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8/2/2019 60389365 Administracao Publica Enquanto Organizacao Administrativa
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ENQUANTO ORGANIZAÇÃO
ADMINISTRATIVA1
Administração Pública enquanto organização administrativa
o Referimo-nos à Administração em sentido orgânico, ainda
que não haja total coincidência entre noções, na medida em
que há entidades que não integram a Administração Pública
em sentido orgânico, dado tratarem-se de pessoas colectivas
de Direito Privado ou órgãos de Estado com outra função
predominante (como sucede com a Assembleia da República,
que exerce predominantemente as funções política e
legislativa, sendo a função administrativa meramente
auxiliar);
o Portanto, a Administração em sentido orgânico abarca as
pessoas colectivas públicas e os serviços administrativos sob
dependência de órgãos administrativos.
o Distinção entre pessoas colectivas públicas e pessoas
colectivas privadas2 Desde logo, importa referir que o Direito ordenador
das pessoas colectivas públicas é o Direito Público.
Depois, revela-se importante explanar outras
características suplementares das pessoas colectivas
públicas:
y Constituídas por Lei ou acto público;
y Não gozam do direito de auto-dissolução;
y Dotadas de poderes de autoridade;y Gozam de isenções fiscais;
1Os apontamentos apresentados foram recolhidos em aulas teóricas de Direito Administrativo I,
ministradas pela Exmo. Prof. Doutor Luís Filipe Colaço Antunes, na Faculdade de Direito da Universidade
do Porto (FDUP), no ano lectivo 2010/2011. 2
Entendem-se por pessoas colectivas privadas, nomeadamente, as associações públicas, as fundações
públicas de Direito Privado e as sociedades comerciais.
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o Critérios para determinar quando se trata de pessoa
colectiva pública ou pessoa colectiva privada
Na maior parte dos casos, o legislador não esclarece a
qualificação da pessoa colectiva, remetendo para o
intérprete tal tarefa. Mas mesmo quando o legislador ofaz, coloca-se o problema de saber se prevalece o
«nomen iuris» ou o regime definido para essa pessoa
colectiva;
Verifica-se uma violação do princípio da personalidade
jurídica, ao nível jurídico-constitucional, na definição de
um «nomen iuris» desconforme com a finalidade,
meios de financiamento e modo de criação da
entidade. Veja-se o exemplo da Universidade do Porto
(Fundação Pública de Direito Privado);
Importa efectuar uma interpretação restritiva do artigo
198.º, alínea b) CRP, relativo à lei orgânica do
Governo, salientando que é a Assembleia da República
o órgão legislativo par excellence;
O legislador foi criando um conjunto de entidades
multiformes e híbridas, o que dificulta a qualificação de
uma pessoa colectiva como pública ou privada. Note-se
que, muitas vezes, se aplica a uma entidade um regime
de direito público e de direito privado, em função da
questão em causa;
Podemos qualificar as pessoas colectivas públicas como
primárias/necessárias3 (Estados, Regiões Autónomas,
Autarquias Locais) e derivadas.
3Pessoas colectivas públicas de fins múltiplos, cuja densificação resulta directamente da CRP ou da lei,
directamente.
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o Critérios de distinção das pessoas colectivas
Critério da iniciativa (pública ou privada), quanto à
sua criação
Critério da finalidade ou do interesse (público ou
privado), quanto à natureza finalística ou teleológica Critério dos poderes exorbitantes ou de autoridade
y Contudo, nenhum destes critérios, de per si , se
revela suficiente para efectuar a distinção. Opta-
se, portanto, por um critério de natureza mista;
y Segundo Diogo Freitas do Amaral, são pessoas
colectivas públicas as que são criadas por
diploma de Direito Público, que prosseguem
interesses públicos e assumam poderes de
autoridade públicos;
y Já na opinião de Vital Moreira, são pessoas
colectivas públicas as que são criadas por
iniciativa pública e apresentam os predicados
essenciais de uma pessoa colectiva de Direito
Público (prerrogativas e poderes de autoridade).
Cai, portanto, o critério do interesse público.
Desde logo, podemos apresentar uma crítica
essencial a este critério, pois o facto de a
Administração Pública actuar, crescentemente,
desprovida de poderes de autoridade, não
significa que deixe de prosseguir interesses
públicos ( publicid ade passiv a);
y Na óptica de Colaço Antunes, constituem
critérios fundamentais o critério da iniciativa
quanto à sua criação e o critério do interessepúblico prosseguido, com especial relevo para
este último;
y A Administração Pública, em sentido objectivo,
releva mais a natureza da prossecução do
interesse público (elemento essencial e critério
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dirimente da função desempenhada) do que o
modo de criação ou até o exercício de
prerrogativas especiais. Note-se que este critério
fundamental da natureza teleológica pode
constituir o travão do processo de« priv at ização» da Administração Pública;
y O ordenamento comunitário de fins gerais
necessitará de um Direito Administrativo forte, o
que justifica a noção de que «o Direi t o
Comuni tário publici ta e o Direi t o Int erno
priv at iza»;
y Mesmo o critério da personalidade jurídica
pública/privada começa a revelar-se insuficiente.
As pessoas colectivas de Direito Privado, que
prosseguem interesses públicos, beneficiam de
normação de Direito Privado geral ou limitado;
y Às pessoas colectivas de Direito Público, é
normalmente associada uma personalidade
jurídica de geometria variável, parcial. Já em
relação às pessoas colectivas de Direito Privado,
parece intocável a personalidade jurídica una;
y Hoje, temos pessoas colectivas de Direito Público
com substrato privado, regendo-se pelo Direito
Privado. Tal sucede com as associações públicas;
y Por outro lado, verifica-se que pessoas colectivas
de Direito Privado apresentam substrato público,
como sucede com as sociedades gerais (ou
privadas) de capitais públicos;
y Revela-se cada vez mais difícil detectar se
estamos perante um acto administrativo (cuja
modalidade de invalidade é, em regra, a
anulabilidade) ou um negócio jurídico (cujo
regime-regra de modalidade de invalidade é a
anulabilidade. Importa salientar as diferentes
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consequências de invalidade do facto
juridicamente relevante;
y A recuperação ou recodificação do princípio da
legalidade/ juridicidade surgirá do ordenamento
comunitário, sendo recepcionado peloordenamento nacional, em plena fase de
interestadualidade normativa e de
transformação do Direito Administrativo.
Tipologia ( tipicidade) das Pessoas Colectivas Públicas
o Será que as entidades de natureza híbrida gozam de poder
discricionário equivalente às restantes, sendo adiscricionariedade «limi t e» e «fund ament o» da sua
actividade?
Entende-se que não, devendo o controlo jurisdicional
dos Tribunais Administrativos e Fiscais ser mais
intenso, pois não se lhes reconhece liberdade de
decisão na prossecução do interesse público;
Não lhes sendo reconhecida uma capacidade jurídica
geral, poderão suceder mais casos de nulidade (pode
tornar-se mais frequente) do que anulabilidade (vício-
regra), por exemplo, por violação da Lei;
Ao nível da interpretação jurídica, não há regras
jurídicas especiais em Direito Administrativo, mas
também não será possível recorrer aos cânones
hermenêuticos contidos no Código Civil. Ora, não é
possível fazer uma interpretação actualista de um acto
administrativo individual e concreto;
Aproximação entre contratos privados celebrados pela
Administração (a Administração não é um sujeito
privado t out cour t ) e contratos administrativos.
Também não se admite interpretação, na medida em
que não há uma relação de plena paridade, pois a
Administração não perde os poderes exorbitantes.
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o Não é exacto falar na pessoa colectiva pública (o Estado);
o As pessoas colectivas públicas detêm prerrogativas públicas e
estão vinculadas de modo indelével à prossecução do
interesse público (artigo 266.º CRP);
o Verificam-se diferenças entre pessoas colectivas públicasquanto à(ao):
Composição;
Substrato (público ou privado);
Âmbito de funções (fins gerais ou sectoriais, sendo
estes últimos de natureza instrumental);
Natureza jurídica;
Relação quanto ao ente público maior (Estado) 4
o Ente público maior (Estado) 5 vs. Entes públicos menores
Diogo Freitas do Amaral, no seguimento de Marcello
Caetano, fala em «ent es públicos subordinados» como
entes públicos menores. Trata-se de uma designação
incorrecta, na medida em que as autarquias locais não
estão subordinadas, em princípio, a controlo ou
superintendência do Estado. Tal apenas sucede em
situações excepcionais, no caso de colisão entre
interesse nacional/regional e interesse local,
prevalecendo o primeiro;
O Estado (órgão parajurisdicional) efectua uma tutela
de mera legalidade sobre as autarquias. Contudo, dada
a necessidade de imparcialidade e independência,
deveria a tutela ser entregue, em termos teóricos, aos
órgãos jurisdicionais administrativos e fiscais. Por outro
lado, em termos práticos, as autarquias locaisbeneficiam de extensa discricionariedade
administrativa quanto à determinação do
4 Verifica-se uma diferença, por exemplo, entre Autarquias Locais e Empresas Públicas: as primeiras
estão sujeitas a tutela de mera legalidade do Estado; as segundas estão sujeitas a superintendência etutela de legalidade e de mérito do Estado (artigo 199.º, alínea d) da CRP)5
Falamos, neste caso, no Estado-Administração, como ordenamento de fins gerais, no plano interno
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ordenamento territorial, esquecendo a sua orientação
teleológica de protecção do interesse público. A
discrepância só deve ser ditada pelas características
próprias dos municípios;
Os entes públicos menores constituem as restantesformas de Administração territorial (Regiões
Autónomas6 e Autarquias Locais7), com população e
território, dotadas de atribuições gerais mais limitadas
ao âmbito territorial, funcional e da matéria. O seu
reconhecimento depende da Constituição e da Lei,
exercendo o Estado uma tutela de mera legalidade.
o Entes territoriais vs. Entes funcionais (critério do território)8
o Institutos Públicos vs. Corporações Públicas (critério do
vínculo ou natureza profissional)9
Tendência para a aproximação entre associações e
fundações públicas. Podem existir entidades de
natureza mista (híbridas), como por exemplo as
Universidades Públicas.
y Na óptica de Marcelo Rebelo de Sousa, estamos
perante « pessoas colect iv as cor por acionais»;
y Na visão de Jorge Miranda, trata-se de uma
«figur a mista»;
y Do ponto de vista de Colaço Antunes, as
Universidades agregam funcionários e utentes,
rejeitando a ideia de que se tratam de
corporações. Considera, por seu turno, que
existem institutos públicos especiais, como por
exemplo as Universidades Públicas tradicionais,dotadas de autonomia administrativa, financeira
e estatutária (artigo 76.º, n.º2 CRP).
6Beneficiam de autonomia política e administrativa.
7Apenas lhes são conferidas atribuições de natureza administrativa.
8Remete-se para o quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.
9Remete-se para o quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.
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Os Institutos Públicos comuns integram a
Administração Indirecta;
Importa distinguir associações públicas de associações
de entidades públicasy Associações Públicas agregam particulares e
pessoas jurídicas privadas, apresentando um
substrato de natureza privada;
y Associações de entidades públicas constituem
consórcios públicos, de cooperação
interadministrativa, apresentando um substrato
de natureza pública. Por exemplo: Associação
Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e
Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE).
o Entes públicos dependentes vs. Entes públicos
independentes10
Aplica-se à relação entre entes públicos infraestaduais
e o Estado (ente público maior, em antonomásia)
Princípios constitucionais relativos à organização administrativa11
o Princípio da desconcentração e descentralização
administrativa (artigo 267.º, números 1 e 2 CRP)
O princípio da desconcentração consiste na
distribuição de competências por vários órgãos dentro
da mesma pessoa colectiva pública. Uma pessoa
colectiva própria é concentrada quando as
competências decisórias estão no superior hierárquico,sendo desconcentrada quando as competências
decisórias são partilhadas pelo superior hierárquico e
os restantes órgãos.
10Remete-se para o quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.
11Estes princípios estão na origem da criação de vários sectores de organização. Remete-se para o
quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.
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y Distinção entre desconcentração vertical e
desconcentração horizontal
o Desconcentração vertical (privilegia-se a
ideia de proximidade às populações , para
melhor resolução das questões e maiorqualidade, celeridade e correcção da
actividade administrativa)
Funcional
Burocrática
Territorial (criação do Governador
Civil)
o Desconcentração horizontal (distribuição
de tarefas entre ministros, nos vários
ministérios)
y Distinção entre desconcentração originária e
desconcentração derivada
o Desconcentração originária (transferência
de competências entre órgãos pela Lei. Por
exemplo: de Ministro para Director-Geral)
o Desconcentração derivada (realizada por
«delegação de poderes» , implica relação
de competência entre delegante e
delegado. A Lei permite a delegação de
poderes, transmitindo-se o exercício de
competências. Contudo, a competência
continua no órgão delegante (artigo 39.º
CPA). Trata-se de uma relação int ui t u
personae.
