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ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES COTIDIANO EM MOVIMENTO Cinema, Trabalho e Linguagem Aline Simone Erédia Bruno Pellegrini Bellucci Camila Kawachiya Silveira Daniela Carol Moniwa Reis Gabriela Lancellotti Zapparolli Pupin Leonardo da Silva de Assis Lucas Mendes Martini Marcela Augusta Rodrigues de Moraes Marcello Portugal Moura Leal Mariana Garcia Leite Cardoso Rebeca Lourenço Vieira SÃO PAULO 2006

1 - Cotidiano Em Movimento

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ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

COTIDIANO EM MOVIMENTO

Cinema, Trabalho e Linguagem

Aline Simone Erédia

Bruno Pellegrini Bellucci

Camila Kawachiya Silveira

Daniela Carol Moniwa Reis

Gabriela Lancellotti Zapparolli Pupin

Leonardo da Silva de Assis

Lucas Mendes Martini

Marcela Augusta Rodrigues de Moraes

Marcello Portugal Moura Leal

Mariana Garcia Leite Cardoso

Rebeca Lourenço Vieira

SÃO PAULO 2006

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Aline Simone Erédia

Bruno Pellegrini Bellucci

Camila Kawachiya Silveira

Daniela Carol Moniwa Reis

Gabriela Lancellotti Zapparolli Pupin

Leonardo da Silva de Assis

Lucas Mendes Martini

Marcela Augusta Rodrigues de Moraes

Marcello Portugal Moura Leal

Mariana Garcia Leite Cardoso

Rebeca Lourenço Vieira

COTIDIANO EM MOVIMENTO

Cinema, Trabalho e Linguagem

SÃO PAULO

2006

Trabalho de conclusão do curso de Língua

Portuguesa, Redação e Expressão Oral I, dos

cursos Publicidade e Propaganda, Biblioteconomia

e Relações Públicas da Escola de Comunicações e

Artes da Universidade de São Paulo.

Prof. Dra. Roseli A. F. Paulino

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................5

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................6 1.1 OBJETIVOS.........................................................................................................................6

1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................6 1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................................6

2 HISTÓRIA DO CINEMA ....................................................................................................7 2.1 CINEMA INTERNACIONAL ..................................................................................................7 2.2 CINEMA NACIONAL .........................................................................................................10 2.3 OS GÊNEROS DE CINEMA .................................................................................................15

2.3.1 Documentário ..........................................................................................................15 2.3.2 Documentário no Brasil ..........................................................................................17

2.4 PANORAMA DO CINEMA NACIONAL NA ATUALIDADE ......................................................20

3 O PROCESSO CINEMATOGRÁFICO ...........................................................................23 3.1 TRANSFORMAÇÕES NO TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE CINEMA.................................23

3.1.1 Os pioneiros.............................................................................................................23 3.1.2 Etapas de produção e novas tecnologias ................................................................26

4 ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO SELECIONADO: FALA TU .................................29 4.1 ANÁLISE DA LINGUAGEM E FOTOGRAFIA .........................................................................29

4.1.1 Técnica, Produção e Considerações .......................................................................29 4.1.2 O enredo, as personagens e o cotidiano .................................................................31 4.1.3 A música ..................................................................................................................32 4.1.4 A Linguagem............................................................................................................33 4.1.5 A situação de trabalho.............................................................................................47

5 CONCLUSÕES....................................................................................................................50

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................52

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .......................................................................................53

APÊNDICE I – Modelo de questionário de classificação socioeconômica utilizado ........54

APÊNDICE II – Perguntas utilizadas na entrevista com a população..............................55

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APÊNDICE III – Transcrição de entrevistas – CLASSE A ...............................................56

APÊNDICE IV – Transcrição de entrevistas – CLASSE B ...............................................59

APÊNDICE V – Transcrição de entrevistas – CLASSE C.................................................61

APÊNDICE VI – Transcrição de entrevistas – CLASSE D ...............................................63

APÊNDICE VII – Transcrição de entrevistas – CLASSE E..............................................65

APÊNDICE VIII – Cenas do documentário decupadas .....................................................67

APÊNDICE IX – Entrevista com a produtora Mara Mourão ...........................................76

APÊNDICE X – Questionários de classificação socioeconômica respondidos .................80

ANEXO I – Entrevista de Nathaniel Leclery ao site CINEWEB.....................................132

ANEXO II – ANCINE – Lista de lançamentos nacionais 2005........................................136

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APRESENTAÇÃO

Esta monografia surgiu a partir de uma proposta apresentada pela Profª. Drª. Roseli A.

Fígaro Paulino em sala de aula. Proposta que tem por objetivo analisar, dentro dos veículos de

comunicação do Brasil, o aparecimento do tema trabalho.

O veículo de comunicação escolhido por nosso grupo para realizar tal estudo é o

cinema, em especial o cinema Documentário. Um breve relato da história do Cinema

internacional e nacional será apresentado, sendo direcionada esta monografia às mudanças

ocorridas na sétima arte relacionadas ao tema central de pesquisa: o trabalho.

Nossa produção apresenta um material de grande riqueza em questões

socioeconômicas que envolvem nosso país. Não nos aprofundaremos a essas questões, mas

nosso trabalho é passível de apreciação para que se possa entender um pouco mais a realidade

que muitos cidadãos brasileiros vivem em seu cotidiano.

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1 INTRODUÇÃO

Desde sua chegada ao Brasil, o cinema sofre transformações geradas pelo meio

socioeconômico que o envolve. Nosso objeto de pesquisa é analisar estas mudanças

relacionadas ao campo de trabalho, ou seja, ocorridas nos processos produtivos, técnicos,

profissionais das pessoas envolvidas no fazer Cinema. O material utilizado para análise desta

questão é o documentário Fala Tu, de Guilherme Coelho.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo da monografia é analisar as mudanças que ocorreram no Cinema referentes

ao tema trabalho. Será explorado dentro do documentário Fala Tu questões envolvidas ao

tema de pesquisa, mostrando como este é apresentado ao público.

1.1.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos do trabalho são:

• Estudar a linguagem utilizada pelo meio de comunicação Cinema ao abordar o

tema trabalho;

• Analisar a fotografia do documentário, buscando relacionar sua concepção com o

objeto de estudo.

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2 HISTÓRIA DO CINEMA

Para que possamos entender mais sobre o veículo de comunicação cinema, traçaremos

uma divisão apresentando sua origem e seu processo de introdução no país. Observamos que,

assim como outros veículos difusores de entretenimento e informação, o cinema é criação e

apreciação de esforços gerados pelo ser humano.

2.1 Cinema Internacional

Em 28 de dezembro de 1895, deu-se em Paris, capital da França, a primeira

apresentação pública de um inovador aparelho chamado Cinematógrafo. Inventado pelos

famosos irmãos Lumière, a mostra do mecanismo que mudaria a história da captação de

imagens alastrou-se rapidamente pela Europa e resto do mundo. Filmes lançados pelos irmãos

tiveram forte influência sobre a cultura da época e são considerados marcos relevantes para a

história do Cinema, como “L’Arrivée d’un train en gare de la Ciotat”, além de algumas das

primeiras tentativas de filmes cômicos, como o humor pastelão “L’Arroseur Arrosé”. Os

filmes não envolviam – em sua maioria – a participação de pessoas em atuação. Havia o

trabalho no momento da produção que, com o passar dos anos, passou a exigir um número

maior de participações. Com o desenvolvimento de técnicas na sétima arte, a França pôde

conquistar o posto de mais dinâmico da Europa continental em termos de público, de número

de filmes produzidos e de receitas geradas por suas produções. Como prova da grande

indústria cinematográfica francesa, há vários festivais de premiação de filmes, como o

Festival de Cinema de Cannes, o Festival de Cinema de Avoriaz, o Festival de Cinema

Gérardmer, entre outros.

Influenciados pelo desenvolvimento do Cinema na França, outros países europeus

acompanharam as inovações. A Alemanha, por exemplo, foi berço de grandes estéticas

artísticas e vanguardas plásticas. Logo após o término da Primeira Guerra Mundial, a

cinematografia alemã alcançou ligeiro sucesso econômico, motivada pela desvalorização do

Marco alemão que tirou dos produtores estrangeiros a vontade de exportarem para a

Alemanha, possibilitando o crescimento da sétima arte no país. Sua indústria de filmes

caracterizava-se através de uns poucos consórcios financeiros, mas obteve grande

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desenvolvimento interno. Entretanto, começou a haver uma falta de condições para o

patrocínio da nascente sétima arte, o que fez com que o consórcio “Hugenberg” passasse a se

interessar na solução do problema e conduzisse a indústria cinematográfica com objetivos de

publicidade política. Dois meses depois da tomada do poder por Hitler, Joseph Goebbels –

chefe da propaganda nazista –, comunicava o interesse ativo do novo governo em tudo que se

referia à sétima arte, leis que colocavam a censura sob direção autoritária, enrijecia os seus

princípios e se estendia a todo o processo de produção desde o “script ” até ao filme

finalizado. O governo nazista privou o Cinema alemão de todas as suas conquistas anteriores.

A idéia de uma “revolução nacional” não chegou a inspirar nenhuma obra cinematográfica,

como também, sob a ditadura, qualquer formulação crítica, mesmo no domínio meramente

publicitário do Cinema, era de todo impossível. O término da guerra libertou o Cinema

alemão da ditadura da arte do “Terceiro Reich”, porém não do conformismo e da esterilidade

de seus autores e diretores. Na medida em que se voltavam para temas atuais, o que, aliás,

acontecia raramente, permaneciam, contudo presos à apologia sentimental da mesma

passividade política que lhe havia dado projeção. A evolução do trabalho na indústria

cinematográfica alemã foi lenta. No início, as poucas técnicas e as vanguardas artísticas

minimizavam a participação de pessoas, uma vez que o enredo e a arte dramática não eram

bem desenvolvidos. A história cinematográfica alemã pós-nazista comprova que a ascensão e

queda da arte cinematográfica podem estar profundamente relacionadas ao desenvolvimento

econômico, social e político.

Seguindo a mesma linha do cinema da Alemanha, a Espanha possuiu um

desenvolvimento pautado em repreensões por parte de governos totalitários. Apesar de ter

originado-se como uma parceria entre Luis Buñuel e Salvador Dalí no filme “Un Chien

Andalou e L'Age d'Or”, uma espécie de “Cinema Oficial do da Ditadura Franquista” surgiu.

Com o fim do regime ditatorial, o cinema pôde se desenvolver, fazendo com que nomes

marcantes do setor, como Pedro Almodóvar e Julio Medem, aparecessem no cenário mundial,

com verdadeiras obras de arte ousadas e criativas.

Entretanto, ao mesmo tempo em que o cinema europeu se desenvolvia grandemente,

um país localizado no Pacífico já havia iniciado suas técnicas na sétima arte. O cinema

japonês possui uma história que se estende por mais de 100 anos. Originou-se com uma

produção de filmes mudos, o que fazia com que a maior parte das salas de cinema japonesas

da época empregasse os chamados “benshi” – narradores cujas leituras dramáticas

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acompanhavam o filme – e a música, que era, como no Ocidente, tocada ao vivo. Uma grande

quantidade de atores e atrizes surgiu, possibilitando maiores estudos na arte dramática

japonesa. Entretanto, o Terremoto de 1923, o Bombardeio Aliado a Tóquio durante a Segunda

Guerra Mundial, assim como os efeitos naturais do tempo e da umidade do país nas frágeis

películas destruíram a maior parte dos filmes realizados no período. Mas, como ocorre intenso

desenvolvimento em técnicas cinematográficas no Japão, novos e mais modernos filmes

puderam ser lançados, complementando ainda mais o cinema com produções elaboradas em

conotação artística e efeitos especiais.

Já no continente americano, o grande representante é, indubitavelmente, a Hollywood

dos Estados Unidos. Uma das maiores potências do cinema mundial, exportando não apenas a

arte cinematográfica americana, mas uma dominação econômica e cultural, mesmo que, desde

a década passada, seus filmes tenham apresentado novas temáticas, antes consideradas tabus,

como homossexualismo, racismo e até questionamentos sobre as políticas interna e externa

dos então governantes. Possuem uma das mais bem sucedidas indústrias de entretenimento do

mundo. A influência do cinema norte-americano no resto do mundo é avassaladora e

permanece, geralmente, como uma referência para o público que, em termos gerais, prefere

esta cinematografia aos filmes do seu país. Em Los Angeles, na Califórnia, os estúdios

começaram a instalar-se numa zona pacata da cidade: a futura Hollywood. Antes da Primeira

Guerra Mundial, os filmes eram feitos em várias cidades dos Estados Unidos, mas já se

notava uma certa atração em relação ao sul da Califórnia, que foi aumentando com o

desenvolvimento da indústria. David Wark Griffith e o seu “The Birth of a Nation” é

considerado, quase unanimemente, o verdadeiro pai desta cinematografia, ao definir as regras

e a linguagem própria da sétima arte.

Outros continentes têm obtido um verdadeiro “boom” na indústria cinematográfica. A

mundialmente conhecida Bollywood, localizada na cidade de Bombaim, Índia, iniciou seu

fenomenal crescimento na sétima arte a partir dos anos 70. Utilizando um vasto número de

atores, a Bollywood chega a produzir, por ano, cerca de 900 filmes. Como são faladas várias

línguas no país, as mais utilizadas têm sua própria indústria cinematográfica: Urdu /Hindi ,

Bengali , Tamil , Telugu , Malayalam , Kannada . Alguns filmes como “Monsoon Wedding”,

“Lagaan” e “Mission Kashmir” são exemplos de filmes exportados de Bollywood.

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Porém, cabe citar o mais novo país a receber a qualificação de maior produção de filmes:

Nigéria. Batizada de Nollywood, chega a produzir 1200 filmes por ano. Com uma indústria

que começou – e continua – com uma produção caseira, a Nigéria faz uso da recente

tecnologia digital, que permite captar e editar imagens sem maiores técnicas, trabalhando em

um computador. A distribuição atinge vasta parte da população por meio de vendas em

barracas de camelôs e a preços acessíveis. Além dos habitantes nigerianos, a cinematografia

do país atinge outros lugares, como vizinhos africanos e a Europa. Não há apoio

governamental, como na Índia, mas a produção movimenta aproximadamente 200 milhões de

dólares anuais, superada, apenas, pela indústria petrolífera.

2.2 Cinema Nacional

O cinema chegou ao Brasil pouco depois de sua invenção nos Estados Unidos e

França. A primeira sessão pública ocorreu no Rio de Janeiro, aproximadamente entre os anos

de 1895 e 1896. Naquele período, devido à proclamação da republica em 1889, o Rio de

Janeiro era o principal centro cultural do país, sendo que uma considerável quantia de

recursos financeiros do Estado era destinada ao desenvolvimento de ações que promovessem

a cultura, seguindo os modelos das repúblicas européias.

Os primeiros filmes aqui rodados foram exibidos em formato preto e branco/cinema

mudo. Transmitidos em casas de espetáculos, que também apresentavam outros eventos

como: números de mágicas, canções, circo, danças, entre outros. As pessoas responsáveis

pelas primeiras transmissões de Cinema no Brasil eram imigrantes, que traziam fitas em suas

viagens e transmitiam ao público os materiais de outros países.

Em 1907, as primeiras casas cinematográficas do país eram construídas. Casas geradas

a partir de modelos arquitetônicos com a capacidade de suportar um grande número de

pessoas, sendo que muitas delas possuíam de 500 a 600 lugares. Esses recintos eram vistos

como um ambientes de visitação destinado a uma pequena parcela da população, devido o alto

preço que se cobrava para assistir a um filme. Numa comparação de valores monetários, feita

pelo fotógrafo Gilberto Ferrez, observa-se: “a entrada custava mil réis, - bastante, se

consideramos que uma caixa de fósforos custava 100 e o bonde 200 réis”. (SALEM, 1988,

p.10).

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Assim, a este veículo de comunicação, foi atribuída a imagem de que seu consumo

proporcionava status em sociedade, ou seja, participar das primeiras apresentações de

películas no Brasil era confirmar superioridades econômicas e financeiras de famílias que

arrendavam grandes valores de capital produzidos no país.

No início do século XX, o Rio de Janeiro já produzia os primeiros filmes brasileiros.

Películas com cenas de centros urbanos, praias, florestas e todo material que poderia

apresentar a imagem do país para o mundo. Nesse período eram de grande valor os filmes que

mostravam nossos cenários pitorescos, que muito agradavam o público no exterior.

Contudo, o eixo de produção cinematográfica do país foi alterado, devido à

ascendência dos comerciantes de café no Oeste de São Paulo. Os fazendeiros passaram a

financiar as produções no sudeste do país. Thomas de Tullio, cinegrafista da época, apresenta

como eram feitas as primeiras filmagens em São Paulo, e como ganhava rendimentos com o

trabalho desenvolvido:

“Tratava-se de um negócio a metro. Eu fiz muito disso. Fui para as Fazendas – naquele tempo os fazendeiros do café estavam ganhando muito dinheiro e naturalmente eles não tinham dúvidas em fazer um filme. A gente dizia quanto custava o metro do filme – assim uns 150 metros fazíamos um filme – e calculávamos quanto ia custar. Então, eu filmava as vistas da propriedade, a sede da fazenda, a família, depois a boiada, os colonos, botava letreiros. E aí eu ia tentar exibir no Cinema. Eu vivia muito bem fazendo essas coisas. Tinha dois vendedores, que iam sempre as fazendas e diziam para os fazendeiros “O senhor tem uma fazenda bonita, não quer fazer um filme?” (SALEM, 1988, p.14).

