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A atuação do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (COMPAC) na preservação do patrimônio cultural edificado de Ponta Grossa - PR e suas possibilidades de uso didático para a história local. 1  Marialva Ribas Kincheski 2  Dr Cláudio Jorge Guimarães RESUMO O presente artigo procura discorrer sobre o processo de preservação dos patrimônios culturais edificados da cidade de Ponta Grossa – Paraná, as políticas públicas adotadas pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural – COMPAC 3  e as possibilidades da utilização didática desses patrimônios para o estudo da história local. A pesquisa foi divida em dois momentos. O primeiro momento parte da história da vida pessoal, investigando as ligações de cada envolvido na construção da história local e o segundo parte da análise da história da cidade de Ponta Grossa por meio de seu patrimônio cultural edificado. Para isso utilizou-se da técnica de pesquisa bibliográfica, entrevistas, fotografias, visitação técnica aos espaços tombados e palestras. A hipótese investigada neste estudo é a de que a história oral, aliada a utilização de patrimônios edificados no contexto da história local, pode contribuir com um novo significado ao aprendizado da história, e propiciar aos educandos o interesse sobre a preservação do patrimônio cultural da cidade. Palavras Chaves: história local, preservação, patrimônio edificado, COMPAC ABSTRACT  This article attempts to discuss the process of preservation of cultural heritages built the city of Ponta Grossa - Paraná, public policies adopted by the City Council of Cultural Heritage - COMPAC[3] and the possibilities of using these assets for the study of local history. The research was divided into two phases. The first moment treats the history of life, investigating the connections of each involved in the construction of local history and the second part treats of the analysis of the history of the city of Ponta Grossa 1  Marialva Ribas Kincheski – professora estadual há 28 anos, licenciada em História pela UEPG e pós graduada em Educação Patrimonial e Metodologia do Ensino 2  Cláudio Jorge Guimarães – professor da UEPG, desde 1987, mestre e doutor em História e Sociedade pela UNESP – Assis – SP. 3 Conselho Municipal do Patrimônio Cultural – COMPAC - Orgão público que determina e dinamiza ações preservacionistas no município de Ponta Grossa.

A atuação do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural ... · novo significado ao aprendizado da história, e propiciar aos educandos o interesse ... projeto, visitas técnicas

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A atuação do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (COMPAC) na 

preservação do patrimônio cultural edificado de Ponta Grossa ­ PR e suas 

possibilidades de uso didático para a história local.1 Marialva Ribas Kincheski

2 Dr Cláudio Jorge Guimarães

RESUMO 

O presente  artigo  procura  discorrer   sobre  o  processo  de  preservação  dos patrimônios   culturais   edificados   da   cidade   de   Ponta   Grossa   –   Paraná,   as políticas públicas adotadas pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural – COMPAC3 e as possibilidades da utilização didática desses patrimônios para o estudo da história local. A pesquisa foi divida em dois momentos. O primeiro momento parte da história da vida pessoal, investigando as ligações de cada envolvido  na  construção da história   local  e  o  segundo parte  da  análise  da história   da   cidade   de   Ponta   Grossa   por   meio   de   seu   patrimônio   cultural edificado. Para isso utilizou­se da técnica de pesquisa bibliográfica, entrevistas, fotografias,  visitação  técnica aos espaços tombados e palestras. A hipótese investigada neste  estudo é  a  de  que  a  história  oral,  aliada a  utilização  de patrimônios edificados no contexto da história  local,  pode contribuir  com um novo   significado   ao   aprendizado   da   história,   e   propiciar   aos   educandos   o interesse sobre a preservação do patrimônio cultural da cidade.

Palavras Chaves: história local, preservação, patrimônio edificado, COMPAC

ABSTRACT 

This article attempts to discuss the process of preservation of cultural heritages built the city of Ponta Grossa ­ Paraná, public policies adopted by the City Council of Cultural Heritage ­ COMPAC[3] and the possibilities of using these assets for the study of local history. The research was divided into two phases. The first moment treats the history of life, investigating the connections of each involved in the construction of local history and the second part treats of the analysis of the history of the city of Ponta Grossa 

1 Marialva Ribas Kincheski – professora estadual há 28 anos, licenciada em História pela UEPG e pós graduada em Educação Patrimonial e Metodologia do Ensino 2 Cláudio Jorge Guimarães – professor da UEPG, desde 1987, mestre e doutor em História e Sociedade pela UNESP – Assis – SP. 

3 Conselho Municipal do Patrimônio Cultural – COMPAC ­ Orgão público que determina e dinamiza ações preservacionistas no município de Ponta Grossa.

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through its built heritage. For this we used the technique of literature, interviews, photos, technical visits to places fallen and lectures. The hypothesis investigated in this study is that oral history combined with the use of built heritage in the context of local history can bring new meaning to the learning of history, and giving students the interest in the preservation of cultural heritage of the city. Keywords: local history; preservation; heritage; buildings; COMPAC.

INTRODUÇÃO

O Patrimônio Cultural tem se constituído em importante objeto de estudo 

quando   se   fala   principalmente   em   história   local.   Estes   estudos   tiveram 

desenvolvimento com as ações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico 

Nacional   (IPHAN)   desde   o   final   da   década   de   1930   e   as   políticas   de 

preservação,   procurando   refletir   sobre   a   necessidade   de   se   preservar,   no 

interesse   de   entender   a   sociedade,   seus   usos   e   costumes   nos   diferentes 

espaços da cidade e a diversidade cultural das comunidades locais na análise 

de sua identidade cultural.

Neste sentido, o objetivo principal deste artigo é analisar e apresentar 

os   resultados   do   projeto   intitulado   “A   atuação   do   Conselho   Municipal   de 

Patrimônio   Cultural   –   COMPAC   ­   na   preservação   do   patrimônio   cultural 

edificado de Ponta Grossa – PR e as possibilidades de uso didático para a 

história   local”,  desenvolvido  com os alunos do 2º  ano do Ensino Médio  do 

Colégio Estadual Polivalente Ensino Fundamental Médio e Profissionalizante. 