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O princípio da descentralização (conceito polissémico)
pode assumir diferentes sentidos:
y Em sentido amplíssimo (excessivo), constitui um
processo de divisão ou repartição de
atribuições12
por várias pessoas colectivaspúblicas. Prevalece o critério da personalidade
jurídica, confundindo-se com o critério da
desconcentração;
y Em sentido amplo, entende-se que o monopólio
da actividade administrativa encontra-se
repartido por várias entidades infraestaduais,
gozando de um certo grau de autonomia, face à
Administração estadual. Adiciona-se um
elemento de autonomia substantiva face ao
Estado;
y Adoptando um sentido material mais genuíno,
este princípio exige o reconhecimento de
comunidades sub-estaduais, capazes de gerir
autonomamente os seus interesses públicos
(auto-gestão de interesses públicos próprios),
através de órgãos de governo por si eleitos
(auto-governo e auto-administração) para além
da personalidade jurídica e da autonomia
administrativa e financeira (que também têm as
entidades administrativas da Administração
Indirecta). Trata-se do reconhecimento e
ampliação da Administração Autónoma, cujos
entes não estão sujeitos a superintendência ou
tutela de mérito, estando submetidas apenas a
controle de mera legalidade.o Descentralização em sentido pró prio
descentralização administrativa territorial
e não-territorial (ou corporativa)
12 Note-se que se trata de uma distribuição de finalidades ( competências).
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o Descentralização por serviços, im pró pria,
ou «devolução de poderes»
Sistema em que os interesses
públicos do Estado são postos pela
Lei e prosseguidos por pessoascolectivas dependentes, criadas e
controladas pela Administração
Principal;
Distribuição e especialização de
tarefas;
Dá lugar à criação da Administração
Indirecta;
Órgãos de direcção designados pelo
Governo, podendo ser demitidos
por ele, sujeitos a controlo
acentuado de legalidade e de mérito
(através da superintendência e da
tutela de autoridade e de mérito);
Entes de natureza auxiliar ou
instrumental.
o Princípio da subsidiariedade
De inspiração comunitária (artigo 5.º TUE), mas com
consagração constitucional no artigo 6.º CRP;
Deve-se dar preferência aos entes públicos menores,
em prejuízo da Administração do Estado (ente público
maior), a não ser que, por razões técnicas ou
económico-financeiras, o interesse público seja melhor
prosseguido pelo ente público maior; Reconhecimento de competências às entidades
infraestaduais;
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Concorre com o princípio da descentralização para
dilatar/expandir a noção de Administração Autónoma
(local e autonómica13);
Por força deste princípio, pode haver uma
transferência de competências que não resultadirectamente do princípio da descentralização
(aprofundamento de competências), pois constituem
tarefas que não correspondem às competências
específicas dos órgãos locais e regionais;
Já não existe o Estado como ordenamento geral de fins
gerais, dada a transferência de competências a nível
supra-nacional e infra-estadual;
Sucede uma heresia a nível jurídico-constitucional, em
que o Estado, delegando competências em órgãos
infraestaduais, não abdica, na realidade, do exercício
das mesmas (por exemplo: na Educação, a propósito da
avaliação dos professores).
Administração territorial do Estado
o Administração Directa14
A actividade administrativa é levada a cabo pelos
serviços próprios da pessoa colectiva;
Dirigida pelo Governo, enquanto órgão superior da
Administração Pública, nos termos dos artigos 182.º e
199.º CRP;
Estrutura administrativa organizada de modo piramidal
(relação de hierarquia);
Composta por órgãos centrais e órgãos regionais e
locais
y Órgãos centrais (com competência sobre todo o
território nacional Ministérios e Direcções-
Gerais);
13Artigos 227.º (Regiões Autónomas) e 257.º (Regiões Administrativas) da CRP.
14 Ver Lei Orgânica do XVIII Governo Constitucional (Decreto-Lei 321-2009, de 11 de Dezembro)
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y Órgãos regionais e locais (Administração
Periférica, composta, nomeadamente, pelos
Governadores Civis e pelas Comissões de
Coordenação e Desenvolvimento Regional).
o Administração Indirecta
A actividade administrativa é levada a cabo por
entidades administrativas instrumentais, controladas
pela «Administ r ação-mãe ;
Constituída por pessoas colectivas de fins específicos
do Estado (da Administração Nacional), com natureza
instrumental e artificial ( ficções jurídicas );
Estas entidades não prosseguem interesses próprias,
mas antes interesses da «Administ r ação-mãe»;
As entidades não definem a sua própria organização
administrativa e atribuições, não deixando, contudo, de
ser Administração do Estado;
Tais entidades dispõem de órgãos próprios, são
dotadas de personalidade jurídica e dispõem de
autonomia administrativa, praticando actos
impugnáveis contenciosamente e de autonomia
financeira, ainda que auxiliados por verbas
provenientes do Orçamento Geral do Estado, na
medida em que dispõem de orçamento próprio e
receitas (e despesas) próprias;
As entidades administrativas instrumentais são alvo de
superintendência (poder de orientação) do Estado, que
fixa directas e orientações para garantia a boa gestão;
Institutos Públicos vs. Empresas Públicas
y Em ambos os casos, apresentam uma baseinstitucional, sendo que, relativamente aos
institutos públicos, surgiram situações atípicas de
delegação de competências por parte do Estado
que, contudo, não abdica da sua titularidade e
exercício;
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y No que concerne às empresas públicas, podemos
verificar a existência de Entidades Públicas
Empresariais (E.P.E.)15, dotadas de personalidade
jurídica, e as sociedades de capitais públicos.
o Administração Autónoma
Colectividades territoriais infraestaduais,
caracterizadas pela auto-administração dos interesses
públicos locais, através de órgãos eleitos (auto-
governo), independentes da Administração do Estado
(não há superintendência, hierarquia ou tutela de
mérito);
Existência e reconhecimento de interesses próprios das
colectividades;
Existência de órgãos representativos, ao abrigo do
princípio da electividade e do princípio da
representatividade;
Autonomia face ao Estado;
A existência da Administração Autónoma prende-se
com o facto de haver entidades infraestaduais, com
interesses próprios, de natureza político-
administrativa, promovendo-se, deste modo, o
pluralismo;
Por Administração Autónoma, entende-se a
Administração de interesses públicos próprios de certas
colectividades infraestaduais, de natureza territorial ou
funcional (profissional), por intermédio de pessoas
colectivas públicas, dotadas de personalidade jurídica
própria, dotadas de poderes administrativos próprios,que exercem por responsabilidade própria, apenas se
verificando uma tutela de mera legalidade por parte da
Administração do Estado;
15Por exemplo: Hospital de São João, E.P.E.
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Elementos constituintes da Administração Autónoma
y Existência de colectividades infraestaduais, às
quais se reconhece o desempenho de funções e
tarefas administrativas, que se legitimam pela
prossecução de interesses próprios dessascolectividades;
y Grau significativo de identificação entre
indivíduos da comunidade, através da residência
(autarquias locais) ou da profissão (corporações);
y Caracterização indelével da Administração
o Prossecução de interesses próprios da
colectividade, que não se confunde com os
interesses a nível nacional;o Administração levada a cabo pelos
administrados, através dos representantes
(representação indirecta) ou
directamente. Gozam de auto-governo e
auto-administração, o que permite
distinguir da Administração Indirecta;
o Reconhecimento de uma enorme e
efectiva independência aos órgãos
autárquicos responsáveis pela prossecução
de interesses próprios da colectividade
que representam. Portanto, respondem
directamente perante a comunidade que
representam.
A Administração Periférica (ou Regional e Local) é composta,
nomeadamente, pelas Comissões de Coordenação e
Desenvolvimento Regional (CCDR) e pelos Governadores Civis,
subordinados à autoridade central;
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Institutos Públicos (Administração Indirecta)
o Não definem a sua orientação, sendo alvo de
superintendência estadual;
o Não prosseguem interesses e atribuições próprias, mas antes
fins específicos da Administ r ação-mãe;o Os seus órgãos são nomeados e susceptíveis de demissão
pelo Governo;
o Sujeitos a tutela de legalidade, para verificação da
prossecução dos fins conferidos;
o Os institutos públicos integram a Administração Pública do
Estado, enquanto as empresas públicas fazem parte do Sector
Empresarial do Estado (SEE).
Relação entre Administração do Estado e Administração
Autónoma
o Verifica-se uma perversão da tutela do Estado sobre a
Administração Autónoma, que vai mais além da mera
legalidade;
o A Administração Autónoma prossegue interesses públicos
próprios de certas colectividades sociais, de modo livre
(apenas condicionado pela tutela de mera legalidade do
Estado, não sendo, portanto, totalmente independente),
estando dotada de auto-governo (órgãos de governo
próprios) e auto-administração (dotadas de poderes
administrativos próprios, exercidos livremente; auto-
determinação e auto-definição, sem intervenção
heterónoma; vontade imanente ao ente autónomo) e isentas
de tutela de mérito ou de superintendência;
o A constituição de uma Administração Autónoma fica a dever-se à complexidade da sociedade, ao reconhecimento de
colectividades infraestaduais e ao pluralismo social;
o No que concerne ao controlo jurisdicional do cumprimento
da legalidade pela Administração Autónoma, ela devia
competir, teoricamente, aos Tribunais Administrativos e
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Fiscais, admitindo-se uma tutela de mérito do Governo, em
situações excepcionais, em que importa fazer prevalecer o
interesse público primário. Contudo, esta tutela excepcional
de mérito do Governo nunca pode incidir nas atribuições e
decisões próprias da Administração Autónoma;
o Administração Autónoma (pelo critério do território)
Territorial o território faz parte da sua própria
definição. Dotada de garantia institucional (artigo 235.º
e seguintes CRP), gozando também de autonomia
regulamentar;
Não-territorial (funcional ou corporativa) o território
não entra no substrato público, ainda que não seja
totalmente irrelevante para delimitar territorialmente
a sua área de acção (por exemplo: Casa do Douro).
Dotada de garantia constitucionalmente facultativa (na
dependência de Lei), sendo a Lei a fixar as faculdades
que lhes são conferidas.
o Dimensões da autonomia Administração Autónoma16
Reconhecimento de personalidade jurídica;
Autonomia administrativa:
y Prática de actos susceptíveis de impugnação
directa nos tribunais17;
o Ausência de necessidade de recurso
hierárquico (necessário18 ou facultativo19)
16 Remete-se para o quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.17
Necessidade de leitura do CPA em conformidade com os artigos 59.º números 4 e 5 CPTA e artigo
268.º, n.º4 CRP18
O recurso hierárquico necessário ainda se encontra em vigor, desde que não contrarie a tutela
jurisdicional efectiva e a desconcentração administrativa. Ainda assim, admite-se como argumento paraarguir a inconstitucionalidade do recurso hierárquico necessário o facto de se tratar de uma «aut o-
t ut el a cont enciosa indirecta», sendo que a fiscalização da legalidade dos actos é da competência dos
tribunais.19
O recurso hierárquico facultativo constitui, hoje, o regime-regra, nos termos dos artigos 166.º, 167.º e
seguintes CPA, estando assim na disponibilidade do interessado.
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administrativo, para o superior
hierárquico;
o As garantias impugnatórias necessárias
privilegiam o fortalecimento do poder da
Administração, em vez de constituíremuma garantia dos particulares.
Autonomia financeira:
y Autonomia patrimonial
y Autonomia orçamental
y Autonomia de tesouraria
y Autonomia creditícia
y Poderes tributários autárquicos
Autonomia normativa: possibilidade de emissão de
regulamentos autónomos (por exemplo: posturas
municipais artigo 241.º CRP) com eficácia externa (
regulamentos independentes do Governo);
Autonomia disciplinar interna;
Autonomia sancionatória;
Autonomia organizatória: definição da organização dos
seus serviços;
Autonomia estatutária;
Autonomia de orientação;
Auto-governo: no que concerne à Administração
Autónoma não-territorial, participam pessoas
representativas dos interesses económicos e sociais
(autoridades externas), como forma de co-
administração.
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o Relações jurídico-administrativas entre os vários sectores da
organização administrativa20
A hierarquia é um elemento comum à organização
administrativa do Estado, das Regiões Autónomas e das
Autarquias Locais; O artigo 199.º, alínea d) da Constituição consagra
expressamente a tutela exercida pelo Governo.
