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Producãowww.clubeprodutores.sonae.pt
Edição quadrimestral · Nº 1 de 2009
.31
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RO
Central de Frutas do Painho
No berço da Pêra Rocha do Oeste
Pág.10
Flor de Cardo... ou a paixão pelo Queijo
de Azeitão
Pág.14
ED
IÇÃ
O
Crise – Desafio e Oportunidade Começou pelo sistema financeiro mas rapidamente atingiu o consumo privado afectando empre-sas de todos os sectores de actividade – crise. Para muitas famílias, o desemprego é já uma realida-de, e para outras, uma ameaça. O corte das despesas e a retracção do consumo são também uma realidade. Em 2008, a alteração dos hábitos de consumo levou a uma diminuição do valor gasto em vestuário em 5%, em gasolina em 2%, em drogaria e higiene em 6% e em alimentação fora do lar (restauração) em 30%. Os consumidores estão mais atentos e mais racionais nas suas escolhas. Privilegiam os produtos básicos, a alimentação, e consomem cada vez mais dentro do lar. A alimentação foi a única área com crescimento de consumo em 2008, cerca de 5,6%. As cestas de compra são mais pequenas mas mais frequentes. Em cada cesta com 10 produtos, 8 são produtos frescos. Em 2008, os pro-dutos frescos representavam 40% do valor gasto pelos lares portugueses na grande distribuição, canal que tem vindo a crescer face ao retalho tradicional.Existem portanto oportunidades a serem identificadas, exploradas e trabalhadas em tempos de crise. Cumplicidade e confiança são palavras-chave na relação que se constrói com os consumi-dores e que se fortalecem em períodos mais difíceis. Produção e distribuição, desempenham um papel importante como grandes responsáveis pela optimização da cadeia de valor, para que per-manentemente se ajuste ao clima económico e às consequentes mudanças do comportamento do consumidor.São tempos de inovação para as empresas, na organização, nos processos, nos produtos e na comunicação. Cooperando seremos pioneiros nas ideias, rápidos na implementação e obteremos resultados relevantes para o negócio e para o desenvolvimento económico. Não são tempos de desânimo mas sim de desafios, de maior pró actividade e de grandes oportunidades.
Eunice SilvaPresidente do Clube de Produtores
O Clube de Produtores
CLUBE DE PRODUTORES CELEBROU
UMA DÉCADA DE EXISTÊNCIA
Na comemoração da primeira década do Clube, estiveram pre-
sentes diferentes agentes que têm contribuído para o percurso
de sucesso da produção nacional, com especial enfoque para
os Produtores que ousaram aceitar o desafio de parceria com a
Sonae Distribuição.
Jaime Silva, Ministro da agricultura, desenvolvimento rural e das
pescas, presidiu a cerimónia e discursou logo após a abertura
oficial do evento por Eunice Silva, Presidente do Clube de Pro-
dutores.
António Silvestre Ferreira, produtor de uvas de mesa da Herdade
Vale da Rosa, falou sobre a sua experiência enquanto associado
e sobre a participação do Clube de Produtores no êxito do seu
projecto que, inclusivamente, se estende também ao mercado
de exportação.
Rui Costa Lima, da Sense Test, apresentou à audiência o tema
da Avaliação Sensorial, seguindo-se João Dionísio, da Multivária,
que abordou uma temática muito propositada, tendo em con-
ta o panorama económico actual: consumidor de frescos em
tempos difíceis.
ENCONTRO NA ALFÂNDEGA DO PORTO REUNIU PRODUTORES E MINISTRO DA AGRICULTURA
No dia 4 de Dezembro de 2008, o edifício da Alfândega do Porto abriu as portas ao encontro que celebrou os 10 anos de existência do Clube de Produtores.
Eunice Silva, Presidente do Clube de Produtores
Jaime Silva, Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas
Parte da audiênciaAntónio Ferreira, Herdade Vale da Rosa
2
Apresentados os temas previstos no programa, coube a Nuno
Jordão, Presidente da Sonae Distribuição, o encerramento da
cerimónia.
Neste Encontro do Clube de Produtores, especial por celebrar
o êxito do percurso de uma década, foi criado um espaço de
exposição de produtos frescos, onde a variedade de formas, to-
nalidades e aromas se misturavam, num elogio ao que “melhor
se produz em Portugal”.
Actualmente com cerca de 200 associados, distribuídos de nor-
te a sul do país e arquipélagos dos Açores e Madeira, o Clube de
Produtores transacciona anualmente cerca de 113 mil tonela-
das de produtos agro-pecuários, abrangendo as áreas de horto-
fruticultura, carnes e charcutaria e tencionando aprofundar a
sua acção nas áreas de piscicultura e compotas.
Depois de uma década cumprida com reconhecido mérito de
todos os que se envolveram no projecto, o apoio à produção
nacional de qualidade - com impacto na economia nacional,
criação de emprego e valorização de projectos e iniciativas
inovadoras - promete continuar a desbravar terreno no sentido
do crescimento conjunto, num mercado global cada vez mais
competitivo e exigente.
A partir deste momento, o Clube de Produtores está empenha-
do e seriamente comprometido para fazer dos próximos 10
anos mais uma década de progresso e sucesso...
Rui Costa Lima, Sense Test
João Dionísio, Multivária
Nuno Jordão, CEO Sonae Distribuição
3
A GÉNESE DA CRISE
ATÉ 2003, VERIFICARAM-SE, GLOBALMENTE, TAXAS DE JURO MUITO BAIXAS PELO QUE A BUSCA, POR PARTE DE BANCOS E INVESTIDORES, DE SOLUÇÕES DE INVESTIMENTO COM REMUNERAÇÕES MAIS ATRACTIVAS LEVOU AO SURGIMENTO DE PRODUTOS INOVADORES.
Um dos produtos que floresceu por esta altura foi o sub-
prime, empréstimos à habitação realizados pelos bancos
norte-americanos a famílias com baixos rendimentos e si-
tuação económica instável. Entretanto, a subida do preço
dos combustíveis e dos bens alimentares levou a autoridade
Em análise
monetária a subir as taxas de juro.. As famílias, confrontadas
com preços e juros mais altos, deixaram de poder pagar os
empréstimos.
A crise financeira então desencadeada não se cingiu aos EUA,
colocando em risco instituições financeiras de todo o mundo.
RESULTADOS CONHECIDOS
A perda de confiança foi a consequência mais imediata do re-
bentar da bolha imobiliária e da crise do subprime. Tal implicou
uma reavaliação do risco e uma redução abrupta da liquidez
nos mercados financeiros mundiais: os bancos deixaram de se
emprestar dinheiro e as taxas de juro dispararam. Simultanea-
mente, assistiu-se a um aumento dos spreads nos mercados de
dívida privada das economias avançadas.
A crise de liquidez rapidamente passou a crise de solvência
com as instituições financeiras a acumularem perdas sem
conseguir levantar o capital suficiente para lhes fazer face.
Para repor o equilíbrio, os bancos foram obrigados a vender
activos o que, à escala global pressionou o preço destes no
sentido da baixa, ampliando a necessidade de financiamen-
to e obrigando os bancos à concretização de aumentos de
capital (na Europa, a imposição de rácios de capital mais ele-
vados, agravou esta situação).
IMPACTOS NA ECONOMIA REAL
Apesar das raízes da crise se encontrarem no sistema finan-
ceiro, os seus efeitos rapidamente se alastraram à economia
real. O crédito fácil e barato esteve na origem da expansão
do investimento e do consumo nas economias desenvolvi-
das e da industrialização nas economias emergentes.