Gradativamente o Cinema nacional foi se aperfeiçoando, indo das produções

artesanais – chamados Ciclos Regionais –, para as grandes filmagens. Um dos principais

fatores que impulsionou tal mudança foi à introdução de indústrias em São Paulo, gerada

pelas crises do café e internacionais – queda da Bolsa de Nova Iorque em 1929. Neste mesmo

ano chega ao Brasil às primeiras filmagens que fundiram som e imagem.

Com a revolução de 1930, os meios de comunicação foram transformados em

instrumentos para a propaganda governamental. Tal utilização implicou a reiteração de

normas e padrões sociais e políticos que visavam à obtenção de uma sociedade

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desmobilizada. Com o golpe de 1937, o Cinema passou a ser um poderoso componente para a

manutenção do poder político, a chamada máquina de propaganda. Neste contexto foi criado

o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que tinha por objetivo sistematizar a

propaganda e exercer o poder de censura aos meios de comunicação.

Contudo, mesmo nesse contexto histórico, grandes estúdios foram construídos no país.

Muitos cineastas chamam esta fase de produção do Cinema nacional de Bela Época. Destaque

para os estúdios da Cinédia (1930), Atlântida (1941) e a Vera Cruz (1949). Obras importantes

foram filmadas, com destaque, respectivamente, para os filmes encenados por Carmem

Miranda, Grande Otelo e Amâncio Mazzaropi. Anselmo Duarte, galã de filmes pela Vera

Cruz, conta-nos como era seu trabalho naquele período.

“Sinto muita saudade daquele tempo. Porque havia muito otimismo quando fazíamos aqueles filmes. E um otimismo geral. O Franco Zampari nunca deixava transparecer os seus graves problemas financeiros com a companhia – que para nós, até então, não existiam. Nós éramos muito bem pagos, e pontualmente. Estávamos certos de que fazíamos o melhor Cinema do mundo”. (SALEM, 1988, p.80).

Após essa fase áurea do Cinema nacional, ele sofreu grandes abalos econômicos

financeiros devido ao monopólio das produções oriundas dos estúdios de Hollywood.

Portanto, para sua sobrevivência, os cineastas brasileiros procuraram novas alternativas para

se adaptar às vicissitudes e realidades. O contexto mostrou-se favorável á produção de

documentários e de cinejornais, ambos com roteiros centrados no universo temático nacional.

Abre-se espaço para o aparecimento do Cinema independente, Cinema novo. Tanto os

documentários como cinejornais passaram a funcionar como um nicho de mercado capaz de

manter a continuidade da produção cinematográfica do país.

O cinema novo foi idealizado por jovens, que propunham a realização de projetos

independentes de autor, com temas nacionais, cenários do cotidiano e sem grandes

investimentos. Sua base teórica, por assim dizer, era estruturada na forma de questionamento

e na tentativa de modificação da realidade brasileira através da análise e denúncia, como

destaca o expoente máximo deste movimento Glauber Rocha:

“Nós não queremos Eisenstein, Rossellini, Bergman, Fellini, Ford, ninguém. Nosso cinema é novo não por causa da nossa idade (...). Nosso cinema é

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novo porque o homem brasileiro é novo e a problemática do Brasil é nova e nossa luz é nova e por isto nossos filmes nascem diferentes dos cinemas da Europa. Nossa geração tem consciência: sabe o que deseja. Queremos fazer filmes antiindustriais; queremos fazer filmes de autor, quando o cineasta passa a ser comprometido com os grandes problemas de seu tempo; queremos filmes de combate na hora de combate e filmes para construir um patrimônio cultural”. (Gomes, 1997, p. 135).

Em 1954, Nelson Pereira dos Santos, outro grande representante deste movimento,

realizou seu primeiro longa metragem, chamado Rio, 40 Graus. Obra que causou grande

impacto no Estado nacional, pois apresentava uma realidade que até então estava afastada das

grandes telas, ou seja, uma apresentação dos centros periféricos e suas condições sociais.

Neste mesmo período de enfraquecimento dos grandes estúdios, chega ao Brasil um

veículo de comunicação que ocuparia o espaço de outros, como o rádio e o cinema, que já

eram presentes em território nacional. Trata-se da televisão. Ela foi um marco na difusão do

entretenimento e informação a população, o que gerou um grande impacto em outras mídias

que realizavam estes serviços, como apresentado por Luís Milanesi:

“A televisão passou a funcionar regularmente a partir dos anos 30 do século XX, mas foi só a partir da década de 50 que ela suplantou o rádio em audiência, importância cultural e atuação como força econômica”. (MILANESI, 2002, p. 42).

Milanesi apresenta o rádio por ser ele o veículo de comunicação com maior alcance

entre os cidadãos brasileiros, mas o advento da televisão também afetou o cenário

cinematográfico do país. A televisão alterou substancialmente o envio de recursos financeiros

do governo ao Cinema, que até então recebia certo incentivo. Empresários e investidores

observaram que o mercado televisivo era de potencial valor econômico, principalmente por

individualizar necessidades diversas a população. Também se constatou a facilidade de uma

transmissão simultânea – em diversos pontos geográficos –, com custos relativamente baixos

quando comparados às produções cinematográficas, que ao contrário do sistema televisivo se

concentrava nos grandes centros econômicos do Brasil.

Após o golpe militar em 1964, o governo sinalizou objetivamente no sentido de

intervir na cultura, tanto por meio de incentivos, como mediante os órgãos de censura. Dessa

forma, em 1966, foi criado o Instituto Nacional de Cinema (INC). Suas funções básicas eram

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estimular o desenvolvimento do cinema no país, formular e executar a política governamental

relativa ao processo de produção, importação, distribuição e exibição de filmes no Brasil e no

exterior. Em 1969, tais atribuições foram transferidas para a Empresa Brasileira de Filmes

(EMBRAFILME), que marcou a passagem ao poder Executivo da tarefa de gerenciar as

atividades cinematográficas no país.

Seguindo está lógica histórica, o golpe militar foi um fator negativo para a liberdade

de expressão no cinema nacional. Departamentos de censura proibiram a produção e

apreciação de obras que não condiziam aos interesses do Estado. Nelson Pereira dos Santos

apresenta como foi esse período:

“É difícil se perguntar hoje quais foram às perdas culturais provocadas pelo golpe de 64 e a ditadura. Um tempo perdido. Os projetos que não foram feitos, ou aqueles que nem foram projetados, e quantas pessoas desviadas da atividade cultural”. (SALEM, 1988, p.131).

Tem-se assim uma maior produção do Cinema de contestação, engajado em práticas

políticas. Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, entre outros, foram grandes

idealizadores dessas produções, que sofreram repressão pelos departamentos da ditadura. No

seu grande momento de produção, o cinema Novo foi atingido pelo impacto do golpe de 64 e

a repressão que se seguiu. Apesar do clima adverso, o cinema brasileiro resistiu e se adaptou

aos novos tempos do regime, consolidando, mesmo nestes moldes, uma indústria

cinematográfica no país.

Após a abertura do regime político na década de 80, um incentivo maior por parte do

Estado foi oferecido ao cinema nacional. Foram criadas Leis que propiciam a formação de

obras cinematográficas no país, com o objetivo de desenvolver a cultura em território

nacional. Incentivos que são de fundamental importância, visto que o cinema é produto de

entretenimento e informação à população. Foi criada, em 2001, a Agência Nacional do

Cinema (ANCINE), órgão oficial de fomento, regulação e fiscalização das indústrias

cinematográfica e videofonográfica do país, órgão do governo dotado de autonomia

administrativa e financeira. Veremos mais do como está o cenário atual do cinema no Brasil

no panorama feito sobre a situação do cinema hoje.

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2.3 Os gêneros de Cinema

A produção cinematográfica se divide em diferentes gêneros, cada um com um

processo de produção específico a fim de alcançar um objetivo. Entre os diversos gêneros

temos o de terror, comédia, romance, ação, suspense, documentário, entre outros. Sendo o

gênero documentário objeto de nossa pesquisa, iremos apresentar uma definição do seu

conceito e sua trajetória histórica.

2.3.1 Documentário

Filme produzido geralmente em curta metragem, o documentário registra, comenta ou

mesmo interpreta um fato, um ambiente, ou uma determinada situação.

Captar e reproduzir a realidade são os principais processos que caracterizam e

diferenciam um documentário de um método cinematográfico convencional. Estes processos

são obtidos através de entrevistas e de captação direta de imagem e som, ou seja, o maior

realismo possível transformado em registro da realidade. Entretanto, o documentário pode

também atuar como instrumento de reflexão a respeito da realidade, deste modo, integram-se

ao documentário as opiniões, os comentários e as interpretações de seus realizadores,

produzindo, a partir da realidade, linhas de pensamento que conduzem o telespectador a uma

reflexão pré-concebida.

Os primeiros filmes foram documentários, pelo simples fato de serem gravações de

acontecimentos reais. O terremoto de 1906 em São Francisco, os vôos dos irmãos Wright na

França, em 1908, e a erupção do vulcão Etna na Sicília, em 1910 são exemplos disso. Como

mencionado anteriormente, apesar do documentário ser um gênero que se caracteriza pelo

compromisso com o registro da realidade, não seria certo afirmar que ele a retrata fielmente,

mais sim que possui maior comprometimento com esta do que a ficção. Ainda assim seu uso

mostra-se extremamente relevante no estudo de determinados momentos da humanidade por

historiadores e pesquisadores.

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Há uma certa polêmica, mas costuma-se classificar as curtas gravações dos irmãos

Lumière como os primeiros documentários feitos no mundo: La Sortie des ouvriers de l'usine

Lumière (Saída dos operários das Fábricas Lumière) ou Le Déjeuner de Bébé (O almoço do

bebê).

Com a ascensão dos filmes de ficção, o documentário só teria sua importância revista

com o trabalho de Robert Flaherty, de 1922, chamado de Nanook of the North, um estudo

sobre a vida dos esquimós na Baía de Hudson, tornando-o pai do filme antropológico. Sua

importância passa pelo fato de que foram incorporadas à narrativa, cenas próprias da ficção. O

diretor não hesitou em reconstituir as cenas que queria filmar, pedindo a Nanook e à sua

família que representassem os seus próprios papéis: a preparação das refeições, a construção

de um iglu, a caça de uma foca.

Na direção oposta e seguindo o princípio base do documentarismo de registro dos

acontecimentos in loco, Dziga Vertov desenvolveu em 1918, na extinta União Soviética, uma

segunda vertente do gênero que, ao contrário da teoria flahertyana, pretendia captar as pessoas

na vida cotidiana sem interferências, de modo bastante espontâneo. Foi ele o fundador do

Cinema-Verdade, tradução da palavra russa Kono-Pravda. Vertov inovou o estilo de captação

das imagens, com o “cine-olho”, em que a câmera era o olho do mundo. Defendeu, a partir de

1920, a abolição da mise em scène dos atores, dos estúdios, para que o Cinema captasse a

vida de imprevistos, sem que as próprias pessoas filmadas se apercebessem da câmera.

Nas décadas de 30 e 40 a arte de filmar documentários atingiu seu auge na Inglaterra,

com o diretor escocês John Grierson, ao qual é creditado o uso do termo documentário. Foi

criador da Escola Britânica de Documentários, a primeira do tipo no mundo, e recebeu,

inclusive, suporte governamental para rodar filmes como: Song of Ceylon (1934), Housing

Problems (1935), e Night Mail (1936). O surgimento da gravação de sons simultaneamente à

de imagens passou, então, a revolucionar a área, possibilitando uma captação mais fiel da

realidade. Era a concretização do ideal de Vertov, passando o documentário a ter outras

denominações: Cinema Verdade ou Direto.

Quanto à classificação, pode-se dizer que os documentários são divididos em:

clássicos e modernos. Os primeiros são caracterizados por terem como referência os

ensinamentos da Escola Britânica de Grierson, baseadas em ilustrações e narrações

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construídas com finalidades, na maioria das vezes, institucionais. Em outras palavras,

constituem-se de imagens rigorosamente compostas, fusão de música e ruídos, montagem

rítmica e comentários em voz off despersonalizada. Já os últimos, presença hegemônica na

produção brasileira desde a década de 60, buscam uma interação com o público alvo, de modo

a lhes despertar o senso crítico e permitir interpretações variadas, de acordo com a realidade

de cada espectador.

Ainda, podem ser citados os modelos expositivos, que seguem a linha clássica de

Grierson, em que há um controle do conteúdo, mostrando-o sob determinado ponto de vista,

com fins meramente educativos; observacional, que se diferencia do expositivo pela ausência

de narrador, reconhecendo que a câmera deve passar despercebida pelos acontecimentos;

interativo, em que o autor dá o seu parecer sobre os temas retratados; e, finalmente, o

reflexivo, que possui intervenção ideológica do autor, podendo este participar ativamente do

filme. Segundo Sebastião Squirra, jornalista e mestre em comunicação pela Escola de

Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), ainda há duas últimas

divisões dos documentários: de compilação, que se constitui basicamente de partes do acervo

de emissoras televisivas, museus e organismos governamentais; investigativo, que concentra

sua atenção em situações, como o do caso Watergate, possuindo um foco jornalístico; e, por

fim, cultural, que se centra no indivíduo, demandando grandes custos e, talvez por isso, seja

tão raro de se ver.

Portanto, o documentário constitui-se em documento histórico, representando a

realidade com certa parcialidade, inerente a qualquer expressão artística humana,

independente da interferência, direta ou não, do autor, sobre o andamento da narrativa.

2.3.2 Documentário no Brasil

Concebida junto com o cinema mudo brasileiro, a produção documentária constitui, a

partir desse panorama, uma atividade lucrativa que obtém dos picos de produção e depressão

do próprio cinema, uma estabilidade significativa como meio comunicativo e recreativo. Esse

domínio exclusivo do documentário sobre a produção cinematográfica brasileira durará até

1907.

Page 18: 1 - Cotidiano Em Movimento

18

Por volta de 1895, seu provável início, os documentários simplesmente retratavam a

vaidade e o poder das distintas famílias burguesas que bancavam a produção das filmagens

em suas fazendas e empresas. Filmagens de visitas, viagens e chegadas de autoridades eram

também realizadas nesses registros visuais.

Durante esse início e até o período dos anos 30 e 40, além de retratar o

desenvolvimento das principais cidades e das regiões do país, o documentário mudo brasileiro

se destaca, em outras realizações, por estes importantes registros históricos: a Revolta dos

Marinheiros em novembro de 1910 no Rio de Janeiro, o fim da Primeira Guerra Mundial, a

Revolta do Forte de Copacabana em 1922, os confrontos sangrentos no Rio Grande do Sul em

1923, a Revolução Paulista de 1924, a Revolução de 1930 e o Movimento Constitucionalista

de 1932, além dos primeiros registros do Carnaval.

Com o advento do documentário sonoro, meado dos anos 30, políticas públicas de

incentivo, como o decreto de 1932 – que instaura a obrigatoriedade de exibição de curta-

metragem –, além da criação do Instituto Nacional do Cinema Educativo (INCE), consolidam

cada vez mais a realização dos documentários. Nesse novo cenário, surge com uma produção

significativa o documentarista Humberto Mauro. Com o Serviço de Informação getulista são

produzidos dezenas de curtas através do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e do

Ministério da Agricultura. Cresce também a produção da Cinédia que, aproveitando o decreto

de 1932, distribui diversos cinejornais e documentários. Porém, nos primeiros anos da década

de 40, a produção documentária do reduz-se bastante devido à guerra.

Nos anos 50, destaca-se a realização de documentários educativos, promocionais e

científicos, estes representados, por exemplo, pela fundação da Filmoteca Médico-Cirúrgica

Brasileira, com mais de 300 fitas. Outro fator de destaque ocorrente nesta década é a crescente

produção de documentários independentes.

A partir dos anos 60, com uma nova concepção cinematográfica brasileira, - Cinema

Novo – os conceitos do documentário estão estruturados e empregados nessa nova forma de

expressão. A geração cinemanovista introduz e mescla as técnicas do documentário às

técnicas decorrentes do cinema-verdade e, desta forma, também constitui um novo processo

na realização dos documentários, como explica Glauber Rocha:

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19

“É em geral, um tipo de documentário em que se usa o som direto, entrevistando pessoas, personagens, e recolhendo som da realidade, fotografando de uma forma direta, procurando captar o maior realismo possível. Daí a palavra verdade, ou seja, um tipo de documentário que procura pelo som direto e pela imagem refletir uma verdade, uma realidade”. (Gomes, 1997, p.161).

Nesta época, destacam-se os trabalhos do próprio Glauber Rocha em Amazonas,

Amazonas (1965), Maranhão 66 (1966), de Joaquim Pedro em Garrincha, alegria do povo

(1962) e de Paulo Gil Soares em A morte do boi (1969), entre outros.

Entre os anos 60-70, a produção documentária também passa pelo registro das

tradições populares, na procura de uma identidade nacional. Essa produção é praticamente

financiada pelo mecanismo da política cultural desenvolvida pelo MEC, através de seus

órgãos executores como: Funarte, Departamento de Assuntos Culturais e, principalmente,

Embrafilme.

Já nos anos 70, ainda influenciada pelo cinema verdade, a produção de documentários

adquire uma notória popularidade através da televisão. Tanto a TV Cultura quanto a TV

Globo buscam em seus noticiários um maior canal de comunicação com a população,

recorrem ao cinema verdade, agora, o “cinema de rua”, utilizam um microfone e uma câmera

na rua para estabelecer uma maior relação de aproximação com a população. Outro fato

importante é a criação, em 1973, da atuante Associação Brasileira de Documentaristas (ABD).

