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DIREITO PENAL I Faculdade Dinâmica - 3º Período Assunto: Teoria do Crime Teoria do Crime 1 – Introdução Crime: fato social Direito Penal/criminologia: Ciência. Necessidade de teorizar (e normatizar) sobre o crime como forma de ação humana. A explicação do crime enquanto fato social é tarefa da criminologia, e suas implicações jurídicas compõem o objeto de estudo da Ciência Penal (Direito Penal) Fato punível: fato passível de aplicação da lei penal incriminadora. No Brasil, fala-se em crimes (ou delitos) e contravenções, como espécies de infração penal. Outras legislações distinguem entre crime e delito (ex. França). CRIME CONTRAVENÇÃO Podem ter ação penal de iniciativa pública ou privada podem ser processadas mediante ação penal pública (LCP art. 17) É punível a tentativa Não se pune a tentativa (LCP art. 7º) Relevância do elemento subjetivo (dolo e culpa) Basta que a conduta seja voluntária (art. 3º)

08 - Teoria Do Crime

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DIREITO PENAL IFaculdade Dinâmica - 3º PeríodoAssunto: Teoria do Crime

Teoria do Crime

1 – Introdução

Crime: fato social

Direito Penal/criminologia: Ciência. Necessidade de teorizar (e normatizar) sobre o crime como forma de ação humana. A explicação do crime enquanto fato social é tarefa da criminologia, e suas implicações jurídicas compõem o objeto de estudo da Ciência Penal (Direito Penal)

Fato punível: fato passível de aplicação da lei penal incriminadora. No Brasil, fala-se em crimes (ou delitos) e contravenções, como espécies de infração penal. Outras legislações distinguem entre crime e delito (ex. França).

CRIME CONTRAVENÇÃO

Podem ter ação penal de iniciativa pública ou privada

Só podem ser processadas mediante ação penal pública (LCP art. 17)

É punível a tentativa Não se pune a tentativa (LCP art. 7º)

Relevância do elemento subjetivo (dolo e culpa)

Basta que a conduta seja voluntária (art. 3º)

Podem ser analisados os chamados erro de tipo e erro de proibição (entre outros)

Somente se aplica o erro de direito (art. 8º)

A lei penal brasileira se aplica aos crimes cometidos no Brasil, e em alguns casos, cometidos também no exterior.

Só se pune pela lei brasileira a contravenção ocorrida no território nacional. (art. 2º)

O limite de cumprimento da pena O limite de cumprimento da prisão

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privativa de liberdade é 30 anos simples é de 5 anos (art. 10)

A suspensão da pena pode variar de 2 a 4 anos (excepcionalmente de 4 a 6 anos).

Nas contravenções, o tempo de suspensão é de 1 a 3 anos

2 – Possíveis conceitos de crime

1. Conceito legal: A Lei de Introdução ao Código Penal (DL 3.914/41) traz uma

definição que diferencia crime e contravenção, porém, sem apresentar uma distinção ontológica. (art. 1º).

Usa-se, portanto, na diferenciação, um critério baseado no tipo de sanção correspondente a cada espécie de delito.

2. Conceito Formal Crime é a conduta (ação ou omissão) que atenta contra a lei

penal, validamente editada pelo Estado. Revela somente um aspecto do crime: a contradição deste com a

norma jurídica vigente.

3. Conceito Material Crime é a conduta (ação ou omissão) que atenta contra bens

jurídicos relevantes, vitais para o convívio social. Também se fixa apenas em um aspecto do fenômeno “crime”.

4. Conceito analítico de crime Este conceito analisa os elementos que compõem o fato punível.

Faz isso considerando o crime como um todo, um fato único. O crime é composto de três elementos, estes subdivididos em

vários componentes. Constituem uma análise lógica, levando à conclusão de que cada elemento é pressuposto lógico e necessário do elemento subsequente (um fato considerado

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culpável tem que ter sido necessariamente considerado típico e ilícito).

Crime é fato típico, ilícito e culpável

5. Outros conceitos Visão bipartida: crime é fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade

um pressuposto da pena. (Dotti, Delmanto, Mirabete, Damásio). Visão tripartida alternativa: crime é fato típico, ilícito e punível,

sendo a culpabilidade uma ponte que liga o crime à pena. (Luis Flávio Gomes).

Visão quadripartida: crime é fato típico, ilícito, culpável e punível, incluindo-se a punibilidade como elemento do crime, e não como conseqüência (Basileu Garcia).

3 – Sujeitos do crime

Sujeito ativo: é a pessoa que pratica o fato-crime. Não se admite como sujeito ativo de crime animais, coisas, mortos, pessoas jurídicas ou entes despersonalizados.

