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SERVIÇO DAS PUBLICAÇÕES OFICIAIS DAS COMUNIDADES EUROPEIAS L-2985 Luxembourg 14 CR-16-98-174-PT-C

14 CR-16-98-174-PT-C · A conservação da natureza é uma das principais preocupações da política comu-nitária em matéria de ambiente desde o início dos anos 70. A directiva

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SERVIÇO DAS PUBLICAÇÕESOFICIAIS DAS COMUNIDADESEUROPEIAS

L-2985 Luxembourg

14 CR

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NATURAa gestão do nosso património

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★ ★ ★★

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★★ COMISSÃO EUROPEIA

DGXI - Ambiente,Segurança Nuclear e Protecção Civil

NATURAa gestão do nosso património

20002000

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Í n d i c e

Um património natural rico mas frágil 2

Preservemos juntos a biodiversidade 4

“NATURA 2000”, um desafio importante para a União 8

Para além da “Natura 2000” 12

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riqueza da União Europeia tem por base o respeito mútuo das diversasidentidades que a compõem. A nossa biodiversidade, cujo valor biológico,

estético e genético é inestimável, constitui um elemento de identidade.Representa uma herança natural que temos o dever moral de gerir parcimoniosa-mente de modo a poder transmiti-la às gerações futuras. Este património natu-ral, apesar de ser ainda rico, é frágil. Garantir a sua perenidade constitui, porconseguinte, um desafio primordial para a União.

A conservação da natureza é uma das principais preocupações da política comu-nitária em matéria de ambiente desde o início dos anos 70. A directiva comunitá-ria “Aves” e posteriormente a directiva comunitária “Habitats” criaram umasólida base legislativa para a protecção das espécies e dos meios naturais raros eameaçados. Mais de 250 milhões de ECUs de co-financiamento comunitário foramconsagrados à realização de determinados projectos de protecção da natureza emtodos os Estados-Membros.

O Conselho de Ministros da União decidiu agora enfrentar um importantedesafio : criar, na alvorada do terceiro milénio, uma rede de sítios protegidos anível comunitário. Denominada “NATURA 2000”, esta rede desempenhará umpapel chave na preservação dos recursos naturais.

Para o êxito deste projecto colectivo, cada Estado-Membro é responsável pelaselecção dos meios a aplicar no seu território. Estos meios deverão ser tomadosem consideração exigências tanto de natureza científica como de natureza econó-mica, social e cultural. O êxito da rede “NATURA 2000” exige a plena partici-pação e adesão de todos os parceiros envolvidos.

A criação da rede “NATURA 2000” constitui igualmente uma ocasião única parademonstrar que as preocupações ambientais podem ser integradas em outraspolíticas. A conservação da natureza faz parte do ordenamento do território.Pode ser compatível com numerosas actividades económicas e mesmo incentivara criação de postos de trabalho.

Gostaríamos que a presente brochura fornecesse a todos, os elementos de infor-mação necessários para uma melhor compreensão dos desafios e dos objectivosda rede “NATURA 2000” e que, deste modo, favoreça o diálogo relativo aos sítiosde interesse comunitário a proteger. ■

Gerir parcimoniosamente anossa herança natural

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s quinze Estados-Membros da União Europeia abrangem amaior parte da Europa ocidental, com uma superfície

superior a 3 milhões de km2 e uma população de 370 milhões dehabitantes. Os diferentes climas, solos, topografias e actividadeshumanas deram origem a uma grande diversidade de meios natu-rais e semi-naturais onde vive uma multitude de espécies.

A União Europeia conta, deste modo, diversos milhares de tipos dehabitats naturais que albergam 150 espécies de mamíferos, 520aves, 180 répteis e anfíbios, 150 peixes, 10 000 plantas e pelomenos 100 000 invertebrados(1). Estes valores reflectem a imensariqueza da herança natural europeia, sinónimo da diversidade dasformas de vida, da beleza das paisagens e igualmente de umadeterminada qualidade de vida.

