28
Shutterstock Ano 9 | N o 60 | Agosto de 2018 ENTREVISTA EXCLUSIVA Cafu: “Existem muitas maneiras de um clube ajudar o 3º setor” Master Imagem CLUBES

CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

Shut

ters

tock

Ano 9 | No 60 | Agosto de 2018

EntrEvista Exclusivacafu: “Existem muitas maneiras de um clube ajudar o 3º setor”

Mas

ter

Imag

em

CLUBES

Page 2: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que
Page 3: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

O esporte brasileiro viveu momentos tensos diante da surpresa da edição pelo go-verno federal da Medida Provisória 841, que retirou recursos das loterias para o novo Ministério da Segurança Pública e, com isso, simplesmente rompeu a estrutura de finan-ciamento da formação de atletas pelos clubes.

O aturdimento inicial deu lugar a uma intensa mobilização de todos os que têm a res-ponsabilidade de conduzir as atividades esportivas no país, e que não fogem das suas atribuições. Atletas, clubes e entidades foram a campo e, por meio de ações coordena-das, demonstraram veementemente à opinião pública que não se alcança a solução para os problemas da segurança depreciando a formação de jovens pelo esporte.

Com a retificação do erro, pela edição da MP 846, os clubes e o setor esportivo saem fortalecidos. Espera-se que a formação de futuros talentos do esporte seja aprimorada pelo governo para, aí sim, essa atividade poder contribuir ainda mais para a diminuição da criminalidade.

Foi mais uma prova da resiliência exemplar do centenário setor clubístico, que sabe se recobrar nos momentos de adversidade. E é também o caso de outras questões, mais pre-visíveis, que deverão se colocar na trajetória das nossas agremiações nos próximos 10 a 20 anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro.

Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que projetaram o cená-rio em que os clubes estarão inseridos, frente às transformações que haverá nas próximas décadas, no tocante a novos serviços, soluções tecnológicas, aplicação da cultura das startups na organização, exigências de transparência na gestão e conexão ao mundo virtual dos games de e-sport.

Há muito no que se pensar. E desde já os dirigentes dos clubes devem começar a se preparar para essas demandas do futuro não tão distante e para as novas exigências dos associados.

Boa leitura!

Clubes enfrentam desafio da MP 841 e saem fortalecidos

Paulo Cesar Mário Movizzo Presidente do Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo

[email protected]

Mas

ter

Imag

em

Mensagem do Presidente

Page 4: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

ExpedienteRevista dos Clubes é uma publicação do

Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo, Sindi ClubeAv. Indianópolis, 628, São Paulo CEP 04062-001

Telefone (11) 5054-5464Portal: www.sindiclubesp.com.brBlog: blog.sindiclubesp.com.br/

E-mail: [email protected]:

Presidente: Paulo Cesar Mário Movizzo

Vice-Presidente: Luiz Carlos Granieri

Vice-Presidente para Assuntos Educacionais:Maria Cecília Santa Cruz

Vice-Presidente de Regionais: Alessandro da Costa Lamellas

Vice-Presidente para Assuntos de Clubes da Capital e Grande São Paulo:Alexandre Bossolani

Vice-Presidente de Sustentabilidade: Antonio Carlos Micelli

Vice-Presidente de Marketing:Carlos Alberto Costa

Vice-Presidente de Relações Trabalhistas:Célio Cássio dos SantosVice-Presidente Jurídico:

Ricardo Cavalcanti de AlbuquerqueVice-Presidente Financeiro:

José Antonio Silveira RibeiroVice-Presidente de Projetos e Recursos Incentivados:

Luiz Carlos Picone de AraújoVice-Presidente de Relações Institucionais: Marcelo Domingues de Oliveira Belleza

Vice-Presidente de Esportes: Mauricio Goulart de FariaConsultores da Presidência:

Alberto Antonio Pascarelli Fasanaro, Fernando Sérvio Godeghesi e Thomas Edgar Bradfield

Comitê para Assuntos Institucionais e Estratégicos:Mário Eugênio Frugiuele, presidente

Diretor Executivo: Cláudio Lauletta

Diretores RegionaisGrande ABC: João Augusto Minoso Martins

Baixada Santista: Ricardo Ferreira de Souza LyraCampinas: Eduardo Roberto Antonelli de Moraes

Piracicaba: Omir José LourençoRibeirão Preto: José Carlos Sica Calixto

São José do Rio Preto: Pérsio Luís MarconiVale do Paraíba: Heretiano Martins Dias

Conselho Fiscal:Gerson Aguiar de Brito Vianna

José Wilson de SouzaMario Montenegro Gasparini

Paulo Chiaparini Valdir Gomes Moreira

Consultor Jurídico:Valter Piccino

Produção Editorial: ANN Comunicações (11) 99112-9975Editor: Nivaldo Nocelli (Mtb 14.712)

Estagiária: Sara Nayara Revisão: Nádia Gabriel

Projeto gráfico e editoração: Rose SardinCoordenação Editorial: Convergência Comunicação Estratégica

Impressão: Magic Impress

4 | CLUBES

Sumário

Div

ulga

ção

Mas

ter

Imag

emD

ivul

gaçã

o

5 clubes no currículo escolarPara atender à exigência curricular, alunos de colégios podem cumprir carga horária de esportes nos clubes, em campeonatos federados. 6 EntrevistaO capitão do penta Cafu, em entrevista exclusiva, incentiva os clubes a intensificarem suas ações sociais de voluntariado.

9 capaClubes reagem, não se intimidam com ameaça representada pela MP 841, e fortalecem a importância da formação esportiva no país

13 Redução de custosO Comitê de Compras instituído pelo Sindi Clube oferece alternativas para aquisição coletiva de produtos e reduz custos dos clubes. 13 restrições nas eleiçõesÉ preciso atenção às restrições que atingem os clubes no período da propaganda eleitoral.

14 O que está por virAs transformações das próximas décadas obrigarão os clubes do futuro a lidar com soluções tecnológicas, nova cultura de organização e conexão ao mundo virtual. 18 Estatuto adequadoA atualização do estatuto às normas legais deve ser feita para manter isenções tributárias e ter acesso a incentivos fiscais.

19 Novidades do SeminárioAs novas tendências para as práticas esportivas dos clubes estarão expostas no Seminário de Esportes, em outubro.

19 Campeão do tetraMauro Silva, jogador da seleção brasileira que conquistou a Copa de 1994, será um dos palestrantes do Encontro de Soluções, em novembro.

20 Mundo literárioTrês concursos oferecem prêmios para escritores associados de clubes.

22 raquetes encordoadasCopa Sindi Clube de Tênis vai reunir associados de agremiações de todo o estado, em competições regionais.

26 Desde o século 19O SPAC, o clube mais antigo da cidade de São Paulo, deu início à prática de vários esportes no Brasil, desde 1888.

Page 5: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

Acontece

CLUBES | 5

O Sindi Clube firmou parceria com o Colégio Dante Alighieri que permitirá aos alunos inscritos como atletas em federações esportivas incorporarem ao seu currículo escolar, como atividade esportiva, os treinamentos realizados nos clubes aos quais estejam vincula-dos. Os clubes com atletas federados que são estudantes do Dante Alighieri e que desejarem ter acesso ao benefício deverão procurar a instituição de ensi-no e firmar o contrato de adesão que tem o Sindi Clube como anuente.

Os alunos deverão matricular-se na disciplina optativa oferecida pela escola “Treinamento esportivo para alunos federados inscritos em clubes esportivos” e as atividades entrarão como créditos, com validade para o currículo escolar.

A iniciativa é pioneira e outros colé-gios também poderão fazer parcerias idênticas com o Sindi Clube, já que o treinamento de alto nível ministrado nos clubes, além de atender à exigên-cia curricular e cumprir totalmente o objetivo da proposta pedagógica da escola, permite aos atletas beneficiados dedicarem-se ainda mais às competi-ções que disputam.