Os subordinados assumem deveres de obediência,
poder disciplinar, informação e cooperação no que
concerne às relações jurídico-administrativas com os
seus superiores.
y Hierarquia relação inter-orgânica da mesma
pessoa colectiva pública;
y Superintendência e tutela relações
intersubjectivas entre órgãos de pessoas
colectivas distintas.
1.ª Hierarquia
y Modelo de organização vertical;
y Relação entre dois ou mais órgãos da mesma
pessoa colectiva pública, realizando atribuições
comuns;
y Relações entre órgãos ligados por um vínculo
jurídico de hierarquia, que confere ao superior
hierárquico o poder de direcção e ao subalterno
o dever de obediência;
y O típico poder da relação jurídica hierárquica é o
poder de direcção, isto é, a capacidade de o
superior hierárquico emitir comandos jurídicos a
todos os órgãos a ele subordinados.
o Comandos jurídicos
Ordens assumem natureza
concreta e jurídica;
20Remete-se para o quadro esquemático exibido na aula e disponibilizado via e-mail institucional.
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Instruções assumem carácter geral
e abstracto, com vocação
prospectiva;
Directivas conferem liberdade de
acção ao subalterno.
y O poder de direcção não carece de consagração
expressa na Lei, decorre de ser um elemento
imanente da relação jurídica hierárquica;
y O poder de direcção pode incidir sobre todas as
matérias da competência dos subalternos,
mesmo quando estes últimos gozam de
discricionariedade administrativa, delimitando o
poder discricionário do subalterno;
y Mesmo quando o superior hierárquico não goza
de competência para produzir actos com eficácia
jurídica externa, mesmo assim pode emitir
ordens ou instruções21;
y Deveres inerentes ao poder de direcção
o Dever de obediência (principal dever)
implica três requisitos:
Ordem ou instrução que emana de
um legítimo superior hierárquico;
Ordem ou instrução que incida
sobre matéria de serviço;
Ordem ou instrução que assuma a
forma legal.
o Constituem excepções ao dever de
obediência (em que há uma presunção deculpa):
Artigo 271.º, n.º3 CRP o dever de
obediência não pode resultar na
prática de um crime;
21 Note-se a diferença entre competências partilhadas e competências exclusivas.
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Artigo 134.º CPA o dever de
obediência não pode resultar na
prática de um acto nulo.
o Mesmo que, em outras situações nãodescritas, o acto praticado pelo superior
hierárquico seja ilegal, existe dever de
obediência. Nestes casos, compete ao
subalterno cumprir o «dever de res peitosa
re presentação».
Exerce um dever de reclamação
prévia, para denunciar a ilegalidade
do acto;
Ainda que o acto tenha de ser
cumprido imediatamente, para
prossecução de interesse público
superior, deve o subalterno
reclamar por escrito, a título
posterior.
y Acção de responsabilidade contra os danos
causados
o Deve ser dirigida contra a Administração
ou contra a Administração e o subalterno,
cumulativamente, salvaguardando, deste
modo, mais garantias patrimoniais;
o No caso de processo exclusivamente
contra o subalterno, poderá este último
invocar «exclusão de res ponsabilid ade»,como fundamento de improcedência da
acção proposta contra o próprio?
Não pode, na medida em que os
elementos cumulativos
determinantes apresentados têm
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apenas eficácia interna, não sendo,
na generalidade, do conhecimento
do lesado. Caso fosse admitido,
seria uma denegação de justiça ao
autor da acção. O subalterno deve chamar ao
processo a Administração e o
superior hierárquico;
Se o subalterno tiver assumido a
responsabilidade, pode intentar
uma «acção de regresso» contra a
Administração, reavendo os
montantes dispendidos.
o Se a acção for intentada contra a
Administração (artigo 22.º CRP e Lei n.º
67/2007, de 31 de Dezembro
responsabilidade solidária), poderá a
Administração intentar uma acção contra
o subalterno?
Poderá, contudo a «acção de
regresso» será improcedente, por
efeito da «exclusão de
res ponsabilid ade».
y Poderes do superior hierárquico
o Supervisão
Relação jurídica quase orgânica
entre órgão supervisionante e órgão
supervisionado; Poder de actuação sobre os actos do
órgão supervisionado, anulando ou
suspendendo os actos praticados
pelos subalternos. Por exemplo:
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entre órgão Câmara Municipal e
seus membros;
Difere da superintendência,
verificável nas relações entre
Administração do Estado eAdministração Indirecta.
o Poder de inspecção fiscalização de
serviços;
o Poder disciplinar aplicação de sanções
previstas na Lei, por violação do conteúdo
funcional imposto por Lei;
o Reapreciação de actos anteriormente
praticados pelos subalternos
Anulação (mesmo que o subalterno
tenha competência exclusiva
artigo 174.º CPA);
Suspensão (artigo 142.º CPA)
o Decisão de conflitos de competências
positivas ou negativas entre órgãos
subalternos (artigos 42.º e 43.º CPA
definir qual o órgão competente).
2.ª Superintendência
y Poder conferido pela Lei às Administraçõesprincipais de fixar objectivos e de guiar a
actuação das entidades dependentes (institutos
públicos) que constituem a Administração
Indirecta;
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y Poder de orientação sobre as entidades
submetidas à superintendência;
y A Administração principal pode emitir:
o Directivas comandos de natureza
genérica, vinculativos aos objectivos pré-determinados. Podem conferir liberdade
quanto aos meios a seleccionar;
o Recomendações constituem conselhos
que não são acompanhados de sanção (
directivas) pelo incumprimento de
objectivos pré-determinados.
y Não carece de previsão na Lei para cada caso, namedida em que é parte integrante da noção de
Administração principal. De todo o modo, a Lei-
Quadro dos Institutos Públicos (Lei 3/2004, de 15
de Janeiro) prevê, no artigo 42.º, a
superintendência sobre institutos públicos, assim
como a Lei-Quadro das Empresas Públicas
dispõe, no artigo 11.º, o exercício de
superintendência sobre empresas públicas.
3.ª Tutela
y Poder de intervenção e de controlo que uma
pessoa colectiva pública tem sobre a gestão de
outra, com vista a assegurar o controlo da
legalidade e de mérito;
y Implica duas pessoas colectivas públicas: a
entidade tutelar e a entidade tutelada;
y A tutela tem de se encontrar expressamente
prevista na Lei.
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y Tutela quanto ao fim
o Legalidade controlo da legalidade da
actuação da entidade tutelada;
o Mérito incide sobre a conveniência e
oportunidade das decisões tomadas para aprossecução do interesse público.
Sobre a Administração Autónoma, é
exercida uma tutela de mera
legalidade;
Sobre a Administração Indirecta, é
exercida uma tutela de mérito e de
legalidade, sendo esta última mais
intensa face àquela que é exercida
sobre a Administração Autónoma.
Trata-se de uma tutela sobre o
poder jurídico vinculado e de
natureza discricionária, diversa
daquela que é exercida sobre a
Administração Autónoma (controlo
sucessivo das decisões, para
verificar se foram actos de boa
gestão tutela de mérito).
y Tutela quando ao conteúdo
o Inspectiva fiscalizar o funcionamento
dos serviços, do comportamento dos
funcionários, acesso às contas edocumentos;
o Integrativa emissão de pareceres
vinculativos e aprovação dos actos da
autoridade tutelada.
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Note-se a diferença entre
autorização e aprovação.
y Autorização trata-se de
requisito a priori da validade;
y Aprovação trata-se de umrequisito a post eriori da
prática de um acto,
desencadeando eficácia
externa do acto.
o Revogatória consiste em revogar e
anular os actos praticados pelas entidades
tuteladas;
o Supletiva/substitutiva no caso de
omissão da autoridade tutelada, a
autoridade tutelar assume a prática do
acto legalmente devido, assumindo a
responsabilidade.
y Tutela sobre a Administração Autónoma,
constante do artigo 242.º CRP
o Aplica-se não só à Administração
Autónoma territorial, como também à
não-territorial (funcional, associativa,
profissionais), tal como previsto no artigo
29.º da Lei das Associações Públicas
Profissionais (Lei n.º6/2008, de 13 de
Fevereiro). o Anteriormente, as ordens profissionais
gozavam de imunidade tutelar, o que
significava que gozavam de maior
autonomia do que as Administrações
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Autónomas, implicando, sempre que se
justificasse, o recurso à tutela contenciosa.
A tutela de mérito sobre a Administração Autónoma só é exercidaem situações excepcionais, quando importa evitar o
constrangimento de interesses públicos nacionais essenciais;
Análise da Administração do Estado
o Verifica-se uma profunda descentralização do Estado, através
das Regiões Autónomas e das Autarquias Locais;
o Denota-se uma coabitação da Administração do Estado com a
Administração Local, em serviços administrativos locais(escolas, repartições das Finanças) e regionais (universidades,
serviços tributários, institutos politécnicos, forças de
segurança);
o Governo
Órgão superior da Administração Pública do Estado
(artigo 182.º CRP);
Nos termos do artigo 199.º CRP, são competências do
Governo:
y Alínea c) assegurar a boa execução das leis
através de regulamentos;
y Alínea d) assegurar o bom funcionamento
jurídico (cumprimento da legalidade) e
administrativo (alíneas a) e d)) da Administração
Pública.
Prossecução dos interesses públicos previamente
definidos e qualificados por Lei;
Exercício da sua actividade em funcionamento colegial
(para assuntos de maior importância e nos casos
previstos na Lei) ou pessoal (através do ministro
competente em razão da matéria);
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Os Ministros dispõem de competência regulamentar,
sancionatória, de contratação, de direcção e supervisão
da Administração Directa do Estado e de
superintendência e de tutela sobre as pessoas
colectivas públicas da Administração Indirecta; Nos termos do artigo 133.º, n.º2, alínea a) do CPA,
constitui acto nulo (mais grave do que a anulabilidade,
vício-regra) todo aquele que não esteja incluído nas
atribuições dos Ministérios ou pessoas colectivas a que
o seu autor pertença. Os ministros têm iguais
competências, mas diferentes atribuições;
Ao abrigo do artigo 183.º CRP, constituem elementos
constitucionalmente necessários no Governo: Primeiro-
Ministro, Ministros e Secretários de Estado. Por outro
lado, são elementos facultativos ou eventuais os Vice-
Primeiros-Ministros e os Sub-Secretários de Estado.
y Compete ao Primeiro-Ministro dirigir o
funcionamento (coordenação) do Governo,
função que também pode ser concretizada
através do Conselho de Ministros (artigo 200.º,
número 1, alíneas a) e b) CRP).
O Governo dispõe de competência exclusiva quanto à
sua própria organização e funcionamento, ao abrigo da
autonomia político-legislativa do Governo (artigo 198.º,
n.º2 CRP lei orgânica do Governo Constitucional).
Devemos efectuar uma interpretação restritiva deste
artigo, na medida em que em a definição das b ases
gerais do estatuto das empresas públicas e das
fundações públicas é uma matéria abrangida pelareserva relativa de competência legislativa da AR;
Verificava-se nos anos 70, 80 e inícios dos anos 90 um
excesso de ministérios, dado tratar-se de uma
Administração constitutiva. Desde então, denota-se
uma retracção do Estado (a partir de meados dos anos
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exercício de funções de acompanhamento
e execução de políticas públicas. Quando a
função dominante seja a inspectiva, os
serviços de controlo, auditoria e
fiscalização designam-se inspecções-geraisou inspecções regionais, quando se trate,
respectivamente, de serviços centrais ou
periféricos;
o Coordenação remete para os artigos
17.º, 18.º e 19.º. Consistem na promoção
da articulação entre serviços onde a
necessidade de coordenação é
permanente. Os serviços de coordenação
podem ser intra ou interministeriais,
devendo o diploma que os cria especificar
qual o membro do Governo de que
directamente dependem, no caso de
terem natureza interministerial.
y No que concerne aos serviços executivos e de
controlo e fiscalização, tem-se que a organização
interna deve ser adequada às respectivas
atribuições, obedecendo aos seguintes modelos
(artigo 20.º): estrutura hierarquizada e estrutura
matricial.
o O artigo 21.º refere-se aos regimes de
estrutura hierarquizada: estrutura interna
hierarquizada (n.º1), estrutura nuclear(n.º2) e estrutura flexível (n.º3);
o Já o artigo 22.º diz respeito à estrutura
matricial, sendo que o n.º1 refere que este
modelo é adoptado sempre que os
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serviços possam desenvolver-se
essencialmente por projectos.
y O artigo 28.º consagra expressamente apossibilidade de criação de estruturas de
prossecução de missões temporárias (estruturas
temporárias), que apresentam as seguintes
características:
o Existência efémera;
o Dependência de serviços pré-existentes
(por exemplo: Secretaria-Geral);
o Serviços pré-contratualizados.
y Ao nível do Governo, podem ser criadas
Comissões inter-ministeriais, onde,
predominantemente, surge o Ministério das
Finanças.
o Administração Periférica do Estado (Regional, Distrital e
Concelhia)
Agem sobre a égide dos serviços centrais dos
Ministérios, o que revela uma dependência directa
(relação jurídica de hierarquia);
As entidades que a integram exercem as suas
competências numa área geográfica delimitada
(circunscrição territorial);
y Divisão Administrativa Geral (base territorial)o Regiões (Norte, Centro, Lisboa e Vale do
Tejo, Alentejo e Algarve)2425;
24Importa não confundir estas regiões com as Regiões Administrativas, previstas na Constituição da
República Portuguesa (desde o texto originário), mas que não se encontram concretamente instituídas.25
As Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (também prestam apoio aos municípios) e
os Governadores Civis constituem as mais importantes figuras da Administração Periféricas.