Perante a ausência e/ou encarecimento do crédito, as em-
presas são forçadas a abdicar de investir comprometendo,
em alguns casos, o seu próprio funcionamento. Para muitas
famílias, isto foi ou será sinónimo de desemprego; para mui-
Texto de JOANA PALMEIRA
4
Evolução do valor dos activos financeiros mundiais (em % PIB)
1980
109%
1990
201%
2000
294%
2006
346%
Perdas e aumento de capital dos bancos internacionais com a
crise (em % BI$)
Perdas declaradas
1.000
1.400
Perdas estimadas (FMI)
928
Aumentos de capital (Bloomberg)
Fonte: CMVM
Fonte: CMVM
CONCLUSÃO
O grau de incerteza sobre a magnitude e duração da actu-
al situação de crise permanece latente, pelo que qualquer
projecção tem subjacente um elevado nível de risco. O qua-
dro macroeconómico de 2009 será caracterizado pela con-
tracção da actividade económica e por um abrandamento
muito significativo do consumo privado quer via aumento
do desemprego quer via aumento da taxa de poupança em
reflexo do maior sentimento de incerteza, e precaução em
relação ao futuro. Esta realidade é válida também para Portu-
gal - à data, as projecções apresentam para um crescimento
negativo do PIB nacional que poderá chegar aos 2% com
uma taxa de desemprego próxima dos 9%.
No entanto, para os empresários, estes não podem ser tem-
pos de desânimo; pelo contrário, deverão ser tempos de
maior proactividade. É tempo de olhar para dentro e elimi-
nar despesas supérfluas (frugalidade é palavra de ordem);
optimizar o fundo de maneio, garantindo uma fonte interna
de financiamento; questionar a continuidade de negócios
menos rentáveis. Mas é também tempo de olhar para fora:
avaliar oportunidades de investimento; avaliar a pertinência
dos bens e serviços oferecidos e adaptá-los às novas neces-
sidades dos consumidores; manter-se ao lado dos clientes
– mostrar que podem contar com a empresa pois relações
de confiança criadas durante períodos difíceis tenderão a
perdurar no longo prazo.
No sector de produção e distribuição alimentar, esta exigên-
cia não poderia ser mais válida: os consumidores vão estar
mais atentos, mais exigentes quanto às suas escolhas e, so-
bretudo, mais disponíveis para experimentar produtos mais
baratos. Esta realidade traz ainda mais pertinência à integra-
ção e à cooperação entre as várias fases da cadeia de valor:
mais do que nunca é importante juntar esforços de forma a
criar dimensão e economias que permitam oferecer aos con-
sumidores produtos mais atractivos. Neste âmbito, as marcas
de distribuidor poderão ter um papel primordial.
tas outras, ameaça dele. E se para as primeiras, a retracção
do consumo é uma consequência inevitável; para as segun-
das, o corte nas despesas é uma forma de defesa perante a
possibilidade de maiores dificuldades – a perda de confiança
dos consumidores diminui a atractividade do consumo em
detrimento da poupança.
Sintoma deste sentimento é o abrandamento da actividade
de comércio a retalho sentida na generalidade das econo-
mias (em Portugal, o volume de negócios do comércio a
retalho tem sofrido variações homólogas negativas nos úl-
timos meses, particularmente agravadas no caso dos bens
não-alimentares).
Este mesmo comportamento tinha já sido entrevisto por um
estudo de Outubro de 2008 do BCG que revelou que 43%
dos consumidores americanos e 34% dos europeus estavam
preocupados com a manutenção do seu posto de trabalho
e cerca de 60% do total de inquiridos afirmava que iria adiar
grandes compras e eliminar gastos não-essenciais ao longo
de 2009. Em conclusão, o estudo alertava os retalhistas que,
em 2009, os consumidores iriam esforçar-se mais por gas-
tar responsavelmente fazendo comparações e procurando
descontos.
A chegada da crise ao consumo privado significa que fora
da esfera das instituições financeiras e das empresas com
necessidades de crédito a curto prazo, a crise afectará em-
presas de todos os sectores de actividade via diminuição da
procura dos seus bens e serviços. Este problema poder-se-á
agravar nas economias pequenas e dependentes do comér-
cio externo como Portugal se, na tentativa de relançar o de-
senvolvimento da economia, as grandes potências levarem
a cabo medidas proteccionistas. Em virtude da diminuição
do investimento e do consumo, diminui invariavelmente
a criação de riqueza pelo que um cenário de recessão é já
realidade em muitas economias mundiais. Efectivamente,
de crescimentos próximos de 5% ao ano nos últimos anos,
a economia global irá, em 2009, praticamente estagnar
o que implica crescimentos negativos nas principais econo-
mias desenvolvidas (de acordo com a Comissão Europeia,
apenas 5 países da zona euro escaparão à recessão em 2009).
Na tentativa de estabilizar os mercados, as autoridades leva-
ram a cabo medidas extraordinárias tais como garantia de
depósitos, injecção de capitais e cortes drásticos nas taxas de
juro directoras dos bancos centrais. Porém, a desconfiança
entre os agentes não se desvaneceu pelo que a liquidez in-
jectada pelos bancos centrais no sistema financeiro continua
a não chegar à economia real.
Sem crédito, o investimento, o emprego e o consumo não são
relançados e o cenário de recessão continuará a persistir.
“UMA CRISE PODE SER UMA BÊNÇÃO PARA QUALQUER PESSOA E PARA QUALQUER NAÇÃO. PORQUE TODAS AS CRISES TRAZEM PROGRESSO. A CRIATIVIDADE NASCE DA ANGÚSTIA. (…) É NA CRISE QUE A CRIATIVIDADE NASCE TAL COMO AS DESCOBERTAS E AS GRANDES ESTRATÉGIAS. (…) NÃO HÁ DESAFIO SEM CRISE. (…) NÃO HÁ MÉRITO SEM CRISE. (…). FALAR DE CRISE É PROMOVÊ-LA. NÃO FALAR DELA É EXALTAR O CONFORMISMO. EM VEZ DISSO, TRABALHEMOS.”
ALBERT EINSTEIN
5
Em análise
FRESCOS TENDÊNCIAS DE CONSUMO
UMA PERSPECTIVA DE APROXIMAÇÃO A UM CLIENTE CADA VEZ MAIS EXIGENTE…
Todos os estudos apontam para um crescimento efectivo
das expectativas e exigências por parte dos portugueses.
Tudo indica que o cliente valoriza cada vez mais os produ-
tos frescos, alargando o âmbito do conceito: a par da função
alimentar propriamente dita, somam-se novos critérios de
saúde e, sobretudo, de sociabilidade e estilo de vida. Esta-
mos portanto, perante um consumidor mais informado e
NUM CENÁRIO DE CRISE TRANSVERSAL EM QUE VIVEMOS NESTE INÍCIO DE 2009, O CONSUMIDOR É OBRIGADO A ALTERAR O SEU COMPORTAMENTO DE GESTÃO DO ORÇAMENTO FAMILIAR. ESTE FACTO IMPLICA, ENTRE OUTRAS CONSEQUÊNCIAS, A AJUSTAMENTOS DO SEU CABAZ DE COMPRAS HABITUAL E DOS SEUS HÁBITOS DE CONSUMO. O CONSUMO DE REFEIÇÕES EM CASA ASSUME AGORA MAIS IMPORTÂNCIA, FACE A UM PASSADO RECENTE.
TRANSFERÊNCIA DO GASTO PARA A ALIMENTAÇÃO, AUMENTO PRODUTOS FRESCOS
Alimentação
38,4%Fresca
40,6%Alimentação
21,2%
Não Fresca
22,7%
Drogaria
3,6%Higiene
6,3%
6,0%
PESO EM VALOR % FACE AO TOTAL TICKETPESO PRODUTOS DE GRANDE CONSUMO NO TOTAL
TICKET VALOR %
20072008
exigente no que diz respeito à sua alimentação e à do seu
agregado, mas também um consumidor muito sensível ao
preço.
