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ÍNDICE Nota Editorial — Do mal estar na Universidade. Jorge Bento. Impacto da aplicação de um modelo de ensino híbrido no desenvolvimento de elementos técnicos na Ginástica Artística. Ivana Aleixo, Isabel Mesquita, Alda Corte-Real. Relação entre características psicológicas e nível de desempenho em jovens jogadores de Futebol. Sílvio Ramadas, Sidónio Serpa, António Rosado. Banco de nado: Evolução histórica e novas tendências de desenvolvimento. Susana Soares, Ricardo Fernandes, João Paulo Vilas-Boas. 9 12 28 45 58 71 82 101 Percepção de competência atlética em jovens praticantes de Futebol: Efeitos da posição ocupada no campo, da participação em competição, do tempo e frequência de prática e do clima motivacional induzido pelos pais. José Vasconcelos-Raposo, Rute Carvalho, Carla Teixeira. Teste de equilíbrio corporal (TEC) para idosos independentes. Marcelo Nascimento, Isabella Coriolano-Appell, Hans-Joachim Coriolano-Appell. Liderança no desporto adaptado: Um estudo com atletas de Boccia e de Basquetebol em cadeira de rodas. Manuel Paquete, Cláudia Dias, Nuno Corte-Real, António Manuel Fonseca. Sarcopénia, músculo e nutrição. Mónica Sousa, Pedro Carvalho, Victor Hugo Teixeira, José Soares. 2012/2

2012/2 - RPCDHugo Lovisolo (UNIVERSIDADE GAMA FILHO) Isabel Fragoso (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Jaime Sampaio (UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO) Jean Francis Gréhaigne

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  • ÍNDICE

    Nota Editorial — Do mal

    estar na Universidade.

    Jorge Bento.

    Impacto da aplicação

    de um modelo de ensino híbrido

    no desenvolvimento de elementos

    técnicos na Ginástica Artística.

    Ivana Aleixo, Isabel Mesquita, Alda Corte-Real.

    Relação entre características

    psicológicas e nível de desempenho

    em jovens jogadores de Futebol.

    Sílvio Ramadas, Sidónio Serpa, António Rosado.

    Banco de nado: Evolução histórica e

    novas tendências

    de desenvolvimento.

    Susana Soares, Ricardo Fernandes,

    João Paulo Vilas-Boas.

    9

    12

    28

    45

    58

    71

    82

    101

    Percepção de competência atlética

    em jovens praticantes de Futebol:

    Efeitos da posição ocupada no campo,

    da participação em competição,

    do tempo e frequência de prática

    e do clima motivacional induzido pelos pais.

    José Vasconcelos-Raposo, Rute Carvalho, Carla Teixeira.

    Teste de equilíbrio corporal (TEC)

    para idosos independentes.

    Marcelo Nascimento, Isabella Coriolano-Appell,

    Hans-Joachim Coriolano-Appell.

    Liderança no desporto adaptado:

    Um estudo com atletas de Boccia

    e de Basquetebol em cadeira de rodas.

    Manuel Paquete, Cláudia Dias, Nuno Corte-Real, António

    Manuel Fonseca.

    Sarcopénia, músculo e nutrição.

    Mónica Sousa, Pedro Carvalho, Victor Hugo Teixeira,

    José Soares.

    2012/2

  • CORPO EDITORIAL DA RPCD

    DIRECTOR
Jorge Olímpio Bento (UNIVERSIDADE DO PORTO)

    CONSELHO
EDITORIAL
Adroaldo Gaya (UNIVERSIDADE FEDERAL RIO GRANDE SUL, BRASIL) António Prista (UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA, MOÇAMBIQUE) Eckhard Meinberg (UNIVERSIDADE DESPORTO COLÓNIA, ALEMANHA) Gaston Beunen (UNIVERSIDADE CATÓLICA LOVAINA, BÉLGICA) Go Tani (UNIVERSIDADE SÃO PAULO, BRASIL) Ian Franks (UNIVERSIDADE DE BRITISH COLUMBIA, CANADÁ) João Abrantes (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA, PORTUGAL) Jorge Mota (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) José Alberto Duarte (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) José Maia (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Michael Sagiv (INSTITUTO WINGATE, ISRAEL) Neville Owen (UNIVERSIDADE DE QUEENSLAND, AUSTRÁLIA) Rafael Martín Acero (UNIVERSIDADE DA CORUNHA, ESPANHA) Robert Brustad (UNIVERSIDADE DE NORTHERN COLORADO, USA) Robert M. Malina (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE TARLETON, USA)

    EDITOR
CHEFE António Manuel Fonseca (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL)

    EDITORES
ASSOCIADOS
Amândio Graça (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) António Ascensão (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) João Paulo Vilas Boas (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) José Maia (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) José Oliveira (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL)José Pedro Sarmento (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Júlio Garganta (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Olga Vasconcelos (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Rui Garcia (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL)

    CONSULTORES Alberto Amadio (UNIVERSIDADE SÃO PAULO) Alfredo Faria Júnior (UNIVERSIDADE ESTADO RIO JANEIRO) Almir Liberato Silva (UNIVERSIDADE DO AMAZONAS) Anthony Sargeant (UNIVERSIDADE DE MANCHESTER) António José Silva (UNIVERSIDADE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO) António Roberto da Rocha Santos (UNIV. FEDERAL PERNAMBUCO) Carlos Balbinotti (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL) Carlos Carvalho (INSTITUTO SUPERIOR DA MAIA) Carlos Neto (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Cláudio Gil Araújo (UNIVERSIDADE FEDERAL RIO JANEIRO) Dartagnan P. Guedes (UNIVERSIDADE ESTADUAL LONDRINA) Duarte Freitas (UNIVERSIDADE DA MADEIRA) Eduardo Kokubun (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, RIO CLARO) Eunice Lebre (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Francisco Alves (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Francisco Camiña Fernandez (UNIVERSIDADE DA CORUNHA) Francisco Carreiro da Costa (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA)Francisco Martins Silva (UNIVERSIDADE FEDERAL PARAÍBA) Glória Balagué (UNIVERSIDADE CHICAGO) Gustavo Pires (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Hans-Joachim Appell (UNIVERSIDADE DESPORTO COLÓNIA) Helena Santa Clara (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Hugo Lovisolo (UNIVERSIDADE GAMA FILHO) Isabel Fragoso (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Jaime Sampaio (UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO)Jean Francis Gréhaigne (UNIVERSIDADE DE BESANÇON) Jens Bangsbo (UNIVERSIDADE DE COPENHAGA) João Barreiros (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) José A. Barela (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, RIO CLARO)José Alves (ESCOLA SUPERIOR DE DESPORTO DE RIO MAIOR) José Luis Soidán (UNIVERSIDADE DE VIGO) José Manuel Constantino (UNIVERSIDADE LUSÓFONA) José Vasconcelos Raposo (UNIV. TRÁS-OS-MONTES ALTO DOURO)Juarez Nascimento (UNIVERSIDADE FEDERAL SANTA CATARINA) Jürgen Weineck (UNIVERSIDADE ERLANGEN) Lamartine Pereira da Costa (UNIVERSIDADE GAMA FILHO) Lilian Teresa Bucken Gobbi (UNIV. ESTADUAL PAULISTA, RIO CLARO)Luis Mochizuki (UNIVERSIDADE SÃO PAULO) Luís Sardinha (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Luiz Cláudio Stanganelli (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA)Manoel Costa (UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO) Manuel João Coelho e Silva (UNIVERSIDADE DE COIMBRA) Manuel Patrício (UNIVERSIDADE DE ÉVORA) Manuela Hasse (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Marco Túlio de Mello (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO) Margarida Espanha (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Margarida Matos (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Maria José Mosquera González (INEF GALIZA) Markus Nahas (UNIVERSIDADE FEDERAL SANTA CATARINA) Mauricio Murad (UNIVERS. ESTADO RIO DE JANEIRO E UNIVERSO)Ovídio Costa (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL)

  • Pablo Greco (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) Paula Mota (UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO) Paulo Farinatti (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO) Paulo Machado (UNIVERSIDADE MINHO) Pedro Sarmento (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Ricardo Petersen (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL) Sidónio Serpa (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Silvana Göllner (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL) Valdir Barbanti (UNIVERSIDADE SÃO PAULO) Víctor da Fonseca (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Víctor Lopes (INSTITUTO POLITÉCNICO BRAGANÇA) Víctor Matsudo (CELAFISCS) Wojtek Chodzko-Zajko (UNIVERS. ILLINOIS URBANA-CHAMPAIGN)

    FICHA TÉCNICA DA RPCD

    Revista Portuguesa de Ciências do Desporto Publicação quadrimestral da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto [ISSN 1645-0523]

    DESIGN E PAGINAÇÃO

    Rui
Mendonça

    COLABORAÇÃO Márcio Sá

    IMPRESSÃO E ACABAMENTO

    Sersilito

    TIRAGEM 500
exemplares

    FOTOGRAFIA NA CAPA

    © Jornal
RECORD


    © A REPRODUÇÃO DE ARTIGOS, GRÁFICOS

    OU FOTOGRAFIAS DA REVISTA SÓ É PERMITIDA

    COM AUTORIZAÇÃO ESCRITA DO DIRECTOR.

    ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA

    REVISTA PORTUGUESA DE CIÊNCIAS DO DESPORTO Faculdade
de
Desporto
da
Universidade
do
Porto
Rua
Dr.
Plácido
Costa,
91
4200.450
Porto
—
Portugal
Tel:
+351—225074700;
Fax:
+351—225500689
www.fade.up.pt
[email protected]

    PREÇO DO NÚMERO AVULSO

    Preço único para qualquer país: 20€

    A Revista Portuguesa de Ciências do Desportoestá representada na plataforma SciELO Portugal

    — Scientific Electronic Library Online [site], no SPORTDiscus e no Directório e no Catálogo Latindex — Sistema regional de informação em linha para revistas científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal.