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o Distritos (18 distritos);
o Concelhos (308 concelhos)
y Divisão Administrativa Especial (depende do
ramo da Administração)o Circunscrições territoriais, ao nível
florestal;
o Bacias hidrográficas, ao nível dos recursos
hídricos.
Critérios para delimitar a área territorial de
competência
y Agrupamento de distritos (base territorial da
Saúde, Educação e Segurança Social)
y NUTS II26 (unidades territoriais para fins
estatísticos, nos termos do Direito Comunitário).
o É este o critério que se aplica às CCDR;
o Alguns municípios contidos em distritos
não integram a NUT que decorreria da
aplicação do primeiro critério.
Governador Civil27
y Trata-se de um órgão singular, ao contrário das
CCDR, que constituem órgãos colegiais;
y Tem como base territorial o distrito;
y Representa o Governo na área do distrito,
exercendo as funções e competências definidas
por Lei (artigo 2.º do Decreto-Lei 252/92, de 19
de Novembro);
26 Em Portugal Continental: Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve + Região Autónoma dos Açores e
Região Autónoma da Madeira
27 Ver Decreto-Lei 252/92, de 19 de Novembro (Estabelece o estat ut o orgânico, pessoal as com petênci as
e o regime do Governador Civil )
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y É nomeado e exonerado pelo Governo, sob
proposta do Ministro da Administração Interna,
de quem depende hierarquicamente (artigo 3.º
do Decreto-Lei 252/92, de 19 de Novembro);
y Assume as competências elencadas no artigo 4.ºdo referido diploma:
o Enquanto Representante do Governo
(n.º1)
Proximidade dos cidadãos
o No exercício de poderes de tutela (n.º2)
o No exercício de funções de polícia (n.º3)
Tomar as providências necessárias
para manter a ordem e segurança
pública, requisitando, quando
necessário, os serviços das forças
policiais (alínea a) do n.º3);
Conferir autorizações e licenças para
o exercício de actividades, tomando
em consideração a segurança dos
cidadãos (alínea b) do n.º3).
o No exercício de funções de protecção civil
(n.º4)
Desencadear e coordenar acções de
protecção civil de prevenção,
socorro, assistência e reabilitação.
o Outras competências (n.º5)
y Nos termos do artigo 8.º do diploma, o
Governador Civil, em situações de urgência, podeassumir poderes ad ex t r a, que exorbitam a
circunscrição legal;
y Ao abrigo do artigo 6.º do diploma, dos actos do
governador civil cabe recurso contencioso (devia
ler-se «im pugnação cont enciosa») e ainda,
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facultativamente, recurso hierárquico para o
Ministro da Administração Interna;
y De acordo com o artigo 7.º do diploma, a
viol ação dos regul ament os d a com petênci a do
Governador Civil const i t ui cont r a-ordenação punível com coima , nos t ermos d a lei ger al .
A divisão administrativa especial é extensa e demasiado complexa,
face à sua definição mal conseguida;
As Unidades Territoriais para Fins Estatísticos de Nível II (NUTS II)
coincidem grosso modo com o agrupamento de distritos, mas
importa notar as excepções verificáveis.
Comissões de Coordenação e Desenvolvimento
Regional (CCDR)
y Encontram-se reguladas pelo Decreto-Lei
n.º134/2007, de 27 de Abril, que procede à
revogação de um diploma de 2004;
y Nos termos do artigo 1.º deste diploma legal, as
comissões de coordenação e desenvolvimentoregional são serviços periféricos da
administração directa do Estado , no âmbi t o do
Ministério do Ambient e, do Ordenament o do
T erri tório e do Desenvolviment o Regional
(MAOT DR), dotados de autonomia
administrativa e financeira;
y Trata-se de um órgão colegial que ocupa um
lugar relevante na organização administrativa
directa do Estado;
y Têm um conteúdo de atribuições assaz amplo,
funcionando como interface entre Administração
Central e Administração Local;
y Assumem um papel relevante nos Planos
Urbanísticos de Desenvolvimento Regional;
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y Ao abrigo do artigo 3.º (âmbito territorial) do
diploma, a área geogr á fica de act uação de cad a
CCDR corres ponde à circunscri ção t erri t ori al de
nível II d a Nomencl at ur a d as Unid ades
T erri t ori ais par a Fins Estat íst icos ( NUTS ) docont inent e;
y Constituem um serviço ou organismo que tem
uma componente participativa considerável.
o De acordo com o artigo 9.º, n.º1 do
diploma, o conselho regional é o órgão
consul t ivo d a CCDR re presentat ivo dos
v ários int eresses e ent id ades relev ant es
par a a prossecução dos seus fins. O n.º2 do
mesmo artigo apresenta a composição do
Conselho Regional.
2-Compõem o conselho regional:
a) Os presidentes das câmaras municipais abrangidas na áreageográfica de actuação da respectiva CCDR;b) Dois representantes das freguesias da área de intervenção darespectiva CCDR, indicados pela Associação Nacional de Freguesias
(ANAFRE);c) Um representante de cada entidade com assento na comissãopermanente de concertação social do conselho Económico e Social ;d ) Dois representantes das universidades sedeadas na região,nomeados pelo conselho de reitores;
e)Um representante dos institutos politécnicos sedeados na região,
designado pelo conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos; f ) Um representante da Associação Nacional das Regiões de Turismo ;g) Dois representantes das organizações não governamentais do
ambiente, a indicar pela respectiva confederação nacional;h) Dois representantes das associações de desenvolvimento regional ,a serem indicados pela Associação Nacional das Agências deDesenvolvimento Regional;
i ) Um representante das associações de desenvolvimento local, a serindicado pela Federação Portuguesa de Associações deDesenvolvimento Local;
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j ) Um representante das associações cívicas com expressão regional, aser indicado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento
Local;l ) Até quatro representantes de entidades regionais ou nacionaisrelevantes, não incluídas nas alíneas anteriores, a serem designadas
pelo conselho regional, sob proposta do presidente da CCDR;m) Até quatro individualidades de reconhecido mérito na região, aserem designadas pelo conselho regional, sob proposta do presidenteda CCDR.
o O artigo 5.º consagra a composição da
CCDR.
Artigo 5.º
(Órgãos)1Cada CCDR é dirigida por um presidente, coadjuvado por dois vice-presidentes, cargos de direcção superior de primeiro e segundo grau,respectivamente .2São ainda órgãos das CCDR:a) O fiscal único;
b) O conselho de coordenação intersectorial;c) O conselho regional.
y A proliferação de serviços periféricos da
Administração do Estado pode justificar a
existência de CCDR, efectuando a coordenação
dos serviços dos ministérios e institutos públicos
em cada circunscrição.
Análise da Administração Autónoma Regional
o Pontifica o princípio da autonomia político-administrativa,diferindo das autarquias locais, que apenas beneficiam de
autonomia administrativa;
o Gozam de poder legislativo e político;
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o A Administração Autonómica é completamente
independente da Administração do Estado, diferentemente
da Administração Local;
o Os órgãos de Governo próprios exercem poderes de direcção
(sobre a Administração Directa das Regiões Autónomas),superintendência e mérito (sobre a Administração Indirecta
das Regiões Autónomas);
o Podem existir institutos públicos e empresas públicas
regionais.
Ao nível da Administração Local, admite-se a existência
de empresas públicas locais, fundações públicas de
Direito Privado, mas não podem existir institutos
públicos locais. Por isso, denota-se a criação de
empresas públicas sem fins empresariais para contrair
a impossibilidade de criação de institutos públicos
locais.
o A propósito da Administração Autónoma Regional, importa
considerar a seguinte legislação:
Artigos 225.º e seguintes CRP;
Estatutos Político-Administrativos das Regiões
Autónomas dos Açores e da Madeira (leis reforçadas);
Leis de âmbito nacional;
Leis e regulamentos regionais.
o O Governo Regional constitui o principal órgão
administrativo, sendo composto por Secretarias Regionais
(equivalentes aos Ministérios do Governo nacional), dirigidas
pelos Secretários Regionais. Importa ainda considerar as
Direcções Regionais e as Secretarias de serviços;o No caso específico dos Açores, podem haver serviços
administrativos desconcentrados (Administração Periférica),
em virtude da questão territorial da distância entre ilhas;
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o Nas Regiões Autónomas, as autarquias locais estão sujeitas a
tutela regional, que difere da tutela de mera legalidade do
continente;
o A Administração do Estado tem apenas uma intervenção
política na Região Autónoma;o Representante da República (artigo 230.º CRP)
Anteriormente designado Ministro da República, vela
pela aplicação da Constituição e verifica o exercício
regular da actividade por parte do Governo Regional;
o Verifica-se uma profunda descentralização para serviços das
Regiões Autónomas;
o A intervenção estadual é limitada, restringindo-se aos
serviços públicos essenciais, como são a segurança, as Forças
Armadas e a Educação e Ensino Superior (Universidade e
Institutos Politécnicos);
o As receitas fiscais obtidas pelas Regiões Autónomas revertem
inteiramente a favor das mesmas;
o Importa considerar os três níveis de Administração nas
Regiões Autónomas:
Administração Estadual;
Administração Regional;
Administração Local (dependente da Administração
Regional).
Análise da Administração Autónoma Local
o Constituem colectividades de pessoas e território;
o Importa considerar a seguinte legislação ao nível das
autarquias locais: Lei n.º159/99, de 14 de Setembro (Estabelece o quadro
de transferência de atribuições e competências para as
autarquias locais);
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Lei n.º169/99, de 18 de Setembro (Lei das Autarquias
Locais Regime jurídico de funcionamento, dos órgãos
dos municípios e das freguesias).
o A acção dos órgãos administrativos autárquicos desenvolve-se numa circunscrição territorial;
o Prosseguem a realização das atribuições conferidas, isto é, o
exercício dos interesses públicos locais (específicos e
próprios);
o Beneficiam de uma autonomia meramente administrativa;
o A autonomia materializa-se no destacamento de atribuições,
cabendo a gestão da autonomia administrativa às autarquias
locais;
o Elementos constituintes das autarquias locais
Porção de território nacional;
Aglomerado populacional;
Prossecução de interesses públicos próprios e diversos
dos interesses públicos nacionais;
Desempenha funções administrativas próprias, que se
justificam na realização de interesses públicos das
comunidades infra-estatais (autarquias locais);
Existência de órgãos eleitos e representativos , de
acordo com o princípio democrático.
o Fontes normativas
Constituição da República Portuguesa (artigos 235.º e
seguintes). Nos termos do n.º2 do artigo 235.º CRP, as
autarquias locais são pessoas colectivas territoriais, que
prosseguem interesses públicos próprios;
Lei n.º159/99, de 14 de Setembro (Estabelece oquadro de transferência de atribuições e competências
para as autarquias locais);
Lei n.º169/99, de 18 de Setembro (Lei das Autarquias
Locais Regime jurídico de funcionamento, dos órgãos
dos municípios e das freguesias).
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o Constituem autarquias locais os municípios e as freguesias.
Podemos ainda considerar as regiões administrativas,
formalmente previstas na Constituição, mas dependentes de
referendo favorável para a sua criação material;o Regime fiscal, património e finanças próprias das autarquias
locais (artigo 238.º CRP)
Artigo 238.º CRP(Património e finanças locais)
1. As autarquias locais têm património e finanças próprios.
2. O regime das finanças locais será estabelecido por lei e visará a justarepartição dos recursos públicos pelo Estado e pelas autarquias e anecessária correcção de desigualdades entre autarquias do mesmo grau .
