120
A A V V A A L L I I A A Ç Ç Ã Ã O O E E A A N N Á Á L L I I S S E E D D O O P P R R O O J J E E T T O O D D E E I I M MP P L L A A N N T T A A Ç Ç Ã Ã O O D D E E E E S S T T A A Ç Ç Õ Õ E E S S D D E E T T R R A A T T A A M ME E N N T T O O D D A A S S Á Á G G U U A A S S D D O O R R I I O O P P I I N N H H E E I I R R O O S S E E V V E E N N D D A A D D E E E E N N E E R R G G I I A A E E L L É É T T R R I I C C A A A A D D I I C C I I O O N N A A L L A A S S E E R R P P R R O O D D U U Z Z I I D D A A P P E E L L A A U U H H E E H H E E N N R R Y Y B B O O R R D D E E N N S S E E M M I I N N Á Á R R I I O O S S Ã Ã O O P P A A U U L L O O , , 1 1 8 8 D D E E M MA A I I O O D D E E 2 2 0 0 0 0 1 1 Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia Apoio Pró Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo Comissão de cultura e Extensão do Instituto de Eletrotécnica e Energia

A AVVAALLIIAAÇÇÃÃOO EE AANNÁÁLLIISSEE DDOO … · 1 a bertura do s eminÁrio d ra.m arta s uplicy – p refeita do municÍpio de s Ão p aulo e p residenta do c omitÊ da b

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AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO EEE AAANNNÁÁÁLLLIIISSSEEE DDDOOO

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SSSÃÃÃOOO PPPAAAUUULLLOOO,,, 111888 DDDEEE MMMAAAIIIOOO DDDEEE 222000000111

Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia

Apoio Pró Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo

Comissão de cultura e Extensão do Instituto de Eletrotécnica e Energia

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Universidade de São Paulo Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia - PIPGE

AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO EEE AAANNNÁÁÁLLLIIISSSEEE DDDOOO PPPRRROOOJJJEEETTTOOO DDDEEE IIIMMMPPPLLLAAANNNTTTAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDEEE

EEESSSTTTAAAÇÇÇÕÕÕEEESSS DDDEEE TTTRRRAAATTTAAAMMMEEENNNTTTOOO DDDAAASSS ÁÁÁGGGUUUAAASSS DDDOOO RRRIIIOOO

PPPIIINNNHHHEEEIIIRRROOOSSS EEE VVVEEENNNDDDAAA DDDEEE EEENNNEEERRRGGGIIIAAA EEELLLÉÉÉTTTRRRIIICCCAAA AAADDDIIICCCIIIOOONNNAAALLL AAA

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AAAPPPOOOIIIOOO PRÓ REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA – PROF. DR. ADILSON AVANSI DE ABREU – PRÓ REITOR

COMISSÃO DE EXTENSÃO E CULTURA DO INSTITUTO DE ELETROTÉCNICA E ENERGIA – PROF. DR. O. S. LOBOSCO - PRESIDENTE

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ÍÍÍNNNDDDIIICCCEEE

Assunto Pg

Abertura do Seminário 1

Mesa 1 - Apresentação do projeto – Implantação das estações de tratamento das águas do Rio Pinheiros e venda de energia elétrica adicional a ser produzida pela UHE Henry Borden,

9

Mesa 2 - Aspectos tecnológicos da flotação 9

Apresentação (slides) – Wolney Castilho Alves 31

Mesa 3 - Aspectos ambientais 49

Resumo da exposição de José Eduardo Campos Siqueira (FNU/CUT) sobre os aspectos ambientais do projeto (por José Eduardo C. Siqueira)

57

Mesa 4 - Geração de energia e aspectos econômicos 59

Apresentação (slides) – Ildo Sauer 71

Diagrama Esquemático das Usinas Hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional (SIN) – fonte: ONS

75

Principais usinas com capacidade superior a 300 MW em 1999 – fonte: ONS 76

Ganho Diferencial de Energia considerando as Cascatas do Tietê-Paraná e Tietê-Pinheiros

77

Bacia do Tietê-Paraná – fonte: Ministério dos Transportes 78

Usinas Hidrelétricas do Estado de São Paulo – fonte: CESP 78

Debates e Plenária Final 79

Encaminhamentos e propostas 93

Listas de presença – assinaturas 95

Participantes - contatos 103

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Programação Definitiva

Hora Palestra Convidado Entidade

Abertura do Seminário Dra. Marta Suplicy Prefeita da cidade de São Paulo e Presidenta do Comitê da Bacia do

Alto Tietê Deputado Federal

Luciano Zica Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados

Deputado Estadual Antônio Mentor

Presidente da Comissão de Serviços e Obras Públicas da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo

Prof. Dr. Geraldo Burani Diretor em exercício do Instituto de Eletrotécnica e Energia/USP

09:00 – 09:30

Prof. Dr. Ildo Luís Sauer Coordenador do Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo – PIPGE/USP

MESA 1 - Apresentação do projeto – Implantação das estações de tratamento das águas do Rio Pinheiros e venda de energia elétrica adicional a ser [produzida pela UHE Henry Borden, pelas Diretorias das Empresas Públicas conveniadas e responsáveis por este projeto - Coordenador – Prof. Dr. Roberto Zilles – PIPGE/USP 09:30 – 10:00 Eng. Dorival Gonçalves

Jr. Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da USP

10:00 – 10:30 Eng. Sonia Seger P. Mercedes

Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da USP

MESA 2 – Aspectos tecnológicos da flotação - Coordenador – Prof. Dr. Roberto Zilles – PIPGE/USP - Relator – Sônia Seger- PIPGE/USP;

10:30 – 11:30 Os Sistemas de Tratamento tipo Flotação e Remoção de Flutuantes Wolney Castilho Alves Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT

11:30 – 12:00 Esclarecimentos

12:00 – 14:00 Almoço

MESA 3 – Aspectos ambientais - Coordenador –. Dr. Cláudio Scarpinella – PIPGE/USP - Relator – Hélvio Rech – PIPGE/USP 14:00 – 15:30 Aspectos Ambientais relativos ao Sistema de Tratamento José E. Campos

Siqueira Federação Nacional dos Urbanitários – FNU

MESA 4 - Geração de energia e aspectos econômicos - Coordenado - Prof. Dr. Murilo T. Fagá – PIPGE/USP - Relator – José P. Vieira – PIPGE/USP 15:30 – 17:00 A venda adicional de energia – 200 MW médios, decorrentes da melhoria da

qualidade de água do rio Pinheiros – Impactos econômicos Prof. Dr. Ildo Luís Sauer Programa de pós Graduação em energia / USP

17:00 – 18:00 Esclarecimentos, debates, propostas e Plenária para encaminhamentos relativos aos resultados do seminário - participação dos palestrantes e do público presente - Coordenação da plenária - Coordenação dos debates – M. Odette G. de Carvalho – PIPGE/USP.

Nota: Os representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), da Cia. de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), da Cia. de

Saneamaento básico de São Paulo (SABESP), de Empresa Metropolitana de Água e Energia (EMAE), o então Reitor da Universidade de São Paulo, e o então Pró Reitor de Extensão e Cultura, convidados, não puderam comparecer (vide programação prevista).

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Programação Prevista

Hora Palestra Convidado Entidade

Abertura do Seminário Prof. Dr. Jacques

Marcovitch Reitor da Universidade de São Paulo – USP

Dra. Marta Suplicy Prefeita da cidade de São Paulo e Presidenta do Comitê da Bacia do Alto Tietê

Prof. Dr. Adílson Avansi de Abreu –

Pró-reitor de Extensão e Cultura da Universidade de São Paulo

Deputado Antônio Mentor

Presidente da Comissão de Serviços e Obras Públicas da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo

09:00 – 09:30

Prof. Dr. Orlando Sílvio Lobosco –

Diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia/USP

Prof. Dr. Ildo Luís Sauer Coordenador do Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo – PIPGE/USP

MESA 1 - Apresentação do projeto – Implantação das estações de tratamento das águas do Rio Pinheiros e venda de energia elétrica adicional a ser [produzida pela UHE Henry Borden, pelas Diretorias das Empresas Públicas conveniadas e responsáveis por este projeto - Coordenador – Prof. Dr. Roberto Zilles – PIPGE/USP 09:30 – 10:00 Eng. Paulo Fares Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. – EMAE 10:00 – 10:30 Eng. Antônio Marsiglia

Neto Vice-presidente de Produção da Cia. de Saneamento Básico de São Paulo – SABESP

10:30 – 11:00 Eng. Orlando Zuliani Cassettari

Cia. de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB

11:00 – 11:30 Eng. Jerson Kelman Diretor Geral da Agência Nacional de Águas - ANA

11:30 – 12:00 Esclarecimentos

12:00 – 14:00 Almoço

MESA 2 – Aspectos tecnológicos da flotação - Coordenador – Prof. Dr. Célio Bermann – PIPGE/USP - Relator – Sônia Seger- PIPGE/USP; 14:00 – 14:40 Os Sistemas de Tratamento tipo Flotação e Remoção de Flutuantes Wolney Castilho Alves Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT

MESA 3 – Aspectos ambientais - Coordenador –. Dr. Cláudio Scarpinella – PIPGE/USP - Relator – Hélvio Rech – PIPGE/USP 14:40 – 15:20 Aspectos Ambientais relativos ao Sistema de Tratamento José E. Campos

Siqueira Federação Nacional dos Urbanitários – FNU

MESA 4 - Geração de energia e aspectos econômicos - Coordenado - Prof. Dr. Murilo T. Fagá – PIPGE/USP - Relator – José P. Vieira – PIPGE/USP 15:20 – 16:00 A venda adicional de energia – 200 MW médios, decorrentes da melhoria da

qualidade de água do rio Pinheiros – Impactos econômicos Prof. Dr. Ildo Luís Sauer Programa de pós Graduação em energia / USP

16:00 – 16:20 Intervalo

16:20 – 17:20 Esclarecimentos, debates, propostas - Coordenação dos debates – M. Odette G. de Carvalho – PIPGE/USP

17:20 – 18:00 Plenária para encaminhamentos relativos aos resultados do seminário - participação dos palestrantes e do público presente - Coordenação da plenária – Dorival Gonçalves Jr.

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1

ABERTURA DO SEMINÁRIO DRA. MARTA SUPLICY – PREFEITA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO E PRESIDENTA DO COMITÊ DA BACIA DO ALTO TIETÊ DEPUTADO FEDERAL LUCIANO ZICA – COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPUTADO ESTADUAL ANTÔNIO MENTOR – PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SERVIÇOS E OBRAS PÚBLICAS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO PROF. DR. GERALDO FRANCISCO BURANI – DIRETOR EM EXERCÍCIO DO INSTITUTO DE ELETROTÉCNICA E ENERGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO PROF. DR. ILDO LUÍS SAUER - COORDENADOR DO PROGRAMA INTERUNIDADES DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENERGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Mestre de Cerimônia: Avaliação e análise do Projeto de Implantação de estações de tratamento das águas do Rio Pinheiros, e venda de energia elétrica adicional a ser produzida pela Usina Hidrelétrica Henry Borden. Para compor a mesa chamamos: Ex.ma Sra. Marta Suplicy, Prefeita do Município de São Paulo; Ex.mo Sr. Deputado Federal Luciano Zica, representando a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados; Ex.mo Sr. Deputado Antônio Mentor, do PT, Presidente da Comissão de Serviços e Obras Públicas da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; Ex.mo Sr. Prof. Dr. Geraldo Francisco Burani, diretor em exercício do Instituto de Eletrotécnica e Energia, representando o Ex.mo Sr. Prof. Dr. Orlando Silvio Lobosco; Ex.mo Sr. Prof. Dr. Ildo Sauer, Coordenador do Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo; registramos ainda a seguinte presença: Ex.ma Sra. Stela Goldenstein, Secretária Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

Anunciamos a palavra do Prof. Ildo Sauer, Coordenador do Programa de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo. Prof. Ildo Sauer: Ex.ma Sra. Prefeita de São Paulo Marta Suplicy, Presidente do Comitê de Bacias do Alto Tietê, que congrega 38 municípios da Região Metropolitana; Deputado Luciano Zica, representante da Comissão de Minas e Energia da Câmara Federal; Deputado Antônio Mentor, Presidente da Comissão de Serviços e Obras Públicas da Assembléia Legislativa de São Paulo; Prof. Geraldo Burani, Diretor em exercício do Instituto de Eletrotécnica e Energia, senhoras e senhores, cumprimento a todos.

Este Seminário foi possível graças ao empenho dos pesquisadores e estudantes do Programa de Pós Graduação em Energia; e de modo particular eu quero comentar o trabalho efetuado pela Sônia, Odette, Gustavo, Hélvio e Dorival, que se empenharam, em função da sua preocupação com a cidade, com a questão energética, com a questão ambiental, na realização deste Seminário, para que ele pudesse servir de fórum, como cabe à Universidade: amplo, plural, onde todas as posições podem ser tranqüila e abertamente colocadas, em um ambiente no qual se possam produzir contribuições para um problema que é fundamental para a região metropolitana e para o próprio País, atualmente. Quero também registrar um agradecimento à Fundação Faria Lima, através da sua Direção, que gentilmente nos acolheu para que aqui realizássemos este Seminário.

Na verdade, o debate que aqui se reinicia já vem de longa data. Desde o final do século passado, devido ao processo de crescimento da cidade de São Paulo, o debate sobre o uso dos mananciais das águas do Pinheiros e do Tietê vem sendo intenso e repleto de controvérsias. Lembro bem que, em geral, as decisões mais importantes também foram pautadas pelas crises de racionamento, estranha coincidência que hoje também vivemos. O Henrique Novaes e o Saturnino de Brito, no começo do século passado, produziram um plano, a pedido do município de São Paulo, que buscasse

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2

O DEBATE SOBRE O USO DOS MANANCIAIS DO TIETÊ E PINHEIROS

JÁ TEM UM SÉCULO; TODAS AS DECISÕES IMPORTANTES FORAM

PAUTADAS POR CRISES DE RACIONAMENTO

maximizar a utilização das águas para o benefício coletivo da sociedade paulista. Produzido o plano, subitamente, este fora descartado, quando por um decreto do Estado de São Paulo de 1928, outorgou-se inteiramente o desenvolvimento dos mananciais à Companhia de Energia Elétrica de então, a LIGHT, que acabou, ao invés de fazer a retificação do rio Tietê até suas cabeceiras, fazendo a reversão do rio Pinheiros para fins de geração de energia elétrica e, simultaneamente, em torno dele construiu um projeto imobiliário que acabou construindo as cities e outras iniciativas, de maneira que as

polêmicas, as controvérsias estiveram presentes sempre, os interesses divergentes sempre se fizeram presentes. Por isto é importante um Fórum como este, aberto e amplo, onde se possa lançar luz sob as diversas facetas da questão. É fundamental, e cabe-nos, na Universidade Pública, promover este espaço para que possamos a todos ouvir.

Então, são estas as minhas palavras iniciais, dando as boas-vindas às autoridades, aos especialistas e ao público aqui presente e interessado na questão energética, porque creio que assim daremos uma contribuição dentro das nossas

possibilidades, a fim de que decisões mais acertadas e melhores para o interesse público possam surgir. Muito obrigado. Mestre de Cerimônia: Gostaríamos de anunciar que o auditório ao lado está em pleno funcionamento, com projeção simultânea.

Passamos a palavra ao Ex.mo Sr. Prof. Dr. Geraldo Francisco Burani, Diretor em exercício do Instituto de Eletrotécnica e Energia, representando o Ex.mo Sr. Prof. Dr. Orlando Silvio Lobosco. Prof. Burani: Digníssima e estimada Prefeita de São Paulo, Sra. Marta Suplicy; demais autoridades, professores, alunos, senhoras e senhores.

Eu ia encaminhar a minha fala no sentido de ressaltar a responsabilidade que a Universidade Pública tem, de criar esse espaço aberto e plural para as discussões, como disse o Prof. Ildo. Na busca de outra inspiração, para não ficar repetitivo, fiquei olhando para a iluminação artificial deste ambiente e pensei: taí um belo exemplo, o choque de elétrons produzindo a luz, da mesma forma que o choque de idéias produz o conhecimento. E pensar que existem pessoas que se furtam dos debates!... Hoje mesmo teremos essa omissão aqui...

Peço permissão para falar como professor e explicar rapidamente o princípio de funcionamento da lâmpada fluorescente, que está a nos iluminar nesse momento. Através de uma corrente elétrica, são criados os elétrons livres em torno do eletrodo; a Universidade também deve propiciar o livre pensar. Em seguida, através da tensão, esses elétrons livres são arremessados para o outro eletrodo. No caminho, esses elétrons se chocam com os elétrons do átomo de mercúrio. No momento do choque, o elétron do átomo de mercúrio recebe um quantum de energia e passa para um orbital de nível energético superior. Porém, a nova posição é instável e o elétron é obrigado a voltar ao nível anterior. Nessa volta ele perde esse quantum de energia, através da emissão de uma onda eletromagnética, que nada mais é do que a luz. Na verdade, essa emissão está na faixa do ultra violeta, e ao passar pela camada de fósforo se torna luz. Essa é a analogia que eu gostaria de fazer: o desenvolvimento se faz através do choque de idéias. Esse choque muitas vezes é sofrido para nós. Também nessa hora assumimos posições instáveis. Mas, depois da reflexão, nasce a luz.

Voltando à luz artificial da lâmpada fluorescente, essa luz que nos é tão cara hoje e que me faz lembrar do risco do apagão, e como disse o Prof. Ildo outro dia: que Deus nos ilumine nesse apagão. Acho, porém, que Deus devia nos iluminar nos outros apagões porque, este da energia elétrica é apenas conseqüência de outros. Tudo começou com os apagões políticos de nossos dirigentes, que levaram a apagões

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3

O PROJETO PILOTO IMPLANTADO NO IBIRAPUERA

E NA ACLIMAÇÃO, EM CONDIÇÕES ABSOLUTAMENTE DIFERENTES DAS PROPOSTAS

PARA O RIO PINHEIROS, TEM SUSCITADO

INÚMERAS DÚVIDAS

educacionais e, principalmente, apagões sociais. Oxalá esse seminário contribua para evitar equívocos que conduzem aos apagões citados...

O Seminário de hoje pretende contribuir para a solução de um problema fundamental para a região metropolitana, pois envolve questões ambientais e energéticas. Eu me despeço, agradecendo a presença de todos e esperando que surjam idéias que efetivamente contribuam para as soluções dos problemas a serem apresentados. Muito obrigado. Mestre de Cerimônia: Anunciamos a palavra do Ex.mo Sr. Deputado Estadual Antônio Mentor, Presidente da Comissão de Serviços e Obras Públicas da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Deputado Antônio Mentor: Bom dia a todos. Prof. Ildo Sauer, Prof. Burani, Deputado Luciano Zica. Eu quero me permitir cumprimentar por último a Prefeita Marta Suplicy, porque quero fazer uma referência especial àquela que tem dirigido a maior cidade da América Latina, e nas mãos de quem está depositada, além de toda a nossa confiança, muito das nossas esperanças na construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária no nosso País. Quero cumprimentar também vários companheiros e companheiras, que têm discutido conosco na Assembléia Legislativa, já há algum tempo, a questão energética e ambiental no Estado de São Paulo e, especialmente, na cidade de São Paulo.

Eu quero, ao mesmo tempo em que saúdo a todos, lamentar profundamente a ausência daqueles que poderiam estar aqui e contribuir de uma forma significativa para que esse debate tivesse a profundidade necessária, e o choque entre as idéias e os projetos, que poderiam trazer mais luzes para o nosso conhecimento e para a formação das nossas opiniões. Eu me refiro, aqui, aos representantes do Governo do Estado de São Paulo, da EMAE, da SABESP e da CETESB, que até ontem à noite haviam

confirmado presença neste nosso debate, nesta nossa discussão, e que lamentavelmente, hoje estão ausentes deste evento, que eu entendo ser da maior importância para a discussão e o debate da despoluição do rio Pinheiros, e da posterior geração de energia com a água já tratada por um sistema que vem sendo objeto de muitos debates na Assembléia Legislativa no âmbito da Comissão de Obras, Serviços e Energia, e que tem suscitado inúmeras dúvidas a respeito da sua efetiva

conseqüência, do ponto de vista dos seus resultados. Conhecemos o projeto piloto que foi implantado no Ibirapuera e na Aclimação, em

condições absolutamente diferentes das propostas para o rio Pinheiros, portanto, temos várias dúvidas que merecem ser debatidas, merecem ser discutidas e avaliadas; e, principalmente, com essa iniciativa da Universidade de São Paulo, do Prof. Ildo Sauer, de trazer esse debate para a comunidade científica, entendo que seria de fundamental importância termos aqui os autores do Projeto para que essa discussão pudesse alcançar os seus objetivos finais.

Temos dúvidas, também, que precisariam ser dirimidas com maiores esclarecimentos a respeito dos investimentos, do retorno, da venda da energia, dos preços a que essa energia seria vendida, e do retorno que isso poderia trazer em benefício da Cidade de São Paulo, do Estado de São Paulo. Portanto, quero lamentar a ausência dos representantes do Governo.

Mas eu tenho certeza que não será este fato capaz de empanar o brilho e a importância desse debate que faremos aqui, hoje. Principalmente pela presença fundamental daqueles que realmente têm interesse em solucionar os problemas. Não através de esquemas que são adotados, como o famoso “abafão”... Eu não considero

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4

NO DIA 14/6/2000 A CÂMARA DOS DEPUTADOS REALIZOU O

SEMINÁRIO “COLAPSO ENERGÉTICO E ALTERNATIVAS

FUTURAS” ENVIANDO NA MESMA DATA CARTA AO

PRESIDENTE CONVOCANDO O GOVERNO PARA A URGÊNCIA

DE SE EVITAR O COLAPSO

que a proposta seja de “apagão”, é o “abafão”, na verdade: é que colocam cinco bodes dentro de uma sala, depois tiram dois e dizem que a situação melhorou. Portanto, eu tenho certeza de que esse evento será importantíssimo e fundamental para o esclarecimento do projeto, e espero que todos aqui aproveitem de maneira bastante significativa esta oportunidade. Muito obrigado. Mestre de Cerimônia: Anunciamos aqui a palavra do Ex.mo Sr. Deputado Federal Luciano Zica, representando a Comissão de Minas e Energia da Câmara de Deputados. Deputado Federal Luciano Zica: Em primeiro lugar, um bom dia a todos. Eu queria cumprimentar a Prefeita Marta Suplicy, que eu tenho certeza, está dando início a um período que marcará a história da Cidade de São Paulo, do Estado de São Paulo e do País, e com certeza dará um passo importante para a construção de uma sociedade com seres humanos felizes, até pela relação de amizade, de companheirismo que aprendi a construir com a Prefeita Marta. É uma alegria muito grande para mim poder estar participando desta atividade ao lado desta figura, para mim, muito importante!

Prof. Geraldo Burani, meus cumprimentos pelo apoio, pela iniciativa de abrir espaço para este debate, que é fundamental para o País. Aliás, debate este que a Universidade Pública jamais se recusou a fazer, embora as autoridades governamentais digam que não tiveram conhecimento da gravidade da situação, as universidades têm há muito tempo dado a sua contribuição, e alertado as autoridades para as providências necessárias.

Prof. Ildo Sauer que, aliás, tem sido um grande colaborador da Comissão de Minas e Energia, e do Congresso Nacional no debate dos problemas ligados à área de energia, meio ambiente, entre outras. Inclusive, eu trago aqui, e vou deixar à disposição da Mesa, uma publicação da Comissão de Minas e Energia que contradiz os argumentos

do Governo Federal e, principalmente, da TV Globo.

Eu assisti, no dia de anteontem, um depoimento do jornalista Alexandre Garcia dizendo que estava sendo criada uma Comissão Especial no Congresso Nacional, da qual inclusive eu farei parte, para tratar da questão do colapso energético no Brasil, e ele dizia que estava sendo criada essa Comissão Especial porque a Comissão de Minas e Energia não cumpria o seu papel, e não alertava o Governo. Interessante que houve um seminário na Comissão de

Minas e Energia, no dia 14 de junho de 2000, promovido a partir da provocação do Deputado Fernando Ferro, do PT de Pernambuco e presidido pelo Deputado Luiz Antônio Fleury Filho, onde estava o representante do Governo Federal, o Operador Nacional do Sistema, e onde o Prof. Ildo falou sobre o “túnel no fim da luz”. E está aqui à disposição! Inclusive, vou deixar aqui registrado, escrito, e com uma recomendação ao final, a carta mandada ao Presidente da República no dia 14 de junho de 2000 que dizia o seguinte:

“Finalmente, dada a ameaça de colapso energético que o País atravessa, urge que o Governo atenda a convocação aprovada neste Seminário e, reúna-se imediatamente com representantes do Congresso Nacional e da sociedade organizada, visando determinar a reestruturação do setor energético brasileiro, de modo a atender às necessidades da sociedade brasileira.” Então, isto ocorreu no seminário “Colapso Energético e Alternativas Futuras” da

Câmara dos Deputados, em 14 de junho de 2000. E Deputado Antônio Mentor, que na mesma condição que eu no Congresso

Nacional, assumiu na condição de suplente o mandato de deputado e não perdeu tempo! Tem tomado posições e iniciativas no sentido de trazer este importante debate e,

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principalmente, tomar os cuidados necessários para que a solução não seja um grande problema para nós no futuro.

