28532823 Analise de Composicoes Poeticas a Influencia

Embed Size (px)

Citation preview

Anlise de composies poticas - A influncia tradicional - A medida velha

Quem ora soubesse Onde o amor nasce, Que o semeasse.

Verdes so os campos da cor do limo assim so os olhos do meu corao.

Aquela cativa que me tem cativo, Porque nela vivo J no quer que viva.

Se Helena apartar Do campo seus olhos, Nascero abrolhos

Mote: Verdes so os campos da cor do limo assim so os olhos do meu corao. Voltas: Campo que te estendes com verdura bela; ovelhas que nela vosso pasto tendes: dervas vos mantendes que traz o Vero, e eu das lembranas do meu corao. Gado que paceis, co contentamento vosso mantimento no o entendeis; isso que comeis no so ervas , no: So graas dos olhos Do meu corao.

Est j presente a devoo amorosa e os elementos da Natureza. Destaca-se j a banalidade e trivialidade da inspirao potica.Os elementos buclicos esto presentes, reforando essa simplicidade e trivialidade.

Mote alheio

Verdes so os campos da cor do limo assim so os olhos do meu corao.

O sujeito potico comea por apresentar o ponto de partida para a criao potica: A semelhana entre a cor dos olhos da amada e a cor dos campos/ da Natureza.Estabelece uma comparao entre ambos. Os olhos representam a amada no seu todo (a parte pelo todo sindoque)

apresentado o destinatrio ou destinatrios deste lamento: Campo, Ovelhas e Gado. O sujeito potico dirige-se a estes elementos. Primeiro comea por invocar o campo verde que se estende de forma bela, mas passa logo de seguida para as ovelhas que esto to prximas dessa beleza verde. O sujeito potico deixa-lhes um recado, ao lembrar-lhes que, por um lado, elas se alimentam/ elas se mantm vivas por causa dessa verdura que o vero torna possvel, por outro lado o sujeito potico alimenta-se vive por causa das lembranas/ das memrias que tem da amada. Pressupomos, portanto uma relao dominada pela saudade, pela tristeza e pela nostalgia.

Voltas:

Campo que te estendes com verdura bela; ovelhas que nela vosso pasto tendes: dervas vos mantendes que traz o Vero, e eu das lembranas do meu corao.

Dirige-se agora ao Gado, no geral, que no tem conscincia da realidade do seu sofrimento. O sujeito potico de uma forma exagerada (hiprbole) assume a projeco da amada na Natureza, assumindo que, sem se dar conta, o gado come a graciosidade dos olhos da amada. Ao longo da cantiga temos uma comparao entre os olhos da amada e os campos que se vai tornando cada vez mais evidente aos olhos do sujeito potico. A repetio do advrbio de negao no transmite um tom de oralidade ao poema, e temos a certeza de que o sujeito potico est convencido desta projeco da amada na Natureza. No final da composio potica os campos no so como os campos (comparao) So os prprios campos verdes (metfora).

Gado que paceis, co contentamento vosso mantimento no o entendeis; isso que comeis no so ervas , no: So graas dos olhos Do meu corao

(10pts) 1 Que relao o sujeito potico estabelece entre os campos e a amada.Mote: Verdes so os campos da cor do limo assim so os olhos do meu corao. Voltas: Campo que te estendes com verdura bela; ovelhas que nela vosso pasto tendes: dervas vos mantendes que traz o Vero, e eu das lembranas do meu corao. Gado que paceis, co contentamento vosso mantimento no o entendeis; isso que comeis no so ervas , no: So graas dos olhos Do meu corao.

Os campos ponto de partida para a recordao da amada semelhana entre a cor dos campos e os olhos da natureza os campos alimentam/ do vida e a amada tambm mantm o sujeito vivo atravs das recordaes. projeco e posterior unio entre a amada e a Natureza.

