga. Casado com a atual candidata a vice na disputa fora de época, o presidente Marcolino Dantas (PTB) abriu mão da vaga, alegando constrangimento. Como o prefeito e o vice foram depos-tos, a vaga caiu no colo de Quinôr.

O Piauí teve prefeitos cassados em quase 20% de suas 224 ci-dades depois das últimas eleições municipais. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral do estado, a maioria das 42 cassações foi por conta de abuso de poder político e compra de votos. As informa-

ções são da Agência Brasil. O último caso, a cassação do prefeito de Teresina, foi publicado dia 1º no Diário da Justiça Eleitoral. Oito dos 42 municípios tiveram novas eleições e em quatro o TRE determinou a posse do segundo colocado, tendo em vista que o prefeito cassado não obteve mais de 50% dos votos válidos.

Já em Jussiape, Sudoeste baiano, a falta de decoro foi o moti-vo para o afastamento do prefeito eleito em 2008. Depois de cum-prir pena de quatro anos em presídio paulista, acusado de forma-ção de quadrilha, Vagner Neves Freitas (PTB) venceu a disputa na cidade de 8 mil habitantes, mas fez questão de deixar claro, pouco tempo depois, estar “arrependido” de ter se candidatado. E não fal-tou confusão: em Brumado, próximo à Jassuipe, ele usou um carro de som para xingar o vice-governador Edmundo Pereira. Saiu do evento preso. Em outra ocasião, arrombou a janela da Câmara do município para brigar com os vereadores. Acabou cassado pela Casa. VaiVÉM

Em meio às cassações, há também aquelas que ficaram no meio do caminho. Em Jaíba, no Norte de Minas, um prefeito viveu situação curiosa. Seu mandato foi cassado por seis horas. No mês passado, depois de a juíza da comarca de Manga, município próxi-mo, acolher denúncia de abuso de poder econômico e de promessa de vantagens na campanha eleitoral de 2008, feita pelo Ministério Público, de destituir Sildete Rodrigues de Araújo (PMN), mais co-nhecido como Detinho, ele recorreu ao Tribunal Regional Eleito-ral (TRE-MG) e garantiu o retorno ao posto.

No entanto, a velocidade da reviravolta não garantiu tranqui-lidade à cidade. “O segundo colocado na disputa de 2008 ocupou o lugar e vários documentos importantes do município sumiram. Fizemos boletim de ocorrência. Além disso, houve quebradeira na prefeitura. A cidade está um caos hoje”, diz Detinho. A briga ainda pode se estender. Segundo o prefeito, depois de conseguir o cargo de volta, a juíza de Manga, Maria Beatriz Fonseca da Costa Bia-sutti, enviou ofício ao TRE-MG, acusando Detinho de tentar sacar de um banco dinheiro da Prefeitura de Jaíba. “Tenho provas de que isso não ocorreu e estou entrando na Justiça contra a magistrada.”

jUSTiÇa

Casos se espalham pelo paísHistórias de compra de voto e uso do poder econômico para se beneficiar nas urnas levaram dezenas de

cidades brasileiras a convocar novas votações desde a cassação dos prefeitos

Briga partidária e judicial

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ESTadO dE MiNaS P. 7 - 06.11.2010

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O TEMPO - 28 - 06.11.2010

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Audiência tumultuada no caso Bruno

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Uma das palavras mais em voga em anúncios e co-merciais é sustentável. Qualquer marca que se preze quer agregar a ideia de sustentabilidade a seu produto. De mine-radoras e fábricas de automóveis até alimentos e shows, to-dos alegam que seus produtos e serviços são sustentáveis. Um grande publicitário, certa vez, me disse que o qualifi-cativo sustentável nos dias atuais é usado para dar status a produtos, assim como a palavra globalizado era empregada como sinônimo de moderno no início da década de 1990.

O que poucas pessoas questionam é: o que é desenvol-vimento sustentável? Podemos defini-lo como a exploração racional do meio ambiente, da maneira menos degradante possível. Significa a adoção de medidas para prevenir e mitigar impactos, associadas à compensação adequada das alterações ambientais inevitáveis.

A verdadeira sustentabilidade é prevista pela Consti-tuição Federal, quando impõe como dever do poder público e da coletividade a defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações (artigo 225, caput) e quando estabelece a defesa do meio ambiente como um dos princípios da ordem econômica (artigo 170, VI).

