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3ª SEMANA DO ADVENTO 2013-2014 (ANO A) III DOMINGO ADVENTO – 15/DEZEMBRO/2013 S TA NlNA DA GEÓRGlA (séc.lV). Segundo a lenda, S TA Nina (ou Cristina) pertencia a uma família natural da Capadócia (parente de S.Jorge, martirizado em 303 por Diocleciano), que vendeu os seus bens e foi para Jerusalém onde o pai se ordenou monge e a mãe diaconisa. Com apenas 12 anos Nina ficou só a ser educada na fé por uma mulher cristã idosa que lhe ensinou como a Túnica de Cristo fora parar às terras pagãs da Geórgia. Nina dedicou a vida a evangelizar este país, convertendo o rei Mirian que a perseguira, e fazendo de S.Jorge o seu principal Padroeiro. Isaías 61 , 1-6a . 10 ; Sal 145, 7-10. 53-54 ; Tiago 5, 7-10 ; Mateus 11 , 2-11 NUMA SERENA ESPERANÇA . Vivemos hoje a um ritmo mais rápido do que as gerações que nos precederam. As causas são muitas e variadas. Ao ter-se consciência desta realidade, cada um procura a melhor maneira de se integrar nesta corrida frenética. Aqui e ali, nasce o desejo de se viver de outra forma, mas escutando primeiro o próprio corpo e esquecendo os cuidados da Criação, a grande perdedora da nossa sociedade de consumo. Os textos de hoje convidam-nos a desarrumar o tempo para, justamente, saborearmos a calma na expectativa febril d’Aquele que deve vir . Basta deter-nos no profeta Isaías para nos deslumbrarmos à vista da esperança que se manifesta na maior desolação : O deserto e a terra árida vão alegrar-se, a estepe exultará e florescerá ”. Tudo nos impele a encararmos o futuro com confiança. Com a vinda dO Salvador até as mãos desfalecidas, os joelhos trémulos e os enfermos podem esperar renovação. A vulnerabilidade ganha então uma outra dimensão e os fracos podem fazer parte dos eleitos apesar das suas doenças ou deficiências. Transformados em criaturas novas, inflamadas de paciência, que não puxam pela planta para que ela cresça, e se põem a contemplá-la pelo que ela é . A atitude de João-Baptista era justamente esta . Ao enviar os discípulos perguntar a Jesus qual a Sua identidade, ele deixa finalmente O Messias dar uma resposta sem pressionar os acontecimentos. A presença no mundo dO Filho do homem decobre-se na Boa-Nova que já dá frutos. Preparemos calmamente o Natal ! SEGUNDA-FEIRA – 16/DEZEMBRO/2013 B TA MARlA DOS ANJOS (1661- 1717). Carmelita descalça (entrou no Carmelo com dezasseis anos e, apesar de ter detestado a mestra das noviças, professou). Durante três anos andou numa profunda noite escura, mas, determinada, soube vencê-la. Vivia em contínuo estado de oração e tinha uma especial devoção a S.José, fundando em sua honra o convento de Moncalieri. Mística, era exímia a resolver os problemas materiais. Foi Prioresa várias vezes. B TO HONORATO DE BlALA (1829- 1916). Sacerdote capuchinho polaco , perdera a fé durante o curso de arquitectura mas recuperou-a no dia da Assunção da Virgem, depois de passar pela prisão do Czar. Numa Polónia ocupada pela Rússia, que suprimira os conventos, soube inovar a vida monástica fundando mais de 25 “conventos” semelhantes aos actuais institutos seculares. “ Nestas congregações vive-se a vida escondida aos olhos do mundo . Este modo de viver a vida religiosa não é sugerido só por motivos de prudência ou de necessidade, mas pelo empenho de imitar a vida escondida da Virgem. Esta forma não fica sujeita às vicissitudes das circunstâncias externas sociais e políticas, e é