(10pts) 2 A presena da cor importante na construo desta cantiga. Demonstra a sua importncia simblica.Mote: Verdes so os campos da cor do limo assim so os olhos do meu corao. Voltas: Campo que te estendes com verdura bela; ovelhas que nela vosso pasto tendes: dervas vos mantendes que traz o Vero, e eu das lembranas do meu corao. Gado que paceis, co contentamento vosso mantimento no o entendeis; isso que comeis no so ervas , no: So graas dos olhos Do meu corao.

Verde smbolo da Natureza, que o elemento de comparao com a amada; - Smbolo da esperana, uma vez que a separao causa sofrimento, h o desejo de reencontrar a amada.

(10pts) 3 Quais os sentimentos que dominam o sujeito potico ao longo da cantiga.Mote: Verdes so os campos da cor do limo assim so os olhos do meu corao. Voltas: Campo que te estendes com verdura bela; ovelhas que nela vosso pasto tendes: dervas vos mantendes que traz o Vero, e eu das lembranas do meu corao. Gado que paceis, co contentamento vosso mantimento no o entendeis; isso que comeis no so ervas , no: So graas dos olhos Do meu corao.

Apaixonado porque a natureza o faz recordar as caractersticas da amada

Nostlgico/ Saudoso vive de recordaes de passado e no de presente

Triste/Incompreendido/Apaixonado porque os outros, a natureza no o compreende; porque as saudades so muitas e tudo o que tem so recordaes

(10pts) 4 Observa as palavras Campo ovelhas Gado. Relaciona a sua utilizao com o tema da composio potica.Mote: Verdes so os campos da cor do limo assim so os olhos do meu corao. Voltas: Campo que te estendes com verdura bela; ovelhas que nela vosso pasto tendes: dervas vos mantendes que traz o Vero, e eu das lembranas do meu corao. Gado que paceis, co contentamento vosso mantimento no o entendeis; isso que comeis no so ervas , no: So graas dos olhos Do meu corao.

apresentado o destinatrio ou destinatrios deste lamento: Campo, Ovelhas e Gado. O sujeito potico dirige-se a estes elementos. Primeiro comea por invocar o campo verde que se estende de forma bela, mas passa logo de seguida para as ovelhas que esto to prximas dessa beleza verde. O sujeito potico deixa-lhes um recado, ao lembrar-lhes que por um lado elas se alimentam, elas se mantm vivas por causa dessa verdura que o vero torna possvel, por outro lado o sujeito potico alimenta-se/vive por causa das lembranas/ das memrias que tem da amada.

(15pts) 5 Este poema retoma aspectos caractersticos da poesia tradicional. Identifica-os.Mote: Ver//des// so// os //cam//pos Da// cor// do// li//mo assim so os olhos do meu corao. Voltas: Campo que te estendes com verdura bela; ovelhas que nela vosso pasto tendes: dervas vos mantendes que traz o Vero, e eu das lembranas do meu corao. Gado que paceis, co contentamento vosso mantimento no o entendeis; isso que comeis no so ervas , no: So graas dos olhos Do meu corao.

Formal : Cantiga / redondilha menor (5 slabas mtricas) mote: quatro versos voltas com oito versos repetio do ltimo verso do mote no final de cada volta Contedo: Saudade elogio beleza da amada as caractersticas da mulher : os olhos claros a graciosidade 0 bucolismo: a natureza, os campos, as ervas, as ovelhas, o gado, o pasto a simplicidade, trivialidade e banalidade dos elementos que esto na base da inspirao potica: os campos verdes

(15pts) 6 Apresenta a Parfrase da ltima volta. Identificando e clarificando a inteno do recurso expressivo presente nos ltimos quatro versos.Mote:Verdes so os campos da cor do limo assim so os olhos do meu corao. Voltas: Campo que te estendes com verdura bela; ovelhas que nela vosso pasto tendes: dervas vos mantendes que traz o Vero, e eu das lembranas do meu corao.