Espécies ameaçadas

Apesar dos progressos alcançados nas políticas de conservação danatureza dos Estados-Membros, as populações de numerosas espé-cies continuam a diminuir. Esta regressão, rápida e contínua, nãoafecta apenas as espécies raras. Estudos recentes indicam umadiminuição importante das populações de espécies comuns taiscomo a toutinegra-dos-jardins (Sylvia borin) ou a laverca (Alaudaarvensis).

Actualmente, metade das espécies de mamíferos e um terço dasespécies de répteis, de peixes e de aves encontram-se ameaçadas.As espécies marinhas (foca-monge, tartarugas, etc.), afectadas porproblemas de poluição e de pesca mal controlados, contam-seentre as mais expostas. O Maçarico-de-bico-fino e o esturjão daEuropa tornaram-se de tal modo raros que a sua sobrevivência acurto prazo poderia encontrar-se comprometida. No que diz res-peito às plantas, cerca de 3 000 espécies encontram-se ameaçadase 27 estão em vias de extinção.

Habitats naturais em declínio

A espectacular regressão de numerosas espécies resulta, em pri-meiro lugar, da deterioração dos habitats naturais mais importan-tes para a sua sobrevivência. Em escassos decénios, a intensifi-cação de numerosas actividades humanas - agricultura,silvicultura, indústria, energia, transportes, turismo, etc. - provo-cou a perda ou a fragmentação de meios naturais, deixandopouco espaço para a vida selvagem ou confinando-a a uma parteexígua do território comunitário.

Deste modo, os ecossistemas fluviais e os estuários, de importân-cia capital para numerosas espécies, sofreram uma forte degra-dação em toda a Europa. Outros meios de inestimável valor bio-lógico, viram-se reduzidos a apenas uma pequena fracção dassuas superfícies de origem. As charnecas, as estepes ou as turfei-ras diminuíram entre 60 a 90 % consoante os Estados-Membros.Desde o início do século, 75 % das dunas desapareceram emFrança, Itália e Espanha. ■

(1) Environment in theEuropean Union 1995,Report for the review of theFifth Environmental ActionProgramme - EuropeanEnvironment Agency, EEACopenhaga, 1995.

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■ Zona biogeográficaalpina

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■ Zona biogeográfica atlãntica

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ara incentivar uma melhor gestão do património natural, aComunidade estabeleceu progressivamente uma política de

conservação da natureza no seu território. Em 1973, o primeiro pro-grama de acção em matéria de ambiente fixa as prioridades. Dezanos mais tarde, são criados instrumentos financeiros específicospara a conservação da natureza.

As sucessivas revisões dos Tratados reforçaram as bases jurídicasdesta política. O Tratado de Maastricht instaura, em 1992, a obrigato-riedade de integrar a protecção do ambiente no conjunto das políti-cas desenvolvidas pela União Europeia. O 5º Programa de Acção emMatéria de Ambiente identifica a protecção da natureza e da biodi-versidade como grandes linhas de acção.

A legislação comunitária tem por base dois textos : as directivas“Aves”(1) e “Habitats”(2). Estas duas directivas estabelecem a salva-guarda dos habitats naturais das espécies da fauna e da flora, nomea-damente por meio da criação de uma rede europeia de sítios protegi-dos.

(1)Directiva 79/409/CEEdo Conselho, de 2 abrilde 1979 relativa àconservação das avesselvagens.

(2)Directiva 92/43/ CEEdo Conselho, de 21Maio de 1992 relativa àpreservação dos habi-tats naturais e da faunae da flora selvagens.

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Directiva “Aves”, um primeiropasso para combater a regressãode espécies

Adoptada em 1979, a directiva “Aves” tem porobjectivo a protecção e gestão a longo prazo detodas as espécies de aves vivendo no estado selva-gem no território comunitário, bem como dos res-pectivos habitats.

Cabe aos Estados-Membros garantir a salvaguardade todas estas espécies e, em particular, das espé-cies migradoras, património comum de todos oseuropeus. É ainda seu dever preservar os diversoshabitats naturais onde vivem as aves selvagens.

Beneficiam de medidas de conservação específicas181 espécies e subespécies ameaçadas em virtudeda sua diminuta população e/ou da sua reduzidaárea de distribuição. Os Estados-Membros deverãoclassificar como zonas de protecção especial osterritórios mais adequados. Aves tão conhecidascomo a cegonha-branca, o grou-comum ou o grifobeneficiam destas medidas.

