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O_POPULAR 06/03/2011 - GERADA POR: MARIO (05/03/11 19:51) 2 O POPULAR GOIÂNIA, domingo, 6 de março de 2011 Veja vídeo na versão flip do jornal. www.opopular.com.br Deire Assis Viver em condomínios po- de sair muito caro. Com taxa de inadimplência média esti- mada em 25%, as despesas de quem paga em dia suas contas são oneradas pela prática con- tumaz de uma parcela de con- dôminos que acaba por acumu- lar dívidas de problemas em ambientes onde vivem cente- nas de milhares de pessoas. Só em Goiânia são 2,3 mil condomínios. Alguns deles são maiores que algumas ci- dades do interior do Estado. Considerando uma média de apenas 15 apartamentos por condomínio e famílias com três membros, já teríamos aí mais de 100 mil moradores. Mas o universo de pessoas vi- vendo em ambientes coleti- vos é muito maior, o que tam- bém torna gigantesco os pro- blemas decorrentes, por exemplo, da falta de paga- mento das taxas coletivas. Síndicos e especialistas no assunto concordam que com a vigência do novo Código Ci- vil a situação ficou pior para os bons e facilitou a vida dos maus pagadores. “Levanta- mentos já mostraram aumen- to de cerca de 30% da inadimplência após o novo có- digo entrar em vigor”, afirma Leonardo Avelino, assessor ju- rídico do Sindicato da Habita- ção em Goiás (Secovi-GO). TRANSTORNOS Antes de a lei entrar em vi- gor, a administração dos con- domínios cobrava juros e mul- tas salgadas dos condôminos em débito com suas contas. Desde então, a multa a ser apli- cada aos devedores não ultra- passa 2%, o que estimula a prá- tica da inadimplência, acentua Leonardo Avelino. Como a multa cobrada em outras dívi- das é bem maior que a do con- domínio, o pagamento em dia da taxa deixa de ser prioridade. “Mas taxa de condomínio é rateio de despesa. Não é como uma empresa, que visa lucro. Assim, se de cada dez, dois, três deixam de pagar, a admi- nistração do condomínio tem de se virar para honrar as des- pesas e quem paga em dia fica- rá naturalmente sobrecarrega- do. É injusto, já que muitos es- tarão gastando mais porque uma parcela não arca com suas despesas”, ressalta. A inadimplência nos con- domínios gera transtornos di- versos. De acordo com Leonar- do Avelino, a lei determina que 10% da estimativa de re- ceita com o condomínio de- vem ser destinados ao chama- do fundo de reserva. Esse fun- do existe, segundo o assessor jurídico do Secovi-GO, para cobrir despesas extras, emer- genciais, que por ventura o condomínio possa vir a ter du- rante o mês. Ocorre que, quando a inadimplência é muito eleva- da, o pagamento das taxas fi- xas, como salários e encargos trabalhistas de funcionários dos condomínios, energia, ta- rifas bancárias, manutenção de equipamentos (como eleva- dores), honorários, material de consumo, despesas com serviços de manutenção diver- sos, entre outros, fica prejudi- cado. Desse modo, muitos ad- ministradores são obrigados a recorrer ao fundo de reserva para cobrir tais despesas, o que compromete as contas do condomínio e onera, na práti- ca, as taxas de quem faz seus pagamentos corretamente. Leonardo Avelino destaca que o Secovi-GO tem orienta- do síndicos a agirem o quanto antes em relação aos maus pa- gadores. “É preciso usar o bom senso. A administração não pode demorar a fazer a co- brança nem a tomar as medi- das permitidas em lei para re- ceber a dívida. É uma questão de legalidade e de justiça com relação aos que cumprem com seus compromissos em dia”, acentua. Para Leonardo Avelino, a legislação brasileira é, de cer- to modo, omissa quando o as- sunto é condomínios. No en- tanto, lembra, há, por exem- plo, a possibilidade de, em ca- so de dívida não paga, a admi- nistração requerer a penhora do bem em questão. “Esse imó- vel pode, inclusive, ir a leilão por causa de dívidas com ta- xas de condomínios. Mas o ideal é que não se permita che- gar a esse estágio”, pontua o assessor jurídico do Secovi. Muitos dos condôminos que acumulam dívidas com taxas de condomínios