3. As receitas próprias das autarquias locais incluem obrigatoriamente as
provenientes da gestão do seu património e as cobradas pela utilizaçãodos seus serviços.
4. As autarquias locais podem dispor de poderes tributários, nos casos enos termos previstos na lei.
o Poder Regulamentar (artigo 241.º CRP)
Artigo 241.º CRP
(Poder regulamentar)
As autarquias locais dispõem de poder regulamentar próprio nos limitesda Constituição, das leis e dos regulamentos emanados das autarquias de
grau superior ou das autoridades com poder tutelar.
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o Tutela Administrativa (artigo 242.º CRP)
Artigo 242.º CRP(Tutela administrativa)
1. A tutela administrativa sobre as autarquias locais consiste na
verificação do cumprimento da lei por parte dos órgãos autárquicos e éexercida nos casos e segundo as formas previstas na lei.
2. As medidas tutelares restritivas da autonomia local são precedidas deparecer de um órgão autárquico, nos termos a definir por lei.
3. A dissolução de órgãos autárquicos só pode ter por causa acções ouomissões ilegais graves.
o O regime jurídico das autarquias locais encontra-se disperso
por vários diplomas ordinárias, para além da CRP, o que acusa
um défice de codificação. Três factos fundamentais
fundamentam esta posição:
Indefinição quanto ao sistema de governo das
autarquias locais. Admite-se a eleição directa e
separada dos membros da Câmara Municipal e da
Assembleia Municipal, que constituem os principaisórgãos, para além do Presidente da Câmara Municipal
do município (autarquia local principal). A Câmara
Municipal constitui o órgão colegial executivo da
pessoa colectiva pública, detendo competências e não
atribuições (conferidas ao município);
Âmbito das atribuições dos municípios não se
encontra verdadeiramente sedimentado , ainda que o
artigo 13.º da Lei n.º159/99, de 14 de Setembro
apresente um elenco taxativo e generoso de
atribuições. Tal solução fez cair a tese da cláusula geral
que prevalecia anteriormente;
Turbulência face às Finanças Locais.
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Estas razões têm justificado uma ausência de
codificação do Direito das Autarquias Locais. Note-se
que as Autarquias Locais desempenhavam, no Estado
Liberal de Direito, a função administrativa do Estado.
O Código Administrativo de 1936-1940 vigorou até1974, tendo sido aquele com maior longevidade. Com
as alterações introduzidas em 1976, através de
legislação sectorial, gerou-se uma «selv a de normas».
o Tipologia e órgãos das autarquias locais
Municípios (principais autarquias locais)
Freguesias
Regiões Administrativas (constitucionalmente
previstas)
o A matéria relativa às autarquias locais é alvo de reserva de
competência legislativa da Assembleia da República, como
decorre do artigo 164.º, alíneas b), m) e r) e artigo 165.º, n.º1,
alínea q), ambos constantes da Lei Fundamental.
o Freguesias
Autarquias locais infra-municipais;
Compete-lhes o exercício das funções administrativas e
a prossecução dos interesses públicos da circunscrição
paroquial;
Nos termos do artigo 244.º CRP, são órgãos
representativos da freguesia a assembleia de freguesia
e a junta de freguesia;
y Ao abrigo do artigo 3.º e seguintes da Lei dasAutarquias Locais, a assembleia de freguesia:
o É o órgão deliberativo da freguesia (artigo
3.º LAL);
o É eleita por sufrágio universal, directo e
secreto dos cidadãos recenseados na área
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de freguesia, segundo o sistema de
representação proporcional (artigo 4.º
LAL);
o A constituição da Assembleia da Freguesia
depende do número de eleitores (artigo5.º LAL);
o Assume, nos termos do artigo 17.º LAL:
Funções eleitorais, procedendo,
nomeadamente, à eleição dos
vogais da junta de freguesia;
Funções de orientação geral,
indicadas por normas gerais de
interesse geral para a freguesia e
exercício do poder tributário;
Funções de acompanhamento e
fiscalização;
Funções de decisão superior.
y Ao abrigo do artigo 23.º e seguintes da Lei das
Autarquias Locais, a junta de freguesia:
o É o órgão executivo colegial da freguesia,
constituído por um presidente e por
vogais, sendo que dois exercerão as
funções de secretário e tesoureiro (artigo
23.º, números 1 e 2 LAL);
o Apresenta uma composição que depende
do número de cidadãos eleitores (artigo
24.º LAL);
o Assume, nos termos do artigo 34.º LAL: Competência executiva (alínea a) do
n.º1 do artigo 34.º LAL);
Competência de gestão (alíneas b) e
d) do número 1 do artigo 34.º LAL),
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bem como a gestão permanente de
bens e serviços a seu cargo.
o Municípios Pessoa colectiva pública de fins gerais;
Autarquia local principal, que prossegue os interesses
públicos da circunscrição concelhia;
Beneficia de auto-governo (através de órgãos eleitos e
representativos) e auto-administração;
Composição e órgãos
y Assembleia Municipal: de natureza deliberativa;
y Câmara Municipal: de natureza executiva;
y Presidente da Câmara Municipal
o A Assembleia Municipal e a Câmara
Municipal (órgãos colegiais) encontram-se
constitucionalmente consagradas,
enquanto o Presidente da Câmara
Municipal encontra-se legislativamente
prevista.
o Nos termos do artigo 53.º LAL, a
Assembleia Municipal assume:
Funções de orientação geral (n.º1
do artigo 53.º LAL)
Funções de acompanhamento e
fiscalização da Câmara Municipal
(n.º2 do artigo 53.º LAL)
Funções de direcção superior, depoderes retirados ao domínio da
Câmara Municipal e do seu
Presidente;
Funções tributárias.
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A Assembleia Municipal aprova os
Planos Municipais de Ordenamento
do Território, nomeadamente o
Plano Director Municipal (PDM),
directamente impugnável junto dosTribunais Administrativos e Fiscais.
o Nos termos do artigo 64.º LAL, a Câmara
Municipal assume:
Competências de natureza
executiva (alínea b) do n.º1 do
artigo 64.º LAL);
Funções gestionárias do pessoal,
bens e serviços;
Funções decisórias, materializadas
na adopção de actos e na
celebração de contratos
administrativos.
o Nos termos do artigo 68.º LAL, o
Presidente da Câmara Municipal assume:
Competências de carácter
executivo e decisório;
Funções presidenciais e
representativas, a nível externo e
interno da Câmara Municipal.
o Regiões Administrativas (artigos 255.º e seguintes CRP)
Autarquias locais supra-nacionais; Realizam, ao nível intermédio, de interesses públicos
das populações residentes nas circunscrições
territoriais;
Com a sua criação, visa-se acabar com as assimetrias
regionais;
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y Não fazem sentido num Estado que já delegou
competências nas autarquias locais, além de
exigirem «massa crí t ica»;
y Importa eliminar a «Administ r ação par alel a»;
y Se constituídas materialmente, tornar-se-ãopessoas colectivas de Direito Público, dotadas de
diversas capacidades, nomeadamente
administrativa e económica;
y Os órgãos representativos da região
administrativa são a assembleia regional e a
junta regional (artigo 259.º CRP), sendo que,
junto de cada região, pode haver um
Representante do Governo (artigo 262.º CRP).
o Não há hierarquia entre as autarquias locais, ainda que, nos
termos do artigo 241.º CRP, se constate uma hierarquia entre
regulamentos das diferentes autarquias locais;
o Nos termos do artigo 251.º CRP, os presidentes de Junta de
Freguesia integram a Assembleia Municipal, assim como, ao
abrigo do artigo 260.º CRP, a Assembleia Regional é composta
por membros das Assembleias Municipais da mesma área;
o As autarquias locais realizam atribuições gerais, que se
materializam na prossecução de interesses públicos da
comunidade local, ao abrigo do:
Princípio da desconcentração;
Princípio da subsidiariedade;
Princípio da generalidade (prossecução dos interesses
públicos próprios assumidos pela generalidade dos
órgãos desta circunscrição).
o Nos termos do artigo 13.º da Lei n.º159/99, de 14 de
Setembro, é conferido um elenco taxativo, extenso e
generoso de atribuições aos municípios, que substitui a
cláusula geral anterior;
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o O legislador ordinário goza de uma relativa margem de
discricionariedade nas atribuições a conferir às autarquias
locais, dada a fórmula imprecisa utilizada pelo legislador no
artigo 235.º, n.º2 CRP ( int eresses pr óprios d as po pul ações
res pect iv as);o A autonomia de poder regulamentar, de carácter geral, das
autarquias locais radica na ideia de poder normativo
democrático. Na opinião de José Carlos Vieira de Andrade, tal
noção pode gerar um estabelecimento elástico do sub-
princípio da reserva de lei. Note-se o exemplo dos Planos de
Urbanização do Ordenamento do Território, que são normas
administrativas e confinam intensamente o direito de
propriedade (direito fundamental). Deste modo, há uma
invasão da matéria de Direitos, Liberdades e Garantias (DLG)
e de Direitos Económicos, Sociais e Culturais (de natureza
análoga aos DLG), sob reserva relativa de competência
legislativa da AR (artigo 165.º, n.º1, alínea b) CRP).
o Nos termos do artigo 112.º, n.º 7 CRP, existe a necessidade
de Lei habilitante que defina a competência subjectiva e
objectiva do regulamento;
o Ao abrigo do artigo 240.º CRP, o referendo local incide sobre
matéria da competência dos órgãos autárquicos.
Assume carácter vinculativo, mas não decisório;
Não se elabora uma norma administrativa (fonte de
Direito). No caso de incumprimento;
No caso de incumprimento do sentido de voto revelado
no referendo, verifica-se um facto passível de
declaração de nulidade, ao abrigo do artigo 11 5.º CRP.
o Autonomia financeira das autarquias locais Elaboram Orçamento próprio, beneficiando de receitas
próprias, afectadas para despesas próprias;
Constituem impostos próprios das autarquias locais o
Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e o Imposto
Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis
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(IMT). Constituem uma fonte de financiamento das
autarquias locais, através do pagamento de taxas. Em
virtude da insuficiência do financiamento proveniente
do Orçamento de Estado, justifica-se a elevada
construção urbanística admitida.
o Serviços administrativos municipais
Serviços administrativos municipais em sentido
estrito: constituem serviços da Administração Directa
do Município e que dependem directamente dos
órgãos municipais, nomeadamente a Câmara
Municipal. A montante, estudam e preparam decisões
dos órgãos municipais; a jusante, executam decisões.
Por exemplo: as Secretarias;
Serviços municipalizados: constituem serviços
desprovidos de personalidade jurídica, mas dotados de
autonomia financeira e de gestão. Realizam serviços
públicos locais, como por exemplo: fornecimento de
água, saneamento básico, electricidade, serviço de
transportes, gás.
y Dotadas de Conselho de Administração
privatístico;
y Diogo Freitas do Amaral designa-as como
«em presas públicas munici pais»;
y Responsabilidades imputáveis aos municípios;
y Deram lugar à Administração Indirecta da
Administração Autónoma Local e à constituição
de «em presas públicas munici pais», realidade
em vias de desaparecimento. São dotadas depersonalidade jurídica e de autonomia
financeira;
y Privatizaram-se os serviços da Administração
Directa das Autarquias Locais e concessionaram-
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se serviços públicos a empresas privadas e a
empresas públicas estaduais;
y Note-se a criação de empresas municipais em
número excessivo, muitas delas sem objecto
empresarial, havendo até empresas que sesobrepõem.
o Tutela Administrativa
O Estado exerce uma tutela limitada de mera
legalidade, no que concerne às atribuições próprias das
autarquias locais, nos termos da Lei n.º27/96, de 1 de
Agosto (Regime Jurídico da Tutela Administrativa).Trata-se de uma tutela essencialmente inspectiva;
Contudo, também nada impede que o Estado efectue
uma tutela integrativa, desde que:
y Esteja prevista na Lei;
y Haja respeito pelo princípio da
proporcionalidade;
y A compressão dos poderes locais não exceda o
estritamente necessário.
A tutela de mera legalidade é menos intensa do que
aquela que se verifica na Administração Indirecta, na
medida em que a tutela de legalidade sobre esta última
também incide sobre a actividade discricionária e não
apenas sobre a actividade administrativa regular;
Pode, excepcionalmente, haver uma tutela de mérito,
quando actos praticados pelos entes autónomos
podem ferir interesses públicos nacionais relevantes;
A Lei n.º27/96, de 1 de Agosto é limitada, porque
apenas consagra a tutela inspectiva ( menos), mas,
por outro lado, contempla os fundamentos e meios de
dissolução dos órgãos ( mais , nos artigos 8.º e 9.º da
Lei).
