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Revista do Laboratório de Estudos da Violência da UNESP/Marília Ano 2012 – Edição 10 – Dezembro/2012 ISSN 1983-2192 Página 57 OS FILHOS DO “DIABO:” FATORES EXPLICATIVOS DO ENGAJAMENTO DOS JOVENS MOÇAMBICANOS NA EXPERIÊNCIA DO CRIME MALOA, Joaquim Miranda1 Resumo: O objetivo deste artigo é examinar alguns fatores explicativos do engajamento dos jovens da “classe popular” na experiência do crime. Por meio de trabalho de campo, pesquisa bibliográfica e reportagem jornalística, verifica-se que as mudanças estruturais das décadas 1990, como a crise no sistema de justiça criminal, a dificuldade de acesso à educação formal e a desigualdade social, seriam os fatores explicativos centrais do engajamento dos jovens da “classe popular” na experiência do crime. Hoje os jovens da “classe média” com frequência combinam o trabalho com uma escolaridade bem mais longa. Isso lhes permite regular sua relação com o consumo e formular projetos, articulando melhor “meios” e “fins” do que os jovens da “classe popular” que se encontram na situação de “inempregabilidade” ou no emprego precário. Palavras-chave: Crime, jovem, direitos sociais, “classe popular,” Moçambique Abstract: The objective of this article is to examine some explanatory factors for the engagement of the young people from “popular class” in the crime experience. By means of field work, bibliographical research and journalistic news article it is observed that the structural changes of the 90th decade, crisis in the system of criminal justice, the difficulty in accessing the formal education and social inequalities would be the principal explanatory factors for the engagement of the young people, from “popular class,” in the crime experience. Today the young people from the medium class with frequency combine the work with the scholarship well longer. This allows them to regulate its relation with the consumption and to formulate projects, articulating “means” and “ends” than the young people from the “popular class” that itself come to a situation of “unemployment” or in the precarious job. Key-Words: crime, young, social rights, popular class, Mozambique. 1 Doutorando em Geografia Humana pela USP, Mestre em Sociologia pela mesma Universidade e Investigador Sênior do Centro de Pesquisa e Promoção Social (CPS), Lichinga/Moçambique. Formador do Instituto de Formação em Administração Pública e Autárquica de Lichinga (IFAPA). [email protected]. Este artigo é uma versão ampliada e modificada de um texto apresentada no VI Encontro de Pós-Graduando da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, em outubro de 2011. Gostaria de agradecer a Bruna Osti que leu o manuscrito e fez críticas muito argutas. Tenho imenso dívida com Professor Doutor Sérgio Adorno, pelo ensinamento caloroso que me reservou como seu orientando.

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  • Revista do Laboratrio de

    Estudos da Violncia da

    UNESP/Marlia

    Ano 2012 Edio 10 Dezembro/2012

    ISSN 1983-2192

    Pgina 57

    OS FILHOS DO DIABO: FATORES EXPLICATIVOS DO

    ENGAJAMENTO DOS JOVENS MOAMBICANOS NA

    EXPERINCIA DO CRIME

    MALOA, Joaquim Miranda1

    Resumo: O objetivo deste artigo examinar alguns fatores explicativos do engajamento dos jovens da classe popular na experincia do crime. Por meio de trabalho de campo, pesquisa bibliogrfica e reportagem jornalstica, verifica-se que as mudanas estruturais das dcadas 1990, como a crise no sistema de justia criminal, a dificuldade de acesso educao formal e a desigualdade social, seriam os fatores explicativos centrais do engajamento dos jovens da classe popular na experincia do crime. Hoje os jovens da classe mdia com frequncia combinam o trabalho com uma escolaridade bem mais longa. Isso lhes permite regular sua relao com o consumo e formular projetos, articulando melhor meios e fins do que os jovens da classe popular que se encontram na situao de inempregabilidade ou no emprego precrio. Palavras-chave: Crime, jovem, direitos sociais, classe popular, Moambique Abstract: The objective of this article is to examine some explanatory factors for the engagement of the young people from popular class in the crime experience. By means of field work, bibliographical research and journalistic news article it is observed that the structural changes of the 90th decade, crisis in the system of criminal justice, the difficulty in accessing the formal education and social inequalities would be the principal explanatory factors for the engagement of the young people, from popular class, in the crime experience. Today the young people from the medium class with frequency combine the work with the scholarship well longer. This allows them to regulate its relation with the consumption and to formulate projects, articulating means and ends than the young people from the popular class that itself come to a situation of unemployment or in the precarious job. Key-Words: crime, young, social rights, popular class, Mozambique.