O projeto teve como objeto de estudo as políticas de preservação e a 

atuação   do   Conselho   Municipal   do   Patrimônio   Cultural   ­   COMPAC,   órgão 

público   que   determina   e   procura   dinamizar   ações     preservacionistas   no 

município   de   Ponta   Grossa   –   Paraná.  Este  projeto   objetivou  aprofundar   o 

conhecimento histórico da cidade por meio do estudo e reconhecimento dos 

patrimônios culturais, privilegiando o patrimônio edificado e suas possibilidades 

de uso didático para a história local.

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Assim,  procurou­se  conhecer  os  patrimônios  culturais  edificados da 

cidade de Ponta Grossa e despertar, no educando, a percepção de que ele é 

sujeito histórico e, como tal, transformador do meio em que vive. Para tanto se 

utilizou  de   pesquisas   em arquivos  do  Museu  Campos  Gerais,   arquivos  da 

Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e arquivos do Conselho Municipal de 

Patrimônio Cultural (COMPAC) para análise de suas ações na preservação do 

patrimônio   edificado.   Ao   mesmo   tempo,   foram   realizadas   entrevistas   com 

representantes   do   poder   público   municipal,   membros   do   COMPAC, 

representantes da comunidade e professores que desenvolveram pesquisas na 

área patrimonial da cidade, com a participação dos educando envolvidos no 

projeto, visitas técnicas a bens tombados e em vias de tombamento.

Cabe   ressaltar   que   nos   Parâmetros   Curriculares   Nacionais   (1997   e 

1998) a história local passou a ocupar uma posição privilegiada uma vez que, a 

partir   do  estudo  dela  e  do  cotidiano,  pode  –   se  aprofundar   para   trabalhar 

contextos mais amplos.

Goubert (1988, p.73) comenta que:

A volta à  história  local origina­se de um novo interesse pela história social, ou seja, a história da sociedade como um todo, e não somente daqueles poucos que, felizes, a governavam, oprimiam e doutrinavam –   pela   história   de   grupos   humanos   algumas   vezes   denominados ordens, classes, estados. 

Foi   importante destacar a utilização do Patrimônio cultural  edificado 

para  o  aprofundamento  dos   conhecimentos   sobre  a   história   local,   notando 

desta forma que o patrimônio “vai além de seu valor material” (Gadotti,2003. 

P.13), pois ele abre para uma gama de conhecimentos quer sejam na área da 

arquitetura, da história social, econômica, política e cultural entre outros.

Dropa (2003, p.53) afirma que “Ponta Grossa é uma cidade Histórica” 

por sua origem ligada à rota do “Caminho das tropas”, onde ricos fazendeiros, 

tropeiros,   caboclos,   escravos   e   ex­escravos   mesclavam­se   e,   aos   poucos, 

foram construindo o que posteriormente ficou conhecida como cidade de Ponta 

Grossa. 

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Por  estar  em uma  posição  geográfica  privilegiada,   sendo  o  principal 

entroncamento rodo­ferroviário do sul do Brasil, facilitando assim o acesso a 

todas   as   regiões   do   Estado,   tornou­se   desta   forma   importante   ponto   de 

encontro de viajantes, desde a abertura da rota dos tropeiros, posteriormente 

das   correntes   imigratórias   marcando   a   ocupação   deste   espaço   por   uma 

pluralidade   étnica   e   cultural,   que   se   podem   observar   nas   diversas 

manifestações culturais e nos estilos arquitetônicos de casas, igrejas, fazendas 

e prédios antigos desta região. 

Comenta Dropa (2003 p.52.):

O resgate histórico dos prédios tombados em Ponta Grossa se faz necessário pela rapidez com que a cidade perdeu, e está perdendo, pela   destruição,   o   seu   patrimônio   edificado.   Muitas   vezes,   esta destruição   foi   justificada   pelo   discurso   do   progresso   e   da modernidade. 

Perdas irreparáveis fizeram–se sentir em nome da modernidade,  como 

exemplo   a   Catedral   do   Bispado,   a   Cervejaria   Adriática   e   edificações   que 

seguramente ressaltariam importantes aspectos da história urbana de Ponta 

Grossa,   algumas  destas   construções   foram destruídas  no  período  noturno, 

evitando protestos da comunidade que não pode preservar valores históricos, 

artísticos   e   culturais,   uma   vez   que   estes   prédios   possuíam   uma   fonte   de 

informação valiosa sobre a história da cidade.

Assim sendo, salienta­se, a necessidade de se preservar o patrimônio 

edificado de Ponta Grossa já que ações foram realizadas na esfera estadual e 

municipal a partir de 1990, quando a Coordenadoria do Patrimônio Cultural da 

Secretaria de Estado da Cultural, tombou as seguintes edificações: A Mansão 

Vila   Hilda,   o   Prédio   do   Fórum,   Colégio   Regente   Feijó,   Edifício   Guilherme 

Naumann   (PROEX),   Complexo   da   Rede   Ferroviária,   e   por   intermédio   do 

Conselho   Municipal   do   Patrimônio   Cultural   (COMPAC)   a   Capela   Santa 

Bárbara, O clube Treze de Maio, A Casa Ernesto Vilela, e a Cerâmica 12 de 

Outubro,   tendo   inventariado   90   imóveis,   e   estão   ainda   em   processo   de 

preservação muitas edificações. (Dropa, 2003. p.103, 129, 157, 175)

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A partir desta busca a novas reflexões sobre a história é que reside a 

importância do tema proposto, ou seja, as ações preservacionistas referentes 

aos patrimônios culturais da cidade de Ponta Grossa, no Estado do Paraná e 

suas possibilidades como uso didático. 

Patrimônio   é   [...]   um   conjunto   de   bens   materiais   e   não materiais,  que   foram  legados  pelos  nossos  antepassados  e que,   em   uma   perspectiva   de   sustentabilidade,   deverão   ser transmitidos aos nossos descendentes,  acrescidos de novos conteúdos e de novos significados, os quais, provavelmente, deverão   sofrer   novas   interpretações   de   acordo   com   novas realidades socioculturais. O patrimônio cultural é composto por elementos tangíveis e intangíveis – tradições, literatura, língua, artesanato,   dança,   gastronomia,   vestimenta,   manifestações religiosas,   objetos   e   materiais   históricos,   arquitetura   etc.   – tanto   do   passado   quanto   do   presente,   os   quais,   no   seu conjunto, caracterizam um agrupamento social, um povo, uma cultura (Dias, 2006, p. 67­68)

A partir da crescente preocupação com a preservação do Patrimônio 

Cultural   no   Brasil,   quer   seja   este   patrimônio   arqueológico,   arquitetônico, 

etnográfico, bibliográfico, ambiental ou artístico, e por considerar esta temática 

relevante  para  o  estudo  da   história   local,  é   que   se   procurou   conhecer   os 

patrimônios edificados da cidade de Ponta Grossa e o trabalho realizado pelo 

Conselho  Municipal   de  Patrimônio  Cultural   (COMPAC)  na  preservação  dos 

mesmos   e   até   que   ponto   eles   podem   ser   utilizados   para   ampliar   os 

conhecimentos da história local.