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y O artigo 10.º da mesma Lei admite causas
desculpatórias para a não aplicação de sanções
pela prática de acções ilegais ou pela verificação
de omissões;
y As medidas administrativas de naturezasancionatória são da responsabilidade dos
Tribunais Administrativos de Círculo (artigo 11.º
da Lei);
y Regime processual de perda de mandato e de
dissolução de órgão, em sede de tutela
contenciosa (artigo 12.º da Lei)
o Acção avulsa
o Acção administrativa especial
Importa efectuar uma interpretação
correctiva da expressão «recurso
cont encioso de anul ação» (que já
não existe), adoptando a
denominação « pedido de
im pugnação do acto».
y Assume carácter urgente
(artigo 15.º, n.º1 da Lei), em
virtude de estarem, em causa,
direitos fundamentais de
participação política;
y Se for considerado
absolutamente urgente, pode
haver decisão no prazo
máximo de 48 horas.
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Institutos Públicos28
o Constituem pessoas colectivas públicas do tipo institucional,
porque assentam sobre uma representação de substrato
material ( associações públicas, com substrato pessoal),
tendo sido criadas para assegurar ou concretizar os finsadministrativos, pertencentes ao Estado ou a outros entes
públicos;
o Ao nível do Direito Comparado, verifica-se a distinção entre:
Institutos públicos com carácter económico, comercial
ou industrial
Institutos públicos pro priamente ditos (com funções
administrativas)
y Verificou-se o desagregamento da primeira
figura apresentada, gerando-se uma nova figura
pública as entidades públicas empresariais
(E.P.E.). Trata-se de pessoas colectivas de Direito
Público, mas de gestão privada e ordenadas pela
Lei das Sociedades Comerciais (Direito Privado);
y Os institutos públicos não gozam de consagração
constitucional, mas apenas consagração legal, à
excepção das universidades (artigo 66.º, n.º2
CRP autonomia estatutária);
o Anterior classificação dos Institutos Públicos
1 Serviços Personalizados: entidades mais
instrumentais, dotados de autonomia administrativa e
financeira; 2 Fundos ou Fundações : destinados à concretização
de relevantes interesses públicos. Por exemplo:
institutos de Segurança Social;
28 Ver Lei-Quadro n.º3/2004, de 15 de Janeiro, sucessivamente alterada.
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3 Estabelecimentos Público: podem ter natureza
cultural, cultural ou funcional, não impondo custos
para o utilizador. Por exemplo: museus e bibliotecas
com personalidade jurídica, hospitais públicos.
Actualmente, nos termos do artigo 4.º da Lei-Quadro,
apenas os serviços personalizados e fundos ou
fundações são considerados institutos públicos. Os
estabelecimentos públicos foram absorvidos nas
restantes categorias.
o Funções desenvolvidas pelos Institutos Públicos
De natureza prestacional (por exemplo: cuidados de
saúde e serviços educativos);
Regulatórias (por exemplo: autoridades reguladoras);
De Fomento e desenvolvimento económico (por
exemplo: Instituto de Apoio às Pequenas e Médias
Empresas e ao Investimento IAPMEI)
o Os institutos públicos estão sujeitos a tutela e
superintendência governamental (artigos 41.º e 42.º da Lei-
Quadro);
o São criados por acto legislativo;
o Não existe um regime especial para cada instituto público,
devendo o mesmo constar do acto legislativo.
o Órgãos próprios e necessários podem ser nomeados ou
extintos pelo Governo.
Conselho Directivo (órgão principal, previsto no artigo
18.º e seguintes da Lei-Quadro);
Conselho Fiscal (órgão de fiscalização, previsto noartigo 26.º e seguintes da Lei Quadro);
Conselho Consultivo (órgão consultivo, quando existir,
previsto no artigo 29.º e seguintes da Lei-Quadro).
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o Constitui regime comum dos Institutos Públicos a
Administração Indirecta.
Contudo, nos termos do artigo 48.º e seguintes da Lei-
Quadro, encontra-se previsto um regime especial dos
Institutos Públicos, que abarca:y a) As universidades29 e escolas de ensino
superior politécnico;
y b) As instituições públicas de solidariedade e
segurança social;
y c) Os estabelecimentos do Serviço Nacional de
Saúde;
y d ) As regiões de turismo;
y e) O Banco de Portugal e os fundos quefuncionam junto dele
y f ) As entidades administrativas independentes 30.
Empresas Públicas31
o Por empresas públicas em sent ido am plo, entende-se todas
as organizações económicas de fim lucrativo criadas com
capitais públicos plenos ou maioritários, independentemente
da sua configuração jurídica, e sob a direcção e
superintendência de órgãos da Administração Pública, com
vista à promoção de bens e serviços destinados ao mercado.
Em sent ido est ri t o, note-se que são dotadas de personalidade
jurídica e de autonomia de gestão;
o Podemos considerar dois tipos de empresas públicas (artigos
23.º e seguintes do Decreto-Lei n.º558/99, de 27 de
Dezembro):
29Fazem também parte da Administração Autónoma Institucional.
30Fazem também parte da Administração Independente. São institutos públicos personalizados, de
criação anglo-saxónica (agencies americanas) consagrados constitucionalmente no artigo 277.º, n.º3
CRP. Note-se que as agencies americanas tinham um objecto díspar daquele que motivou a sua criação
na Europa.31
Ver Decreto-Lei n.º558/99, de 27 de Dezembro, sucessivamente alterado, nomeadamente pelo
Decreto-Lei n.º300/2007, de 23 de Agosto.
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Entidades Públicas Empresariais (E.P.E.): a maior parte
das empresas nacionalizadas pós-25 de Abril de 1974
assumiram esta forma, ainda que com gestão privada.
Prosseguem relevantes interesses públicos, dotadas de
ius im perium, desde que previstos no seu Estatuto.y São criadas por decreto-lei;
y Estão dotadas de autonomia financeira e
autonomia de gestão;
y As entidades públicas empresariais têm um
capital ou fundo público, designado «capital
estatutário», detido pelo Estado e destinado a
responder às respectivas necessidades
permanentes (artigo 26.º do Decreto-Lei);y Nos termos do artigo 27.º do Decreto-Lei, as
entidades públicas empresariais compreendem
um órgão de administração (Conselho de
Administração), nomeado pelo Conselho de
Ministros, sob proposta do Ministro da tutela, e
um órgão fiscal (Conselho Fiscal). Nas entidades
gestoras de serviços públicos, pode haver um
Conselho Consultivo;
y Ao abrigo do artigo 29.º do Decreto-Lei, cabe ao
Governo definir os objectivos gerais a
progressiva pela entidade pública empresarial na
sua actividade;
y As entidades públicas empresariais deram lugar,
na sua maioria, às sociedades comerciais de
capitais públicos.
Sociedades comerciais de capitais públicos:
desprovidas de ius im perium, regem-se pelo Direito
Privado.
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Empresas Públicas (continuação)
o Sociedades comerciais de capitais públicos
Regime Jurídico do Sector Empresarial do Estado e
Empresas Públicas (artigo 5.º)
y Natureza societária;y Capital representado em partes sociais,
designadamente acções;
y Reguladas pela Lei das Sociedades Comerciais;
y Têm constituído a maioria das empresas
públicas, desde o processo de privatização
iniciado nos anos 80.
y Composição e orgânica (artigo 9.º e 10.º)
o O Estado não exerce o seu poder por via
administrativa (actos do Ministro da
tutela), mas antes por via da Assembleia-
Geral, na qualidade de accionista;
o Compete ao Estado propor e tomar as
decisões atinentes à gestão da empresa,
incluindo a designação dos
administradores.
y Note-se a situação particular das entidades de
composição mista (de capitais mistos),
equiparadas às entidades públicas, nos termos
do artigo 3.º;
y Empresas públicas encarregadas da gestão de
serviços de interesse económico geral (artigo
19.º, n.º2)
o Devem ser entendidas como empresas de
serviços públicos, embora a Lei as designe
como empresas públicas encarregadas da
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gestão de serviços de interesse económico
geral;
o Fornecem prestações aos particulares, em
regime de serviço público (por exemplo:
gás, saneamento).
Regime Jurídico do Sector Empresarial Local32
y O quadro conceptual e jurídico devia ser comum
ao do Regime Jurídico do Sector Empresarial das
Regiões Autónomas, algo que não sucede;
y O sector empresarial local é composto por
sociedades comerciais controladas
conjuntamente por empresas públicas, que
podem ser:
o Empresas municipais;
o Empresas intermunicipais;
o Empresas metropolitanas.
y As empresas regem-se pela presente lei, pelos
respectivos estatutos e, subsidiariamente, pelo
regime do sector empresarial do Estado e pelas
normas aplicáveis às sociedades comerciais
(artigo 6.º);
y A criação das empresas, bem como a decisão de
aquisição de participações que confiram
influência dominante, nos termos da presente
lei, compete (artigo 8.º, n.º1):
o a) As de âmbito municipal, sob proposta
da câmara municipal, à assembleiamunicipal;
o b) As de âmbito intermunicipal, sob
proposta do conselho directivo, à
assembleia intermunicipal, existindo
32Lei n.º53-F/2006, de 29 de Dezembro
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parecer favorável das assembleias
municipais dos municípios integrantes;
o c) As de âmbito metropolitano, sob
proposta da junta metropolitana, à
assembleia metropolitana, existindoparecer favorável das assembleias
municipais dos municípios integrantes.
y No que concerne à delegação de poderes, os
municípios, as associações de municípios e as
áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto
podem delegar poderes nas empresas por elas
constituídas ou maioritariamente participadas
nos termos da presente lei, desde que tal conste
expressamente dos estatutos. (artigo 17.º, n.º1);
y O sector empresarial local faz parte da
Administração Indirecta das Autarquias Locais.
No que concerne às entidades reguladoras independentes, de
inspiração anglo-saxónica, importa esclarecer o seguinte:
o As agencies americanas visavam a ampliação da intervenção
da Administração Federal, em pleno Estado Liberal de Direito;
o As entidades reguladoras independentes criadas na Europa,
nomeadamente as agencies comunitárias (sob a égide da
Comissão Europeia), promovem uma retracção da
intervenção estadual.
Associações Públicas (ou corporações públicas)33
o Pessoas colectivas de Direito Público, criadas por um acto de
natureza pública (por regra, uma Lei), com naturezaassociativa, com órgãos eleitos e representantes legitimados
pela colectividade, imunes de controlo de mérito ou
superintendência. Estão, quanto muito, sujeitas a uma tutela
de legalidade, ao abrigo da Lei n.º6/2008, de 13 de Fevereiro.
33 Ver Regime das Associações Públicas Profissionais (Lei n.º6/2008, de 13 de Fevereiro)
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Antes desta lei, elas gozavam de uma certa imunidade
tutelar;
o Elementos constitutivos
Existência de uma colectividade de pessoas, associadas
a uma profissão (ex: ordens profissionais); Criadas por um acto do poder público ou por um acto
baseado numa Lei;
Assumem uma natureza associativa, relacionada com o
exercício de uma determinada profissão;
Beneficiam de auto-governo;
Definem a sua própria orientação administrativa;
Sujeitas a mera tutela administrativa de legalidade;
Co-habitação entre interesses públicos e privados,
sendo estes últimos das categorias profissionais, mas
também considerados interesses públicos.
o Regime Jurídico
Estatuto constitucional
y Trata-se de um estatuto importante,
expressamente previsto no artigo 267.º, n.º4
CRP;
y Obedece a determinadas características que vêm
definidas na disposição constitucional:
o Satisfação de necessidades específicas;
o Não podem exercer funções de
associações sindicais;
o Organização interna de respeito pelos seus
membros e eleição democrática dos seus
órgãos;
o Reserva relativa de competência legislativada Assembleia da República, quanto à sua
criação (artigo 165.º, n.º1, alínea s) da
CRP);
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o Note-se, por exemplo, que o Estatuto da
Ordem dos Advogados constitui um acto
legislativo da Assembleia da República.
Poderes próprios e específicos y Princípio da unicidade: só pode haver uma única
associação em relação a uma ordem profissional;
y Poder de inscrição obrigatória para o exercício
de determinada profissão;
y Poder de imposição de quotização obrigatória
para os seus membros.
Deveres
y Dever de colaboração com o Estado em tudo o
que lhes seja solicitado, sem prejuízo da sua
autonomia e independência.
Regime jurídico dualista, isto é, as associações públicas
regem-se pelo Direito Público e pelo Direito Privado;
As associações públicas podem criar actos
administrativos directamente impugnáveis;
Beneficiam de autonomia administrativa e financeira,
mas não estatutária.