Então, eu venho aqui hoje representando o Presidente da Comissão de Minas e Energia, Deputado Antônio Cambraia, primeiro, reconhecendo a importância do trabalho das universidades estaduais de São Paulo, a USP e a UNICAMP, aliás, há mais de dez anos alertando o Governo para a necessidade de estabelecer um debate sério sobre a questão da energia no Brasil; e, principalmente, trazendo algumas preocupações para que a inteligência desta Universidade nos ajude a encontrar soluções para essas preocupações.

Nós temos, primeiro, uma propaganda da falta de investimento do Estado, e do grande volume de investimentos do setor privado, que na verdade são duas mentiras. Primeiro, houve a privatização do patrimônio, dos ativos do Estado, na área distribuição e de geração de energia, e a estatização dos investimentos: dos investimentos anunciados pelo Governo, em geração de energia, no último período após as privatizações. Eles falam em investimentos da ordem de cinco bilhões de reais, principalmente na Gerasul, onde o que eles produziram de fato foi a compra dos ativos de Itá e Machadinho, já em andamento e, com pouco investimento posterior, aliás, financiado pelo BNDES, é que estão concluindo essas obras. Portanto, há uma estatização do investimento e a privatização dos ativos.

Segundo, uma coisa surpreendente que a gente pôde detectar no edital de licitação para a privatização da CESP Paraná. É uma coisa que estava difícil, em um primeiro momento, entender: as razões do Governador Geraldo Alckmin ter incluído ali a transformação, com base na Lei das Concessões de 1995, da CESP, de uma concessionária de serviço público de geração de energia elétrica, para a condição de produtor independente. O que poderia significar isso na realidade? Tem dois significados particularmente importantes nesse ato, que parece uma coisa à toa perante os olhos dos leigos e da população: na verdade, na condição de concessionária, continuaria existindo a responsabilidade governamental com a operação da concessão e, segundo, do comprador, que teria responsabilidade com a continuidade e com a universalização dos serviços. Como produtor independente, ela pode produzir e vender energia da mesma forma que uma olaria produz e vende tijolos, por exemplo. Então é uma manobra sórdida num momento de dificuldade de investimento, que a Lei possibilita, mas que é uma demonstração da falta de vontade política de garantir um modelo de funcionamento do setor elétrico. Então, nós estamos no momento diante de um modelo que hoje, felizmente, a Comissão de Minas e Energia do Congresso se abre para este debate.

E, para encerrar, para não tomar muito tempo - quero ouvir depois, bastante, aqui – uma preocupação importante, que é a da inevitabilidade de implantação das termelétricas a gás, com o gás da Bolívia, que foi mal comprado, tem que ser utilizado porque vai ser pago sendo usado ou não, e pode ser uma solução emergencial, para daqui a dois anos, da questão energética, emergencialmente, no Brasil. O ministro de Minas e Energia, questionado por mim em uma audiência pública há três semanas, afirmava o seguinte: “Que o investimento em 49 térmicas a gás, viabilizaria a geração de 15 mil MW de energia, e que seria um ‘porto seguro’ para após a recuperação dos reservatórios das barragens”; quer dizer, eu duvido que alguém vai investir na perspectiva de ser reserva das barragens. Provavelmente, teremos, após a recuperação das barragens, um vertedouro jogando água, e a sociedade comprando energia das térmicas, sem dúvida! Mas, um problema é que na realidade hoje há 14 térmicas em projeto de construção e todas, à exceção de uma, são pela PETROBRÁS, ou seja, com financiamento público.

Mas tem um problema grave na questão das térmicas, que eu quero deixar para reflexão da Universidade, até porque é um debate que pretendemos fazer, que é a questão de onde instalar essas usinas... Por várias razões: primeiro, pela questão das emissões porque há, tecnicamente, condições de minimizar o impacto das emissões com um controle rigoroso, com parâmetros de emissões controladas, enfim. Mas há um problema fundamental que é a questão da água. Uma térmica como a de Carioba II, que

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O QUE ESTÁ OCORRENDO É A ESTATIZAÇÃO DOS INVESTIMENTOS (VIA

BNDES) E A PRIVATIZAÇÃO DOS ATIVOS, COM

POUQUÍSSIMOS INVESTIMENTOS DO

SETOR PRIVADO

se pretende instalar em Americana: para produzir 1200 MW1, ela vai consumir 1430 m3 de água por hora e a Bacia Hidrográfica de Piracicaba não dispõe dessa água; então, é o deslocamento da água potável para a geração de energia. Então eu tenho defendido a tese, e o ministro José Jorge disse nessa referida audiência que concorda com ela, de que essas usinas sejam construídas no eixo do Gasoduto Bolívia-Brasil, no interior, na região oeste do Estado de São Paulo, onde temos água em abundância, temos o gás e a possibilidade de dispor de redes de transmissão, mas não tem um componente fundamental que no mercado é determinante, que é uma conta altamente lucrativa, que é o vapor da geração combinada, que eles nos grandes centros teriam mercado. A tese que eu tenho defendido é que se construa nessa região e que eles busquem atrair mercado para a compra do vapor; e então nós teremos energia sem matar de sede a população das grandes metrópoles.

Então este é o debate que eu quero deixar. E agradecer a oportunidade de estar aqui, além de dizer que na Comissão de Minas e Energia estaremos organizando um seminário, brevemente, e com certeza este grupo será convidado a participar e levar as contribuições – que sempre levou, principalmente através da figura do Prof. Ildo Sauer. Muito obrigado e boa sorte! E daqui com certeza sairá uma contribuição importante para a solução do nosso problema, aliando qualidade e respeito à Vida. Muito obrigado. Mestre de Cerimônia: anunciamos a palavra da Ex.ma Sra. Marta Suplicy, Prefeita do município de São Paulo. Ex.ma Dra. Marta Suplicy: Eu, enquanto estava ouvindo o Deputado Zica, eu pensava assim: mas não fazem nada certo? Dá uma tristeza... Bom, fico muito feliz de estar aqui com o meu ex-colega da Câmara Federal. Foi muito bom você ter voltado, e poder neste momento tão difícil para o País estar na Câmara nos defendendo. Fico muito contente também de estar com o Prof. Geraldo Francisco Burani, que é o Diretor em exercício do Instituto de Eletrotécnica e Energia; Prof. Ildo Sauer, que tem ajudado a entender melhor a crise pela qual passamos; e caro Mentor, nosso colega de partido; e a nossa Secretária Municipal de Meio Ambiente, Stela Goldenstein aqui presente.

Bem, ontem eu recebi a informação de que o Governo do Estado havia dito que promoverá a aplicação da técnica da flotação para despoluir as águas do rio Pinheiros e assim poder voltar a bombeá-las para a Billings, a fim de ampliar a geração de energia da Henry Borden. Foi um susto porque com toda essa crise energética, foi cogitado que isto pudesse vir a ocorrer, mas que teria que ser promovida uma recuperação depois, a contrapartida do que foi feito, do que foi estragado, o que houver de danos ao meio ambiente. Agora, eu quero dizer que como Presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e como Prefeita de São Paulo, eu vi com muita preocupação o fato do Governo do Estado, por meio da CETESB, da SABESP e da Secretaria de Energia, ter elaborado um Plano Macro, de extrema repercussão em vários níveis, primeiro, sem consultar o Comitê e os prefeitos da Grande São Paulo, tendo em vista que a decisão do Estado afeta, e muito, os interesses de todos os cidadãos da Grande São Paulo nos aspectos sociais, sanitários e energéticos. Tal proposta, além do que, coloca em risco o aproveitamento das águas do reservatório Billings para o abastecimento público, prioridade que nós não podemos descartar. E o artigo 46 das disposições transitórias da Constituição do Estado estabeleceu que os poderes públicos estadual e municipal ficam obrigados a tomar medidas para impedir o bombeamento de águas servidas, dejetos e outras substâncias poluentes para a represa Billings, justamente para garantir a possibilidade de captação para o abastecimento. E a lei estadual no 898/75 declara o

1 MW – Mega Watt

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COMO PRESIDENTA DO COMITÊ DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO ALTO TIETÊ E COMO PREFEITA DE SÃO PAULO, VI COM MUITA

PREOCUPAÇÃO O GOVERNO ESTADUAL TER ELABORADO

UM PLANO MACRO, DE EXTREMA REPERCUSSÃO,

SEM CONSULTAR O COMITÊ E OS PREFEITOS

reservatório Billings como área de proteção de manancial, determinando a intenção de proteger e preservar o reservatório para fins de abastecimento. Então é preciso discutir, amplamente, com a sociedade, os riscos à saúde pública decorrentes da proposta de flotação, considerando a qualidade das águas que proviriam do canal do rio Pinheiros. É necessário definir a política de investimentos futuros, destinados a garantir o pleno abastecimento da população metropolitana, além de obedecer às leis vigentes, que regem o sistema de controle ambiental e que estão sendo totalmente desrespeitadas com esta iniciativa. Portanto, o projeto do Governo do Estado dá encaminhamento a esse processo de forma pouco condizente com os princípios de democracia e os princípios de transparência.

O debate no processo de liberação de produção energética, sempre que tiver como pressuposto o uso do rio Pinheiros e da Billings, tem que ter a participação do Comitê de Bacia. Não sei porquê não teve até agora, mas de agora em diante vai ter. Ainda não houve transparência, não houve informação, discussão quanto à tecnologia a ser utilizada. O balanço energético do projeto como um todo também não foi discutido, e as suas conseqüências para o ambiente metropolitano, especialmente para o saneamento. E, a eventual implantação desse projeto não resolveria, em qualquer hipótese, a crise de energia já existente para 2001, além do que, talvez nem mesmo para 2002. Por isso, no calor dessas decisões de afogadilho, tecnocráticas, centralizadas, essas decisões não podem ser tomadas. É bem-vindo, portanto, este debate aqui, que deve ter continuidade em um fórum institucional no Comitê do Alto Tietê.

E eu gostaria de terminar dizendo que esta é uma Casa do Pensar, é uma Casa como foi tão bem explicitado, do choque de idéias, da produção de conhecimento. E o que eu espero deste Seminário é que deste choque de idéias, da discussão ampliada com pessoas tão gabaritadas, que têm tanta responsabilidade, que há tanto tempo se dedicam a este estudo, que cheguem a conclusões que possam nortear a Prefeitura de São Paulo e a Presidente desta Comissão, a posicionar-se da melhor forma possível para a preservação dos interesses do cidadão e da cidadã que moram aqui na nossa Cidade. Mestre de Cerimônia: Anunciamos o término da cerimônia de abertura do seminário de Avaliação e Análise do Projeto de Implantação de Estações de Tratamento das águas do rio Pinheiros e venda de energia elétrica adicional a ser produzida pela Usina Hidrelétrica Henry Borden. Agradecemos, em nome da Universidade de São Paulo, a presença de todos e informamos que a partir desse momento daremos início à primeira seção de trabalho.

Para coordenar essa primeira mesa chamamos o Prof. Dr. Roberto Zilles do Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo.

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MESA 1 - APRESENTAÇÃO DO PROJETO – IMPLANTAÇÃO DAS ESTAÇÒES DE TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS E VENDA DE ENERGIA ELÉTRICA ADICIONAL A SER PRODUZIDA PELA UHE HENRY BORDEN DORIVAL GONÇALVES JÚNIOR – PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENERGIA – USP SÔNIA SEGER P. MERCEDES – PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENERGIA – USP &

MESA 2 – ASPECTOS TECNOLÓGICOS DA FLOTAÇÃO WOLNEY CASTILHO ALVES - INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS TEMA - OS SISTEMAS DE TRATAMENTO TIPO FLOTAÇÃO E REMOÇÃO DE FLUTUANTES Coordenador – Prof. Dr. Roberto Zilles Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo

Prof. Roberto Zilles: Bom dia a todos. É o momento também para fazermos esta discussão. Seria muito ruim para a sociedade, para nós, sairmos daqui desse Evento dizendo: “a gente vai tratar a água do rio Pinheiros porque a gente está com uma crise de energia”. É ótimo, a sociedade ganha. Mas esse tratamento deve ser feito independente de se ter esse excedente de energia, ou não.

Hoje também teremos uma pequena mudança nessa apresentação, nessa discussão, que, como falaram na abertura, não temos os representantes da CETESB e nem da SABESP oficialmente representados, aqui, para contar sobre a posição do Estado e inserir o Plano e como será sua implementação. Como não estão representados oficialmente, eu peço que quando terminarem as apresentações que vão descrever o projeto, se houver alguém aqui na platéia que tenha alguma informação adicional e que queira manifestá-la, por favor se manifeste, porque nós teremos tempo para fazer esta discussão.

Teremos apenas duas apresentações nesse período, que serão feitas pelos pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Planejamento, Gestão e Regulação de Sistemas Energéticos do Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia. Contaremos aqui com a apresentação de Dorival Gonçalves Júnior e de Sônia Seger, que vão contar o que é esse projeto de implementação das estações de tratamento. Assim sendo, passo a palavra ao pesquisador Dorival Gonçalves Júnior. Engo. Dorival Gonçalves Júnior: Nós queremos pedir desculpas a todos os presentes em relação à forma como estamos conduzindo os trabalhos agora, porque estavam previstas nesta primeira etapa da discussão a presença de um representante da Empresa Metropolitana de Águas e Energia, um representante da CETESB e um representante da SABESP. E também um diretor da Agência Nacional de Águas. Nós fazemos parte da comissão organizadora e, até ontem às 17h00 todas essas presenças estavam confirmadas para estarem presentes neste momento aqui, para gerarem o aprofundamento necessário do debate, para que possamos estar propondo aquilo que foi cobrado pelas autoridades e que está sendo cobrado pelo conjunto da sociedade.

Diante disso, então, nós tivemos que improvisar, e a improvisação que a gente definiu a partir do final do dia de ontem é que nós a retiramos – não sei se todos têm conhecimento, mas existe no site da EMAE a apresentação do Projeto – do site e decidimos o seguinte: nós vamos recuperar essa apresentação. Talvez nem todos tenham conhecimento do que está veiculado no site... Nós mostraremos, simplesmente, o

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que está no site, e na seqüência nós teremos a apresentação do Prof. Wolney, que fará uma análise sob o ponto de vista técnico, e o que representa a tecnologia de flotação. Então, inicialmente, apresentaremos o que está colocado (no site da EMAE) e, na seqüência a primeira mesa que se apresentaria no período da tarde será antecipada para o período da manhã. E no período da tarde prosseguiremos com a abordagem da questão energética e ambiental.

Inicialmente, para termos todos aqui a idéia geral do projeto em si, nós apresentaremos o que é o projeto de despoluição do rio Pinheiros associado à geração de energia na Usina Hidrelétrica Henry Borden. Como todos podem observar na transparência, esse projeto nasce, ou melhor, ele está sendo veiculado desde 1o de janeiro deste ano, a partir de uma resolução de três secretarias. Essa resolução assume esta alternativa para a despoluição do rio Pinheiros e a geração de energia. É bom que se ressalte também que, se vocês buscarem o site da Agência Nacional de Energia, onde estão sendo veiculadas as medidas governamentais para resolver o problema do apagão, a Usina Hidrelétrica Henry Borden aparece como uma das soluções. Então transparecem uma série de questões que são importantes a gente ir associando, para poder entender essa proposta apresentada atualmente. É essa resolução conjunta da Secretaria de Estado de Energia, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e da Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos, Saneamento e Obras que tem uma série de considerações justificando a implantação do projeto, considerando que as águas afluentes do canal do rio Pinheiros têm uma influência decisiva no aporte de cargas poluentes para o reservatório de Billings, notadamente, as parcelas relativas ao fósforo, e à matéria orgânica biodegradada.

Então, vêm todas as considerações que vão justificar juridicamente, ou, uma resolução, onde vai dar o cunho jurídico para a existência do projeto. Disto resulta o artigo 1o, onde se escreve que as águas afluentes e a do próprio canal do rio Pinheiros, após tratamento adequado, poderão ser bombeadas para o reservatório Billings para fins de geração de energia elétrica adicional na Usina Henry Borden, desde que atenda os padrões de emissão; e aqui estão os padrões que são apresentados. No artigo 2o, o bombeamento previsto nessa resolução não poderá prejudicar a utilização das águas do reservatório Billings para o abastecimento público. E essa é uma questão importante, porque a proposta como está sendo estabelecida, é de bombeamento de cerca de 50 m3/s para dentro do reservatório e, o que vai acontecer decorrente disso pouco se sabe, ou melhor, pouco se especifica no projeto. E disto decorre uma série de considerações e ainda os parâmetros, que devem ser respeitados.

E voltamos à apresentação em si do que é o projeto, está aqui o edital... O objeto da licitação é a venda futura de energia. O projeto estrutura-se de forma que alguém que se proponha a construir o sistema de flotação, receberá em troca 280 MW médios de energia a serem vendidos anualmente, mas não temos claro como isto se sucederá. A energia será para aquele que fizer o projeto, portanto, essa energia não se sabe se será comercializada como um gerador independente, ou se pode ser o próprio concessionário que estará comprando, porque está recebendo esta energia, ou se pode ser um comercializador de energia que poderá vender, por exemplo, no mercado atacadista de energia. Então, compete a quem ganhar a licitação, implantar o sistema de bombeamento, ou melhor, o sistema de tratamento. Então a modalidade da licitação é de concorrência. O bombeamento é restrito a 50 m3/s. Isto tem uma dimensão técnica, porque se deseja gerar aproximadamente 300 MW a mais do já é gerado hoje na Henry Borden, e é necessário esse volume adicional de água para que se atinja esse valor; sendo importante ressaltar que desses 300 MW, ou mais precisamente 298 MW, 18 MW serão utilizados no próprio sistema de tratamento.

Dando prosseguimento à justificativa que está fundamentada na legislação e em que está embasada a licitação, aquele que for o agente empreendedor terá as seguintes características: poderá ser um gerador independente; ele pode ser um distribuidor; um comercializador como nós dissemos inicialmente. Isso se encontra assegurado segundo a legislação da Agência Nacional citada abaixo. Lista-se o que os participantes devem comprovar, o prazo de duração do contrato, no qual o vencedor tem um ano para

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construir o sistema, podendo utilizar-se do sistema durante dez anos. Após esse prazo de concessão por dez anos, o sistema é devolvido para a EMAE. Descreve-se aqui a localização das usinas elevatórias do projeto e, é importante destacar que as usinas elevatórias, ou melhor, dizendo, essa parte das barragens elevatórias que vai elevando a água do rio Tietê para o Pinheiros até chegar na tomada d’água da Usina Hidrelétrica Henry Borden, a operação desse sistema todo ainda continua sob a responsabilidade da própria EMAE.

E assim prossegue o edital, a venda de energia, que, sinteticamente, compõem-se da parte tecnológica, que é correspondente ao sistema de flotação, à forma como será feito o sistema de tratamento. É importante destacar que o sistema é dotado de várias etapas ao longo do leito do rio. Ele vai ser feito no próprio leito do rio em várias etapas. Parte do sistema de tratamento está contida inclusive nos córregos que deságuam no rio Pinheiros. Aqui tem um quadro que sintetiza a forma como está concebido o projeto... Então nós vemos aqui, o rio Tietê, o rio Pinheiros e as elevatórias: a Usina Elevatória de Traição, a Usina Elevatória de Pedreira e a última elevatória, chegando na tomada d’água da Usina Hidrelétrica Henry Borden.

A metodologia de tratamento é um sistema de flotação; a justificativa é em função do preço: estima-se para a implantação do sistema como um todo o montante de aproximadamente 110 milhões. Então fica de certa forma um pouco mais claro para nós como será o sistema: temos no início uma estação de tratamento de 40 m3/s logo após a estrutura do Retiro. Na seqüência, aparece o córrego do Jaguaré: tem uma ETE2 com 1,0 m3/s. Na frente tem a ETE no córrego Pirajussara. Mais adiante existe um sistema de microaeração. Após a Elevatória de Traição, ocorre mais um sistema com 45 m3/s, o que significa que a vazão dos córregos vem sendo adicionada na seqüência. Posteriormente, temos outra ETE no córrego do Morro do “S”; depois, noutro córrego, onde ocorre a Estação Sete; e, finalmente, uma ETE em Pedreira com capacidade de 50 m3/s. Ou seja, da forma como está concebido o projeto, o sistema de tratamento se dará ao longo de todo leito do rio Pinheiros.

A razão que nos despertou para esta discussão, até por sermos da área de energia, foram dois aspectos: a implicação que isto terá em termos de geração, principalmente neste momento em que se discute o racionamento nacional de energia, até porque quando nós retiramos 50 m3/s do rio Tietê, nós deixamos de ter esses 50 m3/s gerando energia nas hidrelétricas que nós temos a jusante: daqui até Itaipu qual a repercussão que isso terá? Outro aspecto que também despertou bastante a discussão foi em relação à experiência que se tem nesse tipo de tratamento, até porque, em consulta sobre esse tipo de tecnologia, conseguimos verificar que as experiências que estão registradas em São Paulo são duas: a da Aclimação e a do Ibirapuera, cuja vazão é da ordem de 700 l/s em uma, e na outra 1m3/s, ou pouco mais do que isso, pelo menos nós não temos conhecimento de uma outra situação. E a forma como o projeto está proposto, o tratamento no próprio leito do rio, de 50 m3/s, que é uma escala razoável, ou seja, 50.000 l/s em tratamento em fluxo, isto é algo que esperamos que na discussão isso possa ser melhor esclarecido. Daí a razão pela qual nós convidamos especialistas da área para estarem presentes aqui nos esclarecendo esses dados. Interessaria muito para nós que estivessem aqui os especialistas da SABESP e CETESB, principalmente, para estarem produzindo estas informações todas para que, conjuntamente com os especialistas de outras áreas, que nós convidamos, obtermos um posicionamento mais efetivo e lúcido para que a Sociedade possa estar se colocando frente a este projeto.

Em síntese, eram essas as considerações que nós temos para apresentar. Se os presentes considerarem necessário algum detalhamento maior, estamos à disposição para exibir algumas transparências, para que possamos colocar todos no mesmo patamar para a discussão, pois que na seqüência vem o professor Wolney, que é um especialista da área de flotação e que falará, especificamente, sobre esse sistema de tratamento. Alguém deseja perguntar ou complementar algo?

2 ETE – Estação de Tratamento de Esgotos

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Enga. Sônia Seger: Só vou complementar um pouco a apresentação do Engo. Dorival, mostrando alguns aspectos sanitários deste projeto, referentes ao tratamento em si.

A primeira coisa que eu vou ressaltar é o critério de escolha da tecnologia. Foi uma escolha prévia, baseada, simplesmente, no critério econômico, sem haver os necessários testes, e o necessário conhecimento a respeito da tecnologia em fluxo contínuo. Porque, na verdade, as pequenas unidades que compõem esse tipo de tratamento, já são utilizadas em estações convencionais, mas como o Engo. Dorival falou, em fluxo contínuo só se conhece em escala de demonstração, o que demonstra que o projeto está baseado somente no critério econômico.

Essas são as características disponibilizadas (em site da EMAE) do que seja a vantagem do processo tecnológico empregado - são baseadas em coágulo-floculação e flotação - que são técnicas conhecidas, como eu falei. Mencionam ser uma tecnologia nacional, e na verdade o que nós ficamos sabendo é que foi desenvolvido aqui em São Paulo e, que não há em outras partes do mundo a aplicação. Então é, na verdade, um pouco incipiente, talvez, o conhecimento sobre esta tecnologia. A remoção do lodo é feita por técnica de dragagem em superfície, redução de concentração de poluentes, e aumento da concentração de gás oxigênio dissolvido. Esses são os exemplos reais onde estão sendo aplicados, atualmente, tanto que os presentes podem observar que as aplicações se dão em canais pequenos. E na fotografia do lago está um pouco difícil para identificar o tratamento.