Há, neste contexto, uma consciência apurada sobre o agra-
vamento do ambiente competitivo em que se movem os di-
versos operadores de retalho. No entanto, não sendo imune
aos sintomas da crise, o sector da grande distribuição conse-
gue resistir melhor à recessão económica pois, com o consu-
20082007
69,5%72,6%
3,4%
Texto de MARIA DO CÉU SANTOS
66
mo a cair, as famílias regressam ao básico – à alimentação e
nesta, os frescos assumem um papel fundamental.
Sabemos como uma boa oferta dos frescos dá vitalidade à
loja. Neste contexto, os produtos frescos assumem cada vez
mais importância. Actualmente, os produtos frescos repre-
sentam 39,9% do valor gasto pelos lares Portugueses em
FMCG (Fast Moving Consumer Goods), e estão presentes em
81% das cestas de produtos adquiridos em Supermercados e
Hipermercados e 9% são mesmo exclusivas destes produtos,
segundo o Painel de Consumidores da TNS Wordpanel.
Num cenário de forte competitividade entre insígnias – cada
shopper visita em média 4 insígnias da distribuição moderna
- um dos pontos-chave de crescimento das mesmas é sem
dúvida a oferta diferenciadora de produtos frescos de quali-
dade ao melhor preço.
“Dar o melhor por menos” parece ser o desafio. Nesta pers-
pectiva, a aposta em formatos familiares e económicos ou
em promoções de produtos da época podem ser caminhos
a seguir. De igual forma, o reforço do valor nuclear da “Por-
tugalidade”, que aparenta ser tão querido para os consumi-
dores é fortalecido nas insígnias da Sonae Distribuição, pois
para além de ser garante de credibilidade, genuinidade e
confiança, é um dos valores mais fortes das nossas marcas, e
não tem paralelo nos restantes players do Mercado.
“Compram aos nossos, é bom para a nossa economia, sabe-
mos de onde vem” – Conselho de Clientes, Mulher, 42 anos,
Gulpilhares.
As marcas Modelo e Continente ganham valor junto dos
consumidores pela qualidade e diversidade dos seus produ-
tos frescos e funcionam como um elemento que credibiliza
a oferta em frescos dos diferentes produtores.
“Acredito no que o Continente vende aqui.” – Estudo Missão
Frescos, Mulher 59 anos, Leiria.
“No Modelo vejo tudo de todo o país. – Estudo Charcutaria,
Mulher, 34 anos, Tomar.
A categoria de frescos exige um compromisso desde a pro-
dução até ao momento do consumo e tem que correspon-
der às necessidades dos consumidores. Afigura-se assim
fundamental apostar nestes produtos levando o consumi-
dor a perceber as mais-valias dos mesmos para que possam
efectuar escolhas ponderadas e informadas, com a qualida-
de sempre como driver fundamental, a fim de aumentar a
relação de confiança com os frescos das insígnias da Sonae
Distribuição.
DRIVERS DE COMPRA FRESCOS
A Sonae Distribuição tem conseguido ao longo dos anos
manter os seus consumidores satisfeitos, no que concerne
às compras de produtos frescos. Essa satisfação advém, em
grande parte da imprescindível variável - “confiança” - a par
da qualidade intrínseca que é sempre exigível nesta área de
negócio.
Em síntese, os desafios nesta área são constantes e em mu-
dança, sendo impactados pelos mais diversos factores, tanto
intrínsecos, como extrínsecos. Mas numa empresa como a
Modelo Continente, todos os desafios são oportunidades de
melhoria! Com equipas motivadas, especializadas e regen-
do-se pelos mais elevados padrões de qualidade, é certo que
se pretende alcançar como objectivo último: a Satisfação
dos Nossos Clientes.
Pingo Doce
Modelo
Feira Nova
Jumbo
Intermarché
Continente
4,96
6,4
8,3
9,9
10,3
9,7
+4,2%
+0,1%
+3,2%
+11,4%
-0,2%
-14,4%
QUOTA DE MERCADO (VALOR%) DAS INSÍGNIAS EM FRESCOS
Sonae representa 19% do mercado
6,1
10,39,7
8,8
20072008
10,2
7
INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE
A IMPORTÂNCIA DO FEITO DO GRANDE GENOVÊS FOI, COMO SE SABE, MUITO CONTESTADA.
ESTANDO UM DIA À MESA DE UM GRANDE DE ESPANHA E OUVINDO DISCUTIR O MÉRITO
DO SEU DESCOBRIMENTO, SOB PRETEXTO QUE NÃO OFERECIA NENHUMA DIFICULDADE E
DE QUE BASTAVA TER PENSADO NISSO, COLOMBO PEGOU NUM OVO E DIRIGINDO-SE AOS
CONVIVAS: “QUAL DE VÓS, SENHORES, DISSE, SERÁ CAPAZ DE FAZER QUE ESTE OVO FIQUE
DE PÉ SOBRE UMA DAS SUAS EXTREMIDADES?” TODOS EXPERIMENTARAM, MAS NINGUÉM
O CONSEGUIU. COLOMBO PEGOU ENTÃO NO OVO E, BATENDO LIGEIRAMENTE COM ELE
NO PRATO, PÔ-LO EM EQUILÍBRIO. TODOS EXCLAMARAM ENTÃO: “NÃO ERA DIFÍCIL!” “SEM
DÚVIDA”, RETORQUIU COLOMBO, SORRINDO IRONICAMENTE, “MAS ERA NECESSÁRIO TER
PENSADO NISSO”.
Em análise
A mudança está na ordem do dia. É cada vez mais frequente,
mais rápida e tem resultados imprevisíveis. O futuro tornou-
se incerto. É neste contexto de transformação - demográfica,
social, competitiva e tecnológica – que as empresas lutam
pelo seu principal objectivo: o crescimento sustentado. Para
nos mantermos competitivos temos de desenvolver capaci-
dades que nos permitam uma adaptação rápida à mudança.
Uma forma eficaz de navegar nestas águas tão agitadas é res-
pondendo à mudança com mais mudança e aprendendo a
adaptar-se rapidamente. Na natureza não é o mais forte que
sobrevive, nem sequer o mais inteligente, mas o que melhor
se adapta às mudanças. A agilidade, isto é a capacidade de
se adaptar rapidamente às novas condições da envolvente,
é uma arma fundamental para o sucesso de qualquer orga-
nização. Ser ágil significa não só responder depressa, mas
também ser pioneiro, ser inovador. Inovar ao nível da organi-
zação, dos processos, do produto e do marketing.
INOVAÇÃO = CRIATIVIDADE + ACÇÃO
Que não se confunda inovação com inspiração ou criativida-
de. Nem mesmo com invenção. É que inovação pressupõe
acção, implementação, algo prático e comercialmente rele-
vante.Inovação também não tem que ser novas tecnologias
altamente complexas ou um produto totalmente novo. A
inovação incremental, da pequena alteração, pode fazer toda
a diferença. Tornar a inovação uma rotina e incorporá-la nos
valores das empresas é o desafio que se coloca a todas as
empresas. Fomentar a irreverência, criar espaços de experi-
mentação, aprender com os erros, assumir riscos e festejar
sucessos é o primeiro passo para o envolvimento de todos os
colaboradores no processo de inovação.
SONAE DISTRIBUIÇÃO
A inovação faz parte do ADN da empresa, e está presente
desde a sua origem. A abertura do Continente de Matosi-
nhos no dia 10 de Dezembro de 1985 constitui o início da
profunda revolução que assim se encetava no mercado re-
talhista português.
Texto de JOÃO GHUNTER AMARAL
8
E toda a história da Sonae Distribuição honra essa vocação!
Integração logística, gestão por categorias, distribuição es-
pecializada e pioneirismo tecnológico são alguns dos muitos
exemplos que ilustram o que acabou de ser referido.