Prática de atividade física tem nova lei

Está no portal do Sindi Clube o mode-lo do Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q) que os clu-bes paulistas devem adotar quando da renovação dos exames médicos e lau-dos vigentes.

O novo método de avaliação médica para os praticantes de atividades físicas e esportivas foi instituído pela Lei esta-dual 16.724, de 22 de maio de 2018, que alterou a Lei nº 10.048, de julho de 2001. O PAR-Q pode ser acessado em www.sindiclubesp.com.br, na se-ção Jurídico/PAR-Q exames médicos.

Parceria Sindi Clube e Colégio Dante Alighieri

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Dante: alunos poderão incorporar atividades esportivas ao currículo

Maria Dueñas: lançamento

de novo livro

Chalita e Movizzo: sessão aberta da APL

Um encontro especial no Club Athle-tico Paulistano, no dia 19 de setem-bro, comemorará dois anos de sucesso da série Encontro com o Autor Sindi Clube. A convidada será a escritora es-panhola Maria Dueñas, autora do best seller O tempo entre costuras, que ven-deu mais de 100 mil cópias no Brasil e foi adaptado para a TV em 2013.

A autora, que é doutora em filologia inglesa e professora titular da Universi-dade de Murcia, e já atingiu a marca de 5 milhões de livros vendidos em todo o mundo, lançará durante o evento sua obra As filhas do capitão: três irmãs, dois mundos e uma cidade. O romance conta a saga de três jovens irmãs que deixam a Espanha em 1936, a contra-gosto, para viver em Nova York com o pai, e quando esse morre se veem obrigadas a tocar a pequena taberna El Capitán para garantir a sobrevivência da família.

Dois anos de Encontro com o autor

AN

OS2

APL na feira literária do Paulistano

Com apoio do Sindi Clube, a Academia Paulista de Letras (APL) realizou uma sessão aber-ta na FliCAP, Feira Literária do Club Athletico Paulistano, em 2 de agosto. No evento, houve um bate papo do autor Jacques Fux, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura, com associados do clube. O presidente da APL, Ga-briel Chalita, foi recepcionado pelo presidente do Paulistano e do Sindi Clube, Paulo Movizzo.

Div

ulga

ção

Page 6: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

O capitão do penta Cafu fala sobre a importância de formar cidadãos a partir das categorias de base do esporte

“Existem muitas maneiras de um clube ajudar as instituições do terceiro setor”

6 | CLUBES

Entrevista

O bicampeão mundial de futebol e capitão do penta, Marcos Evangelis-ta de Morais, o Cafu, relembra nesta entrevista para a revista Clubes sua história de superação como futebolis-ta e fatos marcantes da sua carreira. O atleta recordista em jogos pela Seleção Brasileira, único jogador na história do futebol que entrou em campo em três finais da Copa do Mundo da FIFA, e que jogou no São Paulo, Palmeiras, Roma e Milan, defende que os clubes criem suas fundações, e até sejam os braços de outras instituições, para atu-ar em projetos sócioeducativos.

Sua história de atleta vitorioso no futebol brasileiro e mundial come-çou com várias dispensas em penei-ras de clubes. Como você deu a volta por cima e o que isso significou para a sua vida?Eu fui dispensado nove vezes, por clu-bes diferentes. São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Atlético Mineiro, Foz do Iguaçu, Portuguesa... Os nove “nãos” que eu tomei nas peneiras dos clubes, as dificuldades que eu tive para ser um atleta, me ensinaram uma coisa im-portante: a ter comprometimento. Se não tivermos comprometimento com aquilo que queremos, com aquilo que fazemos, não vamos chegar lá nunca. Eu nunca deixei de lutar por aquilo que eu queria, e o meu sonho era ser jogador de futebol. Se eu tivesse de-sistido no meu primeiro “não”, jamais teria sido o jogador que mais vezes ves-tiu a camisa da Seleção Brasileira prin-cipal, em 149 jogos, e o único atleta a disputar quatro Copas do Mundo e jogar três finais consecutivas, das quais fui vitorioso em duas.

Como foi ser capitão de uma Seleção que, em 2002, tinha craques como Ronaldo, Ronaldinho, Kaká, Rober-to Carlos, Lúcio, Dida?Trabalhar com pessoas talentosas e inteligentes, que querem vencer e co-locam à disposição tudo que elas têm

em prol de um grupo, é muito fácil. Cada um desses atletas tinha com-prometimento com aquilo que queria naquele momento, que era ser cam-peão do mundo, representando mais de 220 milhões de brasileiros. A di-visão de responsabilidades dentro de campo transforma um grupo numa seleção vencedora. Bastava lembrá-los dessa responsabilidade, fazer com que esquecessem a vaidade e pensassem nesse nosso objetivo – assim como tinha sido também o nosso objetivo em 1994. Uma das melhores seleções com que eu trabalhei foi a de 2002, exatamente pela inteligência deles e pelo comprometimento que eles tive-ram com o grupo e com aquilo que todos nós queríamos, que era ganhar a Copa do Mundo.

A sua imagem erguendo a taça de 2002 naquele pedestal, com a frase “100% Jardim Irene” escrita na ca-misa, marcou profundamente aque-la final e trouxe um significado dife-rente para essa conquista em relação às outras Copas do Mundo vencidas pelo Brasil, não?O Jardim Irene me deu tudo que eu te-nho. Deu sabedoria, humildade, inte-ligência. Nas periferias, nas quebradas, na favela, nós temos duas opções: o ca-minho do bem e o caminho do mal. O caminho do mal é só você abrir a porta

Cafu: nove dispensas e a volta por cima

Mas

ter

Imga

em

Page 7: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

CLUBES | 7

da sua casa, que ele está lá te esperan-do. O caminho do bem a gente tem que batalhar para trilhar. E pelo fato de eu ter perdido muitos amigos no Jardim Irene eu resolvi criar um novo comprometimento para mim e montar a Fundação Cafu. Não uma fundação para montar uma escolinha de fute-bol e ganhar dinheiro. Uma fundação para que as crianças tivessem um pou-co mais de esperança, para que elas pudessem ser incluídas na sociedade, tendo o mesmo direito que as outras crianças têm nos outros bairros. Nós iniciamos o projeto em 2000 e, em 2001, começamos a construir. Em 2002, por incrível que pareça, as obras terminaram quando se encerrou a Copa do Mundo. Mas eu já vinha ajudando outras instituições há muito tempo. Isso vem da minha mãe, do meu pai, que sempre ajudaram insti-tuições. Com o tempo nós falamos: “Por que não montamos uma fun-dação aqui no Jardim Irene, no nos-so bairro, para que a gente possa dar um pouco mais de direção para essas crianças?” Hoje eu tenho uma fun-dação com 950 crianças, de 13 a 17 anos. Nosso trabalho é 99% inclusão social e 1% a área esportiva. Porque a minha intenção não é formar jogador de futebol, é formar cidadão. Jogador de futebol nem todos eles vão ser, mas cidadão todos têm direito de ser. Nós formamos cidadãos através do esporte nas categorias de base, e com isso esta-mos lutando para ter um mundo me-lhor e um futebol melhor. Atualmen-te, nas categorias de base, perdemos os princípios de formar grandes atletas e grandes cidadãos. O objetivo da Fun-dação Cafu é exatamente formar o ci-dadão por meio do esporte, educação, cultura e lazer. São 950 crianças que recebem reforço escolar, computação, curso de cabeleireiro, informática, in-

Fundação Cafu: um novo comprometimento na vida do craque

glês, biblioteca, brinquedoteca, dança, canto, balé, bateria, coral. O coral da Fundação Cafu já cantou na Sala São Paulo, e isso para nós é uma vitória. Para mim é como se estivesse erguendo uma taça da Copa do Mundo.