O passo adiante dado pelo gênero documentário é correspondente à fase democrática

dos anos 80. Nela é abordada uma nova forma de narrativa condensada e relacionada

principalmente em personagens políticas e personalidades históricas, um estudo a partir de

antigos documentários no desenvolvimento e na concepção de novos registros. Podemos citar:

Anos JK — uma trajetória política (1980), Jango (1984) de Sílvio Tendler; Jânio a 24

Quadros (1981) de Luiz Alberto Pereira; Jânio vinte anos depois (1980) de Sílvio Back.

Nos anos 90, após um longo período marcado pela falta de políticas governamentais e

pela grande crise econômica, caracterizadas principalmente no Governo Collor, tanto as

produções no documentário como no cinema atinge números reduzidos e de pouca expressão.

Porém, a partir de 1995, a produção cinematográfica é retomada e documentaristas como João

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20

Moreira Salles, Ricardo Dias e Mônica Schmiedt, entre outros, marcam uma nova fase de

reestruturação e consolidação do documentário brasileiro.

2.4 Panorama do Cinema nacional na atualidade

Após a criação da Agência Nacional do Cinema (ANCINE) em 2001, a produção

cinematográfica no país recebeu grande incentivo por parte do Governo Federal. Sucessivos

projetos e leis foram criados com o objetivo de aumentar a produção de filmes no país. Com

essa prática, resultados foram alcançados e grandes sucessos de bilheteria produzidos deste

então. Alguns exemplos de filmes como Carandiru, Cidade de Deus, Lisbela e o Prisioneiro,

Dois filhos de Francisco, Vinicius, entre outros, fazem parte dessa nova fase do cinema

brasileiro.

Essa retomada da produção cinematográfica nacional já traz bons resultados. Em

dados coletados pela ANCINE, no ano de 2005, a produção de filmes no país gerou um lucro

de 77.535.817,50 de reais (ver Anexo II), sendo produzidos nesse período 42 filmes. Se

levarmos em consideração os dados anteriores a criação da ANCINE, vemos quão importante

é sua atuação. Como apresenta Gabriel O. Alvarez:

“Em 1991, oito filmes nacionais e 231 estrangeiros; no ano seguinte, foram lançados oito filmes nacionais e 239 estrangeiros; em 1992 após o fechamento da Embrafilme, foram produzidos apenas três filmes nacionais contra o lançamento de 237 filmes estrangeiros; em 1993, quatro nacionais contra 234 filmes estrangeiros; em 1994, sete filmes nacionais contra 216 estrangeiros; em 1995, com a retomada da produção, 12 filmes nacionais contra 222 estrangeiros; em 1997, 23 filmes nacionais contra 236 estrangeiros e em 1998, 22 filmes nacionais contra 184 estrangeiros”. (ÁLVAREZ, 2005, p.248).

Podemos observar que, no período citado, a produção de cinema no país sofreu sérios

problemas, mas uma retomada neste setor está presente após a criação da ANCINE, como

afirma Sidney Ferreira Leite:

“O cinema nacional vice uma nova fase. Nesse contexto, pode-se afirmar que experimenta uma etapa peculiar no processo de retomada que teve início com as leis de incentivo fiscal”. (LEITE, 2005, p.136).

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21

A ANCINE não tem apenas como objetivo a promoção de filmes no país, mas também

outras atividades como:

• Ampliar e fortalecer os instrumentos reguladores da ANCINE para os

diferentes elos da cadeia produtiva cinematográfica e videofonográfica.

• Aplicar parâmetros econômicos na atividade cinematográfica e

videofonográfica brasileira.

• Promover o desenvolvimento da atividade cinematográfica e videofonográfica

brasileira com vistas à sua maior competitividade nos diferentes segmentos do

mercado.

• Ampliar o acesso do público às obras cinematográficas e videofonográficas

brasileiras.

• Estimular a presença das obras cinematográficas e videofonográficas

brasileiras nos diferentes segmentos de mercados mundiais.

Em entrevista com Caio e Fabiano Gullane, produtores de Bicho de Sete Cabeça,

Castelo Rá-Tim-Bum, Através da Janela, entre outros, é ressaltada a atuação da ANCINE, e a

criação de leis que promovem o cinema nacional:

“A Lei do audiovisual sofreu, desde a sua criação, inúmeros ajustes que a aperfeiçoaram como instrumento de financiamento do nosso cinema. Ela é ainda necessária, enquanto não forem solucionados os problemas de distribuição e exibição que o nosso cinema ainda sofre. A ANCINE foi criada para ajudar a equacionar todos esses problemas. As empresas que investem em cinema estão tendo um retorno institucional surpreendente até para quem é do setor. Isso só as encorajam a investir cada vez mais. Nosso cinema está cada vez mais profissional e isso permite que as empresas planejem melhor seu "retorno de imagem" em cada projeto. Pelo menos é isso que nos dizem nossos principais patrocinadores e parceiros”. (THE GULLANE..., 2006).

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Entre os filmes-documentários, também produções de sucesso tiveram apoio e

investimentos oriundos de fontes governamentais, mesmo que grande parte dessas produções

ainda atravesse dificuldades para receber tal incentivo. Trabalhos como Janela da Alma, Surf

Adventures, Fala Tu, Doutores da Alegria estão entre as produções nacionais mais vistas nos

últimos anos e são frutos desta nova política.

Entretanto, mesmo com o incentivo oferecido pelo governo federal, os produtores de

cinema no Brasil enfrentam alguns problemas. Problemas que se dividem em dois: o pequeno

número de salas de exibição para filmes nacionais e o tempo de exibição dos filmes nos

circuitos versus a vantagem das distribuidoras na transformação para o formato DVD.

Como apresentado pela produtora Mara Mourão, o acesso aos filmes brasileiros sofre

uma grande concorrência com os filmes internacionais (ver Apêndice IX, item 9). Muitas

salas de cinema estão reservadas para exibição de filmes internacionais que trazem receitas –

lucros – às grandes empresas que controlam a exibição de filmes no país.

Outro problema acontece com o tempo de permanência de filmes brasileiros nos

circuitos de exibição. Problema que surge com a popularização do sistema de vídeo em

formato DVD. O tempo mínimo estabelecido para a transformação de um filme em DVD, de

acordo com a ANCINE, é de seis meses. Contudo, essa regra foi quebrada por títulos como

Dois Filhos de Francisco. Viu-se, pela empresa produtora, que a transformação deste filme

para o formato DVD traria um lucro até maior que o arrecadado com sua exibição nas salas de

cinema.

Portanto, o cinema nacional está sofrendo um processo de incentivo por parte de

políticas governamentais. Contudo, ainda os produtores esbarram em problemas como os

apresentados acima. Muito que há o quê se fazer para que o cinema nacional alcance um

maior espaço entre a população brasileira.

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3 O PROCESSO CINEMATOGRÁFICO

Atrelada aos avanços tecnológicos, a produção de filmes sofreu inúmeras alterações

durante sua evolução histórica. As novas tecnologias proporcionaram a criação de películas de

melhor qualidade, mais fáceis de manusear, com câmeras digitais que tornaram o processo de

filmagem mais dinâmico e barato. Além disso, o trabalho dos profissionais envolvidos com o

cinema também sofreu mudanças com a evolução tecnológica.

3.1 Transformações no trabalho dos profissionais de Cinema

3.1.1 Os pioneiros

Indícios históricos e arqueológicos comprovam que é antiga a preocupação do homem

com o registro do movimento. O desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar

a dinamicidade da vida humana e da natureza uma vez que, tinham e ainda têm, o poder de

produzir narrativas por meio de figuras. Em algumas cavernas de Altamira na Espanha foram

encontrados desenhos com mais de 12 mil anos nas quais bisões apresentam oito patas; uma

tentativa clara de seus autores de decompor o movimento desses animais.

O jogo de sombras do teatro de marionetes oriental surge na China, por volta de 5.000

a.C., e é considerado um dos mais remotos precursores do cinema, uma vez que figuras

humanas, animais ou objetos recortados e manipulados são projetados sobre paredes ou telas

de linho, enquanto o operador narra a ação, que quase sempre envolve príncipes, guerreiros e

dragões. Posteriormente, surgiram a câmara escura e a lanterna mágica, bases da ciência

óptica e que tornaram possível a realidade cinematográfica. A Câmara escura é uma caixa

fechada, com um pequeno orifício coberto por uma lente; através dele penetram e se cruzam

os raios refletidos pelos objetos exteriores. A imagem invertida é projetada na face do fundo,

no interior da caixa. A Lanterna mágica, por sua vez, baseia-se no processo inverso da

câmara escura. É composta por uma caixa cilíndrica iluminada à vela, que projeta as imagens

desenhadas em uma lâmina de vidro.

Page 24: 1 - Cotidiano Em Movimento

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Mas, para que o cinema surgisse como é hoje, não bastava saber projetar imagens

sobre um retângulo de pano branco ou sobre o fundo de uma caixa escura. Era necessário

também que as imagens fossem animadas e não imóveis como as das lanternas mágicas. Para

animar essas imagens, precisava-se não somente ter inventado a fotografia, mas ainda realizar

instantâneos e multiplicar tais imagens sobre uma fita transparente, maleável e perfurada, que

mais tarde recebeu o nome de filme.

O cinema não surgiu, portanto, da noite para o dia no cérebro de um inventor genial.

Foi necessário para que nascesse, acumular o trabalho de centenas de investigadores e

curiosos em numerosos países, durante mais de meio século.

A Mesa Posta, primeira fotografia de Niepce, feita por volta de 1823, exigira 14 horas de

pose. Os primeiros objetos utilizados foram naturezas mortas ou paisagens, pois o tempo de

pose necessária em 1839 ainda ultrapassava meia hora. Depois de 1840, esse tempo reduziu-

se para 20 minutos, obtendo-se então os primeiros retratos de modelos maquiados, imóveis e

transpirando ao sol intenso. Logo, bastavam apenas um ou dois minutos. Foi preciso esperar

até 1851, quando surgiu o processo que empregava colódio úmido, para que a fotografia

contasse com clichês de vidro, dos quais se permitia fazer muitas cópias em papel. Com o

tempo de pose reduzido há alguns segundos, surgiu uma nova profissão: o fotógrafo.

Em 1872, um milionário americano fez uma aposta. Ele garantia que, quando o cavalo

galopa, há um momento em que este fica com as quatro patas no ar. O fotógrafo inglês

Muybridge decidiu fazer a demonstração. Colocou lado a lado 24 câmeras fotográficas presas

por fios que, ao serem tocados pelas patas do cavalo, acionavam as máquinas tirando 24 fotos

que registraram todos os movimentos do galope. Ele provou assim que, de fato, há um

momento em que as quatro patas não tocam o chão. Sem o saber, acabou dando um passo

fundamental para o nascimento do cinema.

Marey, um fisiologista francês que estudava os movimentos dos homens e dos

animais, dispôs-se pelos trabalhos de Muybridge e utilizou daí em diante a fotografia em suas

pesquisas. A tarefa se facilitou porque a fotografia inaugurara, depois de 1880, uma nova era

técnica, a do gelatino-brometo de prata que agilizou o processo de captação de imagens. Em

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25

1882, Marey passou a utilizar as chapas de gelatino-brometo em seu Fuzil Fotográfico

(inspirado no Revólver Fotográfico criado pelo astrônomo Janssen em 1876) e em seguida em

seu cronofotógrafo. Seis anos mais tarde, consegue adaptar neste último aparelho os rolos de

películas Kodak, que haviam sido lançados recentemente no comércio, criando, assim, o

primeiro aparelho de filmagem.

Em 1889, Thomas Edison aproveitando os trabalhos de Marey e utilizando as

películas de celulóide fabricadas pelas usinas Eastman-Kodak, conseguiu resultados

importantes que o levaram a conceber o filme padrão perfurado de 35mm, ainda hoje de uso

universal. Em 1894, Edison põe à venda o Quinetoscópio, que é considerado o primeiro

produto da história cinematográfica, consistindo em uma caixa na qual o espectador vê

diretamente as imagens das fitas, ampliadas por intermédio de uma lupa, contendo um filme

quase igual ao filme moderno. Por toda parte, procura-se projetar para o público tais fitas na

tela, e os primeiros êxitos ocorrem nos Estados Unidos, Alemanha e França. Foi na França, na

época em que os pintores impressionistas decompõem o movimento e a luz, que nasceu o

cinematógrafo.

Auguste Lumière (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948) nascem em Besançon,

na França. Filhos de um fotógrafo e proprietário de indústria de filmes e papéis fotográficos,

eram praticamente desconhecidos no campo das pesquisas fotográficas até 1890. Após

freqüentarem a escola técnica, realizam uma série de estudos sobre os processos fotográficos,

na fábrica do pai, até chegarem ao cinematógrafo.

A primeira apresentação do Cinematógrafo Lumière no subsolo do Grand Café, em

Paris, marcou a estréia de uma arte e de uma indústria, que na maior parte dos países, acabou

incorporando a abreviatura do nome do aparelho francês: Cinema.

Os filmes dos irmãos Lumière eram de curta duração (um minuto) e não contavam uma

história. Apenas registravam cenas da vida cotidiana: a chegada de um trem na estação, a

saída de operários da fábrica, a queda de um muro, um bebê sendo alimentado, etc.

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Para os irmãos Lumière, o cinematógrafo era apenas "uma invenção sem futuro", mas

sua apresentação pública marca oficialmente o início da história do cinema.

No começo, o filme era mudo. Não tinha som. Colocavam um pianista no palco para

tocar, dando mais emoção às cenas. O gênio do cinema silencioso foi o inglês Charles

Chaplin, que criou o inolvidável personagem de Carlitos, mescla de humor, poesia, ternura e

crítica social.

Em 1927, o cinema falado causou grandes modificações na linguagem do cinema, e

também alguns problemas: disfarçar o ruído do motor da câmera, afastar alguns atores cujas

vozes eram muito finas (o que, invariavelmente, causava riso no público), etc.

O advento do som, nos Estados Unidos, revolucionou a produção cinematográfica

mundial. Os anos 30 trouxeram a consolidação de grandes estúdios e consagram astros e

estrelas em Hollywood. Os gêneros de filmes diversificam-se e multiplicam-se. Além disso, o

musical acaba ganhando destaque. A adesão de quase todas as produtoras ao novo sistema

abala convicções, causa a não adaptação de atores, roteiristas e diretores e reformula os

fundamentos da linguagem cinematográfica. Diretores como Charles Chaplin e René Clair

estão entre os que resistem à novidade, mas acabam aderindo.

Assim, como inicialmente os filmes não tinham som, eles também só eram filmados a

luz do dia. Os recursos do claro e escuro com a luz artificial são descobertos depois.

3.1.2 Etapas de produção e novas tecnologias

Segundo Andrucha Waddington, diretor que trabalhou nas filmagens de “Eu, Tu,

Eles”, dirigir um filme é: “Uma tarefa árdua, pois ele é constituído por várias etapas, começando na construção de um roteiro, captação de recursos, filmagem, montagem, pós-produção de som e imagem e a tarefa mais difícil de todas é o lançamento, onde o filme passa a pertencer ao público”. (CHAT..., 2006).

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A primeira etapa de produção de uma película é o roteiro – história escrita na língua

do cinema, com todos os seus termos técnicos – e nele devem estar indicados todos os planos,

pontos de vista, enquadramentos, movimentos de câmera, diálogos, ruídos, elementos do

cenário e figurinos, entre outros. O roteiro de um filme muitas vezes é acompanhado de

desenhos que indicam como devem ser os planos, o que facilita sua interpretação correta.

Selecionado o tema, pessoal técnico e artístico pelos produtores e obtido o

financiamento, inicia-se a filmagem, orientada pelo diretor, considerado o autor da obra.

Depois de tudo filmado, ainda há muito trabalho para fazer. Começa a fase da

montagem que é o que imprime o ritmo do filme. Depois da filmagem, onde as cenas são

repetidas várias vezes, o filme é revelado. O montador seleciona os planos melhores, faz os

cortes, colagens e, com recursos técnicos de laboratório, as superposições e trucagens que dão

como resultado efeitos especiais. Antes de filmar cada plano, usa-se a claquete e baseando-se

em suas numerações é que o montador organiza a montagem.

Após a montagem, o montador ou editor tem a tarefa de inserir no filme os diálogos,

ruídos e música, gravados antes, durante ou após as tomadas de imagem. O processo de

acabamento final se chama mixagem, combinação dos processos de gravação que confere ao

filme equalização e sincronização audiovisual (imagem e som). Para a comercialização dos

filmes em idiomas estrangeiros, nos países que não utilizam letreiros sobrepostos ou legendas,

é necessária a dublagem, que substitui as vozes originais por diálogos gravados por

dubladores.

Pronto o negativo do filme, este é multicopiado e comercializado por uma companhia

distribuidora que pode pertencer ao mesmo grupo da produtora ou dedicar-se exclusivamente

à distribuição. Ela se encarrega de alugar o produto a diversas salas de exibição,

acompanhado de material publicitário, repartindo-se as rendas entre produtor, distribuidor e

exibidor, segundo conveniências e normas comerciais que variam de país a país.

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Com as tecnologias digitais, observa-se que muitas mudanças ocorreram no trabalho

dos profissionais de cinema. A moviola, máquina na qual são organizadas, selecionadas,

emendadas e avaliadas as cenas e seqüências dos filmes, formando inicialmente o copião e,

depois, a montagem final, dificilmente é usada atualmente, conforme explica Bruno Freitas:

“Hoje em dia este processo está obsoleto, e por isso todos os que filmam em película, seja em 16 ou 35mm, telecinam seu material para digital, a fim de editarem em ilhas digitais não-lineares. Depois do filme editado, eles levam a marcação do negativo para o laboratório, onde este é cortado e emendado de acordo com a edição feita digitalmente. Depois da emenda, o filme é copiado e tem sua primeira cópia pronta para ser exibida nos cinemas”. (TÉCNICA..., 2006).