Dirige-se agora ao Gado, no geral, que no tem conscincia da realidade do seu sofrimento. O sujeito potico de uma forma exagerada (hiprbole) assume a projeco da amada na Natureza, assumindo que, sem se dar conta, o gado come a graciosidade dos olhos da amada. Ao longo da cantiga temos uma comparao entre os olhos da amada e os campo que se vai tornando cada vez mais evidente aos olhos do sujeito potico. A repetio do advrbio de negao no transmite um tom de oralidade ao poema, e temos a certeza de que o sujeito potico est convencido desta projeco da amada na Natureza. No final da composio potica os campos no so como os campos (comparao) So os prprios campos verdes (metfora).

Gado que paceis, co contentamento vosso mantimento no o entendeis; isso que comeis no so ervas , no: So graas dos olhos Do meu corao.

(20pts) 1 - Organiza as temticas recorrentes na poesia de influncia tradicional, exemplificando com os versos acima apresentados.A Pretos os cabelos Onde o povo vo perde opinio Que os louros so belos

B

C Os ventos serena, To linda que o mundo espanta Faz claras de abrolhos O ar dos seus olhos. E de amor, To doce a figura, Que a neve lhe jura que trocou a cor.Pretido

D Presena serena Que a tormenta amansa

F Mais branca que a neve pura() Cabelos de ouro o tranado.

O modelo de mulher correspondia mulher loura, mas em Cames h muitas vezes a dvida, aalterao dos padres habituais. ( A ) Serenidade no perfil psicolgico (D e C) A presena da anttese, por um lado est presente a inquietao, por outro lado est presente a serenidade. (D) A beleza da mulher sempre enaltecida, dando muitas vezes origem hiprbole. (B) A brancura da pele sempre motivo para a metfora e smbolo da sua pureza e simplicidade. Novamente as dvidas e contradies do sujeito potico. (E) A amada um agente transformador da natureza supra-humano, divinizado, capaz de fazer coisas que a maioria dos mortais no consegue. (C) Alm da brancura e dos cabelos louros, ainda se acrescenta a metfora constante, recorrendo aos metais preciosos (ouro e prata) construindo-se assim um retrato ainda mais valorativo. (D)

(20pts) 2.1 - Clarifica as afirmaes e exemplifica com a anlise dos versos que se seguem:2 - A experincia do humanista, a experincia amorosa e a experincia de vida colocam Cames perante uma constatao: a de que o mundo, a realidade, absurda e domina o desconcerto. Esta constatao deixou marcas amargas em poemas de revolta, queixa, desengano, perplexidade angustiada.In Amlia Pinto Pais, Eu cantarei de amor Lrica de Lus de Cames.

Cames foi um humanista, viajou e conheceu o mundo humanismo alimenta a capacidade nas capacidades humanas; valorizao da razo e do juzo crtico certificao da verdade atravs da experimentao desenvolve a capacidade de conhecer o mundo de o questionar e de reflectir sobre os comportamentos humanos.

No primeiro excerto, conclui que omundo vive em desconcerto, pois o trabalho deveria levar ao mrito e honra, o que no acontece.

Todo o trabalho bem Promete gostoso fruito, Mas os trabalhos, que vm Para quem dita(1) dita no tem, Valem pouco e custam muito. (1) Boa fortuna, felicidade

Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos; E, para mais mespantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos.

No segundo excerto, conclui que omundo vive em desconcerto, pois a bondade deve ser premiada e no . A maldade deve ser castigada e tambm no .

Aquela cativa que me tem cativo, Porque nela vivo J no quer que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que pera meus olhos Fosse mais fermosa. Nem no campo flores, Nem no cu estrelas Me parecem belas Como os meus amores. Rosto singular Olhos sossegados Pretos e cansados, Mas no de matar. ua graa viva, Que neles lhe mora, Pera ser senhora de quem cativa. Pretos os cabelos, Onde o povo vo Perde a opinio Que os louros so belos

Pretido de amor, To doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocara a cor. Leda mansido Que o siso acompanha; Bem parece estranha Mas brbara no. Presena serena Que a tormenta amansa; Nela, enfim descansa Toda a minha pena. Esta a cativa Que me tem cativo, E, pois nela vivo, fora que viva.