Você conheceu experiências desse tipo nos países em que você jogou?No mundo inteiro uma das maiores ferramentas de inclusão social é o es-porte. Não importa a modalidade. Pode ser futebol, natação, vôlei, bas-quete, luta, o que for. No Brasil, in-felizmente, damos muita importância ao esporte no período das Olimpíadas. Lá fora as federações começam a pre-parar bem antes e são comprometidas com todos os esportes olímpicos, inde-pendentemente do nível em que a mo-dalidade esteja sendo disputada. Essa é a diferença. Nós não damos valor aos nossos atletas olímpicos, passamos a dar valor quando eles ganham medalha, e passado o período das Olimpíadas nos esquecemos deles. Acho que um maior

comprometimento por parte das fede-rações, e principalmente do COB, pode valorizar mais os nossos atletas.

Uma questão que é sempre lembra-da é a falta de recursos. Mas isso é recorrente também no terceiro setor. Quais são as dificuldades para uma instituição como a Fundação Cafu fazer esse trabalho nas divisões de base, principalmente quando o foco é formar cidadãos?As pessoas costumam falar que matam um leão por dia, mas nós matamos três para poder dar sequência aos trabalhos da Fundação. De três anos para cá as empresas que patrocinavam as institui-ções, não só a Fundação Cafu, corta-ram as suas verbas. Quando a empresa passa por uma crise, a primeira verba cortada é a institucional, e deveria ser o contrário. E aí nós temos que cor-rer atrás de eventos, palestras, bingos, leilões, para poder manter os projetos, que são incentivados através da Lei do Incentivo ao Esporte. Quem trabalha

Div

ulga

ção

Page 8: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

Entrevista

8 | CLUBES

com instituições sem fins lucrativos sabe o que é isso. É uma batalha ár-dua, mas é gratificante.

Sabemos que às vezes é difícil uma instituição conseguir atuar em deter-minadas comunidades. Como a Fun-dação Cafu faz para poder operar na coletividade do Jardim Irene?Quando você monta uma instituição dentro de uma comunidade sabe o que vai enfrentar. Afinal, você está tirando a “mão de obra” de determinadas orga-nizações. Mas pelo fato de eu ter mo-rado 22 anos no Jardim Irene, conhe-ço aquela comunidade com os olhos fechados. Aquele é o único lugar do Brasil em que eu entro de carro com os vidros abertos, é o bairro onde eu nasci e cresci, e onde eu vi aquelas crianças crescerem. A maioria das crianças da Fundação Cafu são filhos de pessoas que eu perdi, infelizmente, para a dro-ga, para a prostituição e para o crime. Um fato que me marcou muito foi a recomendação recebida por um filho que foi visitar o pai na cadeia: “Não siga o meu exemplo, siga o exemplo do Cafu”. Esse menino está na Fundação até hoje. Porque eu duvido que um pai fale para o filho cheirar, roubar ou se prostituir. Mas muitas vezes, assim como os pais, infelizmente os filhos também não têm opção. É por isso que nós possamos dar opção a essas crian-ças, para que elas não se transformem no que os pais se transformaram. Eu

nunca encontrei resistência do pessoal do Jardim Irene em relação à Funda-ção Cafu. Existem limites, eu respeito o limite deles, e eles respeitam o limite da Fundação. Mas sei que em outras comunidades é muito difícil.

O que um clube pode fazer para ajudar o trabalho de uma institui-ção do terceiro setor como a Fun-dação Cafu? Eu acho que um clube, além de se filiar a alguma instituição já existente, tem capacidade para criar uma fundação. Existem muitas maneiras de um clube ajudar as instituições do terceiro setor, fazendo promoções ou destinando parte do valor que arrecadam do sócio torcedor a alguma fundação. Vamos supor que, num clássico, um real de cada torcedor que paga o ingresso seja destinado para o Instituto do Câncer. Nós, do terceiro setor, sentimos falta disso. Nos últimos três anos, com a crise, muitas empresas acabaram cor-tando as verbas para o terceiro setor. Mas os clubes, principalmente os de

futebol, têm um poder muito grande. Lá fora, o Barcelona, o Milan, a Inter, a Juventus têm fundações que levam os seus nomes. Os clubes brasileiros têm condições de criar as suas fundações, e até de ser os braços de outras funda-ções para apoiar projetos sócioeduca-tivos. Porque o intuito das fundações não é formar jogador de futebol, é formar cidadãos. E eu acho que os clu-bes de futebol têm como dar um tapa com luva de pelica em toda a sociedade montando essas instituições e ajudan-do o terceiro setor.

Para finalizar, de onde vem o seu apelido Cafu. Tem a ver com o ponta-direita Cafuringa?Tem a ver com o Cafuringa, sim. O nome dele era Moacir Fernandes, jogador que décadas atrás foi ponta--direita do Fluminense e de vários clubes, como Botafogo e Atlético Mineiro. Eu comecei a jogar futebol na ponta direita e tinha as mesmas características dele, era muito rápi-do. Quem colocou esse apelido foi o João Alemão, quando eu jogava no Itaquaquecetuba, clube da terceira divisão. Depois do terceiro toque que eu dei na bola, como eu era muito rápido, ele falou: “Nossa, você pare-ce o Cafuringa”. Eu fui ver quem era o Cafuringa e logo pensei: “Quem dera eu jogasse igual ao Cafuringa”. Naquele tempo eu não tinha ideia de tudo que viria depois.

“Os clubes brasileiros têm

condições de criar as suas próprias

fundações”

Page 9: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

CLUBES | 9

Capa

Clubes obtêm vitória contra corte de recursosMobilização restabeleceu verbas da loteria que haviam sido tiradas do esporte por medida provisória do governo

Os clubes brasileiros, por terem o esporte em seu DNA, sabem que vencedor não é quem sempre triunfa, mas sim aquele que nunca para de lu-tar. O setor teve um importante revés com a Medida Provisória 841, editada pelo governo em 11 de junho, que re-tirou recursos do esporte e da cultura para transferi-los para o Sistema Úni-co de Segurança Pública. No lado do esporte, o corte foi de mais de R$ 200 milhões anuais, e atingiu em cheio clubes, confederações nacionais, o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e o próprio Ministério do Esporte.

O corte determinado pela MP 841 ti-nha efeitos danosos imediatos, como o cancelamento de 204 campeonatos de esportes de base que o CBC organiza no país, além de romper a estrutura de financiamento da formação de atletas

Shut

ters

tock

Page 10: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

10 | CLUBES

Capa

pelos clubes. A reação veio rapida-mente e mobilizou todos aqueles que movimentam o esporte no país: atle-tas, clubes e associações.

O presidente Paulo Movizzo enca-minhou mensagem a todos os sena-dores e deputados que integram o Congresso Nacional, alertando para os prejuízos que seriam causados pela MP e solicitando a oposição dos par-lamentares à medida. “Não se pode conceber solução pior para os graves problemas de segurança enfrentados pela população brasileira do que o enfraquecimento do esporte no país. É graças aos incentivos oficiais que a atividade esportiva tem se constituído em uma alternativa importante, e por

vezes única, para afastar os jovens da criminalidade”, lembrou o presidente do Sindi Clube.

Além de manifestações contrárias à MP, que repercutiram intensamen-te na mídia, dirigentes e atletas se deslocaram várias vezes a Brasília para contatos com representantes do governo e do congresso. O Sindi Clube esteve presente nessas ações na capital federal, representado pelo seu vice-presidente de Relações Institu-cionais, Marcelo Belleza.