Na edição digital, o processo é um pouco diferente: depois de filmar, ou gravar, o

cineasta pode ir direto para a ilha digital e editar seu filme. Com o filme pronto, basta enviar

para os laboratórios especializados e fazer sua cópia em película 16 ou 35mm. Este processo é

chamado de transfer, kinescopagem ou ampliação. A imagem não é a mesma de um filme

realizado em película, já que os grãos da película dificilmente são reproduzidos, mas o gasto é

infinitamente menor.

A vantagem do sistema digital está em transformar a imagem em sinal eletrônico,

diferente do cinema em película, que sensibiliza o filme virgem. O processo de revelar,

telecinar, criar efeitos especiais e editar em película torna o cinema caro demais, dificultando

a produção de filmes independentes. O cinema digital reduz custos e tem tudo para provocar

uma disparada de produções que mostrem novos diretores, como afirma a produtora Mara

Mourão que produziu o documentário Doutores da Alegria:

“No âmbito técnico houve grandes mudanças com a chegada das câmeras digitais, que baratearam os custos tornando a produção de cinema mais acessível”. (ver Apêndice IX).

Portanto, podemos observar que as novas tecnologias proporcionaram alterações no

trabalho dos profissionais da sétima arte. Os recursos disponíveis para a produção de filmes

são infinitamente maiores do que os utilizados nas décadas passadas. Atreladas a esse motivo,

estão as questões que envolvem os custos de produção, barateados com a inserção desses

equipamentos. Necessita-se cada vez menos de pessoas e grandes máquinas para a produção

de um filme, no entanto, depende-se cada vez mais das novas tecnologias existentes no

mercado.

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29

4 ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO SELECIONADO: FALA TU

4.1 Análise da linguagem e fotografia

4.1.1 Técnica, Produção e Considerações

O documentário selecionado para a análise foi “Fala Tu”. Filmado durante nove meses

– entre 2002 e 2003 – e lançado em 2004, tem a direção de Guilherme Coelho e o roteiro de

Nathaniel Leclery, ambos criadores da produtora A Matizar, no ano de 2002. A produção foi

feita por Nathaniel Leclery – pela A Matizar e pela VideoFilmes – e Érika Safira, Alberto

Bellezia Neto foi responsável pela fotografia, e a edição foi realizada por Márcia Watzl.

O filme tem a duração de 74 minutos e foi captado em formato DV Cam e ampliado

para 35mm, o que criou uma melhor adaptação para as telas do cinema.

A equipe acompanhou o dia a dia de três moradores da Zona Norte do Rio de Janeiro.

Com poucos integrantes e profissionais, Guilherme Coelho e Nathaniel Leclery entraram em

um contato muito próximo com tais pessoas, no qual a câmera os acompanhava diariamente.

Em entrevista ao website Cineweb, Nathaniel Leclery discorre sobre o processo de

idealização, escolha do tema e das pessoas a serem filmadas, sobre a produção do

documentário. Fala também sobre o modo de aceitação do filme e sobre como as pessoas

interpretaram o cotidiano das três personagens (ver Anexo I).

O documentário é um relato da vida real. Como Nathaniel Leclery afirma na

entrevista, até mesmo o modo como encarariam o rap nas filmagens mudou, passando da

vontade de apenas mostrar o rap na vida de um grande número de pessoas – as influências,

entre outros – à filmagem íntima do cotidiano de três cariocas, evidenciando os problemas, os

dramas, as felicidades e as dificuldades na música de cada um.

O cenário marcante é o ambiente de vida da população carioca sem melhores

condições de sobrevivência. É o ambiente da favela, de bairros mais pobres, de trabalho ilegal

ou mesmo informal. As três pessoas escolhidas para a filmagem são conseqüência de tal

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cenário, cujos trabalhos são informais ou mesmo ilegais, são realizados na busca pela

sobrevivência ou para o sustento familiar – condição comum brasileira.

Paradoxalmente, o que é mostrado no documentário – sobrepondo toda a miséria em

evidência – são os sonhos e os ideais de cada um dos três personagens filmados. O rap é uma

forma de “válvula de escape”, de forma de transformação e mudança das condições de

sofrimento dos que moram em lugares parecidos e têm vidas semelhantes às deles. Apesar de

os três já haverem entrado em contato com a música, terem feito shows e disseminado suas

criações por determinadas partes do Rio de Janeiro, não podem encarar o rap como forma de

sobrevivência. Possuem outros empregos, moram em lugares perigosos e ainda sofrem

discriminação por parte de outras camadas sociais – mesmo que não entrem com freqüência

em contato com elas.

O documentário dá a entender que o sonho é necessário para continuar em frente com

a necessidade de sobrevivência. O rap é a solução e a razão de realização e felicidade de cada

um dos três participantes das filmagens. Para Macarrão, uma das três personagens, o rap é

uma representação do cotidiano (ver Apêndice VIII, item 3).

Há, também, a preocupação de mostrar para a sociedade, através do rap, as condições

de quem mora na favela. Mas o maior objetivo do rap cantado no documentário é passar força

de vontade para quem vive nas mesmas condições que eles. Tal assunto passará por uma

análise mais adiante no trabalho.

Entre os personagens na tela e o espectador, não surge um abismo provocado por uma

miséria exacerbada. Fala Tu traz protagonistas que refletem com lucidez a situação em que

vivem e discorrem de forma articulada sobre as saídas que têm ou deixam de ter. Longe de

qualquer otimismo raso, o documentário tampouco omite a dor nas biografias ou as enormes

dificuldades no percurso dos retratados. A câmera, afinal, está ali para mostrar exatamente

isso. O caráter sui generis do documentário está em não excluir, por princípio, aqueles que

escolhe colocar na tela. Em não expor a miséria alheia para o olhar curioso do “outro”, mas

expor esse “outro” como alguém que poderia ser o próprio espectador.

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31

O diretor Guilherme Coelho resume o que foi produzir tal documentário:

“Fala Tu, documentário que eu tive privilégio de construir junto com o Nathaniel Leclery, foi a aventura da minha vida. Aliás, continua sendo, pois essas coisas que a gente faz acabam criando vida própria, saindo por aí sem que a gente possa fazer nada. É um filme-crônica, pelo menos é o que nós queremos pensar que é. Através do hip-hop tentamos esboçar uma certa crônica da cidade do Rio de Janeiro neste começo de século. Zona Norte, nossa escolha. Um filme sobre pessoas comuns que sonham em não ser pessoas comuns. E conseguem isso através da música. Nós somos do tamanho dos nossos sonhos. E isso que Combatente, uma das personagens do nosso filme, quer nos mostrar. Esse foi o filme de minha vida por ter proporcionado um maravilhoso encontro com a nossa cidade partida (ou, talvez, perdida). Um filme com o qual eu me identifico, apesar de ser um "intruso" no meio. Um filme com o qual acredito todos possam se identificar, em qualquer lugar deste urgente país. Quem não sonha, e quem não quer chegar lá”. (GUILHERME..., 2006).

4.1.2 O enredo, as personagens e o cotidiano

Trata-se de um acompanhamento do cotidiano de três moradores da Zona Norte

carioca que têm em comum a paixão pelo rap.

• Macarrão tem 34 anos e é apontador do jogo do bicho. Morador do Morro do

Zinco, vive com duas filhas e com sua mulher.

• Toghum, 32 anos, tem como característica o modo de vida budista. É rapper do

Morro do Cavalcante – sendo um dos pioneiros do movimento rap no Rio de

Janeiro –, mas ganha a vida vendendo artigos esotéricos.

• Combatente, com 21 anos, é moradora de Vigário Geral e adepta à Igreja do

Santo Daime. Trabalha como operadora de telemarketing e vive com sua mãe,

avó, duas tias e um sobrinho.

Durante os nove meses de filmagem, a equipe acompanhou o dia a dia dessas três

pessoas, o crescimento dos seus sonhos e suas transformações. Há um contato entre o

telespectador e as pessoas que têm suas vidas mostradas através da tela do cinema, não surge

um abismo pela miséria exarcebada que é mostrada sem cortes no filme. Os dramas e

situações problemáticas dos moradores da Zona Norte do Rio de Janeiro não são mascarados,

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evidenciando a verdadeira face do cotidiano de pessoas que estão em busca pela

sobrevivência.

O documentário mostra a favela, a vida difícil e o sonho do rap. Mostra, também, que

cada um deles possui um trabalho para que possa haver um sustento melhor que a iniciação na

carreira da música poderia dar. Apesar disso, nenhum deles deixa de cantar e fazer do rap uma

música que alastra um sentimento de transformação e bem estar para quem o escuta.

Macarrão é o único dos três que possui um emprego ilegal, pois o jogo do bicho é

condenado pela constituição brasileira. Ele trabalha como apontador durante o dia, sentado

em um banco na calçada. Discussões com sua mulher sobre condições financeiras e o perigo

de morar no Morro do Zinco são comuns (ver Apêndice VIII, item 5).

A fala de Macarrão denota, claramente, a necessidade de trabalhar para sobreviver.

Realidade comum a muitos brasileiros, é uma das conseqüências da alta competitividade do

mercado, na qual ganha quem tem maior grau de instrução, ou mesmo quem possui maior

quantidade de contatos. O documentário evidencia tal condição, mostrada, neste caso, pelo

trabalho ilegal de apontador de jogo do bicho.

Já Toghum é representante do trabalho informal, como vendedor de porta em porta de

artigos esotéricos. É também um tipo de atividade recorrente no país, assim como o trabalho

ilegal.

Combatente é a única dos três que possui um trabalho formal, como atendente de

telemarketing. É, também, a única que desiste do emprego para seguir a carreira musical

como rapper (ver Apêndice VIII, item 5).

4.1.3 A música

O principal tema do documentário é o rap. Na maioria das vezes, como alternativa,

salvação. No caso de Macarrão, é visto como mensagem de força para a sociedade da Zona

Norte, sociedade mais pobre (ver Apêndice VIII, item 3).

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33

O rap feito por Toghum segue a mesma linha que o feito por Macarrão, como

mensagem de força, porém, mais voltado para a tentativa de mudança de vida, na busca por

melhores condições de sobrevivência. Para ele, a música também é um caminho alternativo

(ver Apêndice VIII, item 5).

Toghum teve uma infância sofrida, com um pai ausente. Reencontraram-se muitos

anos depois, quando seu pai trabalhava como cobrador de ônibus. Desde então, Toghum cuida

do pai, que adoeceu de câncer. A reconciliação deu-se, em boa parte, através da música, sendo

que seu pai era sambista.

Cantar tornou-se possível para Toghum devido à oportunidade dada por terceiros, o

que é considerado raro por tantos artistas brasileiros, principalmente os de classe mais pobre

(ver Apêndice VIII, item 3).

No caso de Combatente, o rap é prioridade maior. Torna-se motivo para se demitir do

emprego de operadora de telemarketing e seguir mais a sério com a banda de rap As

Negativas.

Entretanto, ela possui trabalhos paralelos, como cantar em uma rádio comunitária,

alastrando seu principal ideal na música, que é dar forças a comunidades mais carentes e

evidenciar a verdadeira face da criminalidade (ver Apêndice VIII, item 3).

4.1.4 A Linguagem

O tema não é discutido durante o documentário, mas é claramente evidenciado nas

falas de cada pessoa mostrada nas filmagens. Por ser um relato do cotidiano de moradores da

Zona Norte carioca, a linguagem torna-se uma característica própria e delatora de tal classe

social.

Page 34: 1 - Cotidiano Em Movimento

34

Trata-se de uma linguagem simples, que designa pessoas que não tiveram total acesso

a uma educação escolar de qualidade. O falar coloquial é marcante, repleto de gírias e

expressões características. Erros gramaticais também são comuns, devido ao já citado pouco

acesso à educação escolar. Cabe, agora, analisar o modo de falar de cada um dos participantes

do documentário.

Macarrão, por ser apontador do jogo do bicho, possui uma linguagem mais rápida e

coloquial, aproximando-o de seus clientes. O falar rápido denota, também, o medo por prática

de um trabalho ilegal, de apreensão por parte de fiscalizadores (ver Apêndice VIII, item 1).

Toghum, assim como Macarrão, utiliza uma linguagem para uma maior proximidade

com seus clientes – por ser comerciante itinerante. Por ser um vendedor que vai à porta

vender seus artigos, Toghum necessita ser persuasivo, o que é notado em seu modo de falar e

atender os compradores. Entretanto, o vocabulário ainda é restrito e há muitas marcas de

coloquialidade (ver Apêndice VIII, item 1).

Já em Combatente, duas formas de falar são facilmente perceptíveis. Uma delas, a

utilizada enquanto trabalha como atendente de telemarketing, é fortemente marcada pelo uso

do gerúndio e por todas as características de fala de tal ocupação, como o uso da palavra

“certo”, em concordância com a necessidade de continuidade do atendimento e com seus

interlocutores. A outra, que é utilizada em seu cotidiano, é marcada pela coloquialidade assim

como a dos outros dois integrantes do documentário e pelo uso intenso de gírias (ver

Apêndice VIII, item 1).

Pela análise das linguagens das personagens do documentário, evidencia-se uma

situação existente na realidade de muitos brasileiros. O pouco nível de ensino ainda grassa no

país e o filme demonstra isso. As pessoas que compõe o ambiente de filmagem fazem parte da

já citada realidade de tantos brasileiros. A linguagem coloquial composta pelo falar

característico da população moradora da Zona Norte denota fala de uma determinada classe

social.

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35

No questionário realizado pelo grupo responsável por este Trabalho de Conclusão de

Curso no período do mês de junho de 2006, na cidade de São Paulo, foi avaliada a questão

sociolingüística. Em análise comparativa das entrevistas com o documentário, fez-se um traço

das características lingüísticas das cinco classes econômicas que existem no Brasil.

Quanto à classe A:

Apesar das perguntas estarem escritas na 3ª pessoa, mostrando impessoalidade, alguns

entrevistados as compreendiam como sendo dirigidas à sua situação de trabalho.Exemplo:

Entrevistador: “Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização

profissional?”.

1. Maria Adelaide: “Ahhh... Dá! Dá!”.

• Percebe-se maior incidência de satisfação dos entrevistados com suas profissões.

• Os entrevistados vislumbram maiores possibilidades de mudança na sua área de

atuação frente a insatisfações quanto ao seu trabalho ou de outras pessoas. Já no

documentário, os protagonistas tentam reacender esperança de um futuro melhor

para os residentes da “comunidade”.

• Entrevistados mostraram segurança na compreensão das perguntas, apesar de,

algumas vezes, entenderem-nas como assertivas (afirmativas) ou falarem muito e

não responderem o ponto real do questionamento.

• Entrevistados da classe “A” costumam dar como exemplo suas experiências

pessoais ou contextualizar conforme a realidade do entrevistador. Exemplo:

1. Maria Adelaide: “(...) o que você faz, e o que é bem feito, por exemplo, vocês

tão fazendo um trabalho de pesquisa, vocês devem ficar: ai, que saco! Ainda falta,

num tem gente que me aceita, que num quer isso, num sei o quê!”.

2. Flávio: “Então, eu faço parte de uma minoria, como vocês também tão na,

faculdade”.

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• Possuem uma idéia de que na vida está-se sempre pensando no aprimoramento.

Exemplo:

1. Maria Adelaide: “Cada vez você se exige mais e consegue melhor, entendeu?

Melhorar sempre as coisas”.

2. Flávio: “(...) acho que se você faz o que gosta, já é um passo... bom passo pra isso,

né? Você tem novas idéias, você... até pensa em fazer melhor (...)”.

• Entrevistados raramente apresentam erro de concordância verbal ou nominal.

Exemplo:

Flávio: “(...) profissões... que estejam na mídia (...)”.

Isso mostra o domínio da linguagem graficamente correta pela classe mais abastada,

contrastando com o povo que mora nos morros, mostrado pelo documentário.

Homem 2: “É 5 real”

• Presença de anacolutos (termo solto na frase, quebrando a estruturação lógica.

Normalmente, inicia-se uma determinada construção sintática e depois se opta por

outra). Exemplo:

1. Maria Adelaide: “Sabe que nesse trabalho, assim, bacana!”.

2. Flávio: “(...), mas é... deve ser terrível”.

• Não há predominância entre frases longas ou curtas.

1. Uso de períodos curtos e objetivos. Exemplo:

Maria Adelaide: “Mas eu não sei se é isso que dá dinheiro”.

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2. Uso de períodos longos, com uso de conectivos. Exemplo:

Flávio: “Eu sei disso porque eu conheço algumas pessoas que... trabalham, até

comigo, que estão insatisfeitas e atrapalham o ambiente profissional e isso não é

legal...”.

• Uso raro de gírias por parte dos entrevistados, diferindo sensivelmente do

documentário:

1. Macarrão: “Dá frente, dá frente”.

2. Toghum: “(...) eu sou representante de uns produtos “ aí”.”

Apesar disso, Combatente aparece usando uma linguagem mais culta, aprendida em

razão da profissão que exerce e o tipo de público com o qual lida:

1. Combatente: “Alô, boa tarde. Por gentileza o senhor Márcio Valério?”.

2. Combatente: “Reside sozinha, senhora Maria?”.

• Uso freqüente de termos para manter a comunicação, como “né?”, “entendeu?”.

Exemplo:

1. Maria Adelaide: “(...) se exige mais e consegue melhor, entendeu?”.

2. Maria Adelaide: “(...) já faz uns 15 anos que eu trabalho com isso e eu gosto,

entendeu?”.