voluntariamente escolhida por cada um por ser amável em si mesma, por permitir maior glória de Deus, mais fácil progresso espiritual e mais segura salvação.” Beatificado por João-Paulo II em 1988. Números 24, 2-7.15-17a ; Sal 24 , 4bc-9 ; Mateus 21 , 23-27 EM FRENTE, MARCHE ! (Salmo 24,4bc-9). “Que a vinda dO Teu Filho para o meio de nós ilumine a noite dos nossos corações”. Uma petição que devemos fazer nossa, mas que nada valerá sem preparar os “caminhos dO Senhor”. Como fazê-lo, a não ser “marchando , diz-nos o B TO Guerric d’Igny(~1070-1157), monge cistercience com uma forte espiritualidade mariana, na linha de S.Bernardo seu mestre : “Maria forma Seu Filho único em todos os que são seus filhos por adopção”. Para nós, marchar há-de consistir numa consciência mais apurada das nossas trevas, ou seja das paixões que cegam (cobiça, tristeza, cólera, etc.) e, ainda, que nada podemos fazer sem Cristo ,“luz do mundo”. Acolhamo-lO através da Palavra, lida, meditada, posta em prática. COM QUE AUTORlDADE FAZES lSTO ? (Mateus 21,23-27). Porque não respondeu Jesus ? A pergunta dos chefes dos sacerdotes e dos anciões do povo tinha toda a legitimidade. Ela tinha a sabedoria de tentar informar-se sobre os fundamentos da autoridade daqueles que arrastam multidões. Ousar formular esta pergunta evitaria a muitos, hoje, entregarem a sua liberdade para seguirem gurus auto-proclamados. Jesus não respondeu porque tinha diante de Si homens com coração dúplice, calculistas mais preocupados com as reacções da multidão (e portanto com o seu próprio poder) do que com o conhecimento da verdade . Aproxima-se o Natal. O Menino que vai nascer ensinar-nos-á a discernir as nossas profundas motivações, a ver claro e a reconhecer n’Ele o astro que se eleva na humanidade. TERÇA-FEIRA – 17/DEZEMBRO/2013 S TO JOSÉ MANYANET (1661- 1717). A palavra “família ” nem sempre designou a célula formada pelo pai, mãe e filhos. Durante muito tempo teve uma acepção mais abrangente (agrupava o conjunto da “casa”, incluindo os criados), o que explica porque a devoção à Sagrada Família de Nazaré só se desenvolva tardiamente no séc.XVll e, mais ainda, no séc. XlX. Foram então quase 60 congregações que assim se designaram. Na Catalunha a devoção foi difundida por José Manyanet que incitava todos a inspirarem-se diariamente no precioso modelo de amor e santidade vividos por Jesus, Maria e José, fundando para isso duas Congregações de Filhos e Filhas da Sagrada Família. Dava ainda grande importância à instrução dos jovens e abriu escolas, colégios e “ateliers” em várias cidades espanholas. Também escreveu obras e opúsculos nos quais insistia no valor sagrado do matrimónio e na necessidade urgente duma educação cristã das crianças. Fundou uma revista cujo título, “A Sagrada Família ”, recorda o apoio decisivo que deu à famosa igreja do Gaudi , em Barcelona. Após a sua canonização(2004) por João-Paulo ll, a Igreja universal honra-o hoje, poucos dias antes da festa da Sagrada Família no dia 29/Dez. Proximidade simbólica para quem desejava ser “cada lar, um lar Nazaré ”. Génesis 49 , 2 . 8-10 ; Sal 71, 2-4ab. 7-8.17 ; Mateus1 , 1-17 O LEÃO DE JUDÁ (Génesis 49,2.8-10). A benção que Jacob invoca sobre o seu filho Judá é lida no judaísmo como anúncio messiânico . JESUS COM OS CHEFES E ANClÃOS NO TEMPLO Jacques Tissot (1836-1902) JOÃO VlSlTADO POR 2 DlSClPULOS Giovanni Paolo di Grazia (1398–1482) S.JOSÉ COM JESUS Battista Gaulli (1639-1709)

