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CONHECIMENTO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PIAUÍ Campus Teresina Zona Sul Diretoria de Ensino Coordenação do Curso de Licenciatura Plena em Informática Disciplina: Metodologia Científica Módulo: I Professora: Gilcelene de Brito Ribeiro

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  • CONHECIMENTO

    INSTITUTO FEDERAL DE

    EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA

    PIAU

    Campus Teresina Zona Sul

    Diretoria de Ensino Coordenao do Curso de Licenciatura Plena em

    Informtica

    Disciplina: Metodologia Cientfica

    Mdulo: I

    Professora: Gilcelene de Brito Ribeiro

  • 1 O QUE CONHECIMENTO Segundo Johannes Hessen, conhecimento uma relao de

    apropriao ou aproximao que se estabelece entre dois elementos principais:

    O sujeito cognoscente;

    O objeto conhecido.

    Nessa relao, a principal caracterstica a existncia de uma determinao do sujeito pelo objeto a ser conhecido.

    O conhecimento se refere:

    Ao ato de conhecer os objetos (exteriores ou interiores

    mente)

    Ao produto desse ato (o conjunto de saberes produzidos)

  • 2. PROBLEMAS DA TEORIA DO CONHECIMENTO

    A Teoria do Conhecimento a disciplina ou rea da Filosofia em que so feitas reflexes sobre o ato de conhecer e sobre os pressupostos envolvidos nesse ato.

    Alguns dos problemas investigados nessa rea so:

    o conhecimento sensorial ou sensao e percepo;

    memria e a imaginao;

    o conhecimento intelectual;

    a ideia de verdade e falsidade;

    a ideia de iluso e realidade;

    formas de conhecer o espao e o tempo;

    diferena entre conhecimento vulgar, mtico, cientfico, filosfico, teolgico, etc.

  • 2. PROBLEMAS DA TEORIA DO CONHECIMENTO

    Esses problemas podem ser reunidos nas questes abaixo:

    As fontes do conhecimento

    A possibilidade do conhecimento

    A essncia do conhecimento: a relao sujeito objeto

    O problema da verdade

  • 2. 1 AS FONTES DO CONHECIMENTO

    A primeira pergunta que se faz a respeito do conhecimento : como ele comea?, ou o que o provoca?

    Dependendo do modo como se responde a essa pergunta, teremos as principais correntes da teoria do conhecimento.

    Vejamos os exemplos dos juzos abaixo:

    O sol aquece a rocha

    A gua ferve a 100oC

    A Revoluo Francesa ocorreu em 1789

    A soma dos ngulos internos do tringulo retngulo de 180o.

    Em que bases formulamos essas afirmaes?

  • 2. 1 AS FONTES DO CONHECIMENTO

    Para o Empirismo, chegamos quelas constataes pela experincia de sentir (pelo tato, viso, audio, olfato) que a rocha se encontra aquecida na presena da luz do sol, por exemplo. Nesta corrente, a experincia sensvel a fonte determinante de nosso conhecimento.

    O Empirismo sustenta o lema de que Nada est no intelecto que no tenha passado antes pelos sentidos (nihil est in intellectu, quod prius non fuerit in sensu)

    Representantes: Sofistas (sc. VI e V a. C.) , Esticos (sc. IV a. C.) Epicuristas (sc. IV a. C.) , John Locke (1632-1704), David Hume (1711-1776), George Berkeley (1685-1753), John Stuart Mill (1806-1873).

    Locke Hume

    2. 1.1 O EMPIRISMO

  • 2. 1 AS FONTES DO CONHECIMENTO

    Para o Racionalismo, chegamos aos juzos acrescentando uma relao causal entre a luz solar e o fenmeno do aquecimento da rocha, no caso do primeiro exemplo.

    Para esta corrente, a fonte do conhecimento a razo, a capacidade humana de formular juzos que no esto presentes na experincia e so possveis somente como abstraes do raciocnio.