têm ti- do seus débitos cobrados na Justiça, embora já conside- rassem a dívida prescrita. Re- nato Abdala Filho, advoga- do especialista na área e que presta assessoria jurídica a associados do Sindicato da Habitação (Secovi-GO), no entanto, alerta que não é bem assim. Com o novo Código Civil, as dívidas passaram a pres- crever em 10 anos, e não mais em 20 (o que na prática também contribui para o au- mento da inadimplência). No entanto, lembra Renato Abdala, quem tem débitos contraídos em 1992 pode ainda não ter tido sua dívida prescrita, podendo a admi- nistração do condomínio se- guir com a cobrança. Renato Abdala explica que quem, na data da vigên- cia do novo Código Civil (13 de janeiro de 2003) ti- vesse uma dívida cujo tem- po houvesse transcorrido 10 anos e 1 dia, vale a regra anterior, ou seja, prescrição 20 anos depois. Assim, ta- xas de condomínio devidas em 1992 só vão prescrever em 2012, por exemplo, aler- ta o advogado. Acostumado a lidar dia- riamente com os conflitos decorrentes das altas taxas de inadimplência nos con- domínios, Abdala reforça o papel do síndico nesse pro- cesso. Um dos artigos do ca- pítulo do Código Civil que trata especificamente dos condomínios diz que com- pete ao síndico tomar as providências para recebi- mento dos débitos. “Algumas convenções aprovadas nos condomí- nios dizem que é preciso es- perar até 90 dias para iniciar a cobrança do devedor. Mas não há nenhuma lei que re- ge esse prazo. O ideal, então, é que isso seja feito o quanto antes, antes que os débitos se acumulem e dificulte o pa- gamento pelo devedor, além de prejudicar muito o pagamento das contas pelo condomínio”, reforça. Para o presidente do Seco- vi-GO, Marcelo Baiocchi, os legisladores brasileiros fize- ram com o Código Civil o que costumam fazer em rela- ção a outros assuntos. “Be- neficiaram, mais uma vez, os maus pagadores”, assina- la. Vivendo em condomínios Informações sobre os condomínios de Goiânia e parte da legislação que os rege Fonte: Secov e Código Civil Brasileiro QUANTIDADE MÉDIA DE APARTAMENTOS 34,5 mil PESSOAS VIVENDO NOS CONDOMÍNIOS 103,5 mil ÍNDICE MÉDIO DE INADIMPLÊNCIA 25% CONDOMÍNIOS EM GOIÂNIA 2,3 mil As convenções estabelecidas em cada condomínio habitacional; O Código Civil Brasileiro, nos seus artigos 1.331 a 1.358 O QUE REGE OS CONDOMÍNIOS Usar, usufruir e livremente dispor das suas unidades; Usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais compossuidores; Votar nas deliberações da assembleia e delas participar, estando quite. SÃO DIREITOS DO CONDÔMINO Contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção; Não realizar obras que comprometam a segurança da edificação; Não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas; Dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes. O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de 1% ao mês e multa de até 2% sobre o débito. SÃO DEVERES DO CONDÔMINO O síndico Charles Abrão mostra as rachaduras no prédio Dívidas prescrevem após 10 anos Em média, 25% dos condôminos não pagam taxas CIDADES Diomício Gomes ALTA INADIMPLÊNCIACOMPROMETE A VIDA DE MILHARES DE PESSOAS QUE MORAM EM AMBIENTES COLETIVOS. SITUAÇÃO PIOROU COM VIGÊNCIA DO NOVO CÓDIGO CIVIL GOIÂNIA, domingo, 6 de março de 2011 POLÍTICA / O POPULAR 11 ELIO GASPARI Se os fuzileiros americanos de- sembarcarem na Líbia, estarão revi- vendo uma ação militar lembrada to- das as vezes em que é cantado o hino dos marines. Sua letra começa lou- vando os soldados que ocuparam “dos salões de Montezuma às praias de Trípoli”. Em 1801, o presidente Thomas Je- fferson atacou a Líbia, enfrentando os piratas que infestavam o sul do Mar Mediterrâneo. Pela primeira vez, a bandeira americana foi has- teada no estrangeiro. O trecho do hi- no incomoda até hoje os nacionalis- tas árabes e mexicanos, por conta da referência à tomada de sua capital, em 1847. O Itamaraty diz que foi surpreen- dido porque Muamar Kadafi listou o Brasil entre os eternos amigos da sua Líbia. Kadafi pode ser louco, mas