Então, este é o croquis das grandes estações, e naquele arranjo geral que o Engo. Dorival mostrou, o projeto prevê sete estações ao todo, sendo que três são maiores e correspondem às estações elevatórias, que se caracterizam pelo tratamento de lodo. Então, o fluxo hídrico passa através de uma caixa de areia para decantação dos sedimentos, passa por uma difusão de ar e uma peneira flutuante para a remoção de sólidos de granulação grossa e de lixo, inclusive. Começa a primeira adição de produtos químicos, que são coagulantes e polieletrólitos, que são sais metálicos. E os polieletrólitos, nem sempre a composição desses polieletrólitos é de fácil determinação. Mais uma difusão de ar, enquanto ocorre a mistura dos produtos. A microaeração é a flotação em si, porque esses produtos químicos promovem a aglutinação das partículas em flocos maiores, e estes, através da aeração sobem à superfície, onde são removidos pela dragagem de superfície. Nesta imagem está demonstrado onde ficarão as estações de estabilização de lodo, e está prevista também a recirculação da água após a secagem desse lodo, e o lodo terá uma disposição final. Então, o lodo chega com um teor de sólidos baixíssimo, passa por toda essa desidratação, secagem e a estabilização através de cal; e será disposto, posteriormente.

O arranjo geral, com as sete estações, desde a confluência entre o Tietê e o Pinheiros. Onde têm a número 1, a número 2 e a número 3, teremos completo aquele esquema que foi mostrado, com todos aqueles equipamentos, e todas aquelas aplicações de produtos químicos e remoção de lodo. As outras estações, que têm vazões bem menores, terão uma configuração simplificada e mais parecida, talvez, com aqueles locais que atualmente estão empregando esta tecnologia. Esse é o arranjo físico, de como o projeto prevê que as estações ficarão dispostas desde o canal do rio Pinheiros até a represa Billings. É onde se encontrarão as estações de desidratação e estabilização de lodo, justamente onde ficam as estações elevatórias. E cada uma dessas estações estará recolhendo o lodo de uma ou de mais de uma estação de tratamento.

A disposição do lodo não se encontra, pelo visto, prevista em um tratamento e nem em alguma disposição final adequada, do ponto de vista sanitário. O projeto propõe, a princípio, a disposição em bota-fora durante dois anos, em área da EMAE. Inclusive, a EMAE arcará com isso: apesar do empreendedor assumir o tratamento, a EMAE arcará com o bota-fora do lodo. E, após dois anos, nos próximos oito anos de exploração do sistema, o projeto sugere incineração, disposição em aterro sanitário, ou outras. Como se trata de material extremamente úmido, inclusive com a presença de compostos químicos, a disposição final nem sempre é tão trivial.

As estações e sua caracterização, em uma descrição mais detalhada de cada uma das estações, mostram que elas repetem quase todo aquele esquema. Essas são

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as maiores e o fluxo é da direita para a esquerda. Está naquele local a caixa de areia, a retenção dos resíduos, os tanques de químicos, até a unidade de desidratação e estabilização. A segunda tem uma configuração parecida, mas é um pouco mais complexa que a outra. A terceira, com a maior vazão de todas, e que também é a última estação, já próxima da represa Billings. Esse é o canal do Ibirapuera... E as outras estações, que são bem mais simples do que as três primeiras.

E além desse sistema, de microaeração para manutenção dos níveis de oxigênio dissolvido. Então, esta é uma simulação para mostrar como é que a concentração de oxigênio varia no rio Pinheiros após a instalação dessas sete estações de tratamento. Começa próxima da saturação na estação de Retiro, descendo ao longo da extensão do Rio por causa da carga orgânica que vai sendo adquirida ao longo do percurso. Na microaeração, sobe, novamente, o nível de oxigênio, e assim por diante, sempre subindo mais onde têm as estações de tratamento mais complexas, ali é Traição e Pedreira, e se encontra próximo do nível da saturação perto da represa Billings, ou seja, seria uma água em boas condições, bem diferente do que é hoje.

E o projeto prevê que esses são os impactos da aplicação desse sistema: melhoria das condições ambientais; incremento da disponibilidade hídrica no reservatório Billings; redução da carga poluidora; incremento da disponibilidade hídrica para a Bacia de Cubatão, que tem bombeamento restrito, atualmente; melhoria significativa das águas da Billings para fins de abastecimento; e recuperação urbanística das Marginais.

Esses são os valores de implantação do sistema, proporcionais à complexidade das estações. O investimento inicial é em torno de 110 milhões e, no primeiro ano de operação, com a energia sendo comprada a R$0,04 por m3, e nos nove anos seguintes a R$0,03, aproximadamente, o que dá em torno de 50 milhões por ano, em operação e manutenção.

A situação do reservatório Billings, atualmente, poluído e contaminado, sobretudo por fósforo, algas e sedimentos. E neste ponto voltamos à justificativa da implantação do projeto.

Era só um complemento, para que o Prof. Wolney passe à avaliação mais detalhada desse sistema proposto. Dr. Wolney Castilho: Bom dia a todos. Eu quero agradecer aos organizadores a oportunidade de estar expondo aqui alguns elementos técnicos que podem estar contribuindo para o Debate.

Inicialmente, eu gostaria de esclarecer que uma apreciação sobre o problema de despoluição do rio Pinheiros e dos principais cursos da Bacia do Alto Tietê, evidentemente, envolve especialistas de diversas áreas. Eu estou longe de cobrir com a extensão necessária (com o meu conhecimento) essa demanda de especialistas em qualidade da água, em tratamento, em hidráulica fluvial, transporte de sedimentos, de limnologia, entre outros. Durante a apresentação, baseada nesses slides, vou ater-me em ressaltar alguns aspectos técnicos aplicáveis à tecnologia de flotação, aspectos básicos fundamentais, e fazer uma breve análise sobre a aplicabilidade dessa tecnologia para a despoluição do rio Pinheiros, segundo esta proposta que está sendo apresentada pela EMAE, SABESP e CETESB.

Inicialmente, o fenômeno de flotação. Foi dito aqui, momentos atrás, que essa tecnologia é desconhecida, bem como a sua aplicação ao rio... A tecnologia de flotação é relativamente antiga, e é aplicável em estações de tratamento de água para abastecimento, e em estações de tratamento de esgoto. Ela também tem aplicações industriais, em mineração, entre outros. O processo é bastante simples bem como o seu entendimento: nós temos na água partículas, sólidos em suspensão como são chamados. Podem ser partículas de minerais, matéria orgânica, gotículas de óleo, gordura, entre outros. Essas partículas podem ter poluentes ou nutrientes aderidos ou dissolvidos no líquido, e o que ocorre, simplesmente, é que a bolha de ar adere a essa partícula, que se torna mais leve e flutua. Esse processo permite arrastar uma boa quantidade desses sólidos que estão em suspensão na água.

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Essas bolhas devem ser bastante pequenas, micro-bolhas, para que elas tenham uma eficácia maior na remoção desses sólidos em suspensão. As bolhas grandes do desenho seriam pouco eficazes nessa remoção dos sólidos em suspensão, nessa flutuação. No próximo slide, temos uma primeira forma de aplicação da flotação por ar dissolvido. Nós temos aqui à esquerda a entrada de líquido que passa por uma bomba e por onde entra ar também. Esse líquido com ar é armazenado num tanque sob pressão, há necessidade de um certo tempo para que o líquido dissolva o ar no seu interior. Embaixo nós temos uma válvula controladora da pressão e, como vocês sabem, sob pressão elevada o líquido consegue dissolver uma quantidade maior de gás, no caso ar. O que deve ser ressaltado nesse processo do ar dissolvido no líquido é o aproveitamento da capacidade elevada de dissolução do ar no líquido (com uma pressão elevada). Esse líquido é mantido dessa forma. A válvula controladora de pressão pode então ser regulada e, o líquido se dirige a um tanque, que está submetido à pressão atmosférica, eventualmente. Então há uma súbita redução da pressão à qual o líquido estava submetido; essa redução da pressão implica na liberação do gás que estava dissolvido. Ele passa para a forma de bolhas, micro-bolhas, entra no tanque e promove o efeito de flotação com o acúmulo de uma espuma composta de uma mistura de bolhas, de líquido, gás e sólidos em suspensão.

Na tecnologia apresentada nos slides da EMAE, SABESP, a tecnologia de flotação é por ar dissolvido. É esta a técnica que está prevista. Eu gostaria apenas de comentar que ali no desenho vocês vêem uma quantidade razoável de material flotado, é uma espuma que necessita ser removida e tratada, para então ser disposta; essa espuma contêm líquidos e sólidos com substâncias poluentes, nutrientes eventualmente, além de outros tipos de substâncias, que serão removidas e precisarão ser tratadas. Essa ação de remoção pode ser feita por raspagem ou sucção. No projeto da EMAE é prevista a aspiração.

Aqui nesse slide é mostrada uma outra técnica de flotação, onde simplesmente o ar é bombeado através de difusores que estão colocados sob o tanque. São difusores que permitem dividir o ar em partículas, ou melhor, em bolhas muito pequenas, para cumprir aquela função de arrastamento dos sólidos para a superfície. Essa técnica de flotação é bem menos eficiente que a técnica do ar dissolvido.

Então, como eu disse, a tecnologia de flotação já é usada em estações de água e esgoto. Nós não temos aqui no Brasil, ou pelo menos eu não tenho conhecimento, de uma larga aplicação. Eu conheço alguns casos só de aplicação de flotação em tratamento de água.

Primeiro, eu vou mostrar aqui um esquema genérico de como funciona uma estação de água, dessas convencionais, que nós temos aqui em maior número no Brasil. A água bruta vem de manancial de classe adequada, ou seja, é uma água que está enquadrada em relação a determinados parâmetros. Ela chega à estação e passa por um processo que visa remover as substâncias e materiais indesejados que estão no corpo desse líquido. Para isto, a entrada da água bruta na estação recebe, inicialmente, produtos químicos que vão facilitar a remoção desse material particulado. O material particulado pode estar finamente dividido, as dimensões bastante reduzidas, em estado coloidal, entre outros. A água bruta recebe os produtos químicos, visando aglutinar inicialmente essas partículas, de forma a facilitar a remoção subseqüente. Esses produtos químicos são sais metálicos: sulfato de alumínio, cloreto de ferro, sulfato férrico, e os polieletrólitos, que vão promover esse ajuntamento de partículas. Os polieletrólitos são substâncias que permitem aumentar ainda mais o tamanho do material particulado, a fim de facilitar a sua remoção. A floculação se segue ao processo de formação dos flocos. Em seguida, vem a fase de separação do liquido e do sólido apresentada em duas cores no slide, exatamente porque o líquido nesse momento começa a ficar clarificado. Tem-se a remoção. No caso, se for por sedimentação, essas partículas decantam no tanque, obtém-se um material com lodo decantado no fundo e a água fica clarificada. Remove-se assim grande parte das substâncias que dão turbidez à água e, eventualmente, cor também. Em seguida a água vai para a filtração. Não está totalmente clarificada ainda e, alguns daqueles flocos, os menores, não conseguem sedimentar e,

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vão para os filtros, onde serão detidos e removidos nos filtros de areia (filtros com uma composição bem determinada). Esses flocos menores são removidos no filtro e, finalmente, a água é desinfetada e seu pH é corrigido para o armazenamento e sua posterior distribuição.

Esse fluxo de unidades de tratamento de água para abastecimento é importante porque, parece-me que é com base nele que se faz uma extensão com base nessa tecnologia para o tratamento de água do rio Pinheiros. Imagina-se que essa tecnologia tenha o funcionamento análogo ao que ocorre em uma estação de tratamento de água. Na estação de tratamento de água, a separação líquido/sólido é feita por decantação. Na aplicação ao rio Pinheiros, o processo previsto é o de flotação. A diferença é que na decantação tem-se o material floculado que necessita de tempo para sedimentar (o tanque tem formação apropriada para que isso ocorra). Na flotação, através do ar dissolvido, por exemplo, ao invés de ter o material no fundo, esse estará flutuando na espuma que será removida.

É importante observar o seguinte: todos esses processos de tratamento de água e esgoto geram uma fase sólida, pois se está removendo sólidos, ou através de sedimentação, ou através de flotação. Esses sólidos requerem um tratamento e uma destinação adequada. Temos uma prática, infelizmente, aqui no Brasil, até hoje, onde nas estações de tratamento de água, o lodo resultante, após ser removido do processo de tratamento, não tem uma destinação e um tratamento adequados. Muitas vezes ele é, ou era, simplesmente lançado nos cursos d´água e, re-dissolvido, sedimentava. Esse lodo tem uma quantidade muito grande de metais, que são aquelas substâncias químicas usadas. Tem (o lodo), normalmente, uma concentração de sólidos muito baixa, precisando, assim, ser adensados. Mostrarei, posteriormente, alguns aspectos do tratamento da fase sólida. Chamo a atenção para este aspecto, pois como será mostrado no final, essa questão é crucial no projeto de flotação do rio Pinheiros.

Aliás, é bom se ter em conta, essa é uma questão bastante presente para a SABESP: o problema do lodo tanto de estações de tratamento de água quanto de esgoto. O lodo é um problema crucial hoje na Região Metropolitana de São Paulo, pelas dificuldades existentes, principalmente quanto ao tratamento e onde dispor esse material. Então, após o tratamento dos sólidos vem a questão de onde dispor esses sólidos.

Voltando aos slides, o processo mais usado para separação de sólidos é com decantador e nesse slide - a figura está exagerada - pode-se observar que no tanque decantador as partículas maiores decantam antes, partículas menores eventualmente serão retidas mais adiante no filtro. Embaixo, têm-se várias formas de remoção desses sólidos decantados, e no filtro (que normalmente é lavado por retrolavagem), os sólidos que ficaram retidos nesses filtros farão parte da fase sólida a ser removida posteriormente por retrolavagem, que deverá também ter disposição adequada.

No caso da floculação, temos um tanque, e a água pressurizada, como naquela técnica do ar dissolvido que eu mostrei antes, faz com que as partículas flutuem e, adiante se tem o raspador, que poderia ser também um aspirador. A concentração desses sólidos é bastante baixa. Na exposição da EMAE trabalha-se com um sólido a 4% de concentração, ou seja, apenas 4% de sólidos na massa total da mistura “água mais sólidos”. Mas, mesmo assim, esse é um número alto. Possuímos referências na literatura especializada de 2% de concentração. Esse material vai também passar por um processo de tratamento.

Resumindo, temos esses números que vêm da literatura e de dados experimentais de operação. O processo de flotação é mais eficiente no que diz respeito à clarificação, ele é mais rápido que a decantação, ele atua de maneira mais rápida e dá uma concentração de sólidos um pouco mais alta, na faixa de 2% a 4%, enquanto na decantação fica em uma faixa bem baixa.

Vejamos o tratamento da fase sólida: tem-se o lodo que deverá ser adensado. Como ele está com uma concentração de sólidos muito baixa – de 2% a 4% - é necessário retirar o líquido e conseguir aumentar a concentração. Esse adensamento deverá ser feito por gravidade e também por flotação - essa é outra aplicação para a flotação: não somente no tratamento da fase líquida, mas aplicável ainda no tratamento

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da fase sólida. O adensamento do lodo poderá ser feito por flotação ou por um processo mecânico. Em seguida, vem um condicionamento e a desidratação, segundo diversos métodos: centrífuga, filtro-prensa, filtro a vácuo, leito de secagem. No caso, a centrífuga é a técnica prevista no projeto do rio Pinheiros, com adição de substâncias químicas, polieletrólitos, que facilitam a remoção do água. Segue-se a isto a disposição final, que pode ser em aterro sanitário ou em aterro exclusivo para lodos, ou disposição em solo.

Aproveito aqui para destacar que a disposição de lodo em solo é algo problemática. Mesmo no caso de lodo de estações de tratamento de água, eles têm grande quantidade de alumínio, se foi usado sulfato de alumínio. Em muitos casos será inadequado dispor esse lodo em solo. Eventualmente, no solo já existe concentração alta de alumínio e, segundo alguns trabalhos que apresentam solos com alta concentração prévia de alumínio, será inadequado dispor lodo contendo esse metal.

Após o processo de desidratação e de disposição, e dependendo do tipo de processo – se é centrífuga, se é filtro ou se é um leito – a concentração final de sólidos estará entre 18% a 22%. Também essa faixa é o que se tem obtido tanto em operação quanto em referência bibliográfica e é bom observar que na apresentação da EMAE está previsto na saída da centrífuga 30% de concentração, que é um número um pouco alto, fora da faixa usual, e, além disso, no caso da disposição, o projeto apresenta adição de cal virgem antes da disposição, que vai aumentar a concentração para 34 %. É um número que precisa ser discutido e avaliado quanto à possibilidade de se alcançar esse valor.

Como estou chamando a atenção para o lodo, temos aqui a quantidade de lodo, nessa expressão que está no slide. Temos que “PL” é a quantidade (massa) de lodo seco gerada por dia. Essa expressão é da AWWA, que é American Water Work Associateion. Ela é usada para avaliar a quantidade de lodo que é gerado em processos de tratamento de água (na estação de tratamento). No caso temos o “PL” a quantidade de lodo seco, “Q” é vazão, “D” que é a concentração de sais de ferro, “SS” são sólidos suspensos, “CAP” é carvão ativado e há, eventualmente, outros aditivos tipo polieletrólitos, por exemplo. Em uma Estação de Tratamento de Água de 10 m3/s, segundo essa expressão, uma concentração de sulfato férrico de 50 miligramas por litro, tem-se a geração aproximada de lodo seco de 160 t/d(3), a uma concentração de sólidos de 2%, o que significa um volume de lodo úmido de 7850 m3/dia. Essa é a ordem de grandeza da fase sólida, para que se tenha uma noção dos valores envolvidos. Portanto, é preciso tomar muita cautela quanto a isso. Para se ter idéia do porte, uma ETA4 de 10m3/s corresponde, aproximadamente, à ETA Boa Vista, que trata a água da represa do Guarapiranga.

Vejamos agora a aplicação em lodos ativados, no tratamento de águas residuárias. O tratamento de lodos ativados se inicia com a entrada de esgoto na estação, recebendo um tratamento preliminar, a exemplo das grades para a remoção de materiais grosseiros que estão no esgoto e caixas de areia. Em seguida, passa por uma sedimentação primária que pode ser feita, eventualmente, por flotação, aquele mesmo princípio de remoção de material em suspensão que foi apresentado no caso da estação de tratamento de água. A flotação pode ser aplicada aqui, na sedimentação primária, substituindo a sedimentação. Em seguida, a fase líquida irá para um tanque de aeração, onde receberá ar ou oxigênio para o processo de digestão aeróbia que se processa nesse tanque de aeração. A fase líquida dá origem ao efluente líquido tratado, com a remoção dos poluentes que foram retidos em todas essas fases do tratamento, desde o tratamento preliminar, na sedimentação primária, em que ocorre decantação de lodo ou flotação de lodo. Cada uma dessas fases (ou unidades) gera uma fase sólida que precisará ser tratada.

No tratamento por lodos ativados, do decantador secundário existe um rebombeamento para os tanques de aeração, que é a idéia básica do processo de tratamento por lodo ativado. A fase sólida nesse caso é ainda mais complexa: trata-se de um lodo de esgoto com características próprias em função da presença de poluentes e substâncias, eventualmente, indesejáveis. O lodo que sai da decantação secundária é a 3 t/d – toneladas por dia 4 ETA – Estação de Tratamento de Águas

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maior quantidade de lodo que sai de uma unidade de tratamento de esgoto. Não vou mostrar o lodo gerado nas demais unidades do processo. Vou-me ater ao lodo que sai da decantação secundária; ele vai para uma operação de espessamento do lodo decantado no decantador secundário. Como o lodo terá de ser tratado posteriormente, em digestor anaeróbio ou aeróbio, e encontra-se em concentração bastante baixa, ele precisa ser espessado, o que pode ser chamado de fase de espessamento ou ainda fase de adensamento. Isso pode ser feito por gravidade ou por flotação. Nas estações que conhecemos aqui na RMSP5 o espessamento do lodo é feito por gravidade, aliás, eu não conheço nessa Região exemplos de tratamento de esgoto por flotação. O lodo espessado pode passar por uma fase de digestão anaeróbia como no caso de Barueri (com aqueles enormes tanques de digestão anaeróbia). O lodo digerido passará por um processo de desidratação e novamente por centrífugas e filtros prensas, entre outros, com eventual adição de polieletrólitos e, finalmente, irá para a disposição final, com uma concentração de sólidos que pode chegar a cerca de 20% a 22%.

Novamente, é preciso ressaltar que esse problema de lodos da estação de tratamento de esgotos é para a SABESP um problema muito sério. A Companhia tem um programa especial destinado a tratamento e destinação final de lodo, inclusive aplicação no sólido como biossólidos. Eles desenvolveram bastante essas ações, mas o problema é que a quantidade de lodo é enorme e, nem todo lodo estará em condições adequadas para ser disposto no solo; alguns exigirão disposição em aterro exclusivo.

Esse é o processo que citei: o espessamento, a digestão anaeróbia, o espessamento por gravidade ou flotação, a desidratação centrífuga, a filtro prensa ou filtro a vácuo, leito de secagem e disposição final controlada em aterro sanitário, em aterro exclusivo ou disposição de sólidos, e aquela concentração que é possível, em certos casos, alcançar.

Alguns dados sobre tratamento de esgoto na RMSP: existem cinco estações, as quais fazem parte do projeto Tietê. Barueri já é uma Estação mais antiga e é importante lembrarmos que o projeto Barueri seria aquela estação única que trataria todos os esgotos da RMSP, com 60 m3/s. Aquele projeto SANEGRAN6 foi rediscutido e, posteriormente, chegou-se a uma solução onde essas cinco estações devem tratar todo esgoto da RMSP, segundo etapas que estão sendo implementadas para aumentar, gradativamente, a capacidade total. Correspondentemente, aumentará a quantidade de lodo que está sendo tratada na RMSP. A vazão de esgoto tratada atualmente, segundo informações da SABESP é de 15 m3/s. Ressalto que a quantidade de lodo produzida pela RMSP é enorme.

É preciso destacar que nós temos um déficit de tratamento de esgoto bastante alto e não ficou claro para a população o significado do projeto Tietê. Parece que naquela ocasião, quando houve a grande movimentação, com a imprensa envolvida, a imagem que ficou para a população era a de que o projeto Tietê seria implementado e, imediatamente, teríamos os rios renovados, com possibilidades de presença de peixes. Mas a realidade de implantação do Projeto não é bem essa. Nós temos 15 m3/s sendo tratados hoje e, é previsto na conclusão das etapas do projeto Tietê que em 2015 teremos cerca de 50 m3/s de esgoto tratado, que é uma cifra que vai cobrir razoavelmente a quantidade de esgoto gerado na RMSP. Agora observem a quantidade de lodo seco: nós já temos hoje a produção de 235 toneladas de lodo seco por dia nas estações de tratamento, em 2015 serão 750 toneladas por dia, imaginando-se que todo aquele sistema constituído pelas cinco estações esteja trabalhando a plena carga!

Agora falarei sobre a aplicação da tecnologia em relação ao projeto em questão. Primeiro, quero esclarecer que esta apresentação tem por base os slides da EMAE, SABESP e CETESB, os quais embasam as informações a seguir, uma vez que são estes os dados oficiais disponíveis para análise. Os comentários e sugestões que farei visam dar contribuições no plano técnico. Procurarei ater-me aos dados mais relevantes do ponto de vista técnico, pois não quero fazer uma abordagem mais ampla, de uma vez que esta exigiria a participação de muitos outros especialistas. Destacarei aqui alguns 5 RMSP - Região Metropolitana de São Paulo 6 SANEGRAN – Projeto de Saneamento para a Grande São Paulo

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ESTE PROJETO REQUER ESCLARECIMENTOS E

UMA VINCULAÇÃO: DEVE SER INTEGRADO A UM PROGRAMA GLOBAL PARA SOLUÇÃO DAS ÁGUAS NA REGIÃO

METROPOLITANA DE SÃO PAULO

aspectos que eu considero serem os mais importantes, para que possamos fazer uma reflexão e uma discussão em seguida. Dividirei aqui a análise em três aspectos: a concepção, os condicionantes e a aplicabilidade da tecnologia.

Relembrando, temos aqui o rio Pinheiros. A partir da estrutura do Retiro, existem sete estações de flotação, sendo que três delas contam, ao lado dessas estações, com tratamento do lodo. As outras quatro que são instaladas nos afluentes - nos córregos afluentes em Jaguaré, Pirajussara, Morro do Oeste e Zavuvus -, não contam com tratamento de lodo. O lodo após ser flotado será transportado para as estações de tratamento de lodo do Retiro, de Traição ou de Pedreira, que contarão com tratamento do lodo (essa é a informação que se extrai da apresentação que a EMAE fez).