Nos termos do artigo 3.º do Regime das Associações
Públicas Profissionais, as ordens e câmaras
profissionais estão sujeitas a um regime de Direito
Público no desempenho de tarefas públicas. Ao abrigo
do n.º2 do mesmo artigo, em tudo o que não estiver
regulado nesta Lei e na respectiva lei de criação, bemcomo nos seus estatutos, são subsidiariamente
aplicáveis às associações públicas profissionais, com as
necessárias adaptações, as normas e os princípios que
regem os institutos públicos, no que respeita às suas
atribuições e ao exercício dos poderes públicos de que
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gozem, e as normas e os princípios que regem as
associações de direito privado, no que respeita à sua
organização interna, respectivamente. Note-se a
distinção entre associações privadas e associações
públicas, na medida em que estas últimas manifestamo poder administrativo através da «delegação de
poderes»;
Ao abrigo do artigo 4.º do mesmo diploma, são
atribuições das associações públicas profissionais:
y a) A defesa dos interesses gerais dos utentes;
y b) A representação e a defesa dos interesses
gerais da profissão;
y c) A regulação do acesso e do exercício da
profissão, nomeadamente através do código
deontológico;
y d ) Conferir, em exclusivo, os títulos profissionais
das profissões que representem;
y e) Conferir, quando existam, títulos de
especialização profissional;
y f ) A elaboração e a actualização do registo
profissional;
y g) O exercício do poder disciplinar sobre os seus
membros;
y h) A prestação de serviços aos seus membros, no
respeitante ao exercício profissional,
designadamente em relação à informação e à
formação profissional;
y i ) A colaboração com as demais entidades da
Administração Pública na prossecução de fins de
interesse público relacionados com a profissão;
y j ) A participação na elaboração da legislação
que diga respeito às respectivas profissões;
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y l ) A participação nos processos oficiais de
acreditação e na avaliação dos cursos que dão
acesso à profissão;
y m) Quaisquer outras que lhes sejam cometidas
por lei.
No artigo 5.º do referido diploma, encontra-se
consagrado o princípio da especialidade, consagrando-
se que a capacidade jurídica das associações públicas
profissionais abrange a prática de todos os actos
jurídicos, o gozo de todos os direitos e a sujeição a
todas as obrigações necessárias à prossecução do seu
objecto;
Tal como plasmado no artigo 6.º do regime, as
associações públicas profissionais são criadas por lei,
ouvidas as associações representativas da profissão;
Ao abrigo dos artigos 8.º e 9.º do diploma, as
associações públicas profissionais gozam de autonomia
administrativa, no exercício de poderes públicos, bem
como de autonomia patrimonial e financeira;
As associações públicas profissionais observam o
princípio da separação de poderes, sendo seus órgãos
necessários (artigo 15.º, n.º1):
y a) Uma assembleia representativa, com poderes
deliberativos gerais, nomeadamente em matéria
de aprovação do orçamento e do plano de
actividades, de projectos de alteração dos
estatutos, de aprovação de regulamentos, de
quotas e de taxas, de criação de colégios de
especialidade, ou de celebração de protocoloscom associações congéneres;
y b) Um órgão executivo colegial , que exerce
poderes de direcção e de gestão,
nomeadamente em matéria administrativa e
financeira, bem como no tocante à
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representação externa dos interesses da
associação;
y c) Um órgão de supervisão, que vela pela
legalidade da actividade exercida pelos órgãos
da associação e exerce poderes de controlo,nomeadamente em matéria disciplinar;
y d ) Um órgão de fiscalização da gestão
patrimonial e financeira, que inclui um revisor
oficial de contas.
Os estatutos das associações públicas profissionais
podem prever a existência de um presidente ou
bastonário, como presidente do órgão executivo oucomo órgão autónomo, com competências próprias,
designadamente de representação externa da
associação (artigo 15.º, n.º2);
Os estatutos podem prever ainda a existência de
outros órgãos, designadamente reuniões alargadas,
em congresso, para deliberar sobre questões de
carácter geral, bem como órgãos técnicos e
consultivos (artigo 15.º, n.º3); A denominação dos órgãos é livremente escolhida
pelo estatuto de cada associação pública
profissional, ressalvada a designação «bastonário»,
que é privativa de presidente das ordens (artigo
15.º, n.º5);
A assembleia é eleita por sufrágio universal e pelo
sistema de representação proporcional, nos círculos
territoriais definidos nos estatutos, podendo porém
incluir uma representação das estruturas regionais,
se existirem (artigo 15.º, n.º6);
Quando directamente eleito, o presidente ou
bastonário é eleito nos termos previstos na
Constituição para a eleição do Presidente da
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República com as necessárias adaptações (artigo
15.º, n.º7).
As associações públicas profissionais exercem poder
regulamentar e disciplinar (artigos 16.º e 17.º). Oexercício do poder disciplinar pode conduzir, em ul t ima
r at io, à interdição do exercício de profissão;
O exercício em regime liberal de profissão organizada
em associação pública profissional fica condicionado a
inscrição prévia, salvo se regime diferente for
estabelecido na lei de criação, podendo a lei estender a
obrigação de inscrição a todos os profissionais, ou
impor pelo menos uma obrigação universal de registo
profissional. (artigo 21.º, n.º1);
As associações públicas profissionais não estão sujeitas
a superintendência governamental nem a tutela de
mérito, ressalvados, quanto a esta, os casos
especialmente previstos na lei. As associações públicas
profissionais estão sujeitas a tutela de legalidade
idêntica à exercida pelo Governo sobre a administração
autónoma territorial. (artigo 29.º, números 1 e 2);
As decisões das associações públicas profissionais
praticadas no exercício de poderes públicos estão
sujeitas ao contencioso administrativo, nos termos das
leis do processo administrativo. (artigo 30.º, n.º1)
Entidades administrativas independentes
o Integram a Administração Independente e não são alvo de
orientação heterónoma;o Em sentido amplo, podiam integrar a Administração do
Estado, das Regiões Autónomas e Autarquias Locais, desde
que o Estado não actue na função comunitária (prossecução
de interesses públicos a nível supranacional), mas apenas no
seu âmbito nacional (função nacional). Contudo, na maior
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parte dos casos, o Estado actua no exercício da função
comunitária, em Administração compósita, nomeadamente
em matéria de concorrência (promoção de concorrência leal
e sem ajudas indevidas do Estado) e protecção do ambiente;
o Justificações da sua criação: Lógica de criação atende à necessidade de
desgovernamentalizar e despolitizar certas esferas
administrativas onde se geram, fundamentalmente,
factos económicos e financeiros;
Tutela mais efectiva e plena de direitos fundamentais
(por exemplo: Comissão Nacional de Eleições;
Comissão Nacional de Protecção de Dados; Comissão
de Acesso aos Documentos Administrativos; Entidade
Reguladora para a Comunicação Social);
Legitimação profissional e técnica, pela qualidade dos
seus membros, numa orientação dogmática, dada a
sua independência (ainda que se caminhe para um
«aut o-engano», como se verifica em relação às
suspeitas de cartelização de preços entre gasolineiras,
o que revela a actuação precária da Autoridade da
Concorrência);
´
o Características mais relevantes:
Não se confundem com a Administração Autónoma, na
medida em que estão livres de controlo de mérito e
superintendência, nem com a Administração Indirecta,
pois não são entidades instrumentais ou dependentes;
Desenvolvem tarefas administrativas do Estado, que se
isenta do seu exercício e controlo; Podem ser de criação pela AR ou pelo Governo,
conforme os casos:
y Assembleia da República criação de entidades
de protecção de certos direitos fundamentais;
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y Governo criação de autoridades reguladoras
independentes, sendo os seus membros
nomeados pelo Governo. Tais membros não
recebem ordens do Governo, nem o
representam. Sobre tais entidades, apenas poderecair uma tutela de legalidade.
Os membros de tais entidades têm mandatos mais
prolongados em relação aos membros que integram a
Administração Indirecta, sendo irresponsáveis e
inamovíveis pelas suas decisões;
As entidades administrativas independentes não
obedecem a qualquer orientação, sendo que, pela sua
actividade, responde o Governo, junto do Parlamento.
Gozam de uma considerável autonomia financeira;
Poderes importantes
y De regulação: podem emanar regulamentos
independentes;
y De sancionamento: por exemplo, a aplicação de
sanções às entidades bancárias pela CMVM;
y De polícia: fiscalização e supervisão.
o As entidades que desenvolvem poderes de
regulação e sancionamento designam-se
por autoridades administrativas
independentes. Podemos considerar dois
tipos destas autoridades:
Autoridades reguladoras
independentes: no campo
económico e financeiro, nãointervindo nos serviços já regulados
e disciplinados. São criadas pelo
Governo e os seus membros são
eleitos pelo Governo. Por exemplo:
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CMVM, ANACOM, ERSE, Banco de
Portugal;
Autoridades de garantia de certos
direitos fundamentais: criadas pela
AR, sendo os seus membros eleitospela AR. Por exemplo: CNE, CNPD,
CADA, ERC.
Limitações aos poderes
y Não têm poder normativo no âmbito de reserva
de Lei;
y Não têm poderes jurisdicionais e
parajurisdicionais dos Tribunais Administrativos.
Outras observações relevantes
y Não assumem a forma normal de organização
administrativa;
y Não têm cumprido, de forma cabal, as suas
atribuições, em virtude da acção desenvolvida
pelo Governo, que desvirtua a ideia de
imunidade.
Entidades administrativas de Direito Privado
o Constituem formas de privatização formal da Administração,
que se distinguem da despublicização, isto é, a perda do
vínculo de prossecução de interesses públicos. Trata-se de
uma privatização técnica, relacionada com os instrumentos
jurídicos que a Administração utiliza;o Estamos perante pessoas colectivas com estatuto
formalmente privado, que se regem, no essencial, pelo
Direito Privado, nomeadamente em matéria de
responsabilidade patrimonial ou de matéria contratual, e com
fiscalização da actividade pelos Tribunais Comuns;
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o Mas, ainda assim, são entidades administrativas que integram
a Administração Pública, como sejam as fundações públicas
de Direito Privado ou as sociedades comerciais de capitais
públicos. Note-se, contudo, que tais entidades estão sujeitas
a controlo público, assim como beneficiam de financiamentoestatal;
o Recorde-se a possibilidade de existirem sociedades de
capitais mistos, equiparadas a entidades de natureza pública,
e de fundações mistas;
o Formas de privatização formal
1.ª Forma Privatização na forma de actividade
y Entidades com personalidade pública, que
recorrem a instrumentos de Direito Privado (por
exemplo: Entidades Públicas Empresariais).
Recorrem a formas de Direito Privado Civil, das
Sociedades Comerciais, do Trabalho (por
exemplo: contratos individuais de trabalho,
recorrentemente celebrados pelos institutos
públicos;
y Entidades com estatuto jurídico-público;
2.ª Forma Privatização na forma de organização
y Trata-se do tipo de privatização mais dura, na
medida em que desaparece o estatuto jurídico-
público do respectivo ente, o elemento clássico e
essencial. Estamos perante pessoas colectivas de
Direito Privado (e não de Direito Público);
y Tal sucede com as entidades administrativas de
Direito Privado.
3.ª Forma Exercício de funções públicas por
particulares
y Estamos perante a denominada «Administ r ação
delegad a», em que se verifica a delegação de
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funções públicas, nomeadamente, a
concessionários.
o No caso particular da Fundação Universidade do Porto,entende-se que estamos perante uma violação do princípio
constitucional da reserva administrativa de entidade
pública. Neste exemplo concreto, verifica-se que o «nomen
iuris» (Fundação) não se coaduna com o escopo estritamente
público das universidades, atendendo à sua estrutura
organizativa, como também na medida em que é sujeita a
controlo de mera legalidade, é alvo de financiamento público,
destina-se à prossecução de fins públicos e foi criada por
decreto-lei (acto legislativo);
o Nestes termos, tende-se a considerar que se verifica a
supremacia da «for ça normat iv a dos f act os» face ao Direito;
o Ainda assim, estas entidades administrativas de Direito
Privado estão sujeitas aos princípios fundamentais da
actividade administrativa, inclusive à vinculação aos Direitos
Fundamentais, que constitui uma vinculação jurídico -pública.