devia ter motivos para achar que a diplomacia brasileira estava ao seu lado. Noves fora ter sido chamado por Lula de “amigo, irmão e líder”, Kada- fi deve saber do que Nosso Guia esta- va falando quando afirmou o se- guinte, em dezembro de 2003: “Que- ro dizer ao presidente Kadafi que, ao longo dessa trajetória política, assu- mi muitos compromissos políticos. Fizemos alguns adversários e mui- tos amigos. Hoje, como presidente da República do Brasil, jamais esque- ci os amigos que eram meus amigos quando eu ainda não era presidente da República.” Do que Lula não esqueceu, e hoje ninguém quer lembrar, só ele e Kada- fi sabem. Eremildo é um idiota, e o compa- nheiro Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara, é médico, mas acha que entende de economia. Rebatendo o argumento demófobo segundo o qual a patuleia gasta a ajuda do Bolsa Família com- prando cachaça, ele disse que, “mes- mo que uma família compre uma ca- chaça por mês, são 11 ou 12 milhões de garrafas de cachaça. Isso ajuda to- da a economia”. O idiota sabe que Vaccarezza não bebeu antes de dizer isso e acredita que pode colaborar com o carnaval do doutor, repassando-lhe a letra de uma marchinha dos anos 1950: “Você pensa que cachaça é água? Cachaça não é água, não. Cachaça vem do alambique. E água vem do ribeirão. Pode me faltar tudo na vida: Arroz, feijão e pão. Pode me faltar manteiga E tudo mais não faz falta, não. Pode me faltar o amor Isso até acho graça. Só não quero que me falte A danada da cachaça.” Memória Se e quando o companheiro Oba- ma vier ao Brasil, ele gostaria de pas- sar alguns momentos numa praia do Rio. Tarefa aparentemente fácil, exigirá atenção do Itamaraty, pois em 2004 o presidente russo, Vladi- mir Putin, tinha o mesmo interesse e, enfurecido, perdeu o programa. Ele foi retido por Nosso Guia no Planalto, chegou ao almoço no Ita- maraty com duas horas de atraso, co- meu batatas fritas frias e só desceu no Rio à noitinha. Putin, como muitos turistas rus- sos, queria realizar o sonho do perso- nagem do romance satírico As doze cadeiras obcecado por uma cami- nhada pela praia do Rio, todo vesti- do de branco. Bender foi retido pelo regime so- viético. Putin, pela etiqueta retarda- tária de Nosso Guia. Qual a diferença entre a Maison Dior e a London School of Economics? Uma delas mostrou que é rápida e séria. Ambas são casas de grife. Uma ensina os povos a se vestir. A outra ensina as nações a gerir suas econo- mias. Depois da Segunda Guerra, Dior mandou as mulheres vestirem saias longas, rodadas, e assim elas fizeram, da Duquesa de Windsor a Evita Perón. Com 16 prêmios Nobel no currículo, a London School of Economics era a casa de Friedrich Hayek quando ele escreveu O ca- minho da servidão, ensi- nando que o planejamento central da economia levava os paí- ses à ditadura e à ruína. Infeliz- mente, não o ouviram logo. Passa- ram pela LSE John Kennedy, José Guilherme Merquior e o atual pre- sidente da Colômbia, Juan Ma- nuel Santos. FH ganhou um título de doutor honoris causa, e Mick Jagger, matriculado, caiu fora. Nas últimas semanas, tanto a Maison Dior como a LSE foram confrontadas com maus passos. O estilista John Galliano (uma espé- cie de Tiririca da alta-costura) deu- se a comentários antissemitas e, em duas semanas, foi suspenso e posto na rua. Já a LSE teve de expli- car por que deu um título de douto- rado a Seif al-Islam, o filho queri- do de Muamar Kadafi, e levou dois anos para comprovar que ele prati- cara pelo menos 17 plágios. Em2009, depois de ter diploma- do o moço, a LSE aceitou uma pro- messa de US$ 2,45 milhões feita por Kadafi, e Seif deu à escola mais US$ 488 mil. Se isso fosse pouco, o professor David Held, orientador do herdeiro, fez uma viagem à Lí- bia às custas de um programa do papai. O diretor da LSE, Sir Ho- ward Davies, amealhou US$ 50 mil assessorando o fundo sobera- no líbio. Levou o capilé em 2007, mas se esqueceu de contar. Na sex- ta-feira, apanhado, pediu demis- são, dizendo que “foi um erro”. Er- ro nada, foi