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EIXO PEDAGÓGICO

(5) M2 EP U2 Ok - nead.uesc.brnead.uesc.br/arquivos/Biologia/bloco2/M2_EP_U2.pdf · Tem como origem a psicologia experi-mental de Watson (século XX) que possui como pressuposto a

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I. Introdução

II. Abordagens Comportamentalistas

III. Abordagens Neocomportamental

IV. Referências

As Abordagens Comportamentalistas e Neocomportamentalistas

Unidade 2

Autora: Professora Adda Daniela Lima Figueiredo

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Teorias educacionais são hipóteses e modelos pelo qualo ser humano aprende.

A problemática da educação no Brasil constitui um fator de extrema relevância no que diz respeito a sua fundamentação teórica. Para discuti-la será realizado um recorte teórico acerca de sua história, cujo período de análise inicia-se no século

XIX, quando a questão da democratização do ensino começou a tornar-se uma realidade e as primeiras escolas normais foram criadas no Brasil. Desta época até os dias atuais, tem-se buscado uma forma de melhor qualificação do processo de aprendizagem, tanto nas diferentes instâncias do ensino – público e/ou privada; como nas distintas modalidades que o constituem.

Nessa perspectiva, a questão de como o conhecimento humano ocorre tem se mos-trado uma preocupação recorrente, sendo possível haver abordagens diversas, tendo em comum apenas o alicerce básico para sua investigação: o objeto, o sujeito ou a interação entre ambos. Uma das formas para explicação e entendimento desse fenômeno é o com-portamentalismo, o qual afirma que este resulta de uma relação sujeito-ambiente, ou seja, deriva de uma tomada de posição epistemológica sobre conceitos diversos de homem, mundo, cultura, sociedade, educação, entre outros.

As abordagens educacionais que discutem a relação sujeito-objeto fornecem diretri-zes à ação docente, explicitando um organizado grupo de idéias que procuram subsidiar e justificar a prática educativa, mesmo sabendo do caráter individual e intransferível fa-cultado ao professor, a partir de suas próprias vivências e condições.

As teorias educacionais contemporâneas apóiam-se em abordagens subjetivistas ou objetivistas.

O comportamentalismo e o neocomportamentalismo vêm de uma visão objeti-vista de mundo, de sociedade, de homem. Por esse motivo, a ênfase nestas teorias é com tudo que é visível e mensurável. As teorias de fundo cognitivo têm uma visão subjeti-vista e isto se reflete em seus pressupostos de aprendizagem – aprender é uma gradativa e contínua transformação das estruturas do pensamento, não necessariamente visíveis e mensuráveis.

#M2U2 I. Introdução

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A práxis científica compreende o conjunto das atividades desempenhadas pelos cientistas, tendo por finalidade a produção de novos conhecimentos científicos.

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A abordagem inatista baseia-se na crença de que as capacidades básicas de cada ser humano (personalidade, potencial, valores, comportamentos, formas de pensar e de conhecer) são inatas, ou seja, já se encontram praticamente prontas no momento do nascimento, ou potencialmente determinadas e na dependência do amadurecimento para se manifestar. Este conceito é tratado por Becker (1997) como sendo a hipótese segundo a qual a capacidade de conhecer ou de aprender do sujeito é devida à experiência adquirida em função do meio físico mediada pelos sentidos.

A atualidade aponta como tendência o uso flexível de estilos e teorias pedagógicas, para atender à diversidade dos recursos e dos alunos presentes.

As perspectivas evolutivas do processo ensino-aprendizagem neste final de milênio revelam a importância crescente de se promover novos modelos de aprendizagem e interatividade.

Desta forma, torna-se pertinente tecer comentário sobre as principais abordagens pedagógicas que influenciam a formação do processo ensino-aprendizagem e causam im-pactos no processo de desenvolvimento educacional de nosso país, propiciando a cons-trução do ideário pedagógico a partir de reflexões sobre o aprender, o analisar e o discutir acerca das abordagens teóricas existentes, aproximando o discurso e a práxis.