Ressalto que além do processo de tratamento e remoção de poluentes que estamos descrevendo, foi incluído um sistema de microaeração, uma estação apenas incluída para elevar a quantidade de oxigênio dissolvido na água dos rios - esse é um aspecto importante, interessante, e nós estamos vendo uma solução para a despoluição do Rio, que implica na construção de estações ao longo de toda a extensão do rio, nos afluentes e até em recuperação de oxigênio por microaeração, que é totalmente não usual, eu não conheço nenhuma outra solução desse tipo em outro lugar, aliás, para reafirmar as palavras que já foram ditas aqui anteriormente na apresentação, eu não conheço aplicação do sistema de flotação a cursos naturais, rios. As experiências que estão sendo feitas no Ibirapuera, na Aclimação, são experiências com vazões pequenas, falou-se em 1 m3/s. A informação que eu tenho é que estão sendo tratados 50 l/s, então essas experiências precisam ser tomadas com a devida consideração, no que concerne à escala em que está sendo feita e ao fato de ser, não uma tecnologia nova, mas uma aplicação nova de uma tecnologia pré-existente.

Os pressupostos básicos do projeto de flotação do rio Pinheiros estão destacados nesta resolução que foi destacada aqui anteriormente (resolução conjunta número 1 deste ano) e na tecnologia e solução preconizadas. Os dois pilares nos quais se assentam a proposta são esta resolução (resolução conjunta número 1), e mais a tecnologia e solução de aplicação preconizadas. Não se está propondo uma solução aberta a tecnologias que se apresentem, mas sim a uma determinada tecnologia.

Bem, aqui nós temos a resolução, as águas afluentes e as do canal do próprio rio Pinheiros, que após o tratamento adequado poderão ser bombeadas para o Reservatório Billings para fins de geração de energia elétrica adicional, atendendo aos padrões de emissão preconizados no artigo 18 da lei paulista 8468/76 e o artigo 21 da Resolução CONAMA número 20, que, além disso, fixa os limites para os indicadores de qualidade. Esses indicadores de qualidade correspondem, na legislação brasileira, a parâmetros de qualidade de rio de classe II, ou parâmetros que os rios de classe II devem obedecer.

Primeiramente, com relação à concepção, constatamos que a idéia central do Projeto, propõe que o rio será despoluído, e com isso haverá água adicional na Represa Billings para a geração de energia e abastecimento público. Essa é a proposta central. Algumas questões com relação a essa concepção: Primeiro: por que tratar as águas do rio no próprio rio, se a solução tradicional é controlar ou suprimir as fontes de poluição? Tradicionalmente, no mundo inteiro, a solução para a poluição dos corpos naturais, os cursos naturais de água, está no controle e/ ou na supressão do lançamento de poluentes no rio. Isso é feito através das redes coletoras de esgoto, que vão passar pelas estações coletoras de esgoto, recuperando ou tratando a água até um nível considerado legalmente estabelecido, para ser disposta no rio. Existe então uma diferença fundamental aqui, que consiste em uma inovação bastante grande e que precisamos debater. Não quero aqui desconsiderar ou excluir a possibilidade de tratamento do rio no próprio rio, mas de qualquer forma nós temos uma diferença fundamental.

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POR QUE TRATAR AS ÁGUAS NO PRÓPRIO RIO,

SE A SOLUÇÃO TRADICIONAL E CONSAGRADA É CONTROLAR OU

SUPRIMIR AS FONTES DE POLUIÇÃO ?

Na concepção tradicional, a recuperação da qualidade da água dos corpos existentes deve ser feita pelo Projeto Tietê. Não existe uma explicação, uma vinculação, na proposta de aplicação da flotação, com o projeto Tietê, de maneira adequada. Seria importante, depois, que estivessem presentes os técnicos da SABESP e da EMAE para que entendêssemos melhor o porquê dessa concepção básica.

Segundo: outra questão é a que o Rio todo está sendo tratado. Poderíamos perguntar, com relação àquele slide onde aparece o esquema das sete estações, tem-se: Traição, com 45 m3/s; Pedreira, com 50 m3/s; cada córrego daquele com 1 a 2 m3/s. Portanto, tem-se uma adição de tratamentos distribuídos ao longo de todo o Rio, mas parece que a idéia básica é despoluir o Rio como um todo, em toda sua extensão, e não adianta colocar só uma estação na estrutura do Retiro, porque ao longo virão os córregos que não estão despoluídos, então é preciso tratar ao longo de todo o Rio; esta que é a noção correta. Para se atingir o objetivo precípuo de mais água na Billings poderíamos ter uma estação única em Pedreira, não precisariam de sete estações. Toda água sendo revertida, assume-se que seria tratada nesta Estação, que faz a remoção dos poluentes de acordo com os parâmetros técnicos indicados, e essa água assim tratada irá para a Billings. Essa é uma outra questão de concepção e é fundamental: isso significa ter uma estação ou ter sete estações.

Os condicionantes relativos à eficiência de remoção das estações piloto mostram o atendimento à Resolução CONAMA, e aqui quero fazer um breve comentário: essa Resolução CONAMA 20 e o artigo 18 do Decreto 8468/76 se referem aos padrões de emissão que as fontes geradoras de poluentes têm que obedecer para o lançamento de esgoto. Assim está sendo feita uma extensão da aplicação da lei: trata-se o rio até um determinado ponto, como uma fonte geradora de poluição. Depois da estação, ele respeitaria os parâmetros daquelas leis. Eu não consigo inclusive ver problemas nisso, ou maiores complicações, mas é uma extensão da aplicação da lei. E nos quadros que foram mostrados anteriormente, com relação à operação das estações piloto do Ibirapuera e da Aclimação, vemos que esses parâmetros são obedecidos. Agora, é preciso ter em conta a escala em que são feitas estas experiências piloto para não se tirar conclusões imediatistas... O que funciona para funciona para 50 l/s pode não funcionar para 50 m3/s.

De qualquer forma, o processo de flotação é eficiente, ele tem uma capacidade de remoção de sólidos suspensos e de matéria orgânica, medida como DQO7, por exemplo, de cerca de 70% a 80%. Ele é um processo eficiente... As dúvidas que colocamos são com relação ao funcionamento desta tecnologia em um curso natural de água. É fundamental que exista a viabilidade técnica na escala de 40 m3/s, de 50 m3/s, entre outras. Para que as pessoas leigas tenham uma noção, o significado de 50 m3/s, basta considerar que toda água produzida na RMSP é da ordem de 60 m3/s, que é uma quantidade enorme de água, e é preciso ter uma dimensão do significado disso para se ter um pouco de sensibilidade para a escala de aplicação que está sendo pretendida. O que está sendo proposto é que em uma estação se trate 50 m3/s, e para um número dessa ordem de grandeza, realmente, é fundamental saber a viabilidade técnica quanto à aplicabilidade. Como eu já disse a tecnologia é consagrada em ETAs e em ETEs, embora não seja muito usada entre nós, mas não há conhecimento quanto à sua aplicação diretamente em cursos d´água. Nós não temos referências a respeito dessa aplicação.

Os parâmetros de projeto e operação, para projetar uma estação dessas, obviamente, estão sendo tirados dos valores usuais em estações de tratamento de água, e em estações de tratamento de esgoto. São adotados parâmetros de vazão, de sólidos

7 DQO - Demanda Química de Oxigênio (mg/l)

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POR QUE NÃO CONSTRUIR UMA ÚNICA ESTAÇÃO, EM PEDREIRA, AO

INVÉS DE 7 ESTAÇÕES AO LONGO DO RIO

TIETÊ ?

suspensos, de quantidade de produtos químicos que serão usados, enfim, todos os parâmetros usuais naquelas condições de tratamento de água e esgoto. Em uma estação de tratamento de água, embora ocorra a flutuação da vazão tratada ao longo do dia e, ao longo do ano, o operador controla a quantidade de água que a estação pode ou quer tratar; o operador tem um controle sobre a vazão, pelo menos esse controle ele tem. Há preocupação com as intensas flutuações – os parâmetros sem possibilidade de controle - porque no rio não haverá a possibilidade de controlar a vazão. As vazões de um rio flutuam intensamente.

É da experiência visual que temos, observando os rios Pinheiros e Tietê, no nível baixo, com aquela água escura, quase negra, e todo vermelho nas épocas das enchentes. Imaginem, os valores da flutuação são da ordem de 100 a 300 vezes as vazões mínimas e máximas, então temos uma flutuação bastante intensa e não há possibilidade de controle desse fluxo. Assim, tem-se que imaginar que as estações estão sendo projetadas para atender faixas de flutuações muito grandes, que é um complicador adicional em um projeto de uma aplicação inovativa, como eu expliquei.

Terceiro: a tecnologia não estará sendo aplicada em situação similar à conhecida. Ela estará removendo, simultaneamente, material suspenso mineral e matéria orgânica. Na estação de tratamento de água, tem-se uma condição de água bruta onde, normalmente, a quantidade de matéria orgânica é muito pequena. As águas do rio Pinheiros têm uma flutuação de matéria orgânica, conforme a própria apresentação mostrou, anteriormente, bastante alta. Por exemplo, a matéria orgânica medida em termos de DBO8 no rio Pinheiros, dentro de um histórico de medições bastante grande, flutuou entre 6 e 214 mg/l, e 214 mg/l é uma quantidade, em termos de DBO, próxima do esgoto doméstico, fraco, diluído ou algo assim. Mas é como se nessa ocasião o rio realmente fosse um esgoto: ele está transportando uma DBO bastante alta. Isso significa uma quantidade de matéria orgânica bastante alta. Por outro lado, tem-se uma concentração de sólidos suspensos em geral flutuando enormemente. Ela varia desde algumas poucas dezenas, e na tabela da EMAE aparece isso, números da ordem de 30 mg/l a 2200 mg/l, que é uma situação correspondente, imagino, à época de enchente, por exemplo, que o rio está vermelho, cheio de argilas e de siltes.

A estação proposta estará removendo, simultaneamente, sólidos suspensos de origem mineral e matéria orgânica; isto corresponde a uma situação não usual, que precisa ser discutida e avaliada. O que se pretende em uma situação de sólido suspenso a 2200 mg/l? A estação vai ser projetada para remover tudo isso? Realmente, o rio será clarificado mesmo nesta situação? Ou vai deixar passar, e isso vai para a represa? E quando a concentração de sólidos suspensos, de minerais em geral, for baixa, por exemplo, e a carga orgânica for alta? Na espuma haverá, principalmente, matéria orgânica. O tratamento dado à mistura de minerais e orgânicos também é aplicável quando a concentração de matéria orgânica for alta? Esses são aspectos aos quais temos dúvidas.

Em quarto lugar, existe preocupação quanto ao tratamento dado aos sólidos, que é o que eu acabei de explicar agora.

Quinto: o valor das vazões em jogo – 40 a 50 m3/s – mesmo em aplicações mais consagradas, exige estudos cuidadosos para se ter operação confiável. Esse é um cuidado que se deve ter. Estações de tratamento de água ou de esgoto do porte de 40 m3/s, de 50 m3/s... Não temos estações de tratamento desse porte em São Paulo, à exceção de Guaraú (água para abastecimento), por volta de 33 m3/s. De qualquer forma, são obras gigantes e precisam ser desenvolvidas em cima de tecnologias já conhecidas, consagradas, operacionalmente verificadas e, ao longo do tempo aprimoradas. É preciso se deter frente a essas escalas, que exigem um estudo especial.

8 DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg/l)

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EM UM RIO AS VAZÕES FLUTUAM INTENSAMENTE!

E NÃO HÁ NENHUMA

POSSIBILIDADE DE CONTROLE DESTA

VARIÁVEL

O PROJETO NÃO TEM PARALELO EM SISTEMAS

EXISTENTES. UMA APLICAÇÃO NOVA DE UMA TECNOLOGIA EXISTENTE

DEVE SEMPRE RESPEITAR O ESTÁGIO DE

CONHECIMENTO E DE PRÁTICA DAQUELA

TECNOLOGIA

Sexto: o tratamento e a destinação da fase sólida é extremamente preocupante. Tem-se o transporte de lodo entre essas estações, e eu me pergunto: como será feito o transporte de lodo entre as estações? Nós temos três estações que contam com a possibilidade de tratamento do lodo e quatro outras que não terão tratamento do lodo. Esse lodo será transportado de cada uma destas quatro para cada uma dessas três; como será transportado? De caminhão ou por um lododuto? Como será feito este transporte? De qualquer forma também são volumes grandes e soluções complicadas de manejo. A massa e o volume de lodo são superiores às esperadas para todas as estações de tratamento de esgoto da RMSP em 2015.

Eu mostrei anteriormente que são 750 toneladas por dia de lodo seco. As estimativas de produção do lodo gerado no sistema proposto são maiores do que ocorrerá em conjunto nessas estações em 2015. Existe a estimativa, com base na fórmula apresentada (da AWWA), para a vazão, por exemplo, de 50 m3/s e uma concentração de sólidos suspensa apenas razoável, da ordem de 150 a 200 mg/l. Nesse caso, teríamos a geração de cerca de 800 toneladas de lodo seco por dia, é uma quantidade muito grande. No caso da flotação proposta, se adotarmos a concentração de 4% de sólidos, que é a concentração apresentada pela EMAE, haverá a produção em volume de 20 mil m3 de lodo. Esses números estão apresentados pela EMAE também, e eu não quero passar aqui por sensacionalista. Nos slides da EMAE tem-se a geração de lodo por estação, só que estão apresentadas por m3 por cada mil m3 de líquido. Mas fazendo as contas com aqueles valores, também se chega a cifras bastante altas. Se conseguíssemos uma concentração de sólidos de 20% o resultado ainda será bastante alto: um volume, da ordem de 4 mil m3.

Essas questões colocadas para a reflexão – os números de massa e de volume de lodo – preocupam, porque há uma grande carência de áreas para disposição de sólidos na RMSP. As áreas mais distantes comprometem em função do custo: a t/km transportado sobe bastante e, infelizmente, esta é a situação com a qual nos deparamos

na RMSP. Não existem áreas para a disposição. A proposta apresentada pela EMAE prevê a disposição em áreas de “bota fora”. Nós usamos esta expressão de “bota fora” para solo sem comprometimento de poluentes. “Bota fora” é uma linguagem dos técnicos que trabalham em terraplanagem e, assim, “bota fora de solo” é simplesmente um lugar onde se dispõe, compactando ou não, o solo. O lodo não deve e, creio, nem pode, ser considerado nesses termos. Ele tem que ser considerado como um material que tem que sofrer um processo de tratamento. Têm que ser verificadas as condições das substâncias químicas que estão presentes, dos poluentes

ainda presentes, entre outras. A operação do sistema apresentado não tem paralelo em sistemas existentes. Isto

eu já falei diversas vezes. Não se faz um projeto de engenharia com uma aplicação nova, como está sendo proposto, partindo para uma escala muito alta. Além dos estudos necessários, as aplicações respeitam sempre um nível ou um estágio de real conhecimento, de prática daquela tecnologia. Partir para aquela escala – são sete estações com vazões altíssimas, quantidades gigantescas de lodo, entre outros – não será, parece-me, a melhor maneira de conduzir um projeto, de desenvolver uma aplicação desta tecnologia.

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O QUE FAZER (TRATAMENTO) E ONDE COLOCAR (DISPOSIÇÃO FINAL) OS CERCA DE

800 TONELADAS DE LODO GERADAS POR DIA NAS

ESTAÇÕES DE TRATAMENTO ?

NÃO SE SABE AO CERTO A QUANTIDADE DE SÓLIDOS

E MATÉRIA ORGÂNICA, QUAL SERÁ O

TRATAMENTO APLICADO, QUAL A FORMA DE

REMOÇÃO (DUTOS?) E DA DISPOSIÇÃO FINAL

Com relação aos sólidos, o cálculo dos custos envolvidos torna-se complexo dado o desconhecimento das variáveis, que é uma complicação adicional para o tratamento desses sólidos, e que eu levantei ao longo da minha exposição. Fica complexo calcular quanto vai custar o tratamento; adensamento, condicionamento, desidratação, transporte, disposição adequada, entre outros. Parece-me bastante complexo calcular o custo envolvido. O projeto implica na remoção de sólidos minerais e orgânicos. Novamente, a questão da matéria orgânica tem que ser levantada. É algo que terá relevância, acredito que sim.

Uma outra questão é o prazo para a implantação: é um ano para a implantação? Eu não tenho conhecimento do tempo que foi despendido estudando esta questão, do tempo investido para se projetar e, se o projeto já está pronto... De qualquer forma, mesmo para a implantação, se estivesse tudo pronto, um ano para uma obra gigantesca não me parece factível.

Outra questão é que a proposição não apresenta uma clara concepção com relação ao projeto Tietê. Sinceramente, eu gostaria de ver como é que essa intervenção, essa iniciativa, enquadra-se dentro do projeto Tietê e do restante dos planos; mas, particularmente, com relação ao projeto Tietê, pois o projeto Tietê não previa isto, ele prevê a gradativa melhoria da qualidade das águas dos rios, com a implantação das estações de tratamento que foram implantadas. Estão sendo implantadas as redes também. Essas implantações estão um pouco atrasadas, mas esse Projeto está em andamento. A SABESP está dando andamento, e ele está em funcionamento. Essa questão me parece fundamental, e isto precisa ser explicado; precisamos ter o entendimento desta questão.

Uma proposição: há a necessidade do estudo de viabilidade técnica, aprofundada com a participação de várias áreas do conhecimento. Uma proposta desse porte, dessa magnitude, com esses complicadores naturais, essas circunstâncias complicadoras, exige a participação de uma série de especialistas de diversas áreas do conhecimento. É necessário um estudo de viabilidade técnica que deverá ser desenvolvido segundo diversas etapas, que deverão ser discutidas, e que envolvem, naturalmente, trabalhos

laboratoriais, trabalhos em escala piloto, experiências iniciais em protótipos ou algo do tipo. E a concepção do projeto deverá ser melhor explicitada, mostrando a integração com o projeto Tietê e os demais planos da RMSP. Não se pode partir para uma solução desse porte, nem para solução alguma, desconsiderando o que está em fase de implantação, que é o projeto Tietê.

Eram essas as considerações, e eu procurei destacar os aspectos que eu considerei mais importantes. E nós

continuamos aqui para o debate. Muito obrigado. Prof. Roberto Zilles: Tivemos aqui a apresentação, e para quem chegou durante a apresentação, creio que merece se fazer uma manifestação com relação à não participação da EMAE, da CETESB e da SABESP. Ontem às 17h00 se recebeu a informação dessas empresas, dizendo que não estariam presentes, portanto, não devemos desanimar por eles não estarem presentes, porque a gente tem a possibilidade de análise e de discussão do que é este projeto. Diante da mudança, da alteração, tivemos esta palestra do Ex.mo Dr. Wolney Castilho na parte da manhã e, eu solicito à Comissão Organizadora, ao Engo. Dorival Gonçalves Júnior, para que preste os

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esclarecimentos e encaminhe a programação do período da tarde, de forma que a gente saia daqui já com a previsão das discussões que vão ocorrer nesta tarde. Engo. Dorival Gonçalves Júnior: Talvez possamos aproveitar a presença do Dr. Wolney, caso alguém deseje esclarecimentos sobre a apresentação que ele acaba de fazer. Deixamos a palavra aberta a quem queira apresentar questões. Público: Antes de mais nada, quero parabenizar os companheiros aqui da área de energia da Universidade de São Paulo pela promoção deste Evento, que é extremamente oportuno. E quero também lamentar, mais uma vez, a ausência da EMAE, da CETESB e da SABESP nessa discussão. Quero dizer para vocês, que no último dia 27 de abril, na reunião do Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê esse era um dos temas que estavam pautados e, naquele momento, a EMAE, que tinha se comprometido a participar também não foi. E naquela ocasião foi aprovada uma nova reunião do Comitê, específica para debater esse tema e que vai acontecer – quero convidar todos vocês – no dia 24 de maio às 15h00 no Palácio das Indústrias. É uma reunião extraordinária do Comitê de Bacia do Alto Tietê, cujo ponto de pauta é a proposta de flotação do rio Pinheiros. Esse é um espaço aberto de debate e a gente espera que a EMAE nesse debate esteja.

Bom, eu sou o Edson, eu sou da Secretaria de Governo da Prefeitura de São Paulo. Eu só queria fazer uma pergunta para o Wolney que, aliás, fez uma exposição belíssima. Eu quero fazer só uma pergunta: que, na hipótese, de um amplo debate, a gente constate que, efetivamente, esse processo de tratamento através da flotação seja eficiente, que resolva todos os problemas, o fato de você bombear 50 m3/s isso pode causar um problema, que é uma coisa que você não levantou na sua fala, que é de você mexer, digamos assim, no lodo que está hoje estabilizado na Represa Billings. Isso, evidentemente, traria um problema para a água que hoje já é utilizada em grande medida para abastecimento humano... Eu quero que você fale um pouco sobre essa questão. Dr. Wolney Castilho: Eu não sei se eu vou conseguir responder esta questão. Existe, efetivamente, o problema de suspensão de material depositado na Represa Billings e, se essa re-suspensão se der próxima aos pontos de captação, talvez se tenha problemas adicionais, mas me parece que não existe uma relação direta entre o bombeamento na chegada da Represa Billings - na Estação Elevatória de Pedreira para a Billings - uma relação direta com essa re-suspensão, eu não sei avaliar com precisão, nem tenho idéia mesmo sobre essa possibilidade. Precisamos aqui de especialistas de outras áreas, para conhecer um pouco da hidrodinâmica do processo na represa. Engo. Dorival Gonçalves Júnior: Por uma questão de ordem: Professor Dr. Ivanildo Hespanhol da Escola Politécnica deseja fazer uma pergunta. Prof. Ivanildo Hespanhol: Bom dia a todos. O Sistema Billings, que existe há sessenta anos, ele foi uma concepção genial de engenharia! Ele, através de um pequeno recalque a alguns metros de Traição Pedreira, ele permitiu a queda de aproximadamente mil metros para a geração de energia em Henry Borden. Essa energia barata, gerada no ponto de consumo, na zona de consumo, é provavelmente uma das causas do desenvolvimento industrial de São Paulo. Ela promoveu o desenvolvimento industrial de São Paulo. Mas quando foi feito esse Sistema Billings, eles cometeram um engano em termos de gestão de recursos hídricos que se perpetua até hoje: esse Sistema Billings contemplava um uso setorial exclusivo que era o uso de geração de energia elétrica. Hoje, nós estamos do outro lado, contemplando um outro uso setorial exclusivo, que é o abastecimento de água. Quer dizer, em termos de gestão de recursos hídricos, que se prega a utilização múltipla do recurso hídrico, nós passamos a cometer o mesmo erro: quer dizer, a Billings, o Reservatório da Billings, como qualquer outro reservatório, ele tem que ser utilizado do ponto de vista de gestão múltipla, de utilização múltipla dos recursos.

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A FLOTAÇÃO NÃO ELIMINA GRANDE PARTE DOS

SÓLIDOS — OS CARCINOGÊNICOS E

OUTROS METAIS PESADOS, OS COMPOSTOS

ORGÂNICOS DISSOLVIDOS E OS PESTICIDAS — QUE

VÃO CAIR NA NOSSA TORNEIRA

Nós teríamos hoje uma possibilidade muito grande de utilização da Billings. Por exemplo, o lazer. Por exemplo, São Paulo tem uma demanda muito grande, uma demanda reprimida enorme de lazer. Se vocês forem ao aeroporto no fim de semana, os paulistanos vão ver avião subir e descer, ou senão, passeiam de escada rolante. Essa é a nossa alternativa para o fim de semana. Nós não temos possibilidade de lazer aqui na Cidade de São Paulo. Então eu não tenho dúvida que a Billings tem que ser visualizada do ponto de vista de aproveitamento múltiplo. Eu não tenho dúvida que nós devemos voltar a gerar em Henry Borden, não só por ser uma usina de ponta, que ela pode cobrir o apagão de São Paulo, cobrir a perda industrial de uma hora de produção industrial de São Paulo, e é extremamente significativo. Agora, gerar em Henry Borden é uma coisa, utilizar o sistema de tratamento que está proposto é outra, absolutamente contrária. Nós não podemos, de maneira nenhuma, aceitar esse tipo de tratamento que está sendo proposto aqui.

Eu assisti agora a brilhante exposição do Dr. Wolney, ele pôs todos os pontos, eu não vou entrar nos pontos que ele levantou com relação à flotação. Ele fez uma demonstração técnica e institucional, inclusive, com relação a diversos aspectos desse Projeto. Eu vou abordar apenas um ou dois pontos, que são os seguintes: o processo de flotação, ele é projetado e utilizado em uma área muito grande da engenharia. O Prof. Wolney abordou alguns desses aspectos: ele é usado, por exemplo, na indústria alimentícia, na indústria de papel para eliminar a celulose; é uma quantidade enorme de aplicações para a flotação. E nós sabemos qual é a função da flotação: é eliminar sólidos, alguns tipos de sólidos, sólidos pequenos. Aqueles que aderem à partícula de ar, flotam; uma grande quantidade de sólidos não é eliminada na flotação!... Eles vão continuar a sedimentar no rio Pinheiros, e vão trazer o processo de anaerobiose que existe hoje no rio Pinheiros. Se a gente passa quando está muito quente, no rio Pinheiros a gente vê aquelas bolinhas de ar - parece que está “fervendo”. Isso é o metano da digestão anaeróbia que está no fundo. Ela vai continuar a existir, certo?!