cobiça colonial. A LSE anunciou que devolveria o dinheiro líbio. Demitir gente, co- mo a Maison Dior fez com Gallia- no, nem pensar. Investigar os crité- rios que a escola usa para receber doações, muito menos. Fez-se tu- do à moda dos clubes. Kadafi sem- pre foi Kadafi, a LSE é que não era exatamente o que se pensava. Quando a poeira da Líbia assen- tar, talvez se comece a discutir as relações incestuosas entre univer- sidades, centros de pesquisa e ór- gãos de imprensa com ditadores. Príncipes sauditas espargem di- nheiro em instituições americanas como se fossem tâmaras. O Caza- quistão abarrota publicações res- peitáveis com parolagens autocongratulatórias que elas clas- sificam como “informes espe- ciais”. Isso para não se falar nos se- mináriosdefancaria frequente- mente montados nas capitais do circuito Elizabeth Arden. Se cada seminário desses anun- ciar quanto custa cada sábio palestrante, lances como o da LSE dificilmente se repetirão. A sabedoria convencional ensina que na Jordânia e na Sí- ria funcionam governos poli- ciais e corruptos. Está entendi- do que o rei Abdullah II e o pre- sidente Assad são ditadores, mas suas mulheres parecem Cinderelas de um novo tempo. A rainha Rania é ambientalis- ta e tuiteira, com MBA pela Universidade Americana do Cairo, passagens pelo Citi- bank e pela Apple. É amiga de Nicole Kidman e da infalível Naomi Campbell. Festejou seus 40 anos com 600 convidados glo- bais. Eles brindaram no deserto, pisando em areias umedecidas por jorros de pipas d’água. Na Síria, reina Asma, mulher do presidente Assad. Estudou no King’s College de Londres, passou pelo fundo de derivativos do Deutsche Bank e pelo JP Morgan. Ela se dedica a amparar o desen- volvimento rural. É o rosto cosmo- polita do governo. Seu marido tem outros interesses: com tecno- logia pirata paquistanesa e assis- tência da Coreia do Norte, monta- va um reator nuclear que produzi- ria plutônio, e, com ele, umas bom- binhas. Em setembro de 2007, a aviação israelense detonou-o. Os ditadores de todo o mundo sabem que universidades ilustres e empresários endinheirados gos- tam de polir celebridades. O filho de Kadafi só se tornou um quin- dim azedo para a London School of Economics porque ela aceitou seu dinheiro na época errada. Seus doutores precisam de uma consultoria da Maison Dior. Ídolo da torcida do Botafo- go e campeão brasileiro pelo alvinegro, em 1995, Túlio Ma- ravilha, de 41 anos, marcou um gol contra na carreira polí- tica. Vereador por Goiânia pe- lo PMDB, o jogador – hoje ata- cante de outro Botafogo, o do Distrito Federal – nomeou, co- mo assessor-chefe de Gabine- te, Lauro José de Araújo Fi- lho. Lauro é goleiro do Morri- nhos, time da primeira divi- são do campeonato goiano. Com salário de R$ 3.420 men- sais, o goleiro nunca bateu ponto no trabalho, mas se apresenta todos os dias nos treinos do clube, a 182 quilô- metros da Câmara. Além de Lauro, Túlio empregou no ga- binete a mãe do goleiro. Hele- na Borges de Araújo foi con- tratada para ser assessora es- pecial legislativa I, com venci- mentos de R$ 2.916 por mês. Assim como o filho, Helena não dá expediente na Casa. As nomeações foram publica- das no Diário Oficial do muni- cípio em 26 de outubro do ano passado, logo depois de Túlio ter sido derrotado nas urnas para deputado estadual. Ex-funcionários do gabine- te de Túlio denunciam outro esquema: o atacante ficava com parte dos salários de seus assessores mensalmente. Túlio alega que o goleiro e a mãe dele foram exonerados em novembro. Não é o que consta na folha de pagamen- to da Câmara, referente a feve- reiro deste ano. Ambos estão no documento como funcio- nários do gabinete. O jogador nega as acusações de ex-as- sessores e possíveis irregulari- dades no pagamento de seus contratos. “Já resolvi tudo. Co- migo é assim: apareceu de- núncia, eu mostro a defesa”, disse. (Agência O Globo) Reprise Ex-assessoresdenunciamTúlio Eremildo, o idiota O sonho da praia CÂMARA DE GOIÂNIA A má aula da London School of Economics