O acadêmico, ao utilizar este material, deverá ser capaz de:

Interpretar e refletir sobre o fenômeno educacional, no âmbito das abordagens comportamentalistas e neocomportamentalistas.

Reconhecer as características gerais, relação homem-mundo, sociedade-cultura, conhecimento-educação, escola-aprendizagem e a relação professor-aluno nas abordagens comportamentalistas e neocomportamentalistas.

Compreender a influência destas teorias educacionais no ensino de hoje.

O comportamentalismo também denominado como abordagem objetivista, beha-viorista, que deriva da concepção inatista, é o mais tradicional sistema de ensino, sendo caracterizado por ser o primata do empirismo. Tem como origem a psicologia experi-mental de Watson (século XX) que possui como pressuposto a visão do homem como um organismo passivo, governado por estímulos fornecidos pelo ambiente externo. Os comportamentalistas conceituam como comportamento tudo que pode ser observado e tudo o que responde à mudança em contingências de reforço.

A teoria behaviorista vê a mente como uma “caixa preta” concentrando-se no estudo de comportamentos públicos que podem ser observados e podem ser medidos, ignorando os processos de pensamento que ocorrem na mente. Desta forma, o conhe-cimento consiste na forma de ordenar as experiências, estruturadas indutivamente, e os eventos do universo.

O homem na visão comportamentalista é produto do meio, que só é ideal quando fruto de planejamento social e cultural. Dessa forma, a educação deverá transmitir co-nhecimentos, assim como comportamentos éticos, prático-sociais, habilidades considera-das básicas para a manipulação e controle do mundo/ambiente (cultural, social, etc.).

A escola, nesta abordagem, não assume o papel de agência de controle social, sendo, portanto, o local que educa formalmente para os padrões sociais desejáveis. Os comportamentos desejados dos alunos serão instalados e mantidos por condicionantes e reforçadores arbitrários, tais como: elogios, notas, prêmios etc., os quais, por sua vez, estão associados com uma outra classe de reforçadores mais remotos e generalizados, tais como: diploma, vantagens da futura profissão, aprovação final no curso, possibilidade de ascensão social, montaria, status, prestígio da profissão, entre outros.

Os elementos mínimos a serem considerados para a efetivação neste sistema instru-cional são: o aluno, um objetivo de aprendizagem e um plano para alcançar o objetivo proposto, sendo a aprendizagem garantida pela sua programação.

#M2U2 II. Abordagens Comportamentalistas

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As Abordagens Comportamentalistas e Neocomportamentalistas

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Psicólogo, norte americano, fundador da teoria behaviorista.

Aos educadores cabe a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de ensino-aprendizagem, de forma tal que o desempenho aumente a probabilidade de ocor-rência de uma resposta a ser apreendida. A punição é freqüentemente utilizada como meio de reforço negativo às atitudes que vão contra os objetivos pré-estabelecidos pelo educador. Já o educando é passivo e trabalha individualmente cumprindo metas.

O conteúdo transmitido visa habilidades que levem à competência e modelagem do comportamento humano, a partir de reforços, desprezando os elementos não observá-veis ou subjacentes a este mesmo comportamento. Qualquer estratégia instrucional deve, pois, estar baseada em princípios da tecnologia educacional.

Principais teóricos comportamentalistas

John Broadus Watson (1878- 1958)Desenvolveu sua teoria do comportamento utilizando diver-

sos tipos de animais e humanos em suas experiências. Seu programa de pesquisa se contrapôs às abordagens introspectivas da psicologia. Entendia a psicologia como a parte das ciências naturais que toma o comportamento como objeto de estudo a ser investigado por meio de estímulos e respostas.

Os pressupostos de sua teoria são os seguintes:

O comportamento compõe-se de elementos de resposta e pode ser analisado em cada átomo de sua constituição.

O comportamento é redutível a processos físico-químicos, pois é constituído inteiramente de secreções glandulares e movimentos musculares.