Apesar de terem sido classificados mais de 1 600sítios como zonas de protecção especial, com umasuperfície superior à do Benelux (mais de100000 km2), na maior parte dos Estados-Membrosé ainda necessário preservar numerosos sítios deinteresse ornitológico.

Directiva “Habitats”, um qua-dro comum a favor da biodi-versidadeéEsta directiva, adoptada em 1992, ano da cimeirado Rio sobre ambiente e desenvolvimento, consti-tui a principal disposição comunitária a favor dabiodiversidade. Esta directiva estabelece a obri-gação de preservar os habitats e as espécies classifi-cadas como de interesse comunitário. Cada Estado-Membro deverá identificar no seu território e, maistarde, designar como zonas especiais de conser-vação, os sítios importantes para a preservação doshabitats e das espécies referidos na directiva. Estaszonas beneficiarão de medidas regulamentares oucontratuais e, se for caso disso, de planos de gestãoque permitam a sua preservação a longo prazo,integrando as actividades humanas num processode desenvolvimento sustentável.

O conjunto das zonas especiais de conservaçãodesignadas pelos Estados-Membros constituirá arede europeia de sítios protegidos, baptizada“NATURA 2 000”. Todas as zonas de protecçãoespecial designadas a título da directiva “Aves”farão parte desta rede.

Incumbe a cada Estado-Membro a selecção dosmeios a utilizar no seu território para realizar estecompromisso colectivo. A Comissão, no que lhetoca, contribui para a criação desta rede e velarápelo cumprimento dos objectivos fixados conjun-tamente. ■

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Habitats e espécies de interesse comu-nitárioTrata-se de tipos de habitats cuja zona de distribuição natural é bas-tante reduzida ou diminuiu fortemente no território comunitário :turfeiras, charnecas, dunas, habitats litorais ou de águas doces, etc.Mas inclui igualmente habitats naturais notáveis e representativosde uma das seis regiões biogeográficas da União Europeia (flores-tas de laríceas nos Alpes, prados salinos nos litorais atlânticos, etc.).No total, são considerados como de interesse comunitário, naacepção da directiva, cerca de 200 tipos de habitats.

Entre as espécies de interesse comunitário figuram as que seencontram ameaçadas ou em vias disso e igualmente determina-das espécies endémicas. A directiva identifica deste modo cercade 200 espécies animais e mais de 500 espécies vegetais cujoshabitats devem ser protegidos. De forma a ter em conta dife-renças entre Estados-Membros, determinadas espécies declara-das de interesse comunitário beneficiam de uma derrogação nospaíses em que as suas populações mão estão ameaçadas viáveis(por exemplo, o lince na Finlândia).

Medidas de emergência para determina-dos habitats e espécies prioritáriosA União Europeia possui uma responsabilidade particular noque diz respeito à conservação de habitats naturais ameaçadosde extinção (campos de possidónias, lagunas, florestas de alu-vião, etc.) ou de espécies em vias de extinção (glutão, foca-monge, etc.). Classificados como prioritários, devem beneficiarde medidas de protecção de emergência.

A rede europeia “NATURA 2000” incluirá uma amostragem repre-sentativa de todos os habitats de interesse comunitário e, em par-ticular, dos habitats prioritários. Garantirá deste modo ao conjuntodas espécies da fauna e da flora de interesse comunitário umaprotecção suficiente para garantir a sua viabilidade a longo prazo.

Desde a entrada em vigor destas directivas, a evolução dos habi-tats naturais e espécies em questão sofreu alterações. É necessá-rio que os peritos científicos procedam à avaliação das medidasadoptadas, de modo a permitir à Comissão Europeia e aosEstados-Membros adaptar as directivas em questão no quadrodos comités especializados (Comités Habitats e Ornis). ■

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Definições

Art. 1 Principais termos: estado de conservação, tiposde habitats ou de espécies de interesse comuni-tário ou prioritários, etc.