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O_POPULAR 06/03/2011 - GERADA POR: MARIO (05/03/11 19:51)

2 O POPULAR GOIÂNIA, domingo, 6 de março de 2011

Vejavídeona versãoflipdo jornal.

www.opopular.com.br

DeireAssis

Viver em condomínios po-de sair muito caro. Com taxade inadimplência média esti-mada em 25%, as despesas dequem paga em dia suas contassãooneradaspelaprática con-tumaz de uma parcela de con-dôminosqueacabaporacumu-lar dívidas de problemas emambientes onde vivem cente-nasdemilharesdepessoas.

Só em Goiânia são 2,3 milcondomínios. Alguns delessão maiores que algumas ci-dades do interior do Estado.Considerando uma média deapenas 15 apartamentos porcondomínio e famílias comtrês membros, já teríamos aímais de 100 mil moradores.Mas o universo de pessoas vi-vendo em ambientes coleti-vos émuito maior, o que tam-bém torna gigantesco os pro-blemas decorrentes, porexemplo, da falta de paga-mentodas taxas coletivas.

Síndicos e especialistas noassunto concordam que comavigênciadonovoCódigoCi-vil a situação ficou pior paraos bons e facilitou a vida dosmaus pagadores. “Levanta-mentos já mostraram aumen-to de cerca de 30% dainadimplênciaapósonovocó-digo entrar em vigor”, afirmaLeonardoAvelino,assessor ju-rídicodoSindicatodaHabita-çãoemGoiás (Secovi-GO).

TRANSTORNOS

Antes de a lei entrar em vi-gor, a administração dos con-domínios cobrava juros emul-tas salgadas dos condôminosem débito com suas contas.Desdeentão,amultaaserapli-cada aos devedores não ultra-passa2%,oqueestimulaaprá-ticada inadimplência, acentuaLeonardo Avelino. Como amulta cobrada em outras dívi-das é bem maior que a do con-domínio, o pagamento em diadataxadeixadeserprioridade.

“Mas taxadecondomínioérateio de despesa. Não é como

uma empresa, que visa lucro.Assim, se de cada dez, dois,três deixam de pagar, a admi-nistração do condomínio temde se virar para honrar as des-pesasequempagaemdiafica-ránaturalmentesobrecarrega-do.É injusto, jáquemuitoses-tarão gastando mais porqueuma parcela não arca comsuasdespesas”, ressalta.

A inadimplência nos con-domíniosgera transtornosdi-versos.DeacordocomLeonar-do Avelino, a lei determinaque 10% da estimativa de re-ceita com o condomínio de-vemserdestinadosaochama-do fundode reserva. Esse fun-do existe, segundo o assessorjurídico do Secovi-GO, paracobrir despesas extras, emer-genciais, que por ventura ocondomíniopossavir a terdu-ranteomês.

Ocorre que, quando ainadimplência é muito eleva-da, o pagamento das taxas fi-xas, como salários e encargostrabalhistas de funcionáriosdos condomínios, energia, ta-rifas bancárias, manutençãodeequipamentos (comoeleva-dores), honorários, materialde consumo, despesas comserviçosdemanutençãodiver-sos, entre outros, fica prejudi-cado. Desse modo, muitos ad-ministradores são obrigados

a recorrer ao fundo de reservapara cobrir tais despesas, oque compromete as contas docondomínio eonera, napráti-ca, as taxas de quem faz seuspagamentoscorretamente.

Leonardo Avelino destacaqueo Secovi-GO tem orienta-do síndicos a agirem o quantoantesemrelaçãoaosmauspa-gadores. “É preciso usar obom senso. A administraçãonãopodedemorara fazeraco-brança nem a tomar as medi-das permitidas em lei para re-ceber a dívida. É uma questãode legalidade e de justiça comrelação aos que cumpremcom seus compromissos emdia”, acentua.

Para Leonardo Avelino, alegislação brasileira é, de cer-tomodo, omissa quando oas-sunto é condomínios. No en-tanto, lembra, há, por exem-plo, a possibilidade de, em ca-sodedívidanãopaga, aadmi-nistração requerer a penhoradobememquestão.“Esse imó-vel pode, inclusive, ir a leilãopor causa de dívidas com ta-xas de condomínios. Mas oidealéquenãosepermitache-gar a esse estágio”, pontua oassessor jurídicodoSecovi.

Muitos dos condôminosque acumulam dívidas comtaxasdecondomínios têmti-do seus débitos cobrados naJustiça, embora já conside-rassemadívidaprescrita.Re-nato Abdala Filho, advoga-do especialista na área e quepresta assessoria jurídica aassociados do Sindicato daHabitação (Secovi-GO), noentanto, alerta que não ébemassim.

Com o novo Código Civil,as dívidas passaram a pres-crever em 10 anos, e nãomais em 20 (o que na práticatambémcontribuiparaoau-mento da inadimplência).No entanto, lembra RenatoAbdala, quem tem débitoscontraídos em 1992 podeaindanão ter tido suadívidaprescrita, podendo a admi-nistraçãodocondomínio se-

guir comacobrança.Renato Abdala explica

quequem,nadatadavigên-cia do novo Código Civil(13 de janeiro de 2003) ti-vesse uma dívida cujo tem-po houvesse transcorrido10 anos e 1 dia, vale a regraanterior, ou seja, prescrição20 anos depois. Assim, ta-xas de condomínio devidasem 1992 só vão prescreverem2012,porexemplo,aler-taoadvogado.