Existe sempre uma resposta a todo e qualquer estímulo, já que toda a resposta tem alguma espécie de estímulo.

Os comportamentos mais complexos podem ser entendidos como cadeias (re-des) de reflexos mais simples.

Há inúmeras reações aos estímulos que são hereditárias, as quais se transfor-mam - por condicionamento - em diferenciações individuais mais complexas.

Os processos conscientes não podem ser estudados cientificamente.

As formulações de Watson remetem à idéia de que o comportamento é orientado pelos condicionamentos e que o conjunto de sons, imagens e pala-vras que utilizamos, gera sempre um elenco de respostas condicio-nadas em quem recebe a mensagem, o que implica na necessidade de estudar estas reações autônomas dos indivíduos a elas. Além disso, é possível recondicionar trabalhando com sons, imagens e palavras que remetam a uma motivação positiva frente à mensagem, e que, portanto, o estudo das reações às várias configurações da mensagem é importante para construí-la.

Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936)Formulou sua teoria do reflexo no início do século. Sua hipó-

tese fundamental tem três aspectos indissociáveis.

A espécie animal responde aos estímulos do ambiente de forma incondicionada.

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Filósofo russo, vencedor do prêmio Nobel de medicina em 1904, estudou a psicologia comportamental, teorizando e enunciando o mecanismo do condicionamento clássico.

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Psicólogo norte-americano, que de forma objetiva, conceitua a aprendizagem por ensaio-e-erro, propondo as bases do behaviorismo de Skinner.

Estímulo incondicionado (ambiente) >> resposta incondicionada

Estímulo ambiente + estímulo neutro >> resposta

Estímulo condicionado >> resposta condicionada

É possível condicionar a resposta a partir de estímulos neutros, modifi cando o comportamento incondicionado.

Os estímulos neutros passam a ser estímulos condicionados.

Esquematicamente, sua formulação decorre de uma experiência que pode ser re-presentada assim:

Os comportamentos de resposta estão vinculados às ações do sistema nervoso au-tônomo, enquanto que os comportamentos operantes estão ancorados no sistema nervoso central. As formulações de Pavlov e de seu colaborador Bechterev infl uenciaram a psico-logia norte-americana por meio da escola behaviorista. Skinner, posteriormente, vai ca-racterizar as formas de condicionamento Pavlovianos-Watsonianos como “respondentes” em contraposição aos condicionamentos operantes.

Edward Lee Thorndike (1874-1949)Para Thorndike, a aprendizagem é o processo

(passivo, mecânico e automático) de selecionar e asso-ciar unidades físicas e mentais, gravando as respostas corretas e eliminando as incorretas, como resultado de suas conseqüências agradáveis (recompensa) ou desagradáveis (punição). A esse gravar e eliminar ele nomeou como conseqüências da Lei de Efeito, segun-do a qual, se consolida a resposta seguida de satisfa-ção e tende a desaparecer, seguida de castigo.

Antes de ser integrado ao paradigma compor-tamentalista, Thorndike foi criticado por sua ênfase nas sensações agradáveis e desagradáveis como ele-mento de fi xação de respostas. Depois de responder às críticas, sua teoria acabou incorporada às correntes behavioristas. Suas formulações inserem-se em uma lógica positivista de forma pragmá-tica (sem e com pouca enunciação epistemológica) de fazer ciência.

A lei do efeito: Todo e qualquer ato que produz satisfação ao ocorrer, quando reproduzido, tem maior probabilidade de repetir-se de que antes.

A punição e o desprazer não se comparam em absoluto ao efeito positivo da recompensa a uma determinada resposta.

O efeito de prazer é, portanto, o que fi xa o acerto (resposta) acidental.

Em termos pedagógicos, o agradável é o sucesso do ensaio realizado pelo sujeito e o desagradável é o fracasso decorrente de obstáculos.