    1 Doutorando em Geografia Humana pela USP, Mestre em Sociologia pela mesma Universidade e Investigador Snior

    do Centro de Pesquisa e Promoo Social (CPS), Lichinga/Moambique. Formador do Instituto de Formao em Administrao Pblica e Autrquica de Lichinga (IFAPA). [email protected]. Este artigo uma verso ampliada e modificada de um texto apresentada no VI Encontro de Ps-Graduando da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da Universidade de So Paulo, em outubro de 2011. Gostaria de agradecer a Bruna Osti que leu o manuscrito e fez crticas muito argutas. Tenho imenso dvida com Professor Doutor Srgio Adorno, pelo ensinamento caloroso que me reservou como seu orientando.

  • OS FILHOS DO DIABO: FATORES EXPLICATIVOS DO ENGAJAMENTO DOS JOVENS MOAMBICANOS NA EXPERINCIA DO

    CRIME

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    Introduo

    A tese central deste trabalho de que os filhos do diabo devem ser entendidos aqui

    como uma metfora2, para descrever os jovens3 das classes populares que so colocados

    fora do processo de consumo. O mercado do trabalho no os explora, pois no possuem

    competncias conversveis em valores sociais, os seus pais no tm e no tiveram capacidade

    econmica e social para mant-los na escola. Usando a expresso de Wieviorka (2007),

    diramos os jovens das classes populares so os no-sujeitos, aqueles jovens que os seus

    direitos fundamentais, como o direito ao trabalho, educao, no so reconhecidos pelo

    Estado. So jovens que vivem de jornada de trabalho precrio (CASTEL 1998: 22), so os

    excludos, porque as suas posies dentro da estrutura da sociedade no lhes permitem o

    acesso a determinados bens e servios (CASTELLS, 2007). Para falar como Loc Wacquant,

    so jovens economicamente frgeis, desprovidos de habilidades para o mercado

    (WACQUANT, 2005).

    O cenrio da criminalidade em Moambique

    O debate e a reflexo sobre a criminalidade em Moambique um fenmeno muito

    recente. Trata-se, na verdade, de um debate suscitado pelos problemas de superlotao nas

    cadeias. Embora o crime tenha ganhado vsibilidade no nicio da dcada de 90, entrou para o

    debate acadmico e foro pblico durante os anos 2000, mas o debate apenas ainda est

    comenando. A partir da dcada de 90 a sociedade moambicana vem experimentando o

    crescimento da criminalidade, como por exemplo: crimes contra patrimnio (furto e roubo e

    assalto mo armada), homicdios dolosos (voluntrios), crime organizado, em particular em

    torno do trfico internacional de drogas, modificando os modelos e perfis convencionais da

    criminalidade anterior a dcada de 90 e propondo novos problemas para o direito penal e

    para o funcionamento do sistema de justia criminal. Paulino (2003) e Folio (2007), apontam

    que foi a partir da dcada de 90 que a criminalidade urbana violenta comea a recrudescer e a

    se fazer sentir nas representaes e percepes da sociedade moambicana. O que antes era

    referido como uma ansiedade localizada nas principais cidades moambicanas, como

    Maputo, Beira e Nampula, hoje a criminalidade se generalizou e encarada como um

    2 Segundo (GAUTHIER, 2002) a metfora refere aquilo que no por ser diferente, entre a linguagem e o real. A

    metfora est entre o mundo do sentido, interno a linguagem e o mundo da inferncia, da realidade no- lingustico. 3 O estabelecimento da faixa etria jovem influenciado por definio institucional da Organizao da Juventude

    Moambicana, que estabelece como populao jovem de 15-35.

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    problema social. Trata-se de tendncias que relacionadas entre si radicam em causas no

    necessariamente idnticas (ADORNO, 2002).

    Assiste-se hoje uma generalizao de crimes por todas as partes onde a vida pulse,

    desde os bairros centrais aos perifricos das pequenas, mdias e grandes cidades

    moambicanas. Hoje possvel observar prdios, residncias e estabelecimentos comerciais

    cercados por dispositivos de segurana e protegidos por seguranas privadas. J no h

    espao para algum no ser vtima, independente da sua condio econmica, raa, cultura,

    gnero, credo, origem tnica e regional (ADORNO, 1994). Embora o crescimento da

    criminalidade em Moambique, seja matria controvertida, as estatsticas oficiais da

    criminalidade4, base sobre a qual se realizam diagnsticos, avaliaes, anlises e estudos

    cientficos, esto apontando um crescimento constante a partir da dcada de 1990, conforme

    nos mostra o grfico a baixo:

    Grfico 1 - Evoluo da proporo da criminalidade em Moambique entre 1990-2010.