Só em 2007, a Sonae Distribuição realizou um investimento
em inovação na ordem dos 15 milhões de euros, alocando
cerca de 100 colaboradores a tempo inteiro a tarefas de I&D.
Este esforço de inovação, assume um ênfase particular nos
domínios de:
a) Serviço ao cliente, com o desenvolvimento de sistemas
de self-checkout, de canais de venda on line, da imple-
mentação do programa “Siga as Cores (informação nutri-
cional prestada ao cliente) e, sobretudo, com o lançamen-
to do cartão cliente e da sua utilização desmaterializada,
via telemóvel.
b) Responsabilidade social, destacando-se a certificação
ambiental da empresa e o lançamento de vários projectos
de eco-eficiência (sacos oxo-biodegradáveis, hipernatura,
pilhas de livros) e de intervenção social (Missão Sorriso,
Causa Maior, e-escolas).
c) Eficiência operacional, em que o projecto de reorga-
nização dos processos operacionais segundo a metodo-
logia Kaizen conseguiu resultados espectaculares, mas
também com a implementação de soluções de inovação
tecnológica nas lojas (soluções de mobilidade), na logís-
tica (voice-picking, monitorização da frota via GPS) e no
aprovisionamento (leilões electrónicos, factura electrónica
e portal do fornecedor).
Esta é uma lista extensa de projectos mas, ainda assim, in-
completa. Suficiente porém para ilustrar os constantemen-
te renovados compromissos da Sonae Distribuição com a
modernidade e com a inovação, compromissos esses que
justificam os sucessos do passado e permitem antever o
crescimento do futuro.
A REDE
Num mundo tão veloz, não nos podemos dar ao luxo de
deixar de fora qualquer parceiro no processo de inovação.
O conhecimento está à distância de um telefonema, de um
clique ou mesmo de uma pesquisa na rede.
É interagindo com todos os actores que nos rodeiam que
encontramos as melhores ideias e as melhores soluções para
os problemas com que nos deparamos.
Focando no Cliente e fomentando a interacção com fornece-
dores, concorrentes, colaboradores, investigadores e com os
próprios clientes analisamos os problemas e oportunidades
segundo diferentes perspectivas e encontramos diferentes
formas de resolver o mesmo problema. É destas redes de co-
laboração que normalmente surgem as melhores soluções.
A inovação acontece com mais naturalidade enquanto resul-
tado da intersecção entre diferentes domínios e da reutiliza-
ção de soluções já anteriormente experimentadas. Inovação
surge através de novas ideias ou de velhas ideias aplicadas
de forma diferente.
CLUBE DE PRODUTORES
O Clube de Produtores é um excelente exemplo de colabo-
ração.
O trabalho conjunto que tem sido desenvolvido na segmen-
tação dos artigos frescos, na recuperação de produtos de
elevada qualidade que estavam arredados do mercado, e no
reforço claro do posicionamento dos produtos na comunica-
ção com o cliente, é um excelente exemplo de inovação.
· SABIA QUE A COTEC (ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL PARA A INOVAÇÃO), ATRAVÉS DA INICIATIVA “REDE PME INOVAÇÃO”, PODE APOIAR O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS DAS PME?
· SABIA QUE EXISTE UM SISTEMA DE INCENTIVOS FISCAIS À I&D EMPRESARIAL (SIFIDE), QUE LHE PODEM PERMITIR DEDUZIR NO IRC INVESTIMENTOS EFECTUADOS EM INVESTIGAÇÃO & DESENVOLVIMENTO?
· SABIA QUE O QUADRO DE REFERÊNCIA ESTRATÉGICO NACIONAL (QREN) PROMOVE A INOVAÇÃO E FINANCIA ALGUNS INVESTIMENTOS DE INVESTIGAÇÃO E TIC?
9
Os nossos produtores
CENTRAL DE FRUTAS DO PAINHO NO BERÇO DA PÊRA ROCHA DO OESTE, A RAINHA DAS PERAS EM PORTUGAL
PERFUMADA, SUMARENTA, DISTINTA, A PÊRA ROCHA DO OESTE DOP É UMA VARIEDADE PRODUZIDA, ESSENCIALMENTE, NA ZONA CENTRAL OESTE DE PORTUGAL, SENDO A CENTRAL DE FRUTAS DO PAINHO S.A. SEU FORNECEDOR DE EXCELÊNCIA NO CLUBE DE PRODUTORES.
A Central de Frutas do Painho S.A. (CFP) foi criada em 1997.
Situa-se no concelho do Cadaval, a 7 km da vila do Cadaval e
a 10 km das Caldas da Rainha, mesmo no coração do Oeste,
berço da Pêra Rocha DOP. Conta, actualmente, com 22 só-
cios/produtores e concentra 95% da sua produção na Pêra
Rocha, dividindo-se os restantes 5% pela produção de Pêra
Williams e maçãs Royal Galla e Fuji.
A parceria com o Clube de Produtores (CP) foi iniciada em
2000, depois de ultrapassado o difícil ano de escassez de fru-
ta que foi 1998. “Desde essa data, temos vindo a aumentar
as áreas e as produções, em grande parte estimulados pelo
CP” – afirma Pedro Pereira, comercial da CFP – “No ano 2000,
éramos uma empresa relativamente recente e a precisar de
clientes. Todos os nossos sócios produziam e tinham estru-
turas de venda, mas facilmente se percebia que essas estru-
turas estavam a ficar desactualizadas e que não havia grande
poder de negociação com os clientes, com a agravante de
que os mercados abastecedores estavam também a pas-
sar por algumas dificuldades. Por sua vez, a distribuição nas
grandes superfícies encontrava-se em franco crescimento.”
“Foi, digamos, um casamento de conveniência, um encontro
de interesses.” – acrescenta António Garcia, director da CFP
– “Procurávamos um parceiro para o escoamento da nossa
fruta e o CP, na altura em fase de arranque, estava à procura
de produtores com quem pudesse trabalhar.”
Para Pedro Pereira, a aposta foi ganha. Em 1999, contava-se uma
produção de 3500 toneladas, contra as actuais 6000 toneladas
hoje produzidas e recebidas na CFP. “Em 10 anos duplicamos
a produção e, de há 2 anos para cá, aumentamos substancial-
mente as quantidades, pois o mercado tem pedido sempre
mais e a Sonae tem pedido cada vez mais. Só no ano passado
colocamos na Sonae cerca de 2500 toneladas de Pêra Rocha!”
Mas este crescimento só é possível quando há confiança para
investir, visão e inovação. Tomando ainda 1999 como ano de
referência, a CFP dispunha de 200 ha de área plantada e hoje
aumentou essa capacidade para aproximadamente 500 ha,
com a mais-valia de que muitas das plantações são comple-
tamente novas. “Temos renovado as plantações, com clones
mais apurados e árvores certificadas, com garantia de colhei-
tas de melhor qualidade e maior quantidade de produção
por ha.” – explica António Garcia – “E, de um modo geral, os
pomares têm mudado: têm uma nova configuração, novos
sistemas de rega... É também importante referir que o CP fez
os agricultores perceberem que as exigências do mercado
são cada vez maiores e que há uma série de questões a res-
peitar, como as ambientais, por exemplo.”
“Sem dúvida, as exigências do CP para o cumprimento das
regras têm tido um papel fundamental na mudança que se
está a verificar” – comenta Pedro Pereira – “Aumentamos a
produção e a sua qualidade, também porque sentimos que
o Clube nos apoia e motiva a fazê-lo. Produzimos porque
temos clientes, temos garantias de escoamento. É uma pro-
dução sustentada.”