Aquela cativa que me tem cativo Porque nela vivo J no quer que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que pera meus olhos Fosse mais fermosa.

O sujeito potico comea com um jogo de palavras: cativo/cativa que sugestivo da escravido amorosa do sujeito potico. Se por um lado Brbara escrava/cativa (socialmente), o sujeito potico tambm o . escravo do seu amor. O sujeito potico faz um elogio beleza da amada, construindo j a tradicional hiprbole, onde superioriza a amada.

Os elementos da Natureza so os escolhidos para ajudar a descrever a beleza da amada

Nem no campo flores, Nem no cu estrelas Me parecem belas Como os meus amores. Rosto singular Olhos sossegados Pretos e cansados, Mas no de matar.

Comparativamente com as flores e/ou as estrelas, a sua amada muito mais bela. Note-se que todo o elogio pessoal, ou seja, parece ao sujeito potico que a sua amada tem uma beleza incomparvel beleza da grandiosidade da Natureza. Est presente uma comparao.

O rosto da amada no um rosto banal, singular/diferente/nico, ou seja no corresponde aos padres habituais.

Mais uma vez o sujeito potico joga com as palavras e diz que ela est cansada, mas no de matar de amor, no de seduzir e de inspirar paixes.

Mais uma vez, os olhos so apresentados como um espelho da alma, neste caso esto sossegados, o que mais uma vez refora a ideia da calma e serenidade que caracterizava as mulheres da lrica camoniana. Mas logo de seguida, apresenta caractersticas que se opem ao modelo de mulher: olhos pretos e cansados, ou seja, olhos escuros e doridos do trabalho duro.

Antecedente olhos O reforo da graciosidade da mulher contnuo e assemelha-se ao modelo de mulher. Mais uma vez se joga com as palavras senhora e cativa, reforando a ideia de que apesar de ser cativa/escrava, domina, senhora dos coraes apaixonados.

ua graa viva, Que neles lhe mora, Pera ser senhora de quem cativa. Pretos os cabelos, Onde o povo vo Perde a opinio Que os louros so belos.

O povo vo, ou seja, a opinio geral e pouco acertada de que os cabelos louros que so belos. O sujeito potico pe em causa o modelo da poca e substitui-o por outro.

Pretido de amor, To doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocara a cor. Leda mansido Que o siso acompanha; Bem parece estranha Mas brbara no.

Inicia esta oitava com uma apstrofe mulher amada, pondo em destaque precisamente as caractersticas que se opem ao modelo de mulher da poca, Mas logo se sucedem caractersticas psicolgicas que se adequam ao modelo: Doura, leda mansido, siso. Toda esta descrio pode parecer diferente, mas no agressiva, ofensiva (brbara).

Presena serena Que a tormenta amansa; Nela, enfim descansa Toda a minha pena. Esta a cativa Que me tem cativo. E, pois nela vivo, fora que viva.

Novamente o reforo da serenidade. E tambm a presena da anttese, que pe em destaque as contradies amorosas e os conflitos de opinio. O sujeito potico encaminha para uma concluso todo este elogio, dizendo que nela se concentra a sua inspirao potica e sofrimento potico (pena).

Aquela cativa que me tem cativo, Porque nela vivo J no quer que viva.Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que pera meus olhos Fosse mais fermosa. Em no campo flores, Nem no cu estrelas Me parecem belas Como os meus amores. Rosto singular Olhos sossegados Pretos e cansados, Mas no de matar. ua graa viva, Que neles lhe mora, Pera ser senhora de quem cativa. Pretos os cabelos, Onde o povo vo Perde a opinio Que os louros so belos

Aquela implica um distanciamento, pois o sujeito potico ainda no apresentou a personagem. Esta implica proximidade, pois agora as caractersticas desta personagem so conhecidas.

Pretido de amor, To doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocara a cor. Leda mansido Que o siso acompanha; Bem parece estranha Mas brbara no. Presena serena Que a tormenta amansa; Ela, enfim descansa Toda a minha pena.