    O Racionalismo modifica o lema empirista, acrescentando: Nada est no intelecto que no tenha passado antes pelos sentidos, a no ser a prpria inteligncia (nihil est in intellectu, quod prius non fuerit in sensu, nisi intellectus ipse)

    Representantes: Plato (437-348 a. C.), Santo Agostinho (354-430), Nicolas Malebranche (1638-1715), Ren Descartes (1596-1650), Gottfried Leibniz (1646-1716), Karl Popper (1902-1994).

    Descartes Leibniz Popper

    Santo Agostinho

    2.1.2 O RACIONALISMO

  • 2. 1 AS FONTES DO CONHECIMENTO

    O Apriorismo ou Criticismo considera que tanto a experincia quanto a razo so fontes do conhecimento:

    O conhecimento possui elementos empricos, que fornecem os contedos para a elaborao, e elementos apriorsticos, que existem anteriormente dos contedos sensveis.

    Esses elementos apriorsticos so as categorias e os conceitos, que do sentido s experincias e as tornam inteligveis.

    2.1.3 O CRITICISMO

    O Criticismo afirma que "conceitos sem intuies so vazios; intuies sem conceitos so cegas".

    Seu principal representante Immanuel Kant (1724-1804)

    Kant

  • CATEGORIAS KANTIANAS ANALTICA TRANSCENDENTAL

    CLASSIFICAES TIPOS DE

    JUZO ESTRUTURA

    LGICA CATEGORIA

    Quanto quantidade

    Universais

    Particulares

    Singulares

    Todo A B

    Algum A B

    Somente um A B

    Unidade

    Pluralidade

    Totalidade

    Quanto

    qualidade

    Afirmativos

    Negativos

    Indefinidos

    A B

    A no B

    A um no B

    Realidade

    Negao

    Limitao

    Quanto

    relao

    Categricos

    Hipotticos

    Disjuntivos

    A B

    Se C D, A B

    A B ou C

    Substncia/ acidente

    Causa/ efeito

    Ao recproca

    Quanto modalidade

    Problemticos

    Assertrios

    Apodticos

    A provavelmente B

    A efetivamente B

    A necessariamente B

    Possibilidade

    Existncia

    Necessidade

  • As categorias kantianas

  • As categorias kantianas

  • 2. 2 A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO

    Uma outra questo da teoria do conhecimento quanto possibilidade que temos de conhecer as coisas, se podemos atingir a certeza, ou se nossa conscincia nunca ser capaz de compreender inteiramente a realidade.

    Dependendo da resposta que se d a essa pergunta, temos o dogmatismo, o ceticismo, o subjetivismo, o relativismo, o pragmatismo e o criticismo.

  • 2. 2 A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO

    a corrente que defende que possvel atingirmos a verdade absoluta sobre objetos e fatos.

    O dogmatismo no interpreta o conhecimento como um problema, pois pressupe que o contato entre sujeito e objeto auto-evidente.

    Essa corrente no entende o conhecimento como uma relao entre sujeito e objeto, mas como uma espcie de espelhamento que o sujeito faria da realidade sem nenhuma interferncia significativa de sua subjetividade.

    Os principais representantes dessa corrente so os filsofos Ren Descartes e Gottfried Leibniz, partidrios de um dogmatismo metafsico, isto , que no questiona a capacidade da razo humana de conhecer as coisas.

    2.2.1 Dogmatismo

  • 2. 2 A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO

    uma corrente que afirma que a razo no tem capacidade de conhecer verdadeiramente as coisas.

    O ctico nega que o contato sujeito-objeto seja possvel.

    O homem deve, portanto, rejeitar a certeza e suspender o juzo (epokh) sobre as coisas, duvidando constantemente de tudo.

    O ceticismo prioriza o ponto de vista do sujeito no processo de conhecimento, desprezando o peso que o objeto tem nesse processo.

    H vrias formas de ceticismo, desde o mais radical at o ceticismo mitigado.

    Este ltimo afirma que embora no tenhamos condies de classificar um juzo como verdadeiro, poderamos consider-lo mais ou menos verossmil.

    Os principais representantes do ceticismo epistemolgico so: Pirro de lis (360-270 a. C.) Michel de Montaigne (1533-1592) David Hume

    2.2.2 Ceticismo

  • 2. 2 A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO

    2.2.6 Criticismo

    O criticismo uma postura terica que procura se desviar dos excessos do dogmatismo e da auto-contradio do ceticismo.