Fruto de uma ampla divulgação da Pêra Rocha do Oeste
DOP como símbolo de qualidade, este produto tem mere-
cido uma crescente aceitação nacional e internacional. “Pre-
António Garcia e Pedro Pereira
10
Em conversa com...Em conversa com...
cisávamos agora de dar um novo passo para a comercializa-
ção, de ter maior poder negocial, sobretudo no estrangeiro”
– afirma Pedro Pereira. “Este passo é difícil, sobretudo devido
à dimensão que temos, além de que os vários operadores
fazem concorrência entre eles nos mercados internacionais,
quando se deveria antes unir forças e capacidades, reduzir o
número de ofertas em prol de uma oferta mais sólida e con-
sistente. Outra medida a desenvolver seria o apuramento das
categorias de Pêra Rocha, apesar de se terem já efectuado
algumas diligências nesse sentido.”
De um modo geral, a exportação anual de Pêra Rocha tem
algum peso para o nosso país, com mais de 40 000 toneladas
exportadas no ano passado. No caso da CFP, a aposta vai para
Inglaterra, Brasil e Irlanda. “Apesar de não fazermos muita ex-
portação, estes são mercados importantes e que nos permi-
tem canalizar alguns produtos que temos em excesso.”
Com um espírito proactivo e inovador, a CFP tem procurado
estar sempre à frente, como é prova o recente alargamento
da capacidade de frio para mais 3000 toneladas, “para que
possamos ter mais peras, mais cedo e mais tarde, em me-
lhores condições.” – adianta Pedro Pereira – “Isto porque os
nossos sócios estão a conseguir fornecer mais fruta, resulta-
do da conversão e implementação de novas áreas de cultivo,
que só são possíveis na medida em que tem havido uma
excelente aceitação do consumidor. E também porque que-
remos ser pioneiros e inovadores. Além das certificações BRC
e HACCP que já possuímos, estamos agora a implementar as
ISO 22000 e 9001, para responder com maior eficiência às
exigências dos nossos clientes.”
Comparativamente com o que se faz lá fora, Pedro Pereira
considera que Portugal ainda está bastante atrasado. “Por
exemplo, no que respeita a infra-estruturas a nível de rega,
basta irmos até Espanha para vemos sistemas muito mais
desenvolvidos e canais a servirem as plantações. Aqui não há
um aproveitamento eficiente da água, não temos barragem
para aproveitar água, pelo menos na nossa zona.”
“A rega é realmente uma das questões que torna o custo de
produção de Pêra Rocha elevado.” – acrescenta António Gar-
cia – “Fazer um furo e implantar um sistema de rega é caro,
especialmente quando nos reportamos à nossa realidade de
minifúndios, onde um furo para cerca de 1,5 ha poderia ser
rentabilizado em 10 ou 15 ha.”
“De qualquer modo, tem havido uma importante revitaliza-
ção, apoiada especialmente pelas novas gerações de agricul-
tores em resposta à globalização. Mas há algumas técnicas
em que estamos realmente atrasados e o nosso atraso, ou
melhor, entrave, deve-se, sem dúvida, à dimensão que te-
mos em Portugal.”
“A evolução é lenta, mas vai acontecendo, especialmente no
que toca a técnicas de cultivo, rega e organização dos po-
mares. Hoje nada é feito ao acaso: os porta-enxertos variam
de acordo com a tipologia dos terrenos. Ou seja, a precisão é
maior e o que antes dava 5 a 6 toneladas por hectare, agora
dá à volta de 40 toneladas.”
E daqui por 10 anos, em que situação se encontrará a CFP e
a produção de Pêra Rocha do Oeste de um modo geral? Para
Pedro Pereira e António Garcia, a curto prazo não é difícil pre-
ver que os próximos 2 ou 3 anos não serão fáceis. “Pelo menos
até que o consumidor recupere a sua capacidade económica
e tudo vai depender da forma como os mercados mundiais
vão também recuperar desta situação. Depois disso, é possível
que as novas gerações de agricultores, mais empreendedoras
e dinâmicas, se concentrem e unam forças, para ter melhores
e maiores produções. Na CFP queremos produzir, no mínimo,
o dobro daqui por 10 anos. Para isso, temos que ser cada vez
mais precisos e assertivos, mas sabemos que há um longo ca-
minho para percorrer e que será mais fácil se soubermos aliar
a paixão à técnica e à constante inovação!”.
EM 1836, NA PROPRIEDADE DE PEDRO
ANTÓNIO ROCHA, EM SINTRA, CRESCEU UMA
PEREIRA CUJAS PERAS APRESENTAVAM UMA
COR, SABOR E TEXTURA PARTICULARMENTE
DIFERENTES E AGRADÁVEIS. FORAM ENTÃO
“BAPTIZADAS”E DIVULGADAS COM O SOBRENOME
DO PROPRIETÁRIO, SENDO ACTUALMENTE A SUA
DENOMINAÇÃO DE ORIGEM “PÊRA ROCHA DO
OESTE DOP”.
ENTRE OS FRUTOS PORTUGUESES COM NOMES PROTEGIDOS, A PÊRA ROCHA DO OESTE DOP TEM ASSUMIDO UMA CONFORTÁVEL POSIÇÃO DE LIDERANÇA. COMEÇOU A SER EXPORTADA NO SÉCULO XIX. NO INÍCIO DOS ANOS 90 DO SÉCULO XX, A QUEBRA DE PRODUÇÃO EUROPEIA DE PÊRA ABRIU CAMINHO À INTRODUÇÃO DA PÊRA ROCHA NOS MERCADOS ESTRANGEIROS. HOJE, CERCA DE 70% DA PRODUÇÃO É DESTINADA NO MERCADO INTERNO E A RESTANTE É EXPORTADA.
11
Em conversa com...
O CLUBE DE PRODUTORES MADEIRA
Um dos princípios do Clube de Produtores é a preferência
pela produção nacional/regional, contribuindo assim para o
crescimento do sector agrícola e para um maior profissiona-
lismo dos produtores. Os membros do clube de produtores
têm uma maior garantia de escoamento da sua produção,
visto haver uma programação prévia de plantações e se-
menteiras de acordo com as necessidades das nossas lojas
de modo a assegurar um abastecimento contínuo e com os
padrões de qualidade exigidos pela Sonae Distribuição.
Num tempo em que o mundo discute problemas globais o
CP continua a expandir-se e enraizar-se nos solos de Portu-
gal, tal como recentemente fez nas lindíssimas encostas do
arquipélago da Madeira, justamente conhecida por pérola
do Atlântico.
O facto é que na sua luta pelo desenvolvimento da região,
a autoridade responsável pela produção agrícola local, aca-
rinhou o projecto de ali serem implantados os requisitos ne-
cessários à implantação do Clube.
A ideia de fundar o CLUBE DE PRODUTORES MADEIRA (CPM),
vinha ganhando expressão fruto da necessidade de abaste-
cimento ás lojas Modelo Continente com frutas e legumes
mais frescos e consequentemente de qualidade superior,
visto que uma boa parte dos produtos horto frutícolas con-
sumidos localmente serem provenientes do continente e
fornecidos através de intermediários locais, em resultado da
insuficiência da produção regional.
Neste sentido, foi estabelecida uma parceria com a Secreta-
ria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais – Direcção
NUM TEMPO EM QUE O MUNDO DISCUTE
PROBLEMAS GLOBAIS O CP CONTINUA A
EXPANDIR-SE E ENRAIZAR-SE NOS SOLOS DE
PORTUGAL, TAL COMO RECENTEMENTE FEZ NAS
LINDÍSSIMAS ENCOSTAS DO ARQUIPÉLAGO DA
MADEIRA, JUSTAMENTE CONHECIDA POR PÉROLA
DO ATLÂNTICO.