    Fonte: Polcia de Investigao Criminal apud Chachiua (2000); * Instituto Nacional de Estatstica (www.ine.mz.co);** Informe do Procurador Geral da Repblica (2011) apud Guente (2011). (Adaptado).

    A tabela acima fala por si mesma. As estatsticas criminais mostram um aumento

    de vinte e dois por cento entre 1994 a 1996. No resta dvida que o maior incremento da

    criminalidade foi dentro do intrevalo de 1994 a 1996. Ao que tudo indica que essa tndencia

    crescente da criminalidade vem acompanhada da participao crescente de jovens do sexo

    4 As estatsticas oficiais de criminalidade no comportam poucos problemas, entre os quais a suspeio de elevadas

    cifras negras, a interveno de critrios burocrticos de avaliao de desempenho administrativo, as negociaes paralelas entre vtimas, agressores e autoridades, a implementao de polticas determinadas de segurana pblica que conjunturalmente privilegiam a conteno de uma ou outra modalidade delituosa e ainda a desistncia da vtima em denunciar ocorrncia motivada por desinteresse pessoal ou descrena na eficcia das instituies (ADORNO, 2002, p.89).

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    Nmero de crimes relatados

    Nmero de crimesrelatados

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    CRIME

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    masculino, em especial procedentes da chamada classe popular, 5 como mostram os

    estudos moambicanos disponveis (SANTOS e SHELLE, 1999; AMARAL, 2000; BRITO

    2002; SENGULANE, 2003), de que na dcada de 1990 e 2000 a populao prisional nas

    cadeias moambicanas era composta em sua maioria por jovens das classes populares nas

    faixas tarias de 19 a 34 anos de idade. Esta realidade no deixa de cessar at os dias atuais6.

    Desta forma, o presente artigo, visa compreender como esse fenmeno possvel: que

    razes explicariam a disponibilidade dos jovens da classe popular ao crime? Quais so os

    estmulos sociais e culturais que fazem com que esses jovens experimentem o crime? Os

    jovens desta classe no eram, at no final da dcada de 90, to criminosos como hoje,

    embora fossem mais pobres do que so hoje. De grosso modo, podem-se agrupar o esforo

    da explicao deste fenmeno em pelo menos quatro direes: 1) as mudanas estruturais

    que comearam a ocorrer nas dcadas de 1990; 2) crise no sistema de justia criminal; 3) a

    dificuldade de acesso a educao formal e 4) desigualdade social. Delimitar o papel de cada

    um desses fatores uma tarefa difcil. Mais reconhec-los o primeiro caminho para

    percebermos a complexidade desse fenmeno.

    Mudanas na sociedade e nos padres convencionais de sociabilidade

    Decorridos quinze anos de vigncia do regime socialista (1975-1990), a sociedade

    moambicana tornou-se democrtica. A solidariedade interclasse declinou, as mudanas

    demogrficas na estrutura da estratificao da populao urbana e nas alianas polticas

    levaram importantes setores das classes mdias e populares a modificarem a sua relao

    entre si. Neste novo contexto poltico, as polticas destinadas as classes populares foram

    paulatinamente retiradas pelo Estado (foram considerados onerosos e luxuosos) porque o

    Oramento do Estado (OE) no podia mais sustentar. O corolrio disto foi desigualdade

    social abissal7 e excluso social dos grupos que no podiam ser facilmente utilizados no

    modo de produo lucrativa da sociedade democrtica. Os membros da classe popular

    tornaram-se Rmistes8. Esta nova configurao social produziu aquilo que se chama na teoria

    sociolgica de anomia, no como um estado de esprito, mas um estado da sociedade, uma

    condio social em que as normas reguladoras do comportamento das pessoas perderam sua

    5 O termo utilizado por Romanelli (1997), para designar a populao pobre dos centros urbanos, caracterizado pela

    precariedade de condio de vida. 6 Veja Maloa (2012). 7 Vrios estudiosos como (CASTEL-BRANCO, 1995, FRANCISCO, 2003, PITCHER, 2002) e outros, marcam como

    ponto de partida a desigualdade abissal na sociedade moambicana nos finais da dcada de 80 e no incio da dcada de 90 com as reestruturaes econmicas (Programa de Reabilitao Econmica ou Programa de Reajustamento Estrutural/Econmica (PRE-1987) e Programa de Reabilitao Econmico e Social ou Programa de Reajustamento Econmico e Social (PRES-1989/90).