Fiéis à sua genética, os clubes não pararam de lutar até que o pleito de-fendido, e amplamente divulgado, obtivesse o triunfo do bom senso, o que ocorreu 50 dias depois. O gover-no do presidente Michel Temer desfez o equívoco da MP 841, editou outra medida provisória, de número 846, que restabeleceu os repasses da loteria de prognóstico numérico, para que a área do esporte volte a receber R$ 630 milhões por ano.

“Graças à bem-sucedida ação de re-púdio do Sindi Clube e das demais instituições que representam os clu-bes, como o CBC e a Fenaclubes,

Shut

ters

tock

Page 11: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

CLUBES | 11

conseguimos não apenas convencer o governo da necessidade da revoga-ção da MP 841, como também es-clarecer a sociedade sobre os efeitos danosos da medida, que privaria os clubes de dar continuidade ou ini-ciar projetos de formação nas cate-gorias de base de várias modalidades do esporte brasileiro”, comemora o presidente Paulo Movizzo.

Além dos R$ 630 milhões para o es-porte, a MP 846 destinará cerca de R$ 412 milhões para a cultura e R$ 1 bilhão para a segurança pública.

Divisão dos recursos

A MP 846 alterou a repartição dos re-cursos do grupo de loterias que inclui a Mega Sena, que movimenta mais dinheiro de apostas. Do arrecadado, 3,53% vão para o Ministério do Es-porte, 0,5% para o CBC, 0,22% para o CBDE (Confederação Brasileira de Desporte Escolar), 0,11% para o CBDU (Confederação Brasileira de Desporto Universitário) e 1,73% para o COB (Comitê Olímpico do Brasil).

O COB foi beneficiado pelo aumento de porcentual, pois a versão anterior da MP previa uma fatia de 1,63%. A elevação desse décimo porcentual vai significar um ganho anual aproxima-do de R$ 50 milhões. Além disso, a entidade ficará com todo o montante repassado, sem precisar destinar par-celas para a CBDE e CBDU, como fazia antes. Essas entidades passam a receber diretamente da Caixa Econô-mica Federal, sem intermediação.

A participação do Ministério do Es-porte no bolo das loterias subiu de

Mas

ter

Imag

emD

ivul

gaçã

o

Temer assina a MP 846: recursos de R$ 630 milhões voltam para o esporte

Boscolo: demonstração de força e importância

Movizzo: esclarecimento dos efeitos à sociedade

Div

ulga

ção

3% para 3,5%, em 2018, e de 0,66% para 3,53%, a partir de 2019. A pasta também recebeu um reforço da Lo-tex, uma nova modalidade de apostas, que vai destinar 0,9% do arrecadado para o esporte.

O presidente do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), que voltou a receber 0,5% da arrecadação das loterias, com um valor de recursos estimado em R$ 64,8 milhões, este ano, alerta para a necessidade da continuidade da mo-bilização do setor, já que para ganhar força de lei o texto da nova MP ain-da tem que ser votado no Congresso Nacional, em até 120 dias. “Agora, teremos que atuar em prol da votação desse texto no Congresso. A união de todos é que nos dará a vitória definiti-va”, diz Jair Pereira.

Outra boa novidade trazida pela MP 846 é que 0,04 da arrecadação com as loterias será destinado à Fenaclubes (pouco mais de R$ 5 milhões), que a entidade deverá aplicar em capacita-ção, formação e treinamento de ges-tores de clubes. “A edição da MP 846

Page 12: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

12 | CLUBES

Sobram recursos da Lei de Incentivo ao Esporte para os clubes

O dinheiro proveniente das lote-rias, transferido aos clubes por meio da Lei Pelé, cujo repasse sofreu um abalo provocado por medida intem-pestiva do governo (veja ao lado), não é a única fonte de financiamen-to para projetos de formação espor-tiva dos clubes.

Há outro manancial de recursos disponibilizado pelo Ministério do Esporte, com a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), que é subutilizado: mesmo sendo o maior formador de atletas, o setor de clubes esportivos brasileiros capta apenas 14% do va-lor disponibilizado.

A LIE tem oferecido a renúncia fiscal de cerca de R$ 400 milhões por ano, para os quais os interessados devem buscar contribuintes do Imposto de Renda para custear seus projetos. Os patrocinadores podem investir parte do que pagariam de IR em projetos esportivos: pessoa jurídica 1%, pes-soa física 6%. Em 2017, apenas R$ 242 milhões foram captados e os clubes obtiveram menos de 15 cen-tésimos desse valor.

Essas informações fazem parte de um estudo divulgado pelo Sindi Clube, que estabeleceu rankings iné-ditos das empresas que se tornaram as maiores incentivadoras de proje-tos, assim como as entidades espor-tivas que mais obtiveram recursos de 2007 a 2017.

Capa

Estudo mostra que agremiações obtêm apenas 14% do valor disponibilizado pela legislação

Elaborada pelo consultor do Sin-di Clube, Ricardo Paolucci, para a consultoria de projetos incentivados que a entidade oferece aos clubes, a pesquisa indica os segmentos da eco-nomia que mais apoiaram o esporte e revela como foi feita a distribuição dos recursos da LIE nas diversas re-giões do país. Segundo o estudo, nos últimos 11 anos, a LIE destinou R$ 2,1 bilhões para 3.183 projetos que receberam incentivos.

Oportunidade efetiva

Para o presidente do Sindi Clube, Paulo Movizzo, a LIE é uma ótima oportunidade para financiamento de projetos de formação esportiva, e as agremiações podem aumentar sua par-ticipação. “Os clubes têm que atuar de forma mais efetiva na captação dos recursos a que têm direito para desen-volver seus projetos, de acordo com o papel que representam para o esporte, pois são os grandes formadores de atle-tas do país”, diz. O levantamento revela aspectos importantes do fluxo das verbas da LIE, que servem como guia para os clubes identificarem empresas dispostas a ajudar o esporte. “A consultoria do Sindi Clube está à disposição dos clubes para oferecer orientação especializada para o pro-cesso de obtenção desses recursos”, afirma Movizzo.

recompõe os recursos não só da Fenaclubes, como de todo sistema esportivo brasileiro, e permitirá que continuemos trabalhando em prol dos clubes associados. Nossa vitoriosa batalha pela edição dessa MP já é uma grande demonstração de força e da importância que ad-quirimos ao longo de nossa traje-tória”, diz o presidente da Fenaclu-bes, Arialdo Boscolo.

O presidente do Sindi Clube tam-bém considera que o segmento clubístico reforçou sua importân-cia perante os órgãos governamen-tais e a opinião pública. “A reação dos clubes, iniciada no momento seguinte à edição da MP 841, foi incessante e alcançou seu objetivo. Todos perceberam que seria inacei-tável que, como grandes responsá-veis pelo desenvolvimento do es-porte e pela formação e preparação dos atletas brasileiros, o segmento clubístico e as agremiações que o compõem fossem prejudicados com o corte de suas fontes de fi-nanciamento”, diz Movizzo.

Pereira: mobilização para a votação no Congresso

Div

ulga

ção

Page 13: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

Administração

soluções do comitê de compras reduzem custos dos clubes

tivas, outra maneira de se obter ótimas reduções de preço. “Tudo isso é feito com o apoio decisivo do Comitê de Compras. O órgão foi instituído há menos de um ano e tem contado com participação crescente dos gestores”, complementa.

Na última reunião do Comitê de Com-pras, em 18 de junho, ficou acertado que serão feitas cotações para compras coletivas de lâmpadas tubulares LED, cloro líquido, tinta branca, sacos de lixo e copos de plástico.

Wilson Santos da Silva, gerente admi-nistrativo do Clube de Campo de Rio Claro, um dos integrantes do Comi-tê, diz que os resultados são positivos. “Conseguimos um resultado muito proveitoso com a compra conjunta de cloro e papel sulfite. Tivemos acesso a produtos de novos fornecedores e isso gerou redução de gastos”, afirma.