Acostumado a lidar dia-riamente com os conflitosdecorrentes das altas taxasde inadimplência nos con-domínios, Abdala reforça opapel do síndico nesse pro-cesso.Umdosartigosdoca-pítulo do Código Civil quetrata especificamente doscondomínios diz que com-pete ao síndico tomar as

providências para recebi-mentodosdébitos.

“Algumas convençõesaprovadas nos condomí-nios dizem que é preciso es-perar até 90dias para iniciara cobrança do devedor. Masnão há nenhuma lei que re-geesseprazo.O ideal, então,éque isso seja feito oquantoantes, antes que os débitosseacumulemedificulteopa-gamento pelo devedor,além de prejudicar muito opagamento das contas pelocondomínio”, reforça.

ParaopresidentedoSeco-vi-GO, Marcelo Baiocchi, oslegisladoresbrasileiros fize-ram com o Código Civil oquecostumamfazeremrela-ção a outros assuntos. “Be-neficiaram, mais uma vez,osmauspagadores”, assina-la.

Vivendo em condomínios

Informações sobre os condomínios deGoiânia e parte da legislação que os rege

Fonte: Secov e Código Civil Brasileiro

QUANTIDADEMÉDIA

DEAPARTAMENTOS

34,5 mil PESSOAS VIVENDO

NOSCONDOMÍNIOS

103,5 mil

ÍNDICEMÉDIODE

INADIMPLÊNCIA

25%

CONDOMÍNIOS

EMGOIÂNIA

2,3 mil

As convenções estabelecidas emcada condomínio habitacional;

O Código Civil Brasileiro, nos seusartigos1.331a1.358

O QUE REGE OS CONDOMÍNIOS

Usar, usufruir elivremente dispordas suas unidades;

Usar das partescomuns, conforme a

sua destinação, econtanto que nãoexclua a utilizaçãodos demaiscompossuidores;

Votar nasdeliberações daassembleia e delasparticipar, estandoquite.

SÃO DIREITOS DO CONDÔMINO

Contribuir para asdespesas docondomínio naproporção das suasfrações ideais, salvodisposição emcontrário naconvenção;

Não realizar obrasque comprometam asegurança daedificação;

Não alterar a forma ea cor da fachada, daspartes e esquadriasexternas;

Dar às suas partes amesma destinaçãoque tem a edificação,e não as utilizar demaneira prejudicialao sossego,salubridade e

segurança dospossuidores, ou aosbons costumes.

O condômino quenão pagar a suacontribuição ficarásujeito aos jurosmoratóriosconvencionados ou,não sendo previstos,os de1% ao mês emulta de até 2%sobre o débito.

SÃO DEVERES DO CONDÔMINO

OsíndicoCharlesAbrãomostraas rachadurasnoprédio

Dívidasprescrevemapós10anos

Emmédia,25%doscondôminosnãopagamtaxas

CIDADES

DiomícioGomes

ALTA INADIMPLÊNCIA COMPROMETE A VIDA DE MILHARESDE PESSOAS QUE MORAM EM AMBIENTES COLETIVOS.SITUAÇÃO PIOROU COM VIGÊNCIA DO NOVO CÓDIGO CIVIL

GOIÂNIA, domingo, 6de marçode 2011 POLÍTICA / O POPULAR 11

ELIOGASPARI

Se os fuzileiros americanos de-sembarcarem na Líbia, estarão revi-vendoumaaçãomilitar lembradato-dasasvezes emqueécantadoohinodos marines. Sua letra começa lou-vando os soldados que ocuparam“dos salões de Montezuma às praiasdeTrípoli”.

Em1801,opresidenteThomasJe-fferson atacou a Líbia, enfrentandoos piratas que infestavam o sul doMar Mediterrâneo. Pela primeiravez, a bandeira americana foi has-teadanoestrangeiro.O trechodohi-no incomodaatéhoje osnacionalis-tasárabesemexicanos,por contadareferência à tomada de sua capital,em1847.

O Itamaraty diz que foi surpreen-didoporque MuamarKadafi listouoBrasil entre os eternos amigos dasua Líbia. Kadafi pode ser louco,mas devia ter motivos para acharque a diplomacia brasileira estavaaoseu lado.