3ª SEMANA DO ADVENTO 2013-2014 ANO A JOÃO VlSlTADO … · 3ª SEMANA DO ADVENTO 2013-2014 (ANO A) III DOMINGO ADVENTO – 15/DEZEMBRO/2013 STANlNA DA GEÓRGlA (séc.lV). Segundo

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3ª SEMANA DO ADVENTO 2013-2014 (ANO A)

III DOMINGO ADVENTO – 15/DEZEMBRO/2013 S TA NlNA DA GEÓRGlA (séc.lV). Segundo a lenda, STANina (ou Cristina) pertencia a uma famílianatural da Capadócia (parente de S.Jorge, martirizado em 303 por Diocleciano), que vendeu osseus bens e foi para Jerusalém onde o pai se ordenou monge e a mãe diaconisa. Com apenas12 anos Nina ficou só a ser educada na fé por uma mulher cristã idosa que lhe ensinou como aTúnica de Cristo fora parar às terras pagãs da Geórgia. Nina dedicou a vida a evangelizar estepaís, convertendo o rei Mirian que a perseguira, e fazendo de S.Jorge o seu principalPadroeiro.

Isaías 61 , 1-6a . 10 ; Sal 145, 7-10. 53-54 ; Tiago 5, 7-10 ; Mateus 11 , 2-11NUMA SERENA ESPERANÇA. Vivemos hoje a um ritmo mais rápido do que as gerações que nos precederam. Ascausas são muitas e variadas. Ao ter-se consciência desta realidade, cada um procura a melhor maneira de seintegrar nesta corrida frenética. Aqui e ali, nasce o desejo de se viver de outra forma, mas escutando primeiroo próprio corpo e esquecendo os cuidados da Criação, a grande perdedora da nossa sociedade de consumo. Os textos de hoje convidam-nos a “desarrumar” o tempo para, justamente, saborearmos a calma na expectativafebril d’Aquele que deve vir. Basta deter-nos no profeta Isaías para nos deslumbrarmos à vista da esperançaque se manifesta na maior desolação : “O deserto e a terra árida vão alegrar-se, a estepe exultará e florescerá”. Tudo nos impele a encararmos o futuro com confiança. Com a vinda dO Salvador até as mãos desfalecidas, osjoelhos trémulos e os enfermos podem esperar renovação. A vulnerabilidade ganha então uma outra dimensãoe os fracos podem fazer parte dos eleitos apesar das suas doenças ou deficiências. Transformados em criaturasnovas, inflamadas de paciência, que não puxam pela planta para que ela cresça, e se põem a contemplá-la pelo que ela é . A atitude deJoão-Baptista era justamente esta. Ao enviar os discípulos perguntar a Jesus qual a Sua identidade, ele deixa finalmente O Messias daruma resposta sem pressionar os acontecimentos. A presença no mundo dO Filho do homem decobre-se na Boa-Nova que já dá frutos. Preparemos calmamente o Natal !

SEGUNDA-FEIRA – 16/DEZEMBRO/2013

B TA MARlA DOS ANJOS (1661-1717). Carmelita descalça (entrou no Carmelo com dezasseis anos e, apesar de terdetestado a mestra das noviças, professou). Durante três anos andou numa profunda noite escura, mas, determinada,soube vencê-la. Vivia em contínuo estado de oração e tinha uma especial devoção a S.José, fundando em sua honra oconvento de Moncalieri. Mística, era exímia a resolver os problemas materiais. Foi Prioresa várias vezes.B TO HONORATO DE BlALA (1829-1916). Sacerdote capuchinho polaco, perdera a fé durante o curso dearquitectura mas recuperou-a no dia da Assunção da Virgem, depois de passar pela prisão do Czar.

Numa Polónia ocupada pela Rússia, que suprimira os conventos, soube inovar a vida monástica fundando mais de 25“conventos” semelhantes aos actuais institutos seculares. “Nestas congregações vive-se a vida escondida aos olhosdo mundo. Este modo de viver a vida religiosa não é sugerido só por motivos de prudência ou de necessidade, maspelo empenho de imitar a vida escondida da Virgem. Esta forma não fica sujeita às vicissitudes das circunstânciasexternas sociais e políticas, e é voluntariamente escolhida por cada um por ser amável em si mesma, por permitirmaior glória de Deus, mais fácil progresso espiritual e mais segura salvação.” Beatificado por João-Paulo II em 1988.

Números 24, 2-7.15-17a ; Sal 24 , 4bc-9 ; Mateus 21 , 23-27EM FRENTE, MARCHE ! (Salmo 24,4bc-9). “Que a vinda dO Teu Filho para o meio de nós ilumine a noite dos nossos corações”. Umapetição que devemos fazer nossa, mas que nada valerá sem preparar os “caminhos dO Senhor”. Como fazê-lo, a não ser “marchando”,diz-nos o BTOGuerric d’Igny(~1070-1157), monge cistercience com uma forte espiritualidade mariana, na linha de S.Bernardo seu mestre : “Maria forma Seu Filho único em todos os que são seus filhos por adopção”. Para nós, marchar há-de consistir numa consciência mais

apurada das nossas trevas, ou seja das paixões que cegam (cobiça, tristeza,cólera, etc.) e, ainda, que nada podemos fazer sem Cristo,“luz do mundo”.