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As Abordagens Comportamentalistas e Neocomportamentalistas

Ato desagradável Ato agradável

Obstáculo Sucesso

Não se repete

Resultado

Comportamento Repete-se

Podemos avaliar a lei do efeito de acordo com a Tabela 1, logo abaixo.

A lei do exercício:

A associação exercitada com maior freqüência sob idênticas condições será a mais utilizada pelo sujeito.

A associação exercitada com menor freqüência sob idênticas condições será a menos utilizada pelo sujeito.

A associação exercitada mais recentemente sob idênticas condições será mais forte no conjunto de repertório de respostas do sujeito.

Outros princípios:

As conexões estímulo-resposta mais próximas ao recompensado tendem tam-bém a se fortalecer frente a uma determinada situação idêntica.

O comportamento é seletivo em uma determinada situação, isto é: do conjunto de estímulos presentes em um determinado ambiente respondem a alguns dos estímulos em detrimento de outros considerados triviais.

Diferença entre associacionismo Pavloviano-Watsoniano e de Thorndike:

A teoria do reflexo condicionado de Pavlov e o behaviorismo de Watson procu-ram associar novos estímulos (antes neutros) a respostas incondicionadas, para assim superar os limites dos estímulos anteriores.

A teoria de Thorndike busca a experimentação do efeito das recompensas e pu-nições sobre a resposta dada a um determinado estímulo.

Burrhus Frederic Skinner (1904 - 1990)

Partindo dos mesmos pressupostos epistemológicos de Wat-son, o modelo de Skinner adota o associacionismo de Thorndike como base de suas formulações psicológicas do comportamento, que são marcadas pela preocupação com a aprendizagem. A lei do efei-to é apropriada por Skinner para definir os comportamentos ope-rantes, constituídos por associações estímulo-reforço (positivo ou negativo) às respostas de um sujeito. Suas formulações resultaram na “instrução programada” e no “ensino melhorado” (utilizando o computador). Por outro lado, suas formulações fundamentam mui-tas análises sobre a mensagem dos meios de comunicação de massa, especialmente a publicitária.

Os pressupostos de sua teoria são os seguintes:

O comportamento é aquilo que pode ser objetivamente es-tudado.

A personalidade é uma coleção de comportamentos objetivamente analisáveis.

As idéias de liberdade, autonomia, dignidade e criatividade são ficções sobre

Tabela 1 – Interpretação da Lei do efeito de Thorndike

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Skinner, psicólogo americano responsável pelo avanço da análise experimental do comportamento.

comportamento sem valor explicativo e científico, na medida em que apenas expressam tipos variados de condicionamento.

O comportamento pode ser modelado pela administração de reforços positivos e negativos, o que implica também em uma relação causal entre reforço (causa) e comportamento (efeito).

Os reforços:O programa experimental de Skinner é o da sistematização de um reforço, pro-vando ou não o sujeito do mesmo conforme um comportamento rigorosamente pretendido.

A eficácia do reforço depende da proximidade temporal e espacial em relação ao comportamento que se que pretende modelar, sob pena de incidir sobre outro que não esteja em questão.

Um reforço positivo fortalece a probabilidade do comportamento pretendido que segue. O seu registro é a presença (positividade) de uma recompensa.

Um reforço negativo enfraquece um determinado comportamento em provei-to de outro que faça cessar o desprazer com uma situação. Portanto, o seu registro é a ausência (retirada) de um estímulo que cause desprazer após a resposta pretendida.

Ambos, entretanto, incidem após a emergência de um comportamento preten-dido pelo experimentador.

O processo de extinção de um estímulo ocorre quando um comportamento, que antes fora reforçado, não resulta mais em reforço, tornando-se assim, cada vez menos freqüente (Nye, 2002). É a diminuição de resposta que ocorre quando o reforço deixa de existir. Na extinção, ocorre um término do reforço que mantém um comportamento operante, fazendo que o mesmo se torne menos freqüente ou, até mesmo, não seja mais exibido (Hall et al., 2000).