PATRIMÔNIO CULTURAL EDIFICADO DA CIDADE DE PONTA GROSSA

Partindo   do   projeto   proposto   ao   PDE   sobre   a  “Atuação   do   Conselho 

Municipal de Patrimônio Cultural (COMPAC) na preservação do patrimônio cultural 

edificado de Ponta Grossa ­ PR e suas possibilidades de uso didático para a história 

local”,  que visa questionar, entender e propor um novo olhar sobre o estudo da 

história através da imersão teórica e prática no patrimônio cultural da cidade é que 

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foram realizadas pesquisas com os alunos participantes do projeto, no sentido de 

esclarecer conceitos como o de patrimônio cultural.

De   acordo   com   os   estudos   propostos,   em   um   primeiro   momento   o 

projeto   foi   apresentado   aos   alunos   e   abriram­se   inscrições   para   os 

interessados   em   participar.   Foi   organizada   uma   primeira   reunião   com   os 

inscritos onde o projeto foi detalhado em suas diferentes fases e iniciou­se uma 

reflexão   com   os   alunos   sobre   preservação,   necessidade   ou   não   de   se 

preservar.   Nesse   momento   procurou­se   evidenciar   o   aluno   como   um   ser 

histórico, estimulando uma pesquisa sobre o seu núcleo familiar. 

Os resultados obtidos foram significativos uma vez que, por meio das 

entrevistas e pesquisas realizadas, os alunos colocaram­se como participantes 

do processo histórico. Histórias pessoais vieram à tona e contribuíram para a 

revisão de conceitos e valores, propiciando aos mesmos um novo olhar sobre 

aqueles   lugares   que,   segundo   seus   comentários,   viam   com   indiferença, 

resignificando­os. Este aspecto pode ser exemplificado com o depoimento de 

uma aluna participante  do  projeto:  ”Ao conhecer  os patrimônios antigos da 

cidade, relembrei do tempo de criança, tradições, costumes a família reunida.  

(...) temos aqui em Ponta Grossa patrimônios muito bonitos e históricos, que  

precisamos e devemos conservar tanto na estrutura quanto na História contada  

de família a família.” (participante 2)

Posteriormente,   em   um   segundo   momento,   direcionou­se   o   trabalho 

para a análise da história da cidade de Ponta Grossa, com o objetivo de se 

conhecer a ocupação do espaço urbano e a constituição de seu patrimônio 

cultural edificado. 

HISTÓRIA E MEMÓRIA

A   formação   da   cidade   de   Ponta   Grossa,   sob   o   âmbito   do 

desenvolvimento urbano, foi o cerne da questão, demonstrando o princípio da 

cidade que convergiu para o alto da colina onde foi construída a Capela de 

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Sant’Ana,   que   passou   a   aglutinar   ao   seu   redor   um   número   crescente   de 

construções de onde irradiou­se a expansão urbana da cidade.

Explanou­se   sobre   o   desenvolvimento   econômico,   político   e   social, 

procurando valorizar as ocupações desta região, a partir do século XVIII, e de 

seu povoamento no “Caminho das Tropas”, também conhecido como Caminho 

do   Viamão,   que   veio   a   intensificar   o   desenvolvimento   de   uma   economia 

pecuária na região dos Campos Gerais, tornando­se mais tarde lugar de pouso, 

currais de descanso e invernadas de gado, desenvolvendo­se em cidades “que 

enfileiram ­ se uma após a outra, tais como as contas de um colar, ao longo de 

sua   rota.   Cada   cidade   está   separada   da   outra   por   uma   distância   que 

corresponde a um dia de viagem do tropeiro”. (Wachowicz,1988,p.102).

Além das atividades tropeira e pecuária surgiram as primeiras fábricas 

relacionadas à atividade madeireira e o conseqüente “crescimento do comércio 

de atacado e varejo de secos e molhados” (Dropa,77) , tornando –se a base 

para o crescimento e a evolução econômica dos Campos Gerais.

É importante ressaltar ainda que esta expansão econômica (industrial e 

comercial) esteve ligada à vinda dos imigrantes, que se espalharam, além do 

Largo   da   Matriz,   em   ruas   próximas   tais   como   Rua   Quinze   de   Novembro, 

Avenida Vicente Machado, Rua Santos Dumont, tornando­se o mais importante 

empório comercial do interior do Paraná, no final do século XIX. (Dropa,p 78)

Em   1894,   ocorreu   a   inauguração   da   Estrada   de   Ferro   do   Paraná, 

aumentando   o   desenvolvimento   urbano   de   Ponta   Grossa,   especialmente 

quando ativada em 1906, conhecida por “Estrada de Ferro São Paulo – Rio 

Grande do Sul”.

Neste panorama a cidade cresceu e se desenvolveu  influenciada por 

uma   diversidade   cultural   acentuada,   demonstrada   especialmente   pelas 

construções.

Ao analisar a história da cidade sob o ponto de vista de seu crescimento 

urbano,  pode­se  despertar  no  aluno  um maior   interesse pela  história   local, 

observando nestes um novo olhar  para o patrimônio cultural  urbano.  Neste 

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sentido os participantes do projeto trabalharam com a noção de que a cidade, 

segundo Wainberg (2001, p. 13):

(...) deve ser vista como uma escritura, uma fala a ser interpretada pelo   transeunte.   Trata­se   de   um  enigma   a   ser   desvendado   pela exploração. A percepção é estimulada pelo estranhamento causado por   sua  arquitetura,   vias,   limites,  bairros,  pontos  nodais,   marcos, avenidas,  cafés e bares.  É  uma obra de arte viva,  e seus atores móveis   são   os   seus   habitantes.   Há   cores   e   odores.   Hábitos   e costumes. História e memória. No campo estranho, todo detalhe é relevante na composição do todo.