Art. 2 Objectivos da directiva

Preservação dos habitats naturais e dos habitats de espécies

Art. 3 Definição da rede “NATURA 2000”Art. 4 Estabelecimento de listas nacionais de sítios de

importância comunitária e designação de zonasespeciais de conservação (ZEC)

Art. 5 Papel do Conselho na identificação dos sítios deimportância comunitária mediante proposta daComissão

Art. 6 Medidas de protecção e planos de gestão dasZEC

Art. 7 Obrigações relativas às zonas de protecçãoespecial (directiva “Aves”)

Art. 8 Conservação e co-financiamentos comunitários

Protecção das espécies

Art. 12 Medidas de protecção das espécies animais ea 16 vegetais ameaçadas Outras disposições

Art. 20 Papel do comité “Habitats”a 21

Anexo I Habitats naturais e semi-naturais cuja conser-vação requer a designação de ZEC

Anexo II Espécies animais e vegetais cuja conser-vação requer a designação de ZEC

Anexo III Critérios de selecção dos sítios para as ZEC

Anexo IV Espécies animais e vegetais que necessitamde uma protecção estrita

Anexo V Espécies de fauna e de flora cujas recolha eexploração são controladas

Anexo VI Métodos e meios de captura e abate proibi-dos.

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Zonas de ProtecçãoEspecial

RedeNATURA

2000

ZonasEspeciais

deConservação

Lista de Sítiosde Importância

Comunitária

Listanacionalde sítios

Anexo :Habitats

AnexoEspecies

Directiva "Habitats"

Directiva "Aves"REDE NATURA 2000REDE NATURA 2000

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criação da rede “NATURA 2 000” constitui um eixo da polí-tica comunitária de conservação da natureza e um impor-

tante desafio para os quinze Estados-Membros. Garantir a pro-tecção e a gestão eficazes dos sítios constitui uma acção de grandeenvergadura. Requer, por um lado, a participação de todos os inter-venientes nacionais e locais e, por outro lado, uma selecção rigo-rosa dos sítios a nível comunitário. Para levar a cabo esta operaçãode grande envergadura com êxito, o trabalho da ComissãoEuropeia e dos quinze deverá passar por três etapas.

A preparação das listas nacionais, umaetapa preliminar

Os habitats e as espécies abrangidos pela Directiva “Habitats” sãoreconhecidos como ameaçados ou sensíveis à escala europeia.Todavia, é ainda bastante díspar o grau de conhecimento da suadistribuição e do seu estado de conservação em cada Estado-Membro. A primeira etapa do processo de designação consiste, porconseguinte, para cada Estado-membro, numa avaliação científicaprecisa à escala nacional de cada habitat ou espécie de interessecomunitário. A partir desta base, são identificados os sítios impor-tantes e propostos sob a forma de uma lista nacional enviada àComissão Europeia.

“Natura 2000”, um importantedesafio para a UniãoA

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Estes sítios são pré-seleccionados em função decritérios comuns : representatividade, qualidadeecológica do habitat, dimensão e densidade dapopulação da espécie em questão, grau de isola-mento em relação à zona de distribuição natural,superfície ocupada, etc.

A identificação dos sítios deimportância comunitária, afase de concertação

A segunda etapa permite identificar, com o apoiodo Centro Temático Natureza da AgênciaEuropeia do Ambiente, os sítios de importânciacomunitária que constituirão a rede “NATURA2 000”. A selecção é realizada pela ComissãoEuropeia em cooperação com os Estados-Membros. Cada sítio proposto numa lista nacio-nal é avaliado em função do seu valor relativo, dasua importância em termos de via de migraçãoou de sítio transfronteiriço, da sua superfícietotal, da coexistência de diversos tipos de habi-tats e de espécies considerados e do seu carácterúnico para uma região biogeográfica. Os sítiosdas listas nacionais que albergam habitats ouespécies prioritários são seleccionados comosítios de importância comunitária.

No caso de um Estado-Membro ter omitido pro-por um sítio excepcional, a Comissão Europeiapode propor acrescentá-lo à lista, se se provarcom bases científicas que o sítio em questão éessencial para a preservação de habitats ou deespécies abrangidos pelas directivas europeias.Após concertação com o Estado-Membro em

questão, a decisão final incumbe ao Conselho deMinistros da União Europeia, por unanimidade.