A punição:A punição é diferente do reforço negativo. Em termos conceituais, a punição refere-

se a um desprazer (estímulo) que se faz presente após um determinado comportamento não pretendido por aquele que a aplica, enquanto que o reforço negativo se caracteriza pela ausência (retirada) do desprazer após a ocorrência de um comportamento pretendi-do por aquele que o promove.

O pai reclama do filho até que cumpra uma tarefa: ao cumpri-la, o filho

escapa às reclamações (reforçando o comportamento do pai). [...] Um

professor ameaça seus alunos de castigos corporais ou de reprovação,

até que resolvam prestar atenção à aula; se obedecerem estarão afastan-

do a ameaça de castigo (e reforçam seu emprego pelo professor). De uma

ou outra forma, o controle adverso intencional é o padrão de quase todo

o ajustamento social - na ética, na religião, no governo, na economia, na

educação, na psicoterapia e na vida família. (SKINNER, 1971, p. 26-27).

O condicionamento operante: O condicionamento operante refere-se aos estímulos que seguem a resposta, isto é, posterior a ela, ao contrário do condicionamento respondente em que o estí-mulo antecede a resposta;

O condicionamento operante permite modelar um determinado comportamen-to pretendido por meio da administração dos reforços;

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As Abordagens Comportamentalistas e Neocomportamentalistas

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* Sidney Pressey em 1915 criou e programou uma espécie de máquina de testes de ensino usando questões de múltipla escolha. Seu funcionamento era bastante simples “em resposta a uma pergunta, o estudante apertava botões intitulados A, B, C e D até selecionar a correta que destravava a máquina” (Thompson, 1973, p. 173). Seu trabalho serviu de inspiração para Skinner, entretanto para Pressey o erro é visto como uma oportunidade para reensinar e para a elaboração de conceitos que não foram entendidos, enquanto para os programadores skinnerianos os erros apenas reforçam respostas corretas.* Norman Crowder em 1959 publica que discordava da linearidade dos programas Skinnerianos e seus métodos na construção de estruturas. Para Crowder se o estudante respondesse a uma questão incorretamente poderia ser encaminhado para uma ramificação do programa onde receberia um reforço em determinados conteúdos, para então poder retornar à linha principal do programa. Por essa razão seu programa era também denominado de intrínseco ou ramificado.

Há várias formas de modelagem através do condicionamento operante.

O sujeito possui um repertório de condicionamento operante que, em grande parte, pode ter sido gerado em situações incontigentes.

A proposta psicopedagógica de Skinner:Apresentações das informações em pequenas etapas (para que possa haver con-trole de cada avanço da aprendizagem).

Exigência de participação ativa do aluno (resposta) por meio de um sistema de avaliação ancorado na reprodução da resposta (o que significa a oposição de Skinner aos sistemas de escolha múltipla, sugeridos por Crowder e Pressey);

Reforço imediato à resposta, no sentido de um feedback indicando acerto ou erro.

Autocontrole por parte do aluno, isto é, o aluno que responde corretamente às questões pode passar a módulos posteriores.

Avaliação e aprendizagem: O papel da avaliação na aprendizagem está no contexto de uma concepção que

supervaloriza o acerto (a incidência de erro deve ser igual a zero) por parte de Skinner. Esta preocupação é indissociável a um conhecimento técnico-científico em construção e aplicação no período de guerra – em que cada erro poderia significar perdas materiais e humanas elevadas.

Coerente com a teoria do reforço, a aprendizagem não é entendida como o resulta-do de penalidade.

Para que haja controle da tríade estímulo - resposta - reforço, a aprendizagem e a avaliação devem ser feitas pelos itens acima.

De acordo com Skinner, segue abaixo a seqüência dos eventos nas atividades de-senvolvidas em sala de aula, denominado por programas lineares:

Apresentação da matéria ou conteúdo em seqüências curtas.

O aluno responde apenas a uma pergunta de cada vez.

O aluno dispõe de um tempo preciso para responder ao perguntado.

O aluno não deve passar para o item seguinte antes de haver respondido ao anterior.