Assim, os alunos foram incentivados, por meio da  leitura e debate, a 

perceberem a cidade, a interpretarem a sua composição urbana e, ao mesmo 

tempo,   foram   instigados   para   um   novo   olhar   neste   processo   de   formação 

histórica.   Enfatiza   Adams   (p16.)   que  “o   processo   de   preservação 

pressupõe,   inicialmente   a   conscientização   e   a   identificação   de   algo 

relacionado com a memória e o passado aos quais é conferido um valor 

tal   que   justifique   esforços   individuais   e   coletivos,   no   sentido   de   sua 

manutenção no tempo”.

Neste momento buscou­se trabalhar com os alunos a noção de memória 

e de lugares da memória, com o objetivo de debater a questão da preservação 

do patrimônio  cultural,  neste  caso o patrimônio  edificado de Ponta  Grossa. 

Para tanto se discutiu com os alunos a noção de que a memória local, segundo 

Gastal (2002, p. 69):

 (...) pode estar presente na produção cultural de seus moradores. É a memória do lugar que fica registrada na música, nos versos dos poetas, nas cenas dos filmes, na tela dos pintores, nas narrativas dos escritores, nas fotos de amadores e profissionais. As diferentes memórias estão presentes no tecido urbano, transformando espaços em lugares únicos e com forte apelo afetivo para quem neles vive ou para quem os visita. Lugares que não apenas têm memória, mas que para   grupos   significativos   da   sociedade,   transformam­se   em verdadeiros   lugares   de   memória.   Conforme   a   cidade   acumula memórias, em camadas que, ao somarem­se, vão constituindo um perfil único, surge o lugar de memória, como aquele local, bairro, rua, prédio   ou   mesmo   objeto   em   que   a   comunidade   vê   partes significativas do seu passado com imensurável valor afetivo.

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Discutiu­se   de   forma   significativa   “lugares   da   memória”   que   foram 

destruídas em nome da modernidade, perdendo­se assim parte da identidade 

da comunidade  local,  apresentando como exemplos a Catedral  do Bispado, 

antiga  Capela  Sant’Ana,  que   foi  destruída  e  evidenciando  a  construção  de 

outra no mesmo espaço com uma arquitetura moderna. Por intermédio de fotos 

da anterior e visitando a atual, notou­se, que os educandos tiveram atitudes 

diversas diante da perda de monumento considerado como significativo para a 

comunidade   religiosa   da   cidade,   uma   vez   que   a   Catedral   do   Bispado   – 

Sant’Ana caracteriza­se como ponto de encontro de católicos de toda região 

desde sua criação. 

Fotos históricas sobre a cidade foram apresentadas com a intenção de 

debater a questão dos patrimônios e dos “lugares de memória” da comunidade 

em   que   se   inserem   os   alunos,   deixando   que   os   mesmos   debatessem   a 

temática   a   partir   da   observação   da   arquitetura   dos   patrimônios   e   do 

desenvolvimento da história urbana local.

Foto da catedral demolida em 1978Fonte: Prefeitura Municipal de Ponta Grossa. Turismo. Ponta Grossa/PR (2007)

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Foto da Catedral AtualFonte: Prefeitura Municipal de Ponta Grossa. Turismo. Ponta Grossa/PR (2007)

Após este momento de estudo e discussão, o grupo (coordenador do 

projeto e participantes), procuraram repensar dentro de um universo de bens 

imóveis, que patrimônios devem ser preservados, porque serem preservados, 

para que serem preservados. Por meio de pequenas discussões, instigou­se a 

reflexão   sobre   as   questões   preservacionistas   da   cidade   de   Ponta   Grossa, 

sobre a importância da história individual e coletiva, com o objetivo de levar o 

educando a perceber­se como agente histórico.

As probabilidades de se perderem parte da história dos grupos sociais 

inseridos na comunidade estudada, ocasionado pelo aumento e o conseqüente 

crescimento   populacional   são   expressivas  e  provocam  impactos   diretos  na 

ocupação do espaço urbano,  na   formação e na  preservação do patrimônio 

cultural  de grupos étnicos como  também nos patrimônios edificados sendo, 

portanto, um ponto preponderante para se entender a história da cidade pela 

vertente da referida temática. 

Este processo de desenvolvimento urbano provoca ações antagônicas 

no   que   concerne   à   preservação   do   patrimônio   cultural   e   às   necessidades 

básicas da população. Nesse sentido foi significativa a reflexão sobre as ações 

preservacionistas,   elencando   prioridades   nestes   espaços   que   são   ou   não, 

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utilizados como elementos de resignificação da identidade individual e coletiva 

das populações, visando o bem comum e o conhecimento de sua história.

À  medida que se percebe a  importância que os patrimônios culturais 

edificados   têm   para   com   a   comunidade,   por   serem   estes   bens   que 

representam as  relações sociais  destes grupos,  sente­se a necessidade de 

protegê­los.   A   história   local,   nesta   atual   conjuntura,   ocupou   um   papel 

preponderante   por   ter   objetivado   levar   o   educando   conhecer   sobre   a   sua 

própria identidade, entendendo ser ele elemento histórico e, portanto, capaz de 

contribuir na organização política, social e cultural de sua cidade. 

Logo, foi relevante entender a trajetória dos bens culturais da cidade de 

Ponta   Grossa,   bem   como   diferenciar   as   diversas   formas   de   patrimônio. 

Segundo a Constituição de 1988, artigo 216, seção II:

Constituem   patrimônio   cultural   brasileiro   os   bens   de   natureza material   e   imaterial,   tomadas   individualmente   ou   em   conjunto, portadores   de   referência   à   identidade,   à   ação,   à   memória   dos diferentes   grupos   formadores   da   sociedade   brasileira   (...) (Constituição da República Federativa do Brasil: 1988)

Em relação à   legislação  local,  a  Lei  orgânica do município de Ponta 

Grossa, artigo 161, diz que:

Constituem   patrimônio   cultural   do   município   de   Ponta   Grossa,   e como tal, possíveis de proteção e tombamento, as obras, os objetos, os   documentos,   as   edificações,   os   sítios   arqueológicos   e paisagísticos que contemplem a memória cultural dos segmentos e incentivo de atividades culturais. 