Sujeito passivo: é o titular do bem jurídico atingido pelo fato-crime. Existe o sujeito passivo formal (mediato ou constante), que é o Estado,

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indiretamente lesado em qualquer infração penal; e existe também o sujeito passivo material (imediato ou eventual), que é o titular do bem jurídico, diretamente lesado pela conduta do agente (ex., a pessoa que sofre uma lesão corporal, a vítima de um furto, etc.). Não podem ser sujeitos passivos de crime os animais, as coisas, os mortos, nem pode haver confusão entre o sujeito ativo e o passivo (uma pessoa só, no mesmo fato, ser autor e vítima de crime).

4 – Objeto do crime

É o bem jurídico que sofre as consequências do delito. Divide-se em objeto material e objeto jurídico.

a) Objeto material: é o bem ou objeto, corpóreo ou não, sobre o qual recai a conduta do agente. Há quem sustente que todo crime possui um objeto material (Nucci, por ex.). Há, porém, autores que não aceitam a existência de objeto material quando se trata de crimes que atingem bens incorpóreos (Luis Régis Prado, p. ex.).

b) Objeto jurídico: é o interesse juridicamente protegido pela norma penal, como a vida, o patrimônio, a integridade física, a família, a dignidade sexual, etc.

5 – Classificação Doutrinária dos Crimes

Crime comissivo – a conduta punida é de caráter positivo, pune-se o agir.

Crime omissivo – a conduta punida é de caráter negativo, pune-se o deixar de agir

Crime omissivo impróprio – quando o agente, tendo o dever legal de evitar o resultado, não o evita, e responde pelo resultado ocorrido.

Crime material – requer resultado naturalístico, separado da ação, descrito na lei ou implícito na descrição

Crime formal – consuma-se com a ação descrita em lei, independente do resultado, embora este esteja previsto em lei

Crime de mera conduta – só há na lei a descrição da conduta, não havendo previsão de resultado

Crime Comum – pode ser praticado por qualquer pessoa Crime Próprio – somente pode ser praticado por determinada categoria

de pessoas Crime de mão própria – deve ser praticado pessoalmente pelo agente

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Crime de perigo – se consuma com a simples exposição do bem jurídico a perigo

Crime de dano – se consuma com a efetiva lesão ao bem jurídico Crime instantâneo – sua consumação é imediata, não se prolonga no

tempo Crime permanente – a consumação se perpetua no tempo, enquanto

durar a conduta Crime habitual – é aquele que, por sua natureza, necessita de certa

habitualidade para sua consumação Crime mono (ou uni)subjetivo – é o que pode ser praticado por uma só

pessoa Crime plurissubjetivo – necessita de mais de uma pessoa para ser

praticado (concurso necessário) Crime multitudinário – cometido por multidão, em tumulto, organizada

de forma espontânea Crime unissubsistente – realizado mediante um só ato Crime plurissubsistente – é o crime que ser realiza por vários atos Crime doloso – é aquele que desejando o resultado ou assumindo o

risco de produzi-lo. Crime culposo – é aquele que o agente comete desobservando um

dever objetivo de cuidado (através de imperícia, imprudência ou negligência), produzindo um resultado não desejado pelo agente.

Crime preterdoloso – é aquele em que a conduta do agente gera um resultado mais grave que o pretendido inicialmente

Crimes qualificados pelo resultado – aquele que apresenta um resultado mais grave, previsto em lei, capaz impor sanção penal mais severa

Crime uniofensivo – aquele que atinge somente um bem jurídico Crime pluriofensivo – aquele que lesa mais de um bem jurídico Crime simples – aquele que, da análise do tipo, só possível extrair uma

infração penal Crime complexo – aquele em que ocorre a fusão dois tipos penais Crime conexo – guarda relação, nexo, com outro crime Crimes de ação múltipla – compostos de tipos alternativos, que

descrevem várias condutas Crime de atentado – aquele em que a tentativa é punida com a mesma

pena do crime consumado, sem nenhuma redução Crime de forma livre – é o que pode ser praticado por qualquer meio

apto a alcançar o resultado pretendido Crime de forma vinculada – é aquele em que o tipo penal descreve o

modus operandi do delito Crime transeunte – aquele que não deixa vestígio

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Crime progressivo – é aquele em que o agente, para conseguir o resultado pretendido, precisa passar por outro resultado menos grave

Crime subsidiário – aquele que somente ocorre quando o fato não configurar crime mais grave

Crime acessório – aquele que, para existir, necessita da existência de outro crime.