As perguntas são propositalmente muito simples, para que os alunos cometam poucos erros.

Depois de responder, o aluno comprova (verifica) imediatamente a correção ou inexatidão de sua resposta, comparando-a com a resposta correta dado no próprio texto.

As seqüências são intimamente encadeadas em progressão racional.

O aluno é levado, desse modo, gradual e logicamente, a um domínio cada vez mais completo do assunto.

Atividade complementar 1Você considera importante, como professor, saber de antemão exatamente o que deseja de seus alunos? É possível planejar o aprendizado em detalhes?

Vejamos um exemplo da metodologia de Skinner relacionada com a mensagem publicitária e a promessa de reforços:

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Psicólogo norte americano, considerado o mais importante representante da ponte entre o comportamenta-lismo e o construtivismo.

Avaliação

Questão Resposta Feedback Nova Questão

Avaliação

Resposta

A sistematização feita por Skinner permite compreender a força da publicidade sob o prisma da promessa de reforço, subjacente às suas mensagens.

Por um lado, a promessa de reforço negativo, caso o receptor passe a consumir determinada marca/produto, na medida em que uma determinada situação de insatisfação cessa.

Por outro lado, a promessa de reforço positivo, caso o receptor passe a consumir determinada marca/produto, na medida em que terá novas satisfações (mulhe-res, praias, conforto, corpo atlético, etc.).

Eventualmente, a publicidade remete ao produto concorrente como aquele que mantém a insatisfação.

Em todos os casos, o reforço é uma promessa e como tal é uma possibilidade não materializada.

Atividade complementar 2Faça uma busca em livros da área de pedagogia e psicologia sobre a biografia dos autores supracitados.

As teorias neocomportamentalistas entendem a aprendizagem como mudanças observáveis de comportamento, mas incorporam no escopo de umas teorias os processa-mentos mentais internos.

Robert Gagné (1916-2001)

Gagné considera a aprendizagem como uma “mudança comportamental” seguida da permanência desta mudança. A aprendizagem é ativada por uma, variedade de tipos de estimulação provenientes da in-teração do indivíduo com o ambiente. Esta estimulação é considerada o input para os processos de aprendiza-gem e gera uma modificação de comportamento, que é observada como desempenho humano, o output.

A situação de aprendizagem em Gagné en-volve quatro elementos: um aprendiz, uma situação em que a aprendizagem possa ocorrer, alguma forma de comportamento explícito por parte do aprendiz e uma mudança interna.

A aprendizagem de habilidades intelectuais obedece a uma ordem hierárquica que se inicia com conexões estímulo-resposta, passan-do por cadeias, conceitos e regras, até chegar à solução de problemas. Qualquer habilida-

#M2U2 III. Abordagens Neocomportamental

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As Abordagens Comportamentalistas e Neocomportamentalistas

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Bandura nasceu no Canadá e é considerado o criador da Psicologia Social Cognitiva

Ganhe a atenção(recepção)Informe ao aprendiz oobjetivo(expectativa)

*Apresente um bom problema ou uma nova situação.*Apresentação multimídia, vídeo, livro, etc

*Descreva o objetivo da aula.*Estabeleça o que os aprendizes serão capazes de fazer.*Estabeleça como os aprendizes podem: aplicar conhecimento,fazer uso de conhecimento.*Dê demonstrações.

MODELO DE INSTRUÇÃO DE GAGNÉ

*Relembre os aprendizes de conhecimentos anteriores.*Explique como o conhecimento é conectado.*Providencie padrões, modelos que ajudem a aprendizagem e amemorização.

Relembre o conhecimentoanterior(recuperação)

*Textos, gráficos, simulações, símbolos, desenhos, som.*Siga um estilo consistente de apresentação.

Apresente o material a seraprendido(percepção seletiva)

*Apresentação do conteúdo é diferente de apresentação deinstruções.*Deve ser mais fácil do que o conteúdo.