Noves fora ter sido chamado porLulade“amigo, irmãoe líder”,Kada-fidevesaberdoqueNossoGuiaesta-va falando quando afirmou o se-guinte, emdezembrode2003: “Que-rodizer aopresidenteKadafi que, aolongodessa trajetóriapolítica, assu-mi muitos compromissos políticos.Fizemos alguns adversários e mui-tos amigos. Hoje, como presidentedaRepúblicadoBrasil, jamaisesque-ci os amigos que eram meus amigosquando eu ainda não era presidentedaRepública.”

Do que Lula não esqueceu, e hojeninguémquer lembrar, sóeleeKada-fi sabem.

Eremildo é um idiota, e o compa-nheiroCândidoVaccarezza, líderdogoverno na Câmara, é médico, masachaqueentendedeeconomia.

Rebatendo o argumentodemófobo segundooqual apatuleiagasta a ajuda do Bolsa Família com-prandocachaça, eledisseque, “mes-moqueumafamília compreumaca-chaçapormês, são11 ou12 milhõesdegarrafasdecachaça. Issoajuda to-daaeconomia”.

O idiota sabe que Vaccarezza nãobebeu antes de dizer isso e acreditaque pode colaborar com o carnavaldo doutor, repassando-lhe a letra deumamarchinhadosanos1950:

“Vocêpensaquecachaçaéágua?Cachaçanãoéágua,não.Cachaçavemdoalambique.Eáguavemdoribeirão.Podeme faltar tudonavida:Arroz, feijãoepão.Podeme faltarmanteigaE tudomaisnão faz falta,não.Podeme faltaroamorIssoatéachograça.SónãoqueroquemefalteAdanadadacachaça.”

Memória

Se e quando o companheiro Oba-mavieraoBrasil, elegostariadepas-sar alguns momentos numa praiado Rio. Tarefa aparentemente fácil,exigirá atenção do Itamaraty, poisem 2004 o presidente russo, Vladi-mir Putin, tinha o mesmo interessee, enfurecido,perdeuoprograma.

Ele foi retido por Nosso Guia noPlanalto, chegou ao almoço no Ita-maratycomduashorasdeatraso,co-meu batatas fritas frias e só desceunoRioànoitinha.

Putin, como muitos turistas rus-sos,queria realizarosonhodoperso-nagem do romance satírico As dozecadeiras obcecado por uma cami-nhada pela praia do Rio, todo vesti-dodebranco.

Bender foi retido pelo regime so-viético. Putin, pela etiqueta retarda-táriadeNossoGuia.

Qual a diferença entre aMaison Dior e a LondonSchoolofEconomics?Umadelas mostrou que é rápidae séria. Ambas são casas degrife. Uma ensina os povosasevestir.Aoutraensinaasnações a gerir suas econo-mias. Depois da SegundaGuerra, Dior mandou asmulheres vestirem saiaslongas, rodadas, e assimelasfizeram,daDuquesadeWindsoraEvitaPerón.

Com 16 prêmios Nobelno currículo, a LondonSchool of Economics era acasa de Friedrich Hayekquando ele escreveu O ca-minho da servidão, ensi-nandoqueoplanejamentocentraldaeconomialevavaospaí-ses à ditadura e à ruína. Infeliz-mente,nãooouviramlogo.Passa-rampela LSE John Kennedy, JoséGuilhermeMerquioreoatualpre-sidente da Colômbia, Juan Ma-nuelSantos. FHganhouumtítulode doutor honoris causa, e MickJagger,matriculado,caiufora.

Nas últimas semanas, tanto aMaison Dior como a LSE foramconfrontadas commauspassos.Oestilista JohnGalliano (umaespé-ciedeTiriricadaalta-costura)deu-se a comentários antissemitas e,em duas semanas, foi suspenso epostonarua.JáaLSEtevedeexpli-carporquedeuumtítulodedouto-rado a Seif al-Islam, o filho queri-dodeMuamarKadafi,e levoudoisanosparacomprovarqueeleprati-carapelomenos17plágios.

Em2009,depoisdeterdiploma-doomoço,aLSEaceitouumapro-messa de US$ 2,45 milhões feitaporKadafi,eSeifdeuàescolamaisUS$488mil.Seissofossepouco,oprofessor David Held, orientadordo herdeiro, fez uma viagem à Lí-bia às custas de um programa do

papai. O diretor da LSE, Sir Ho-ward Davies, amealhou US$ 50mil assessorando o fundo sobera-no líbio. Levou o capilé em 2007,masseesqueceudecontar.Nasex-ta-feira, apanhado, pediu demis-são,dizendoque“foiumerro”.Er-ronada,foicobiçacolonial.