Acolhamo-lO através da Palavra, lida, meditada, posta em prática.“COM QUE AUTORlDADE FAZES lSTO ? ” (Mateus 21,23-27). Porque não respondeu Jesus ?A pergunta dos chefes dos sacerdotes e dos anciões do povo tinha toda a legitimidade. Elatinha a sabedoria de tentar informar-se sobre os fundamentos da autoridade daqueles quearrastam multidões. Ousar formular esta pergunta evitaria a muitos, hoje, entregarem a sualiberdade para seguirem gurus auto-proclamados. Jesus não respondeu porque tinhadiante de Si homens com coração dúplice, calculistas mais preocupados com as reacções damultidão (e portanto com o seu próprio poder) do que com o conhecimento da verdade.

Aproxima-se o Natal. O Menino que vai nascer ensinar-nos-á a discernir as nossas profundasmotivações, a ver claro e a reconhecer n’Ele o astro que se eleva na humanidade.

TERÇA-FEIRA – 17/DEZEMBRO/2013 S TO JOSÉ MANYANET (1661-1717). A palavra “família” nem sempre designou a célula formada pelo pai, mãe e filhos. Durante muito tempo teve uma acepção mais abrangente (agrupava o conjunto da “casa”, incluindo os criados), o que explica porque a devoção à Sagrada Família de Nazaré só se desenvolva tardiamente no séc.XVll e, mais ainda, no séc. XlX. Foram então quase 60 congregações que assim se designaram. Na Catalunha a devoção foi difundida porJosé Manyanet que incitava todos a inspirarem-se diariamente no precioso modelo de amor e santidade vividos por Jesus, Maria e José, fundando para isso duas Congregações de Filhos e

Filhas da Sagrada Família. Dava ainda grande importância à instrução dos jovens e abriu escolas, colégios e “ateliers” em várias cidades espanholas. Também escreveu obras e opúsculos nos quais insistia no valorsagrado do matrimónio e na necessidade urgente duma educação cristã das crianças. Fundou uma revista cujo título, “A Sagrada Família”, recorda o apoio decisivo que deu à famosa igreja do Gaudi, em Barcelona. Após a sua canonização(2004) por João-Paulo ll, a Igreja universal honra-o hoje, poucos dias antes da festa da Sagrada Família no dia 29/Dez. Proximidade simbólica para quem desejava ser “cada lar, um lar Nazaré”.

Génesis 49 , 2 . 8-10 ; Sal 71, 2-4ab. 7-8.17 ; Mateus1 , 1-17O LEÃO DE JUDÁ (Génesis 49,2.8-10). A benção que Jacob invoca sobre o seu filho Judá é lida no judaísmo como anúncio messiânico.

JESUS COM OS CHEFES E ANClÃOS NO TEMPLO

Jacques Tissot (1836-1902)

JOÃO VlSlTADO POR 2 DlSClPULOS Giovanni Paolo di Grazia (1398–1482)

S.JOSÉ COM JESUS Battista Gaulli (1639-1709)

Para os cristãos, aponta para a designação “Leão de Judá” atribuida a Cristo no Apocalipse (Ap.5,5). Um título que nos recorda a Suavitória pascal e o exercício da Sua realeza sobre o universo e em cada um dos nossos corações. É a esta luz da Páscoa quecontemplamos a vinda de Jesus na nossa história. Deixemo-lO pois encarnar em nós para que Ele estabeleça o Seu reino de paz.