3. Flávio“(...) ter vontade de trabalhar, né?”.

Estas palavras são usadas pela população como um todo, não constituindo elemento

diferencial entre as classes. Isso se percebe também no documentário, em que outras

expressões aparecem, como “tá ligado?”, “certo?”:

4. Primeira Mulher: “Hoje deu peru, né?”.

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Macarrão: “Oi?”.

Primeira Mulher: “Deu peru né?”.

Macarrão: “Deu”

5. Macarrão: “(...) o tema que ninguém quer escutar, tá ligado? (...)”.

6. Toghum: “fazê jus a toda minha criação, entendeu?”.

7. Macarrão: “num é também querê sê derrotista, certo?”.

• Regionalismo (provavelmente nordeste): “T” pronunciado isoladamente e “R”

arrastado. Exemplo:

1. Flávio: “(...) na mídia, tipo... as... esportistas, famosos (...)”.

No documentário também está presente, nas falas do carioca => Som de “S” arrastado:

2. Vendedora: “Ta, gostei. Mas no momento não quero encomendar”.

• Supressão de letras, como o “r” no fim de verbos ou de uma consoante no encontro de

duas, ou, ainda, a abreviação de está para “tá”. Exemplo:

1. Flávio: “(...) mudá a sua situação de trabalho (...)” (Flavio).

2. Macarrão: “É esse memo 77”.

3. Flávio: “(...) se você gosta daquilo que você tá fazendo (...)”.

Outros verbos também são freqüentemente suprimidos no documentário:

4. Macarrão: “Se eu pudé vencê de alguma forma eu vô, parcero, vô agarrá e vô

vencê, parcero”.

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• Uso mais freqüente de palavrões pela classe baixa, mostrada no documentário, e

inexistente nas entrevistas da classe A:

1. Macarrão: “Certo, porra! Tu quer mais vitória di que isso? Porra, parceiro!”

2. Toghum: “Muitos perceberam que... Caramba!”.

Contudo, percebe-se que a conotação altamente negativa é um pouco aliviada pelo

contexto em que estas palavras são empregadas.

Quanto à classe B:

Considerando a situação do discurso dos entrevistados, de uma entrevista mais

informal, feita por universitários jovens, o nível de respeito à norma culta da língua pode ser

caracterizado como bom. De um modo geral, percebe-se, no entanto, que há uma falta de

compreensão das perguntas e uma fuga constante do foco central da pesquisa. O que reforça a

crítica de que os brasileiros são analfabetos funcionais, sabendo ler, mas não interpretar os

textos.

• Exemplo:

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

1. Railete: O meu trabalho eu adoro. Adoro meu trabalho.

Outro aspecto muito notado no discurso dessa classe foi o uso da interjeição “né”,

contração do adjunto de negação “nunca” com o verbo “ser”. Isso revela a preocupação por

parte do entrevistado com a qualidade de suas respostas.

2. Socorro: Satisfação no trabalho é você... Quem faz o patrão é você e quem faz você

é o patrão, né? Então, ter gosto e vontade de trabalhar e tudo se resolve.

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Além disso, há uma falta de planejamento de discurso que resulta constantemente em

frases inacabadas, sem sentido ou retomadas de forma errônea que danifica o entendimento do

discurso. Porém, como dito anteriormente, os discursos coletados são de linguagem

despreocupada e informal, ou seja, tolerante a erros.

3. Railete: Ah, eu acho, assim, nem todo mundo faz o que gosta, né? Faz o que... Faz o

que precisa. Mas independente disso, o tem que dar o melhor”.

4. Socorro: Que que eu penso sobre isso? Que não tem vontade de trabalhar.Trabalho

não é peso. Se você tem coragem você trabalha

Quanto à classe C:

• Falta de nexo entre as frases; dificuldade de dar continuidade á uma mesma idéia.

Exemplo:

1. Júllio: “Ai meu Deus... Acaba sendo um peso? Ah, mas, trabalhar naquilo que

gosta, né? Tem que trabalhar naquilo que tem amor, que gosta, que a pessoa gosta de

trabalhar, né? Tem quer ser um... Não serviço pesado, né? Depende dá pessoa. Não

ser um serviço pesado. Depende, né? Depende do serviço”.

A falta de conexão no discurso também ocorre em Fala Tu. Exemplo:

2. Toghum: “Então... cara, mas se eu tive lucidez suficiente pra buscá cultura, pra buscá

entendê diferença social, pra buscá entendê... se eu já nasci excluído, se eu não me

direcioná pra sai dessa camada de excluído, nem que seja 10%, entendeu?”.

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• Dificuldade de compreensão sobre o que foi perguntado. Exemplo:

1. Fernanda: “Ah, eu acho que a área da saúde, que eu acho que é uma área que

nunca vai... Sempre vai precisar de profissionais. Eu acho que executivo...”.

2. Júllio: “Reconhecimento? É... A profissão do metalúrgico, né? Metalúrgico. Lula.

Lula foi metalúrgico, né? Lula. Eu vou votar no Lula, né? Eu sou Lula”.

• Repetição de palavras (“né”); vocabulário pouco extenso. Exemplo:

1. Fernanda: “Ah, eu acho que hoje em dia as pessoas não tem muita alternativa, né?

Tem que trabalhar. E muitas vezes elas trabalham no que elas não gostam, mas

precisam do dinheiro”.

2. Fernanda: “Ah, é me sentir realizada no que eu escolhi, né?”.

3. Júllio: “Manter a minha vida, né? Um salário esperto, né? De acordo com o que eu

gasto, né? É isso aí”.

Além da repetição do “né”, no documentário também podemos notar a freqüente

repetição de expressões. Exemplo:

4. Macarrão: “Gostá eu num gosto não. Escravização, né?”.

5. Toghum: Eu vou continuar fazendo, mais eu preciso duma renda, preciso duma renda, num dá pra ficá desempregado.

6. Macarrão: “Se eu pudé vencê de alguma forma eu vô, parcero, vô agarrá e vô vencê, parcero”.

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• Falta de concordância (“as duas profissão”). Exemplo:

1. Júlio: “Realização profissional? Aí eu não to entendendo. Raciocinar. Você olha

para as duas coisas, né? Tem uma hora adequada para as duas coisas, né? Tem

uma hora adequada para os dois serviços. Para as duas profissão”.

A falta de concordância é freqüente na fala e também no canto dos “personagens” do

documentário. Exemplo:

2. Macarrão: “Agora não, que agora ta bom, mar já passei várias vergonha ali...”

3. Toghum: “Nessa dura vida existe dois caminhos: um é dourado, sim, o outro,

cheio de espinhos”.

• Uso de palavras características de uma faixa etária ou grupo social. Exemplo:

1. Fernanda: “Ah, acho que, tipo, começar de novo, eu acho”.

2. Macarrão: “Num tem como, se é a música que fala em favor de quem num tem porra nenhuma, pô!”.

No caso de Mônica, podemos perceber a repetição de verbos no gerúndio, caso comum

entre as pessoas que trabalham envolvidas com telemarketing.

3. Combatente: “Certo, é que hoje a senhora está sendo beneficiada através do seu

cartão de crédito com um benefício diretamente da Credicard, onde trata-se de um

cartão adicional. No qual a senhora poderá estar presenteando até três pessoas do

seu relacionamento com idade igual ou superior á dezesseis anos gratuitamente,

correto?”.

Observamos o uso de um vocabulário extremamente coloquial, sem utilização de muitas

gírias, mas também sem nenhuma palavra mais rebuscada. Dificuldade de compreensão sobre

o que foi perguntado, acarretando em respostas sem nexo, sem muita conexão entre as

palavras. Todas as características apontadas possibilitam uma melhor compreensão sobre a

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classe social estudada. Classe média, que possui um pouco de instrução, mas ainda assim não

consegue abstrair o significado total das perguntas.

Quanto à classe D:

• Observa-se o uso freqüente de expressões como “eu penso”, “eu acho”, “eu digo”,

que enfatiza sua opinião sem generalizar as respostas a um pensamento coletivo.

Exemplo:

1. Antonio: “Eu penso assim, o meio de “milhorar” a situação e o meio, o meio do

horário de trabalho né? Convocado para todos os trabalhadores brasileiros né? Que

“teja” uma situação melhor e salário mínimo, que é o menor salário da América

Latina “somo o nosso” brasileiro né? Eu acho assim, que nós “trabalhador” deveria

ter mais acesso a uma “milhora” né? É isso eu digo pra você”.

• Repetição do “né?”, “entendeu?” e de outras palavras, que mostra a necessidade do

entrevistado em ser compreendido, de deixar claro o que quer ser dito. Exemplo:

1. Antonio: “Depende da “homorização” de cada um, né? Da “homorização” de

cada um, da capacidade de cada um faz, né? Da sua habilidade”.

2. Antonio: “Satisfação no trabalho é prazer de trabalhar. Entendeu? O prazer de

cumprir um horário, o prazer de trabalhar e chegar ao final da semana, do mês e

“ta” com,e poder “ta” com seu dinheirinho ali,pra poder comprar uma cesta

básica que é útil dentro de casa,”pras” criança né?”.

3. Everaldo: “É um médico, advogado. Médico porque dá uma força pra gente, né?

E o advogado também”.

Toghum apresenta, diversas vezes, em seu discurso essa tentativa de ser compreendido,

de se fazer entender, ou mesmo manter contato com a pessoa a que se refere. Exemplo:

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4. Toghum: “É querê sê melhor pra mos... fazê jus a toda minha criação, entendeu?

Fazê jus a tudo o que eu passei, a todo o sofrimento que eu passei, a todo... a toda

a minha virada, entendeu? Essa minha virada de lucidez, de crescimento, de querê

tê, de querê sê, entendeu?”.

• Erros de concordância nominal e falta de linearidade do pensamento são freqüentes.

Exemplo:

1. Antonio: “Olha, a profissão que eu deveria “dizê” que era pra “tê” mais

conhecimento era o médico e o padeiro, porque são as coisa que são um bem pela

natureza, porque através do médico agente tem saúde,né? E através do padeiro a

gente tem o pão do dia, né?”.

• Falta de compreensão das perguntas e uso de gírias. Exemplo:

1. Antonio: “Conciliar quer dizer que... é uma palavra que...então é que nem eu digo

ai depende da capacidade única de cada ser humano a poder sobreviver, né? Poder

manter sua realidade, poder manter seu dia-a-dia, né?”.

2. Everaldo: “Não... não sei responder esse barato, não...”.

3. Everaldo: “Piorou, piorou...”.

5. Everaldo: “Malandro, se pegou o truta mal...não sei responder esses baguio

não....”.

As gírias ocorrem com grande freqüência na fala dos cariocas retratados no

documentário. Exemplo:

6. Mônica: “é ruim pra caramba tu ficá sem grana mar num me sinto mais tão escrava assim, caraca, trabalhava direto”.

7. Macarrão: Num basão sinistro? Geral tomando em cima da laje, como? Mó bondão...caralho! Fala tu!

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Nas entrevistas realizadas, observamos a falta de compreensão e expressão oral dos

entrevistados. Uso de gírias, como “barato”, “baguio”, “truta”, e erros de concordância que

mostram falta de instrução e de vocabulário, característico das entrevistas da classe D. Como

se pode perceber com as entrevistas, o vocabulário e linguagem apresentados nas entrevistas

se aproximam dos utilizados pelos integrantes do documentário.

Quanto à classe E:

Nas entrevistas com a classe E, observamos muitos registros lingüísticos que também

aparecem no documentário selecionado. Todos os entrevistados possuem ínfimo grau de

instrução educacional, chegando alguns a serem analfabetos. Ocorrências foram selecionadas

para demonstrar os desvios lingüísticos encontrados nessa classe social e a dificuldade de

compreensão das perguntas pelos entrevistados.

• Aparecimento de erros de concordância verbal e nominal.

1. Sônia: “... um meio melhor né da gente sobreviver né, sem faze o que agente não

gosta né”.

2. Sônia: “Trabalhando numa firma registrado né, carteira registrado tudo...”.

3. Sônia: “Satisfação é deu ser uma cidadã e trabalha e ganhar meu dinheiro

honesto”.

4. Alice: “Trabalha, recebe, cuidá da minha família, da minha filha, podê ajudá o

meu próximo também”.

5. Alice: “ ...me arrumano um bom emprego, né?! Até de doméstica”.

Os integrantes do documentário também apresentam erros de concordância em seus

discursos. Exemplos:

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6. Mônica: “Não tô mais trabalhano, tudo bem, é ruim pra caramba tu ficá sem grana mar num me sinto mais tão escrava assim...”.

8. Macarrão: “Os cara que começa a cantar rap lá já têm sonho de ficar

milionário... pô, e o, no Brasil o cara tem a preocupação de levar a mensagem”

9. Homem 2 : “É 5 “real”.”

10. Macarrão: “ Vai ser meus amigo, vai ser... a comunidade, parceiro”

• Repetição de palavras como uma forma de fazer com que o que está sendo dito seja

compreendido. Exemplo:

1. Sônia: “Ha, o que eu penso sobre isso... a eu acho que deveria ter um ma... um

meio melhor né da gente sobreviver né, sem faze o que agente não gosta né. Um

meio ma... melhor. O governado qualquer um ajuda as pessoas, porque você vê

muita gente carregando lixo, não gosta né e se sente às vezes humilhado. Então é

isso que eu acho”.

Macarrão prendia a atenção de quem o estava entrevistando por meio das repetições.

Exemplo:

2. Macarrão: “O rap, o rap nunca me deu nada, como eu nunca dei nada pu rap. A

gente nunca trocou nada. Eu nunca dei nada pu rap. Eu não sou ninguém no rap,

certo?”.

3. Macarrão: “Pra mim, o termômetro de dizer se o trabalho tá bom ou ruim... num

vai ser o próprio cara do rap, vai ser a... comunidade... tá ligado? Vai ser meus

amigo, vai ser... a comunidade, parceiro”.

• Difícil pronúncia das palavras, afetando em seu entendimento. Exemplo:

1. Alice: “É, na verdade, é sê gerente, né? Encarregado. Mai no momento tá todo

mundo memo na recicrage, que a recicrage é o único que a gente ta podeno recorre”.

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• Não entendimento das perguntas. Exemplo:

1. Sônia: “Como assim? É...”.

2. Alice: “Essa é uma boa...”.

Portanto, os entrevistados da classe E apresentam uma grande ocorrência de desvios da

norma padrão. Tal fato está ligado intimamente com o grau de instrução educacional dos

entrevistados, muitos deles analfabetos.

4.1.5 A situação de trabalho

A situação empregatícia do brasileiro de classe menos favorecida pode ser considerada

grave. Muitos deles estão desempregados e, até mesmo, realizando trabalhos ilegais ou não

registrados na busca pelo sustento próprio e familiar.

O documentário evidencia bem a situação exposta acima. Macarrão representa o

trabalhador ilegal, como apontador de jogo do bicho. As filmagens mostram sua vida sofrida,

sua necessidade de trabalhar para sustentar as duas filhas, a mulher, o aluguel, enfim, garantir

condições de vida. Seus relatos condizem com a situação dos muitos brasileiros que buscaram

um trabalho que proporciona melhores resultados do que uma ocupação – como afirmado por

Macarrão, de carteira assinada – que pagaria um salário com valor menor do que muito do

necessário à sobrevivência. Já Toghum é representante do trabalho informal. Atua como

vendedor de artigos esotéricos, realizando sua função nas ruas, enquanto anda de porta em

porta mostrando seus produtos. A situação do trabalho informal no Brasil chega a ser

preocupante, uma vez que o número de trabalhadores com carteira assinada diminuiu

consideravelmente de 2004 a 2006. Um dos principais problemas do mercado de trabalho no

Brasil foi que o tipo de emprego oferecido pelas empresas mudou muito mais rapidamente do

que as características do trabalhador brasileiro. Desta forma, criou-se um desequilíbrio entre o

que os patrões querem e o que os potenciais empregados oferecem, aumentando tanto o

desemprego quanto à informalidade. Há estudos que apontam para uma provável influência

do preconceito e do favorecimento no mercado de trabalho: a taxa de desemprego cai para as

pessoas das classes média e média-alta que têm mais de nove anos de estudo, mas se mantém

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elevada para os da classe baixa que têm aquele mesmo nível de escolaridade. Caso

comprovado pela situação trabalhista de Toghum, que terminou os estudos e mantém o sonho

de ingressar em uma faculdade, mas possui a necessidade de trabalhar informalmente, visto

que conseguir um vínculo empregatício consistente não foi possível. O mercado de trabalho é

muito restrito no Brasil, além de haver um grande preconceito em relação às classes mais

baixas.

O também chamado “trabalho por conta própria” não funciona com maiores garantias,

mas às vezes, como única solução para a necessidade de sobrevivência.

No caso de Combatente, é a única representante dos participantes do documentário que

possui um emprego formal, atuando como atendente de telemarketing. O trabalho formal

ainda é o ideal para a população brasileira. Há a garantia de salário e de seguros como de

saúde, refeição e transporte. Entretanto, não são todos os empregadores que respeitam os

direitos dos trabalhadores, o que, aliado ao desemprego, faz com que muitas pessoas

procurem outras formas de trabalho, como as já citadas ilegais ou informais – que podem

garantir maiores resultados.

Comparando a situação evidenciada no documentário de Guilherme Coelho com as

entrevistas já citadas que foram realizadas na cidade de São Paulo, comprova-se muito do que

é afirmado em relação à situação de trabalho de muitos brasileiros.

A maioria das pessoas entrevistadas que são pertencentes à classe econômica A,

afirmam satisfação com o emprego atual. A realidade de tal classe social diferencia-se

grandemente das outras. Tanto pelo nível escolar e de especializações, quanto pela maior

facilidade de emprego em relação às outras classes. Como exemplo, tem-se o relato de um

representante da classe A, respondendo à pergunta “Como conciliar a necessidade de

sobrevivência com a realização profissional?”: “Olha, isso aí é uma pergunta que você tem

que... que fazer antes de, de escolher a sua profissão, né? Acho que é uma coisa que eu fiz.