Outro que participa do Comitê de Compras, Alexandre Maranini, gerente de suprimentos do Clube Hebraica, de São Paulo, elogia as atividades do gru-po. “Somos profissionais interessados em propor ideias para a aquisição de produtos de uso comum e comparti-lhamos informações importantes para fazer a melhor compra, que resulte em ganho para todos. Por isso, recomendo que outros clubes participem”, diz.

A próxima reunião do Comitê de Com-pras será feita em 19 de setembro, às 9h30, na sede do Sindi Clube. Interes-sados em participar podem obter infor-mações pelo telefone (11) 5054-5464, com Tatiana.

Grupo já orientou compras de cloro e papel sulfite, com ótimos descontos

CLUBES | 13

O Comitê de Compras instituído pelo Sindi Clube para agrupar gestores de suprimentos dos clubes, com o pro-pósito de discutir e propor alternativas de redução de custos por meio da aqui-sição coletiva de produtos e serviços de uso comum, tem encontrado soluções que resultaram em ganhos efetivos para as agremiações.

Nas reuniões realizadas, o grupo ofereceu sugestões que resultaram na organização de três pregões eletrônicos e uma compra coletiva, em que foram adquiridos cloro para piscinas e papel sulfite.

“Os pregões utilizam a plataforma on-line da Bolsa Brasileira de Mercadorias. Num deles, obteve-se até 57% de eco-nomia na compra de cloro granulado, por exemplo. Com o papel sulfite, uma mercadoria com pouca variação, foi al-cançada uma redução média de 5,37% no preço mínimo de referência, sen-do que esse abatimento alcançou até 15,1% entre os clubes integrantes do pregão”, diz o diretor-executivo do Sin-di Clube, Cláudio Lauletta.

O dirigente explica que, além de lei-lões, também são feitas compras cole-

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Silva: resultado proveitoso

Maranini: em busca da melhor compra

Propaganda eleitoral, restrições aos clubes

Os administradores devem estar atentos às restrições que atingem os clubes durante o período da propa-ganda eleitoral para o pleito de outu-bro de 2018.

A partir de 16 de agosto será permitida a realização de comícios, carreatas, distri-buição de material gráfico e propagan-da na internet, entre outras formas de manifestação. Mas os clubes, estádios e ginásios aparecem no rol de locais onde é proibida a veiculação de propaganda eleitoral, juntamente com ônibus, táxis, bancas de jornal, lojas, bares, restauran-tes, cinemas, centros comerciais, igrejas, hospitais, entre outros.

A proibição alcança, além desses espaços físicos e bens, também o website do clu-be, cujo endereço eletrônico é proibido de veicular propaganda eleitoral.

A Consultoria Jurídica do Sindi Clube observa que a grande maioria dos esta-tutos sociais das associações já estabelece que o clube está impedido de participar de movimentos políticos, bem como ceder instalações para esse fim.

Para evitar autuações e multas, o Có-digo Eleitoral, bem como as disposi-ções da Lei 9.504/97 e da Instrução TSE n.º 107/2006, devem ser obriga-toriamente cumpridos.

Dep

ositp

hoto

s

Page 14: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

14 | CLUBES

Gestão

a história centenária dos clu-bes tem comprovado a capacidade das agremiações de incorporar as mudanças e inovações surgidas em diferentes épocas para responder às demandas dos associados. As rápidas transformações do mundo contem-porâneo, no entanto, estão aceleran-do esse processo, e tudo indica que o que valeu até agora prescreverá já na próxima década. Com isso, os clubes enfrentam o desafio de encontrar no-vas formas de se adaptar ao futuro em termos tecnológicos, e também gerenciais.

No futuro próximo as novas tecno-logias aplicadas aos equipamentos permitirão aos clubes assimilar da-dos vindos de todos os dispositivos rastreáveis conectados aos processos de gestão de todas as suas atividades, desde o setor financeiro até o de ma-nutenção ou de esportes. Todo esse acervo de informações possibilitará aos clubes uma visão em tempo real dos interesses, preferências, satisfa-ções e expectativas dos associados.

Miguel Delonei Berris, diretor da Delsoft Sistemas, empresa que ofere-ce modernas soluções em softwares de gestão, diz que as novas tecnolo-gias já permitem maior flexibilidade e agilidade aos processos administra-tivos dos clubes. “Os gestores podem controlar as informações dos associa-dos, suas atividades e todo o históri-

co de relacionamento, para organizar e promover ações buscando fideliza-ção e assiduidade”, afirma.

As aplicações abrangem desde controle e segurança das portarias, com integra-ção de equipamentos de identificação por leituras biométricas digitais, fa-ciais e pela íris, até o gerenciamento de reservas, instalações e equipamentos para eventos. Mas as novas ferramentas contemplam também a gestão dos tí-tulos de sócio, com informações sobre titularidade, capitalização, transferên-cias, licenças, histórico de ocorrências e situação financeira, além do controle sobre reuniões, com registro de atas, e até a organização de eleições.

“Essas são soluções às quais os clubes já podem ter acesso. No futuro próximo as possibilidades serão ainda maiores”, afirma o diretor da Delsoft, que proje-ta a adoção da inteligência artificial, da internet das coisas (IoT) e da wearable tecnology (tecnologia de vestir). “Ima-gine o clube poder oferecer uma refei-ção mais saudável para um associado cujo relógio indica que seu batimento cardíaco está alterado, ou sugerir aulas de tênis ao sócio cuja performance está baixando: as possibilidades são infini-tas”, complementa. As novas ferramentas influenciarão também a vida dos dirigentes, cada vez mais. “A tecnologia possibilitará o acesso às informações do clube através da internet, com smartphones ou ou-

Como será o clube do futuro?Inteligência artificial, automação, inovação, games... esses temas já estão no horizonte dos clubes!

Dep

ositp

hoto

s

Page 15: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

CLUBES | 15

tros dispositivos, deixando o gestor co-nectado 100% do tempo, sem preci-sar estar fisicamente na agremiação”, diz Berris. “A legislação brasileira responsabiliza as diretorias pelos atos das entidades e, nesse cenário, estar presente em todas as decisões toma-das no clube, mesmo a distância, será essencial para o gestor”, ressalta.

Inovação e e-sports

A vantagem competitiva dos clubes em um futuro próximo estará relacionada também à sua capacidade de inovar. A previsão é que os clubes que não de-monstrarem essa disposição perderão destaque. “Não se trata de destruir os alicerces que fizeram com que os clu-bes chegassem aos dias atuais, mas de buscar equilíbrio entre o modelo tra-dicional e a necessidade de inovação”, afirma Luis Antonio Brum Silveira, consultor de empresas na área de ges-tão estratégica.

“As lições para os clubes começam pela compreensão de que a gestão da inovação é uma ferramenta extrema-mente útil para dar agilidade à oferta de serviços novos ou remodelados que se adaptem às necessidades dos associa-dos”, diz o consultor.

Segundo Brum Silveira, o clube po-derá focar na inovação com base nos feedbacks recebidos e entregar o que os associados necessitam. “Nada mais importante que empregar métodos e processos ágeis, considerando que os associados vivem num cenário acos-tumado à instantaneidade das novas tecnologias, no qual a morosidade na entrega de soluções é vista com estra-nheza”, afirma.

Brum Silveira defende que o sucesso chegará mais facilmente para quem conseguir aprender com a cultura das

startups, “o que significa renunciar a alguns conceitos tradicionais e uti-lizar processos como prototipação, MVP – Minimun Viable Product, e adotar novas maneiras de organizar as equipes em pequenos times res-ponsáveis pela melhoria de um as-pecto específico do serviço entregue aos associados”, diz .