Bom, a flotação não remove todos os sólidos, então uma parte de sólidos vai ficar no sistema. E outro problema da flotação: ela não remove os compostos que estão solúveis na água, quer dizer, os carcinogênicos, os metanogênicos, os teratogênicos!... Eles vão passar: os metais pesados, os compostos orgânicos dissolvidos, os pesticidas... Eles vão continuar a ser bombeados para o Reservatório e vão cair, através do sistema de reversão Itaquaquecetuba, na Estação Alto da Boa Vista e na nossa torneira; não tem dúvida nenhuma que isso vai acontecer! Essa condição de não remover os compostos

orgânicos dissolvidos - compostos ou elementos, metais pesados, por exemplo – é uma falha do sistema que está sendo proposto.

Outro problema, do fato dele não remover certos elementos, que eu mencionei: uma grande parte deles são bio-resistentes, uma grande parte desses são biodegradáveis... O que vai acontecer com esses biodegradáveis? Eles terão uma demanda de oxigênio, quer dizer, é muito difícil conceber que se possa ter uma concentração de 5 mg/l de oxigênio dissolvido, com a demanda que esses sólidos vão proporcionar ao sistema. Então nós devemos analisar esse Projeto com muito cuidado.

Eu trabalho há quarenta anos em tratamentos avançados. Quando a gente trabalha na concepção de um sistema de tratamento, que é composto de operações e processos unitários, juntamos várias operações e vários processos unitários para chegar em uma qualidade de efluente pré-determinada. Nunca se imaginaria, nunca passaria pela minha cabeça, ou de qualquer outro técnico, fazer um sistema onde tem sólidos e solúveis, através de uma concepção ou de uma metodologia que só remove parte dos sólidos. Então, nós temos que rever esse Projeto com muito cuidado.

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SE FOR ADOTADO UM QUADRO DE SOLUÇÕES

MAIS AMPLO HÁ POSSIBILIDADE DE USO

DE DIVERSAS TECNOLOGIAS E TAMBÉM VÁRIAS

POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO

E um dos pontos que o Dr. Wolney levantou: nós temos que fazer um estudo piloto no Rio. Nós conhecemos o projeto de flotação, conhecemos a teoria e a prática. Nós não podemos resolver problemas de esgoto da ordem de 50 m3/s em tubos de ensaio. Não serve mais, nós não podemos mais aceitar isso (aplausos do público). Engo. Dorival Gonçalves Júnior: Dr Wolney, deseja comentar? A próxima inscrita, por gentileza. Público: Bom dia a todos. Meu nome é Cibile Muller, minha firma é Derfmuller Engenharia Acqua Brasilis. Nós atuamos na área de tratamento de esgotos em pequenas estações compactas.

Depois do Professor Hespanhol, eu acho que eu não tenho muito mais a contribuir. Agora, uma coisa que eu gostaria de colocar aqui em questão, seria o caso de fazer um piloto... Como é que o Dr. Wolney vê a possibilidade de fazer um projeto piloto num rio, a fim de se conseguir dados que possam embasar um projeto de uma magnitude maior como é esse que está sendo proposto? Que é uma coisa estarrecedora, de repente, se embarcar num projeto desses sem ter um mínimo de resultados, de experiência com um sistema como é este que está sendo proposto...

Um outro ponto que eu quero colocar é o ponto que ele falou do lodo, que o lodo teria que ser transportado de uma estação para outra, como é que seria feito isso? Provavelmente por bombeamento, uma vez que o lodo é super líquido. Então, nesse caso, de novo a gente vai chegar na necessidade de energia elétrica, num momento em que está procurando minimizar o consumo de energia.

E o outro ponto que eu quero colocar, que ainda eu acho que não é nem o momento talvez de falar nele, mas que ele deve ser considerado: é o impacto ambiental, que toda construção e operação vai causar. E que eu creio que isso deve ser considerado também.

Então é isso que eu quero colocar. Eu queria, justamente, questionar como você vê a possibilidade de se fazer um piloto em escala menor, que envolvesse recursos menores, e que pudesse trazer dados para um projeto maior. Dr. Wolney Castilho: Veja, parece-me que o Professor Ivanildo Hespanhol, que é um especialista em qualidade da água e em tratamento, faz uma sugestão também nesse sentido, de que a aplicação dessa tecnologia não deveria estar mais em escala laboratorial, mas em escala piloto. Parece-me que existe conhecimento razoável para que se instale estações piloto, e este seria o caminho através do qual, progressivamente, o Projeto poderia desenvolver-se. Mas eu quero colocar uma observação anterior, que é com relação àquela questão da concepção: eu quero despoluir os rios, eu quero gerar mais energia, eu quero ter mais água para abastecimento; e quais são as alternativas

que temos? Eu fiz questão, na minha apresentação, de

acentuar a falta de esclarecimento, de vinculação, de integração do projeto; do projeto de tratamento das águas do rio Pinheiros no quadro de soluções em que foi estabelecido o projeto Tietê. Então, antes de pensar como técnico, como engenheiro, antes de pensar na solução, pensar na forma de desenvolvimento desta tecnologia, questiono-me quanto às diversas possibilidades que temos: de tecnologias diversas, de possibilidades de aplicações diversas dentro do âmbito do que foi planejado no projeto Tietê. Esta é uma primeira questão.

Podemos imaginar uma situação - e nesse momento será importante, realmente, o esclarecimento da EMAE e da SABESP – onde as estações de tratamento somadas a um amplo programa de verificação de ligações clandestinas, de mistura de água pluvial

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DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA EMAE OBTIVE A RESPOSTA: “EM

NENHUM MOMENTO FICAMOS SABENDO DAS

CONSEQÜÊNCIAS DO BOMBEAMENTO DE

50 m3/s (ADICIONAIS) NA BILLINGS”

com esgoto, de esgoto com água pluvial, entre outros, fossem levadas a efeito segundo um prazo considerado adequado por todos, enfim, para que nós tivéssemos a possibilidade de retomar a reversão. A reversão não foi proibida... A lei mesmo parece que já antevê – ou antevia – essa possibilidade, que serão engendrados esforços no sentido de recuperar a qualidade das águas e, de impedir o bombeamento de águas poluídas. E não me parece, portanto, que a flotação seja um pressuposto imediato e, uma solução indiscutível.

Eu coloco em discussão a própria aplicação da tecnologia sem considerar todos os problemas, mais o enquadramento dela dentro de um conjunto de soluções que reveja todas as funções dos reservatórios, dos rios, entre outros. Isto foi feito e houve um debate intenso na sociedade quando foi rediscutido o projeto SANEGRAN. E foi estabelecido, posteriormente, com toda a movimentação em torno do projeto Tietê. E nesse momento parece que houve um corte, uma ruptura e, agora se fala em flotação. Então vamos estudar flotação, vamos aplicar flotação. Precisamos tomar cuidado com esse ponto. Devemos ser cautelosos quanto à adoção imediata dessa proposição. Público: Bom dia. Primeiro eu gostaria de parabenizar. Eu acho que esta iniciativa só vem a contribuir com a sociedade. Eu sou dirigente do Sindicato dos Energéticos, um dos representantes do ramo dos trabalhadores, e também sou Conselheiro de Administração dessa Empresa, a EMAE. Apesar de ser do Conselho de Administração, eu represento os empregados no Conselho de Administração.

Até por não poder responder pela Empresa aqui, mas eu gostaria fazer uma reflexão, não sou especialista na área de lodo, porque as minhas dúvidas, praticamente, já foram respondidas pelo Professor Wolney. Mas todas as vezes que o Governo tentou colocar um projeto para a sociedade sem ouvir a opinião pública, a sociedade organizada, apareceu uma crise. Eu me lembro sobre o processo de desestatização: apareceu uma crise do serviço público e todo o serviço público se tornou ineficiente. Na TELESP a telefonia era ridícula. Energia elétrica não tem mais investimento e se passou todo o processo de privatização, agora, a crise energética. Primeiro, veio o processo de flotação, alguns meses atrás, agora vem o apagão. É só para a reflexão: não que o apagão, eu discordo, sou do ramo, que o apagão não vai ocorrer. Ele vai, ele vai ocorrer, não porque o Governo quer ou porque a sociedade quer. Porque vai acabar, sozinho: a energia elétrica vai acabar... Porém, estão antecipando a crise para se colocar um projeto sem debate, sem discussão com a sociedade.

Sou conselheiro de administração dessa Empresa, discuto esse projeto no Conselho, e fiz a pergunta que o companheiro Edsinho, que está aqui, fez ao Professor Wolney: quais as conseqüências de 50 m3/s numa caixa d´água do paulistano, que está com a sua poluição em ritmo lento, mais de decantação, de sedimentação de seus poluentes, que colocaram no passado. A resposta que eu tive dos responsáveis era de que em nenhum momento - até me lembrou a última frase do nosso Presidente da República: “eu não sabia disso” -, ele também falou “ninguém sequer levantou em

nenhum momento sobre esse Projeto as conseqüências do bombeamento de 50 m3/s na Billings”.

Eu fiz questão, então, de que ficasse registrado que eu tenho essa preocupação e, que os responsáveis pelo Projeto deveriam analisar... Porque o Professor Wolney foi explícito: está aqui o projeto de flotação, é o melhor ou, não é? Isso, se debater com a sociedade organizada, com os técnicos, nós vamos chegar à conclusão de qual é o melhor método para despoluir o rio. Despoluir o rio, a sociedade não é contra, ninguém é contra. Gerar

energia elétrica, nesse momento, também muito menos, ninguém é contra. Agora, tem que ter um mínimo de respeito com a sociedade para saber o que ela quer. E a iniciativa

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TEM DE HAVER RESPEITO COM OS

DIREITOS DA SOCIEDADE

ESCOLHER O QUE ELA QUER

da USP aqui, ela já é anterior; não é por conta do apagão que nós estamos aqui. Nós estávamos debatendo os direitos da sociedade em relação a escolher o que ela quer, o que ela precisa nesse momento. Ela precisa perder água? A SABESP vai ser obrigada a gastar mais alguns milhões, para buscar água potável num outro local? Em outra fonte? Para permitir que se gere energia elétrica agora? Ou não? Nesse caso específico, tem que ficar claro, o fornecimento de água para a população paulistana será deficiente, e a população sofrerá com isso. Essa é a discussão que tem que se colocar. O processo de flotação vai gerar problemas imensos para a Cidade de São Paulo. Quando se fala ali em 750 toneladas de lodo, eu fico imaginando ele sendo transportado pela Marginal Tietê. Não, eu fico imaginando 700 toneladas/dia rodando pela Marginal. Ou então no lododuto, ou outro nome mais sugestivo que a gente possa dar.

Porém, o que precisa ficar claro é que não existe debate nenhum dos órgãos oficiais com a sociedade. Os órgãos oficiais se recusam a discutir com a sociedade o que fazer. E ai fica a grande pergunta: se é comprovado, é sabido, que despoluir o rio é necessário, porém, a metodologia correta seria despoluir os afluentes, os canais, o esgoto; o por quê, então, vamos despoluir o rio? Alguém irá despoluir, alguém irá ganhar energia elétrica para despoluir esse rio; será que não está aqui mais um “ovo de Colombo” para privatizar ad aeternum um método, sendo que amanhã ele será gratuito porque o Governo tem, a SABESP tem, o projeto de despoluição dos seus afluentes e canais. Amanhã esse empreendedor não irá ter que despoluir o rio porque, naturalmente, pelos órgãos governamentais, já estarão sendo despoluídos os seus canais. E ele terá o seu rio despoluído daqui a oito anos, cinco anos, somente com a energia elétrica? Ou, então uma fonte de receita? Porque é uma mina de dinheiro, porque poluição é o que mais a gente sabe fazer, então vamos jogar sujeira lá dentro e “ele” que limpe, “ele” que limpe, “ele” que limpe e, ganhe isso durante dez anos. É uma fonte de receita. Agora, a impressão que dá, é que ela é feita de forma no mínimo ilícita, porque não é séria, não é séria. Eu quero combater, eu quero ajudar enquanto cidadão, combater a fonte desse “lodo”, e o melhor método é nós termos gente competente para estar nos auxiliando. Agora, não ficar arrumando lugar para por lodo, e seria uma fonte de receita, uma nova fonte de receita, ou de enriquecimento ilícito. Obrigado. Engo. Dorival Gonçalves Júnior: Mais algum comentário, Professor Wolney? Alguém mais está inscrito? As inscrições se encerram na fala do último inscrito. Público: Meu nome é Pimentel. Eu, como o Professor Zilles já explicou, aqui não tem ninguém do Governo. Eu sou coordenador de saneamento na Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras. Fiquei sabendo desse Evento ontem às 17h00. Não estou aqui oficialmente, nem fui designado para participar deste Debate. Mas como técnico do setor, eu não posso furtar-me a participar. Eu, então, quis fazer essa ressalva antes.

E parabenizo o Wolney pela excelente apresentação, mas quero fazer um reparo. A questão da poluição difusa, Wolney, não foi considerada. Que mesmo que fosse tratado todo o esgoto em São Paulo no projeto Tietê, ainda nós teríamos o problema da poluição difusa, que o rio Pinheiros ainda seria um problema para ser bombeado para a Billings e, logicamente, as medidas para se resolver esse problema seriam educação ambiental e, uma série de medidas: uma melhoria na gestão dos resíduos sólidos, uma melhoria na fiscalização. Isso se aplica inclusive a partir de uma melhor solução que for dada para retomada do bombeamento.

A alternativa que foi apresentada, de uma única estação em Pedreira, com vazões da ordem de 50 m3/s, vazões dessa ordem me fazem lembrar a polêmica do SANEGRAN: estação integrada. Foi discutida, e todo mundo concorda aqui que era uma loucura, aquilo de 63 m3/s, lá em Barueri; e foi uma discussão toda. E resultou nessa

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MESMO QUE FOSSE TRATADO TODO O ESGOTO DE SÃO

PAULO, AINDA HÁ O GRAVE PROBLEMA

DA POLUIÇÃO DIFUSA

pulverização de estações de tratamento. E não estou aqui para defender o projeto, mas nesse caso, a alternativa apresentada de uma estação só, contra várias estações, parece que segue mais ou menos a lógica do que existe hoje no SANEGRAN, quer dizer, se não é possível tratar tudo de uma vez, trata-se por etapas.

Bom, outra observação sobre a questão da crise energética, que seria comparada a uma situação de guerra, que talvez, pela geração estratégica que é a Henry Borden. Nós temos discutido isso na Câmara Técnica do Alto Tietê, e nela participam os técnicos da EMAE, que têm dado esses depoimentos, que a Henry Borden é estratégica na geração e, no caso de apagão, que ela pode energizar o centro nervoso de São Paulo. E que então justificaria qualquer tentativa para a retomada da geração, ou aumento da geração em um caso de falta de energia. Mas uma observação é a seguinte, uma questão que foi levantada agora pelo colega, de que daqui a alguns anos o rio estará limpo e, que esse empreendedor, eventual empreendedor, ele estaria então nadando de braçada em um rio limpo e faturando a energia, entre outros. Mas eu me lembro que a proposição é de devolução do sistema em dez anos. Em dez anos, muito provavelmente, não teremos o rio limpo... Recentemente, estive em recepção a uma comitiva da Prefeitura de Estocolmo, na Suécia, onde discutimos a questão de saneamento e comparamos com o exemplo de São Paulo, e uma pessoa da missão me perguntou se nós acreditamos mesmo que esse rio vai ficar limpo, comparado com o Tâmisa, comparado com outros casos no mundo.

Bem, essas são algumas reflexões em cima do que foi aqui apresentado e, quero fazer uma observação que também foi feita na Câmara Técnica do Alto Tietê, de Saneamento, que existe uma disposição. Nós estamos aqui ouvindo um lado só... É uma pena que nós não possamos ouvir o outro lado... Existe uma disposição e parece que estão aqui atacando um processo unitário de tratamento de um sistema de tratamento, quer dizer, vamos atacar a flotação. Até, eu, por questões pessoais, até deveria defender a flotação, o meu primeiro trabalho na Inglaterra foi com flotação, seguida depois de uma sedimentação, então na verdade era um auxiliar do sistema, mas a escala em que eu trabalhei não me permite fazer nenhuma defesa técnica. Mesmo porque, o Professor Ivanildo está aqui presente, e eu não vou atrever-me, em virtude das competências presentes. Então, são essas as questões que eu gostaria de colocar e que as mesmas tenham uma reflexão a respeito. Obrigado. Dr. Wolney Castilho: Eu vou fazer algumas observações sobre o que o Pimentel colocou. Primeiro, essa questão da recuperação do rio Pinheiros em dez anos, sinceramente, eu não tenho informações suficientes para afirmar se vai estar ou não, e o grau de despoluição, eu não tenho esses informações. Quer dizer, você coloca aqui em um dos pressupostos do Projeto Tietê, ou pelo menos você me deu a entender que o Projeto Tietê não trabalha com essa questão da poluição difusa. Na minha apresentação eu não mencionei essa questão da poluição difusa, e na realidade este é um problema muito sério. A poluição difusa é especialmente problemática por causa das ligações clandestinas. Pela nossa experiência, sabemos que essas ligações clandestinas são feitas tanto por domicílios residenciais quanto pelas indústrias, e mesmo pelo poder público, a exemplo de agentes municipais. Existe uma conexão cruzada, generalizada, entre água pluvial e esgoto, e vice-e-versa, que complica bastante todo o processo. Mas essa é a realidade sobre a qual tem-se que trabalhar. Existem exemplos de companhias – lembro-me de uma apresentação de técnicos da COPASA, de Belo Horizonte – trabalhando exatamente nesta questão; localizando conexões cruzadas, um trabalho miúdo, duro, demorado. Começando pelas maiores, obviamente, canais de drenagem e água fluvial que recebem canais de esgoto e, corrigindo essa situação, e vice-e-versa. Então, é um trabalho que pode ser feito, e a poluição difusa, em vários aspectos, em termos de poluição generalizada, que envolva a participação da população, também deve

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ser feito. Eu não descarto, porque senão não haverá solução para nossos problemas de poluição. Dizer que “esses milhares de ligações clandestinas a gente não vai conseguir resolver...”. Nesse caso, então, se a gente partir desse pressuposto, é melhor trabalhar com outras bases de raciocínio. Se a gente passar no rio Pinheiros, veremos que existem muitos canais de águas fluviais que em época de seca estão lançando água, que não é água, é esgoto. Se a gente trabalhar com a hipótese de que “não tem jeito”, não iremos a lugar algum. Mudemos a estratégia, totalmente, esta questão de fato tem que ser enfrentada, e ela faz parte da solução do problema geral. E o grau de poluição do rio que poderemos alcançar é uma questão que fica para ser respondida.

Com relação à questão de colocar uma única estação, entendam, eu não sugeri colocar uma única estação, primeiro, porque eu não tenho uma solução para este problema, como já disse ao responder a uma questão anterior. Penso que devemos estudar as diversas hipóteses em jogo, as diversas possibilidades para, eventualmente, adotar uma proposta de despoluição através do tratamento da própria água do rio. E coloquei aquela proposição de uma única estação como um contraponto lógico. Obviamente, se pensarmos um pouco, poderemos imaginar um sistema gradativo: entra Traição e trata um pouco, os córregos estão sendo tratados (os principais), depois se eleva a qualidade da água em Retiro, depois Traição, depois Pedreira e assim sucessivamente. Veja bem Pimentel, a questão que eu quis colocar é a seguinte: o projeto não fala sobre isso, ele fala de estações de flotação, que são sete, e em nenhuma delas se trata do grau de despoluição ou de funcionamento, nem de questões correlatas. Então me parece lícito usar de um contraponto lógico, se uma é solução, realmente, então não precisa instalar sete estações. E é apresentado, explicitamente, no Projeto algo que me parece ser a explicação dada. Eu não sei se é uma justificativa suficiente, mas se trata do seguinte, é a despoluição do rio como um todo - tem-se uma característica estética que equivale a uma valorização imobiliária e urbanística; inclusive para reforçar esta idéia tem uma estação de aeração, de recuperação de oxigênio dissolvido, que não remove poluente, para recuperar o rio na sua total extensão. É uma outra questão, iremos despoluir nossos rios dessa forma? Bom, é apenas isso que pretendi colocar. Engo Dorival Gonçalves Júnior: Bom, não havendo ninguém mais inscrito; oh, desculpe. Pois, não. Público: Meu nome é Sourak, eu estou aqui na condição de Coordenador da Câmara Técnica da Qualidade das Águas do Comitê do Alto Tietê.

Gostaria de fazer uma consideração quanto a este Projeto: parece que o Governo do Estado, ele sempre prefere atacar as conseqüências do que as causas. Parece-me lógico que esse Projeto na realidade tenta sanar um problema causando outros problemas. Eu não vou me ater às questões ambientais, porque não sou um profissional da área, mas gostaria de fazer uma reflexão em cima da questão dos resíduos que vão para os rios e, gostaria de colocar para a Mesa, se não será também interessante se esse projeto de flotação passasse, de ter associado a ele um projeto de tratamento de controle e tratamento de resíduos sólidos em toda a Bacia. Digo isto por quê? Porque aqui se está falando em termos de retirada de sólidos em suspensão, nesse Projeto. Se nós estamos trabalhando com isso, claro que o Projeto, a concepção do Projeto, ela parte do princípio de que esse rio, ele sempre vai estar poluído, esta é a questão que deve estar colocada aqui, que este rio sempre vai estar poluído, quer dizer, não se concebe a limpeza do rio em nenhum momento, ou seja, nesse projeto do Tietê.

A outra questão que eu gostaria de colocar é em relação ao consumo de energia dessas estações, eu não gostaria de antecipar o Debate da tarde, mas eu acho que é necessário nós estarmos fazendo uma reflexão em cima disso, porque na ponta vai estar sendo gerada energia também e esse balanço precisa ser feito. Dr. Wolney Castilho: Interessante essa observação, se o rio estará sempre poluído ou não. Uma hipótese que me ocorreu sobre a justificativa do uso da flotação,

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“E SE O TIETÊ FOR DESPOLUÍDO,

IREMOS CONTINUAR COM

TODAS ESSAS ESTAÇÕES DE

FLOTAÇÃO PARA QUE?”

paralelamente, com a consecução do projeto Tietê, será a de que ele seja uma implantação provisória, ou seja, em determinado momento o projeto Tietê será suficiente para elevar a qualidade da água até um patamar considerado desejável, um patamar adequado. E nesse momento continuaríamos com as estações de flotação para tirar sólidos suspenso? Não, é lógico que não. Essa questão precisa ser tocada. Existe aqui até mesmo um aspecto psicológico que precisamos entender. As estações piloto, as experiências que estão sendo feitas no Ibirapuera impressionam visualmente, e dão uma noção um pouco falsa de despoluição. A flotação tem um efeito imediato, rápido, de clarificação da água, e as pessoas poderão ser levadas a imaginar que a despoluição do rio Pinheiros significa que um dia o rio vai estar com essas águas com turbidez baixíssima, em que os peixes serão vistos, mas isto não acontece em nenhum lugar do mundo.

Quanto a esta última pergunta que foi feita “se o rio estará sempre poluído”, ocorreu-me que uma das possibilidades seria essa: a implantação da obra como algo provisório. Um projeto de tratamento de resíduos sólidos em toda a Bacia, como foi colocado, é absolutamente necessário para uma gestão de resíduos sólidos na Região Metropolitana como um todo, é um problema sério. Essa geração de lodos de ETAs e de ETEs de alguma forma compõe, faz parte, atualmente, da problemática, porque os locais de disposição de lodo de estações de tratamento de esgoto estão ficando comprometidos. A SABESP tem um programa específico, tem trabalhado em cima desta questão e, realmente, isso se faz necessário.

