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A u g u s t a B o r g e s
M e d i c i n a I n t e r n a
M A C - C H L C
- 28 de Setembro de 2013 -
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Caso Clínico I (Joana)
Fevereiro 2012:
IG: 9s+5d
35 anos
Melanodérmica
Natural de Angola
H. Obstétrica
2000: 1PPTE, 28sFM (AVK);
2002:CST, 36s por SF, NV 2700g;
2AE com curetagem
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
AP: Doença mitral reumatismal
1989: Endocardite bacteriana
1990 (com 24 anos): Colocação de prótese mecânica mitral
2002: trombose prótese mecânica durante a 2ªgravidez (estava com HBPM )
Medicação atual: acenocumarol, Sintrom ®).
Mantém Sintrom®
Do ponto de vista fetal
12s: rastreio
combinado negativo.
22s: P50; sem anomalias
estruturais; colo 45mm;
Fluxometria a.u. Normal
32s+6d: cefálico, P25-50 (EP 1924g), boa vitalidade; fluxos
e LA N; placenta anterior não prévia.
Do ponto de vista materno
AVK, Sintrom® 4mg: ¾-¾-¾-½ -… (INR 2 -3)
sem interrupção no 1ºTrim.
18s: Assintomática
EcocardiogramaTT (30s): normal função do VE, prótese mitral funcionante.
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Caso Clínico I (Joana)
Caso Clínico II (Isabel)
Janeiro 2012:
IG: 7sem+3d
27 anos
Melanodérmica
Natural de Cabo Verde
H.Obstétrica 2011:
IMG (22 semanas)-embriopatia varfarínica
AP
Insuficiência Mitral grave + Insuficiência aórtica ligeira a moderada, secundárias a Febre Reumática na Infância
Março 2006: Implantação de prótese mitral mecânica
Vigilância 2006-2012 em Consulta de Cardiologia sem intercorrências
Medicada com Sintrom® + Moduretic®
Pára Sintrom® e Inicia HBPM terapêutica
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Caso Clínico I (Joana)
Desde o início da
gravidez com
Caso Clínico II (Isabel)
Entre a 6ª12ªSem.IG
SINTROM®
PÁRA SINTROM®
e
INICIA ENOXAPARINA
em dose terapêutica
Não interrompe
entre a 6ª-
12ªsemana
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Caso Clínico II (Isabel)
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Março 2012
Ecocardiograma TE: “Prótese mecânica em posição mitral com dois discos
abrindo razoavelmente, Vmax 3,57m/seg (muito aumentada), gradiente médio
23-33mmHg, tempo de semi-pressão 12-148s (área funcional de 1,5 a 1,8cm2)
(provável obstrução, apesar de existir situação de alto débito); V
Ao: folhetos ligeiramente espessados; insuficiência ligeira a moderada; V
Tricuspide sem lesão orgânica; Insuficiência moderada. VE com cavidade não
dilatada, paredes não hipertrofiadas, boa função sistólica global; AE
ligeiramente dilatada; Cavidades dtas não dilatadas; sem derrame pericárdico.
INTERNAMENTO Serviço Cardiologia
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Internamento Cardiologia (20 dias)
Anticoagulação com heparina não fracionada (HNF)
Switch: acenocumarol (Sintrom)
Ecocardiograma transesofágico (4.04.2012): Prótese mecânica em posição mitral, sem sinais aparentes de disfunção, com fluxo adequado para o modelo. Regurgitação fisiológica. Sem trombos com boa amplitude de abertura dos discos. AE e apendice auricular esquerdo sem trombos. Boa função ventricular esquerda.
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Alta :
Controlo INR
Repouso
R\ Sintrom®; Carvedilol 6,25mg 12/12h; Furosemida 20mg 3x/semana; Ferro; Ácido fólico
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Caso Clínico II (Isabel)
Vigilância Obstétrica Ecografia:
12s: rastreio combinado negativo
25s+6d, : P50; LA e fluxometria normais
33s+4d: cefálico, P50 (EP 2168g), boa vitalidade;
Vigilância Cardiológica
Sintrom®: ¾-1-1-¾-… (INR 3-3,5)
23s+5d: Assintomática; pára Carvedilol
Ecocardiograma (35s+6d): prótese sem sinais de disfunção
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Caso Clínico I (Joana) Caso Clínico II (Isabel)
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Obstetrícia Medicina Interna
Neonatologia Cardiologia
CST eletiva (37-38s)
Protocolo HNF
Profilaxia endocardite bacteriana
Caso Clínico I Caso Clínico II
Parto
Internamento 37s
Suspensão Sintrom®
Protocolo HNF
CST (38s+4d)
RNNV, F, 2815g, IA 5/7/9
HNF 4h pós-CST
Sintrom® 24h pós-CST
6º dia PO: INR 3,3
Alta
Parto
Internamento 37s
Suspensão Sintrom®
Protocolo HNF
CST (37s+4d)
RNNV, F, 2770g, IA 9/10
HNF 4h pós-CST Sintrom® 24h pós-CST
2º dia PO: hematoma da histerorrafia (sob HNF+ACO).