Sustentabilidade implica o reconhecimento da neces-sidade do homem de fazer uso dos recursos naturais, sem esquecer que tais recursos são finitos e que prestam ser-viços importantes em um contexto mais amplo. Durante muito tempo, confundiu-se liberalismo econômico com liberalidade: cada empreendedor fazia uso egoísta e pre-datório de “seus” rios e matas, sem qualquer consideração com a manutenção da sadia qualidade de vida para toda a sociedade. O chamado “setor produtivo” esgotava recursos ambientais e gerava poluição descontrolada, sem qualquer questionamento. Com a difusão dos estudos sobre meio ambiente, aquecimento global e escassez de recursos na-turais, iniciou-se a preocupação com a exploração desen-freada do meio ambiente. A sociedade despertou para esses graves problemas e passou a valorizar quem compartilha-va dessa preocupação. Como reação natural, empreende-dores e administradores públicos perceberam que a ideia de sustentabilidade poderia agregar valor a seus produtos ou angariar votos. Todavia, a maioria deles não associou medidas efetivamente sustentáveis ao discurso comercial/institucional, preferindo optar por paliativos e medidas predominantemente estéticas e mais baratas.

Um empreendimento agropecuário não é sustentável só porque não usa sementes transgênicas. Para ser consi-derado sustentável, ele deve passar por procedimento de licenciamento ambiental (artigo 10 da Lei 6.938/81 c.c. Resolução Conama 237/97); possuir reserva legal (artigo 16 da Lei 4.771/65) conservada, demarcada e averbada no registro do imóvel; não intervir em áreas de preservação permanente (artigo 2º da Lei 4.771/65); cuidar da desti-

ESTadO dE MiNaS - P. 01 - diREiTO & jUSTiÇa - 08.11.2010

Conceito de sustentabilidadeARQUIVO PESSOALMauro da Fonseca Ellovitch - Promotor de

Justiça, coordenador regional das promotorias de Defesa do Meio Ambiente da Bacia do Alto São Francisco

nação de efluentes líquidos e de resíduos sólidos; não realizar queimadas (artigo 27 da Lei 4.771/65); fazer uso adequado de defensivos agrícolas (Lei 7.802/89); usar racionalmente os re-cursos hídricos (Lei 9.433/97); entre outras medidas.

Uma fábrica não é sustentável só porque patrocina uma horta comunitária ou porque instalou “lixeirinhas” coloridas para colocação de resíduos (que depois são recolhidos, mistu-rados e destinados, sem tratamento, a lixões). Essa fábrica só faz jus ao uso do qualificativo sustentável se tem as necessárias licenças ambientais (artigo 10 da Lei 6.938/81 c.c. Resolução Conama 237/97); se apresentou estudo de impacto ambiental no caso de significativo impacto ambiental (artigo 225, §1°, IV, da Constituição Federal c.c. Resolução Conama 1/1986); se opera com controle de dispersão de particulados (Resolução Conama 3/1990 e Deliberação Normativa Copam 11/86); se seus resíduos sólidos são efetivamente separados, reincorpora-dos no processo produtivo e/ou destinados a locais adequados (Lei 12.305/10); se os efluentes industriais são tratados antes de serem destinados a cursos d’água (Resolução Conama 357/05 e Deliberação Normativa Copam 10/1986) etc.

Os mesmos que se dizem sustentáveis são aqueles que buscam a flexibilização das normas de proteção ao meio am-biente. Essa flexibilização é outro conceito deturpado, não pas-sando de um eufemismo para dispensa de estudos e de medidas para mitigação de impacto. Todos os empreendedores são, em teoria, a favor da preservação do meio ambiente. Na prática, muitos buscam evitar qualquer medida que possa gerar ônus, evitando a internalização dos danos e deixando-os para serem absorvidos pela sociedade.

Mesmo no âmbito do poder público, a ideia de sustentabi-lidade é cercada de falácias. Diversos candidatos perceberam que a defesa da preservação do meio ambiente pode render di-videndos políticos e soa muito bem em discursos de campanha. Esses mesmos representantes, quando eleitos, não adotam me-didas concretas para proteção ambiental. A construção de um aterro sanitário não é tão vistosa quanto o asfaltamento de uma via pública. Por isso, não são poucos os administradores que optam por manter “lixões” poluentes em imóveis afastados de centros urbanos em vez de investir para a adequada gestão dos resíduos sólidos domiciliares. Politicamente, também é interes-sante o apoio irrestrito a grandes empreendedores “geradores de emprego e renda”, mesmo que isso implique a dispensa de medidas para mitigação de impacto ou na autorização ilícita para desmates em áreas legalmente protegidas.

O administrador público deve tratar adequadamente o lixo e o esgoto domiciliar, regulamentar a expansão urbana e fisca-lizar a instalação de empreendimentos, para que estes respei-tem o ordenamento jurídico, não destruam áreas de proteção ambiental e não gerem poluição que deteriore a qualidade de vida dos munícipes. Somente quando houver a real aplicação do conceito de desenvolvimento sustentável na implementação de políticas públicas e na instalação e operação de empreen-dimentos poderemos pensar em desenvolvimento sustentável. Do contrário, sustentabilidade será apenas mais uma palavra vazia em comerciais de televisão

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