    A RPCD TEM O APOIO DA FCT

    PROGRAMA OPERACIONAL CIÊNCIA,

    TECNOLOGIA, INOVAÇÃO DO QUADRO

    COMUNITÁRIO DE APOIO III

  • NORMAS DE PUBLICAÇÃO NA RPCD

    TIPOS
DE
PUBLICAÇÃOINVESTIGAÇÃO ORIGINAL

    RPCD publica artigos originais relativos a todas as áreas das ciências do desporto;

    REVISÕES DA INVESTIGAÇÃO

    A RPCD publica artigos de síntese da literatura que contribuam para a generalização do conhecimento em ciências do desporto. Artigos de meta-análise e revisões críticas de literatura são dois possíveis modelos de publicação. Porém, este tipo de publicação só estará aberto a especialistas convidados pela RPCD.

    COMENTÁRIOS

    Comentários sobre artigos originais e sobre revisões da investigação são, não só publicáveis, como são francamente encorajados pelo corpo editorial;

    ESTUDOS DE CASO

    A RPCD publica estudos de caso que sejam considerados relevantes para as ciências do desporto. O controlo rigoroso da metodologia é aqui um parâmetro determinante.

    ENSAIOS

    A RPCD convidará especialistas a escreverem ensaios, ou seja, reflexões profundas sobre determinados temas, sínteses de múltiplas abordagens próprias, onde à argumentação científica, filosófica ou de outra natureza se adiciona uma forte componente literária.

    REVISÕES DE PUBLICAÇÕES

    A RPCD tem uma secção onde são apresentadas revisões de obras ou artigos publicados e que sejam considerados relevantes para as ciências do desporto.

    REGRAS
GERAIS
DE
PUBLICAÇÃOOs artigos submetidos à RPCD deverão conter dados originais, teóricos ou experimentais, na área das ciências do desporto. A parte substancial do artigo não deverá ter sido publicada em mais nenhum local. Se parte do artigo foi já apresentada publicamente deverá ser feita referência a esse facto na secção de Agradecimentos.Os artigos submetidos à RPCD serão, numa primeira fase, avaliados pelo editor-chefe e terão como critérios iniciais de aceitação: normas de publicação, relação do tópico tratado com as ciências do desporto e mérito científico. Depois desta análise, o artigo, se for considerado previamente aceite, será avaliado por 2 “referees” independentes e sob a forma de análise “duplamente cega”. A aceitação de um e a rejeição de outro obrigará a uma 3ª consulta.

    PREPARAÇÃO
DOS
MANUSCRITOSASPECTOS GERAIS

    Cada artigo deverá ser acompanhado por uma carta de rosto que deverá conter:

    — Título do artigo e nomes dos autores; — Declaração de que o artigo nunca foi previamente publicado.

    FORMATO:

    — Os manuscritos deverão ser escritos em papel A4 com 3 cm de margem, letra 12 com duplo espaço e não exceder 20 páginas; — As páginas deverão ser numeradas sequencialmente, sendo a página de título a nº1.

    DIMENSÕES E ESTILO: — Os artigos deverão ser o mais sucintos possível; A especulação deverá ser apenas utilizada quando os dados o permitem e a literatura não confirma; — Os artigos serão rejeitados quando escritos em português ou inglês de fraca qualidade linguística;

    — As abreviaturas deverão ser as referidas internacionalmente.

    PÁGINA DE TÍTULO:

    — A página de título deverá conter a seguinte informação: — Especificação do tipo de trabalho (cf. Tipos de publicação); — Título conciso mas suficientemente informativo; — Nomes dos autores, com a primeira e a inicial média (não incluir graus académicos) — “Running head” concisa não excedendo os 45 caracteres; — Nome e local da instituição onde o trabalho foi realizado; - Nome e morada do autor para onde toda a correspondência deverá ser enviada, incluindo endereço de e-mail

    PÁGINA DE RESUMO:

    — Resumo deverá ser informativo e não deverá referir-se ao texto do artigo; — Se o artigo for em português o resumo deverá ser feito em português e em inglês — Deve incluir os resultados mais importantes que suportem as conclusões do trabalho; — Deverão ser incluídas 3 a 6 palavras-chave; — Não deverão ser utilizadas abreviaturas; — O resumo não deverá exceder as 200 palavras.

    INTRODUÇÃO:

    — Deverá ser suficientemente compreensível, explicitando claramente o objectivo do trabalho e relevando a importância do estudo face ao estado actual do conhecimento; — A revisão da literatura não deverá ser exaustiva.

    MATERIAL E MÉTODOS:

    — Nesta secção deverá ser incluída toda a informação que permite aos leitores realizarem um trabalho com a mesma metodologia sem contactarem os autores; — Os métodos deverão ser ajustados ao objectivo do estudo; deverão ser replicáveis e com elevado grau de fidelidade; — Quando utilizados humanos deverá ser indicado que os procedimentos utilizados respeitam as normas internacionais de experimentação com humanos (Declaração de Helsínquia

  • de 1975); — Quando utilizados animais deverão ser utilizados todos os princípios éticos de experimentação animal e, se possível, deverão ser submetidos a uma comissão de ética; — Todas as drogas e químicos utilizados deverão ser designados pelos nomes genéricos, princípios activos, dosagem e dosagem; — A confidencialidade dos sujeitos deverá ser estritamente mantida; — Os métodos estatísticos utilizados deverão ser cuidadosamente referidos.

    RESULTADOS:

    — Os resultados deverão apenas conter os dados que sejam relevantes para a discussão; — Os resultados só deverão aparecer uma vez no texto: ou em quadro ou em figura; — O texto só deverá servir para relevar os dados mais relevantes e nunca duplicar informação; — A relevância dos resultados deverá ser suficientemente expressa; — Unidades, quantidades e fórmulas deverão ser utilizados pelo Sistema Internacional (SI units). — Todas as medidas deverão ser referidas em unidades métricas.

    DISCUSSÃO:

    — Os dados novos e os aspectos mais importantes do estudo deverão ser relevados de forma clara e concisa; — Não deverão ser repetidos os resultados já apresentados; — A relevância dos dados deverá ser referida e a comparação com outros estudos deverá ser estimulada; — As especulações não suportadas pelos métodos estatísticos não deverão ser evitadas; — Sempre que possível, deverão ser incluídas recomendações; — A discussão deverá ser completada com um parágrafo final onde são realçadas as principais conclusões do estudo.

    AGRADECIMENTOS:

    — Se o artigo tiver sido parcialmente apresentado publicamente deverá aqui ser referido o facto; — Qualquer apoio financeiro deverá ser referido.

    REFERÊNCIAS

    — As referências deverão ser citadas no texto por número e compiladas alfabeticamente e ordenadas numericamente; — Os nomes das revistas deverão ser abreviados conforme normas internacionais (ex: Index Medicus); — Todos os autores deverão ser nomeados (não utilizar et al.) — Apenas artigos ou obras em situação de “in press” poderão ser citados. Dados não publicados deverão ser utilizados só em casos excepcionais sendo assinalados como “dados não publicados”; — Utilização de um número elevado de resumos ou de artigos não “peer-reviewed” será uma condição de não aceitação;

    EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS:

    ARTIGO DE REVISTA

    1 Pincivero DM, Lephart SM, Karunakara RA (1998). Reliability and precision of isokinetic strength and muscular endurance for the quadriceps and hamstrings. Int J Sports Med 18: 113-117 LIVRO COMPLETO Hudlicka O, Tyler KR (1996). Angiogenesis. The growth of the vascular system. London: Academic Press Inc. Ltd. CAPÍTULO DE UM LIVRO Balon TW (1999). Integrative biology of nitric oxide and exercise. In: Holloszy JO (ed.). Exercise and Sport Science Reviews vol. 27. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 219-254FIGURAS

    — Figuras e ilustrações deverão ser utilizadas quando auxiliam na melhor compreensão do texto; — As figuras deverão ser numeradas em numeração árabe na sequência em que aparecem no texto; - As figuras deverão ser impressas em folhas separadas daquelas contendo o corpo de texto do manuscrito. No ficheiro informático em processador de texto, as figuras deverão também ser colocadas separadas do corpo de texto nas páginas finais do

    manuscrito e apenas uma única figura por página; — As figuras e ilustrações deverão ser submetidas com excelente qualidade gráfico, a preto e branco e com a qualidade necessária para serem reproduzidas ou reduzidas nas suas dimensões; — As fotos de equipamento ou sujeitos deverão ser evitadas.QUADROS

    — Os quadros deverão ser utilizados para apresentar os principais resultados da investigação. — Deverão ser acompanhados de um título curto; — Os quadros deverão ser apresentados com as mesmas regras das referidas para as legendas e figuras; — Uma nota de rodapé do quadro deverá ser utilizada para explicar as abreviaturas utilizadas no quadro.

    SUBMISSÃO
DOS
MANUSCRITOS— A submissão de artigos para à RPCD poderá ser efectuada por via postal, através do envio de 1 exemplar do manuscrito em versão impressa em papel, acompanhada de versão gravada em suporte informático (CD-ROM ou DVD) contendo o artigo em processador de texto Microsoft Word (*.doc). - Os artigos poderão igualmente ser submetidos via e-mail, anexando o ficheiro contendo o manuscrito em processador de texto Microsoft Word (*.doc) e a declaração de que o artigo nunca foi previamente publicado.

    ENDEREÇOS PARA ENVIO

    DE ARTIGOS

    Revista Portuguesa de Ciências do Desporto Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Rua Dr. Plácido Costa,Porto Portugal(+351) 914 200 450e-mail: [email protected]

  • PUBLICATION NORMS

    WORKING
MATERIALS
(MANUSCRIPTS)ORIGINAL INVESTIGATION

    The PJSS publishes original papers related to all areas of Sport Sciences.