A GENEALOGlA DE JESUS (Mateus 1,1-17). “Abraão gerou Isaac...”, e por aí adiante. Temos vontade de saltar esta litania com nomesdifíceis de pronunciar - um pouco aborrecida, há que reconhecê-lo - para mais rapidamente chegarmos ao versículo final, inscritosimultaneamente na continuidade e na novidade radicais: “...Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamadoO Messias”. E se eu, desta vez, souber encontrar tempo para não saltar gerações e disser em voz alta, lentamente, cada um dos nomes,tentando imaginar os rostos e o peso das suas vidas ? Mesmo sabendo que nem todas foram exemplares e que não houve só santosnos antepassados de Jesus. Na verdade, foi no âmago da história humana, com suas luzes e sombras, foi na massa do nosso ADN,com toda a sua carga genética, que O Cristo, filho de David, filho de Abraão, inscreveu O Seu Nome : Jesus, Yeshua, “Deus-salva”.Virgem STAMaria roga para que nunca se quebre a minha ligação aO Teu Filho Jesus,“enxerto divino” que permite dar frutos no inverno !

Ajuda-me Mãe, a também eu contribuir para o crescimento da “geração dos que procuram O Senhor”.

QUARTA-FEIRA – 18/DEZEMBRO/2013 NªSENHORA DO Ó Em Portugal há 23 freguesias cuja Padroeira é Nossa Sª do Ó. Esta festa iniciou-se em Espanha (séc.Vl). Após o 10º Concílio de Toledo, STO Ildefonso determinou quese celebrasse com o título de“Expectação do Parto da Beatíssima Virgem Maria”, no início dasemana que precede o Natal. Por causa de, nas Vésperas desta semana, as antífonas maioresse iniciarem todas com a exclamação“Ó” (Ó Sabedoria…, Ó Sol nascente…, Ó rebento da raízde Jessé…, Ó Emanuel…, Ó Rei das nações e Pedra angular da Igreja… , Ó Chave da casa de David…”, o povo passou a denominar essa solenidade como festa de Nossa Senhora do Ó.

Jeremias 23 , 5-8 ; Sal 71, 2.12-13.18-19 ; Mateus1 , 18-24PROMESSA DE RESTAURAÇÃO (Jeremias 23,5-8). “Eu vou ocupar-Me de vós (…) reunirei o que restar dasminhas ovelhas(…)e farei que voltem às suas pastagens…” A restauração de Israel é também promessada nossa restauração em Cristo. Tornámo-nos “estrangeiros” a nós mesmos, “dispersos”; Ele vem unifi-car-nos, recriar-nos. Os mistérios da Encarnação e da Redenção são indissociaveis e estão, numa parte,ligados à nossa experiência concreta: “O que realizo, não o entendo; pois não é o que quero quepratico,mas o que eu odeio é que faço” (Rom.7,15). Cabe a cada um abrir-se à graça para que a sua terra setorne capaz de “responder” (Oseias 2,24) na simplicidade e na alegria.

“NÃO TENHAS MEDO DE RECEBER MARlA EM TUA CASA” (Mat.1,18-24). Na semana que precede o Natal, preparamo-nos com S.José. Nele tudo é silêncio: as dúvidas; o projecto de repudiar Maria em segredo para respeitar um mistério que o ultrapassava ; o anúncio doanjo num sonho nocturno ; e, até, a sua confiante obediência. Para ele tudo estava escondido. Porém, apesar dos tormentos devido àincompreensão do que lhe acontecia, não fez perguntas e abandonou-se à providência de Deus. Também nós teremos que ser capazesde preparar, na oração, o Natal - para lá daquilo que nos ultrapassa, para lá do bru-há-á do mundo rendido ao alarido das lojas e centroscomerciais - e, então, escutarmos a voz que murmura com a suavidade da leve brisa : “Não tenhas medo de receber Maria em tuacasa !”

QUINTA-FEIRA – 19/DEZEMBRO/2013 B TO URBANO V(1310-70). 6º Papa de Avinhão, Guillaume de Grimoard quis aproximar as Igrejas doOriente e Ocidente. Trouxe o papado para Roma mas teve que voltar a Avinhão 3 anos maistarde.

Juízes 13, 2-7. 24-25a ; Sal 70, 3-4a. 5-6ab.16-17 ; Lucas1, 5-25ESPERANÇA E DESEJO (Lucas 1,5-25). A história parecia congelada e ei-la a retomar a marcha. O evangelista Lucasfaz-nos compreender isto com a repetição duma mesma expressão grega: “chegou” (traduzido no versículo 5 por :“havia no tempo de Herodes…”; no versículo 8 por: “estando Zacarias…”; no versículo 23: “terminados os dias…”) A irrupção dO Senhor na vida de Zacarias, e na de todo Israel, abre uma “passagem” (Sal 30,9), uma esperança.Mas para se reconhecer a vinda de Deus, ainda é necessário desejá-la. Porque, como diz STOAgostinho, só o desejoprepara para se receber o dom e o reconhecer quando ele vier. Ele escreveu ainda : “Jesus acendeu uma luz paraque pudéssemos vê-lO. Essa luz foi João Baptista”. De facto, nesta 5ª feira é O próprio Jesus que nos acende estaluz, para que possamos vê-lO quando Ele se aproximar de nós, escondido na humildade da Sua humanidade.