Com relação ao consumo de energia, realmente, é algo preocupante, porque essas tecnologias todas usando bombeamento de ar, bombeamento de lodo, centrífugas, entre outros, são altamente consumidoras de energia elétrica. As estações, pelo menos do que se conhece das estações de tratamento de esgoto por lodo ativado, por exemplo em Barueri, o consumo de energia elétrica é altíssimo e, em alguns casos a SABESP inclusive tem se preocupado com isso, porque está começando a pesar o custo de operação do sistema. Eu tenho conhecimento de pelo menos uma estação de tratamento, que era para ser feita com aeração prolongada no interior do Estado de São Paulo pela SABESP, e o projeto foi modificado, incorporando uma solução de tratamento anaeróbio, por conta do custo com operação, o custo com energia elétrica que iria ter nessa estação. De repente, esse fator poderá começar a pesar, como aconteceu nesse exemplo que eu dei, se mudarem as práticas consagradas e buscarem soluções para esse problema de geração de energia. Engo. Dorival: Bom, finalizando então os trabalhos aqui nesta primeira parte, nós queremos agradecer, em nome do Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia, a presença do Professor Dr. Wolney, até mesmo pelo improviso que tivemos que fazer, em função da não presença, lamentavelmente, cancelada ontem entre 17h00 e 18h00, dos três órgãos que são responsáveis pelo Projeto: SABESP, EMAE e CETESB, que convidados estavam desde quatro de abril e, que haviam manifestado interesse em participar. E, um deles através de fax, e os demais pelo telefone, lamentavelmente, no final do dia desmarcaram suas presenças.

Então, nós queremos destacar a todos os presentes que retomaremos os trabalhos às 14h00, com as atividades e, já está confirmada a discussão de aspectos ambientais relativos ao sistema de tratamento, que será feita pelo digníssimo senhor José Eduardo Campos Siqueira, que é especialista em saneamento e meio ambiente da FNU9. E, na seqüência teremos o Professor Ildo Luís Sauer, para fazer a discussão referente à venda adicional de energia, ou seja, os 298 MW médios, decorrentes da melhoria da qualidade de água do rio Pinheiros. Bom almoço a todos.

9 FNU - Federação Nacional dos Urbanitários

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SISTEMAS DE TRATAMENTO SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA POR FLOTAÇÃO:DE ÁGUA POR FLOTAÇÃO:

questões e alternativasquestões e alternativas

Wolney Castilho AlvesSeção de Saneamento AmbientalInstituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT

O FENÔMENO DA FLOTAÇÃOO FENÔMENO DA FLOTAÇÃO

AR

sólidos em suspensão

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FORMAS DE FLOTAÇÃOFORMAS DE FLOTAÇÃO-- por por ar dissolvidoar dissolvido --

válvula contr. pressão

ar

bomba pressurizadora

líquido

ar

ar dissolvido

nolíquido

tanque pressurizado

cortina extravasor

FORMAS DE FLOTAÇÃOFORMAS DE FLOTAÇÃO-- a pressão atmosféricaa pressão atmosférica --

bomba de ar

ar

difusores

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TRATAMENTO DE ÁGUA PARA TRATAMENTO DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTOABASTECIMENTO

COAGULAÇÃO

ÁGUA BRUTA

FLOCULAÇÃO

SEPARAÇÃO LÍQUIDO-SÓLIDO

FILTRAÇÃO DESINF. + COR. pHÁGUA

POTÁVEL

decantação ou flotação

DISPOSIÇÃOSÓLIDOSFASE SÓLIDA

produtos químicos

sulfato de alumíniocloreto férricopolieletrólitos

TRATAMENTO DE ÁGUA PARA TRATAMENTO DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO ABASTECIMENTO -- decantaçãodecantação

FASE SÓLIDA DISPOSIÇÃOSÓLIDOS

floculador filtrodecantador

sólidos decantados

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TRATAMENTO DE ÁGUA PARA TRATAMENTO DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO ABASTECIMENTO -- floculaçãofloculação

floculadorflotador

filtrosólidos flotados

raspador ouaspirador

TANQUE PRESSURIZADODISPOSIÇÃO

SÓLIDOS

TRATAMENTO TRATAMENTO DA FASE SÓLIDA DA FASE SÓLIDA -- lodos de tratamento de águalodos de tratamento de água --

CONCENTRAÇÃO DE SÓLIDOS DO LODO

DECANTAÇÃO

0,3 % a

2,5 %

FLOTAÇÃO

2 % a

4 %

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TRATAMENTO TRATAMENTO DA FASE SÓLIDA DA FASE SÓLIDA -- lodos de tratamento de águalodos de tratamento de água --

ADENSAMENTO

lodo

CONDICIONAMENTO

DISPOSIÇÃO FINAL

gravidadeflotaçãomecânico

DESIDRATAÇÃO

centrífugafiltro prensafiltro a vácuoleito de secagem

aterro sanitáriodisposição no solo

conc. final de sólidos:18% a 22%

TRATAMENTO TRATAMENTO DA FASE SÓLIDA DA FASE SÓLIDA -- lodos de tratamento de águalodos de tratamento de água --

QUANTIDADE DE LODOS GERADA

Usando sais de ferro:PL = Q.(2,88.DFe + SS + CAP + AO).10-3

Exemplo:ETA Q = 10 m3/sDFe = 50 mg/L

Produção aproximada de lodo seco: PL = 160 ton/dia conc. sólidos = 2%vol. de lodo úmido = 7850 m3/dia

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TRATAMENTO DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIASÁGUAS RESIDUÁRIAS-- lodos ativadoslodos ativados --

TRAT. PRELIM.

ESGOTO

SEDIMENTAÇÃO PRIMÁRIA

ou flotação

FASE SÓLIDA

EFLUENTE LÍQUIDOTRATADO

DECANTAÇÃOSECUNDÁRIA

AERAÇÃO

TRATAMENTO DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIASÁGUAS RESIDUÁRIAS-- tratamento da fase sólida tratamento da fase sólida --

gravidade ou flotação

ESPESSAMENTO DO LODO DECANTADO

NO DECANTADOR SECUNDÁRIO

DECANTAÇÃOSECUNDÁRIA

DISPOSIÇÃO FINALCONTROLADA

DIGESTÃO ANAERÓBIA

DESIDRATAÇÃO

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TRATAMENTO DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIASÁGUAS RESIDUÁRIAS-- tratamento da fase sólida tratamento da fase sólida --

ESPESSAMENTO DO LODO DECANTADO

NO DECANTADOR SECUNDÁRIO

DIGESTÃO ANAERÓBIA

DESIDRATAÇÃO

DISPOSIÇÃO FINALCONTROLADA

gravidadeflotação

centrífugafiltro prensafiltro a vácuoleito de secagem

aterro sanitáriodisposição no solo

conc. finalde

sólidos:18% a 22%

TRATAMENTO DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIASÁGUAS RESIDUÁRIAS-- tratamento na RMSPtratamento na RMSP

ESTAÇÕES

BARUERISUZANOPQ NOVO MUNDOSÃO MIGUELABC

VAZÃO TRATADA2001 ~ 15 m3/s2015 ~ 50 m3/s

LODO SECO 2001 ~ 235 ton/dia2015 ~ 750 ton/dia

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TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

OBSERVAÇÕES PRELIMINARESOBSERVAÇÕES PRELIMINARES

a análise se baseia nas informações técnicas contidas na a análise se baseia nas informações técnicas contidas na apresentação por apresentação por slidesslides distribuída pela EMAE / SABESP / distribuída pela EMAE / SABESP / CETESB CETESB

os comentários e sugestões tem o propósito de oferecer os comentários e sugestões tem o propósito de oferecer uma contribuição no plano técnicouma contribuição no plano técnico

somente serão levantados alguns tópicos considerados somente serão levantados alguns tópicos considerados mais relevantes para reflexão conjuntamais relevantes para reflexão conjunta

o tema requer a participação de especialistas de outras o tema requer a participação de especialistas de outras áreas do conhecimentoáreas do conhecimento

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

TÓPICOS A SEREM ANALISADOSTÓPICOS A SEREM ANALISADOS

APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA

CONCEPÇÃO

CONDICIONANTES

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TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

RIO TIETÊ

CÓRREGO JAGUARÉ

CÓRREGO PIRAJUSSARA

CÓRREGO MORRO DO “S”

RIO

PINH

EIRO

S

CÓRREGO ZAVUVUS”

REPRESA BILLINGSGUARAPIRANGA

ESTRUTURA DO RETIRO

ELEVATÓRIA DE TRAIÇÃO

ELEVATÓRIA DE PEDREIRA

2

3

4 5

6

EFRF1 - RETIRO40m3/s

EFRF2 - TRAIÇÃO45m3/s

EFRF2 - PEDREIRA50m3/s

EFRF4 - JAGUARÉ1,05m3/s

EFRF5 - PIRAJUSSARA2,10m3/s

EFRF5 - MORRO DO “S”1,05m3/s

EFRF5 - ZAVUVUS0,70m3/s

SISTEMA DE MICROAERAÇÃO1

7

ESQUEMA GERAL DO SISTEMA

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

PRESSUPOSTOS BÁSICOSPRESSUPOSTOS BÁSICOS

RESOLUÇÃO CONJUNTASEE-SMA-SRHSO 1, de 31/01/2001

TECNOLOGIA E SOLUÇÃO PRECONIZADA

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Artigo 1ºArtigo 1º - As águas afluentes e as do próprio Canal do Rio Pinheiros, após tratamento adequado, poderão ser bombeadas para o Reservatório Billings, para fins de geração de energia elétrica adicional na Usina Henry Borden (excetuando-se os casos já previstos na Resolução conjunta SEE-SMA-SRHSO I, de 13/3/96 ), desde que atendam aos padrões de emissão preconizados no artigo 18 do Regulamento da Lei n.º 997/76, aprovado pelo Decreto n.º 8.468/7 6, combinado com o artigo 21 da Resolução CONAMA n.º 20/86, prevalecendo o mais restritivo, como também aos limites para os seguintes indicadores de qualidade:

Fosfato total ( mg/L P ) ≤≤ 0,025Oxigênio Dissolvido ( mg/L ) ≥≥ 5,0Cor aparente ( mg Pt/L ) ≤≤ 75Turbidez ( UNT ) ≤≤ 100

§ único§ único: Para verificação do atendimento ao disposto neste artigo deverá ser implementado um programa de monitoramento em tempo real das águas bombeadas para o Reservatório Billings.

PRESSUPOSTOS BÁSICOSPRESSUPOSTOS BÁSICOS

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

CONCEPÇÃOCONCEPÇÃODespoluição do rio para permitir reversão, geração de energia e abastecimento a partir da Billings

Pressuposto:

Questõesa) por que tratar as águas do rio no próprio rio se a solução tradicional e controlar e/ou suprimir as fontes de poluição?

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TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

CONCEPÇÃOCONCEPÇÃO

Questõesb) por que tratar a extensão toda do rio, já que a demanda de água na Billings seria atendida com uma só estação (em Pedreira)?

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

CONDICIONANTESCONDICIONANTES

os resultados relativos à eficiência de remoção das estações piloto mostram o atendimento à Resolução Conama 20, Decreto 8468 e Resolução Conjunta SEE-SMA-SRHSO 1

no entanto, há que ressalvar que se tratam de experimentos em escala bastante diferenciada daquelas previstas para implantação

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TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

CONDICIONANTESCONDICIONANTES

é óbvio que a viabilidade técnica da implantação pretendida NA ESCALA EM QUE ESTÁ PROPOSTA é um condicionante fundamental

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

CONCEPÇÃOCONCEPÇÃODespoluição do rio para permitir reversão, geração de energia e abastecimento a partir da Billings

Pressuposto:

Questõesa) por que tratar as águas do rio no próprio rio se a solução tradicional e controlar e/ou suprimir as fontes de poluição?

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TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

APLICABILIDADEAPLICABILIDADE

1) a tecnologia tem aplicação consagrada em ETAs e ETEs. Não há conhecimento de sua aplicação diretamente em cursos d’água;

2) os parâmetros de projeto e operação serão obrigatoriamente vinculados à aplicação em ETAs e ETEs. Há preocupação principalmente quanto à s intensas flutuações dos parâmetros sem possibilidade de controle;

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

APLICABILIDADEAPLICABILIDADE

3) a tecnologia não estará sendo aplicada em situação similar à conhecida. Estará removendo simultaneamente material suspenso mineral e matéria orgânica;

4) existe preocupação quanto ao tratamento a ser dados aos sólidos: a flutuação da DBO e de SS mostra que ocorrerão situações de grande concentração de DBO e baixa concentração de SS, por exemplo e vice-versa;

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TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

APLICABILIDADEAPLICABILIDADE

5) o valor das vazões em jogo (40 ou 50 m3/s) mesmo em aplicações mais consagradas exige estudos cuidadosos para operação confiável;

6) o tratamento e destinação da fase sólida são extremamente preocupantes. Além do transporte de lodo entre as estações, a massa e volume de lodo são superiores à s esperadas para todas as ETEs da RMSP no ano 2015;

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

- com base na fórmula apresentada, para uma vazão de 50 m3/s, estima-se a geração de cerca de 800 ton/dia de lodo seco;

- para uma concentração de 4% de sólidos esta massa corresponde a um volume de aproximadamente 20.000 m3/dia de lodo

- a 20% de concentração de sólidos o volume ainda seria altíssimo: 4000 m3/dia

ESTIMATIVAS DE MASSA E VOLUME ESTIMATIVAS DE MASSA E VOLUME DE LODO DE LODO

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TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

QUESTÕES PARA REFLEXÃOQUESTÕES PARA REFLEXÃO

SÓLIDOS:SÓLIDOS:a)as enormes cifras em massa e volume preocua)as enormes cifras em massa e volume preocu--

pam. Há uma grande carência de áreas parapam. Há uma grande carência de áreas paradisposição de sólidos na RMSP. Áreas maisdisposição de sólidos na RMSP. Áreas maisdistantes comprometem pelo lado do custo.distantes comprometem pelo lado do custo.

b)a operação de sistemas de tratamento de lodob)a operação de sistemas de tratamento de lododa magnitude apresentada não tem paralelo em da magnitude apresentada não tem paralelo em sistemas existentes.sistemas existentes.

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

SÓLIDOS:SÓLIDOS:c)o cálculo dos custos envolvidos tornamc)o cálculo dos custos envolvidos tornam--sese

complexos dado o desconhecimento dascomplexos dado o desconhecimento dasvariáveis.variáveis.

d) o projeto implica na remoção de sólidos d) o projeto implica na remoção de sólidos minerais e orgânicos quando estes últimos minerais e orgânicos quando estes últimos deverão ser removidos nas ETEs. deverão ser removidos nas ETEs.

QUESTÕES PARA REFLEXÃOQUESTÕES PARA REFLEXÃO

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TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

ESCALA DA IMPLANTAÇÃO:ESCALA DA IMPLANTAÇÃO:

a) por ser aplicação inovadora a proposta a) por ser aplicação inovadora a proposta parece demasiadamente audaciosa. As cifras parece demasiadamente audaciosa. As cifras relativas à s vazões, tratamento, transporte e relativas à s vazões, tratamento, transporte e disposição de sólidos são incomuns mesmo em disposição de sólidos são incomuns mesmo em tecnologias tradicionais de tratamento de tecnologias tradicionais de tratamento de esgoto, por exemplo.esgoto, por exemplo.

QUESTÕES PARA REFLEXÃOQUESTÕES PARA REFLEXÃO

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

PRAZO PARA IMPLANTAÇÃO:PRAZO PARA IMPLANTAÇÃO:

a) aliado ao problemas anteriores, o prazo de a) aliado ao problemas anteriores, o prazo de implantação não parece ser factível. implantação não parece ser factível.

QUESTÕES PARA REFLEXÃOQUESTÕES PARA REFLEXÃO

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TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

INTEGRAÇÃO AO PROJETO TIETÊ:INTEGRAÇÃO AO PROJETO TIETÊ:

a) a proposição, na forma como vem sendo a) a proposição, na forma como vem sendo apresentada, não mostra claramente sua apresentada, não mostra claramente sua integração com o projeto Tietê. integração com o projeto Tietê.

QUESTÕES PARA REFLEXÃOQUESTÕES PARA REFLEXÃO

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO PINHEIROS POR FLOTAÇÃO

a) há necessidade de um estudo de viabilidade a) há necessidade de um estudo de viabilidade técnica aprofundado, com a participação de técnica aprofundado, com a participação de várias áreas do conhecimento; várias áreas do conhecimento;

b) a concepção do projeto deve ser melhor b) a concepção do projeto deve ser melhor explicitada mostrando o grau de integração ao explicitada mostrando o grau de integração ao projeto Tietê e demais planos de recursos projeto Tietê e demais planos de recursos hídricos e saneamento da RMSP.hídricos e saneamento da RMSP.

PROPOSIÇÃOPROPOSIÇÃO

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MESA 3 - ASPECTOS AMBIENTAIS JOSÉ EDUARDO DE CAMPOS SIQUEIRA - FEDERAÇÃO NACIONAL DOS URBANITÁRIOS TEMA - ASPECTOS AMBIENTAIS RELATIVOS AO SISTEMA DE TRATAMENTO Coordenador – Dr. Cláudio Scarpinella Relator – Hélvio Rech Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo

Dr. Cláudio Scarpinella: a palavra está concedida ao químico José Eduardo de Campos Siqueira. Químico José Eduardo de Campos Siqueira: Penso que desta nossa reunião de hoje urge que saia uma estratégia comum, uma proposta para a nossa ação futura em relação a este tema. Eu penso que além disso existem duas questões que antecedem, e que nós temos que incorporar em nosso Debate. Uma é a questão da assimetria de poder e de informação. Eu penso que a ausência das entidades ligadas ao Governo – EMAE, SABESP e CETESB – de certa maneira, representam um retrocesso, senão uma reprodução de uma prática corrente que todos nós aqui conhecemos, uma prática autoritária de elaborar os projetos sem o debate com a comunidade científica, e muito menos a sociedade. E também reflete um certo comodismo por parte do Governo. Eu penso que eles sabem muito bem que a nossa posição é muito complicada. Nós que temos críticas a fazer ao Projeto, podemos passar facilmente como aqueles que não querem que se gere energia em um momento agudo de crise, como esse que estamos vivendo, e que não querem que o rio Pinheiros fique limpo. Então eu penso que é uma postura no mínimo oportunista, consistente com práticas anteriores, que é a de ganhar por “WO”: não aparecer, fugir ao Debate e ficar ao sabor da onda de quem passa para o grande público um plano consistente e charmoso, que concilia a limpeza do Rio que todos nós queremos e sonhamos – as nossas gerações sonham com a limpeza do Rio – e a produção conjuntural de mais energia elétrica. E temos que considerar isto na formulação de nossas táticas futuras. Em primeiro lugar, eu quero tocar mais uma vez em aspectos relativos à eficácia: esse é um aspecto central que o Dr. Wolney tocou e que devemos reforçar. Quando se fala na questão da eficácia se fala da oportunidade de aplicação desse método. Como surge e se justifica esse Projeto? Temos hoje o projeto Tietê, que é um projeto direto, ele não tem segredos, ele é passível de ser entendido e compreendido pelos usuários, porque ele se baseia na coleta e no tratamento dos esgotos. É um método direto e universal. Método que tem sido utilizado universalmente para a despoluição do Tâmisa, do Sena, do Arno, em Florença (que é um rio que tem as dimensões que tem o Tietê e o Pinheiros), e que é um rio que está cheio de peixes, é um rio limpo, é um rio que oferece o lazer, que tem uma tratabilidade muito boa, apesar de atravessar uma região industrial.

Então esse é o ponto: será que é possível a despoluição do rio Pinheiros e do rio Tietê? Penso que sim, e a experiência internacional oferece múltiplos exemplos de que é possível despoluir rios por esse método que todas as pessoas entendem, e mais que isso, é um método antigo – e isto já foi lembrado aqui, hoje. De um projeto, o projeto Tietê, que é fruto de uma revisão que foi feita em 1983 no SANEGRAN; uma ampla revisão da qual a comunidade técnica e científica pôde participar (e as empreiteiras mais ainda), e que deriva do próprio projeto SANEGRAN, que emerge depois da seqüência de debates ocorridos nos anos 70, emerge como a solução para o esgotamento sanitário da RMSP. Por que, de repente, se lhe substitui, se lhe superpõe um projeto de tratamento físico-químico de uma mistura de água limpa com esgoto sanitário. Por que? O que o justifica isso? A carga difusa?

A carga difusa com certeza é uma carga muito grande. Não temos dúvida de que quando todo o sistema estiver pronto, teremos um remanescente de carga difusa muito

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O PROJETO SANEGRAN PARA O RIO TIETÊ FOI CONSOLIDADO APÓS

INTENSOS DEBATES NA DÉCADA DE 70. PORQUÊ,

DE REPENTE, ESTE PROJETO É

SUBSTITUÍDO, SUPERPOSTO?

significativo, mas também já foi apontado hoje aqui que existem metodologias válidas e consistentes com o projeto Tietê, por exemplo, a pesquisa e a eliminação dos lançamentos indevidos de esgoto na micro e macrodenagem, a exemplo do que foi realizado recentemente em Santos e eu pude participar. Lá eu protagonizei uma experiência muito interessante na qual a Prefeitura, conseguindo celebrar um convênio de ação conjunta com a SABESP, em um momento politicamente excepcional em que a SABESP - dentre os seus 30 anos de existência e, eu que estou lá ao largo deste tempo pude vê-la assinando um convênio desse tipo – assinou um convênio com a Prefeitura que não é um absurdo, aliás, é uma obrigação para uma concessionária pública. Com ele, a SABESP e a Prefeitura de Santos conseguiram reduzir, substancialmente, a carga poluente dos canais de drenagem, obtendo, o que é de conhecimento público, uma melhora significativa da balneabilidade de suas praias, que eram e são poluídas pelas cargas difusas que vêm ao mar pelos canais. Esse é um exemplo concreto, então é possível por métodos consistentes e complementares ao método convencional, é possível melhorar o perfil do projeto Tietê em São Paulo.

Aproveito para relembrar que há uma polêmica histórica, e quem é do ramo (como se disse hoje aqui) sabe que nos primórdios da história de tratamento dos esgotos surgiu essa polêmica, esse contraponto entre o tratamento físico-químico e o biológico. E que no século XX, todos sabem que a partir de 1904 com base nos trabalhos de Imhof, estabeleceu-se uma clara preferência revelada pelo método biológico, pelos seus impactos, pela naturalidade com que as coisas acontecem, e que o método físico-químico sempre foi visto e compreendido como algo excepcional, do lado da exceção e não da regra. Eu próprio conheci no Canadá, recentemente, uma estação de tratamento físico-químico de esgotos sanitários misturados com a drenagem urbana, que o sistema no País é misto. Não sei se é um ressurgimento do método físico-químico, mas de qualquer maneira, os próprios canadenses encaram-no como algo excepcional, que cabe naquele caso. E que para esgotamento sanitário puro, no nosso sistema que é separador absoluto, não há consenso sobre a adequação na aplicação deste método. Além disso, podemos pensar que mesmo a magnitude da carga difusa ou a necessidade de acelerar o processo diante da crise energética leve à substituição ou catalisação do processo de esgotamento sanitário em São Paulo através de um método físico-químico como a flotação.

Mesmo que tudo isto seja compreensível, ainda há uma lacuna muito grande quanto à avaliação do projeto Tietê, porque ela não existe. Existem relatórios, mas não existe uma avaliação do projeto Tietê quanto ao seu alcance, que esteja sendo, efetivamente, debatida com a comunidade científica e, muito menos pela sociedade. Então, qualquer medida tem que ser debatida e nada justifica a ausência do Governo do Estado de São Paulo neste Debate, porque existe uma lacuna. Não precisa ter uma inteligência brilhante para perceber que para a comunidade científica é necessário que se faça uma avaliação objetiva dos resultados obtidos até o momento pelo projeto Tietê.

O que a sociedade conhece é o que ela vê quando olha para o rio Pinheiros e o rio Tietê. Penso, na percepção geral, é que os resultados não são satisfatórios. Fora a questão de custos, a qual eu não me proponho a discutir hoje, mas que deve ser colocada. A sociedade paulista está pagando o projeto Tietê há 20 anos, essa é uma dívida acumulada (tentei fazer as contas mas não tenho elementos suficientes para estimar o que foi gasto até o presente). Mas, de qualquer maneira, este é mais um motivo para que se reflita melhor sobre a eficácia da flotação e do método físico-químico que vem sendo proposto aqui.

Para discutir a eficiência, eu terei que repetir muito do que foi, galhardamente, expresso aqui acerca do assunto; terei que repetir alguns aspectos. Um deles diz respeito

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HÁ QUASE 100 ANOS DEFINIU-SE UMA CLARA

PREFERÊNCIA PELO MÉTODO BIOLÓGICO. O

MÉTODO FÍSICO-QUÍMICO (COMO A

FLOTAÇÃO) SEMPRE FOI VISTO COMO EXCEÇÃO E NÃO COMO REGRA.

às limitações da flotação, ela não elimina as substâncias solúveis, ela elimina os particulados. Isto dificulta muito a transposição de resultados que possam ser obtidos no córrego do Sapateiro, encarado como ensaio piloto, e a sua aplicação no canal do rio Pinheiros. Isto é muito complicado não apenas pela diferença de escala, mas por uma diferença qualitativa. No córrego do Sapateiro temos condições aeróbicas e no rio Pinheiros, provavelmente, teremos situações muito diversas, anaeróbicas e uma qualidade flutuando ao sabor do hidrograma típico de coleta de esgoto ao longo do dia, que exigirá no mínimo uma flexibilidade operacional inédita e não temos esta experiência acumulada no Brasil.