A trajetória dos patrimônios culturais edificados de Ponta Grossa, sua 

história, preservação e ações de proteção, foram o principal foco de análise de 

estudo dos educandos. A intenção de despertar no educando a percepção de 

que é  sujeito histórico, e a partir  desta constatação capaz de modificar sua 

prática, foi aos poucos sendo absorvidas por estes, uma vez que passaram a 

observar com mais atenção o mundo ao seu redor,  como se observou nas 

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atividades práticas desenvolvidas pelo projeto4, (visitas técnicas, oralmente em 

debates, relatórios palestras e fotos).

A história local, entendida neste momento como um estudo prático da 

cidade,  possibilitou   reflexões dos envolvidos  com o processo  (educandos e 

educadores) e com as novas metodologias utilizadas, seja por visitação técnica 

aos espaços  já   tombados ou em estudo para  tombamento,  entrevistas com 

conselheiros,  palestras  com professores  que possuem pesquisas   realizadas 

sobre os processos de  tombamento e pesquisas em arquivos,  vendo neste 

aprendizado um elemento motivador e estimulante para conhecer a sua história 

de   vida,   reconstituindo   em   sua   memória   fatos   marcantes   seus   e   de   seus 

familiares, observando nestes a história de sua cidade.

Os jovens envolvidos com o projeto se interessaram especialmente pela 

Vila Hilda, onde funciona a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Ponta 

Grossa, tombada como patrimônio cultural do Paraná em 1990. Neste espaço a 

Diretora   Municipal   de   Turismo   –   professora   Msc.   Márcia   Dropa   fez   uma 

explanação sobre este patrimônio despertando ainda mais o educando para o 

interesse pelas questões patrimoniais.

Outras   edificações   tombadas   pelo   Estado   também   despertaram   o 

interesse   dos   participantes   tais   como:   o   Prédio   do   Antigo   Fórum,   Edifício 

Guilherme  Naumann  –  PROEX,  Colégio  Regente  Feijó,  Casa  da  Memória. 

Pelo município procurou­se conhecer o Museu Época, o Centro de Cultura, 

Casa do Divino, entre outros, estimulando­os a observar o “entorno”, na análise 

de edificações capazes de aguçar o interesse do educando sobre a ocupação 

do espaço urbano.

Notou­se que a história local aliada à história oral pode se constituir num 

momento de crescimento intelectual, uma vez que despertou nos envolvidos o 

desejo de buscar mais informações para o entendimento ou para a análise da 

dinâmica da cidade,  do  bairro  e  especialmente do grupo social  em que se 

inserem.4 Foram organizadas saídas técnicas para visitar os patrimônios culturais edificados da cidade, onde o educando procurou conhecer a história da localidade, fotografando, filmando, questionando. Neste trabalho técnico foram apresentados os patrimônios culturais edificados tombados pelo Estado e também pelo município

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Neste   sentido,   trabalharam­se   conceitos   de   Thompson   (1972.p.44) 

quando afirma que: 

A história oral é  uma história construída em torno de pessoas. Ela 

lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu campo 

de ação. Traz a história dentro da comunidade e extrai a história de 

dentro   da   comunidade.   Em   suma   contribui   para   formar   seres 

humanos mais completos.

 

O caminhar pela cidade, o observar os monumentos tombados ou não, 

contribuiu  para  a   reflexão  dos  educando  sobre  sua   importância  nas  ações 

preservacionistas  dos monumentos  edificados  da  cidade.  Ao  falar  sobre  os 

órgãos   responsáveis   pela   preservação,   a   princípio   percebeu­se   um 

desconhecimento  da   existência   destes,   que   ao   longo  do  projeto   foi   sendo 

elucidado.

As   ações   preservacionistas   foram   entendidas   pelos   educando   por 

intermédio de leituras e discussões das leis, procurando conhecer a dinâmica 

das  ações  do  Conselho  Municipal  de  Patrimônio  Cultural.  Perceberam que 

representantes   da   comunidade   princesina,   preocupados   com   as   perdas 

ocorridas na cidade, movimentaram­se no sentido de preservar os patrimônios 

culturais, especialmente os edificados.

CONSELHO MUNICIPAL DE PATRIMÔNIO CULTURAL DE PONTA 

GROSSA ­ COMPAC 

O COMPAC foi  criado a  partir  da  preocupação e  o  apoio  de  alguns 

intelectuais, artistas e grupos envolvidos com a temática da preservação, que 

buscaram   nos   meios   políticos   o   apoio   para   resguardar   os   imóveis   com 

importância   histórica   para   a   cidade.   O   “Conselho   Municipal   de   Patrimônio 

Cultural”   (COMPAC),   nasceu   com   o   objetivo   de   estudar   e   promover   o 

tombamento dos imóveis considerados como relevantes enquanto patrimônios 

edificados da cidade de Ponta Grossa. 

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A lei nº 6.183, de 23 de junho de 1999 criou o Conselho Municipal de 

Patrimônio Cultural de Ponta Grossa ­ COMPAC5 e instituiu o Fundo Municipal 

de   Proteção   do   Patrimônio   Cultural   que   passou   a   atuar   no   município, 

procurando preservar patrimônios naturais e culturais significativos da cidade, 

sofrendo esta Lei alterações em 2005, sob o nº 8.431 de 29 de dezembro. 

O   COMPAC   é   o   órgão   encarregado   de   proteger   e   determinar   os 

processos de tombamentos, conforme I capítulo da Lei: “O interesse cultural 

que fundamenta o tombamento é constituído pela relevância e expressividade 

do bem para a garantia da memória cultural da população princesina, sendo 

expresso pela importância social que desperta para toda coletividade”.

Entender os mecanismos de proteção determinados pelo COMPAC,  foi 

importante pois despertou   nos educando o  interesse de buscarem também 

eles  proteger “os patrimônios culturais edificados” de Ponta Grossa, pois assim 

estariam   colaborando   na     resignificação   destes   locais,   como   cidadãos 

conscientes dos seus direitos e deveres para com a comunidade em que estão 

inseridos.

Pesquisas e entrevistas com conselheiros foram realizadas pelos alunos 

que   perceberam   ser   o   processo   de   preservação     complexo,   devido   aos 

interesses antagônicos existentes entre proprietários dos imóveis e membros 

do COMPAC, os primeiros procurando conservar seus bens sem restrições de 

uso,  o segundo procurando proteger o patrimônio por considerá­lo parte da 

identidade   da   cidade   sendo,   na   maioria   das   vezes,   complexo   o   ato   do 

tombamento.