    REVIEWS OF THE LITERATURE

    (STATE OF THE ART PAPERS): State of the art papers or critical literature reviews are published if, and only if, they contribute to the generalization of knowledge. Meta-analytic papers or general reviews are possible modes from contributing authors. This type of publication is open only to invited authors.

    COMMENTARIES: Commentaries about published papers or literature reviews are highly recommended by the editorial board and accepted.

    CASE STUDIES: Highly relevant case studies are favoured by the editorial board if they contribute to specific knowledge within the framework of Sport Sciences research. The meticulous control of research methodology is a fundamental issue in terms of paper acceptance.

    ESSAYS: The PJSS shall invite highly regarded specialists to write essays or careful and deep thinking about several themes of the sport sciences mainly related to philosophy and/or strong argumentation in sociology or psychology.

    BOOK REVIEWS: the PJSS has a section for book reviews.

    GENERAL
PUBLICATION
RULES:
All papers submitted to the PJSS are obliged to have original data, theoretical or experimental, within the realm of Sport Sciences. It is mandatory that the submitted paper has not yet been published elsewhere. If a minor part of the paper was previously published, it has to be stated explicitly in the acknowledgments section.

    All papers are first evaluated by the editor in chief, and shall have as initial criteria for acceptance the following: fulfilment of all norms, clear relationship to Sport Sciences, and scientific merit. After this first screening, and if the paper is firstly accepted, two independent referees shall evaluate its content in a

    “double blind” fashion. A third referee shall be considered if the previous two are not in agreement about the quality of the paper.After the referees receive the manuscripts, it is hoped that their reviews are posted to the editor in chief in no longer than a month.

    MANUSCRIPT
PREPARATION
GENERAL ASPECTS:

    The first page of the manuscript has to contain: — Title and author(s) name(s) — Declaration that the paper has never been published

    FORMAT:

    — All manuscripts are to be typed in A4 paper, with margins of 3 cm, using Times New Roman style size 12 with double space, and having no more than 20 pages in length. — Pages are to be numbered sequentially, with the title page as n.1.

    SIZE AND STYLE:

    — Papers are to be written in a very precise and clear language. No place is allowed for speculation without the boundaries of available data. — If manuscripts are highly confused and written in a very poor Portuguese or English they are immediately rejected by the editor in chief. — All abbreviations are to be used according to international rules of the specific field.

    TITLE PAGE:

    — Title page has to contain the following information: — Specification of type of manuscript (but see working materials-manuscripts). — Brief and highly informative title. — Author(s) name(s) with first and middle

    names (do not write academic degrees) — Running head with no more than 45 letters. — Name and place of the academic institutions. — Name, address, Fax number and email of the person to whom the proof is to be sent.

    ABSTRACT PAGE:

    — The abstract has to be very precise and contain no more than 200 words, including objectives, design, main results and conclusions. It has to be intelligible without reference to the rest of the paper. — Portuguese and English abstracts are mandatory. — Include 3 to 6 key words. — Do not use abbreviations.

    INTRODUCTION:

    — Has to be highly comprehensible, stating clearly the purpose(s) of the manuscript, and presenting the importance of the work. — Literature review included is not expected to be exhaustive.

    MATERIAL AND METHODS:

    — Include all necessary information for the replication of the work without any further information from authors. — All applied methods are expected to be reliable and highly adjusted to the problem. — If humans are to be used as sampling units in experimental or non-experimental research it is expected that all procedures follow Helsinki Declaration of Human Rights related to research. — When using animals all ethical principals related to animal experimentation are to be respected, and when possible submitted to an ethical committee. — All drugs and chemicals used are to be designated by their general names, active principles and dosage. — Confidentiality of subjects is to be maintained. — All statistical methods used are to be precisely and carefully stated.

    RESULTS:

    — Do provide only relevant results that are useful for discussion. — Results appear only once in Tables or Figures. — Do not duplicate

  • information, and present only the most relevant results. — Importance of main results is to be explicitly stated. — Units, quantities and formulas are to be expressed according to the International System (SI units). — Use only metric units.

    DISCUSSION:

    — New information coming from data analysis should be presented clearly. — Do no repeat results. — Data relevancy should be compared to existing information from previous research. — Do not speculate, otherwise carefully supported, in a way, by insights from your data analysis. — Final discussion should be summarized in its major points.

    ACKNOWLEDGEMENTS:

    — If the paper has been partly presented elsewhere, do provide such information. — Any financial support should be mentioned.

    REFERENCES:

    — Cited references are to be numbered in the text, and alphabetically listed. — Journals´ names are to be cited according to general abbreviations (ex: Index Medicus). — Please write the names of all authors (do not use et al.). — Only published or “in press” papers should be cited. Very rarely are accepted “non published data”. — If non-reviewed papers are cited may cause the rejection of the paper.

    EXAMPLES:

    PEER-REVIEW PAPER

    1 Pincivero DM, Lephart SM, Kurunakara RA (1998). Reliability and precision of isokinetic strength and muscular endurance for the quadriceps and hamstrings. In J Sports Med 18:113-117COMPLETE BOOK Hudlicka O, Tyler KR (1996). Angiogenesis. The growth of the vascular system. London:Academic Press Inc. Ltd.BOOK CHAPTER Balon TW (1999). Integrative

    biology of nitric oxide and exercise. In: Holloszy JO (ed.). Exercise and Sport Science Reviews vol. 27. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 219-254FIGURES

    — Figures and illustrations should be used only for a better understanding of the main text. — Use sequence arabic numbers for all Figures. — Each Figure is to be presented in a separated sheet with a short and precise title. — In the back of each Figure do provide information regarding the author and title of the paper. Use a pencil to write this information. — All Figures and illustrations should have excellent graphic quality I black and white. — Avoid photos from equipments and human subjects.TABLES — Tables should be utilized to present relevant numerical data information. — Each table should have a very precise and short title. — Tables should be presented within the same rules as Legends and Figures. — Tables´ footnotes should be used only to describe abbreviations used.

    MANUSCRIPT
SUBMISSION
The manuscript submission could be made by post sending one hard copy of the article together with an electronic version [Microsoft Word (*.doc)] on CD-ROM or DVD. Manuscripts could also be submitted via e-mail attaching an electronic file version [Microsoft Word (*.doc)] together with the declaration that the paper has never been previously published.

    ADDRESS FOR MANUSCRIPT SUBMISSION

    Revista Portuguesa de Ciências do Desporto Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Rua Dr. Plácido Costa, Porto Portugal(+351) 914 200 450e-mail: [email protected]

  • Nota
Editorial

    Do mal estar na Universidade.*

    1. Nunca devemos deixar de questionar o nosso próprio discurso. E também aquele que é

    feito na Universidade pelos seus dirigentes e docentes.

    Particular preocupação deve merecer a gravosa prática do ‘politicamente correto’, tanto

    nas palavras como nos atos, porquanto essa conduta eivada de oportunismo pode devastar

    literalmente a instituição e a consciência da sua missão e das suas obrigações, conforme

    explicita exemplarmente o escritor Philip Roth, em vários dos seus romances, no concer-

    nente às universidades americanas.

    A vigilância impõe-se, para evitar a queda no abismo. Ora para isso é preciso ter bitolas

    que sirvam de luz e referência da avaliação dos passos dados e dos fins almejados.

    Não queremos uma Universidade colecionadora, recetadora e gestora cega, obediente e

    embebecida das modas, em vez de cultivar o orgulho e a responsabilidade de ser património

    e repositório de regeneração, inovação, multiplicação e disseminação da sabedoria humana.

    Atente-se nisto: estamos obrigados à proclamação da ética e da estética, do bem e do

    belo, do correto e justo, do elevado e sublime! E não do ‘economês’ e dos execráveis modis-

    mos que propagam o desumano e a indiferença face ao sofrimento alheio.

    Não podemos consentir uma Universidade omissa, sem identidade, alheada, desatenta

    e distraída, que não controle os controlos e as forças que a tentam controlar e dirigir, for-

    matar, rebaixar e subjugar.

    EJorge
Olímpio
Bento
1

    1
Diretor
da
Revista
Portuguesa

de
Ciências
do
Desporto

    Não sei quanta da minha personalidade está a ser secreta-mente dirigida por forças que não as minhas. Não controlo os controlos. É isso o terror: não saberes quem és.

    Wayne
Coyne,
cantor
e
guitarrista
da
banda
The
Flaming
Lips.

    * Reflexão escrita no dia 1 de Janeiro de 2012.

    9

—

RPCD 12 (2): 9-11

  • A Universidade devia ser a catedral espiritual, cultural e ética da Sociedade. A Casa da

    Erudição e da Humanidade. Devia ser uma Universidade de luz clara e perfeita, capaz de

    iluminar as pessoas e o mundo. Lá isso devia!

    Porém isto foi atirado para o caixote do lixo. Eu que vivi a fase de intensa paixão, em que

    a nossa Universidade se ergueu dos escombros com o impulso de Pessoas Grandes como o

    Professor Nuno Grande, o verdadeiramente Magnífico Reitor Alberto Amaral e tantos mais,

    é com dorida saudade, com profundo desencanto e amarga desilusão que ouço e leio o dis-

    curso oficial da U. Porto. Há nele evidências do fundamentalismo mercadológico, ‘manage-

    rialista’ e ‘financês’. Ele é a mão longa da ‘troika’ e das suas receitas dentro da Universidade.

    As sombras alastram, como que para encobrir o abandono da genuína missão da Univer-

    sidade. Simultaneamente vai crescendo, pouco a pouco, o número de jovens estudantes

    inconformados e fartos deste vazio. Este levantar do chão tem que ser saudado e reforça-

    do. Até porque, em verdade, não há vazio no tempo; se ele não é preenchido por princípios

    e valores de sinal positivo, é ocupado por categorias de pendor contrário.