Tais vinculações devem ser apreciadas pelos Tribunais
Administrativos, nos termos do artigo 266.º CRP e dos artigos
3.º a 10.º do CPA;
o O exercício de tarefas públicas administrativas por
particulares tende a vulgarizar-se. Os particulares gozam da
possibilidade de participação em órgãos de actividades
públicas, com contornos, actualmente, de envolvência com
poderes decisórios, podendo mesmo atingir a gestão plena de
serviços públicos, tal como sucede com hospitais públicos;
o No que concerne aos contratos de concessão (de obraspúblicas, de bens do domínio público), verifica-se a
transferência, por parte de uma entidade pública, da
exploração de tais bens e serviços a privados, durante um
certo período de tempo (algumas vezes bárbaro, com
excessiva longevidade). Têm-se constatado a celebração de
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contratos de concessão em matéria de infra-estruturas e de
redes tradicionais (energia, telecomunicações,
estabelecimentos de saúde, escolas).
Delegação de poderes com forma de auto-administração (artigo
267.º, n.º6 CRP)
o Jurídico-públicos
o Jurídico-privados: são mais comuns. Veja-se os exemplos das
Federações Desportivas, dos Conselhos Vitivinícolas
Regionais, das Câmaras de Comércio e Indústria. Contudo,
não deve ser a forma regra de exercício da actividade
administrativa.
Formas de cooperação interadministrativa
o Jurídico-Pública : por exemplo, associações de município e de
freguesia (com natureza pública). Nos termos do regime de
criação e quadro de competências das comunidades
intermunicipais de Direito Público (artigos 247.º e 253.º CRP e
artigo 1.º, n.º2, alíneas a) e b) e artigo 2.º da Lei n.º11/2003,
de 13 de Maio), podemos considerar:
Comunidades intermunicipais de fins gerais pessoas
colectivas de direito público, constituídas por
municípios ligados entre si por um nexo territorial;
Associações de municípios de fins específicos
pessoas colectivas de direito público, criadas para a
realização de interesses específicos comuns aos
municípios que as integram.
Nestes casos, não estamos perante associações
públicas, mas antes consórcios públicos (orientação
diversa daquela que é defendida por Diogo Freitas do
Amaral e Jorge Miranda).
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Nos termos do artigo 8.º do referido diploma,
constituem órgãos da comunidade: a assembleia
intermunicipal; o conselho directivo; a comissão
consultiva intermunicipal.
Na Lei n.º10/2003, de 13 de Maio, encontram-se
consagradas o regime de criação, o quadro de
atribuições das áreas metropolitanas e o modo de
funcionamento das Áreas Metropolitanas, que
constituem formas de intermunicipalismo. Visa-se a
criação de áreas metropolitanas por todo o país,
podendo ser Grandes Áreas Metropolitanas (GAM) ou
Comunidades Urbanas (ComUrb). O artigo 3.º desta lei
apresenta os requisitos territoriais e demográficos.
o Jurídico-Privada: por exemplo, associações de entidades
públicas, regidas pelo Direito Civil.
Formas de cooperação inter-orgânica
o Com forma mais ou menos homogénea: por exemplo,
empresa pública intermunicipal;
o Com natureza diversa: por exemplo, fundações surgidas por
acção de privados.
Por exemplo, os municípios participam no Conselho Regional
das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional
(CCDR).
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Órgãos administrativos
o Dirigem as pessoas colectivas públicas, tomando as decisões
que lhes são imputáveis, através do exercício de
competências atribuídas por Lei;
o As pessoas colectivas públicas têm, em geral, vários órgãos,mas podem ser monoorgânicas (1 único órgão). Quanto têm
vários órgãos, há uma separação de competências;
o Classificações dos órgãos
1.ª Classificação Órgãos singulares vs. Órgãos
colegiais
y Órgãos singulares: têm, apenas, um único titular
(por exemplo: Presidente da Câmara Municipal);
y Órgãos colegiais: têm, pelo menos, três ou mais
membros, estando sujeitos às normas previstas
nos artigos 14.º e seguintes CPA.
2.ª Classificação Órgãos centrais vs. Órgãos locais
y Órgãos centrais: exercem competências em todo
o território nacional (por exemplo: Governo);
y Órgãos locais: exercem competências dentro de
uma determinada circunscrição administrativa
(por exemplo: Autarquias Locais).
3.ª Classificação Órgãos primários vs. Órgãos
secundários vs. Órgãos vicários
y Órgãos primários: a Lei atribui-lhes competência
própria para praticar actos sobre determinada
matéria;
y Órgãos secundários: só têm competência no
âmbito da «delegação de poderes» ;
y Órgãos vicários: actuam em substituição dos
órgãos primários (artigo 41.º CPA).
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4.ª Classificação Órgãos re presentativos vs. Órgãos
não re presentativos
y Órgãos representativos: os titulares destes
órgãos são livremente eleitos pelo método de
eleição. Por exemplo: eleições para a CâmaraMunicipal e para a Assembleia Municipal,
realizadas separadamente;
y Órgãos não representativos: são todos os
restantes órgãos.
5.ª Classificação Órgãos activos vs. Órgãos
consultivos vs. Órgãos de controlo
y Órgãos activos: fazem parte da «Administ r ação
Act iv a», na medida em que tomam decisões e
têm capacidade para as executar;
y Órgãos consultivos: auxiliam, os órgãos activos,
a tomar as decisões, através de pareceres
obrigatórios (vinculativos ou não vinculativos
artigo 98.º CPA) ou facultativos. Se o parecer for
vinculativo, o órgão decisório não se pode
afastar do conteúdo;
y Órgãos de controlo: têm por missão fiscalizar a
regularidade do funcionamento de outros
órgãos.
6.ª Classificação Órgãos permanentes vs. Órgãos
tem porários (ou «ad hoc»)
y Órgãos permanentes: exercem as competências
de forma permanente;
y Órgãos temporários (ou «ad hoc»): criados para
actuar apenas durante um certo período.
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o Atribuições vs. Competências
Atribuições: cabem às pessoas colectivas públicas (ex:
municípios), que existem juridicamente para prosseguir
fins ou interesses públicos previamente definidos pela
Lei; Competências : cabem aos órgãos (ex: câmaras
municipais, para realizar os fins das pessoas colectivas
públicas a que pertencem, sendo dotadas dos poderes
funcionais conferidos pela Lei (determinação de
competências por Lei), ao abrigo do princípio da
legalidade.
o Nas pessoas colectivas privadas, admite-se a fixação com
autonomia das suas atribuições;
o Quanto às competências, vigora o princípio da especialidade,
na medida em que o órgão exerce as competências no âmbito
das atribuições conferidas à pessoa colectiva pública que
integram;
o Os órgãos encontram-se duplamente limitados pelas
atribuições e competências , na medida em que:
A violação de atribuições gera um vício de
incompetência absoluta, conducente a declaração de
nulidade;
Não podem executar competências de outros órgãos,
no âmbito das mesmas atribuições, caso contrário
estamos perante um vício de incompetência relativa,
cuja consequência é a anulabilidade.
o A organização do Estado estrutura-se, nomeadamente,através de Ministérios, que são formalmente órgãos, mas
constituem igualmente pessoas colectivas públicas, dotadas
de atribuições, repartidas pelos diferentes Ministérios.
Note-se que os Ministérios são compostos por órgãos,
sendo o ministro o principal;
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Os Ministérios têm competências praticamente
idênticas entre ministros. Aquilo que varia é o
conjunto de atribuições (fins ou interesses públicos
prosseguidos);
Na Lei das Autarquias Locais (LAL), verifica-se adistribuição de competências pelos diferentes órgãos
(Assembleia Municipal, Câmara Municipal e Presidente
da Câmara Municipal), para a prossecução das mesmas
atribuições.
o Relação entre meios e fins
Meios: órgãos com competência para a prossecução
dos fins;
Fins: atribuições a que as pessoas colectivas públicas
estão inalienável e imprescritivelmente obrigadas a
cumprir.
o Violação de atribuições e competências
Atribuições: um acto de um Ministério que viole as
atribuições de outro Ministério é nulo, por vício de
incompetência absoluta;
Competências: um acto de um Conselho Directivo que
viole as competências de outro órgão (no âmbito da
mesma pessoa colectiva) é anulável, por vício de
incompetência relativa.
o Princípio da legalidade em sentido estrito
É a Lei que atribui, modifica e extingue competênciasdos órgãos;
As competências não se presumem, pois têm de
constar expressamente da Lei, que as confere aos
órgãos;
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As competências não são modificáveis, quanto ao
conteúdo ou quanto ao órgão que a desenvolve;
As competências são inalienáveis e irrenunciáveis
(artigo 29.º CPA), na medida em que não pode haver
renúncia de competência, sem prejuízo da delegaçãode poderes e da substituição (figuras afins).
o «Delegação de Poderes» ou de competências inter-orgânica
(artigo 35.º e seguintes CPA)
É a Lei que atribui competências a um órgão, admitindo
que este delegue as mesmas noutro órgão, da mesma
pessoa colectiva;
Natureza jurídica da «delegação de poderes»
y Alienação ou transferência de competências: o
acto de delegação de poderes transfere os
poderes para o órgão delegado, através de Lei
habilitante;
y Autorização: a Lei habilitante confere uma
competência originária, mas condicionada, ao
órgão delegado (virtualmente competente),
necessitando da devida autorização do órgão
delegante;
y Transferência do exercício de competência : não
há alienação de competências, mas uma mera
transferência do exercício de competências do
órgão delegante para o órgão delegado.
o A competência continua a caber na esfera
jurídica do órgão delegante, sedo que o
órgão delegado actua sobre arepresentação do órgão delegante;
o O órgão delegante pode fixar directas
vinculativas, revogar o acto do delegado
ou avocar o procedimento;
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o Encontra-se consagrada no nosso regime
jurídico do CPA.
Nos termos do n.º1 do artigo 35.º CPA, é exigida
habilitação legal para delegação específica depoderes, isto é, uma Lei habilitante. Caso contrário,
seria uma renúncia de competência e o acto é nulo.
y Nos termos dos números 2 e 3 do mesmo artigo,
a delegação de poderes é sempre possível,
tratando-se de actos de administração
ordinária, quando conferida por certo órgão em
favor do seu inferior hierárquico, adjunto ou
substituto, ou por um órgão colegial em favor do
seu presidente (salvo, neste último caso, se lei
especial estabelecer uma particular repartição de
competências entre esses órgãos). Neste caso,
há dispensa da exigência de habilitação legal .
Constitui exemplo de acto de Administração
ordinária a assinatura de um certificado ou carta
de curso;
y Contudo, não basta a lei habilitante, na medida
em que esta apenas confere a faculdade ao
delegado para poder exercer ou não as
competências. Também é necessário um acto de
delegação de poderes (artigo 35.º, n.º1 CPA).
Relação entre órgão delegado e órgão subdelegado
(artigo 36.º CPA)
y 1.ª Subdelegação: o órgão delegado delega as
competências o órgão subdelegado, não sendonecessário habilitação legal, mas basta que a Lei
não a proíba e que o delegante autorize o
delegado a subdelegar (artigo 36.º, n.º1 CPA);
y 2.ª Subdelegação: as competências
subdelegadas no subdelegado podem ser
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subdelegadas. Não é exigível autorização do
delegante. Impõe-se que o delegante ou
subdelegante não tenham proibido a
subdelegação ou que a Lei a não impeça.
Requisitos do acto de delegação (artigo 37.º CPA)
y No acto de delegação ou subdelegação, deve o
órgão delegante ou subdelegante especificar os
poderes ou os actos que o delegado ou
subdelegado pode praticar (n.º1). Impõe-se uma
enumeração explícita e específica (de forma
positiva) dos poderes e actos passíveis de serem
praticados;
y Os actos de delegação e subdelegação estão
sujeitos a publicação em Di ário d a Re pública (II
Série) ou, tratando-se da administração local, no
boletim da autarquia, e devem ser afixados nos
lugares do estilo quando o tal boletim não exista.
A falta de publicação constitui um vício de
incompetência relativa, implicando a ineficácia
jurídica do acto anulável (n.º2).
Menção da qualidade de delegado ou subdelegado
(artigo 38.º CPA)
y O órgão delegado ou subdelegado deve
mencionar essa qualidade em todos os actos
praticados ao abrigo da delegação ou
subdelegação de poderes;
y Trata-se de uma formalidade importante quantoàs reacções de natureza administrativa e
contenciosa.
o Os actos praticados pelo delegado são
sempre susceptíveis de impugnação para o
órgão delegante, em sede de recurso
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hierárquico impróprio e facultativo , nos
termos do artigo 158.º, n.º2, alínea b) CPA
e do artigo 176.º CPA. Se houvesse
hierarquia, seria em sede de recurso
hierárquico necessário; o Note-se, contudo, que a delegação de
poderes elimina a hierarquia que
houvesse e não constitui qualquer
hierarquia onde não havia.