Após o estudo do COMPAC e a observação dos diferentes bens imóveis 

preservados ou não, procurou­se discutir sobre este novo olhar, sobre como 

priorizar   determinado   imóvel   em   detrimento  de   outros.  Aprender   a   olhar   o 

patrimônio foi o desafio para estes educando, acostumados que estão a olhar 

de forma superficial, este exercício do olhar, como forma de perceber o   que 

possa ser relevante ou não em uma cidade que se transforma, e que tenha 

significados   podendo     ser   também   resignificada,   em   razão     da   formação 

5 Toda vez que  surgir  o   termo COMPAC refere­se ao Conselho Municipal  de Patrimônio Cultural de Ponta Grossa.

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cultural, reflexão e leitura de mundo, foi estimulada por intermédio do projeto e 

suas proposições. 

Entenderam a importância do aprender a exercitar o olhar, de estimular 

a   curiosidade,   procurando   a   singularidade   do   lugar   e   seus   símbolos   mais 

marcantes. Destacar “lugares” revelando a  identidade, captar sua alma, sua 

essência,   foi  um desafio  bem absorvido  pelos  participantes  do projeto,  que 

buscaram captar seus significados, uma vez que desconheciam a importância 

destes patrimônios para a conservação da história local. 

Ao   interpretar   o   patrimônio,   por   intermédio   do   exercício   do   olhar, 

descortinando   seus   significados,   o   educando   percebeu   que   quando   se 

interpreta   um   patrimônio   cultural   edificado   têm­se   também   como   objetivo 

evidenciar para as demais pessoas o valor deste patrimônio, encorajando­os a 

conservá­lo.  Esta   é   a   sua   essência:   desenvolver   a   preservação   e   a 

interpretação dos bens culturais. 

Nesta reflexão com os educandos evidenciou­se que se pode consolidar 

a prática da interpretação do patrimônio propiciando o desenvolvimento cultural 

das comunidades e fortalecendo o turismo sustentável, tendo como suporte a 

atividade turística.

Ao   interpretar   o   patrimônio   deve­se   perceber   a   dupla   função   de 

valorização: de um lado, valoriza a experiência do visitante levando­o a uma 

melhor compreensão e apreciação do lugar visitado; de outro, valoriza o próprio 

patrimônio   incorporando­o   como   atração   turística.   Mais   que   informar, 

interpretar   é   revelar   significados,   é   provocar   emoções   e   estimular   a 

curiosidade.   O   maior   mérito   da   ação   de   interpretação   é   popularizar   o 

conhecimento ambiental e preservar o patrimônio induzindo a uma atitude de 

respeito   e   proteção   aos   visitantes   e   ainda   levando   a   comunidade   desta 

localidade a perceber ­ se como agente histórico transformador, pois atribuem 

significados novos ao patrimônio.

A afirmação de Tilden,(Murta. 2002,p14.) permanece válida: “Através da 

interpretação,   a   compreensão,   através   da   compreensão,   a   apreciação,   e 

através da apreciação a proteção”.

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É   fato   que   as   comunidades   constróem   representações   cognitivas, 

mapas   mentais   que   orientam   suas   atividades   cotidianas.   Outras 

representações   cognitivas   se   formam   para   tornar   compreensíveis   as 

experiências e a relação com o meio ambiente e a cultura. (Murta. 2002, p.19)

Com   essas   representações,   as   pessoas   reinventam   seus   mundos, 

mantendo ou transformando o legado de seus antepassados.  A interpretação 

do   patrimônio,   aqui   defendida,   advém   da   valorização   e   da   preservação, 

reconhecendo a comunidade como produtora do conhecimento, dos atrativos 

oriundos da significação cultural, protagonista na reinvenção da cotidianidade, 

respeitando­se o imaginário, as crenças, as etnias, os arquétipos, o tempo e o 

lugar.

Para evidenciar ao educando o processo de transformação do espaço 

urbano, solicitou­se a leitura do texto “A alma das cidades” 6, como uma ação 

provocativa de reflexão sobre o espaço urbano, destacando quando o autor 

fala   sobre   a   organização   do   espaço   e   as   transformações   que   a   cidade 

experimenta:

Na organização, na maneira de ordenar o espaço, na escolha do lugar que a população elege, na forma de tratar a terra, na forma de cultivá­la,   na   seleção   do   que   plantar,   na   escolha   dos   materiais construtivos  e,  principalmente,  na  forma de   tratar  e  aproveitar  os materiais da natureza, como a terra, e a madeira, para construir seu habitat, o povo vai deixando marcas e características que definem sua cultura. E é no espaço urbano que as marcas da história ficam mais claras. No desenho das ruas, na conformação das praças, na forma de implantação e principalmente na arquitetura dos edifícios, o povo   marca   a   cidade   com   seus   conhecimentos   acumulados   –   a cultura translada de sua terra de origem, transformada no tempo e no espaço.Na arquitetura, essas diferenças culturais não se revelam apenas na escolha da técnica, embora este aspecto, por si só, seja notável  na  caracterização de  uma época ou de um grupo étnico. Surgem   também   no   modo   de   organizar   o   espaço   habitado. Observando­se   a   praça,   a   seqüência   de   casas,   o   beiral   jogando água sobre a rua, o que se vê  é  a expressão de uma cultura, da forma de organizar as cidades. Mas a cidade se transforma, e isto é um dado importante. A cidade não é um bem imóvel: ela é dinâmica, ela  se  altera.  Por  que  ela   se  altera?  Porque  mudam os  hábitos, modificam­se   os   costumes,   surgem   outras   influências   culturais. Neste sentido, as casas, os objetos arquitetônicos são as palavras que a História vai deixando na cidade. As  frases são as ruas, as casas   são   as   palavras   de   pedra   que   marcam   as   histórias   das 

6 LYRA, Cyro Corrêa. A alma das cidades. Caderno de tombamento na cidade da Lapa.

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cidades   nas   ruas.   O   importante   é   ler   esta  História   na   cidade.   A arquitetura conta muito mais da História do que as palavras, do que as aulas. É a aula viva, pública e permanentemente exposta.