    Ele compartilha com o dogmatismo a crena na capacidade da razo de conhecer a realidade, e assume a contribuio do ceticismo reconhecendo que h limites para o que se pode conhecer efetivamente.

    O criticismo uma postura de anlise e questionamento permanente faculdade do juzo.

    Kant foi o mais importante sistematizador dessa postura, afirmando que o criticismo o mtodo filosfico que

    investiga tanto a fonte de suas afirmaes e objees quanto os fundamentos sobre os quais repousam; um mtodo que nos d a esperana de atingir a certeza.

  • 2. 3 A ESSNCIA DO CONHECIMENTO: SOBRE A RELAO SUJEITO OBJETO

    Se o conhecimento uma relao entre um sujeito e um objeto, o principal problema da teoria do conhecimento : como acontece a relao entre o sujeito e o objeto?

    Esse questionamento concentra-se principalmente em descobrir se um desses elementos determinante para o conhecimento, e qual deles seria.

    H trs grandes grupos de solues para esse problema:

    SOLUO PR-METAFSICA

    SOLUO METAFSICA OU ONTOLGICA

    SOLUO TEOLGICA OU ABSOLUTA

    No se preocupa em definir ontologicamente (definir a existncia) do sujeito ou do objeto.

    Essa resposta inclui uma definio sobre a existncia dos objetos.

    Baseia a relao sujeito-objeto nos princpios fundamentais de todas as coisas, princpios que definem a relao entre o ser e o pensamento.

    OBJETIVISMO IDEALISMO MONISMO/ PANTESMO

    SUBJETIVISMO REALISMO DUALISMO/ TESMO

    FENOMENALISMO

  • 2. 3 A RELAO SUJEITO OBJETO

    Afirma que o elemento decisivo na relao de conhecimento o objeto.

    O objeto determina o sujeito, pois so as caractersticas do objeto que fundamentaro os juzos formulados pelo sujeito.

    A filosofia platnica defensora do objetivismo, ao afirmar que as ideias so realidades objetivas e formam a base de todo o conhecimento.

    As ideias formam um mundo objetivo, que se revela ao pensamento.

    A Fenomenologia de E. Husserl tambm um objetivismo, pois nossas intuies intelectuais percebem as essncias universais das coisas, que compem um mbito prprio.

    2.3.1 Objetivismo

  • 2. 3 A RELAO SUJEITO OBJETO

    Afirma que o centro do processo de conhecimento o sujeito, ou a sua conscincia.

    O sujeito determinante do conhecimento pode ser transcendente ou lgico.

    O sujeito transcendente uma conscincia na qual reside a verdade das coisas e da qual a conscincia humana extrai a verdade no processo de conhecimento. Para Agostinho, essa conscincia superior a conscincia divina.

    J o sujeito lgico, defendido pelo neokantismo, a conscincia geral, guiada pelas leis do pensamento, pelas quais o sujeito define e conhece os objetos.

    Nesse aspecto, o sujeito produz os objetos, e a realidade depende do pensamento.

    2.3.2 Subjetivismo

  • 2. 3 A RELAO SUJEITO OBJETO

    Afirma que a realidade existe independentemente do sujeito.

    O realismo ingnuo afirma que a percepo que a conscincia tem dos objetos coincide com os prprios objetos.

    As propriedades ou qualidades que percebemos nas coisas esto fixadas nelas mesmas, no so elaboraes de nossa conscincia.

    J o realismo natural orienta-se por reflexes epistemolgicas, deixando de identificar a percepo com o objeto, mas ainda atribuindo as qualidades percebidas s prprias coisas.

    Por fim, para o realismo crtico, nem todas as propriedades que apreendemos pelos sentidos podem ser atribudas automaticamente aos objetos.

    Essas propriedades dependem dos sentidos, e do estmulo dos objetos sobre eles.

    2.3.3 Realismo

  • 2. 3 A RELAO SUJEITO OBJETO

    Segundo essa posio, no h coisas reais independentes da conscincia.