AB + vigilância ecográfica.
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
20 anos,
Melanodérmica.
Natural Guiné Bissau
Institucionalizada
IO-0-0-0-0
Abril /2013:
1ª consulta:
IG: 21 sem.
Antecedentes:
Estenose mitral reumática
Fibrilhação auricular
Set./2010: AVC cardio-embólico
Hemiparésia esqª predomínio braquial
Abril/2012: Prótese mitral mecânica
Medicação: ACO (Sintrom®)
Sem Contraceção
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Caso Clínico III(Francisca)
Mantém Sintrom® Sem intervalo de segurança
Avaliação Fetal:
25+2: Ecografia Obstétrica
Sem anomalias
Fluxometria artérias uterinas: normal
Ecocardiograma fetal: normal
Avaliação Materna:
Ecocardiograma TT:
AE muito dilatada
VE com boa função
ICII NYHA
Bridging para HNF
Parto eutócico: 38 sem, RN
2590g
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Caso Clínico III (Francisca)
Final feliz Nasceu a Ester, 2590 g, IA: 8/9
The European Society of Cardiology 2011.
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Evento tromboembólico
Fibrilhação auricular
Prótese na posição mitral
>1 prótese valvular
↑↑Risco
tromboembólico
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Complicação grave e potencialmente fatal.
Biopróteses não necessitam de anticoagulação (na
ausência de outros fatores de risco tromboembólico)
⇒ Do ponto de vista hemodinâmico as mulheres com próteses
valvulares funcionais toleram bem a gravidez
Trombose da prótese
Complicações hemorrágicas
Maternas
Fetais
o Doses utilizadas
o Controlo da anticoagulação
Tipo de
Anticoagulação
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Grávida
Trombose Hemorragia
Feto
Embriopatia Hemorragia
Aborto Prematuridade
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
ACO
Risco de embriopatia e
malformações fetais
0.6-10% → Dicumarínicos
Desprezível →HNF e HBPM
Ris
co
de
Tro
mb
os
e d
a
pró
tese
3.9% ACO durante toda a gravidez
33% HNF durante toda gravidez 9.2 % HNF no 1º Trimestre
9% HBPM durante toda a gravidez 3.6% HBPM no 1º trimestre
HNF
HBPM Varfarina
≤ 5mg/d (2.6%)
> 5mg (8%)
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Na grávida com prótese valvular mecânica a ACO
com controlo apertado do INR parece ser o regime
mais seguro
Área com evidência limitada
► Dificuldade na realização de estudos randomizados
► Dados baseados em informação retrospetiva
► Desconhecido esquema ideal de anticoagulação
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Embriopatia da Varfarina ou Síndroma Congénito dos Cumarínicos
Período de maior vulnerabilidade: entre a 6ª e a 12ª semana de gestação.
Duas Anomalias mais frequentes
Hipoplasia do maciço facial médio (hipoplasia nasal)
Condroplasia punctata (“ponteado” das epífises e das vértebras)
Finkelstein e col. J Obstet Gynaecol Can 2005
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Exposição in utero a Antagonistas da Vitamina K
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Hipoplasia Nasal
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
Condroplasia Punctata
Objectivo: Evitar trombose da prótese e suas consequências
2. Opções:
Interromper ACO entre 6-12s
Iniciar HNF (dose ajustada ao aPTT)
Iniciar HBPM em dose terapêutica (dose ajustada ao factor anti-Xa – 0,8-1,2U/mL, 4-6h pós
administração
Manter ACO durante toda a gravidez (informação à doente)
1. ACO até se documentar gravidez
Ideal: Consulta pré- concecional
Envolver a doente na decisão
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica
1. Substituir ACO por HNF/HBPM a partir das 36s-37 s
2. Parar HNF 4-6h antes do parto e reiniciar 4-6h pós-parto
3. Via de parto
Parto vaginal é preferível
Em grávidas com risco trombótico elevado a CST
eletiva deve ser ponderada
4. Parto emergente
HNF/HBPM (Risco de hemorragia materna)
o Sulfato protamina
ACO (risco de hemorragia materna e fetal)
o Plasma fresco congelado (INR≤2)
o Vitamina K
o CST (para evitar hemorragia intracraniana fetal)
Anticoagulação em grávida com prótese mecânica