Mas o consultor deixa claro que a dosa-gem dessa absorção dependerá do con-texto do clube, da maturidade da sua gestão e da sua adaptabilidade à inova-ção. “Embora todos os clubes possam se beneficiar da cultura das startups, a medida exata dependerá das condições específicas de cada um”, alerta.

Essa também é a visão do advogado Rodrigo Monteiro de Castro, que tem entre as suas especialidades o direito esportivo e a governança cor-porativa. “A governança de um clube deve ser modulada em função da sua realidade. Não há um modelo úni-co, padronizado, que se aplique a qualquer situação”, diz o advogado. Nesses casos, ele ressalta a importân-cia da introdução de técnicas de con-trole das atividades administrativas e financeiras para oferecer a transpa-rência que o mundo contemporâneo exige, mas de acordo com as caracte-rísticas da agremiação.

“Cada clube tem o seu modelo de go-vernança. As agremiações que se dedi-cam a atividades de alto rendimento, por exemplo, precisam manter suas peculiaridades associativas e decidir se faz sentido atuar como uma empresa econômica, que se sujeitaria a uma go-vernança de mercado, com conselho de administração, diretoria profissio-nal, conselho fiscal e técnicas efetivas de controle e informação”, lembra o advogado.

Segundo Monteiro de Castro, “se a res-posta for negativa, o caminho adequa-do passaria pela versão dos ativos para uma empresa controlada inicialmente pelo clube, e dessa forma conviveriam duas entidades: o clube (controlador) e a empresa esportiva (controlada)”.

Monteiro de Castro também destaca que “os jovens contemporâneos são mais ligados a games e relações virtu-ais, preterindo com assustadora fre-quência a prática de esporte físico ou o convívio pessoal”. Segundo o ad-vogado, “esses elementos afastam as pessoas dos clubes, por isso os gesto-res devem entender as demandas de seus associados e, além das atividades esportivas, oferecer novos serviços de qualidade, incluindo espaços em que os associados possam se conectar ao mundo virtual”.

Castro: governança de acordo com as características do clube

Silveira: gestão da inovação com base em feedbacks

Berris: tecnologia cada vez mais presente

Rod

rigo

Roc

ha M

onte

iro

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Page 16: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

Gestão

16 | CLUBES

Glazer: potencial dos e-sports é grande

Competições de games para mobilizar os associados

Flávia: nova estrutura para formação esportiva

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Foto

: Enc

ontr

o da

s Le

ndas

/ G

A S

tore

e G

amer

s C

lub

Dep

ositp

hoto

s

As inscrições são gratuitas, ou não, de acordo com o interesse do clube organizador, e o evento pode ser in-tegrado a outras plataformas on-line, como Facebook ou Instagram, para mobilizar os associados. “O poten-cial é bastante grande”, diz o diretor. “Se você colocar um videogame lá, os associados vão querer participar ou as-sistir”, garante.

Profissionalização e financiamento

Paralelamente à tecnologia, o futuro aponta também para a consolidação do processo histórico de profissionali-zação dos clubes. A dra. Flávia Cunha Bastos, professora da Escola de Educa-ção Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP), e ex-presidente e membro da Comissão Científica da Associação Brasileira de Gestão do Esporte (Abragesp), lembra que “os clubes brasileiros se organizaram ao longo do tempo para desenvolver sua vocação de formadores de atletas, e há uma tendência no mundo para que as agremiações ampliem sua responsa-bilidade nesse processo, para o qual a questão do financiamento da atividade é fundamental”.

Segundo a especialista, “um estudo comparativo internacional mostra que o desenvolvimento da formação espor-

tiva em alguns países, como Austrália e Reino Unido, por exemplo, foi re-pensado para formar estruturas cujo financiamento possa funcionar inde-pendente dos governos”. Esses países criaram institutos ou agências, reu-nindo as organizações esportivas na-cionais e estaduais e os comitês olím-picos e paraolímpicos, para buscar meios de desenvolver os esportes com recursos de patrocinadores, apoio da iniciativa privada e suporte de conhe-cimento da academia.

“No Brasil, a participação dos clubes seria inevitável pelo papel que eles exercem na formação esportiva. Isso exige que os clubes sejam os protago-nistas desse processo de aglutinar as forças da iniciativa privada, do tercei-ro setor e do governo para trabalhar, no futuro próximo, em um plano de desenvolvimento do esporte liderado por eles“, afirma. Para a dra. Cunha Bastos, no entanto, as agremiações não vão conseguir êxito nesse processo sem uma gestão profissional. “Por mais que os clubes sejam amadores, isso não quer dizer que a gestão tenha que ser amadora”, diz.

Segundo a especialista, “os clubes já entenderam isso e deram o primei-ro passo lá atrás, quando se juntaram para formar o Sindi Clube”. Para ela, no futuro, “os clubes continuarão a ser os protagonistas da viabilidade do desenvolvimento do esporte no país, e deverão liderar a formação dessa es-trutura, seja na forma de um instituto, seja como uma fundação, juntamen-te com a iniciativa privada e também com o apoio das federações e confede-rações”, conclui.

Uma atividade baseada nessa nova realidade é a dos eventos de games e e-sports. “O Brasil é o quarto país com o maior número de jogadores de games no mundo, ficando atrás ape-nas dos EUA, Japão e China”, afirma Michel Glazer, diretor da Eventbrite, a maior plataforma online para organi-zação de eventos de games e e-sports, que prometem estar cada vez mais pre-sentes no futuro das agremiações.

“Já há iniciativas de clubes que entram na Eventbrite para organizar competi-ções de games em arenas cuja infraes-trutura foi criada especialmente para essa finalidade”, afirma o diretor. Por enquanto, em relação aos clubes, ain-da são competições de menor porte, mas Glazer conta que a Hebraica cos-tuma realizar grandes eventos utilizan-do plataformas desse tipo como forma de atrair seus associados.

Page 17: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

CLUBES | 17

Page 18: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

18 | CLUBES

Como evitar a perda de isenções e incentivos

Desde 2013, a legislação obriga os clubes a introduzirem novas dispo-sições em seus estatutos sociais. Essas alterações são necessárias para que a agremiação mantenha a isenção do Imposto de Renda (IR), a tributação diferenciada do PIS e da Cofins, e também para que possa postular in-centivos fiscais.

“Apesar de o prazo para a adaptação estatutária ter expirado em abril de 2014, muitos clubes ainda permane-cem com seu conjunto de regras desa-tualizado. Com isso, essas agremiações estão privadas do acesso aos benefícios das leis de incentivo e expostas a san-ções legais”, alerta o consultor jurídico do Sindi Clube, Valter Piccino.

A adequação do estatuto é premente, segundo Piccino, que diante da im-portância do tema fará uma exposição sobre o assunto no Encontro de Solu-ções, painel de palestras que o Sindi Clube apresentará durante o Congres-so Brasileiro de Clubes, no dia 1º de novembro, no Rio de Janeiro.

O consultor explica que as novas exi-gências foram trazidas pela edição da Lei nº 12.868, de 15 de outubro de 2013, que alterou a Lei Geral do Es-porte (9.615/1998).

“O acréscimo do artigo 18º ao texto da Lei estabeleceu condicionantes para a manutenção das isenções do IR das pessoas jurídicas sem fins lucrativos, da

Legislação

Adequação do estatuto do clube à regra legal será tema do Encontro de Soluções, no Congresso Brasileiro de Clubes, em novembro

Cofins sobre as receitas próprias e do PIS sobre faturamento”, diz Piccino. “As novas condições devem ser inclu-ídas em fase de adaptação no estatuto social de todos os clubes que venham ou não pleitear, nas três esferas de go-verno, incentivos fiscais ao esporte”, afirma o consultor, que reitera: “O prazo para os ajustes terminou em 15 de abril de 2014”.