    S h os objetos existentes na conscincia (representaes, intuies, sentimentos) e os objetos ideais (objetos da lgica e da matemtica).

    O idealismo subjetivo ou psicolgico afirma que toda a realidade est na conscincia do sujeito, e nossas sensaes formam os contedos da conscincia. Os objetos existem quando so percebidos (Berkeley: esse = percipi)

    J o idealismo objetivo ou lgico afirma que os contedos da conscincia so pensamentos e juzos, expressos na conscincia cientfica. A conscincia constri os objetos atravs de conceitos.

    2.3.4 Idealismo

  • 2. 3 A RELAO SUJEITO OBJETO

    a teoria segundo a qual no conhecemos as coisas em sua essncia, mas apenas no modo como elas aparecem para a conscincia (os fenmenos).

    O fenomenalismo admite a existncia das coisas, mas limita o nosso conhecimento s aparncias, s coisas sobre as quais nossa conscincia pode criar conceitos e formular juzos.

    O fenomenalismo afirma que nosso conhecimento dos fenmenos s possvel pela aplicao de categorias a priori do entendimento.

    2.3.5 Fenomenalismo

  • 2. 3 A RELAO SUJEITO OBJETO

    So trs as proposies bsicas do fenomenalismo, representado por Kant:

    1) A coisa-em-si (essncias das coisas) inalcanvel;

    2) Nosso conhecimento limita-se ao mundo dos fenmenos (fenomnico)

    3) O mundo dos fenmenos acessvel nossa conscincia porque utilizamos as formas a priori da intuio e do entendimento para organiz-lo.

    2.3.5 Fenomenalismo

  • 2. 3 A RELAO SUJEITO OBJETO

    Segundo essa corrente, o sujeito e o objeto so uma unidade, dois lados de uma s realidade, que o esprito.

    O pensamento de Espinosa baseia-se na ideia de substncia, que possui dois atributos: pensamento e extenso.

    O pantesmo encontra-se na afirmao de que a unidade entre sujeito e objeto corresponde unidade entre a natureza e o esprito.

    2.3.6 Monismo/ pantesmo

  • 2. 3 A RELAO SUJEITO OBJETO

    Para essa posio, a dualidade entre sujeito e objeto est baseada na dualidade metafsica (de existncia).

    Sujeito e objeto so duas realidades distintas, embora tenham sido criadas por uma divindade consciente.

    O pensamento e a realidade, assim como o sujeito e o objeto, so coordenados pela divindade criadora.

    2.3.7 - Dualismo/ tesmo

  • 2. 4 O PROBLEMA DA VERDADE

    2.4.1 Conceito de verdade

    2.4.1.1 Conceito transcendente

    A verdade a correspondncia do pensamento com os objetos encontrados na realidade

    2.4.1.2 Conceito imanente

    A verdade a correspondncia do pensamento consigo mesmo, a coerncia interna dos juzos entre si e destes com as leis do pensamento.

  • 2. 4 O PROBLEMA DA VERDADE

    So as condies a serem preenchidas pelas

    proposies para que elas sejam consideradas verdadeiras.

    Critrios lgicos: ausncia de contradio, concluses decorrentes das premissas.

    Critrios no-lgicos: evidncia emprica, evidncia sensvel ou intuitiva, certeza subjetiva, crena justificada, validade universal dos enunciados, consenso.

    2.4.2 Critrios de verdade

  • DISCUSSO DO TEMA

    Apresente os principais problemas e as principais correntes da teoria do conhecimento quanto aos temas abaixo:

    a) A origem do conhecimento;

    b) A possibilidade de conhecer;

    c) Como acontece a relao entre sujeito e objeto

    d) O critrio de verdade do conhecimento

  • BIBLIOGRAFIA

    ABBAGNANO, Nicola; Dicionrio de filosofia. 2. ed. Zahar, Rio de Janeiro, 2007.

    HESSEN, Johannes. Teoria do Conhecimento. Traduo de Joo Verglio Gallerani Cuter. So Paulo: Martins Fontes, 1999.

    JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionrio Bsico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.