ALSEanunciouquedevolveriaodinheirolíbio.Demitirgente,co-mo a Maison Dior fez com Gallia-no,nempensar.Investigaroscrité-rios que a escola usa para receberdoações, muito menos. Fez-se tu-doàmodadosclubes.Kadafisem-pre foi Kadafi, a LSE é quenão eraexatamenteoquesepensava.

QuandoapoeiradaLíbiaassen-tar, talvez se comece a discutir asrelações incestuosasentreuniver-sidades, centros de pesquisa e ór-gãos de imprensa com ditadores.Príncipes sauditas espargem di-nheiroeminstituiçõesamericanascomo se fossem tâmaras. O Caza-quistão abarrota publicações res-peitáveis com parolagensautocongratulatóriasqueelasclas-sificam como “informes espe-ciais”.Issoparanãosefalarnosse-

mináriosdefancariafrequente-mente montados nas capitaisdocircuitoElizabethArden.Secada seminário desses anun-ciar quanto custa cada sábiopalestrante, lances como o daLSEdificilmenteserepetirão.

A sabedoria convencionalensinaquenaJordâniaenaSí-ria funcionam governos poli-ciaisecorruptos.Estáentendi-doqueoreiAbdullahIIeopre-sidente Assad são ditadores,mas suas mulheres parecemCinderelasdeumnovotempo.A rainha Rania é ambientalis-ta e tuiteira, com MBA pelaUniversidade Americana doCairo, passagens pelo Citi-bank e pela Apple. É amiga deNicole Kidman e da infalível

Naomi Campbell. Festejou seus40anoscom600convidadosglo-bais. Eles brindaram no deserto,pisando em areias umedecidasporjorrosdepipasd’água.

Na Síria, reina Asma, mulherdo presidente Assad. Estudou noKing’sCollegedeLondres, passoupelo fundo de derivativos doDeutsche Bank e pelo JP Morgan.Ela se dedica a amparar o desen-volvimentorural.Éorostocosmo-polita do governo. Seu maridotemoutros interesses: com tecno-logia pirata paquistanesa e assis-tênciadaCoreiadoNorte,monta-vaumreatornuclearqueproduzi-riaplutônio,e,comele,umasbom-binhas. Em setembro de 2007, aaviaçãoisraelensedetonou-o.

Os ditadores de todo o mundosabem que universidades ilustreseempresáriosendinheiradosgos-tam de polir celebridades. O filhode Kadafi só se tornou um quin-dim azedo para a London Schoolof Economics porque ela aceitouseu dinheiro na época errada.Seus doutores precisam de umaconsultoriadaMaisonDior.

Ídolo da torcida do Botafo-go e campeão brasileiro peloalvinegro, em1995,TúlioMa-ravilha, de 41 anos, marcouumgolcontranacarreirapolí-tica.VereadorporGoiâniape-loPMDB,o jogador–hojeata-

cante de outro Botafogo, o doDistritoFederal–nomeou,co-moassessor-chefedeGabine-te, Lauro José de Araújo Fi-lho. Lauro é goleiro do Morri-nhos, time da primeira divi-são do campeonato goiano.

ComsaláriodeR$3.420men-sais, o goleiro nunca bateuponto no trabalho, mas seapresenta todos os dias nostreinos do clube, a 182 quilô-metros da Câmara. Além deLauro, Túlio empregounoga-

binete a mãe do goleiro. Hele-na Borges de Araújo foi con-tratada para ser assessora es-pecial legislativa I, comvenci-mentos de R$ 2.916 por mês.Assim como o filho, Helenanão dá expediente na Casa.

Asnomeações forampublica-dasnoDiárioOficialdomuni-cípioem26deoutubrodoanopassado, logo depois de Túlioter sido derrotado nas urnasparadeputadoestadual.

Ex-funcionáriosdogabine-te de Túlio denunciam outroesquema: o atacante ficavacom parte dos salários de seusassessoresmensalmente.

Túlio alega que o goleiro ea mãe dele foram exonerados

em novembro. Não é o queconsta na folha de pagamen-todaCâmara, referentea feve-reiro deste ano. Ambos estãono documento como funcio-nários do gabinete. O jogadornega as acusações de ex-as-sessoresepossíveis irregulari-dades no pagamento de seuscontratos.“Járesolvi tudo.Co-migo é assim: apareceu de-núncia, eu mostro a defesa”,disse. (AgênciaOGlobo)

Reprise

Ex-assessoresdenunciamTúlio

Eremildo, o idiota

O sonho da praia

CÂMARADEGOIÂNIA

AmáauladaLondonSchoolofEconomics