Esta a cativa Que me tem cativo. E, pois nela vivo, fora que viva.

A escrava contraria o modelo de mulher renascentista pelas suas caractersticas fsicas que fogem ao pr-estabelecido: loiro, olhos claros, pele branca.

A sua serenidade, sensatez, calma e forma distante j se inscrevem nesse modelo.

Se Helena apartar Do campo seus olhos, Nascero abrolhosVoltas: A verdura amena Gados que pasceis Sabei que a deveis Aos olhos de Helena. Os ventos serena, Faz flores de abrolhos O ar de seus olhos. Faz serras floridas, Faz claras as fontes; Se isto faz nos montes, Que far nas vidas? Tr-las suspendidas Como ervas em molhos, na luz de seus olhos. Os coraes prende Com graa inumana De cada pestana Ua alma lhe pende. Amor se lhe rende E, posto em giolhos, Pasma nos seus olhos.

Se Helena apartar Do campo seus olhos, Nascero abrolhos.

No mote, o sujeito potico deixa evidente que os olhos de Helena irradiam uma luz especial, de origem divina, inumana capaz de transfigurar a Natureza, transformando-a de forma bela.

Est presente o universo buclico, onde a Natureza o cenrio da aco da mulher e do seu elogio.

Voltas: A verdura amena Gados que pasceis Sabei que a deveis Aos olhos de Helena. Os ventos serena, Faz flores de abrolhos O ar de seus olhos. Faz serras floridas, Faz claras as fontes;

Continuam a estar presentes os elementos da Natureza e so o destinatrio da mensagem do sujeito potico. Est presente uma anstrofe, que refora a aco dos olhos de Helena. ( Gado que pasceis, sabei que deveis a verdura amena aos olhos de Helena).

(Outro caso de inverso da ordem natural: o ar de seus olhos faz flores de abrolhos)O sujeito potico parece querer tornar claro para o gado que este deve tudo capacidade que os olhos de Helena tm de transmutar a Natureza. Esta aco est reforada quer pela utilizao de verbos, quer pela utilizao de adjectivao e adjectivo anteposto,

Anfora Faz Refora o sentido transformador. Sem o seu olhar nada existiria.

------------------------------------------------------Se isto faz nos montes, Que far nas vidas? Tr-las suspendidas Como ervas em molhos, na luz de seus olhos.

Os dois primeiros versos desta volta completam a primeira parte do vilancete: A aco dos olhos de Helena na Natureza Agora inicia-se a segunda parte: A aco dos olhos de Helena nas vidas humanas.

Esta segunda parte comea com uma questo retrica que nos leva a reflectir sobre os efeitos que esta mulher ter nos humanos. Logo de seguida, o sujeito potico responde a esta questo, com uma comparao. Conclui que tambm as almas humanas esto dependentes dela.

Os coraes prende Com graa inumana De cada pestana Ua alma lhe pende. Amor se lhe rende E, posto em giolhos, Pasma nos seus olhos.

Helena uma figura graciosa, inatingvel, espiritualizada, pertencente a um outro mundo, onde a matria se suspende e de si depende. O amor que inspira um amor espiritualizado, inefvel.

At o amor lhe presta vassalagem.

Mote Quem ora soubesse Onde o amor nasce, Que o semeasse. Voltas: DAmor e seus danos Me fiz lavrador; Semeava amor E colhia enganos; No vi em meus anos, Homem que apanhasse O que semeasse. Vi terra florida De lindos abrolhos, Lindos para os olhos, duros para a vida; Mas a rs(1) perdida Que tal erva pace(2) Em forte hora nace.

Com quanto perdi, Trabalhava em vo; Se semeei gro Grande dor colhi. Amor nunca vi Que muito durasse, Que no magoasse. Lus de Cames

Mote Quem ora soubesse Onde o amor nasce, Que o semeasse.

O sujeito potico utiliza o Pretrito Imperfeito do Conjuntivo para expressar as suas dvidas e os seus conselhos.