CONTRIBUINDO PARA A VANTAGEM DA PRODUÇÃO LOCAL NUM ENQUADRAMENTO
RIGOROSAMENTE SUSTENTADO, O CLUBE DE PRODUTORES (CP), ATRAVÉS DO SUPORTE
TÉCNICO QUE DISPONIBILIZA AOS SEUS ASSOCIADOS E DO PROFUNDO CONHECIMENTO
QUE TEM DAS TENDÊNCIAS DOS MERCADOS, É HOJE UMA FORÇA RECONHECIDAMENTE
ÚTIL AO SECTOR DA PRODUÇÃO AGRO-PECUÁRIA NACIONAL.
12
Em conversa com...Em conversa com...
Regional de Agricultura da Região Autónoma da Madeira,
quer para a prestação de apoio técnico aos membros do Clu-
be, quer para a pesquisa de novos produtores que pudessem
vir a estabelecer contrato com a Sonae Distribuição.
Em Agosto de 2008 foram assinados os primeiros contratos
programa, na loja de Machico e na presença de Suas Exas.
o Secretário Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais,
Dr. Manuel António Rodrigues Correia, Director Regional de
Agricultura, Eng.º Bernardo Araújo, Directora de Operações
da Madeira, Eng.ª Eunice Silva, Director da Unidade de Negó-
cio de Frutas e Legumes, Eng.º Miguel Carvalho, entre muitos
outros que ali estiveram presentes para celebrar o aconteci-
mento.
Naquela data foram assinados contratos com 9 produtores
regionais, 8 de horticolas e 1 de frutas (Banana da Madeira);
entre estes 7 já forneciam a Sonae Distribuição, em cerca de
20 culturas diferentes de legumes.
As zonas de produção, estão distribuídas um pouco por toda
a ilha.
Presentemente o número de associados passou a 11 graças
à entrada de 2 novos produtores para o CPM.
No âmbito das actividades do CPM, e de acordo com a sazo-
nalidade agrícola do arquipélago, os contratos são definidos
à campanha: Primavera/Verão e Outono/Inverno. No período
de Outubro de 2008 a Março de 2009 foram contratadas cer-
ca de 642 tn e de Abril a Setembro de 2009 contrataram-se
cerca de 570 tn. Actualmente ainda existe um grande défice,
nomeadamente em culturas como o tomate (redondo, ca-
cho e chucha), pepino, pimento, beringela, courgette, cou-
ves (brócolo, flor e lombardo), morango, entre outras.
O Clube de Produtores Madeira é um projecto que se encon-
tra numa fase muito embrionária, mas com grande potencial
de crescimento.
O futuro passa por incentivar os produtores actuais a diversi-
ficarem as culturas e a aumentarem a área de produção e por
angariar novos produtores. A exportação para o continente
de produtos regionais, como o maracujá roxo, a anona, o
abacate e a cana-de-açúcar poderá vir a constituir um refor-
ço interessante no desenvolvimento da produção regional.
CP – Dep. Agrícola
Susana Sousa
A IDEIA DE FUNDAR O CLUBE DE PRODUTORES
MADEIRA (CPM), VINHA GANHANDO EXPRESSÃO
FRUTO DA NECESSIDADE DE ABASTECIMENTO
ÀS LOJAS MODELO CONTINENTE COM
FRUTAS E LEGUMES MAIS FRESCOS E
CONSEQUENTEMENTE DE QUALIDADE SUPERIOR,
VISTO QUE UMA BOA PARTE DOS PRODUTOS
HORTO FRUTÍCOLAS CONSUMIDOS LOCALMENTE
SEREM PROVENIENTES DO CONTINENTE E
FORNECIDOS ATRAVÉS DE INTERMEDIÁRIOS
LOCAIS, EM RESULTADO DA INSUFICIÊNCIA DA
PRODUÇÃO REGIONAL.
13
OS NOSSOS PRODUTORES
A Flor de Cardo, criada em 2003, colabora praticamente des-
de o seu início com o Clube de Produtores (CP), uma vez que
existia um historial prévio de relacionamento com a Sonae.
“Alguns anos antes, como sócio e Director de Produção, tra-
balhei numa pequena empresa, a Queijaria dos Vidais, que já
colaborava com a Sonae Distribuição e que, entretanto, foi
adquirida por um grande grupo empresarial. Nesse percurso,
assumi o cargo de Director de Produção da “Queijo Saloio”,
mas, não tardou, comecei a sentir a nostalgia das coisas pe-
queninas... e assim nasceu a Flor de Cardo. Voltei “às origens”
e aluguei a pequena queijaria onde anteriormente tinha tra-
balhado, que estava parada naquela altura. Só há cerca de
um ano é que tivemos necessidade de mudar para instala-
ções novas.” – recorda Miguel Rolo.
Numa retrospectiva à experiência de parceria com o CP, Mi-
guel Rolo relembra que a tendência para colocar nas lojas
Sonae Distribuição os melhores produtos tradicionais foi
muito anterior à criação do Clube. “Essa orientação começou
a esboçar-se por volta de 1993/94, quando a Sonae encetou
uma aproximação directa aos pequenos produtores. No meu
ponto de vista, foi uma aposta clara e muito diferenciadora. A
materialização da intenção de ter nas lojas produtos tradicio-
nais de qualidade garantida e nas quantidades necessárias é,
no fundo, a génese do CP. E quando a Flor de Cardo nasceu,
foi fácil perceber que esta seria uma parceria essencial.”
Além da garantia de escoamento dos produtos, Miguel Rolo
acrescenta que mais importante ainda é o estímulo que esta
parceria trouxe ao crescimento do negócio: “Esta relação
com a grande distribuição obrigou-nos a procurar novas
formas de fazer as coisas, orientou-nos para o cumprimento
de regras a que não estávamos habituados. Determinados
planos e objectivos pensados mais ou menos para um longo
prazo, passaram a ter que ser resolvidos quase no imediato e
isso constituiu uma alavanca brutal que nos fez evoluir, resul-
tando em benefícios claros para todos nós.”
“Nestes 10 anos, o CP quebrou a tendência que existia para
pensar nas grandes superfícies como meros balcões de pro-
dutos industriais. Apostando numa estratégia de diferencia-
ção pelos atributos sensoriais e emocionais, assumiu uma
posição totalmente oposta à das grandes superfícies euro-
peias, onde não existe uma cultura de produto tradicional
e genuíno de excelência.” e, continua, “Ninguém fez tanto
pela divulgação dos produtos tradicionais e Denominações
de Origem como a grande distribuição e a Sonae, concreta-
mente, é grande responsável por isso. Por ocasião da trans-
posição da directiva europeia que obrigava ao licenciamento
das unidades de produção deste tipo de produtos, a Sonae
exigiu também, naturalmente, que todos os produtos fos-
sem devidamente certificados para terem entrada nas suas
lojas. Isso foi um verdadeiro motor de evolução.”
FLOR DE CARDO... OU A PAIXÃO PELO QUEIJO DE AZEITÃO
QUANDO MIGUEL D’OREY ROLO COMEÇOU A APAIXONAR-SE PELA ARTE DE FABRICAR QUEIJO DE AZEITÃO DOP, FALTARIAM AINDA ALGUNS ANOS ATÉ À CRIAÇÃO DA SUA ACTUAL QUEIJARIA FLOR DE CARDO.
MIGUEL D’OREY ROLO
14
EM 1830, GASPAR HENRIQUES DE PAIVA, TROUXE PARA AZEITÃO O MÉTODO DE FABRICO DE QUEIJO TRADICIONAL DA REGIÃO DA SERRA DA ESTRELA, PARA FAZER QUEIJO DO TIPO “SERRA” COM O LEITE DOS SEUS REBANHOS, APENAS COM A INTENÇÃO DE “MATAR” SAUDADES DA SUA TERRA NATAL. NA GERAÇÃO SEGUINTE, FREDERICO FRANCO PAIVA, TORNOU-O CONHECIDO EM TODO O PAÍS PELA SUA SINGULARIDADE DE AROMA E DE SABOR, CONFERIDA PELAS CARACTERÍSTICAS ÚNICAS DA SUA ÁREA GEOGRÁFICA DE PRODUÇÃO.