Providencie orientação aoaprendiz(código semântico)

*Praticar habilidades.*Responder a estímulos.*Aplicar conhecimentos.*Demonstração sem penalidade.

Demande atuação (resposta)

*Corrija os erros*Aponte, destaque a resposta correta.*Analise o comportamento do aprendiz.

Providencie feedbackinformativo(reforço)

*Teste, projeto, portfolio, demonstração de habilidade.Avalie a atuação(recuperação)

*Dê exemplos de situações com problemas similares.*Providencie prática adicional.*Providencie uma situação de transferência de conhecimento.*Reveja a lição.

Acrescente fixação etransferência(generalização)

de intelectual pode ser analisada em termos de habilidades mais simples que necessitem ser combinada para produzir sua aprendizagem. As habilidades mais simples podem ser compostas de habilidades ainda mais simples, que são pré-requisitos, resultando em uma estruturação de habilidades “hierarquia de aprendizagem”.

Para utilizar a abordagem de Gagné na prática educativa, o professor deve pro-mover a aprendizagem por meio da instrução. Ele é responsável por motivar o aluno, procurar discutir as idéias, avaliar o desempenho, determinar com antecedência os pro-cedimentos mais adequados ao conteúdo, estabelecendo seus pré-requisitos. Nesta teoria, são pontos principais: a aprendizagem como mudança comportamental persistente, as mudanças internas, a aprendizagem em ordem hierárquica e o reforço (Tabela 2).

O neocomportamentalismo vem das mesmas origens objetivistas do construtivis-mo, mas no arcabouço da teoria está inserida a visão do processo de aprendizagem tam-bém como um evento interno, fruto de complexos processos mentais, por obedecerem a uma ordem hierárquica que se inicia com conexões, estímulos, resposta, passando por cadeias, conceitos e regras, até chegar à solução do problema.

Albert Bandura (1925 - )Suas pesquisas centram-se na observação do comportamento humano em intera-

ção social. Não usa a introspecção e, como Skinner, enfatiza o papel do reforço na aquisi-ção e modificação do comportamento. Além de comportamental seu sistema é cognitivo.

Tabela 2 – Os nove eventos do modelo de instrução de Gagné, seguidos de exemplo.Fonte: Adaptado de Gagné (1974).

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Considera a influência dos processos de pensamen-to como crenças, expectativas e instruções em seu programa de reforço. Para ele, o homem não reage feito um robô às influências externas, as reações aos estímulos são auto-ativadas. Quando um estí-mulo afeta o comportamento, o faz porque o sujei-to sabe, devido às regras aprendidas em seu grupo social, o que é ou não passível de reforço, age cons-cientemente, antecipando as situações e os compor-tamentos sociais passíveis de serem reforçados.

Acredita que, ao longo do processo de apren-dizagem, um comportamento não precisa ser di-retamente reforçado para ser adquirido. Todo ser humano tem capacidade de aprender observando as conseqüências ambientais sobre o comportamen-

to das pessoas a sua volta. Chama este tipo de aprendizagem como vicariante e o reforço que a possibilitou de vicário. Ou seja, o comportamento pode ser adquirido na ausência do reforço, ainda que o indivíduo espere obter os mesmos tipos de reforço que os modelos observados. Por conseguinte, não há, para ele, uma ligação necessária entre um estímulo e uma resposta, ou entre um comportamento e reforço, como propunha Skinner. Ao invés disso, há um sistema que media, os processos cognitivos da pessoa.

Bandura fez vários experimentos expondo crianças a desenhos violentos e não vio-lentos. Observou que imediatamente após terem visto um desenho ou programa infantil violento, as crianças tendiam, em situação experimental, escolher brinquedos mais asso-ciados com atos de violência e a brincarem na mesma direção. A freqüência desses com-portamentos era significativamente superior quando comparados com grupos controle. Chamou atenção, assim, para os efeitos que a televisão pode ter na aquisição e exibição de comportamentos pelas pessoas.