    8 Termo cunhado para expressar a rejeio quase permanente no mercado assalariado (WACQUANT, 2005).

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    validade. As normas parecem no mais existir ou quando invocadas no produzem efeitos

    (DAHRENDORF apud ADORNO, 1996, p.11). Durkheim (1992) vai mais longe ao afirmar

    que numa sociedade anmica j no se sabe o que justo e o que injusto, quais so

    esperanas legtimas, quais so os exageros e quais so os limites. Os dados coligidos por

    Serra (2010) no seu estudo sobre os linchamentos nos bairros urbanos da cidade de Maputo

    mostram-nos empiricamente cenrios anmicos9, onde a populao coloca um pneu no

    pescoo da vtima jovem da classe popular suspeito, deitando petrleo no seu corpo e

    acendendo um fsforo, o queimando vivo, enquanto a populao berra e muitas vezes dana

    e ri do linchado. Na verdade a mudana na sociedade e nos padres convencionais de

    sociabilidade no apenas trouxe consigo anomia como os linchamentos que Paulo Granjo

    chama de reclamao da cidadania e do poder da deciso da populao moambicana

    (GRANJO, 2008). Trouxe tambm ancorado em si uma demanda de crimes praticados por

    jovens da classe popular, de sexo masculino, como ilustra os grficos a baixo.

    Grfico 2 Evoluo da participao no crime, por idade e sexo (1999 - 2007)10 em

    Moambique.

    Fonte: Instituto Nacional de Estatstica (www.ine.mz.co) (Adaptado)

    O grfico comparativo de crimes por idade e sexo, mostra que h maior participao

    9 Outro cenrio que o autor relatou que podemos equiparar anomia, o que autor chama de doena social que h nos

    bairros, formada por sucessivos problemas encavalitados uns nos outros, com coeficientes diferentes, mas todos confluindo para uma mesma situao de mal-estar profundo (SERRA, 2010, p.55).

    10 Os dados foram retirados da tabela (condenados por ano, idade e sexo) apresentados por Instituto Nacional de Estatstica de Moambique. (WWW.ine.mz.co).

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    16-20 21-25 26-30 31.35 36-40 41-45 46-50 51-55

    1999

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    2007

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    CRIME

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    na experincia do crime de jovens de sexo masculino entre 21-25 anos de idade, seguindo de

    jovens de 16-20 e em terceiro lugar de jovens de 26-30 anos, devido s mudanas no estilo

    de vida juvenil que muito mais caro do que o consumo familiar. Temos como um dos

    exemplos, o consumo do lcool por jovens nas baracas11 das cidades. Isso favoreceu

    igualmente o aumento impressionante dos crimes contra a propriedade (furtos e roubos).

    Como nos mostra o grfico a baixo.

    Grfico 3 - Evoluo de crimes contra propriedade; contra pessoa e traquilidade publica em Moambique entre (1998 - 2001).

    Fonte: Comando Geral da Polcia da Repblica de Moambique Balano Anual, 1998-2001. (Adaptado).

    A sociedade moambicana do ps 90 sofreu um processo acelerado de

    transformaes econmicas, polticas e culturais, e essas transformaes se traduziram na

    fragmentao social e na importncia crescente dada s atividades de lazer e de consumo

    como meios de definir novas identidades sociais, em particular a dos jovens. Por outro lado,

    fragilizou os controles socias que eram feitos sem lei, os Grupos de vigilncia12.

    justamente nessa nova configurao social que os jovens das classes populares so

    capturados, devido ao estreitamento de oportunidade oferecido pelo mercado de trabalho.

    Como nos mostra Lus de Brito atravs da sua pesquisa nas cadeias de Maputo, os jovens

    que constituem a maioria da populao prisional so aqueles que provm a sua condio de

    vida atrves de pequeno comrcio informal, mas tambm de pequenos roubos ou outro tipo

    11 Pequenos estabelecimentos comerciais, alguns feitos de contentores e outros de material local, a onde uma cerveja

    chega a custar aproximadamente 1dlar, considerando as estimativas oficiais recentes sobre a pobreza em Moambique, existem atualmente cerca de 11 milhes de pessoas a viver na pobreza absoluta (abaixo de 2 dlar por dia) dentro de um universo de cerca de 19,7 milhes de habitantes (FRANCISCO & PAULO, 2006).