E... eu, hoje, faço uma coisa que eu gosto e... tenho, ganho, acho que, muito bem pra

isso... Assim, tenho uma... em relação à população brasileira, né? (...)”.

Como se pode perceber, é um caso de consciência em relação à condição de trabalho

da população brasileira não pertencente à classe A.

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49

Já os representantes de classes mais baixas, como D e E, são pertencentes à realidades

destoantes das de representantes da classe A, evidentemente. A situação de trabalho condiz

mais com a necessidade de sobrevivência do que com a satisfação profissional. Há um

exemplo de uma pessoa entrevistada que pertence à classe E que esta a par da situação

trabalhista do cidadão brasileiro e que reclama por melhores condições nos empregos:

“Eu penso assim, o meio de “milhorar” a situação e o meio, o meio do horário de

trabalho né? convocado para todos os trabalhadores brasileiros né? Que” teja “uma

situação melhor e salário mínimo, que é o menor salário da América Latina” somo o nosso

“brasileiro né? Eu acho assim, que nós”trabalhador“ deveria ter mais acesso a uma

“milhora” né? É isso eu digo pra você”.

Encarar a realidade é difícil para os trabalhadores. Há sempre tentativas na busca por

melhores condições de emprego e, conseqüentemente, de vida.

No caso de Combatente, houve a coragem de abrir mão de um emprego seguro, com

garantia de salário, entre outras, para seguir um sonho: o de cantar. Na maioria das vezes, o

trabalhador aceita submeter-se a situações que não o satisfazem profissionalmente, apenas

para a garantia de sobrevivência. É a realidade brasileira que não permite a todos a colocação

que desejam no âmbito trabalhista, uma realidade de grande número de desempregados.

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50

5 CONCLUSÕES

O trabalho e a fala são duas atividades puramente humanas e necessárias a nossa

sobrevivência. Ocupam, portanto, uma grande parte da nossa vida. A linguagem está muito

relacionada ao trabalho, especialmente nos dias atuais, quando a comunicação atingiu um

grande papel no cotidiano mundial. As formas de expressão, que eram diferentes em cada

sociedade e classe social passam a também ganhar um diferencial profissional. A percepção

desses aspectos da vida dos personagens do documentário Fala Tu, dos entrevistados pelos

integrantes do nosso grupo e da população brasileira como um todo foi essencial para a

dissertação desse trabalho que aborda e relaciona os temas trabalho, linguagem e cinema

documentário.

Há, primeiramente, o entendimento de que o cinema documentário é a fotografia de

uma realidade. Apesar de ter sua origem e desenvolvimento ligados ao cinema, o

documentário é um relato histórico, e não somente uma obra de arte. Por isso, a utilização

dessa ferramenta para relatar o cotidiano de cidadãos comuns da periferia de uma grande

cidade do Brasil é mais do que válida para a análise das modificações e situações dos

trabalhadores no nosso país e do uso da fala pela população.

O trabalho é encarado pela população brasileira como um grande dever de suas vidas.

Alguns o vêem como necessário e bom, outros como vilão. Há uma concentração de

trabalhadores satisfeitos nas classes mais elevadas enquanto as classes mais baixas são

esmagadas por um sistema desigual que obriga a população de baixa renda a se expor a uma

vida penosa e sofrida.

A linguagem também apresenta sua qualidade obviamente segmentada entre as classes

sociais. Há, porém, uma interpretação errônea generalizada que atinge todas as classes

brasileiras de forma que a população ganhe a fama de “analfabetos funcionais”, que sabem ler

mas carecem de uma boa interpretação textual. Isso é notado tanto nas cenas do documentário

quanto nas respostas das perguntas do trabalho de campo.

Por último, há a relação entre a linguagem e a profissão, que, como dito anteriormente,

é responsável por mais uma segmentação lingüística, uma vez que o modo de fala não

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51

depende só do grau de instrução e da classe social, mas sim da ocupação profissional de cada

cidadão. Aspecto esse que também foi percebido no documentário escolhido e nas pesquisas

de campo.

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52

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Manuel Faria de. Cinema documental: história, estética e técnica cinematográfica. Porto: Afrontamento, 1982.

BRASIL. Agência Nacional do Cinema. Lista de Lançamentos Nacionais 2005: indexado pela renda por cópia. Brasília, DF, 2005.

CHAT com Andrucha Waddington. Disponível em: <http://chat02.terra.com.br:9781/entrevistas/2000/02/andrucha.htm>. Acesso em: 15 de maio de 2006.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 608 p.

FALA TU. Direção: Guilherme Coelho. Produção: Nathaniel Leclery e Érika Safira. Brasil: Matizar Produções Artísticas, 2004. 1 DVD (74 min), son., color.

GOMES, João Carlos Teixeira. Glauber Rocha esse vulcão. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1997. 637 p.

GUILHERME Coelho: Fazendo Fala Tu. Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/diario/2004/0423/especial_0423.asp?NOME=Especial&COD=3162>. Acesso em: 27 de março de 2006. THE GULLANE brothers. Disponível em: http://www.cinemando.com.br/200211/entrevistas/gullane_02.htm. Acesso em: 15 de abril de 2006. ÁLVAREZ, Gabriel O. Industrias Culturais no Mercosul. Brasília: Instituto brasileiro de Relações Internacionais, 2003. LABAKI, Amir. É tudo verdade: Reflexões sobre a cultura do documentário. São Paulo: W11 Editores, 2005. 314 p.

LEITE, Sidney Ferreira. Cinema brasileiro: das origens à retomada. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005. 160 p.

MILANESI, Luís. Biblioteca. São Paulo: Ateliê, 2002. 116 p.

NASCIMENTO, Hélio. Cinema Brasileiro. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1981. 120 p.

Page 53: 1 - Cotidiano Em Movimento

53

SALEM, Helena. 90 Anos de Cinema: Uma Aventura Brasileira. Rio de Janeiro: Sogeral, 1988. 136 p.

TÉCNICA cinematográfica. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A9cnica_cinematogr%C3%A1fica>. Acesso em: 15 de março de 2006.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRASIL. Agência Nacional do Cinema. Relatório de gestão: exercício de 2005. Brasília, DF, 2005. ETAPAS da produção. Disponível em: <http://www.cinemanet.com.br/etapasdaproducao.asp>. Acesso em: 15 de maio de 2006. GEORGES, Sadoul. O cinema. São Paulo: Casa do Estudante do Brasil, 1956. GEORGES, Sadoul. História do Cinema Mundial. São Paulo: Martins Editora, 1963. RAMOS, Fernão (org.); MIRANDA, Luiz Felipe (org.). Enciclopédia do cinema brasileiro. São Paulo: SENAC, 2000. NATHANIEL Leclery faz a crônica de três vidas no rap. Disponível em: <http://www.cineweb.com.br/index_textos.php?id_texto=501>. Acesso em: 27 de março de 2006.

Page 54: 1 - Cotidiano Em Movimento

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APÊNDICE I – MODELO DE QUESTIONÁRIO DE CLASSIFICAÇÃO

SOCIOECONÔMICA UTILIZADO

QUESTIONÁRIO

I.) Caracterização do entrevistado

Nome: ___________________________________________________________________ Classificação Socioeconômica: ________________ II.) Caracterização do entrevistador Aluno(a): ______________________________________________ Data: ____/____/____ Local em que foi aplicado: ____________________________________________________

III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores Rádio (vale do carro)

Banheiro Automóvel

Empregada mensalista Aspirador de pó

Máquina de lavar Videocassete

Geladeira

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

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APÊNDICE II – PERGUNTAS UTILIZADAS NA ENTREVISTA COM A

POPULAÇÃO

1. Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o trabalho é

um peso. O que você pensa sobre isso?

2. O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

3. Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

4. Como as pessoas podem mudar a sua situação de trabalho?

5. Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

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APÊNDICE III – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTAS – CLASSE A

Nome: Maria Adelaide

Classificação socioeconômica A

Local: Rua Oscar Freire

Entrevistador: Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o

trabalho é um peso. O que você pensa sobre isso?

Maria Adelaide: Acho real, acho real, isso... Eu acho que as pessoas que trabalham não são

felizes e deviam procurar trabalhos que deixem as pessoas felizes. Eu, por exemplo, eu... eu

faço o que eu gosto, eu trabalho com... revista, com Moda, há muito tempo, já faz uns 15 anos

que eu trabalho com isso e eu gosto, entendeu? Eu gosto do que eu faço, embora eu ganhe

pouco, mas, eu gosto do que eu faço. Quer dizer, não sei se sou feliz, ou não. Mas é a

realidade, tem muita gente que inveja, às vezes, o teu trabalho. É por isso, entendeu? Porque

não é aqueles que ele faz... Mas eu acho que as pessoas deveriam ser felizes no trabalho,

porque faz parte do seu dia-a-dia, faz parte da sua história, não é isso? Mais alguma coisa?

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

Maria Adelaide: O que eu falei, tem que fazer o que você gosta. Sabe que nesse trabalho,

assim, bacana! Você olha... O resultado... Você se sente bem, sabe? Você foi capaz de fazer.

Cada vez você se exige mais e consegue melhor, entendeu? Melhorar sempre as coisas. Então

é isso! Eu acho que... Depende, tudo, muito da gente.

Entrevistador: Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

Maria Adelaide: Eu acho que tudo que tá ligado a marketing e imagem visual, tudo, eu acho

que, é... é o que é moderno, hoje. Mas eu não sei se é isso que dá dinheiro.

Entrevistador: Como as pessoas podem mudar a sua situação de trabalho?

Maria Adelaide: Não sei, acho que tem... Pode fazer outras coisas.

Entrevistador: Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

Maria Adelaide: Ahhh... Dá! Dá! É... Eu acho assim: você, tudo o que você faz, o que você

faz, e o que é bem feito, por exemplo, vocês tão fazendo um trabalho de pesquisa, vocês

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devem ficar: ai, que saco! Ainda falta, num tem gente que me aceita, que num quer isso, num

sei o quê! Só que vocês estão aqui batalhando, uma hora vocês vão ter retorno disso. As

pessoas vão reconhecer, entendeu? Teu trabalho... E... Eu acho que qualquer trabalho é

importante, sabe? Não importa se você faz direito, computação, sabe? Publicidade, ou

revista... Uma hora, você vai ter retorno disso... E o dinheiro vem junto, certo?

Nome: Flávio

Classificação socioeconômica A

Local: Rua Oscar Freire

Entrevistador: Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o

trabalho é um peso. O que você pensa sobre isso?

Flávio: Olha, trabalhar naquilo que você não gosta deve ser... terrível! Eu sei disso porque

eu conheço algumas pessoas que... trabalham, até comigo, que estão insatisfeitas e

atrapalham o ambiente profissional e isso não é legal... Algumas delas já mudaram de

profissão, mas é... deve ser terrível.

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

Flávio: É você todo dia acordar e ter vontade de trabalhar, né? Voltar pra casa feliz com o

que você fez...

Entrevistador: Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

Flávio: Olha, é... Que tipo de profissão? Eu não sei te dizer se existe um tipo específico de

profissão com mais reconhecimento... Talvez as profissões... que estejam na mídia, tipo... as...

esportistas, famosos, jogadores de futebol, cantores talvez sejam... porque vendam, né? Sejam

os mais... reconhecidos, né?

Entrevistador: Como as pessoas podem mudar a sua situação de trabalho?

Flávio: Olha, mudar a situação de trabalho... ... Acho que se você... É difícil responder essa

pergunta... Mudar a situação de trabalho... Acho que se você faz o que gosta, já é um passo...

bom passo pra isso, né? Você tem novas idéias, você... até pensa em fazer melhor, mas... se

você ta querendo... mudar a sua situação de trabalho é porque indica que você num tá

fazendo, num tá satisfeito com o que tá... talvez você esteja atuando na área certa, mas num

tá satisfeito com a sua atuação, ou com a sua atuação, ou com o local como você tá

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trabalhando... né? Então tentar modificar alguma coisa dentro do... da área, se você acha

que gosta daquilo mesmo, veja bem se você gosta daquilo que você tá fazendo, né?

Entrevistador: Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

Flávio: Olha, isso aí é uma pergunta que você tem que... que fazer antes de, de escolher a sua

profissão, né? Acho que é uma coisa que eu fiz. E... eu, hoje, faço uma coisa que eu gosto e...

tenho ganho, acho que, muito bem pra isso... Assim, tenho uma... em relação à população

brasileira, né? Então, eu faço parte de uma minoria, como vocês também tão na faculdade.

Então... acho que isso... a, essa pergunta deve ser feita no começo, né?

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APÊNDICE IV – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTAS – CLASSE B

Nome: Railete

Classificação socioeconômica B

Local: Estação Sumaré do metrô

Entrevistador: Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o

trabalho é um peso. O que você pensa sobre isso?

Railete: Ah, eu acho, assim, nem todo mundo faz o que gosta, né? Faz o que... Faz o que

precisa. Mas independente disso, tem que dar o melhor.

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

Railete: O meu trabalho eu adoro. Adoro meu trabalho.

Entrevistador: Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

Railete: Nenhuma. Nenhuma. Na minha opinião, nenhuma. Eu acho que o mais que você dá

de você, o máximo que você dá não é o suficiente pra.

Entrevistador: Como as pessoas podem mudar a sua situação de trabalho?

Railete: Ah... Buscar informações, estudar mais e lutar pelo seu objetivo.

Entrevistador: Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

Railete: É... Primeiro a sobrevivência, né? Primeiro lugar a sobrevivência. Dá sim, dá por

que eu fazia alguma coisa que eu não gostava e fui... Trabalhava e praticamente passava o

dia inteiro fora. Sabe? Não via minhas crianças e... Mas eu estou agora numa área que eu

gosto. Quer dizer, deu pra conciliar mais ou menos. Não é fácil, mas dá.

Nome: Socorro

Classificação socioeconômica B

Local: Estação Sumaré do metrô

Entrevistador: Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o

trabalho é um peso. O que você pensa sobre isso?

Page 60: 1 - Cotidiano Em Movimento

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Socorro: Que que eu penso sobre isso? Que não tem vontade de trabalhar.Trabalho não é

peso. Se você tem coragem você trabalha.

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

Socorro: Satisfação no trabalho é você... Quem faz o patrão é você e quem faz você é o

patrão, né? Então, ter gosto e vontade de trabalhar e tudo se resolve.

Entrevistador: Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

Socorro: Eu acho que a profissão é você estudar e você escolher o que você quer na vida, por

que você vai estudar... Profissão quem escolhe é você, estudando, né?

Entrevistador: Mas você acha, assim, que tem alguma que as pessoas dão mais valor?

Socorro:“Ah, eu não sei não.”

Entrevistador: Como as pessoas podem mudar a sua situação de trabalho?

Socorro: Não sei. Não sei! Tanta pergunta pra isso, né? E a gente não sabe nem o que

responde.

Entrevistador: Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

Socorro: Eu acho que é fazer aquela profissão que você gosta. Não adianta você querer fazer

uma coisa que você não gosta se você não vai em frente, né?

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APÊNDICE V – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTAS – CLASSE C

Nome: Fernanda

Classificação socioeconômica C

Local: Estação Clínicas do metrô

Entrevistador: Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o

trabalho é um peso. O que você pensa sobre isso?

Fernanda: Ah, eu acho que hoje em dia as pessoas não tem muita alternativa, né? Tem que

trabalhar. E muitas vezes elas trabalham no que elas não gostam mas precisam do dinheiro.

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

Fernanda: Ah, é me sentir realizada no que eu escolhi, né?

Entrevistador: Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

Fernanda: Ah, eu acho que a área da saúde, que eu acho que é uma área que nunca vai...

Sempre vai precisar de profissionais. Eu acho que executivo...

Entrevistador: Como as pessoas podem mudar a sua situação de trabalho?

Fernanda: Ah, acho que, tipo, começar de novo, eu acho.

Entrevistador: Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

Fernanda: Necessidade de sobrevivência? Ah, tem muita gente que começa trabalhando com

uma coisa, depois faz faculdade e vai pra outro setor. Eu não sei. Eu estou pensando na

minha área...

Nome: Júllio César Nunes

Classificação socioeconômica C

Local: Estação Clínicas do metrô

Entrevistador: Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o

trabalho é um peso. O que você pensa sobre isso?

Page 62: 1 - Cotidiano Em Movimento

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Júllio: Ai meu Deus... Acaba sendo um peso? Ah, mas, trabalhar naquilo que gosta, né? Tem

que trabalhar naquilo que tem amor, que gosta, que a pessoa gosta de trabalhar, né? Tem

quer ser um... não serviço pesado, né? Depende dá pessoa. Não ser um serviço pesado.

Depende, né? Depende do serviço.

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

Júllio: Manter a minha vida, né? Um salário esperto, né? De acordo com o que eu gasto, né?

É isso aí.

Entrevistador: Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

Júllio: Reconhecimento? É... a profissão do metalúrgico, né? Metalúrgico. Lula. Lula foi

metalúrgico, né? Lula. Eu vou votar no Lula, né? Eu sou Lula.

Entrevistador: Como as pessoas podem mudar a sua situação de trabalho?

Júllio: Trabalhar sem registrar. É, trabalhar registrado, né? Trabalhar registrado.

Entrevistador: Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

Júllio: Realização profissional? Aí eu não to entendendo. Raciocinar. Você olha para as duas

coisas, né? Tem uma hora adequada para as duas coisas, né? Tem uma hora adequada para

os dois serviços. Para as duas profissão.

