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14 Caminhoneiro O melhor ano da história Por: Francisco Reis Foto: Roberto Silva Balanço Assim foi classificado o ano de 2008. Tanto pela federação dos vendedores quanto pela associação dos fabricantes de veículos. O futuro? Incertezas e previsões muito cautelosas. O ano de 2008 chegou ao fim registrando o melhor desem- penho de todos os tempos na indústria automobilística brasi- leira. Foram 3.214.018 veículos produzidos, o que representou um aumento de 7,2%. Desse total, 167.311 foram caminhões, significando um aumento de 21,8%. “Podemos dividir 2008 em dois perío- dos”, explicou Jackson Schneider, presiden- te da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “Até setembro, quando as vendas estavam em crescimento contínuo, e depois de setem- bro, quando as vendas começaram a cair”. Para Sérgio Reze, presidente da Fede- ração Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, Fenabrave, a expectativa era de uma queda de 19% nas vendas em rela- ção a 2007, o que seria muito preocupante caso viesse a se concretizar. Essa projeção se dava principalmente pelo corte de recursos para financiamentos. As linhas de crédito dos grandes bancos para os bancos das montadoras foram cortadas, o que piorou o mercado. “Porém, com a redução do IPI, redução de 50% do IOF e a liberação de R$ 8 bilhões para as montadoras, a situação melhorou”, explica Reze. “Ainda não está a ideal, mas já melhorou. Houve uma interrupção na queda das vendas, os compradores voltaram às lojas o que demonstra que as medidas adotadas pelo governo foram no caminho certo”. E as medidas do governo vieram na hora certa. As concessionárias não demitiram. As demissões que ocorreram no setor foram devido a remanejamento de pessoal. As montadoras desaceleram a produção an- tecipando as férias coletivas o que foi bom para reduzir estoques. Com tudo isso, a perspectiva de queda não se confirmou, e o mercado fechou 2008 com 4.849.497 veículos vendidos, o que representou um aumento de 14,15% em relação ao ano de 2007. No segmento específico de caminhões, o desempenho foi ainda melhor. Foram vendidas 123.283 unidades, o que representou 24,91% a mais do que o ano anterior quando se vendeu 98.695 unidades. O presidente da Fenabrave está con- fiante em 2009 e fala que o mercado tem muito o que crescer se a economia se equilibrar. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, há um veículo para cada habitante.

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Assim foi classificado o ano de 2008. Tanto pela federação dos vendedores quanto pela associação dos fabricantes de veículos. O futuro? Incertezas e previsões muito cautelosas. Balanço 14 Caminhoneiro Por: Francisco Reis Foto: Roberto Silva Iveco Daily 5516 1.406 Scania G420 2.721 VW 13.180 3.219 VW 19.320 3.431 VW 24.250 7.097 Ford F4000 2.898 VW 8.150 6.643 MB 1620 6.317 Ford F350 2.494 MB 710 5.875 MB 710 2.400 15 Caminhoneiro Fonte: Fenabrave

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14Caminhoneiro

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O melhorano da história

Por: Francisco ReisFoto: Roberto SilvaBalanço

Assim foi classificado o ano de 2008. Tanto pela federação dosvendedores quanto pela associação dos fabricantes de veículos.

O futuro? Incertezas e previsões muito cautelosas.

O ano de 2008 chegou ao fim registrando o melhor desem-penho de todos os tempos na indústria automobilística brasi-

leira. Foram 3.214.018 veículos produzidos, o que representou um aumento de 7,2%. Desse total, 167.311 foram caminhões, significando um aumento de 21,8%.

“Podemos dividir 2008 em dois perío-dos”, explicou Jackson Schneider, presiden-te da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “Até setembro, quando as vendas estavam em crescimento contínuo, e depois de setem-bro, quando as vendas começaram a cair”.

Para Sérgio Reze, presidente da Fede-ração Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, Fenabrave, a expectativa era de uma queda de 19% nas vendas em rela-

ção a 2007, o que seria muito preocupante caso viesse a se concretizar. Essa projeção se dava principalmente pelo corte de recursos para financiamentos. As linhas de crédito dos grandes bancos para os bancos das montadoras foram cortadas, o que piorou o mercado.

“Porém, com a redução do IPI, redução de 50% do IOF e a liberação de R$ 8 bilhões para as montadoras, a situação melhorou”, explica Reze. “Ainda não está a ideal, mas já melhorou. Houve uma interrupção na queda das vendas, os compradores voltaram às lojas o que demonstra que as medidas adotadas pelo governo foram no caminho certo”.

E as medidas do governo vieram na hora certa. As concessionárias não demitiram. As demissões que ocorreram no setor foram

devido a remanejamento de pessoal. As montadoras desaceleram a produção an-tecipando as férias coletivas o que foi bom para reduzir estoques.

Com tudo isso, a perspectiva de queda não se confirmou, e o mercado fechou 2008 com 4.849.497 veículos vendidos, o que representou um aumento de 14,15% em relação ao ano de 2007. No segmento específico de caminhões, o desempenho foi ainda melhor. Foram vendidas 123.283 unidades, o que representou 24,91% a mais do que o ano anterior quando se vendeu 98.695 unidades.

O presidente da Fenabrave está con-fiante em 2009 e fala que o mercado tem muito o que crescer se a economia se equilibrar. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, há um veículo para cada habitante.