    2. Os fundamentalismos e fanatismos foram e são sempre funestos. Devemos a eles as

    maiores barbáries cometidas contra a Humanidade. Sejam eles de ordem ideológica, reli-

    giosa, política ou outra, deixam sempre atrás de si rastos de crueldade, violência e horror.

    A história da Humanidade mostra-nos um chocante estendal de crimes e ignomínias que

    abalam, sem cessar, a confiança na ideia e no projeto do Homem.

    Mesmo na ciência podemos observar fundamentalismos. A crise ecológica, tal como

    a depressão económica, que estamos a viver, são, em parte, exemplos incontornáveis e

    manifestos de fundamentalismos científicos, ligados a modelos e teorias de gestão, de

    controlo, intervenção e modificação da natureza e da sociedade.

    Mais ainda, a ciência e os cientistas, as instituições de formação e investigação, os aca-

    démicos e intelectuais incorrem, não raras vezes, no pecado da omissão cívica e ética,

    remetem-se ao silêncio, renunciam à opinião, à palavra e à tomada de posições perante

    a (des)ordem contemporânea; ou seja, traem o seu ethos, as suas obrigações e responsa-

    bilidades. Isto é particularmente constatável aqui e agora, no nosso ferido Portugal. Por

    exemplo, quantos Reitores, para além do Professor António Nóvoa, têm tomado posições

    públicas contra o esbulho selvático ao qual está a ser submetida a grande maioria dos

    portugueses? Quantos se mantêm apegados ao sentido da sua função, em vez de se afas-

    tarem dela, de a esvaziarem do vínculo à sua missão pública, social e humanista?

    O país está capturado pela podridão e escuridão. E as diversas instituições - incluindo

    chocante e infelizmente a Universidade – acomodam-se ao papel de instrumentos da go-

    vernação e ampliação dos mesmos interesses e poderes.

    A Universidade não pode prescindir de se entender e agir como ‘UniverCidade’, como

    entidade comprometida com os caminhos da pólis, da cidade, da comunidade. Ao entregar-

    -se ao remanso e à cobardia do ‘politicamente correto’, a Universidade está a apoucar-se,

  • 11

—

RPCD 12 (2)

    a anular-se, a omitir-se e a contribuir para a anestesia do atribulado e manipulado povo

    português. Está a ajudar ativamente à inseminação da ‘banalização do mal’, denunciada

    por Hannah Arendt.

    3. O clima na U. Porto não está bem: não estão bem as relações humanas, nem a neces-

    sária confiança nos líderes da instituição. O ambiente de ruidoso mal-estar, de descon-

    fiança e maledicência, de autoritarismo e centralismo, de secretismo e sigilismo foi-se

    adensando gradativamente nos últimos anos, com a cumplicidade e impulso do Conselho

    Geral. A transparência é muito pouca, a democraticidade tende a ser nula, a missão huma-

    nista, cívica, social, espiritual e intelectual foi a enterrar sem choro nem velas. Por detrás

    de uma linguagem aparente e pretensamente pragmática acoita-se um radicalismo obs-

    cenamente ideológico.

    Urge acordar e sair de uma letargia demasiado prolongada e, portanto, perigosa e quase

    letal. Urge assumir a rutura com o ambiente vigente, bem como a necessidade de renova-

    ção das causas e fins, das ideias e das visões, dos atores e das ações, visando eleger outros

    caminhos, suscetíveis de contribuírem para a elevação da nossa U. Porto ao patamar de

    excelência em todas as dimensões da sua matriz.

    Podemos e devemos estabelecer pontes e traços de união entre todos quantos fazem a

    Universidade. Não com base em radicalismos e sectarismos, mas, sim, em torno de gran-

    dezas axiológicas que consagrem a dignidade humana.

    Com gente de bem e decente é fácil e natural firmar a unidade e assumir consensos. É

    isto que conta. Não precisamos de nenhum ‘homem providencial’, mas sim de sujeitos dis-

    poníveis para dar o contributo melhor possível para que a nossa Universidade se cumpra

    e nós através dela.

    E

  • Impacto da aplicação

    de um modelo de ensino

    híbrido no desenvolvimento

    de elementos técnicos

    na Ginástica Artística.

    PALAVRAS CHAVE:

    Ginástica
Artística.
Treino
de
crianças
e
jovens.


    Modelos
de
ensino.

    AUTORES:

    Ivana
Aleixo
1

    Isabel
Mesquita
2

    Alda
Corte-Real
2

    1
Escola
de
Educação
Física,
Fisioterapia
e
Terapia
Ocupacional
da
Universidade
Federal
de
Minas
Gerais,
Brasil

    2
CIFI2D,
Faculdade
de
Desporto
Universidade
do
Porto,
Portugal

    Correspondência:
Isabel
Mesquita.
CIFI2D,
Faculdade
de
Desporto
da
Universidade
do
Porto.


    Rua
Dr.
Plácido
Costa,
91.
4200-450
Porto,
Portugal
([email protected]).

    RESUMO

    O presente estudo tem por objetivo avaliar o impacto da aplicação de um modelo de ensino

    hibrido (o qual integrou os desígnios do modelo de instrução direta, ensino aos pares e

    aprendizagem cooperativa) no desenvolvimento de habilidades técnicas elementares de

    Ginástica Artística em praticantes iniciantes. Participaram no estudo 28 praticantes do

    sexo feminino no grupo experimental, divididas em três subgrupos de nível de habilidade

    distinto, e 25 no grupo controle na faixa etária entre os 9 e 12 anos. Os dados foram obtidos

    a partir da observação sistemática, com gravação vídeo e áudio do desempenho técnico

    das atletas, pela aplicação de um pré-teste e um pós-teste, antes e após, respetivamen-

    te, a aplicação do protocolo instrucional com 24 treinos. A análise da variância (ANOVA)

    e o teste post-hoc de comparações múltiplas de Tukey foram aplicados para avaliar os

    progressos no desenvolvimento das habilidades técnicas. Os resultados evidenciaram que

    apenas o grupo experimental evoluiu significativamente, através da aplicação do modelo

    híbrido, sendo os progressos extensíveis aos três subgrupos de habilidade, para além de

    atenuar as diferenças entre os subgrupos de nível de habilidade opostos. Este estudo rei-

    tera o valor pedagógico do recurso a modelos híbridos que ao comportarem diferentes va-

    lências da formação de crianças e jovens (motora, cognitiva e social) otimizam o processo

    de ensino e, concomitantemente, o sucesso na aprendizagem.

  • 01Impact of the application

    of a hybrid model of education

    in the development of technical elements

    in Artistic Gymnastics.

    ABSTRACT

    The purpose of this study was to examine the impact of a hybrid-teaching

    model (direct instruction, peer teaching and cooperative learning) in the

    development of Artistic Gymnastics’ technical skills of young players

    taking into account their skill level. Twenty-eight female athletes were

    observed in the experimental group, divided by their skill level (low, mi-

    ddle and high) while the control group had twenty-five female players

    with ages between nine and twelve years old. Data were obtained throu-

    gh systematic observation by using video and audio recording from a

    pre-test and a post-test which take place before and after, respectively,

    the application of instructional protocol comprising twenty-four training

    sessions. One-way ANOVA and Tukey’s post hoc multiple comparisons

    were used to evaluate the athletes’ improvements. The results showed

    that this hybrid-teaching model offered the opportunity to the experi-

    mental group improve their skill execution in all subgroups. This study

    showed the pedagogic value of hybrid models that involve different com-

    ponents of children and youth education (motor, cognitive and social)

    improving the teaching process and consequently the learning success.

    KEY WORDS:

    Artistic Gymnastics. Training for children and youth. Teaching models.

    13

—

RPCD 12 (2): 12-27

  • INTRODUÇÃO

    O Modelo de Instrução Direta é um modelo de ensino centrado no professor comummente

    utilizado no contexto do ensino da Educação Física e no Treino Desportivo (29). Neste modelo

    são privilegiadas estratégias instrucionais de carácter explícito e formal, onde a monitori-

    zação e o controlo estreito das atividades dos praticantes é a nota dominante, sendo por

    isso centrado no professor. Ao adotar este tipo de abordagem, os treinadores e professores

    assumem total responsabilidade na criação de problemas que possam aparecer na prática,

    prescrevendo as soluções que parecem ser mais adequadas (39). A investigação no ensino da

    Educação Física denuncia o seu uso privilegiado pelos professores (17), sendo esta evidência

    extensível ao treino desportivo (30). A abordagem tradicional (isto é, centrada no professor)

    apesar de suportada pela investigação processo-produto, não tem conseguido evitar a crí-

    tica de todos os que advogam o valor das abordagens centradas no aluno, na construção

    de competências ecléticas, as quais perpassam as motoras e situam-se também nas cog-

    nitivas e afetivas (3,
10,
41). Na atualidade é reconhecido que os modelos de ensino centrados

    no aluno (como seja o modelo de aprendizagem cooperativa) são cruciais para a criação de

    ambientes de aprendizagem autênticos e apelativos onde os alunos são impelidos a desen-

    volver a autonomia e a responsabilidade na realização das tarefas de aprendizagem (26,
28,
33).

    Especificamente a Ginástica Artística (GA) tem sido tradicionalmente ensinada e trei-

    nada segundo modelos de ensino explícitos e prescritivos centrados na figura do líder

    instrucional (treinador/ professor) onde o autocracismo impera independentemente do

    nível dos praticantes
(2).