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APÊNDICE VI – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTAS – CLASSE D

Nome: Antônio José da Silva Filho

Classificação socioeconômica D

Local: Jardim Ideal – Zona Sul de São Paulo

Entrevistador: Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o

trabalho é um peso. O que você pensa sobre isso?

Antônio: Eu penso assim, o meio de “milhorar” a situação e o meio,o meio do horário de

trabalho né?Convocado para todos os trabalhadores brasileiros né?Que “teja” uma situação

melhor e salário mínimo, que é o menor salário da América Latina “somo o nosso”

brasileiro né?Eu acho assim, que nós “trabalhador” deveria ter mais acesso a uma

“milhora” né?É isso eu digo pra você.

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

Antônio: Satisfação no trabalho é prazer de trabalhar. Entendeu? O prazer de cumprir um

horário, o prazer de trabalhar e chegar ao final da semana, do mês e “ta” com,e poder “ta”

com seu dinheirinho ali,pra poder comprar uma cesta básica que é útil dentro de casa,”pras”

criança né?

Entrevistador: Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

Antônio: Olha, a profissão que eu deveria “dizê” que era pra “tê” mais conhecimento era o

médico e o padeiro, porque são as coisa que são um bem pela natureza, porque através do

médico agente tem saúde,né? e através do padeiro a gente tem o pão do dia, né?

Entrevistador: Como as pessoas podem mudar sua situação de trabalho?

Antônio: Depende da “homorização” de cada um, né? Da “homorização” de cada um, da

capacidade de cada um faz, né? Da sua habilidade.

Entrevistador: Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

Antônio: Conciliar quer dizer que...é uma palavra que...então é que nem eu digo ai depende

da capacidade única de cada ser humano a poder sobreviver, né? Poder manter sua

realidade, poder manter seu dia-a-dia, né?

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Nome: Everaldo dos Santos

Classificação socioeconômica D

Local: Jardim Ideal – Zona Sul de São Paulo

Entrevistador: Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o

trabalho é um peso. O que você pensa sobre isso?

Everaldo: Não...não sei responder esse barato,não...

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

Everaldo: Piorou, piorou....

Entrevistador: Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

Everaldo: É um médico, advogado.Médico porque dá uma força pra gente, né? E o advogado

também

Entrevistador: Como as pessoas podem mudar sua situação de trabalho?

Everaldo: Sei não, é difícil....

Entrevistador: Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

Everaldo: Malandro, se pegou o truta mal...não sei responder esses baguio não....

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APÊNDICE VII – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTAS – CLASSE E

Nome: Sônia da Silva

Classificação socioeconômica E

Local: Jardim Ideal – Zona Sul de São Paulo

Entrevistador: Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o

trabalho é um peso. O que você pensa sobre isso?

Sônia: Ha, o que eu penso sobre isso...a eu acho que deveria ter um ma... um meio melhor né

da gente sobreviver né, sem faze o que agente não gosta né. Um meio ma...melhor. O

governado qualquer um ajuda as pessoas, porque você vê muita gente carregando lixo, não

gosta né e se sente as vezes humilhado. Então é isso que eu acho.

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

Sônia: Satisfação é deu ser uma cidadã e trabalha e ganhar meu dinheiro honesto

Entrevistador: Isso é uma satisfação.

Sônia: É, lógico!

Entrevistador: Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

Sônia: Que tem reconhecimento, acho que numa firma né. Trabalhando numa firma

registrado né, carteira registrado tudo.

Entrevistador: Como as pessoas podem mudar a sua situação de trabalho?

Sônia: Mudando é..eu acho assim...situação de trabalho...é lutando né, indo em frente. Se não

der certo nenhum vai pra outro, e aí vai indo até conseguir objetivo né. Lutando, estudando

também né. To cheio de sobrinho tudo que tá lutando, estudando pra ver se consegue né uma

vida melhor né, então.

Entrevistador: Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

Sônia: Como assim? é...

Entrevistador: Por exemplo, você tem a sua necessidade de sobrevivência de todo dia –

comer, se alimentar –, como você pode conciliar essa sua necessidade com sua profissão,

realização na profissão. Estar satisfeito com aquilo que está fazendo.

Page 66: 1 - Cotidiano Em Movimento

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Sônia: Ha, se eu ganhasse mais né, se eu tivesse um apoio ganhasse mais. Porque o que

agente ganha é muito poco também né, mesmo trabalhando registrado. Perto do muito poco.

Principalmente quem tem criança, que tem..é..as veis vem renda mínima pra um, não vem pra

outro. Agente sofre muito com isso.

Nome: Alice da Cruz

Classificação socioeconômica E

Local: Jardim Ideal – Zona Sul de São Paulo

Entrevistador: Muitas pessoas trabalham a vida toda fazendo o que não gostam e, para elas, o

trabalho é um peso. O que você pensa sobre isso?

Alice: Pra elas é um peso, pra mim que tô desempregada ia sê um alívio.

Entrevistador: Ia ser um alívio?

Alice: É, ia sê um alívio...tô desempregada.

Entrevistador: O que é, para você, ter satisfação no trabalho?

Alice: Trabalha, recebe, cuidá da minha família, da minha filha, podê ajudá o meu próximo

também.

Entrevistador: Que tipo de profissão você acha, hoje, que tem reconhecimento? Por quê?

Alice: É, na verdade, é sê gerente, né?! Encarregado. Mai no momento tá todo mundo memo

na recicrage, que a recicrage é o único que a gente ta podeno recorrê.

Entrevistador: Como as pessoas podem mudar a sua situação de trabalho?

Alice: Me empregando...me arrumano um bom emprego, né?! Até de doméstica.

Entrevistador: Como conciliar a necessidade de sobrevivência com a realização profissional?

Alice: Essa é uma boa...

Entrevistador: Tem como fazer isso?

Alice: Só se o governo ajuda né. Abrir mais emprego pra todo mundo, porque ta difícil.

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APÊNDICE VIII – CENAS DO DOCUMENTÁRIO DECUPADAS

1 - Apresentação dos personagens

Macarrão, 33 anos.

Mulher 1 : Hoje deu peru,né?

Macarrão: Oi?

Mulher 1 : Deu peru né?

Macarrão: Deu

....

Homem 1 Qual o resultado daqui “desse” ?

Macarrão: É esse “ memo”.77.

Homem 1 : É .

...

Macarrão: Dá frente,dá frente.

Mulher 2: Deu peru denovo. Todo dia agora dá ...(não foi possível compreender o final da

frase.)

...

Homem 2: ...Anota aí o que eu vou falar.52,77.( O início da frase também não foi possível

compreender o que o homem disse.)

Homem 2: ( Ele diz algo sobre fazer novas apostas no jogo do bicho,não foi possível entender

o que foi dito.)

Macarrão: É o que,12?

Homem 2 : 13 e 17.

Homem 2 : É 5 “real”.

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Toghum, 32 anos

Toghum: Belford Roxo “ta”na área.

Toghum: Oi, tudo bem?

Toghum: Tudo bem.É, eu sou representante de uns produtos “ aí”.Dá uma olhada.

Vendedora: Preciso de óculos.

Toghum: Uma graça.

Vendedora: Você é cantor?

Toghum: Também, eu canto “ rapper”.

Toghum: Tem esse livrinho aqui também.

Vendedora: Ta, bonitinho.E aí?Gostei.

Toghum: Tem prazo, tem preço.

Vendedora: Ta, gostei. Mas no momento não quero encomendar.

Toghum: É? Tá.

Toghum: Obrigado, tchau para a senhora.

Toghum: “Xô” mostrar.

Toghum: E não é caro.

Vendedora: Eu gostei mais desses dois.Gostei de ambos,todos,tá?

Toghum: “Vô” fazer o seguinte, “boto” o que? “Boto” quinze bauzinhos para você.

Vendedora: Quinze “desses” e quinze “desse” aqui.

Toghum: E de vidro as mensagens para você.

Vendedora: Quinze da garrafinha.

Toghum: “ Cê qué” meio kit da garrafinha?São quinze.

Toghum: Mando mensagem para você de que?Amor, aniversário, amizade?

Vendedora: Os “homi” de Belford Roxo “ama” demais.

Toghum: Sério?

Vendedora: Pelo “meno” quando briga com a mulher, o que mais tem que falar é que ama.

Toghum: Então vou mandar cinco de amor e dez de...tá.

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Combatente, 21 anos

Combatente: Alô, boa tarde. Por gentileza o senhor Márcio Valério?

Interlocutor:...

Combatente: Estou falando com ele?

Interlocutor:...

Combatente: O senhor tem filhos?

Interlocutor:...

Combatente: E atualmente não possui uma nova companheira ou namorada?

Interlocutor:...

Combatente: Ta certo então seu Márcio.Obrigada pela sua atenção e uma ótima tarde.

Combatente: Reside sozinha senhora Maria?

Maria:...

Combatente: Certo, e tem contato com seus pais?

Maria:...

Combatente: Certo, é que hoje a senhora está sendo beneficiada através do seu cartão de

crédito com um benefício diretamente da Credicard, onde trata-se de um cartão adicional.No

qual a senhora poderá estar presenteando até três pessoas do seu relacionamento com idade

igual ou superior á dezesseis anos gratuitamente, correto?

2 - Cantando rap

Macarrão

Macarrão: Ai eu digo pá você, Senhor, estou pedindo o seu perdão, ultimamente eu ando

cheio de ódio no coração, pois não consigo entender o motivo. Não sou culpado de aqui ter

nascido. Não sei se concorda comigo, devo respeito, sou seu filho. Sei. Mas não sou culpado

do que aprontei, pode crê, meio difícil o “cao” sê evitado quando você está bolado, derrubado.

Sou a vítima perfeita do diabo, que já joga do meu lado um amigo com tudo dado. Dinheiro

mole nunca foi tão fácil, pode crê, e é assim que ele compra você. O diabo age sujo, tapinha

nas costas, me fez sonhar acordado feito um idiota. Móveis que faltam, casa própria. Aceitar

de cara a proposta, questão de tempo, pra não aceitar tem de ter procedimento. Desesperei.

Não pensei. Não deu tempo, quando eu vi, já tava dentro, e não dava pá voltá. Sei que tava

errado, mas não vô chorá.Eu não pedi pra nascer na favela, no meio da miséria, do ódio e da

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guerra, ai já era, endurece o coração. Por isso elevo o pensamento e peço compreensão, se me

julgar merecedor, Senhor, retire de mim o rancor!

Macarrão começa a conversar com o entrevistador: Caralho! Fala tu?! Vai ficá de acordo?

Entrevistador: Sem palavras!

Macarrão: Num basão sinistro? Geral tomando em cima da laje, como? Mó bondão...caralho!

Fala tu!

Toghum

Toghum: Não adianta desesperar, aja com calma e coração. Isso é apenas uma canção.

Depende de você. Encontre sua direção. Dê uma virada certa na vida. Serás uma pessoa bem

sucedida. Larga essa vida cheia de perigos. Tire a cara das drogas, põe a cara nos livros.

Nessa dura vida existe dois caminhos: um é dourado, sim, o outro, cheio de espinhos. Se você

não mudar, não vai vencer, não vai fazer a sua vida acontecer, pois depende apenas de você,

porque a vida é uma.

Mônica

Mônica: Eternamente hips. Paz, amor, antiguerra. Será que isso já era no mundo capitalista?

Isso é papo de ativista, careta, talvez, mas amanhã é a sua vez. Uma bala perdida vai roubar o

seu futuro e agonizando vai lembrar que quis mudar o mundo. A nossa hipocrisia é o que nos

mata, cara. Aquele revolucionário já queimou a farda e se rendeu ao comodismo e finge que

não vê. Mas o descaso dominou você e nem deu tempo de correr e refazer o futuro. Passamos

nossas vidas sempre em cima do muro.

3 - Porque da música

Macarrão

Macarrão conversa com o entrevistador na sala de sua casa

Entrevistador: E a tua música, tua música é de bandido?

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Macarrão: A minha música não é de bandido, minha música... Ela vai ser considerada música

de bandido porque... É o, é o tema que ninguém quer escutar, tá ligado? É a agonia que, que, é

a agonia que quem vive é a gente. Eu não faço música de protesto. Eu faço, faço crônica do

cotidiano, tá ligado? Eu num quero protestar. Negócio de protesto... cunversa fiada. Num é

música de bandido, mas bandido vai gostar de ouvir, trabalhador também vai gostar, agora

playboy num vai gostar, polícia num vai gostar... É por aí. Playboy num vai gostar, polícia

num vai gostar... Playboy vai gostar de repente tamém porque acha fantástico... tá ligado?

Acha viaje o... o... o... cotidiano de se viver numa favela e coisa e tal.

Macarrão falando com o entrevistador na van

Macarrão: Num tem como, se é a música que fala em favor de quem num tem porra nenhuma,

pô! O rap é nosso!... De repente eles inventaram, mas é mais nosso di que deles. Os cara que

começa a cantar rap lá já têm sonho de ficar milionário... pô, e o, no Brasil o cara tem a

preocupação de levar a mensagem, de levar um, de levar um alento pro cara que vai escutar,

tá ligado? De tentar dizer pro cara que num é bem assim...

Macarrão falando com o entrevistador na laje da sua casa

Entrevistador: E o rap fez o quê, pra você?

Macarrão: Hã?

Entrevistador: O rap... Fez o quê?

Macarrão: O rap, o rap nunca me deu nada, como eu nunca dei nada pu rap. A gente nunca

trocou nada. Eu nunca dei nada pu rap. Eu não sou ninguém no rap, certo? Escrevo umas

rima, vou tentar leva o trabalho pra frente, tá ligado? Na humildade, parceiro... Num vou

esperar que ninguém goste da minha letra tamém... tá ligado? Pra mim, o termômetro de dizer

se o trabalho tá bom ou ruim... Num vai ser o próprio cara do rap, vai ser a... Comunidade... tá

ligado? Vai ser meus amigo, vai ser... A comunidade, parceiro... Se eu sair daqui do ZincoRap

e for pra outra comunidade, lá, que nem um maluco me tocou, sexta-feira, o som toca no

Jacaré e nego pede pá botá direto...

Entrevistador: Teu som?

Macarrão: É...

Page 72: 1 - Cotidiano Em Movimento

72

Entrevistador: Qual?

Macarrão: Na rádio comunitária, da visita.

Entrevistador: Ah é?

Macarrão: Certo, porra! Tu quer mais vitória di que isso? Porra, parceiro!

Toghum

Toghum cantando no estúdio

Toghum: Só daí, só daí!

Cara no estúdio: Não, vou começar de novo.

Toghum: Muitos perceberam que... Caramba! Num vai dar pra mim viver de música, eu num

sei, agora... Num vai dar pra mim vive de música. Se num fosse por esse cara me chama, pra

fazê um backing pra ele, eu num voltava nunca mais a cantar. Ia ficar só estudando, na minha,

me fortalecendo, fazendo minha faculdade... Num ia voltar a cantar mais!

Mônica

Mônica falando com o entrevistador no sofá da sala na sua casa

Entrevistador: Qual é a importância?

Mônica: Importância? Pô... De você levar o rap pra uma comunidade carente. E... Assim... O

mais engraçado, o maravilhoso de você trabalhar em rádio comunitária, é que assim... É você,

sabe, é como você chegar assim, na casa das pessoas, sem pedir licença, com a sua música. E

conquistar todo mundo, sabe? É ser um carinho assim, enorme. Quantas vezes a gente já

recebeu carta de mães que têm seus filhos presos, entendeu? Mães de presidiários, dizendo

assim: Poxa! Se tantas outras vezes o meu filho tivesse ouvido essas músicas, tivesse ouvido

esse programa de vocês...

Page 73: 1 - Cotidiano Em Movimento

73

4 - Perspectivas de futuro

Macarrão

Macarrão indo de van para a casa da tia

Pô, e eu fico satisfeito com isso, demoro, já é! Ta ligado? Ma num é também querê sê

derrotista, certo? É apenas analisano a realidade. Num sô derrotista, parcero. Se eu pudé

vencê de alguma forma eu vô, parcero, vô agarrá e vô vencê, parcero. Só que no momento as

condições e a pespectiva num ta me deixano vê essa vitória, ta ligado? Se ela existe, ela ta

obscurecida.

Toghum

Toghum em sua casa

Entrevistador: e aonde você qué chegá?

Toghum: Me formá em jornalismo, puxá a minha faculdade pra rádio e por eu tê 32 anos, eu

invés de uma já fazê duas, entendeu? Duas faculdades que basicamente o que vai acontecê e

nesse meio tempo eu fazê uma prova pro setor de comunica...pra Polícia Federal e i pro setor

de comunicação. Eu lá, eu sei que eu vou consegui ganhar o suficiente pra mim movimentá

minha vida, estabilizar minha vida, tê meu filho tranqüilamente. Num pecisa nem vivê tão

bem, mas vivê e quem sabe, sei lá, me dando bem no setor de Comunicação e Assessoria de

Imprensa, quem sabe possa sê o primeiro porta-voz negro do Presidente da República. Teve

ninguém até hoje. Entendeu? Eu falo isso, às vezes, pros meus colegas eles começam a rir,

cara. Mas eles não têm a intensidade do desejo que eu tenho, em querê sê melhor. Num é

querê sê melhor pra pisá em ninguém. É querê sê melhor pra mos...fazê jus a toda minha

criação, entendeu? Fazê jus a tudo o que eu passei, a todo o sofrimento que eu passei, a

todo...a toda a minha virada, entendeu? Essa minha virada de lucidez, de crescimento, de

querê tê, de querê sê, entendeu? E o mais engraçado é que o hip hop, ele foi a minha linha

divisória, é a minha linha divisória com o que eu posso tê de bom, entendeu? O que eu possa

proporcionar de bom e toda podridão que ta ai fora, entendeu? Então...Cara, mas se eu tive

lucidez suficiente pra buscá cultura, pra buscá entendê diferença social, pra buscá entendê...Se

eu já nasci excluído, se eu não me direcioná pra sai dessa camada de excluído, nem que seja

10%, entendeu?