João Baptista é “a lâmpada que ilumina” que todos necessitamos, para não faltarmos ao encontro da Encarnação : encontro do homemcom Deus. Será que queremos reconhecer e encontrar-nos com Aquele que vem? Será que desejamos que Ele nasça em nós e, assim, renasça a nossa vida ? Então, vamos no encalço do Baptista ! E se, hoje, eu deixar que João também me fale?

SEXTA-FEIRA – 20/DEZEMBRO/2002 S.TEÓFlLO de ALEXANDRlA e CC(séc.lll). Durante o julgamento de um cristão ameaçado de mortetestemunhou abertamente a sua fé, arrastando outros. Os juízes impressionados libertaram todos.

Isaías 7,10-14 ; Sal 23,1-6 ; Lucas1 , 26-38“A DEUS NADA É lMPOSSlVEL”. “O Poder do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra (...) porisso,

aquele que vai nascer será Santo...” Está dito o inefável de forma simples, pois “a glória da filha do Rei estáescondida” no interior, na sombra dO Espírito, na sombra da fé em que Deus Se dá, escondendo-Se. Felizes somos nós por Maria ter dito sim: “Eu sou a serva dO Senhor, faça-me em mim segundo a tua palavra”.

Na presença da palavra de Deus, podemos reagir como Acaz ou como Maria. O 1ºaborrece os homens e O senhor com a sua falta de confiança e as suas estratégias,como se Deus não existisse (Is.7,1-9). A segunda acolhe uma palavra inédita e aceitao que a ultrapassa, abrindo a sua vida ao universal. Estaremos nós tambémdisposto a aceitar o inesperado de Deus ? Também eu quero dizer sim à vida, àminha vida tal como ela é, e, em especial, à Vida dO Espírito em mim ? Dassombras, no final dos tempos, surgiste tu minha Mãe, mulher vestida de sol, ícone da Igreja !

SÁBADO – 21/DEZEMBRO/2013 S.PEDRO CANlSlO(1521-97). 1º jesuíta alemão (1543). Teólogo no Concílio de Trento, publicou 3 Catecismos. Apóstolo da Alemanha, tinha sede de pobreza, castidade e obediência. PioXl fê-lo Doutor da Igreja, em 1925.

O SONHO DE S.JOSÉ

Gaetano Gandolfi (1734-1802)

ANÚNClO DO ANJO A ZACARlAS

ANUNClAÇÃO DO ANJO A MARlA Luca Giordano (1634-1705)

VlSlTAÇÃO DE MARlA A lSABEL Sebastiano del Piombo (1485-1547)

Cântico dos Cânticos 2, 8-14 ; Sal 32, 2-3.11-12. 20-21 ; Lucas1 , 39-45A PRESENÇA DO SENHOR (Lucas 1,39-45). A visita de Maria a Isabel tem sido comparada à trasladação da Arca

da Aliança desde a casa de Obededom até Jerusalém (2 Samuel 6), comparação que orienta a nossa meditação para as modalidades dapresença de Deus no Seu Povo. Uma presença peregrinante, que vem juntar-se a cada um onde ele estiver. Assim Maria, nova Arca daAliança, leva Cristo a sua prima Isabel e encontra-a investida dO Espírito. Imploremos a graça de nos darmos uns aos outros vivendo apresença dO Senhor nos nossos encontros e de nos reconhecermos mutuamente como templos de Deus (1 Coríntios 3,16-17). Visitação, onde se vive a felicidade da fé partilhada : “feliz és tu que acreditaste”.“Meditações Bíblicas”, trad. das Irmãs Dominicanas de Notre-Dame de Beaufort (Supl. Panorama, Ed. Bayard, Paris) jorgeperloiro@gmail . com