Quando   mencionado   sobre   as   transformações   da   cidade,   pode­se 

perceber que os jovens começaram a rever seus conceitos, ao comentarem 

sobre crescimento urbano da cidade de Ponta Grossa que deve ser harmônico, 

crescer priorizando determinados locais que sejam relevantes para a história 

da comunidade, acreditando que sempre haverá discordâncias quanto ao que 

preservar.

Para trabalhar esse olhar sobre os patrimônios e as transformações do 

espaço   urbano,   lançou­se   o   desafio   aos   educando   de   saírem   às   ruas 

fotografando locais em que observassem o novo em harmonia com o antigo, 

locais que deveriam ser preservados, e que se encontram em estado de quase 

destruição,  bem como procurando  comparar  espaços  de  Ponta  Grossa  em 

décadas diferentes, o que os levou a perceberem, na prática, as mudanças 

ocorridas no espaço urbano. A seguir,  imagens da Avenida Bonifácio Vilela, 

onde  se  pode  perceber   (no  aglomerado  de  pessoas)  o  edifício  do  Colégio 

Regente   Feijó,   em   dois   momentos   distintos,   tombado   pela   Curadoria   do 

Patrimônio   do   Estado   do   Paraná   e  de   um   patrimônio   cultural   edificado 

conhecida como: Antiga Casa dos Escoteiros, tombado pelo COMPAC e que 

ainda não foi restaurada.

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Década de 1970

Fonte Publicação Comemorativa do 152° àniversário de Ponta Grossa

Em 15 de setembro de 1975

2009

Foto tirada pelos participantes do projetoFonte: Arquivo da pesquisadora

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Foto tirada pelos participantes do projeto7

Fonte: Arquivo da pesquisadora

Nesse  processo de entender  e  de  descobrir  em meio  a   tantos  bens 

móveis  quais  são  relevantes para se  preservar,   foi  necessário   interpretar  o 

patrimônio,  por meio de textos,   fotos, palestras e discussões, exercitando o 

olhar, procurando estimular a curiosidade, buscando a singularidade do lugar e 

seus  símbolos  mais  marcantes.  A cada discussão ocorreram mudanças de 

atitudes dos educando ao opinarem sobre os patrimônios edificados e as ações 

preservacionistas.

Para um melhor entendimento do tema percebeu­se a necessidade de 

reconhecer as características da arquitetura pontagrossense, observando os 

estilos que mais se destacam na cidade, a saber: arquitetura gótica, arquitetura 

barroca, neoclassicismo e o estilo eclético por reunirem num mesmo edifício 

elementos   diversos.   Foram   interessantes   os   comentários   dos   participantes 

quanto aos tipos arquitetônicos que transformam a estética da cidade, portanto, 

essencial para a revitalização, uma vez que seu conteúdo histórico  cultural e 

7 Antiga Sede dos Escoteiros dos Campos Gerais situado na Rua Tenente Hinon Silva, 

470 (esq., Rua Benjamin Constant)

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seu   estilo   representam   grupos   sociais   que   em   Ponta   Grossa   viveram   e 

deixaram suas marcas na arquitetura. 

Os participantes do projeto interessaram­se pelos detalhes das fachadas 

e interior dos prédios e, notou­se mudanças expressivas em seus julgamentos, 

que  culminaram em uma  nova  postura  diante  das  construções  antigas,  na 

busca do entendimento do porquê  proteger edifícios históricos.  Imóveis estes, 

que além de possuírem histórias que resgatam parte da identidade princesina 

remetem a estilos arquitetônicos de períodos diversos.

Determinados prédios, hoje preservados, representavam o poder político 

e econômico de uma época e eram afirmados em seus detalhes arquitetônicos, 

tais  como a platibanda,  pilastras,  caneluras   rasas,   frontões,  capitéis,  eira  e 

beira8.

Neste   sentido,   um   prédio   com   características   arquitetônicas   que 

simbolizavam o poder na cidade de Ponta Grossa é o antigo Fórum, conhecido 

atualmente como Museu Campos Gerais, e que aguarda restauração. Rico em 

detalhes  arquitetônico  e  em história,   que   remonta  ao   início   do   século  XX, 

caracterizado pelo poder de controle e justiça, tornou­se o “símbolo imaginário 

e   ideológico do poder”   inclusive pela  sua própria   localização,  uma vez que 

ficava na região alta da cidade, local de residências das pessoas abastadas, 

tais como Barão de Guaraúna, prédio comercial de Guilherme Naumann, atual 

Pró Reitoria de Extensão de Assuntos Culturais – PROEX  primeira construção 

possuindo dois pavimentos, entre outros. ( Dropa.2003. p.140)

A   visita   técnica   pelos   participantes   do   projeto   a   este   patrimônio 

histórico foi relevante, com os mesmos entrevistando o responsável e emitindo 

suas opiniões quanto  ao  estado do patrimônio.  O participante  4,  comentou 

sobre  as  necessidade  de   maior   seriedade   por   parte   dos   órgãos  estaduais 

competentes para se  iniciar logo a restauração de local, o que foi apoiado por 

todos os participantes, preocupados com o perigo de vir  abaixo este prédio 

histórico,  considerado como significativo para a história da  justiça de Ponta 

Grossa. 

8 Eira e Beira :termos empregados a pessoas abastados, entendendo então o provérbio antigo “sem eira e nem beira” que caracterizava pessoas de menor poder aquisitivo

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Frontão do Museu dos Campos Gerais –Antigo Fórum Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora

Interior do Museu dos Campos Gerais –Antigo Fórum Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora

  Após refletir com o educando sobre as questões de preservação, a 

legislação   municipal   e   a   ação   do   COMPAC,   leituras   relacionadas   a   essa 

temática, trabalhos desenvolvidos a partir das visitas técnicas e o desafio de 

novos   olhares   sobre   o   processo   de   desenvolvimento   urbano   da   cidade, 

procurou­se,   em   dois   momentos,   avaliar   os   conhecimentos   obtidos,   por 

intermédio de palestras.

                           Num primeiro momento  foi  convidada para proferir  palestra a 

Professora   Msc.   Márcia   Dropa   que   discorreu   sobre   a   “Preservação   do 

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Patrimônio Cultural Edificado de Ponta Grossa”, ao final da explanação abriu­

se um debate com os alunos cursistas e alunos convidados. Os participantes 

envolveram­se   com   o   tema   e   levantaram   questões   relacionadas   ao   que 

julgavam ser importante preservar, questionando ainda sobre a importância ou 

não daqueles prédios demolidos tais como a antiga “Catedral de Sant’Ana”, a 

cervejaria Antárctica entre outros.