    12 Conhecido por Grupos Dinamizadores (GDs) entre os anos de 1975-1990.

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    1998 1999 2000 2001

    Contra prop

    Contra pessoas

    C/Traquil pub

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    de crime, mais por motivo de misria, por serem pobres e desempregados numa sociedade

    onda h uma tendncia sistemtica para a reduo do emprego assalariado (no Estado, nas

    empresas pblicas e tambm no setor industrial privado) e um crescimento paralelo das

    atividades do setor informal (BRITO, 2002: 12-13). Mas tambm esses jovens so capturados

    devido ao meio atrativo que essa nova configurao social ps dcada de 90 traz ancorada

    em si mesma.

    Desigualdade social

    Nesta seo evito intencionalmente fazer uma abordagem terico-conceitual sobre

    como vrios autores interpretam o termo desigualdade social, porque este percurso

    implicaria um trabalho especfico de reflexo e exigiria espao muito longo que fugiria do

    foco em anlise. O termo desigualdade tem significados mltiplos e inesgotveis. Utilizo o

    termo desigualdade social genericamente para designar diferenas em termos de renda. O

    mapeamento da violncia na cidade de Maputo coligido por Folio (2007) indicava que as

    taxas de crime eram mais elevadas nos bairros pobres (Chamaculo, Polana- Canio,

    Xipamanine ou Mafalala, etc.), reas que compem o cinturo urbano pouco atendido por

    infraestruturas urbanas, por oferta de postos de trabalho, por servios de lazer e cultura.

    Carlos Serra ao caracterizar esses bairros metaforiza dizendo: que cada morador sente que

    existe uma poluio social, poluio contra qual no h defendido, pois o vazio institucional

    evidente [...] a polcia no protege, o Estado est nas ruas iluminadas, l longe, no bem-

    estar (SERRA, 2010: 55). Tudo isso parece indicar que nesses bairros h maior

    predisposio para desfechos fatais em conflitos sociais, interpessoais e intersubjetivos.

    Os estudos realizados no Brasil em So Paulo pelo Ncleo de Estudos da Violncia

    (NEV/USP) demostram relaes entre a distribuio espacial da criminalidade e a

    distribuio espacial das condies de vida e de infraestrutura urbana. Tendncia anloga

    observada em Moambique. Tudo converge para sugerir que a criminalidade em

    Moambique, antes de ser apenas um problema de ordem econmica relacionada a estgios

    incompletos do desenvolvimento, pobreza e desigualdade social que lhe subjazem de

    ordem da justia social numa sociedade na qual no se reconhece o outro como sujeito de

    direitos, no qual muitos se encontram merc de poucos, em que vige, sem interditos,

    acentuada assimetria no acesso aos recursos, bem como na sua distribuio e a vida de

    muitos no tem o mesmo valor. Nesta sociedade somente pode ser instituda a guerra de

    todos contra todos 13, em que os que mais sofrem so os da classe popular. Como mostra

    Carlos Serra, so indivduos que so deixados sua sorte, vtimas de uma violncia

    13Sobre este argumento, com sntese ilustrativa, veja (ADORNO, 2002).

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    CRIME

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    multilateral (do desemprego ao roubo) (SERRA, 2010: 55). Prender um jovem de classe

    popular por vadiagem ou por furto simples a pelo menos um ano de priso no , para o

    Estado, um escndalo maior que a desigualdade social. O problema de sobrelotao nas

    cadeias moambicanas gravssimo, sobretudo nos principais centros urbanos do pas

    (JOS, 2010: 3). Por exemplo, a Cadeia Central de Maputo em 2010 registrava ndices de

    sobrelotao na ordem dos 300 %, Nampula (616 %), Cuamba (593 %), Inhambane (533 %)

    e Beira (513 %) (JOS, 2010: 3). Segundo o autor, o diretor nacional do Servio Nacional de

    Prises (SNAPRI) em 2009 chegou afirmar que 64 por cento dos condenados cumpre penas

    de priso at 1 ano, na sua maioria sentenciados pela prtica do crime de furto. Este quadro

    aponta para uma certa seletividade do sistema de justia penal moambicano em encarcerar

    jovens de classe popular em suma parafraseando Andr Cristiano Jos acusadas de

    cometer infraes bagatelares.