Entre as principais condicionantes que devem constar nos estatutos es-tão: mandato do dirigente por tem-po máximo de quatro anos, com uma reeleição, não remuneração de dirigentes, existência e autonomia do Conselho Fiscal e alternância nos cargos de direção.

Piccino também ressalta outro pon-to importante entre as modificações feitas pela Lei 12.868: “A norma pas-sa a exigir a adoção do compliance no sistema de gestão do clube como requisito indispensável para que a agremiação possa acessar as leis de incentivo ao esporte”, ressalta.

Para requerer incentivos fiscais, os clu-bes devem fazer constar nos objetivos descritos no estatuto a prática do es-porte formal e não formal, e também que a associação é formadora de atletas olímpicos e paraolímpicos.

“Sem essas adequações estatutárias, nenhum projeto de formação esporti-va será recebido pelos órgãos oficiais.

A atualização é obrigatória e deve ser referendada pela assembleia geral de associados para que passe a fazer parte integrante do estatuto”, diz Piccino.

Fundo garantidor

O consultor do Sindi Clube chama a atenção para outra adequação es-tatutária importante para os clubes. “Há previsão legal para que as agre-miações incorporem em seu estatuto a criação de um fundo garantidor, para permitir aos associados a remis-são do pagamento da mensalidade depois de um determinado tempo de efetividade social”, diz Piccino.

Piccino lembra que a figura do sócio remido é antiga nas agremiações, mas se tratava de um benefício ao associa-do que onerava o clube. Agora é pos-sível prever no estatuto a existência de um fundo garantidor, o que não deixará o clube sem a contribuição.

“A criação do fundo oferece ao clu-be a vantagem de atrair associados interessados em investir na perspec-tiva de remissão, ao mesmo tempo em que permite à agremiação con-tar com uma associativa fidelizada, oferecendo mais segurança ao seu planejamento e contribuindo para manter saudáveis suas finanças, in-clusive liberando títulos para atender a demanda dos filhos de sócios que atingirem a maioridade estatutária”, afirma o consultor.

Dep

ositp

hoto

s

Page 19: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

Hidroginástica agora é treinamento

Congresso

Mauro Silva e Grael no Encontro de soluções

Mauro Silva, volante que foi fundamental no time que conquis-tou a Copa de Mundo de 1994, nos EUA, fazendo a seleção brasileira chegar ao tetra campeonato, será o palestrante que encerrará o Encontro de Soluções que o Sindi Clube vai apresentar no Congresso Brasileiro de Clubes, em 2 de novembro próxi-mo, no hotel Windsor Oceânico, no Rio de Janeiro.

“Pretendo abordar, além de minha trajetória no futebol, pontos que en-tendo relevantes, como a importância da formação integral dos futuros atle-tas e a valorização dos jogadores e trei-nadores de base”, diz Silva sobre sua palestra dirigida aos congressistas.

Outra atração do painel é o ex-vele-jador Lars Grael, que tem entre suas principais conquistas duas medalhas olímpicas e dois títulos mundiais. Grael, atualmente presidente da Co-missão Nacional de Atletas, falará sobre a mobilização dos clubes, ne-cessária para a aprovação da MP 846 (leia mais na pág. 9).

O Encontro de Soluções também já tem confirmada, a partir das 15 h, a exposição “Adequação do Estatuto para a obtenção de incentivos fiscais e manutenção da isenção do IR e tributação diferenciada do PIS e da Cofins” (leia mais na pág. 18), do consultor jurídico do Sindi Clube, Valter Piccino.

CLUBES | 19

Esporte

Novidades no Seminário de Esportes

de ser uma aula para se transformar em treinamento.

“A hidroginástica mudou, não é mais um exercício segmentado, leve, volta-do para pessoas com problemas estru-turais, como idosos. Atualmente, em vez de ir para uma sala de musculação, o interessado pode escolher a piscina, se tiver mais identificação com o meio aquático. Todas as práticas da ginásti-ca, do treinamento funcional à mus-culação, podem ser adaptadas para a

água. Vamos oferecer ao participante do Se-minário capacitação para aplicar essa nova tendência nos clubes”, diz Vera Lúcia.

A programação com-pleta do Seminário e detalhes sobre outros te-mas e os expositores dos conteúdos estão no site do Sindi Clube (www.unisindiclube.com.br/

seminario), onde também podem ser feitas as inscrições, até 31 de agosto.

“Essa é a sexta edição do Seminário, e temos conseguido sucessivo cresci-mento da presença de representantes de clubes, não só de São Paulo, mas também de outros estados, que vêm em busca de aprimoramento profissio-nal”, diz o presidente do Sindi Clube, Paulo Movizzo, que espera grande par-ticipação no evento.

Evento oferecerá atualização sobre tendências da prática esportiva

Ex-campeões falarão no Congresso Brasileiro de Clubes

Educadores físicos e profissionais de esportes dos clubes terão uma ex-celente oportunidade de se atualizar sobre temas importantes no Semi-nário de Esportes que o Sindi Clube realizará no Clube Esperia, em São Paulo, no dia 8 de outubro. O evento abordará as novas tendências da hi-droginástica, que deixou de ser uma atividade voltada para o idoso, e tam-bém conhecer as vantagens da apli-cação do treinamento funcional em diferentes modalidades esportivas.

Os participantes ainda terão a chance de obter informações sobre como tor-nar o adolescente ativo no clube e saber como a comunicação pode valorizar a liderança do profissional de esportes no desenvolvimento de suas atividades.

Um dos assuntos principais do Se-minário de Esportes é a palestra da especialista Vera Lúcia Gonçalves sobre a evolução do fitness aquático, que hoje, em novo formato, deixou

Dep

ositp

hoto

s

Dep

ositp

hoto

s

Page 20: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

Um rico patrimônio literário

três diferentes premiações, duas delas de abrangência nacional, inte-gram agora o patrimônio literário do Sindi Clube. Além do tradicional Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes, a entidade passou a realizar este ano, em parceria com a Con-federação Nacional dos Clubes (Fe-naclubes) e a Academia Paulista de Letras, a segunda edição do Prêmio Palmeiras de Literatura e a primeira edição do Prêmio Nacional de Lite-ratura para Estudantes de Clubes e Associados. Todos os prêmios con-templam três categorias – poesia, conto e crônica – e o do Palmeiras, também a categoria depoimento.

O Prêmio de Literatura dos Clubes encerrou suas inscrições em junho, com 46 clubes participantes, de 26 cidades, e um total de 170 obras (61 contos, 60 poesias e 49 crônicas). De 2011 a 2018 o total de obras inscritas cresceu 27,4% e a participação de ci-dades aumentou 23,6%.

O maior vencedor é Vicente Raggio, sócio do Club Athletico Paulistano, que com 83 anos de pura vitalidade participa desde 2013, quando con-quistou o primeiro lugar na catego-ria poesia, repetindo o feito em 2014 e conquistando o segundo lugar de 2015 a 2017. “Gosto de competir, e essa performance me dá muito or-gulho pela abrangência do concurso, pela sua repercussão e pela qualidade dos membros do júri”, diz o poeta.

Cultura

Sindi Clube oferece agora três premiações para escritores de clubes

20 | CLUBES

O novo Prêmio para Estudantes foi criado para sócios que estudam na 9ª série do Ensino Fundamental e da 1ª à 3ª série do Ensino Médio, além de alunos dos colégios paulis-tanos Santa Inês, Miguel de Cer-vantes, Presbiteriano Mackenzie, Tarcísio Álvares Lobo, Prof. Gual-ter da Silva e Dr. Alberto Cardoso de Melo Neto. As inscrições ainda não tinham se encerrado até o fe-chamento desta edição.