Por termos vazões da ordem de 40 m3/s, de 50 m3/s e, eu quero reforçar esse ponto: pensar nas questões operacionais. Eu não gostaria de me encontrar na situação de um operador, a despeito de toda a tecnologia do painel de controle que ele poderá dispor, para controlar todas as mudanças de qualidade que ocorrem ao sabor dos picos de lançamento de esgoto, que se dão conforme os hidrogramas, atípicos ou não, somado aos interferentes representados pelos outros compostos. Essa limitação nos leva a pensar no impacto que ocorrerá na Represa Billings, e foi muito feliz a citação feita aqui, e não é uma simplificação dizer que a flotação é um processo de clarificação que não resolve os problemas, e que irá agravar as condições de eutrofização do Reservatório Billings. No momento em que se iniciou a captação de água para abastecimento vinda do braço Itaquaquecetuba, nós temos três captações ao longo da Billings que todos conhecem: uma do rio Grande, que é separada do corpo da Represa por uma barragem e corresponde a águas de melhor qualidade que abastecem o ABC com 4 m3/s; a captação do rio Cubatão, que recebe os afluentes dos canais em fuga da Henry Borden e, a Estação trata uma mistura que pode chegar à proporção de 50% entre o rio Cubatão e da Billings, portanto, qualquer alteração na qualidade da Billings terá um impacto muito significativo na qualidade da água bruta da ETA de Cubatão, que abastece Cubatão, Santos, São Vicente e a Praia Grande até uma certa altura, ou seja, a maior parte da Baixada Santista. Mas o pior impacto será na qualidade da água do Itaquaquecetuba. A SABESP tem licença, hoje, para aproveitar 2 m3/s lançando água para a Guarapiranga. Imagino que certamente haverá uma alteração na cunha de água de má qualidade no braço do Itaquaquecetuba. Isto requer um estudo das massas hidráulicas e hidrodinâmicas que não houve.

E neste ponto eu quero por em discussão que eu concordo, plenamente, com o Dr. Ivanildo Hespanhol que me antecedeu e que diz assim: “nós temos que preservar a concepção de uso múltiplo da Billings”. Com certeza isto é verdade, porque houve um erro no passado, diz o Dr. Hespanhol, que com a sua experiência vastíssima, que aqui todos nós reconhecemos, explicou que houve um erro no passado em se privilegiar o uso energético. Não foi propriamente um erro, foi fruto das conseqüências históricas que todos nós conhecemos. Dificílimo seria prever o que aconteceria no futuro com a Região. Então dá para concordar plenamente que a construção do sistema Billings e Tietê foi uma das condições importantes para o desenvolvimento econômico e industrial da RMSP; não temos dúvidas quanto a isso. E que não dá para cairmos no erro, hoje, de contemplar tão somente o uso para o abastecimento humano. A Billings é a “caixa d’água” de São Paulo com certeza, mas ela é passível de muitos usos e, com certeza poderá gerar energia desde que essa água do Pinheiros e do Tietê sejam limpas o suficiente, e que tornem possível a volta do recalque.

Agora, nós não podemos deixar de pensar também, que a crise de energia que afeta nosso debate, agudizado nos últimos dias, a crise pode apagar-nos da mente o pressuposto de que os usos múltiplos têm que ser preservados dando prioridade para o abastecimento humano, sobretudo nas condições de abastecimento da RMSP. Que aqui em São Paulo um dos grandes problemas estratégicos é o de abastecimento: nós

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NO RIO PINHEIROS HÁ SITAÇÕES E ESCALA MUITO

DIVERSAS DOS LOCAIS ONDE O PROCESSO FOI TESTADO. ALÉM

DISSO A QUALIDADE VARIA INTENSAMENTE AO SABOR DOS

PICOS DE LANÇAMENTO DE ESGOTO E DEMAIS

INTERFERENTES, O QUE EXIGE UMA FLEXIBILIDADE

OPERACIONAL INÉDITA, NÃO EXISTENTE NO BRASIL

chegamos a um limite! A SABESP, em alguns relatórios que, eu creio – eu posso estar errando em números -, mas ela fala em um déficit crítico de 20 m3/s, ou algo em torno disto. Então nós que já retiramos 33 m3/s do Piracicaba, ou seja, retira a água da Bacia do Piracicaba, que banha a Região da Grande Campinas e do interior e, isso com certeza, estrategicamente, representa um fator de limitação do desenvolvimento regional do interior; é uma situação que poderá tornar-se insustentável.

Isso quer dizer que estamos com a “espada de Dâmocles” sobre o nosso pescoço em São Paulo, pois nós não vamos poder continuar tirando toda aquela água do Piracicaba para o resto de nossas vidas. Existe a necessidade imperiosa de se buscar novas fontes de abastecimento para a Região Metropolitana e, nesse contexto, a Billings tem que ser encarada, obrigatoriamente, como o grande reservatório, como a “grande caixa d’água” como se costuma dizer e, tem-se que privilegiar em todos os projetos o uso para o abastecimento humano. Penso que este é um ponto importantíssimo para nós pensarmos. E, que todos os relatórios que eu li, e que não foram divulgados, mas que eu li porque passaram pela minha mesa e eu não pude deixar de ler; todos relatórios não públicos, não assumidos, feitos em relação a este projeto de flotação, todos esses relatórios afirmam sem titubear que a volta da descarga para a Billings vai piorar a qualidade da Billings, e vai aumentar a sua eutrofização, isso se não criar problemas com o lodo, entre outros. Eu quero até lembrar o seguinte: a flotação e o tratamento físico-químico não remove o nitrogênio amoniacal, só para introduzir mais um dado importante de como que a volta do bombeamento afetará a tratabilidade da água da Billings. O tratamento da água da Billings que continuará sendo feito pela SABESP, que vai ter que aprimorar a sua tecnologia, então teremos que pensar nos ônus que o Estado terá que assumir diretamente com esse projeto; teremos que considerar que a SABESP deverá que ter um plano de contingência, com um monitoramento muito rigoroso e, que o custo operacional da SABESP, com a deterioração da qualidade da água da Billings e, da Guarapiranga por conseqüência, será repassado para os usuários, e não temos dúvidas quanto a isto.

Em relação ao nitrogênio amoniacal, ele é muito importante para tratabilidade, porque se tem que retirar o nitrogênio. O que, se for feito através da cloração, da nitrificação, se quiser colocar algumas colunas, que é um processo avançado, ou através da desinfecção, as concentrações de amônia que existem na água do Pinheiros representam uma demanda de cloro, se pretender a cloração ao “Break Point”, representa uma demanda de cloro elevadíssima. Não sei calcular no momento a demanda de cloro na mistura da água da Billings que receber o Pinheiros após a flotação, e seu impacto na represa Guarapiranga, mas será algo que irá quadruplicar, quintuplicar os níveis atuais. E vocês imaginem o que é clorar ao “Break Point”, quem já fez isto alguma vez sabe que tem que monitorar oito horas por dia, vinte e quatro horas por dia, fazendo isto com as interferências cíclicas e mais as imprevisíveis na qualidade da água in natura.

Para acelerar um pouco mais, quero lembrar que houve uma experiência em 1969, de tratamento do rio Pinheiros, de que eu participei pessoalmente. Era um estudo piloto de aproveitamento do rio Pinheiros que não era muito diferente da que nós temos hoje, e sua mistura posterior com a Guarapiranga. Se essa experiência anterior por acaso inspirou a proposta atual, os técnicos que tiveram esta brilhante idéia não leram os relatórios, ou o que sobrou deles, da experiência de 1969; onde nós tínhamos condições operacionais dificílimas, atingir ou manter o “Break Point” era quase impossível, o volume

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do lodo sendo tudo isto que foi dito aqui e mais alguma coisa. Mas é um volume que excede tudo aquilo que já se teve de experiência aqui em São Paulo, e há a questão do consumo de produtos químicos, que é um absurdo; algumas vezes mais do que se gasta, atualmente, com todas as estações que existem na RMSP, só para dar uma idéia do voluntarismo que está cercando essa proposição de tratamento físico-químico por flotação da água do rio Pinheiros.

E para concluir quero colocar o seguinte, de certa maneira eu já repeti muita coisa do que foi dito anteriormente, já repetimos aqui hoje o que foi dito anteriormente na reunião que fizemos no mês passado na ALESP10. Foi muito importante essa repetição. Como eu disse, ela consolida alguns consensos, o que para nós é muito importante; a ausência do Governo Estadual é lamentável, não temos dúvidas disto. Penso que nós temos que discutir com o Governo Estadual sim, ele tem que discutir com a Sociedade Civil e, em particular, com a comunidade técnica. Ele não pode reproduzir, e não se justifica, não tem legitimidade alguma na ausência do Governo Estadual, hoje, da nossa reunião, reproduzindo uma prática antiga de desprezo à Universidade, de desprezo à sociedade, à opinião pública. O governo tem que discutir, ele não tem legitimidade se não discutir. Eu, pessoalmente, senti-me ofendido e, alguns companheiros meus da SABESP que estão aqui presentes, também estão sentindo-se mal com essa atitude da empresa por pressão do Governo Estadual. E eu penso que nós temos que fazê-lo discutir, que nós temos que nos organizar para isto.

E quero lembrar que tem uma proposta, que foi feita no começo da nossa reunião hoje, de pleno funcionamento do Comitê de Bacia. No dia 24 de maio teremos uma reunião do Comitê de Bacia que eu penso que deverá contar com o nosso suporte, com a nossa presença enquanto comunidade de trabalhadores, de técnicos, de usuários e de interessados, sobretudo. Temos que somar forças e legitimar este espaço no Comitê, e devemos utilizá-lo para obrigar o Governo Estadual a discutir conosco as soluções. Se nos convencer de que é uma solução boa e que nós estamos todos equivocados, de que este consenso que nós obtivemos é frágil; nós, obviamente, vamos optar pelo que for melhor para a nossa região e para São Paulo. Obrigado.

Dr. Cláudio Scarpinella: Vamos aproveitar os dez minutos que restaram para levantar questões e comentários. Estão abertas as inscrições. Compareçam ao microfone e se identifiquem também. Público: Meu nome é Soraia, eu sou da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Eu tenho uma pergunta para fazer ao José Eduardo. Ele teve acesso a documentos que a maioria das pessoas que estão aqui não tiveram, como ele bem colocou. Eu tenho uma pergunta muito simples: esse projeto, ele está baseado, esse projeto maior que está se propondo, ele está baseado em duas experiências piloto, em escala muito menor, uma no Parque da Aclimação e outra no Ibirapuera. A gente tem conhecimento que no Parque da Aclimação, por exemplo, ocorreram alguns problemas e, eu acho que a Empresa não tem dados, ou pelo menos não que a gente tenha conhecimentos suficientes, não estudou suficientemente as conseqüências desse projeto piloto nesses parques, para estar alçando um vôo muito maior que é um projeto numa escala muito maior. Na Aclimação a gente sabe que tem problemas de algas, de proliferação de algas, e o que se tem hoje no lago do Ibirapuera, em termos de vida que a gente tem conhecimento? Tilápia, que a gente sabe que sobrevive em condições bastante complicadas para qualquer outro organismo, principalmente, quanto a oxigênio dissolvido, parece que precisa de uma quantidade muito pequena, talvez abaixo até de 3 mg/l, alguma coisa neste sentido. E eu quero saber do José Eduardo se ele teve acesso a dados maiores a respeito, estudos que foram feitos, mais estudos que talvez a gente não tenha conhecimento, e qual a causa desse problema na Aclimação que a gente desconhece, e do Ibirapuera, então, a gente não tem dado quase nenhum a respeito. Eu penso que se têm um dado tão

10 ALESP - Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo

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complicado em 50 % que tivemos, foram duas experiências e uma delas parece que não deu muito certo. Por que galgar um plano maior, uma escala maior? É isso. Químico José Eduardo de Campos Siqueira: Para ser breve, Soraia, eu li rapidamente o estudo, um relatório do estudo feito no córrego Sapateiro, no Ibirapuera, e onde eu pude perceber que há uma necessidade de maior remoção de amônia, que é de apenas 10% a 12%, e que a remoção de fósforo está ligada também às condições especiais, aeróbicas, da água e mais nada, não tive outro acesso.

Hoje ouvi aqui alguns comentários importantes quanto à inconsistência da concentração de oxigênio que se obtém através da flotação pela injeção de ar comprimido. É inconsistente, há toda uma demanda de oxigênio que irá reduzir essa concentração, rapidamente. Eu penso que o que foi dito aqui, de certa maneira, apesar de nem todas as pessoas aqui presentes terem lido os projetos, os estudos, evidencia que há uma falta de estudos especializados e, sobretudo faltam estudos especializados de lodo, dos impactos e, falta sobretudo a prática do gerenciamento integrado, a abordagem multidisciplinar, que concilie política de uso do solo, uma avaliação do projeto Tietê; e que se façam propostas, como foi dito aqui pelo eng. Wolney, consistentes com o projeto Tietê. Dr. Wolney: José Eduardo, você acabou de falar do projeto Tietê. Na sua fala anterior você mencionou a necessidade de uma avaliação do projeto Tietê. E você também se referiu a um certo consenso que começa a transparecer, e que existe desde a reunião da ALESP, e que vem evoluindo esse consenso de lá para cá; e da necessidade de alguma ação onde a sociedade possa estar participando de uma forma melhor. Existe toda uma estrutura, o sistema estadual de recursos hídricos, a legislação, a constituição dos comitês que já estão em sua terceira gestão e, eu acredito que é um caminho correto que foi adotado, este da gestão de gerenciamento mais descentralizado. Gostaria de propor, aproveitando a oportunidade da sua sugestão, para propor que este seminário se manifeste no dia 24 na reunião do CBH-AT11 no sentido de que o Comitê engendre esforços para fazer uma avaliação técnica, profissional do projeto Tietê, como subsídio e elemento fundamental para a situação atual em que estão os recursos hídricos na BH-AT12. Então essa é uma proposta prática, que se coloque para o Comitê uma proposta aqui do Seminário. Público: Meu nome é Paulo, eu tenho uma empresa de desenvolvimento de negócios, e nós estamos juntamente com a ADTP13, planejando para o ano que vem um Congresso-Feira a respeito da recuperação e reurbanização do rio Tietê. Nossa idéia é a seguinte: se nós pensarmos que na Europa nós temos 40 mil km de hidrovias, ou perto disto, e aqui no Brasil nós temos 2500 km de hidrovias navegáveis hoje, é um contra-senso o que acontece aqui em São Paulo - a gente ter já um anel hidroviário formado e não usar isso. Nós temos do lado desse rio, que foi o rio que levou o Brasil a ser desse tamanho, porque ele é um rio que corre para o interior, gerou todo um processo dos bandeirantes, tudo que a gente conheceu e estudou em história. Nós fizemos as marginais e canalizamos esse rio, e isso serviu de exemplo para o Brasil inteiro. Se você vai em Campinas tem isso, se você em Araxá tem, se vai lá em Belém tem. Quer dizer, o que nós fazemos aqui serve de exemplo para o resto do País. Então, eu estou querendo só colocar para vocês, que existe um trabalho sendo desenvolvido, para a gente criar a partir de agosto o que a gente está chamando de “excitação acadêmica”, aqui na USP para, justamente, levar a debate todo esse processo de reurbanização que a gente está querendo levar para o rio Tietê. O rio Tietê, se nós imaginarmos que é possível fazer nessa parte do rio Tietê cinco Central Parks, e que nós estamos desperdiçando isto, eu acho que a partir daí há uma série de coisas que podem se tornar estratégicas em termos do desenvolvimento, do que nós queremos para esta Cidade. Hoje nós estamos, eu acho

11 CBH-AT - Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê 12 BH-AT - Bacia Hidrográfica do Alto Tietê 13 ADTP - Agência de Desenvolvimento Tietê-Paraná

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que a gente fica muito no plano tátil e, talvez se a gente pensar num plano mais estratégico para o futuro desta Cidade, algo para a gente ver pronto daqui a uns 50 anos, para os nossos filhos, mais eu acho que nós temos que pensar, nós estamos pensando em desenvolver algo mais estratégico, e atrás disso vem todo um conjunto e, aí realmente vão aparecer as grandes idéias e sugestões.

Essa idéia da “excitação acadêmica” vai ser comunicada em breve, nós estamos ainda em formação de pauta, reunindo pessoal justamente para formar um comitê e, depois abrir isto para toda a Universidade. Possivelmente, isto também acaba saindo do campo da teoria e passaria para o campo da economia, que ai você teria o “rio cidadão”, em seguida o “rio empresário”, que vai atrás para viabilizar todo esse projeto. Eu gostaria apenas de colocar isso, porque nós ficamos assim pensando, pôxa, o quê que nós podemos fazer?... Como é que vamos fazer?... Então, seria mais uma visão estratégica para o futuro do Rio. Essa é uma idéia que quis colocar aqui. Obrigado. Dr. Cláudio Scarpinella: Obrigado. Tem mais um inscrito, e eu vou depois passar para a próxima seção, lembrando que vai haver um debate mais amplo no final. Então as questões que não forem levantadas agora, serão remetidas para a próxima seção. Público: Bom, boa tarde a todos. Eu sou Samuel Barreto da Fundação SOS Mata Atlântica. Quero em primeiro lugar parabenizar o Programa de Pós Graduação em Energia da USP por estar chamando uma discussão tão importante como essa; sou também do Conselho Estadual de Recursos Hídricos; do Fórum da Sociedade Civil nos Comitês de Bacia Hidrográfica; e da Câmara Técnica do Comitê do Alto Tietê.

Estava vindo para cá, não pude estar participando de manhã, acabei de ouvir aí as medidas sobre o racionamento de energia, se prepara porque o negócio é de arrepiar. E, além do negócio da flotação, o Governador Geraldo Alckmin já fez um anúncio, quer dizer, fora toda essa transgressão à Constituição, o Governador já anunciou que quer aumentar o potencial energético da Henry Borden, isso antes de falar de flotação. Está anunciado, e ele já está estudando uma medida jurídica alegando exepcionalidade e caráter emergencial para poder quebrar, derrubar a Constituição, a coisa que a gente tem de mais forte na nossa lei. E, pior que isso, além de tentar derrubar a Constituição, o artigo 46 nas disposições transitórias diz que o Governo do Estado: primeiro, é impedido de estar lançando qualquer dejeto ou substância poluente na Represa; além disso tem que comunicar, permanentemente, os municípios envolvidos, e até agora nenhum município do ABC está sendo chamado para esta discussão. Além disso, na questão da flotação, que ainda recai sobre esse mesmo erro, foi parado todo o processo do Programa Billings na questão da gestão participativa; a questão da flotação era apenas um elemento...

Então isso na verdade acabou sendo colocado como o ovo, como é que chama isso? A descoberta do ovo... quando a gente sabe que não é bem assim. Inclusive já vi esse filme em 92, com o Fleury dizendo que todo mundo ia nadar no rio Tietê. Agora a gente vê o secretário de meio ambiente dizendo que em um ano a gente vai voltar a nadar no rio Pinheiros e, desrespeitando uma série de questões. A gente conseguiu colocar na “marra” a discussão de flotação no Comitê, quer dizer, o sistema de recursos hídricos está na Assembléia Legislativa, para ser votado o projeto de cobrança pelo uso da água, e o próprio Governo acaba não respeitando o sistema. A gente sabe exatamente quais são as forças que estão por trás disso... A gente já escutou boatos aí de que funcionários do Governo estão proibidos de vir a público e falar, e sobre eles também pode recair a lei do crime ambiental.

Então na verdade eu acho que devemos estar agregando valor a esta discussão. Dia 24, a gente vai estar lá no Comitê. E não é a única vez que os representantes do Governo do Estado não estão aqui para expor o que é esse processo, o que é este projeto. No Comitê também não foram. A gente teve uma reunião no dia 27 de abril, se eu não me engano, e eles também não apareceram, desrespeitando completamente o que tem de mais importante na gestão hídrica. Então, na verdade, é uma transgressão total, talvez até pior que na época da ditadura (aplausos).

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Dr. Cláudio Scarpinella: Agradeço, então, a brilhante palestra do José Eduardo e as participações dos nossos quatro debatedores, e passo já a palavra para o Coordenador da Segunda Mesa, o Professor Murilo Werneck Fagá para compor a próxima palestra após o intervalo.

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SEMINÁRIO DE AVALIAÇÃO E ANÁLISE DO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO RIO PINHEROS E VENDA DE

ENERGIA ELÉTRICA ADICIONAL A SER PRODUZIDA PELA U.H.E HENRY BORDEN

RESUMO DA EXPOSIÇÃO DE JOSÉ EDUARDO CAMPOS SIQUEIRA (FNU/CUT) SOBRE OS ASPECTOS AMBIENTAIS DO PROJETO.

Em primeiro lugar, ressaltou-se a falta de transparência que cerca o projeto, em particular no que se refere ao necessário diálogo entre seus promotores governamentais (ausentes ao evento) e as instruções do setor (Comitê de Bacia Hidrográfica, comunidade técnica cientifica, entidades representativas de trabalhadores e usuários em geral).

Procurou-se, em seguida, avaliar a eficácia da proposta, do ponto de vista de sua oportunidade e consistência com o Projeto Tietê, em andamento. Este se baseia em tecnologia convencional de coleta e tratamento dos esgotos domésticos e industriais, amplamente utilizada nas experiências internacionais de despoluição de rios e mananciais.

Por outro lado, pesam sobre os métodos físico químicos de tratamento de esgoto

dúvidas que historicamente levaram à consagração dos métodos biológicos de recuperação de qualidade de esgoto e águas servidas.

Mesmo evocando-se as justificativas de: (1º) "acelerar" o projeto Tietê, complementando-o com uma "ação direta" sobre o rio, ou (2º) dar contas da significativa carga difusa remanescente, seria necessário proceder-se à avaliação dos resultados obtidos até agora visando a escolha entre as múltiplas alternativas tecnológicas, da mais viável e consistente com o projeto Tietê.

Do ponto de vista da eficiência e segurança do processo, revela-se a fragilidade do projeto no que diz a respeito à avaliação dos impactos nas condições de eutrofização do reservatório Billings e na qualidade da água utilizada para abastecimento público, em particular as captadas no braço do Taquacetuba e no Rio Cubatão, na Baixada Santista.

Somam-se a isso problemas ligados à viabilidade técnica e econômica do processo, tais como consumo excessivo de produtos químicos, elevadas demandas de cloro em decorrência das concentrações adicionais de Nitrogênio Amoniacal, disposição dos enormes volumes de lodo etc.

Frente a esses problemas, torna-se patente a insuficiência dos estudos

preliminares realizados até o presente momento nos Parques Ibirapuera e da Aclimação, pelas dessemelhanças de qualidade da água bruta e escala do tratamento.

Propõe-se, finalmente, que o presente seminário encaminhe as preocupações acima ao comitê de Bacia Hidrográfica do Alto do Tietê, para, sobretudo , estabelecer um nível maior de transparência à discussão deste projeto e oferecer canais de participação à comunidade científica e a sociedade civil organizada.

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MESA 4 – GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E ASPECTOS ECONÔMICOS PROF. DR. ILDO L. SAUER – PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENERGIA - USP TEMA – A VENDA DO ADICIONAL DE ENERGIA – 200 MW MÉDIOS, DECORRENTES DA MELHORIA DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO PINHEIROS – IMPACTOS ECONÔMICOS Coordenador – Prof. Dr. Murilo Tadeu Werneck Fagá Relator – José Paulo Vieira Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo

Prof. Murilo Fagá: Dando continuidade, o objetivo agora é ver os diversos aspectos do projeto. Eu penso que o Professor Ildo irá mostrar outros elementos para que a gente possa começar a julgar a relação custo benefício deste projeto, então cabe ao Professor Ildo Sauer, Coordenador do Programa de Pós Graduação em Energia, ter a grata tarefa de nos apresentar alguns aspectos para nos ilustrar melhor sobre o projeto, do ponto de vista do, digamos assim, do “benefício energético”. Prof. Ildo Sauer: Muito obrigado, Professor Fagá, nosso relator, José Paulo Vieira. Como coordenador do seminário, em verdade, eu só ajudei a incentivar os membros da equipe de pesquisa que trabalharam, buscaram os recursos e, tiveram uma pequena decepção ontem, ao fim da tarde, porque eu recebi um fax da Agência Nacional de Água, ANA, dizendo que o Diretor Geral Dr. Jerson Kelman, que viria, teve que participar da reunião do Comitê da Crise Energética e, simultaneamente, a EMAE, a SABESP e a CETESB nos comunicaram no final da tarde de ontem que não poderiam estar aqui hoje por terem compromissos urgentes, inadiáveis, entre outros motivos mais. Eu lamentei um pouco isto, porque penso que este é um lugar apropriado para discutir e debater; não se trata aqui de fazer críticas a ninguém. Eu penso que nós estamos querendo contribuir na Universidade, independente de eu, pessoalmente, como professor e cidadão ter opiniões em relação à privatização, em relação ao setor elétrico, entre outras, isso não interfere com o fato de que a Universidade se pretende, e deve-se garantir que seja plural e aberta a todas as tendências e correntes e, que se possa aqui em clima de cordialidade, exaltar as divergências e festejar as convergências, onde possível; é assim que a sociedade progride. E, a contribuição que nós, humildemente, podemos dar é em função do conhecimento acumulado e, por isto, saúdo aqueles que aqui vieram, os especialistas, e quero dar os cumprimentos, novamente, antes de começar a minha palestra, à equipe que elaborou este evento: engenheiros Sônia Seger, Dorival Gonçalves e Hélvio Rech, economista Odette Carvalho, José Paulo Vieira, entre outros, pelo empenho denotado nos últimos dias, em organizar este Evento. O mérito é exclusivamente deles e dos demais que ajudaram a organizar, de maneira que eu renovo aqui os meus agradecimentos e digo que estou orgulhoso do resultado. Embora eu tenha patrocinado com o nome, o trabalho foi deles; inclusive o que eu vou apresentar agora, substancialmente, foi um trabalho feito por eles também.