O sujeito potico comea por lanar uma questo, uma dvida para o ar. Ele diz que se algum conhece o terreno frtil do amor deveria plant-lo. O sujeito potico inicia aqui esta metfora que aproxima o amor de uma cultura que necessita terreno especial, ou seja cuidados especiais.

D Amor e seus danos Me fiz lavrador; Semeava amor E colhia enganos; No vi em meus anos, Homem que apanhasse O que semeasse.

O sujeito potico conta que se tornou lavrador de amor. Inicia aqui uma metfora que se ir prolongar ao longo de todo o texto: Todo este processo de colher, nascer, cuidar e colher est presente como a metfora de sentir amor de o alimentar e conduzir ao longo da vida. Os aspectos da Natureza dominam completamente a metfora em construo. O sujeito potico afirma que ao longo da vida semeou amor, mas s colheu enganos, ou seja faz aluso a um amor infeliz e sofrido.

Por fim refere que, partindo da sua experincia pessoal, nunca viu ningum que apanhasse o que recolheu , ou seja nunca ningum foi verdadeiramente feliz no amor.

Vi terra florida De lindos abrolhos, Lindos para os olhos, duros para a vida; Mas a rs(1) perdida Que tal erva pace(2) Em forte hora nace.

O sujeito potico recorda que j teve momentos felizes, porm momentos contraditrios: Por um lado eram lindos, por outro eram duros, porque levavam ao sofrimento . Constri-se uma anttese, pois os abrolhos no so plantas bonitas, pelo contrrio, tm picos , ou seja, representam aqui uma iluso e um perigo de sofrimento.

A rs perdida representa aqui o Homem que se alimenta de tal erva, ou seja, do amor ilusrio. Destaca-se tambm o facto deste amor (erva) nascer forte/ intenso e condenar o homem.

Com quanto perdi, Trabalhava em vo; Se semeei gro Grande dor colhi. Amor nunca vi Que muito durasse, Que no magoasse.Lus de Cames

Aliterao

O investimento, a dedicao, o trabalho que este lavrador (homem) dedicou sementeira ( ao amor) foi em vo, ou seja foi intil, porque a nica coisa que colheu foi dor e sofrimento.

Anfora

O sujeito potico conclui a metfora, tornando-a clara nos ltimos trs versos onde diz que nunca conheceu um Amor que perdure e que no conduza ao sofrimento.

(15pts) 1 Logo na primeira volta o sujeito potico apresenta-se metaforicamente. Justifica a afirmao.O sujeito potico inicia esta metfora que aproxima o amor de uma cultura que necessita terreno especial, ou seja cuidados especiais.

D Amor e seus danos Me fiz lavrador; Semeava amor E colhia enganos; No vi em meus anos, Homem que apanhasse O que semeasse.

O sujeito potico conta que se tornou lavrador de amor. Inicia aqui uma metfora que se ir prolongar ao longo de todo o texto: Todo este processo de colher, nascer, cuidar e colher est presente como a metfora de sentir amor, de o alimentar e conduzir ao longo da vida. Os aspectos da Natureza dominam completamente a metfora em construo.

O sujeito potico afirma que ao longo da vida semeou amor, mas s colheu enganos, ou seja faz aluso a um amor infeliz e sofrido.

Mote Quem ora soubesse Onde o amor nasce, Que o semeasse. Voltas: DAmor e seus danos Me fiz lavrador; Semeava amor E colhia enganos; No vi em meus anos, Homem que apanhasse O que semeasse. Vi terra florida De lindos abrolhos, Lindos para os olhos, duros para a vida; Mas a rs(1) perdida Que tal erva pace(2) Em forte hora nace.

(15pts) 2 Este texto uma reflexo pessoal. Justifica a afirmao e apresenta o possvel destinatrio deste vilancete.O sujeito potico comea por lanar uma questo, uma dvida para o ar. Ele diz que se algum conhece o terreno frtil do amor deveria plant-lo.