A designação das zonas espe-ciais de conservação, a fasefinalQuando um sítio é seleccionado como sítio deimportância comunitária, os Estados-Membrossão obrigados a designá-lo como zona especialde conservação no prazo de seis anos ou seja, omais tardar, até ao ano 2004. Deverão designarprioritariamente os sítios mais ameaçados oumais importantes em termos de conservação.Ao longo deste período de seis anos, os Estados-Membros deverão aplicar progressivamente asmedidas necessárias para a protecção e a gestãodestes sítios.

O caso particular da Directiva“Aves”A directiva “Aves” prevê igualmente a desig-nação de sítios destinados à conservação doshabitats das espécies de aves mais ameaçadas.Atribui uma importância especial à protecçãode zonas húmidas. Mas todos os sítios sãodesignados como zonas de protecção especialpelos Estados-Membros apenas numa únicaetapa. São então integrados directamente narede “NATURA 2 000”. Os objectivos de pro-tecção são neste caso semelhantes aos daszonas especiais de conservação. ■

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Algumas perguntas sobre a“Natura 2000”O objectivo da rede “NATURA 2000” écriar santuários para as espécies e oshabitats ameaçados?

A directiva “Habitats” contribui para o objec-tivo geral de um desenvolvimento sustentável.O seu objectivo é favorecer a manutenção dabiodiversidade tendo simultaneamente emconta as exigências científicas, económicas,sociais, culturais e regionais. A rede “NATURA2000” não tem, por conseguinte, por vocaçãocriar santuários da natureza onde todas asactividades humanas seriam sistematicamenteproscritas. A preservação da biodiversidadedos sítios designados pode exigir a manu-tenção e mesmo o incentivo de actividadeshumanas. Por exemplo, determinados tipos depradarias deveriam ser ceifadas ou sujeitas apastagem de modo a não se tornarem terrenosabandonados provocando o desaparecimento

de determinadas espécies ameaçadas.Todavia, as actividades humanas deveriam permanecer compatíveiscom os objectivos de conservação dos sítios designados. De igualmodo, na elaboração das medidas de gestão, os Estados-Membrosdeveriam avaliar todas as actividades exercidas no sítio em questão afim de evitar qualquer deterioração dos habitats ou ameaça para asespécies relativamente às quais o sítio foi designado.

Quais são as obrigações de gestão dossítios “NATURA 2000”?

O artigo 6º da directiva exige que osEstados-Membros estabeleçammedidas de conservação. Os planosde gestão, específicos aos sítios ouintegrados em outros planos deordenamento, parecem constituir omeio mais seguro para cumprir essaobrigação visto que permitemnomeadamente identificar os objec-tivos, antecipar e resolver eventuaisdificuldades com os proprietáriosou os utilizadores do sítio, definir osmeios de acção e planear a longoprazo a sua conservação.

Cada Estado-Membro dispõe deliberdade para seleccionar o métodoou o tipo de medida a adoptar. Quersejam de natureza regulamentar,administrativa ou contratual estasmedidas deverão permitir evitarqualquer deterioração dos sítios e,inclusivamente, permitir o seu resta-belecimento.

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Será possível autorizar um projecto ouuma nova actividade num sítio quetenha sido designado “NATURA 2000”?

O artigo 6º da directiva é explícito a este respeito: qualquer novoplano ou projecto susceptível de afectar um sítio “NATURA 2000”de modo significativo deverá ter em conta o valor natural deste queesteve na origem da integração do sítio em questão na rede. É, porconseguinte, necessária uma avaliação adequada das repercussõesdo projecto sobre os objectivos de conservação do sítio. Nada obstaà autorização pelas autoridades nacionais do exercício desta activi-dade se os resultados de tal avaliação provarem que o impactesobre o sítio não será negativo.