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No Brasil, são oito pessoas para um carro. Quanto ao mercado de caminhões, Reze é mais cauteloso. “O mercado de caminhões é movido a frete”, explica o presidente da Fenabrave. “Se a economia melhorar, o consumo aumentar, haverá aumento da produção que precisará ser transportada, aumentando o frete. Assim haverá neces-sidade de novos caminhões, mas ainda é uma incógnita”.

Ele explicou ainda, que as concessio-nárias estão conseguindo se manter nessa fase de diminuição das vendas graças as reservas feitas no período 2005/2007, quando as vendas foram muito boas.

O presidente da Anfavea espera aguar-dar os primeiros meses do ano para fazer uma previsão do que o setor automobilís-tico pode esperar de 2009. “Existem muitas coisas acontecendo e a situação pode mudar a qualquer momento”, disse Jackson Schneider. “Por isso, a Anfavea prefere não fazer previsões neste momento”.

Com os primeiros nove meses exce-lentes em termos de venda e a queda do consumo em outros países, o Brasil passou a ser o quinto país em termos de mercado de veículos, ficando atrás dos Estados Unidos, China, Japão e Alemanha. Em 2007 éramos o oitavo. Ultrapassamos Reino Unido, Itália e França.

Em termos de produção, também su-bimos na tabela dos produtores mundiais. Deixamos a França para trás, assumimos o sexto lugar, ficando atrás da Coréia do Sul, Alemanha, EUA, China e Japão.

Mas antes de soltar rojão, não podemos esquecer a diferença de mercados entre, por exemplo, EUA e o Brasil. Enquanto nos Estados Unidos foram vendidos 16,4 milhões de veículos em 2007, para uma pro-dução de 10,7 milhões, no Brasil o mercado foi de apenas 2,9 milhões.

CrescemosAqui no Brasil, mesmo com o apertão

no freio da economia que ocorreu em setembro, conseguimos fechar o ano com um bom desempenho. A freada foi tão forte que a produção de caminhões des-pencou de 14.690 unidades em novem-bro, para 5.819 unidades em dezembro, uma queda de 60,4%.

Mas os primeiros nove meses livraram o ano, e no acumulado entre janeiro e dezembro de 2008, o total de caminhões vendidos somou 163.681 unidades, representando um acréscimo de 22,2% com relação a 2007, quando se vendeu 133.904 caminhões.

Desse total, o segmento que mais cresceu em relação ao ano anterior, foi o do semileves, com 26,7% de aumento, porém, é o que tem a menor participação no mercado global, apenas 4,55%.

O segmento com o maior número de veículos, 58.311, é o de pesados, que res-ponde por 25,8% do mercado. Na sequ-ência vêm os segmentos de semipesados (23,9%), médios (17%) e leves (14,7%).

Em termos de vendas internas, a campeã de 2008 foi a Mercedes-Benz, que conseguiu um crescimento de 20,5%, com 37.565 unidades vendidas, seguida pela Volkswagen Caminhões e Ônibus, que conseguiu aumento de 25,1% fe-chando o ano com 37.112 unidades. Na sequência vêm a Ford (21.902 caminhões vendidos), a Volvo (10.134), Iveco (10.023), Scania (8.010) e Agrale (823). As demais empresas venderam 1.188 unidades.

Cabe ressaltar o crescimento da Iveco, que conseguiu ultrapassar a Scania ao ob-ter 87,8% de aumento nas vendas compa-rando com o ano de 2007. Segundo dados da Fenabrave, em termos de participação, o mercado está dividido assim: Mercedes-

Benz, 30,05%; Volkswagen, 29,88%; Ford, 16,84%; Iveco 7,85%; Volvo, 7,81%, Scania, 6,36% e para os demais 1,20%.

Em termos de modelo mais vendido, por segmento, dos cinco, a Volkswagen ficou com três: leves (VW 8.150), médio (VW 13.180) e semipesado (VW 24.250). A Mercedes-Benz ficou com o caminhão mais vendido do segmento de pesados, o Axor 2540, com 3.292 unidades e a Ford vendeu o caminhão mais procura-do no segmento semileve, o F350, com 2.494 unidades.

Ford acreditaAtenta à crise, mas confiando em

sua força, a Ford manterá os planos de investimentos nos mesmos níveis já anunciados. No ciclo de 2007 a 2011 serão investidos R$ 300 milhões em produtos e na contínua modernização dos processos de produção, que poderá ser menor que a de 2008.

“Isto porque a desaceleração da economia afetou tanto o Brasil como os demais países da América do Sul, para os quais exportamos aproximadamente 30% da nossa produção”, explica Oswal-do Jardim, diretor de operações da Ford Caminhões.

“Estimamos que no segundo semes-tre as condições macro-econômicas da região melhorem. Caso esta projeção se confirme, estaremos preparados para aumentar nossa produção”.

Para 2009, considerando as condições da economia, que tem estado bastante volátil ultimamente, a Ford prevê um ano superior ao de 2007, quando o volume da indústria ficou ao redor de 100.000 uni-dades, mas inferior às 121.000 unidades comercializadas em 2008.

Semileve Leve Médio Semipesado PesadoFord F350

2.494VW 8.150

6.643VW 13.180

3.219VW 24.250

7.097MB Axor 2540

3.292

MB Sprinter 3132.032

MB 7105.875

MB 7102.400

MB 16206.317

Iveco Stralis HD5703.149

Iveco Daily 55161.406

Ford F40002.898

Ford Cargo 13171.712

VW 19.3203.431

Scania G4202.721

Fonte: Fenabrave

Os mais emplacados

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