As idéias de Bandura têm se mostrado eficaz na prática clínica, mais especificamen-te, na extinção de fobias de muitos tipos. Têm sido aplicadas em sala de aulas, nas indústrias e na execução de campanhas publicitárias.

Sua teoria e terapia são congruentes com as necessidades práticas e com os dis-cursos de nossa época, que valorizam tanto a aprendizagem como o meio social. Não podemos esquecer que a Psicologia sofreu forte influência dos trabalhos de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo, notadamente a partir da década de 1960. Piaget reavivou o interesse pelo estudo dos processos mentais na Psicologia, ganhou notoriedade e publi-cou uma grande quantidade de artigos e livros. Suas idéias não passaram despercebidas pelos comportamentalistas que, ao modo deles, sem abandonar seus pressupostos bási-cos, introduziram a “cognição” como um de seus objetos de estudo.

Atividade complementar 3 Visite os sites abaixo e busque novos conhecimentos sobre o tema abordado neste módulo.

Página do Planeta Educação com explicações sobre várias teorias pedagógicas.http://www.planetaeducacao.com.br/professores/suporteaoprof/pedagogia/teorias00.asp

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As Abordagens Comportamentalistas e Neocomportamentalistas

Abordagem Diretrizes Básicas para Modelagem de Usuário

Organizar os conteúdos em ordem crescente de complexidade com materiaisintrodutórios.Possuir algum mecanismo que perceba os interesses do aluno.Identificar o nível inicial de conhecimento do aluno.Trabalhar os conceitos primitivos, estimulando a formação de regras,apoiando-se em fases instrucionais.Ter algum mecanismo capaz de reconhecer as mudanças comportamentais,inferindo o nível do aluno a partir do resultado de suas interações com osistema.

Fragmentar o conteúdo instrucional em pequenas seqüências que serãopropostas diferentes de acordo com a evolução das interações. Cada seqüência deve conter a explicação de raciocínio.Identificar o nível de conhecimento do aluno.Associar o nível do aluno ao nível do domínio do conhecimentocorrespondente.Evoluir na apresentação do conteúdo instrucional de forma gradual,avaliando se o aluno comete erros.Evitar os erros por meio de reforços positivos.

Comportamentalista

Neocomportamentalista

Página em inglês da Funderstanding, com explicações das teorias da aprendizagem.http://www.funderstanding.com/behaviorism.cfm

Página em inglês sobre as teorias de aprendizagem, com vários links para cada uma delas.http://www.emtech.net/learning_theories.htm#Subsumtion1

Quadro comparativo com vários links em inglês sobre as teorias de aprendizagem.http://chd.gse.gmu.edu/immersion/knowledgebase/

Atividade complementar 4Observe o quadro abaixo e responda: Esses sistemas de ensino ainda estão presen-tes em nossas escolas?

Bock, A. M. B. Psicologias. 13 ed. São Paulo-SP: Saraiva. 1999.

Kelder, F. Aprendizagem: teoria do reforço. São Paulo: EPU, 1973.

Gagné, R. M. The conditions of learning. 3. ed. Holt, Rinehart e Winston, 1974.

Holland, J. G.; Skinner, B. F. A análise do comportamento. São Paulo: Herder/USP, 1969.

Hall, S. C.; Lindzey, G.; Campbell, B. J. Teorias da personalidade. 4. ed., Porto Alegre: Art-med, 2000.

Mizukami, M. da G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.

#M2U2 IV. Referências

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Nye, D. R. Três psicologias. São Paulo: Pioneira, 2002.In:Oliveira, J. B. A.; Chadwick, C. B. Tecnologia Educacional: teorias da instrução. 8. ed. Petró-polis: Vozes, 1994.

Skinner, B. F. Walden II: uma sociedade do futuro. São Paulo: Herder/USP, 1972.

_____ . Beyond freedom and dignity. New York: Alfred A. Knopf. 1971.

Thompson, J. J. Anatomia da comunicação. Tradução José Monteiro Salazar. Rio de Janeiro: Bloch Editores S. A. 1973.