    Apesar do elevado rigor técnico da GA impor a necessidade do recurso a estratégias

    de ensino explícitas e formais, o seu uso em demasia ou mesmo exclusivo, induz nos

    praticantes demasiada dependência do professor/ treinador, não proporcionando supor-

    te para o desenvolvimento da autonomia dos praticantes na tomada de decisão (21). Esta

    abordagem tem sido acusada de aumentar a dependência dos praticantes em relação ao

    professor/ treinador, em vez de proporcionar o apoio destes últimos para o desenvolvi-

    mento da autonomia e da capacidade de tomar decisões (21). De facto, o desenvolvimento

    de competências sociais e afetivas requer espaço para os praticantes cooperarem entre

    si, tomarem decisões sobre as suas próprias ações, refletirem, agirem e responsabili-

    zarem-se pelas suas próprias decisões, fatores essenciais para o desenvolvimento da

    proatividade em detrimento da reatividade (32).

    A necessidade de se considerar a especificidade da modalidade desportiva em questão

    sem deixar de contemplar a formação social e afetiva, como vetores essenciais de uma

    formação eclética, tem vindo a legitimar o recurso a modelos de ensino híbridos, os quais

    por possuírem características diferenciadas embora complementares, mostram respon-

    der à complexa e dinâmica natureza do processo de ensino-aprendizagem
(23,
33). Diferen-

    tes estudos revelam a importância do recurso à combinação de modelos diferenciados

  • 15

—

RPCD 12 (2)

    01no ensino das modalidades, porquanto as suas idiossincrasias potenciam a eficácia pe-dagógica, desde que sejam utilizadas no momento oportuno em relação ao processo de

    ensino-aprendizagem (31,
32). Como refere Metzler (33)
cada modelo de ensino declara qual

    o principal domínio apontado como objetivo de aprendizagem, havendo assim uma alta

    probabilidade para que esta ocorra. No caso dos jogos desportivos a aplicação de modelos

    híbridos tem vindo a demostrar ser vantajosa para a aprendizagem; é o caso do modelo

    hibrido que integra o Teaching Game for Understanding (TGFU) e o Sports Education (SE) (12,
 23) e do TGFU com o Invasion Games Competence Model (IGCM )
 (32). No âmbito dos

    desportos individuais o recurso a modelos de ensino híbridos é inexistente, revelando-se

    crucial compreender de que modo a integração dos desígnios de diferentes modelos de

    ensino pode otimizar a aprendizagem em ambientes que conferem aos praticantes autono-

    mia, cooperação e responsabilidade.

    O presente estudo tem por objetivo geral avaliar o impacto da aplicação de um modelo

    hibrido (apelidado de Modelo Integrado de Ensino da Ginástica Artística, MIEGA) no de-

    senvolvimento de habilidades técnicas elementares de Ginástica Artística em praticantes

    iniciantes. Pretendeu-se, ainda, avaliar se o modelo hibrido aplicado produz impacto dife-

    renciado no desenvolvimento de habilidades técnicas em função do nível de desempenho

    técnico das praticantes.

    METODOLOGIA

    O presente estudo foi de natureza quasi-experimental, comportando um grupo experimen-

    tal e um grupo controle. O propósito foi adequar o delineamento da pesquisa ao ambiente

    mais parecido com o real, no qual os sujeitos pertencem a grupos naturais, ou seja, in-

    tactos, escolhidos não aleatoriamente (40). No grupo experimental foi aplicado um modelo

    híbrido designado de MIEGA, no qual foi desenvolvido um programa de ensino da GA re-

    lacionado com a aquisição dos elementos ginásticos e acrobáticos considerados de base

    na modalidade (4,
9,
11,
34). O grupo controle realizou atividades de educação desportiva em

    geral (brincadeiras populares, danças típicas e jogos pré-desportivos coletivos). Ambos os

    grupos foram sujeitos a uma frequência semanal de dois treinos de 60 minutos, durante

    um período de três meses, perfazendo um total de 24 treinos. A opção em se utilizar vinte

    e quatro treinos (n=24), decorreu de evidências de outras pesquisas, as quais sugerem que

    o período de instrução quando demasiado reduzido pode não interferir positivamente com

    os ganhos finais das aprendizagens (16), sendo necessário um mínimo de vinte aulas para

    proporcionar a ocorrência de aprendizagem
(22,
24,
28).

    O MIEGA pretendeu responder às exigências técnicas na fase inicial de aprendizagem

    desta modalidade, sem descuidar a formação pessoal e social dos praticantes, com o in-

    tuito de promover ganhos substanciais na aprendizagem e uma relação entusiástica com

  • o esporte. Teve como suporte teórico de referência quatro modelos de ensino: o Modelo

    de Instrução Direta (MID), capaz de responder às exigências técnicas específicas da GA

    e dois modelos de ensino particularmente promotores da participação e da cooperação, o

    Modelo de Ensino aos Pares (MEP) e o Modelo de Aprendizagem Cooperativa (MAC). Os de-

    sígnios do MAC contribuem particularmente para o desenvolvimento pessoal e social dos

    praticantes e o MEP, para além de ser uma porta de entrada para estes intentos, aperfei-

    çoa a capacidade de diagnóstico, observação e correção das habilidades técnicas, respon-

    sabilizando os praticantes nas tarefas de ensino e de aprendizagem
(8,
33,
43). Na abordagem

    didático-metodológica foram utilizados os desígnios do Modelo Desenvolvimental
 (35). O

    Modelo Desenvolvimental configura a relação do conteúdo de ensino com os procedimen-

    tos didáticos que o sustentam e que lhe conferem significado. Apresenta três conceitos

    fundamentais orientadores da estruturação curricular e funcional das tarefas de ensino

    e aprendizagem: a progressão, o refinamento e a aplicação (35). Na progressão é definida

    a dimensão do conteúdo, ou seja, o número de conteúdos abordados (volume), a forma

    encadeada de abordagens dos elementos (sequência), as componentes críticas por cada

    técnica de aprendizagem, ou seja, o nível de pormenor e especificidade de cada conteúdo

    (profundidade) e o que se pretende realçar no momento da instrução, para que o aluno

    tenha sucesso na aprendizagem (ênfase). É estabelecida uma relação entre a articulação

    horizontal (tarefas com dificuldade semelhante) e articulação vertical (tarefas com difi-

    culdade distinta) conferindo um caráter dinâmico à progressão. O refinamento centra-se

    na qualidade de realização pela informação acrescida emitida pelo treinador acerca de

    aspetos críticos dos elementos de execução. A aplicação remete para o objetivo externo

    da tarefa criando condições para que o praticante seja confrontado com o resultado obtido.

    Integra situações de práticas próximas das do produto final (35).

    QUADRO
1 — Componentes do MIEGA (número de aulas, conteúdos, número de exercícios e estratégias pedagógicas aplicadas).

    AULA CONTEÚDOESTRATÉGIAS

    PEDAGÓGICASNº DE EXERCÍCIOS

    1 Rolamento frente e Rolamento p/ trás ID 4 e 4

    2Rolamento frente

    ID1

    Rolamento p/ trás 3

    3Avião frontal ID 3

    Rolamento frente Rolamento p/ trás EP 1

    4Ponte ID 5

    Rolamento frente e Rolamento p/ trás EP 1

  • 17

—

RPCD 12 (2)

    01AULA CONTEÚDO

    ESTRATÉGIAS

    PEDAGÓGICASNº DE EXERCÍCIOS

    5Parada de dois apoios ID 3

    Rolamento p/ trás EP 1

    6Salto estendido e Salto pirueta

    ID4 e 3

    Parada de dois apoios e Ponte 1 e 1

    7

    Giro 360º ID 3

    Parada rolamento ID 1 e 1

    Avião frontal EP 2

    8 Roda ID 6

    9Salto galope ID 4

    Parada -Roda - Salto pirueta EP 5

    10 Ponte- Roda - Avião frontal - Salto pirueta EP 2

    11 Parada rolamento - Roda ID 1 e 1

    12 Roda - Giro 360º- Salto Galope e Salto pirueta ID 1

    13 Parada rolamento - Roda - Giro 360º - Avião frontal ID 1

    14 Parada rolamento - Roda - Ponte - Salto galope ID 1

    151ª parte da série: Avião frontal, Rolo p/ trás, Salto estendido, Parada rolamento e Ponte

    ID 3

    16 1ª parte da série AC 1

    17 1ª parte da série AC 1

    18 2ª parte da série: Salto pirueta, galope, Roda EP 2

    19 2ª parte da série AC 1

    20 2ª parte da série AC 1

    21 Série completa AC 1

    22 Série completa AC 1

    23 CompetiçãoAC

    1

    24 Competição 1

    Nota: ID (Instrução Direta); EP (Ensino por Pares); AC (Aprendizagem Cooperativa).

    PARTICIPANTES

    O presente estudo integrou um grupo de vinte e oito (n=28) praticantes, pertencentes à

    faixa etária entre os nove e os doze anos, com uma média de idade de 10 1.10; e um grupo

    controle de vinte e cinco praticantes (n=25), ao qual respondeu a média de idade de 10.24

    1.09. Os praticantes de ambos os grupos eram todos do sexo feminino. A escolha desta

    faixa etária deveu-se ao fato de constituir um período ótimo de aprendizagem, considerado

  • fase universal (19). As participantes se encontravam na fase de iniciação esportiva da mo-

    dalidade, sem prática anterior de GA e foram integrantes do projeto de extensão da Escola

    de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da Universidade Federal

    de Minas Gerais (UFMG).

    A aplicação do protocolo instrucional ao grupo experimental foi realizado por uma trei-

    nadora que possuía os requisitos necessários para ser considerada perita na área (1,
32):

    formação acadêmica com graduação em Educação Física e experiência de dez anos como

    treinadora de equipes iniciantes de GA, encontrando-se na fase de estabilização, de acordo

    com a classificação de Burden
(7) (iniciação: um a dois anos de experiência; ajustamento,

    três a quatro anos, e estabilização cinco ou mais anos de experiência). A treinadora que

    ministrou as aulas do grupo controle tinha experiência profissional considerável (12 anos

    como professora de Educação Física), situando-se também na fase de estabilização, em-

    bora sem conhecimento especializado em GA. Este aspeto não é, contudo, relevante uma

    vez que este grupo não realizou atividades específicas de GA. Solicitou-se aos pais e trei-

    nadores autorização para a participação das crianças no estudo por meio da assinatura do

    termo de consentimento livre e esclarecido. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em

    Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (ETIC 209/ 11).

    INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉCNICO

    Para a avaliação dos possíveis ganhos na aprendizagem tanto no grupo experimental como no

    grupo de controle efetuou-se um teste motor três dias imediatamente antes e após a aplica-

    ção do MIEGA (pré-teste e pós-teste respectivamente). Foi garantido que nesse período tem-

    poral (após o pré-teste e antes do pós teste, excluindo o período instrucional) as praticantes

    não realizavam qualquer atividade de GA. A metodologia utilizada para avaliar as praticantes

    baseou-se na observação das mesmas, pela recolha em vídeo. A avaliação dos elementos

    básicos (acrobáticos e ginásticos) foi efetivada em função do êxito obtido durante a apresen-

    tação de uma série de GA. Os testes aplicados foram específicos da ginástica e obedeceram

    aos aspetos centrais do Código de Pontuação (codP) da GA, no que diz respeito à execução

    dos elementos e à sua performance. Foi realizada uma adaptação aos regulamentos oficiais,

    determinando-se uma nota máxima de dez pontos, distribuídos por cada elemento executado

    na série de competição. A adaptação dos regulamentos oficiais baseou-se na literatura espe-

    cífica da GA que indica os padrões motores básicos na prática desta modalidade (4,
9,
11,
34,
38).

    Os procedimentos de validação do teste de avaliação do desempenho técnico consis-

    tiram na verificação da sua pertinência face ao objetivo do estudo e da sua concordância

    em relação aos regulamentos da GA. Para o efeito, foi validado por dois peritos com amplo

    conhecimento e experiência na área específica da GA sendo um Doutor em Ciências do

    Desporto e árbitro internacional qualificado pela FIG e o outro Mestre em Ciências do

    Desporto com mais de vinte anos de experiência na docência da GA. O julgamento deu

  • 19

—

RPCD 12 (2)

    01ênfase à execução técnica e postural, com exigências na performance dos elementos so-licitados. Ao nível dos elementos acrobáticos foram escolhidos o rolamento para trás, a

    parada de mãos com rolamento para frente, a ponte e a roda. Nos elementos ginásticos

    foram escolhidos o avião frontal, o giro de 360º sobre um dos pés, o salto estendido, o salto

    com pirueta de 360º estendido e o salto galope.

    A sequência da série dos elementos obedecem às diretrizes do programa técnico de

    ginástica escolar da Federação Mineira de Ginástica (FMG) para o ano de 2007 e do progra-

    ma Play Gym da Federação de Ginástica de Portugal (2000).

    O quadro 2 apresenta a avaliação da série dos elementos básicos de GA.

    QUADRO
2 — Avaliação dos elementos básicos de GA.

    SEQÜÊNCIA / ELEMENTOS VALOR

    1 Avião frontal 0.50 pts

    2 Rolamento para trás 1.00 pts

    3 Salto estendido 0.50 pts

    4 Giro de 360º sobre um dos pés 1.50 pts

    5 Parada de mãos com rolamento para frente 2.50 pts

    6 Ponte 0.50 pts

    7 Salto pirueta de 360º estendido 1,00 pts

    8 Salto galope 0.50 pts

    9 Roda 2.00 pts

    Em ambos os grupos (experimental e controle) foram apresentados, no pré-teste, todos

    os elementos da série em forma de desenho individual. Esse desenho configurava uma

    gravura, modelando o elemento a ser executado, pois a maioria destes elementos era des-

    conhecida das praticantes. Cada praticante observava essa figura, sendo solicitada, logo

    em seguida, a execução do mesmo. No pós-teste, as praticantes do grupo experimental e

    do grupo de controle realizaram a série completa.

    ANÁLISE DE DADOS

    As análises comparativas foram realizadas entre o grupo experimental e o grupo contro-

    le e entre os subgrupos experimentais. A série estatística foi dividida em tercis com base

    nos resultados do pré-teste ao nível do desempenho técnico, considerando-se assim: um

    subgrupo de nível inferior (NI), um subgrupo de nível moderado (NM) e um de nível superior

  • (NS). No sentido de se analisar os resultados em função dos grupos em estudo foram utiliza-

    dos o teste Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados e o teste de Levene visando

    testar a homogeneidade das variâncias. Na medida em que se verificou em todos os casos

    distribuição normal e homogeneidade das variâncias foram aplicados testes paramétricos,

    neste caso a análise de variância (ANOVA). Se a estatística F fosse significativa, utilizava-se

    o teste post-hoc de comparações múltiplas de Tukey para se identificar as diferenças. O ní-

    vel de significância adotado para todos os casos foi de 5%. O programa estatístico utilizado

    foi o SPSS “Statistical Package for the Social Sciences” versão 16.0 para Windows.

    A fiabilidade das observações relativa ao pré-teste e pós-teste dos testes de avaliação do

    desempenho técnico recorreu à análise inter-observador e intra-observador das praticantes.

    Dois peritos em Ginástica Artística (professores universitários, treinadores e juízes interna-

    cionais, cumulativamente) observaram 28 praticantes (pertencentes ao grupo experimental

    e controle) no pré-teste e no pós-teste. O coeficiente de correlação para a fiabilidade intra-

    -observador, no pré-teste mostrou valores entre 0.995 e 1 e no pós-teste de 0.999 e 1. Na

    fiabilidade das observações entre os dois peritos (inter-observador) o coeficiente de correla-

    ção variou no pré-teste entre 0.805 e 1 e no pós-teste entre 0.970 e 1. Os resultados obtidos

    mostraram que os dados deste estudo podem ser utilizados como instrumento científico.

    RESULTADOS

    COMPARAÇÃO DOS PROGRESSOS NO DESEMPENHO TÉCNICO

    ENTRE O GRUPO EXPERIMENTAL E GRUPO DE CONTROLE

    No pré-teste os dois grupos (experimental e controle) não evidenciaram diferenças signifi-

    cativas (F(1,51) = 4.34; p = 0.06) no desempenho técnico enquanto que no pós-teste o grupo

    experimental registou valores significativamente mais elevados em relação ao grupo de

    controle F(1, 51) = 60.23; p = 0.001) (quadro 3).

    QUADRO
 3 — Resultados descritivos do desempenho técnico nos elementos acrobáticos e ginásticos na comparação entre o grupo experimental e o grupo de controle no pré-teste e no pós-teste.

    MOMENTO GRUPOS PRÉ- TESTE n MÉDIADESVIO PADRÃO

    MÍNIMO MÁXIMO

    Pré-TesteGrupo Experimental 28 1.70 ±0.90 0.30 3.80

    Grupo Controle 25 1.20 ±0.30 0.50 3.50

    Pós-TesteGrupo Experimental 28 5.20* ±1.60 2.00 8.70

    Grupo Controle 25 1.20 ±0.30 0.50 3.40

    Nota:* p ≤ .05

  • 21

—

RPCD 12 (2)

    O quadro 4 apresenta os resultados do pré-teste e do pós-teste para cada um dos grupos

    (experimental e controle) no desempenho técnico dos elementos acrobáticos e ginásticos.

    Enquanto que o grupo de controle não alterou o desempenho técnico do pré-teste para o

    pós-teste (F(1,51) = 3.93;p=0.09) o grupo experimental evidenciou um aumento significativo

    da primeira para a segunda situação (F(1,51) = 87.9; p = 0.001).

    QUADRO
4 — Comparação dos resultados do desempenho técnico nos elementos acrobáticos e ginásticos entre o pré-teste e o pós-teste no grupo experimental e no grupo de controle.

    GRUPOS n PRÉ-TESTE PÓS-TESTE

    Grupo Experimental 28 1.70 5.20*

    Grupo Controle 25 1.20 1.10

    Nota:* p ≤ .05

    PROGRESSOS NO DESEMPENHO TÉCNICO

    EM FUNÇÃO DO NÍVEL DE DESEMPENHO MOTOR NO GRUPO EXPERIMENTAL

    Os três subgrupos do grupo experimental evidenciaram valores significativamente dife-

    rentes no pré-teste ao nível do desempenho técnico (F(2,25) = 42.208; p ≤ 0.001) (quadro 5).

    As diferenças foram significativas entre todos os pares de médias, ou seja, entre todos os

    subgrupos: NI e NM (diferença de média = - 0.70; p = 0.004); NI e NS (diferença de média

    = -1.80; p = 0.001); NM e NS (diferença de média = -1.10; p = 0.001).

    QUADRO
5 — Resultados descritivos do desempenho técnico dos três subgrupos experimentais (NI, NM, NS) na situação pré-teste.

    n MÉDIA DESVIO PADRÃO MÍNIMO MÁXIMO

    NI 10 0.94 0.40 0.30 1.40

    NM 9 1.64 0.10 1.50 1.80

    NS 9 2.74 0.60 1.90 3.80

    TOTAL 28 1.74 0.80 0.30 3.80

    01

  • Nos resultados comparativos ao nível do desempenho técnico entre os três subgrupos

    experimentais no pós-teste, verificam-se diferenças significativas, em função do nível de

    desempenho técnico das praticantes (F(2,25) = 7.494; p = 0.003) (quadro 6). Todavia, as dife-

    renças apenas foram significativas entre os subgrupos NI e NS (diferença média = -2.20; p

    = 0.002), evidenciando que apenas entre os grupos extremos (nível inferior e nível superior)

    as diferenças se mantiveram no pós-teste. Entre os restantes subgrupos as diferenças

    não foram significativas: NI e NM (diferença média = - 0.87; p = 0.290); NM e NS (diferença

    média = -1.32; p = 0.081).