Valor acrescentado em toda a cadeia é um aspecto também
evidenciado por Miguel Rolo: “Se é certo que num relaciona-
mento de produtor/distribuição, a tónica recai quase sempre
na oposição de objectivos, ou seja, o comprador quer com-
prar ao preço mais baixo e o vendedor quer ganhar o mais
possível, com o Clube de Produtores, a negociação permitiu
gerar valor para os dois lados e também para o consumidor.
Em todo este percurso, não nos limitamos a discutir custos.
Procuramos sim gerar benefícios para todas as partes e esta-
belecer uma real ligação de confiança.”
Essa ligação de confiança impulsionou significativamente o
aumento da produção. “Numa fase inicial, o Queijo de Azei-
tão DOP, como muitos outros, era um produto sazonal. Pelo
Natal, altura em que consumidor mais pensava em comprar
queijos, o ciclo produtivo estava apenas a começar, pelo que
facilmente se esgotavam os stocks. A razão é simples: para
fazer queijo, é preciso frio e, nessa altura, ainda não existiam
estações de produção com ambiente controlado. Portanto,
produzia-se queijo apenas de Outubro a Maio. Porém, se as
nossas ovelhas produzem leite o ano inteiro e se há procura
ao longo de todo o ano, com a grande distribuição a enco-
mendar cada vez mais, não há razão para deixar de produzir.
Isso obrigou-nos a repensar o negócio. Fomos todos mudan-
do e crescendo com a evolução do mercado.”
Como forma de acompanhar a procura, a Queijaria dos Vidais
foi a primeira queijaria de Azeitão a instalar Câmaras de Cura,
com temperatura e humidade controladas, sabendo aliar
o essencial das técnicas tradicionais à modernização dos
equipamentos e tecnologias de fabrico. “Com mérito para
os técnicos que, durante anos a fio, desenvolveram todo
um trabalho de investigação em tecnologia de produção,
hoje toda a fabricação do Queijo de Azeitão baseia-se em
técnicas adequadas aos tempos actuais, mas que respeitam
integralmente o carácter tradicional, sem quebra da genuini-
dade do Queijo de Azeitão DOP.”
Outro exemplo de valor possibilitado pelo CP foi a centrali-
zação de produtos, que veio abrir caminho à ampliação da
distribuição, de acordo com Miguel Rolo. “Seria impensável
os pequenos produtores andarem a distribuir os seus pro-
dutos por todas as lojas. Não fazia sentido. Uma vez mais, o
CP propôs uma solução que nos obrigou, a nós produtores,
a perceber que unindo esforços, todos poderíamos ganhar.
Resultado, hoje entrego os meus produtos em apenas 2 lo-
cais e estes chegam a cerca de 200 lojas, em todo o país, sem
ter a preocupação de ficar em fila de espera para entregar.
Há, de facto, uma organização logística que seria impossível
funcionar de outra forma.”
“Outra grande valia que fez evoluir significativamente o sec-
tor refere-se ao relacionamento que se estabeleceu entre os
produtores e o Controlo de Qualidade da grande distribui-
ção, agora totalmente diferente do que existia há 10 anos.
Hoje, muito além de um mero posicionamento de fiscaliza-
ção, conjuntamente com os produtores, procuram-se solu-
ções, numa verdadeira relação de parceria, com benefício
para o produto.” – refere.
15
Comparativamente aos primeiros anos de trabalho de Mi-
guel Rolo em queijaria, em que se produzia uma média de
200 litros de leite por dia, hoje, a Flor de Cardo, com 10 pes-
soas a laborar na parte fabril, é a queijaria que mais produz
em Azeitão, com uma média de 2000 litros de produtos pro-
duzidos por dia, entre os quais o Queijo de Azeitão DOP.
Numa antevisão para os próximos 10 anos, Miguel Rolo co-
menta: “Há uma realidade que diferencia Portugal do resto
da Europa: é que não tivemos um processo de industriali-
zação tão acelerado e soubemos preservar e proteger a ge-
nuinidade dos nossos produtos tradicionais. O nosso “drama”
não se colocava tanto ao nível da qualidade, mas antes na
quantidade de produção, pois a única certeza que tínhamos
há uns anos atrás era que não íamos ter queijos suficientes
para uma grande distribuição.
Por isso mesmo, para nós é muito mais fácil continuar a
produzir um produto sem desvirtuar as suas características
originais, porque mantivemos o respeito pela matéria-prima
e pelas regras da sua transformação em produto... nunca dei-
xámos perder de vista o saber fazer transmitido entre gera-
ções, nem as emoções do palato, com o gosto pelos sabores
contrastantes.
Há, porém duas questões preocupantes e fundamentais no
futuro do sector queijeiro: uma delas é o perigo da procu-
ra da textura em detrimento do aroma e do sabor, quando
cada queijo consegue ser único e surpreendente no pala-
to; a outra questão é que é preciso ter uma noção clara das
consequências que as grandes mudanças podem causar. No
caso do Queijo de Azeitão, temos a grande tradição de tra-
balhar exclusivamente com leite cru, sal e flor de cardo na
coagulação do queijo. Com o paradigma da industrialização,
a tendência vai no sentido de trabalhar com leites cada vez
mais refrigerados. Isto representa um enorme desafio para as
décadas vindouras: sermos capazes de continuar a preservar
as características de genuinidade dos queijos que produzi-
mos, sob pena de perder a identidade do nosso património
gastronómico.” – remata Miguel Rolo.
FLOR DE CARDO, LEITE CRU DE OVELHA E SAL SÃO OS INGREDIENTES QUE SE ALIAM AO SABER LEGADO ENTRE GERAÇÕES E ÀS PARTICULARES CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DA SERRA DA ARRÁBIDA, PARA DAR ORIGEM A UM DOS MAIS EMBLEMÁTICOS QUEIJOS DE OVELHA NACIONAIS: O QUEIJO DE AZEITÃO DOP.
O QUEIJO DE AZEITÃO DOP É UM QUEIJO CURADO, PEQUENO, ACHATADO E CILÍNDRICO, DE CASCA AMARELADA E PASTA AMANTEIGADA E UNTUOSA E TEXTURA FECHADA, QUE SURPREENDE O PALATO COM O SEU MISTO DE ÁCIDO, SALGADO E PICANTE
16
CERTIFICAÇÃO CLUBE DE PRODUTORES DE CHARCUTARIA
A CERTIFICAÇÃO DE UM PRODUTO OU DE UM PROCESSO É UM MEIO DE GARANTIR A SUA
CONFORMIDADE COM NORMAS OU DOCUMENTOS NORMATIVOS.
Acompanhando as exigências do mercado, o Clube de Pro-
dutores pretende proceder à certificação de todos os seus
membros através da análise aos produtos que comercializa.
Este processo será acompanhado e assegurado por um Or-
ganismo de Controlo e Certificação (OCC), “Sativa” que averi-
guará de forma autónoma e independente o cumprimento
das normas estabelecidas. Desde a auditoria às instalações,
até à verificação do produto na loja, todo o processo pro-
dutivo será analisado e sujeito a um rigoroso controlo que
permitirá, em última análise, incrementar a confiança dos
consumidores nos produtos do Clube de Produtores.
O processo de certificação foi iniciado com o desenvolvi-
mento e levantamento de Fichas Técnicas e uma proposta
de auditoria que irá garantir que sejam analisados todos os
pontos da cadeia produtiva.
Considerando a positiva aceitação por parte dos produtores
do Clube, o processo teve inicio no mês de Fevereiro, com as
primeiras unidades auditáveis já nesta 1ª fase.