Tudo isto uma reflexo pessoal, porque o sujeito potico recorre sua experincia pessoal para tirar concluses. Isto ele vai contando o que fez, o que semeou, o que colheu, o que viu, o que perdeu, o que trabalhou, e a que concluses chega: o amor conduz sempre ao sofrimento

Com quanto perdi, Trabalhava em vo; Se semeei gro Grande dor colhi. Amor nunca vi Que muito durasse, Que no magoasse. Lus de Cames

Mote Quem ora soubesse Onde o amor nasce, Que o semeasse. Voltas: D Amor e seus danos Me fiz lavrador; Semeava amor E colhia enganos; No vi em meus anos, Homem que apanhasse O que semeasse. Vi terra florida De lindos abrolhos, Lindos para os olhos, duros para a vida; Mas a rs(1) perdida Que tal erva pace(2) Em forte hora nace.

(10pts) 3 Quais os efeitos e caractersticas do Amor? Justifica, fazendo o levantamento de palavras que o comprovam. Efeitos:Danos Sofrimento Desiluso Dor magoa

Caractersticas:Enganoso Ilusrio Contraditrio Forte/intenso Exigente

Com quanto perdi, Trabalhava em vo; Se semeei gro Grande dor colhi. Amor nunca vi Que muito durasse, Que no magoasse. Lus de Cames

O Amor apenas uma iluso, cria expectativas, alimenta as esperanas, mas no final acaba sempre por levar ao sofrimento e desiluso. tambm forte e exigente, pois quando surge intenso e arrebatador, e todo o apaixonado deve trabalhar, ou seja empenhar-se nesta tarefa.

Mote Quem ora soubesse Onde o amor nasce, Que o semeasse. Voltas: D Amor e seus danos Me fiz lavrador; Semeava amor E colhia enganos; No vi em meus anos, Homem que apanhasse O que semeasse. Vi terra florida De lindos abrolhos, Lindos para os olhos, duros para a vida; Mas a rs(1) perdida Que tal erva pace(2) Em forte hora nace.

(15pts) 4 Este poema retoma aspectos caractersticos da poesia tradicional. Identifica-os. Formal : vilancete / redondilha menor (5 slabas mtricas) mote: trs versos voltas com sete versos repetio do ltimo verso do mote no final de cada volta Contedo: 0 bucolismo: a natureza, os campos, o lavrador, a sementeira, o gado, o pasto

Com quanto perdi, Trabalhava em vo; Se semeei gro Grande dor colhi. Amor nunca vi Que muito durasse, Que no magoasse. Lus de Cames

a simplicidade, trivialidade e banalidade dos elementos que esto na base da inspirao potica: a sementeira. o sofrimento amoroso e a submisso amorosa. A coita de amor.

Mote Quem ora soubesse Onde o amor nasce, Que o semeasse. Voltas: D Amor e seus danos Me fiz lavrador; Semeava amor E colhia enganos; No vi em meus anos, Homem que apanhasse O que semeasse. Vi terra florida De lindos abrolhos, Lindos para os olhos, duros para a vida; Mas a rs(1) perdida Que tal erva pace(2) Em forte hora nace.

(15pts) 5 Apresenta a Parfrase da ltima volta. Identificando e clarificando a inteno do recurso expressivo presente nos ltimos quatro versos. O investimento, a dedicao, o trabalho que este lavrador (homem) dedicou sementeira ( ao amor) foi em vo, ou seja foi intil, porque a nica coisa que colheu foi dor e sofrimento. O sujeito potico conclui a metfora, tornando-a clara nos ltimos trs versos onde diz que nunca conheceu um Amor que perdure e que no conduza ao sofrimento.

Com quanto perdi, Trabalhava em vo; Se semeei gro Grande dor colhi. Amor nunca vi Que muito durasse, Que no magoasse.Lus de Cames

Quem ora soubesse Onde o amor nasce, Que o semeasse.

Verdes so os campos da cor do limo assim so os olhos do meu corao.

Fim

Aquela cativa que me tem cativo, Porque nela vivo J no quer que viva.

Maria de Lurdes Augusto - 2010

Se Helena apartar Do campo seus olhos, Nascero abrolhos