Page 74: 1 - Cotidiano Em Movimento

74

5 - Necessidade e Realidade

Macarrão

Macarrão conversa com o entrevistador na laje de sua casa

Entrevistador: Tu gosta de trabalhá no bicho?

Macarrão: Gostá eu num gosto não. Escravização, né?!

Entrevistador: Má tu ta recebeno!

Macarrão: Ué, e daí? Oito da manhã às nove da noite. Tu bancava?

Entrevistador: Ah, muita gente trabalha assim.

Macarrão: Pô, mar sentado no mermo lugar? Tomando tapa di polícia. Agora não, que agora

ta bom, mar já passei várias vergonha ali di i preso na frente da mia mulhé, de os cara querê

batê nela, eu tê que tomá a frente e ganhá porrada. Ma aí que que adianta eu saí dali e assiná

cartera pá ganhá 200 conto, parceiro, por mês? O aluguel dessa casa aqui é 200, cumpadre.

Macarrão falando com o entrevistador na casa dele, segurando o filho nos braços enquanto

fala: Porra, cara, tu qué que eu te falo legal? Minha vida acabo, bandido. Isso é uma realidade

que não vai mudá. Eu to massacrado mermo, legal. Né, meu mozão? To igual robô, cara!

Desço, trabalho, subo. Desço di novo, subo outra veiz. Desço di novo, subo outra veiz e acabo

aquele negócio de ter as coisa dentro de casa e tudo mais. Sem referência dentro do barraco.

Trabalho porque tenho que sustentar as criança, se não eu tinha vasado.

Toghum

Toghum conversa com o entrevistador em sua casa

Meu negócio é o rap, mas por enquanto não ta dando certo. Eu vou continuar fazendo, mais

eu preciso duma renda, preciso duma renda, num dá pra ficá desempregado.

Page 75: 1 - Cotidiano Em Movimento

75

Mônica

Mônica conversa com o entrevistador em sua casa

Mônica: Não tô mais trabalhano, tudo bem, é ruim pra caramba tu ficá sem grana mar num me

sinto mais tão escrava assim, caraça, trabalhava direto.

Entrevistador: Cê acha que vai dá pra vivê de música, vai dá pra vivê de rap?

Mônica: Só pra quem qué, sabe qual é?! Cê num pode ficá contando os dias, as horas...eu vô

vivê da música.

Page 76: 1 - Cotidiano Em Movimento

76

APÊNDICE IX – ENTREVISTA COM A PRODUTORA MARA MOURÃO

Entrevista realizada com a produtora Mara Mourão, em 24 de maio de 2006.

1 - Mara, você poderia nos descrever sua formação, seus trabalhos realizados?

Sou formada em cinema na FAAP, com curso de cinema na New York University (duração de

1 ano). Fui assistente de direção em publicidade durante 6 anos. Depois dirigi inúmeros

comerciais, até 1995. Em 1996 escrevi, produzi e dirigi meu primeiro longa-metragem:

"Alô?!". Depois vieram "Avassaladoras" (2001), "Doutores da Alegria" (2005) e

"Avassaladoras - série" (2006).

2 - Na sua opinião, qual o real objetivo na produção de um documentário?

Um autor pode querer retratar a realidade através de um filme documentário apenas para

levar este conhecimento ao público, ou também para denunciar algum aspecto que ache de

interesse da sociedade. Outro autor pode fazer um documentário que não tenha tanto

compromisso com a realidade, mas sim com o que ele autor pensa à respeito da realidade.

Nestes filmes o que se vê é uma tentativa de provar um ponto de vista, mostrar a fatia de

realidade que o autor crê ser relevante. Acredito que ambos os filmes sejam totalmente

válidos. E gosto muito dos docudramas, que misturam ficção com documentário. Na minha

opinião, o real objetivo de um filme, tanto faz se é um documentário ou um filme ficcional, é o

de transformar a realidade, ensinar ou pelo menos mudar e o estado de espírito das pessoas

no momento da projeção.

3 - Mara, qual o papel representativo que o documentário pode desempenhar na realidade

social brasileira?

O documentário no Brasil ainda tem um alcance pequeno quando veiculado apenas no

cinema. Os documentários de maior sucesso alcançaram 300 mil espectadores. Quando

chegam à TV, podem alcançar um número mais expressivo de espectadores.

Page 77: 1 - Cotidiano Em Movimento

77

Porém acredito que um filme que fale de uma verdade ainda não muito explorada, ou mostre

esta verdade por um angulo inovador pode, mesmo alcançando um número pequeno de

pessoas, causar modificações na sociedade.

Que um filme toque o coração de uma só pessoa, mas que a leve a repensar a nossa

sociedade, já terá cumprido o seu papel. Acho que o documentário aos poucos está rompendo

o preconceito do público, chegando às salas de cinema, TV e DVD. Com certeza terá um

papel importante para fazer-nos repensar nossa realidade.

4 - Quais mudanças – conceituais e técnicas - ocorreram na produção de documentários ao

longo dos anos?

Acho que a visão de documentário com câmera invisível, na tentativa de interferir o menos

possível na realidade, está tendo que dividir espaço com o filmes que misturam ficção

(inclusive com atores), na tentativa de contar uma história.

No âmbito técnico houve grandes mudanças com a chegada das câmeras digitais, que

baratearam os custos tornando a produção de cinema mais acessível.

5 - Desde a concepção da idéia até a finalização do documentário, quais são as principais

etapas a serem realizadas? Você poderia nos descrever como são feitas as entrevistas com as

pessoas retratadas no documentário?

Argumento

Roteiro

Pré-produção

Produção / filmagem

Edição de imagem

Edição de som

Trilha sonora

Mixagem de som

Finalização de imagem e som

Distribuição

Cada diretor tem uma metodologia para entrevistar. Eu tive longas conversas com meus

entrevistados antes das filmagens e, portanto sabia o que queria perguntar na hora de rodar.

Page 78: 1 - Cotidiano Em Movimento

78

Mas isso funcionou para o filme DOUTORES DA ALEGRIA. Não funcionaria noutro tipo de

documentário. A maior parte das vezes é chegar e usar a sensibilidade para tentar deixar o

entrevistado à vontade para abrir seu coração.

6 - Que diferenças existem entre o cinema e o documentário com relação às suas produções e

às suas equipes técnicas?

O filme de ficção geralmente tem um orçamento maior, uma equipe maior. Afinal, a maior

parte dos documentários não tem figurinista, cenógrafo, maquiador, etc.

No caso do DOUTORES DA ALEGRIA precisei usar uma equipe mínima para interferir o

menos possível no ambiente hospitalar. Quando se produz um filme de ficção de época,

existem grandes cenários, muitos figurinos, adereços, etc.

7 - Existe imparcialidade por parte do documentarista na realização de um trabalho? Caso não

exista, até que ponto a sua parcialidade pode interagir com o documentário sem

descaracterizá-lo?

Não acredito na imparcialidade. O mesmo assunto visto por 20 diretores dará 20 filmes

completamente diferentes. E esta diferença chama-se visão do diretor.

Existem filmes que refletem muito a opinião de um autor, como "Farenheit" do Michael

Moore que é apenas uma visão dele sobre o Bush, e nem por isso deixa de ser importante.

8 - Existem incentivos fiscais ou alguma forma de patrocínio para a realização de um

documentário?

Documentário é um filme e, portanto pode ser inscrito na Ancine como outro filme qualquer.

Também existem concursos específicos para documentário.

9 - Na sua opinião, quais as medidas a serem traçadas – governamentais ou particulares –,

para que haja maior acessibilidade do público aos documentários produzidos?

O Brasil tem um problema gravíssimo que afeta a ficção da mesma forma que o

documentário: FALTA DE SALAS DE CINEMA Temos muito poucas, por volta de 2 mil

salas. Imaginem que um filme como Código Da Vince entra com 500 cópias, está ocupando

Page 79: 1 - Cotidiano Em Movimento

79

1/4 de todas as salas de um país. Se 3 blockbusters estão em cartaz ao mesmo tempo, temos

muito pouco espaço sobrando para o resto da cinematografia mundial. É isso que tem que

mudar.Além disso, precisamos de mais verba para a produção e distribuição.

Page 80: 1 - Cotidiano Em Movimento

80

APÊNDICE X – QUESTIONÁRIOS DE CLASSIFICAÇÃO SOCIOECONÔMICA

RESPONDIDOS

Page 81: 1 - Cotidiano Em Movimento

81

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Ana Caroline Classificação Socioeconômica: A II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 25 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Rua Oscar Freire III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo X

Page 82: 1 - Cotidiano Em Movimento

82

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Ana Lúcia Classificação Socioeconômica: A II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 25 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Rua Oscar Freire III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo X

Page 83: 1 - Cotidiano Em Movimento

83

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Betina Classificação Socioeconômica: A II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 25 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Rua Oscar Freire III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo X

Page 84: 1 - Cotidiano Em Movimento

84

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Daniele Classificação Socioeconômica: A II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 25 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Rua Oscar Freire III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 85: 1 - Cotidiano Em Movimento

85

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Flávio Classificação Socioeconômica: A II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 25 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Rua Oscar Freire III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo X

Page 86: 1 - Cotidiano Em Movimento

86

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Jorge Classificação Socioeconômica: A II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Tietê do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo X

Page 87: 1 - Cotidiano Em Movimento

87

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Maria Adelaide Classificação Socioeconômica: A II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 25 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Rua Oscar Freire III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo X

Page 88: 1 - Cotidiano Em Movimento

88

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Nádia Classificação Socioeconômica: A II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 25 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Rua Oscar Freire III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo X

Page 89: 1 - Cotidiano Em Movimento

89

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Rita Classificação Socioeconômica: A II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Tietê do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo X

Page 90: 1 - Cotidiano Em Movimento

90

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Tiago Eduardo Ferraz Classificação Socioeconômica: A II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Bruno e Daniela Data: 03 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Liberdade (bairro) III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 91: 1 - Cotidiano Em Movimento

91

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Carina Classificação Socioeconômica: B II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Terminal Vila Madalena de metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 92: 1 - Cotidiano Em Movimento

92

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Danilo Classificação Socioeconômica: B II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Sumaré do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo X

Page 93: 1 - Cotidiano Em Movimento

93

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Durval Negrini Classificação Socioeconômica: B II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Tietê do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 94: 1 - Cotidiano Em Movimento

94

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Josemir Classificação Socioeconômica: B II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Terminal Rodoviário do Tietê III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto X

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 95: 1 - Cotidiano Em Movimento

95

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Maurício Classificação Socioeconômica: B II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 25 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Rua Oscar Freire III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo X

Page 96: 1 - Cotidiano Em Movimento

96

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Railete Classificação Socioeconômica: B II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Sumaré do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 97: 1 - Cotidiano Em Movimento

97

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Sales Classificação Socioeconômica: B II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Tietê do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 98: 1 - Cotidiano Em Movimento

98

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Sérgio Classificação Socioeconômica: B II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 25 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Rua Oscar Freire III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 99: 1 - Cotidiano Em Movimento

99

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Socorro Classificação Socioeconômica: B II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Terminal Vila Madalena de metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 100: 1 - Cotidiano Em Movimento

100

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Vanessa Classificação Socioeconômica: B II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Tietê de metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto X

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 101: 1 - Cotidiano Em Movimento

101

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Alexandre Rodrigues Classificação Socioeconômica: C II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Terminal Vila Madalena de metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 102: 1 - Cotidiano Em Movimento

102

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Celso Classificação Socioeconômica: C II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 25 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Rua Oscar Freire III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 103: 1 - Cotidiano Em Movimento

103

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Fernanda Classificação Socioeconômica: C II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Clínicas do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto X

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 104: 1 - Cotidiano Em Movimento

104

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Jennifer Classificação Socioeconômica: C II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Terminal Rodoviário do Tietê III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto X

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 105: 1 - Cotidiano Em Movimento

105

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Jonas Classificação Socioeconômica: C II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Tietê do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto X

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 106: 1 - Cotidiano Em Movimento

106

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Júllio César Nunes Classificação Socioeconômica: C II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Clínicas do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto X

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 107: 1 - Cotidiano Em Movimento

107

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Mauro de Ciqueira Classificação Socioeconômica: C II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Leonardo e Marcela Data: 27 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Jardim Ideal – Zona Sul III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 108: 1 - Cotidiano Em Movimento

108

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Priscila Classificação Socioeconômica: C II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Paraíso do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 109: 1 - Cotidiano Em Movimento

109

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Rômulo Martins Classificação Socioeconômica: C II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Terminal Vila Madalena de metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto X

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 110: 1 - Cotidiano Em Movimento

110

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Vagner da Silva Batista Classificação Socioeconômica: C II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Paraíso do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 111: 1 - Cotidiano Em Movimento

111

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Antônio José da Silva Filho Classificação Socioeconômica: D II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Leonardo e Marcela Data: 27 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Jardim Ideal – Zona Sul III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 112: 1 - Cotidiano Em Movimento

112

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Camila Classificação Socioeconômica: D II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Marcello Portugal Data: 09 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Parque Trianon III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto X

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 113: 1 - Cotidiano Em Movimento

113

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Caroliny Classificação Socioeconômica: D II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Marcello Portugal Data: 09 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Parque Trianon III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto X

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 114: 1 - Cotidiano Em Movimento

114

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Everaldo Pereira Classificação Socioeconômica: D II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Leonardo e Marcela Data: 27 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Jardim Ideal – Zona Sul III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 115: 1 - Cotidiano Em Movimento

115

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: João Laerte Classificação Socioeconômica: D II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Gabriela e Camila Data: 13 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Clínicas do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X

Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto X

Superior completo

Page 116: 1 - Cotidiano Em Movimento

116

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Joaquina Classificação Socioeconômica: D II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Estação Clínicas do metrô III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto X

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 117: 1 - Cotidiano Em Movimento

117

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Luciano José da Silva Classificação Socioeconômica: D II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Leonardo e Marcela Data: 27 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Jardim Ideal – Zona Sul III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 118: 1 - Cotidiano Em Movimento

118

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Manuel Classificação Socioeconômica: D II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Lucas, Mariana e Marcelo Data: 31 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Terminal Rodoviário do Tietê III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 119: 1 - Cotidiano Em Movimento

119

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Marli Pereira da Silva Classificação Socioeconômica: D II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Leonardo e Marcela Data: 27 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Jardim Ideal – Zona Sul III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 120: 1 - Cotidiano Em Movimento

120

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Rosana Classificação Socioeconômica: D II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Marcello Portugal Data: 09 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Parque Trianon III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto X

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 121: 1 - Cotidiano Em Movimento

121

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Alice da Cruz Classificação Socioeconômica: E II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Leonardo e Marcela Data: 27 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Jardim Ideal – Zona Sul III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X

Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto

Primário completo / Ginasial incompleto X

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 122: 1 - Cotidiano Em Movimento

122

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Ediudo Valério de Barros Classificação Socioeconômica: E II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Bruno e Daniela Data: 03 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Liberdade (Albergue) III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 123: 1 - Cotidiano Em Movimento

123

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: João Batista Classificação Socioeconômica: E II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Bruno e Daniela Data: 03 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Liberdade (Albergue) III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 124: 1 - Cotidiano Em Movimento

124

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: José Carlos do Rosário e Irene Maria de Jesus Classificação Socioeconômica: E II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Leonardo e Marcela Data: 27 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Jardim Ideal – Zona Sul III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 125: 1 - Cotidiano Em Movimento

125

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: José Ferreira Lopes Classificação Socioeconômica: E II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Bruno e Daniela Data: 03 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Liberdade (Albergue) III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 126: 1 - Cotidiano Em Movimento

126

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Marconi Sabino Classificação Socioeconômica: E II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Bruno e Daniela Data: 03 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Liberdade (Albergue) III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 127: 1 - Cotidiano Em Movimento

127

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Maria Joseleine de Almeida Sousa Classificação Socioeconômica: E II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Bruno e Daniela Data: 03 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Liberdade (Albergue) III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 128: 1 - Cotidiano Em Movimento

128

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Sônia da Silva Classificação Socioeconômica: E II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Leonardo e Marcela Data: 27 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Jardim Ideal – Zona Sul III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X

Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

Page 129: 1 - Cotidiano Em Movimento

129

QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Valdir Luiz Greff Classificação Socioeconômica: E II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Bruno e Daniela Data: 03 / 06 / 06 Local em que foi aplicado: Liberdade (Albergue) III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

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QUESTIONÁRIO I.) Caracterização do entrevistado Nome: Valtelânia Costa Classificação Socioeconômica: E II.) Caracterização do entrevistador Aluno (a): Leonardo e Marcela Data: 27 / 05 / 06 Local em que foi aplicado: Jardim Ideal – Zona Sul III.) Tabela de Classificação Socioeconômica

POSSE DE ITENS

TEM ITENS NÃO TEM 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores X Rádio (vale do carro) X

Banheiro X Automóvel X

Empregada mensalista X Aspirador de pó X

Máquina de lavar X Videocassete X

Geladeira X

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

X

GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA

Analfabeto / Primeiro grau incompleto X

Primário completo / Ginasial incompleto

Ginasial completo / Colegial incompleto

Colegial completo / Superior incompleto

Superior completo

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ANEXO I – ENTREVISTA DE NATHANIEL LECLERY AO SITE CINEWEB

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ANEXO II – ANCINE – LISTA DE LANÇAMENTOS NACIONAIS 2005

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