    Dificuldade de acesso educao

    Um estudo de US STATE DEPARTAMENT (2008), demonstrou que a educao

    moambicana improvisada e tem problemas com os professores e com a infraestrutura.

    inegvel esta afirmao, a educao pblica em Moambique no gratuita, exceto at 2005,

    quando o pagamento das propinas no ensino bsico14 foi abolido. Esta medida representava

    at ento um avano em relao poltica do governo de dar educao primria gratuita para

    todos um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio das Naes Unidas assinado em

    2005 pelo governo de todos os pases membros das Naes Unidas. Na prtica esta poltica

    que comeou a vigorar em 2005 em Moambique, e fica limitada, porque a maioria das

    crianas da classe popular tem que trabalhar e auxiliar no sustento da sua famlia.

    Gonalves (2008) constatou que o Estado moambicano oferece o ensino bsico como

    caridade, obrigando os pobres a apresentarem o atestado de pobreza, caso queiram ter a

    gratuidade do ensino, e no como um dever, como contraparte do direito educao,

    proclamado nas duas Constituies (1990 e 2004) e nos documentos internacionais que

    signatrio. No entanto, mesmo entre esses, no h firmes convices da utilidade da escola.

    Um estudo realizado por Ministrio do Plano e Finanas (MPF) e Ministrio da Educao

    (MINED), em 2003, observou que os nveis de abandono e repetncia escolar eram

    crescentes. As taxas de repetncias interanual no ensino primrio (de 1-7 classe), eram de

    25,5 % em mdia e eram muito superiores a pases vizinhos como a Tanznia, 2 %; a Zmbia

    3 % e o Malawi 18 % (MPF& MINED, 2003). As escolas moambicanas desde o incio da

    dcada de 1990 at hoje tm debatido com o problema de vagas. Como consequncia o

    governo utiliza a poltica de determinao de idade no acesso a vaga. O aluno que apresenta

    menor idade ganha uma vaga. Isto mostra que a populao com idade escolar vem

    14 A educao bsica (1-7 classe), gratuita e obrigatria para todos os moambicanos.

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    aumentando, sem que com isso fosse acompanhado pelo correspondente crescimento de

    infraestrutura escolar.

    De acordo com Gonalves (2008), o Estado moambicano no assume a educao

    como parte fundamental dos Direitos Humanos e no assume tambm, por Lei, como dever

    do Estado, uma base para que cada moambicano (a), vendo no respeitado o seu direito ao

    ensino bsico como parte do direito, possa reivindicar junto do poder pblico. Os pobres

    ficam sem a escola, seja por falta de vagas seja por indisponibilidade de arcarem com as

    matrculas, o pagamento de folhas para as provas, e compra do livro escolar, que mais

    vendido do que distribudo. Diante deste fato, os jovens da classe mdia encontram refgio

    nas escolas privadas e os da classe popular no tm outro caminho seno delinquir15.

    Grfico 3- Nvel de escolaridade da populao geral urbana de Maputo e da populao carcerria das cadeias de Maputo.

    Fonte: Brito (2002: 24). (Adaptado).

    Pode-se perceber que 40% da populao carcerria no possuem nenhuma habilitao

    literria16, enquanto a maior parte da populao carcraria tinha o nvel primrio que

    compreende dois ciclos: o primeiro (de primeira a quinta classe) e o segundo (de sexta a

    stima classe). Este cenrio mostra como a inacessibilidade educao cria condies de

    vulnerabilidade e exposio ao crime para os jovens da classe popular. Para falar como

    Carlo Serra, no resta outro caminho para esses jovens a no ser everedarem pelo comrcio

    15 MOSSE, M.; CORTEZ, E. Ibidem. 16 Segundo INE (2008), a proporo de Populao Economicamente Activa que no sabe ler e escrever alta de um

    modo geral (54,8%) e a percentagem de pessoas fora de escola com 7-17 anos de 34,3%.

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    CRIME

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    informal ambulante ou fixo em dumbanengues, cujos ganhos so modestos contigentes e/ou

    pelo roubo (SERRA, 2010: 54). Esta situao foi diagnosticado por Baleira et al (2003),

    quando estudava crianas em conflito com a lei nas cadeias das provncias de Maputo, Beira

    e Nampula, demostrando que 80.3% de crianas reclusas no frequentava a escola no

    momento da deteno e que 75% estava no mercado informal17.