    QUADRO
6 — Resultados descritivos do desempenho técnico dos três subgrupos experimentais (NI, NM, NS) no pós-teste.

    n MÉDIA DESVIO PADRÃO MÍNIMO MÁXIMO

    NI 10 4.20 1.27 2.00 5.70

    NM 9 5.08 0.83 4.00 6.20

    NS 9 6.40 1.52 3.50 8.70

    TOTAL 28 5.19 1.51 2.00 8.70

    Os valores médios dos ganhos relativos ao nível de desempenho técnico nos três sub-

    grupos experimentais do pré-teste para o pós-teste revelaram não existir diferenças sig-

    nificativas entre os três grupos (F(1,51) = 0.357; p = 0.703), tendo variado entre 3.26 no sub-

    grupo NI, 3.65 no subgrupo NS e 3.44 no NM.

    DISCUSSÃO

    Este estudo pretendeu avaliar o efeito de um modelo de ensino híbrido no desenvolvimento

    de habilidades técnicas elementares de Ginástica artística em jovens ginastas, examinan-

    do-se para além disso o possível impacto diferenciador do mesmo em função do nível de

    desempenho técnico dos praticantes.

    Em termos gerais foi notório o efeito diferenciador do MIEGA no desenvolvimento de

    habilidades técnicas elementares de GA. De facto, apenas o grupo experimental apresen-

    tou progressos significativos do pré-teste para o pós-teste quando inicialmente, antes da

    aplicação do MIEGA, ambos os grupos apresentavam níveis de desempenho técnico seme-

    lhantes. Estes resultados eram esperados porquanto apenas o grupo experimental foi su-

    jeito a um programa de treino especifico de GA, o que indicia o valor do treino sistemático,

    específico e regular no desenvolvimento da competência motora.

  • 23

—

RPCD 12 (2)

    01Não obstante, o impacto do MIEGA fez-se notar verdadeiramente pela aproximação do nível de desempenho técnico dos subgrupos do grupo experimental já que do pré-teste

    para o pós-teste as diferenças atenuaram-se; isto é, todos os grupos progrediram signi-

    ficativamente mantendo-se no pós-teste apenas diferenças nos progressos registados

    entre o subgrupo de nível inferior (NI) e o de nível superior (NS). Para tal concorreu indu-

    bitavelmente a abordagem didático-metodológica aplicada (pelo recurso aos desígnios do

    modelo desenvolvimental) (35), com a aplicação de uma abordagem pedagógica que combi-

    nou o recurso a estratégias centradas no modelo de instrução direta, no ensino de pares e

    na aprendizagem cooperativa (33).

    O modelo desenvolvimental, ao integrar três conceitos (progressão, refinamento e aplica-

    ção) traduzidos na estruturação do ensino em sequências de aprendizagem de tarefas com

    complexidade crescente
(35), contemplando a articulação vertical (aumento de complexidade

    entre tarefas de dificuldade distinta) e horizontal (variantes de execução para tarefas do mes-

    mo nível de dificuldade) dos conteúdos
(42), permitiu a todas as praticantes, e em particular às

    de nível inferior, obter progressos significativos no desenvolvimento das habilidades técnicas.

    De facto, a investigação empírica neste domínio tem vindo a revelar a importância da

    estabilização de progressões no ensino das habilidades. Rink, French, Werner, Lynn e Mays (36) em referência ao Voleibol, no contexto escolar, confirmaram o efeito positivo do recur-

    so a progressões que combinem a articulação vertical e horizontal e ao refinamento no

    desenvolvimento das habilidades técnicas, em especial quando os alunos não conseguem

    fazer os ajustamentos necessários às exigências das novas situações de prática. Do mes-

    mo modo, os estudos realizados por French, Werner, Rink, Taylor e Hussey (14,
15), aplicados

    no Badminton, e de Mesquita (27), aplicado ao Voleibol, demonstraram o efeito diferenciador

    da aplicação dos princípios subjacentes ao modelo desenvolvimental (progressão, refina-

    mento e aplicação) (35), no desempenho das habilidades técnicas, mesmo na ausência de

    instrução explícita. Tendo em conta que o MIEGA é um modelo holístico ao integrar todos

    os aspetos ligados ao processo de ensino-aprendizagem que vão desde a gestão, passando

    pela instrução e contemplando o clima, possui potencial para otimizar o ensino nas suas

    diferentes vertentes, e concomitantemente, melhorar a aprendizagem.

    Em paridade, a abordagem pedagógica utilizada, ao congregar estratégias de ensino

    que integram os desígnios do MID, MEP e do MAC, evidenciou ser altamente benéfica

    porquanto sem deixar de atender às exigências técnicas da GA contemplou o desenvolvi-

    mento do trabalho em grupo, percursor do desenvolvimento de competências pessoais e

    sociais. Enquanto que o MID enfatiza o ensino analítico e de orientação prescritiva (29,
33,


    37), fulcral nas fases elementares de abordagem da técnica na GA, o MEP, num primeiro

    momento e de uma forma mais simples, e o MAP seguidamente e de uma forma mais

    completa, orientam os praticantes para o diagnóstico de erros e prescrição da solução

    (pelas tarefas de observação e correção) pelo trabalho cooperativo, onde é desenvolvi-

  • da a responsabilidade e o compromisso, fatores geradores de ambientes favoráveis à

    aprendizagem
(25). A investigação suporta o recurso a abordagens centradas no MEP e no

    MAP, como alternativa ao ensino tradicional (6,
20,
43), advogando todavia da necessidade

    dos praticantes possuírem algum domínio nas habilidades básicas (20), aspeto respeita-

    do no MIEGA. Mais se acrescenta que a dinâmica de grupo apanágio da aprendizagem

    cooperativa permite que os praticantes assumam papéis e responsabilidades, propor-

    cionando a oportunidade de realizar tarefas, enquanto interagem em ambientes sociais

    riquíssimos para a sua formação enquanto pessoas e desportistas (5).

    Estudos realizados com modelos distintos sugerem, de fato, a vantagem da aplicação

    combinada de diferentes modelos ao nível da eficácia no ensino e nos ganhos na aprendi-

    zagem, devendo obviamente as combinações preconizadas estarem de acordo, fundamen-

    talmente, com a natureza do conteúdo de ensino e nível de habilidade dos praticantes. Não

    obstante, nos desportos individuais e em particular na GA tradicionalmente o modelo de

    instrução direta é o mais utilizado, tanto no ambiente do treino como na escola, limitando

    a otimização do desenvolvimento das competências dos praticantes em todas as vertentes,

    mormente as afetivas e sociais, as quais obviamente se repercutem no desenvolvimento

    técnico. Contrariamente, nos desportos de equipa, a aplicação de modelos de ensino hí-

    bridos constitui um tema recorrente da agenda da investigação centrada na eficácia peda-

    gógica. Dyson, Griffin e Hastie
 (13) aplicaram a combinação de três modelos distintos isto

    é, o SE, o modelo de jogos táticos e o modelo de aprendizagem cooperativa como uma es-

    tratégia pedagógica valiosa no ensino dos jogos desportivos nas aulas de Educação Física.

    No estudo de Hastie e Curtner-Smith (23) através da aplicação de um modelo híbrido (SE e

    TGFU) os autores verificaram ganhos significativos na aprendizagem, para além dos alunos

    reconhecerem o fato de jogarem melhor, de cumprirem os rituais e tradições do esporte e

    de se entusiasmarem mais pela prática. Também Mesquita, Graça, Gomes e Cruz (31) num

    estudo aplicado no Voleibol que integrou os desígnios do SE, do modelo desenvolvimental e

    do TGFU, verificaram que, após um período instrucional de 12 aulas de Educação Física, os

    alunos progrediram significativamente ao nível da tomada de decisão, nas ações sem bola

    e ainda ao nível técnico, com maior incidência nos de nível inferior. Mais recentemente Mes-

    quita, Farias e Hastie (30)
num estudo aplicado no contexto escolar no Futebol que integrou

    o SE e o IGCM verificaram progressos significativos na aprendizagem de todos os alunos.

    Estes resultados corroboram os do presente estudo, reforçando a importância do uso

    combinado de diferentes modelos de ensino, porquanto a otimização do processo de en-

    sino-aprendizagem resulta mais da sua complementaridade do que da sua antagonização.

    Assim, a investigação mais do que analisar a possível superioridade de cada um dos mo-

    delos de ensino, enfoque tradicionalmente recorrente na investigação centrada na eficá-

    cia pedagógica (27), deve testar a sua aplicação de forma entrelaçada em contextos reais

  • 25

—

RPCD 12 (2)

    e concretos de prática. Este estudo reitera assim a relevância de examinar com detalhe

    o funcionamento dos modelos, ecologicamente situados, no que se referencia aos seus

    efeitos e aos possíveis obstáculos que se levantam à aprendizagem, em detrimento da

    comparação da superioridade de uns sobre os outros (18).

    Em termos de implicações para a prática, o presente estudo pela aplicação do MIEGA

    forneceu indicadores pertinentes para o treino de jovens na GA, espaço especialmente

    carente de modelos pedagógicos capazes de considerar o desenvolvimento multifacetado

    do praticante, isto é, desportivo, pessoal e social. Sendo o treino de GA um processo que se

    pretende abrangente, ao englobar áreas distintas de atuação que visam o aperfeiçoamento

    do atleta nos diferentes domínios, os programas de formação devem atender a estas de-

    mandas, de forma equilibrada e integrativa.

    01

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  • Relação entre características

    psicológicas e nível de

    desempenho em jovens

    jogadores de Futebol.

    PALAVRAS CHAVE:

    Talento.
Futebol.
Características
psicológicas.