Em   um   segundo   momento   os   alunos   participantes   do   projeto   foram 

encarregados, para encerrar o projeto, de uma última ação coletiva do grupo, 

ou   seja,  demonstrarem o   conhecimento  adquirido  por  meio  de  palestras  e 

debates, para os colegas estudantes do ensino médio do turno da manhã e 

noite. Durante duas horas, cerca de 200 estudantes assistiram às palestras, 

com os participantes do projeto narrando suas experiências e ressaltando a 

aprendizagem obtida, por meio de visitas, pesquisas, entrevistas e fotografando 

patrimônios culturais edificados  tombados e em estudo para o tombamento, 

patrimônios que estão se deteriorando e que contam aspectos da história de 

Ponta Grossa, sob este novo enfoque, onde os participantes defenderam suas 

posições respondendo a questões polêmicas feitas pelos alunos ouvintes.

Textos  e   fotos   foram discutidos,   havendo  questionamentos  quanto   à 

atuação   do   COMPAC   ao   ato   de   preservar,   relatando   as   entrevistas   que 

desenvolveram com alguns  representantes  deste  órgão,  destacando para  a 

clientela presente a importância de se conhecer a história da cidade por meio 

do patrimônio cultural edificado.   

O   educando   também   procurou   se   colocar   no   lugar   das   partes 

interessadas ora do proprietário,  avaliando o apoio dado pelo COMPAC por 

meio da Prefeitura Municipal,  considerando que o proprietário em parte  tem 

razão, pois o restauro é um trabalho complexo, os custos são altos e o retorno 

aparentemente é  menor do que este espera; ora colocando­se no lugar dos 

conselheiros.   Ao analisar a visão dos conselheiros o educando observou o 

interesse   acentuado   em   manter   parte   da   história   da   cidade   preservada, 

especialmente   lugares   relevantes,   que  podem  contribuir   para  a  história   de 

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grupos sociais diversos, construções que por si só demonstram um estilo, uma 

época. 

Questões como o ato de preservar e quanto à atuação do COMPAC na 

cidade   de   Ponta   Grossa   foram   debatidas   pelos   educandos,   havendo   uma 

opinião unânime no que concerne a necessidade de atuações mais efetivas 

não só do COMPAC, mas também da comunidade princesina. De acordo com 

esta   clientela,   faz­se   necessário   um   despertar   mais   amplo   do   ato   de   se 

preservar. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final do projeto percebeu­se que tanto educando quanto educador 

avançaram em seus conhecimentos no que se refere a situação do patrimônio 

cultural edificado de Ponta Grossa – PR, e as possibilidades de uso didático 

que o mesmo apresenta para o estudo da história local. Como diz Freire  “O 

educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é o 

educado,   em   diálogo   com   o   educando   que,   ao   ser   educado   também 

educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem 

juntos”. (FREIRE. p. 68).

Notou­se   como  é   importante  para  o  estudante  a  produção  do  seu 

conhecimento.   Esta   produção   desenvolveu­se   de   forma   diversificada,   quer 

produzindo textos reflexivos sobre a história da cidade, quer debatendo com o 

grupo   pontos   positivos   e   negativos   da   preservação,   quer   fotografando   e 

reconhecendo os detalhes,   inclusive procurando conhecer  a arquitetura dos 

patrimônios   e   sua   história,   quer   participando   de   debates   ou   entrevistando 

pessoas envolvidas com a preservação, quer ainda proferindo palestras onde 

os alunos participantes do projeto procuraram reafirmar seus conhecimentos.

Desta forma, a história da cidade foi vivenciada pelo grupo participante 

e que, em forma de palestra procurou repassar essa experiência aos colegas 

alunos, com um relato de vivência mais ampla, utilizando o patrimônio edificado 

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como  material   didático.  Os  alunos  participantes   também utilizaram material 

produzido por eles, principalmente fotográfico, para explanar e reproduzir suas 

experiências enquanto também pesquisadores da história local.

A  prática  educativa  de  desenvolver   no  educando  a   capacidade  de 

produzir seu próprio conhecimento teve êxito, pois conseguiu despertar noções 

de  cidadania,  ou  seja,  de   responsabilidade,   seriedade com o  bem comum, 

propiciando   ao   pesquisador   o   cumprimento   de   seus   objetivos   e   um 

conhecimento mais aprimorado das questões preservacionistas.

Pode­se perceber desta maneira que a história oral aliada a utilização 

de   patrimônios   edificados   no   contexto   da   história   local,   ocuparam   papel 

preponderante para o estudo da história como um todo, dando­lhe um novo 

significado.   Essa   ação   despertou   nos   educandos   o   prazer   de   estudar 

trabalhando com elementos palpáveis, ou seja, indo em busca de seu próprio 

conhecimento por meio da prática, tornando a história mais atrativa, uma vez 

que,   perceberam­se com agentes históricos, produtores e transformadores da 

história no mundo em que estão inseridos. Esse novo olhar possibilitou uma 

mudança nas práticas dos alunos, por intermédio de ações concretas, que no 

decorrer  do  processo denotam a assimilação destes  novos significados,  de 

forma mais  atraente para a sua prática escolar diária. 

Entender o processo de desenvolvimento urbano, as motivações para 

a preservação dos patrimônios culturais de uma cidade e a sua influência no 

imaginário coletivo foram importantes, uma vez que, este é o retrato presente 

da   sociedade,   mais   que   um   testemunho   do   passado,   e   seguramente   um 

registro das possibilidades políticas dos diversos grupos sociais expressas na 

apropriação   de   parte   da   herança   cultural   dos   bens   que   materializam   e 

documentam   a   presença   dos   patrimônios   edificados   no   fazer   histórico   da 

sociedade.

Assim, por  intermédio da educação patrimonial,  ou seja,  direcionando 

para   o   estudo   da   problemática   patrimonial   existente   na   cidade   de   Ponta 

Grossa,   quer   nas   questões   políticas,   econômicas   e   culturais,   conheceu­se 

parte do patrimônio cultural edificado, a atuação do Conselho de Patrimônio 

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Cultural (COMPAC) e as possibilidades de utilização desse referencial como 

material didático, instigando os alunos na produção do conhecimento.

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