    Crise do sistema de justia criminal

    No podemos ignorar a crise do sistema de justia criminal como um dos fatores

    explicativos da experincia dos jovens da classe popular com o crime. H vrios estudos

    que reconhecem a corrupo no sistema de justia criminal (agncias policiais, Ministrio

    Pblico, Tribunais e Sistemas Penitencirios) (AFRIMAP; TICA MOAMBIQUE;

    UTRESP; WORLD BANK apud MOSSE, 2006). As formas de corrupo que atacam

    severamente os jovens da classe popular, no seu contato com os rgos, que tm a funo

    de conter o crime e a violncia nos marcos do Estado democrtico de direito, so o suborno

    e a extorso. Por definio mais ou menos consensual, suborno o pagamento (em dinheiro

    ou espcie) feito numa relao de favorecimento. Pagar ou receber um suborno corrupo

    (ANDVING et al. apud MOSSE, 2006). Um jovem da classe popular fala do suborno no

    sistema de justia criminal: J estive preso duas vezes, uma vez por burla, mas consegui sair

    trs dias depois, outra vez foi roubar uma residncia tambm... sai, agora estou aqui por ter

    roubado e ter abatido 5 pessoas com pistola...sei que vou sair18. O sintoma mais visvel

    deste cenrio descrito por Mosse (2006): os agentes da Polcia de Investigao Criminal

    (PIC) usam a informao para extorquirem dinheiro dos visados pelas queixas criminais,

    atravs da chantagem; usam a sua posio para alertarem os suspeitos sobre eventuais buscas

    nas suas casas, cobrando mais tarde dinheiro por isso. S este crculo vicioso demonstra

    como os jovens criminosos se produzem e reproduzem dentro da atividade criminal, numa

    rede em que os encarregados de conter o crime e os jovens criminosos esto sujeitados ao

    mundo do crime. A consequncia mais grave deste processo a descrena dos cidados

    nas instituies encarregadas de conter o crime, principalmente os que so encarregados de

    distribuir e aplicar sanes para os autores criminais19.

    Outra questo que aqui deve ser sublinhada a condio de carceramento que os

    jovens da classe popular esto sujeitos. Segundo Jos (2010), as condies dos

    estabelecimentos prisionais moambicanos so, no geral, precrias do ponto de vista das

    17 Num universo de 225 crianas, veja BALEIRA et al (2003), para a bibliografia completa, ver a referncia bibliogrfica

    no fim do artigo. 18 Publicado na Dissertao de Licenciatura em Sociologia de (TAMANE, 2004, p. 40), no Departamento de Sociologia

    da Universidade Eduardo Mondlane, intitulado Violncia Urbana: o caso da cidade de Maputo, bairro da Polana-Canio.

    19 Sobre as descrenas dos cidado no sistema de justia criminal veja, ADORNO (1994).

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    instalaes, da alimentao, dos cuidados de higiene e sade, do equipamento e das prticas

    de reinsero social. Estas condies de prises da misria (WACQUANT, 2001), cheiro

    insuportvel, atmosfera abafada, iluminao dificiente, janelas sem redes mosquiteiras,

    pavilhes superlotados (BALEIRA et al., 2003), fazem com que ocorra a rencidncia

    criminal e se produza a deliquncia (FOUCAULT, 1977) entre esses jovens que so levados

    para a priso pelo Estado para administrar a pobreza (WACQUANT, 2008) que assola os

    centros urbanos. Paulo et al., apresentam essa evidncia no relatrio intitulado: Xiculungo:

    relaes sociais da pobreza urbana em Maputo, Moambique, afirmando que a cidade de

    Maputo registou um aumento da pobreza em reas urbanas entre 1996/97 e 2002/03 de

    47% para 53%. A grande maioria vive em zonas de assentamento informais congestionadas

    (bairros) (PAULO, et al 2008). As prises em Moambique esto longe de transformar esses

    jovens, que so suas clientelas, em gente honesta. Ela produz novos criminosos, para falar

    como Adorno et al (1989), os torna mais irremediavis e terrveis20. Para sermos ilustrativos,

    o estudo de Lus de Brito mostra os valores da reincidncia criminal encontrando-se bem

    acima de mdia 34% e de abuso de confiana, burla e falsificao 33%, seguindo em ordem

    de importncia a categoria dos furtos e roubos 26% (BRITO, 2002, p.28). Na verdade estes

    nmeros que conhecemos sobre reincidncia criminal podem ser muito maiores do que

    indicam os insuficientes dados relatados, muitos casos de reincidncia criminal no so

    registrados pelo envio deficente das informaes aos rgos de conteno criminal.