Apresentando uma capacidade produtiva muito distinta en-
tre os seus Sócios, o Clube de Produtores engloba desde os
pequenos produtores de Trás-os-Montes às grandes unida-
des produtivas do Alentejo.
Apesar destas diferenças, existem em comum vários pontos
que vão desde a segurança alimentar; o reconhecimento da
qualidade dos seus produtos: as suas tradições; a inovação e a
natural evolução e desenvolvimento dos produtos regionais
Ao aderirem a esse sistema, os produtores beneficiam do re-
conhecimento e da avaliação externa de todo o seu método
produtivo e da qualidade dos seus produtos.
Entre outras, as principais razões para a Certificação do Clube
de Produtores são:
- Equidade entre todos os sócios do Clube de Produtores;
- Credibilidade interna e externa:
- Imparcialidade e independência de decisão
- Garantia de Qualidade dos Produtos Selecção;
- Garantia Segurança Alimentar;
- Factores ligados à Qualidade dos Produtos;
- Preocupação crescente de aspectos ligados ao meio am-
biente;
- Ambiente de competitividade salutar entre os produtores.
Sempre na procura da autenticidade e no desenvolvimento
e apoio aos melhores produtores nacionais, foi dado mais
um passo no caminho da garantia do lema do Clube de Pro-
dutores Sonae, “O melhor de Portugal”.
O processo foi iniciado no final de 2008 e encontra-se em
fase de implementação no primeiro trimestre de 2009.
DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO DE CHARCUTARIA
CLUBE DE PRODUTORES“O MELHOR DE PORTUGAL”
Texto de JOÃO FERNANDES
O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO FOI INICIADO
COM O DESENVOLVIMENTO E LEVANTAMENTO
DE FICHAS TÉCNICAS E UMA PROPOSTA DE
AUDITORIA QUE IRÁ GARANTIR QUE SEJAM
ANALISADOS TODOS OS PONTOS DA CADEIA
PRODUTIVA.
17
Testemunhos
VIAGEM DE TRABALHO À ÁFRICA DO SUL
De 1 a 9 de Novembro de 2008, um conjunto de membros
do Clube de Produtores viajou até à África do Sul para visitar
explorações agrícolas naquele país.
Nesta viagem, organizada com o apoio local da Univeg, o
grupo composto por 18 pessoas, entre as quais se contavam
12 produtores do Clube, visitou 9 pomares e 5 centrais de
embalamento, num percurso que, excluindo os 1.250 km de
avião entre a cidade do Cabo e JHB, somou para cima de
2500 km percorridos por estrada.
País imenso, 13 vezes a área de Portugal, e com vocação agrí-
cola, a África do Sul combina dentro do seu vasto território
ciclos produtivos que permitem produções tipologicamen-
te diferenciadas e complementares, ou seja, as colheitas de
um determinado tipo de fruta previstas para o mês seguinte
numa região do país, irão ser repetidas apenas 2 ou 3 meses
mais tarde no seu extremo oposto.
18
Na nossa viagem foram visitados pomares de citrinos, uvas,
lichias, peras, maçãs, pêssegos, nectarinas, nozes de maca-
damia, pêra abacate e ameixas, para além de outras explora-
ções, tais como uma estação de produção de compostagem
instalada junto à maior produção de tomate para salada da
África austral.
Resta referir que esta foi também uma viagem da curiosida-
de, já que, de si muito longa, esta deslocação representou
para a maioria dos produtores que nos acompanharam pôr
pé, pela 1ª vez, em solo africano.
Já de regresso a Portugal todos os participantes anuíram
que esta viagem, tal como outras realizadas pelo Clube de
Produtores, excedeu todas as expectativas.
19
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LÓG
ICO
OMC/Carne de bovinoA OMC assume reavaliar o processo referente à exportação de carne de bovi-no com hormonas proveniente dos EUA e do Canadá admitindo assim aceitar a decisão da UE em reabrir o processo contra aqueles dois países.
A OMC havia anteriormente rejeitado queixa apresentada pela UE contra os EUA e Canadá, quando estes países impuseram sanções retaliatórias sobre exportações europeias em resposta à proibição de importação da carne de bovino.
Dados sobre a Actividade Agrícola em Portugal No último levantamento efectuado ao sector agro-pecuário em Portugal, existiam 43.850 explorações agrícolas ocupando 573.228 há, ou seja, 78% do território Nacional.
Utilizando um parque de 31.514 tractores, a população agrícola total era de 106.022, dividida por cerca de 30.000 explorações muito pequenas, 8.200 pequenas, 3.000 médias e apenas 2.700 consideradas grandes. Neste enquadramento quase metade dos produtores no activo tinha mais de 65 anos e 60 % apresentava como nível de escolaridade o 1º Ciclo de esco-laridade.
Relativamente a hábitos de consumo, 80% dos Portugueses consome fre-quentemente fruta nacional, mais de metade preocupa-se em saber qual a proveniência dos hortícolas que adquire, destaca os produtos tradicionais como um dos sectores mais aliciantes e viáveis no mundo rural e classifica Trás-os-Montes como a região onde é produzido o melhor fumeiro do país.A maioria dos Portugueses considera também insuficiente o espaço e ex-posição dos produtos biológicos nas grandes superfícies.É opinião geral que o estado deverá apoiar as explorações de maior dimensão e a funcionar de acordo com uma estrutura empresarial, já que só por este caminho a agricultura terá futuro.
Portugal aplicou 94% dos fundos comunitáriosPortugal já aplicou perto de 94% dos cerca de 20 mil milhões de euros de fundos estruturais para 2000-2006. Esta taxa de execução é superior aos 91% da média comunitária.
Dos 20.435 milhões de euros destinados a Portugal, foram já aplicados 19.125 milhões (93,59%), estando assim por gastar 1.310 milhões de euros. Na União Europeia, as taxas de execução variam entre os 82% do Luxemburgo e os 95% da Letónia e Lituânia.
A Comissão Europeia anunciou o prolongamento até 30 de Junho do período de elegibilidade dos fundos, permitindo assim que se esgote o financiamen-to da política de coesão para 2000-2006 de forma a «fazer com que cada euro disponível possa ser utilizado da melhor maneira possível», revela a Agência Lusa. Este prolongamento abrange os quatro fundos estruturais em vigor na altura: o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), o Fundo So-cial Europeu (FSE), o Fundo Europeu de Orientação e de Garantia Agrícola (FEOGA) e o Instrumento Financeiro de Orientação das Pescas (IFOP).
Por utilizar, em toda a União Europeia, estão cerca de 20 mil milhões de eu-ros, do total de 225 mil milhões de euros. A Comissão Europeia aconselha os Governos nacionais a concentrarem a aplicação dos fundos «em sectores e medidas com valor de retorno elevado, como o investimento em eficiência energética para criar empregos ecológicos e poupar energia, e o apoio às tecnologias limpas, para incentivar sectores como a construção e as indús-trias automóveis».
Alguns dados sobre a Gripe H1N1No início de Maio, as autoridades canadianas detectaram porcos infectados com o vírus da Gripe H1N1 numa exploração na província de Alberta, que foi imediatamente colocada sob quarentena.
Na sequência das notícias sobre a Gripe H1N1, como forma de prevenção, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) alertou que todos os suínos devem ser monitorizados e aconselhou uma vigilância redobrada.
Por sua vez, a Direcção Geral Veterinária advertiu todos os criadores para a necessidade de reforçar as medidas de biossegurança nas suas explorações.Peter Ben Embarek, responsável da Organização Mundial de Saúde para a Se-gurança Alimentar, garantiu que o consumo de carne de porco e derivados não transmite o vírus: “O vírus não se contrai comendo carne de porco. Não é preciso haver receios, porque não há qualquer risco”.Em Portugal, o consumo de carne de porco não baixou. As compras junto dos produtores e nos super e hipermercados mantêm-se inalteradas.