    AUTORES:

    Sílvio
Ramadas
1

    Sidónio
Serpa
1

    António
Rosado
1

    1
Faculdade
de
Motricidade
Humana
Universidade
Técnica
de
Lisboa,
Portugal

    Correspondência:
Sidónio
Serpa.
Faculdade
de
Motricidade
Humana
—
Universidade
Técnica


    de
Lisboa.
Estrada
da
Costa,
1495-688,
Cruz
Quebrada.
Lisboa,
Portugal
([email protected])

    RESUMO

    O objetivo do presente estudo foi examinar a relação entre várias características psico-

    lógicas e o nível de desempenho em jovens jogadores de futebol no âmbito de um clube

    de futebol de elite. Setenta e dois jogadores dispensados com idades compreendidas

    entre os treze e os dezoito anos (M = 15.93; DP =.16) e sessenta e três jogadores reti-

    dos com idades compreendidas entre os catorze e os dezoito anos (M = 15.26; DP = .15)

    participaram neste estudo. Foram avaliados os seguintes construtos: compromisso, mo-

    tivação, resiliência, coping, suporte parental e perfecionismo. Realizou-se uma análise

    de covariância multivariada, mantendo a variável idade como covariante. De acordo com

    os resultados, os jogadores retidos revelaram um perfil psicológico mais ajustado às

    exigências do desporto, obtendo pontuações mais elevadas nas dimensões competência

    pessoal, motivação intrínseca (conhecimento e estimulação) e secundarização da escola,

    e pontuações mais baixas ao nível das dúvidas na acção, criticismo parental, motiva-

    ção extrínseca (identificada e externa), amotivação e rejeição da mãe. Estes resultados

    corroboram pesquisas anteriores que avaliaram os fatores psicossociais associados ao

    sucesso de jovens jogadores de futebol de elite.

  • 02Relationship between

    psychological characteristics

    and level of performance

    in young soccer players.

    ABSTRACT

    This purpose of the present study was to examine the relationship among

    several psychological characteristics and the level of performance con-

    sidering a sample of a youth Portuguese elite football players. Seventy

    two players aged between thirteen and eighteen (M = 15.93; SD = .16)

    released from their club and sixty three selected players aged between

    fourteen and eighteen (M = 15.26; SD = .15) retained in their club were

    involved in this research. The following constructs were evaluated: com-

    mitment, motivation, resilience, coping, parental support and perfection-

    ism. A multivariate analysis of covariance was used with age as covari-

    ate. According to the results, retained players revealed a more adjusted

    psychological profile, scoring higher on personnel competence, intrinsic

    motivation (to knowledge and stimulation) and school subordination,

    and lower on doubts about action, parental criticism, identified regula-

    tion, external regulation, amotivation and mother rejection. Current re-

    sults reinforce previous studies that focus on the psychosocial factors

    associated with youth elite soccer success.

    KEY WORDS:

    Talent. Football. Psychological characteristics.

    29

—

RPCD 12 (2): 28-44

  • INTRODUÇÃO

    A compreensão dos fatores que diferenciam normalidade e excecionalidade, em particular

    os catalisadores intrapessoais e ambientais (16) do processo de desenvolvimento do talento,

    têm constituído um objetivo desafiador para a comunidade científica. As pesquisas reali-

    zadas no âmbito da psicologia do desporto, nomeadamente as que se referem ao talento

    e à carreira dos atletas de elite, têm-se caracterizado por uma elevada complexidade em

    consequência da natureza multidimensional e dinâmica desta temática (53). Consequen-

    temente as abordagens metodológicas atuais tendem a seguir modelos não lineares de

    desenvolvimento (44), centrando a atenção em perspectivas multidimensionais e que consi-

    deram o trajeto de vida dos atletas, os diferentes papéis que assumem na sociedade, assim

    como os contextos específicos em que aprendem (55). Esta abordagem, não tradicional e

    holística, deriva de uma mudança epistemológica e metodológica neste domínio (11) que

    reforça a orientação dos modelos para o conceito de desenvolvimento em detrimento do

    conceito de identificação de talento. No entanto, esta conceção nem sempre é sustentada

    em termos operacionais, uma vez que no terreno os termos identificação e seleção conti-

    nuam a ter implicações excessivamente relevantes.

    As distintas etapas de desenvolvimento da carreira dos atletas requerem tomadas de de-

    cisão específicas. Assim, todos os intervenientes neste processo, em particular os próprios

    praticantes, deverão ter em conta que, no sistema desportivo atual, a partir da etapa de es-

    pecialização apenas uma quantidade limitada de jogadores integrará uma equipa. Por outro

    lado, é possível que em cada semana um número reduzido destes jogadores seja convocado

    para a competição e, destes, apenas alguns irão jogar. Nesta lógica, é pois indiscutível que o

    termo seleção faz parte das rotinas diárias dos treinadores. Em particular no que diz respeito

    à formação desportiva de jovens, estas opções podem constituir verdadeiros dilemas para

    os treinadores que são solicitados a tomar decisões de curto prazo frequentemente com

    consequências irreversíveis a longo prazo. A vertente mais preocupante deste processo é

    que, pelo menos com base no conhecimento científico contemporâneo, as dúvidas sobre a

    objectividade dos procedimentos de identificação parecem persistir. Efetivamente, apesar da

    capacidade de reconhecer a excecionalidade ser acessível para uma parte considerável dos

    treinadores que referem que conseguem “ver” o talento (28), os critérios que suportam estas

    decisões são difíceis de interpretar no plano científico. Adicionalmente, os procedimentos

    de seleção com base em indicadores fisiológicos e psicológicos parecem não constituir uma

    alternativa credível a esta forma subjetiva de avaliação da performance (63).

    Para além da escassez de critérios científicos neste domínio, o fenómeno de seleção de

    talentos, frequentemente valorizado no sistema desportivo, parece ter consequências per-

    niciosas. De facto, a disponibilidade de oportunidades de desenvolvimento alicerçado no

    sucesso a curto prazo parece orientar os treinadores a selecionar os jogadores que, no mo-

    mento, demonstram melhores prestações em detrimento do potencial a longo prazo. As

  • 31

—

RPCD 12 (2)

    02evidências sugerem que estas opções são quase impossíveis de inverter (37). Na realidade,

    ao longo das últimas décadas, constata-se uma diversidade de pesquisas que corroboram

    a relação entre o processo de seleção no futebol e o “efeito relativo da idade” (28,
33,
52,
60).

    De acordo com esta constatação, os procedimentos de seleção no futebol tendem a discri-

    minar favoravelmente os jogadores que nasceram mais cedo no respetivo grupo de idade.

    Os fundamentos para esta incidência baseiam-se no facto destes jogadores, comparativa-

    mente com os seus pares, serem por norma mais experientes e fisicamente mais desenvol-

    vidos (29). As opções com base nestes pressupostos poderão ter implicações indesejáveis

    a longo prazo pois impedem que muitos jovens possam beneficiar dos mesmos recursos

    humanos e materiais. O “desperdício de talento”, na sequência da operacionalização de

    critérios enviesados, consubstanciam, nesta ótica, um risco a ponderar.

    Em alternativa é sugerido que os processos de identificação sejam menos valorizados e

    que maior atenção seja dedicada aos procedimentos centrados no conceito de desenvol-

    vimento. Neste sentido, um processo de avaliação contínuo e multidimensional deverá ser

    implementado reconhecendo a relevância dos processos interativos e compensatórios (1).

    Tal como mencionado anteriormente, parece óbvio que os procedimentos de seleção são

    parte integrante do processo de treino. No entanto, a capacidade de evolução e o com-

    portamento dos jogadores devem igualmente ser considerados durante os programas de

    desenvolvimento
(1). Torna-se desta forma capital compreender os aspetos psicossociais e

    ambientais numa perspetiva longitudinal focando a atenção quer nos mais bem sucedidos,

    quer nos menos bem sucedidos (38). Esta conceção tem implicações relevantes para a psi-

    cologia do desporto, uma vez que várias capacidades podem ser fomentadas. As evidências

    suportam a manifestação de características psicossociais cruciais por parte dos atletas de

    elite tais como o perfecionismo ajustado, a eficiência na utilização de recursos de coping (23), a resiliência
(20), a autoregulação (32), ou o compromisso
(45,
46). Neste domínio, podemos

    também acrescer a relevância de algumas variáveis sociodemográficas e ambientais no

    âmbito do processo de desenvolvimento do talento que têm sido identificadas em pesqui-

    sas contemporâneas, como, por exemplo, a gestão dos diferentes papéis do atleta na so-

    ciedade
(55), o tempo despendido na prática deliberada (13), a ordem de fratria
(21), ou o efeito

    relativo da idade (51). No entanto, o reconhecimento destas características, à semelhança

    do que acontece com outros fatores do treino, não deve ser encarada como uma tentativa

    de estabelecer um perfil psicossocial rígido passível de fundamentar a identificação de

    talento. Na realidade, por um lado, a prossecução e manutenção do nível de elite distingue-

    -se por uma diversidade de trajetos possíveis (12)
e, por outro, o percurso dos aspirantes

    a atletas de elite caracteriza-se não apenas pelas etapas clássicas, mas igualmente por

    micro-transições menos previsíveis (34). Consequentemente torna-se fulcral seguir uma

    abordagem dialética que integre os processos de identificação, seleção e desenvolvimento,

    no sentido de explorar novas linhas de investigação que permitam preparar antecipada-

  • mente aqueles que ambicionam atingir a excelência desportiva. Efetivamente, durante as

    respetivas carreiras, estes atletas têm que lidar com transições normativas e não norma-

    tivas com o intuito de serem bem sucedidas no desporto. Estes períodos sensíveis poderão,

    em última instância, originar crises nos atletas, caso estes não possuem antecipadamente

    os recursos de coping necessários (55). Po