“Essa premiação busca criar uma pon-te entre a vivência cotidiana da escola, a leitura e a criação literária, e fortale-cer aspectos decisivos para a formação dos jovens, como a busca incessante do conhecimento, a criatividade e a ci-dadania”, afirma o presidente do Sindi Clube, Paulo Movizzo.

Já o Prêmio Palmeiras de Literatura, cujas inscrições também não haviam sido encerradas, contempla obras li-terárias sobre temas relacionados ao maior campeão brasileiro de futebol. “Lançamos a segunda edição no final de junho, para retomar o sucesso que esse prêmio fez em 2012, e nossa ex-pectativa é dobrar o número de inscri-tos”, afirma a diretora de Arte e Cultu-ra do Palmeiras, Sylvia Lucia Boggian. Um dos vencedores da primeira edi-ção, na categoria conto, Matheus Al-meida Trunk, diz que “o prêmio Pal-meiras tem de continuar porque é um incentivo para as pessoas lerem mais e terem uma melhor bagagem cultural”. Para a edição desse ano ele já inscreveu um conto, com o qual espera, “quem sabe, faturar mais um prêmio”.

Raggio: maior vencedor desde 2013

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Sylvia: retomando sucesso da premiação

Trunk: em busca de mais um prêmio

Page 21: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

CLUBES | 210

5

25

75

95

100

Page 22: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

22 | CLUBES

Esporte

a Copa Sindi Clube de Tênis é a grande novidade que será lançada na primeira quinzena de setembro. O torneio deverá reunir tenistas de primeira, segunda e terceira classes (categoria A), que são mais expe-rientes, e tenistas de quarta e quin-ta classes, além de estreantes, ainda principiantes no esporte (categoria B), dos clubes associados ao Sindi Clube, inclusive de agremiações que não participam das competições de outras modalidades organizadas pela entidade. “Considerando o grande número de associados que praticam esse esporte nos clubes, a Copa Sindi Clube de Tênis deverá atrair o interesse das

inscrever um competidor masculi-no e uma competidora feminina no torneio de simples; dois nas duplas masculinas e duas nas duplas femini-nas; além de dois jogadores na dupla mista. Pelo regulamento, que está em fase de finalização, os atletas que participarem de jogos de simples não poderão jogar nas partidas de duplas.

Os locais onde os jogos serão disputa-dos estão sendo definidos com os clubes interessados. Para inscrever as equipes no torneio e sediar os jogos, e obter in-formações mais detalhadas sobre a nova competição, os clubes podem entrar em contato com o Sindi Clube pelo e-mail [email protected] ou pelo te-lefone (11) 5054-5464, com Rafael.

agremiações e ter o mesmo sucesso dos torneios de outras modalidades esportivas que o Sindi Clube oferece, através do Pepac”, diz o presidente Paulo Movizzo.

Etapas regionais

A competição, inicialmente, terá etapas que irão agrupar os clubes participantes por regiões. Depois, os vencedores de cada uma dessas sedes realizarão um torneio final, que irá indicar os campeões estaduais das categorias.

Todos os atletas devem ser associa-dos aos clubes e ter mais de 30 anos, e cada equipe será composta de seis a oito jogadores. Os clubes poderão

copa sindi clube de tênis começa em setembro

Torneio reunirá tenistas praticantes da modalidade nos clubes

Dep

ositp

hoto

s

Copa Sindi Clube de Tênis

Quem participa: Associados de clubes acima de 30 anos.

Categoria A: Tenistas de 1ª, 2ª e 3ª classes.

Categoria B: Tenistas de 4ª e 5ª classes, e iniciantes.

Composição das equipes: 6, 7 ou 8 tenistas – atletas de simples masculina e feminina: atletas de duplas masculina e feminina, atletas de dupla mista.

Page 23: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

0

5

25

75

95

100

Page 24: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

0

5

25

75

95

100

Page 25: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

0

5

25

75

95

100

Page 26: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

26 | CLUBES

Tradição britânica de um clube centenário

Foi no dia 13 de maio de 1888 que nasceu o clube mais antigo da cidade de São Paulo. Nessa data, um grupo de engenheiros e funcionários da recém-criada ferrovia São Paulo Railway, e de outras empresas britâni-cas que vieram explorar oportunida-des comerciais na cidade, decidiram fundar um clube para disputar seu jogo predileto, o críquete, e comparti-lhar horas de lazer com suas famílias.

Ao criar The São Paulo Athletic Club, hoje Clube Atlético São Paulo, cari-nhosamente apelidado de SPAC, bri-tânicos como William Snape, William Speers, William Fox Rule, Peter Miller, Percy Lupton e Charles Walker esta-vam dando inicio, não apenas à prática do críquete no Brasil, mas também de outros esportes de origem britânica – como rúgbi, squash, badminton, hó-quei de grama, tênis – e, mais tarde, do futebol.

Fundado em 1888, o SPAC iniciou a prática de vários esportes no Brasil

Coube ao mais ilustre associado do SPAC, Charles Miller, filho de ingle-ses nascido no Brás, trazer em sua ba-gagem, ao retornar de seus estudos na Inglaterra em 1894, as bolas, os livros de regras e a habilidade do Association Football, que tornaram o clube o berço do futebol brasileiro.

Na sua origem, o jogo de críquete era o mais popular entre os ingleses de São Paulo. Disputadas inicialmente num campo na Ponte Pequena, as partidas desse e de outros esportes de origem

Galeria histórica

Inauguração da piscina do clube em 1935

Equipe de críquete

do SPAC em 1902

Final da Liga de Futebol em1910Fo

tos:

ace

rvo

do c

lube

inglesa logo foram transferidas para uma chácara no Bom Retiro, cedida ao SPAC pela família Dulley. A sede atual, na rua Visconde de Ouro Preto, na Consolação, foi comprada de Dona Veridiana Prado, no final do século 19. E desde 1947, quando a Fepasa encam-pou a “Inglesa“, como era chamada a São Paulo Railway, o clube adquiriu também um grande terreno da Light, no bairro de Socorro, na Represa de Guarapiranga, onde hoje fica sua sede campestre e esportiva.

Page 27: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

a limpeza é a estrela do

seu evento

Entregue seu evento aos campeões mundiais da limpeza

www.janikingbrasil.com.br

Só a Jani-King tem a qualidade dos seus serviços premiada pelas duas maiores entidades esportivas do mundo.

Melhor fornecedor de limpeza da Copa 2014 do Brasil, pela FIFA e menção honrosa pelo trabalho realizado durante as Olimpíadas do Rio 2016, pelo Comitê Olímpico Internacional.

Não importa o tamanho ou tipo do seu evento: de esportes a música, passando por todas as modalidades, a Jani-King dá show de eficiência a ganha medalha de ouro em qualidade.

Converse conosco para conhecer nossa metodologia de limpeza para arenas esportivas, estádios e eventos e preocupe-se apenas com o aplauso do público.

a limpeza é a estrela do seu evento

Page 28: CLUBES · 2019-06-03 · anos, cuja abordagem nesta edição nos permite vislumbrar como será o clube do futuro. Reportagem da revista Clubes sobre o tema ouviu especialistas, que

EAD Unisindiclube

Em parceria com a Phorte Educacional, por meio de plataforma de gestão integrada com ambiente virtual de aprendizagem (AVA), a Unisindiclube oferece amplos conteúdos e modernos processos de aprendizagem em cursos EAD, presenciais e In Company.

A Unisindiclube tem o curso que o clube precisa para a capacitação dos seus colaboradores!

Acesse e confira: unisindiclube.com.br

Aperfeiçoamento profissional em qualquer lugar.

Seja onde for, a Universidade

Corporativa Sindi Clube

(Unisindiclube) chega

a você com nova tecnologia

de ensino a distância.

Dep

ositp

hoto

s