    Algumas consideraes: um desafio cidadania

    Tudo indica que atravs de cenrios distintos, o engajamento dos jovens da classe

    popular na experincia do crime encontra suas razes em Moambique a partir dos finais da

    dcada de 1990, com as mudanas nos padres convencionais de sociabilidade. E no se

    limita ao mero fato da mudana de estilo de vida ps 90, ela vem imbricada com um

    conjunto de outras mudanas. Tendo como pano de fundo a desigualdade social, a falta de

    vagas e corrupo nas escolas pblicas e crise do sistema de justia criminal (corrupo,

    insuficincia dos servios pblicos de assistncia jurdica, etc), a classe popular tornou-se

    20 Um estudo sobre os centros prisionais abertos em Moambique fez uma avaliao sombria do seu impacto,

    afirmando que os centros prisionais abertos em Moambique no cumpriam satisfatoriamente as duas funes prticas subjacentes sua criao: descongestionamento dos demais estabelecimentos prisionais e a gerao de rendimentos em espcie ou numerrio. Cremos que os centros recentemente criados no tiveram ainda tempo suficiente para funcionarem na sua plenitude e produzirem resultados que, ultrapassando as preocupaes relacionadas com os ndices de ocupao e de produo, contribuam significativamente para a recuperao e reinsero social dos condenados. Do que ficou dito, podemos concluir que Moambique est muito aqum da concretizao das Regras Mnimas das Naes Unidas sobre o Tratamento dos Reclusos e de outros instrumentos ou regras (internacionais e regionais) de orientao (JOS, 2010, p.5-6).

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    CRIME

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    vulnervel ao acesso justia: mostra-se na atualidade com impossibilidade de contratar um

    advogado, vivem na misria, no desemprego e com baixo nvel de escolaridade que lhes

    imputa o desconhecimento da lei e da linguagem utilizadas nos tribunais. Este conjunto de

    elementos coloca as classes populares, principalmente os jovens desta classe, a viverem na

    inutilidade social e na marginalizao urbanos. Este cenrio torna cada vez mais claro que a

    cidadania no uma condio adquirida e garantida para todos e que precisa ser conquistada.

    Como possvel falar em Direitos Humanos mediante a realidade aqui exposta?

    Como os jovens da classe popular no podem experimentar o crime, se nem sequer os

    seus direitos sociais fundamentais, como o direito ao trabalho, educao, ou seja, aqueles

    direitos que recobrem a dignidade da pessoa humana no so reconhecidos pelo Estado?

    Tudo isso, converge para sugerir que, antes de um problema de natureza econmica

    relacionada a perturbaes momentneas do mercado que vem afetando Moambique desde

    a dcada de 90 e do processo de produo econmica na qual estamos inseridos hoje, ligados

    a pobreza e a desigualdade social, a maioria das causas so de ordem da justia social, sua

    superao requer o reconhecimento por parte do Estado de direitos humanos, polticos21 e

    civis dessa populao.

    Cabe ao Estado como ocorreu em outros planos, dotar instrumentos necessrios a

    uma reduo radical dos nveis de criminalidade com os quais a sociedade moambicana se

    v hoje confrontada. Urge formular, poltica pblica nacional direcionada para a juventude,

    principalmente para aqueles inseridos nas camadas sociais mais desfavorecidas, dando

    oportunidade de acesso a educao e criando outras formas de promoo social, como a

    vontade de criar marcos jurdicos e instituies a nveis locais ligados ao Minsterio de

    Juventude e Desporto, com planos e recursos suficientes e com competncias de gesto

    finaceira e administrativa, que reverte o atual quadro dramtico em que eles vivem. Cabe ao

    Estado tambm criar uma poltica de preveno ao crime e o tratamento de infratores para

    reduzir a incidncia e custos do crime e desenvolver mecanismo adequado do

    funcionamento do sistemas de justia criminal, que continua a funcionar como h duas

    dcadas enquanto que o crime mudou de perfil. Promoo de estreita cooperao entre os

    vrios setores da sociedade, incluindo justia, sade, educao, servios sociais e moradia

    indispensveis para apoiar a preveno efetiva do crime com participao da comunidade;

    promoo de estreita cooperao e assistncia aos elementos da sociedade civil no

    desenvolvimento, adoo e promoo de iniciativas de preveno ao crime, levando em

    considerao a importncia de se proceder, sempre que possvel, nas prticas que trouxeram

    bons resultados e de equilibrar, de forma adequada, os distintos enfoques de preveno ao

    crime com a participao da comunidade; desenvolvimento de prticas que buscam evitar

    que as vtimas de crimes o sejam novamente ( NACES UNIDAS,2006).

    21 Participao na gesto pblica.

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    CRIME

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