No caso contrário e se não poder ser encontrada qualquer alterna-tiva, a actividade em questão apenas poderá ser exercida no sítio sefor declarada de interesse público primordial. O Estado-Membrodeverá tomar, nesse caso, todas as medidas paliativas necessárias einformar a Comissão desse facto. Todavia, quando um sítio albergahabitats ou espécies prioritários, apenas poderá justificar uma talautorização um interesse público primordial relacionado com asaúde, a segurança pública ou o ambiente. Se se tratar de razõesimperativas de interesse público primordial de outra natureza, aconsulta da Comissão é obrigatória.

É actualmente possível avaliar os custosde gestão da “NATURA 2000”?Segundo o artigo 8º da directiva, cada Estado-Membro deverá ava-liar os montantes necessários à conservação dos sítios que alber-gam habitats ou espécies prioritários e comunicá-los à ComissãoEuropeia. Esta deverá participar no co-financiamento das medidasde protecção indispensáveis dos sítios “NATURA 2000”.Desde o início dos anos 80 que a Comissão Europeia financia pro-jectos de conservação da natureza nos Estados-Membros. O actualfundo comunitário LIFE contribui já para o estabelecimento darede “NATURA 2000” financiando acções relativas aos futuros sítiosda rede. Mas os fundos disponíveis a título de “LIFE-Natureza” nãoserão suficientes a longo prazo para satisfazer as necessidades detodos os sítios da rede.Deverão ser disponibilizados outros recursos graças à integração dapolítica ambiental nas outras políticas comunitárias. As medidasagro-ambientais co-financiam já a gestão, pelos agricultores, desítios notáveis. De igual modo, os fundos estruturais, o Fundo deCoesão e diversas iniciativas comunitárias apoiam a valorizaçãoeconómica de sítios naturais. ■

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avorecendo a criação de redes de sítios “NATURA 2000” e,em seguida, de elementos de ligação entre estes, a

Comissão Europeia pretende demonstrar a credibilidade daUnião no cumprimento dos seus compromissos internacionais.

Em matéria de conservação da natureza, as directivas “Habitats”e “Aves” representam pilares da contribuição comunitária para amanutenção da biodiversidade tal como estipulado pelaConvenção do Rio (1992) ou, anteriormente, pela Convenção deBerna relativa à vida selvagem e ao meio natural na Europa(1979). Estas directivas subscrevem igualmente os princípiosgerais de convenções mais específicas como a Convenção rela-tiva à conservação das zonas húmidas (Ramsar, 1971) e as relati-vas às espécies migradoras (Bona, 1979) ou, por fim, das con-venções mais regionais : Helsínquia no que diz respeito aoBáltico (1974), Barcelona no que diz respeito ao Mediterrâneo(1976) e a Convenção relativa à protecção dos Alpes (1991).

A criação da rede “NATURA 2000” insere-se na acção mais lataque a União Europeia desenvolve em matéria de ambiente.

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Em conformidade com os compromissosassumidos na Cimeira do Rio em 1992, aComissão desenvolve uma gama de instru-mentos que permitam reforçar a responsa-bilidade ambiental em todos os sectores daactividade abrangidos e a todos os níveis dasociedade : a integração do ambiente napolítica agrícola comum, rótulos ecológicosindustriais, estudos de impacte, etc.

A União intensifica igualmente o seu papelna acção e cooperação internacionais parao desenvolvimento sustentável, nomeada-mente com os estados adjacentes da Europacentral e oriental. ■

Se pretender receber informaçõesregulares sobre as actividades daComissão Europeia em matéria deprotecção da natureza, é favor enviaro seu endereço completo, especifi-cando a língua escolhida (alemão,inglês ou francês) para:

Comissão EuropeiaDG XI.D.2 - - Protecção da natu-reza, zonas litorais e turismo -TRMF 02/04200, rue de la LoiB - 1049 BRUXELLESFax : + 32.2.296 95 56

Receberá gratuitamente, três vezespor ano, a folha informativa“NATURA 2000”. Poderá igualmenteconsultar a página da Comissão noservidor INTERNET no seguinteendereço:

http://europa.eu.int/comm/dg11/nature/home.htm

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Fotografias de cobertura : © Bertrand/Bios,Boutin/Bios, Cornuet, Bringard/Bios, Dejonghe/Quetzal

Desenhador : Manuel Manolos