Eu venho aqui mais para relatar alguns pontos. Eu quero falar de três coisas na minha apresentação. A primeira delas – eu não quis estender-me hoje pela manhã, para não tomar o nobre tempo de pessoas tão importantes que estavam aqui -, é sobre o conflito que marca o uso das águas e dos mananciais, em torno da Cidade de São Paulo, desde o fim do século dezenove. Vou fazer um breve relato sobre esta situação agora, pontuar algumas passagens que eu considero relevantes. Em segundo lugar, eu pretendo apresentar uma simulação feita pelos engenheiros Sônia e Dorival e a economista Odette, acerca do que foi possível depreender da engenharia financeira e energética proposta para viabilizar o Projeto, como previsto no edital. Fizemos algumas hipóteses para colocar números e estimar o que isto significa em termos financeiros,

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A DISPUTA PELO USO DAS ÁGUAS E DOS

MANANCIAIS, NA REGIÃO DA GRANDE SÃO PAULO,

É UMA CONSTANTE, DESDE O SÉCULO XIX

problemas de riscos diversos, e questões energéticas envolvidas neste processo; conflitos e possibilidades. E a última parte, não me deixem esquecer de falar sobre isto, são propostas alternativas que eu penso, poderiam emanar deste fórum de debates caso estivessem presentes as outras empresas. De qualquer maneira, nos convêm colocar em campo as propostas, para que sejam mais discutidas e, eventualmente, sejam implementadas total, ou parcialmente, ou ainda, rejeitadas, ou seja, que este debate ao menos venha à luz.

Primeira coisa, eu tenho tido a oportunidade de acompanhar um pouco mais de perto a trajetória de uma figura muito importante da história brasileira, e paulista, que é o engenheiro Catullo Branco. Talvez até em homenagem a Catullo foi denominada a Hidrovia Tietê Paraná, por que isto? Porque ele era um engenheiro que trabalhou na Prefeitura de São Paulo, na área de concessões e serviços públicos, e escreveu um livro notável, que para nós serve de referência até hoje; chama-se “Energia Elétrica e Capital Estrangeiro no Brasil”, em cópia não oficial de que disponho aqui. Ele tem um capítulo dedicado à história do controle dos mananciais, e é muito interessante, porque ele relata neste livro, que está esgotada a edição, e o prefácio é muito bonito, de autoria de Barbosa Lima Sobrinho; e engraçado, o Barbosa Lima Sobrinho trabalhava também nas concessões e serviços públicos do Rio de Janeiro, daí, em parte, o conhecimento profundo que ele possuía do setor elétrico e de outros setores, e a defesa intransigente que ele fizera em suas crônicas e livros sobre a questão nacional, a participação pública e os direitos universais.

O Catullo Branco era da mesma estirpe embora, digo eu que sou engenheiro, fosse também engenheiro ele, que foi deputado constituinte pelo Estado de São Paulo. E ele relata aqui: desde o fim do século passado, quando a energia elétrica passou a ser um fato da vida moderna, passou a ser uma tecnologia disponível que transformou profundamente as civilizações, que a partir daí, de maneira móvel, o trabalho humano passa a ser substituído por máquinas e por fontes, agora com a transmissão elétrica passíveis de serem instaladas em qualquer outro lugar. A energia elétrica começou, aqui no Brasil, primeiro para a iluminação pública e para transporte; substituiu os transportes a tração animal por bondes elétricos. Progressivamente, com o motor elétrico, se percebeu isto que eu mencionei agora há pouco: o músculo humano passou a ser substituído por máquinas, potencializando muito o poder de transformação e, é claro, nós já discutimos como a Revolução Industrial foi baseada, em grande parte, na descoberta da máquina a vapor que permitiu abrir campos de desenvolvimentos tecnológicos novos. Esse fenômeno se potencializou e começou a disputa pelo uso dos potenciais hidráulicos e dos mananciais de água desde então.

Eu não irei relatar toda a história, mas o fato é que, desde o começo, engenheiros como o Alfredo Valadão, que propôs no começo do século vinte a criação do Código de Águas, em 1906, que foi finalmente editado por um decreto lei de Getúlio Vargas em 1934, e que incorporava na política pública brasileira, e no seu ordenamento jurídico, a percepção de que a água é para a vida, e que deve ser direcionada para o uso coletivo, acima de tudo. Da mesma forma, aqui em São Paulo, engenheiros como Saturnino de Brito e Henrique Novais produziram, ao longo dos primeiros trinta anos do século vinte, uma proposta de como se deve usar os mananciais, os recursos hídricos ao redor de São Paulo. A proposta deles... Havia antes uma disputa do próprio Irineu Evangelista de Souza para tentar a concessão, e usar os rios de modo a permitir o transporte hídrico conjugado com o transporte ferroviário, transpor a Serra do Mar e, descer até o Porto de

Santos. Primeiro, que havia conflito também; e acabaram prevalecendo os interesses da Companhia Inglesa, que era a financiadora do projeto dele, e esta Cia. tomou conta, posteriormente, das ferrovias que estão na Serra do Mar ainda hoje, e que se prestam sobretudo ao turismo, entre outros usos. De qualquer maneira, Henrique Novais e Saturnino de Brito propuseram um plano diretor para o uso do rio Tietê. Previam

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O PROBLEMA DA ANTIGA LIGHT NUNCA FOI O SANEAMENTO OU A

PRODUÇÃO DE ENERGIA, E SIM, A MAXIMIZAÇÃO

DOS LUCROS

eles a sua retificação, em função do alagamento periódico das várzeas, que era sério já naquele tempo, e que iria até as cabeceiras do Rio. Esse projeto foi aprovado, chegou a ser discutido e acabou, repentinamente, engavetado em 1928. Em certa madrugada, o Governo do Estado, também durante um racionamento, precipitou uma decisão favorável a quem? À LIGHT, que era a Companhia Canadense que tinha a concessão elétrica aqui em São Paulo. Pleiteava, desde então, a LIGHT, a concessão do direito de explorar o potencial elétrico associado à potencial reversão do Tietê/Pinheiros, via Serra do Mar, para o Atlântico, e também, mais adiante, o direito de desenvolver as usinas de Sete Quedas e Itaipu, quando a demanda começou a crescer.

Isto quer dizer que a disputa pelo uso múltiplo da água, sendo um deles produzir energia elétrica como um negócio, por outro lado a água para abastecimento público e outros usos associados, vem de longa data, e os conflitos foram sendo acirrados ao longo do século passado. Citei o conflito de 1928 porque ele foi paradigmático para firmar um caráter: debate-se, discute-se, aparece uma crise, um racionamento, e sai do Palácio do Governo um decreto mudando, radicalmente, aquilo que é a percepção e, quase que o consenso da sociedade em torno de seus objetivos. Depois, em 1942, aconteceram outros episódios. Na década de sessenta mudou o foco do problema, houve a crise das algas azuis – que já deve ter sido discutida aqui, pelo Dr. Wolney -, talvez pelo excesso de fósforo na Billings, entre outros. Isto vem de longe e este é precisamente o ponto que eu quero enfatizar nesta minha introdução ao tema. E agora, novamente, estamos presenciando a mesma disputa, de um lado, o uso das águas para o abastecimento público, de outro lado, para gerar energia elétrica. E é preciso que se discuta em que condições isto ocorre.

Para elucidar um pouco mais a idéia da parte energética, que se insere na segunda parte da minha discussão, eu vou fazer uso do quadro, para poder explicar o que é que está em jogo na questão energética, porque, como eu disse há pouco, em 1928 prevaleceram os interesses da LIGHT, e ela ao invés de viabilizar o projeto de regularização das águas do Tietê até suas cabeceiras, para regularizar as cheias e controlar as condições de navegação, resolveu obter a concessão do Pinheiros, o direito de regularizar, retificar esse canal, construir a Henry Borden e, acima de tudo – é importante que se conte essa história -, deu a ela o direito de desapropriar todas as áreas ribeirinhas contíguas ao rio Pinheiros que fossem inundáveis, dizem até que ela provocou cheias artificiais para aumentar o espaço de terras que seriam inundáveis, depois desapropriáveis e “saneado este espaço com o canal”, aquelas áreas eram da LIGHT e ela criou essas cities: city Butantã, city Lapa... Eu não tenho aqui o nome de todas as cities, mas foi ela que se tornou, a partir de então, mais do que uma empresa de energia elétrica, uma grande construtora e uma grande imobiliária, que ela é até hoje em muitos lugares. De maneira que o problema da LIGHT nunca foi produzir energia, nem saneamento, e sim maximizar os lucros e, acumular recursos.

Essa disputa está permanentemente presente e acaba sempre prevalecendo, de acordo com a minha interpretação dos fatos, em geral, o fato de que quem tem mais poder econômico, ou seja, onde se encontra o maior potencial de acumulação de capitais, acaba fazendo prevalecer os seus interesses em detrimento dos interesses públicos. Mas este não é um destino imutável, e eu penso que as discussões, a elucidação e a experiência de todos pode transformar isto, especialmente, porque com o Comitê de Bacia nós temos agora organizações locais que têm poder de manifestar-se e

têm, não só o direito mas a obrigação de solicitar, expressamente, um tratamento mais equilibrado entre as várias prioridades, que ainda são consagradas na nossa legislação, de que a água primeiro é para uso humano, dessedentação de pessoas, de animais, para saneamento; enfim, os usos múltiplos das águas, que é o que está sendo rasgado, solenemente, hoje, pelo processo de privatização da CESP que, praticamente, está em curso, embora se encontre parcialmente suspenso

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CADA m3 DE ÁGUA BOMBEADO PARA A BILLINGS

PARA GERAR ENERGIA EM HENRY BORDEN DEIXARÁ DE GERAR ENERGIA EM TODA A CASCATA DE USINAS DO RIO TIETÊ E DO RIO PARANÁ ATÉ

ITAIPU. PORTANTO O “GANHO” DESTE PROJETO É DE APENAS CERCA DE 40%

DO ANUNCIADO

agora. Eu não vou entrar neste tema, mas esta é a minha opinião pessoal. De qualquer maneira, para ilustrar o que está em discussão na parte energética, essa breve introdução é para transmitir o seguinte, que eu vou dizer, trata-se de uma espécie de “exercício energético financeiro”, é a ótica que foi anunciada, sob a qual se resolveria o “problema do imbroglio Billings – Henry Borden”. Vamos fazer uma simulação, eu penso que, evidentemente, em função deste preâmbulo que eu fiz, que a solução tem múltiplas dimensões, muito mais relevantes do que apenas aquela. Aliás, vou apresentá-las para elucidar, exatamente, suas limitações e seus problemas face à ótica que está sendo apregoada.

Do ponto de vista energético, e com a ajuda dos pesquisadores José Paulo e Dorival, nós montamos um pequeno diagrama. Isto é um pouco sofisticado porque ele mostra, de certa maneira, todas as usinas brasileiras e aqui embaixo, em azul, temos a representação do Oceano Atlântico. O ciclo da água, de certa maneira, inicia-se a partir das águas atmosféricas, que são retidas pelos mananciais e, progressivamente, vão fluindo pelas bacias hidrográficas, e os sistemas represados. O sistema que está mais represado até hoje, e é praticamente uma sucessão de lagos, é exatamente o Sistema do Tietê, que começou a ser barrado através da Usina Edgard de Souza, que fica logo à jusante, aqui da Cidade de São Paulo, perto de Santana do Parnaíba e, vai descendo: Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Promissão, Nova Avanhandava, e aqui tem um canal, o Pereira Barreto que permite transpor as águas do Tietê para montante da Usina de Ilha Solteira, em seguida - ou então, passa pela Usina de Três Irmãos - e vem descendo até Jupiá, Porto Primavera e, em seguida tem a entrada do rio Paranapanema (conforme mostramos nesta figura), e Itaipu. Aqui termina a parte brasileira, depois entram as usinas do rio Iguaçu. Adiante, ainda têm as usinas de Yaciretá, na Província de Missiones, fronteira com o Paraguai (na Argentina) e passa em frente a Buenos Aires, terminando no oceano. Há uma queda de São Paulo até lá de, aproximadamente, 700m, que é a altitude daqui até o nível zero do mar. Pelo outro lado, temos a representação do Sistema Henry Borden: primeiro, o Tietê se encontra mais abaixo, teve que ser feita a elevação em Traição e em Pedreira e, em seguida na Represa Billings, que apresenta então uma queda abrupta, que impede o fluxo d’água (em alguns milhares de quilômetros) na direção do Atlântico. Nessa parte o fluxo chega de uma vez só e mais rapidamente.

Nesta outra figura, o mesmo tema se encontra representado de outra forma, em cotas. Desculpem-me, a imagem está improvisada, mas dá para ilustrar o conceito. Temos aqui nesta região a Cidade de São Paulo. Aqui, numa direção, as águas do Pinheiros e do Tietê são elevadas por bombeamento em Traição e em Pedreira... A Represa Billings... E, neste ponto, é a Henry Borden, com a queda até o nível do mar. Esta é a queda que corresponde a cerca de 720m. Aqui, no outro sentido, está representada a cascata de usinas, a sucessão de lagos desde a Usina Edgard de Souza até a última, em Itaipu.

O ponto que quero mostrar é que a diferença de queda... Como vocês sabem, produzir energia elétrica depende de três fatores (exceto os rendimentos e afins): primeiro, a quantidade de água; a segunda é a altura de queda; a terceira é um fator que “Deus controla”, quer dizer, por enquanto nenhuma medida provisória ousou revogar, que é o “g” (constante universal da gravidade). Se pudesse mudar o “g”, aumentaríamos a produção da água dos reservatórios e a crise estaria resolvida hoje (risos!!!). De qualquer maneira, tem importância o “m”, quer dizer, a quantidade de água, e a altura. O que eu quero mostrar para vocês é que cada m3 de água que vem do Tietê, se ele seguir essa trajetória não

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haverá problemas, ele cairá aqui embaixo, produzindo uma certa quantidade de energia em MWh, mas se ele for retirado do Tietê para cair nesta direção, ele não estará disponível para cair neste outro trecho que é, praticamente, da mesma altura, os mesmos 700m, porque em Itaipu descarrega 100m acima do nível do mar. Há uma pequena região que não está barrada ainda, localiza-se entre Porto Primavera e Itaipu, que corresponde à antiga Usina de Ilha Grande, que não foi feita porque os problemas ambientais seriam até maiores do que em Porto Primavera. De maneira que temos uma diferença de queda de 120m apenas, além da diferença de altura entre São Paulo e os grandes aproveitamentos do Tietê. Isto significa que, revertendo a água do rio Tietê para a Billings, nós não estamos acrescentando os 280 MW médios firmes citados como ganho deste Projeto, nós estamos apenas acrescentando cerca de 40% em relação ao que já está sendo gerado pelo mesmo m3 de água que desce esta cascata, porque aqui ela cai 720m. Mas é importante citar que existe o bombeamento em Pedreira e Traição - que corresponde a uma elevação -, então existem perdas lá também.

Portanto, vou arredondar as contas: assumindo que caem 700m de um lado, e do outro lado caem 400m, ou pelo menos 350, e se tem que levar em conta outros parâmetros, tais como o rendimento de cada uma das usinas, de suas turbinas, a perda de carga em seus condutos, o rendimento da turbina e do gerador; além da evaporação diferencial, que é muito pequena, e os vertimentos, que em função da sucessão de lagos, da substancial regularização do rio e da operação otimizada, deverão ser mínimos, de maneira a não entrar em cálculos sofisticados, basta saber que o ganho líquido que se tem em relação à energia que já é produzida pela cascata do Tietê e do Paraná é em torno da razão entre 240 dividido por 600, que dá em torno de 40%, aproximadamente.

Assumindo que é 40 %, o que posso dizer? Que quando se diz que vai reverter a água do Tietê para a Billings e vai ganhar 240 MW médios, depois eu explicarei o que é isto, na verdade o ganho energético é, no máximo, de 120 MW médios. Por que? Porque você perde para o lado de cá! E então vem o conflito... Provavelmente, na hora em que começar a subir muita água para o lado de lá, o que irá acontecer? A que hoje é dona da cascata e, eventualmente, os outros proprietários, irão reclamar e haverá o conflito,

O CAMINHO DAS ÁGUAS: HENRY BORDENou Rios TIETÊ - PARANÁ

Henry Borden

PCH's *

Barra Bonita

BaririIbitinga

Três Irmãos

Jupiá N.Avanhandava

Itaipu

RMSP

Porto Primavera

Promissão

20

120

220

320

420

520

620

720

Nível Acima do Mar (m)

A água que for para Henry Borden deixará de gerar em toda a cascata dos rios Tietê e Paraná

(*) Inclui PCH's Rasgão 11MW; SãoPedro 2,2MW e Porto Góes 10,5 MW

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O GOVERNO DO ESTADO VENDEU O DIREITO DE ALGO (PRODUZIR ENERGIA) PARA O CONCESSIONÁRIO QUE

OPERA O RIO TIETÊ, E AGORA ESPERA VENDER

60% DESSE MESMO ALGO A OUTRO CONCESSIONÁRIO.

ALGUÉM PODERÁ RECLAMAR NA JUSTIÇA

porque estes irão produzir menos energia no conjunto de usinas do rio Tietê e Paraná. E, é claro que a forma como está organizado, atualmente, o mercado atacadista, através do mecanismo de realocação energética, permite compensações, mas de qualquer maneira haverá um prejuízo líquido para o concessionário que comprou o direito de explorar as usinas do rio Tietê por trinta anos, prorrogáveis por mais vinte anos. Parece-me que, de certa forma, o Governo do Estado de São Paulo acabou hipotecando muito além do mandato dele a operação dessas coisas, quer dizer, hipotecou não só o nosso futuro, como o de nossos filhos e netos, de certa maneira, ao dar essas concessões por prazos tão longos. E este é um conflito permanente que se estabeleceu e vai se intensificar.

De maneira que estou colocando esta questão para subsidiar o entendimento técnico de que o ganho que está sendo propalado: “a Henry Borden vai contribuir com 300 MW médios”, na verdade cerca de 240 MW médios, que significa uma média de energia próxima à gerada em uma usina tipo Angra I - a Usina Angra I produz 651 MW de energia quando opera. Pelo número de horas, é em torno disto... Quer dizer, isto não acontece, porque coloca-se o cobertor de um lado, e tira do outro, e o ganho líquido é, no máximo, de apenas 40%. E a pergunta é se esses 40%... Ou, de outra forma, podemos dizer que o Governo do Estado, caso o projeto que está em andamento e que discutiremos a seguir a sua parte financeira, na verdade o Governo está vendendo uma vez 100% de algo (quando vendeu o direito de gerar energia daqui para lá), pelo negócio do projeto Tietê, e agora quer vender 60% desse mesmo algo, para quem for ser o concessionário nesse Projeto da EMAE.

De maneira que estou apresentando aqui os conflitos. Esse é um problema dos riscos: certamente, no futuro alguém entrará na Justiça dizendo “tomaram minha energia”, apesar de aqui eu citar, claramente, que existe o atenuante através do mecanismo de realocação energética. Então esse é o primeiro ponto delicado, primeiro problema a ser colocado, eu não sei se isto está claro para o público aqui presente, mas é muito interessante entender que há o conflito pela mesma água, não só para energia (duas gerações de energia em pontos geográficos

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SEMPRE SE FALOU EM R$2 A R$3 BILHÕES PARA

DESPOLUIÇÃO DO TIETÊ-PINHEIROS. O

INVESTIMENTO ANUNCIADO DE R$110 MILHÕES PARA O

PROJETO PRECISA SER MELHOR DISCUTIDO

diferentes), somado a todos os outros que já foram aqui debatidos para o uso da água.

Posta esta ressalva, e aceitando que se possa ter vendido 100% para alguns, ou Itaipu que está à frente e, depois tentarmos vender os outros (em média) 60%, novamente, para um empreendedor, nesse ponto é que passarei ao Projeto da EMAE, que está sendo discutido hoje aqui e, que eu não sei se os presentes têm clara a proposta de engenharia. O engenheiro Dorival já explicou como ela se apresenta. Indo em frente, de uma certa maneira, o que se diz? Vamos explicar: a Usina de Henry Borden quando de sua criação, em 1928, foi acrescida algumas décadas depois para atingir a potência atual. Ela tem hoje máquinas instaladas capazes de, havendo água, produzir 880,7 MW. O Brasil inteiro tem instalado um pouco menos de 70 mil (MW), portanto, cito isto para termos idéia do que ela significa. Claro, a queda bruta é de 720m, e a geração média atual é muito menor, em função das restrições, que já foram debatidas aqui, inscritas na Constituição Estadual de 1988. Havia um prazo de cinco anos para a despoluição. Como a despoluição não foi realizada, depois de 1993, somente tornou-se possível produzir em torno de 108 MW médios. De modo que se têm 108 MW médios resultantes de uma vazão de pouco menos de 20 m3/s, que são acumulados pela vazão natural dos afluentes que alimentam a Billings, mais a reversão, possível quando ocorrem cheias e as condições sanitárias da água apresentam parâmetros de qualidade que permitem que ela seja bombeada para lá. E isso tem sido a contribuição mais importante da Usina Henry Borden, a operação dela tem sido usada, essencialmente, para gerar na ponta, isto é, na hora do pico. Ela se localiza próxima da RMSP e todos nós sabemos, como eu disse antes na introdução, que São Paulo em parte é produto e “filho” da Henry Borden. O fato de se ter gerado energia em Henry Borden permitiu que a Metrópole se fizesse, permitiu que se industrializasse e, ingratamente, a Metrópole, depois, converteu as artérias que lhe deram vida em cloacas.

Esse é o fato, esse é o dilema que veio e, feito este parêntese, eu retomo ao ponto. Hoje, são aproximadamente 20 m3/s obtidos dessa forma: cheias e vazão natural. Antes ela operava com 360 MW médios. A “média” significa que existe instalada a capacidade de 880 MW mas, historicamente, operava com algo, entre os anos de 1983 e 1992, em torno de 360 MW médios; antigamente, eram 600 MW médios. Por que? O que quer dizer isto? Ao tomarmos toda a energia produzida em um ano e dividir este montante pelo tempo, isto gera uma média, que é como se a usina operasse, continuamente, naquele patamar de potência. Usa-se esse artifício matemático para simplificar o raciocínio, porque MW médio na verdade indica energia, é a grandeza física “trabalho” que poderá ser realizado depois. Seguindo, qual é a interpretação que nós fizemos acerca de um dos primeiros projetos de edital que “andaram flotando por ai” (risos!!!)? Era de que, além daqueles 20 m3/s se tratariam mais 50 m3/s adicionais o que, multiplicado por o que chamamos de produtibilidade da água, que depende da queda e do rendimento, entre outros fatores, permitiria produzir, ao se colocar água para cá, 298 MW médios adicionais, além dos 108 MW. Desses, 18 MW médios serão destinados às estações de tratamento, restando, então, 280 MW médios de energia líquida adicional, ou seja, são aqueles 80% que estão sendo vendidos novamente (no caso do conflito potencial).

Bem, de acordo com as estimativas da engenheira Sônia e do engenheiro Dorival, a geração será de 2.446.080 MWh anuais. Disto decorre que levantamos a seguinte hipótese... Porque, o que está sendo colocado no edital? A pessoa que comprar o direito de comercializar esta energia, pagará o quê? Fará aquele investimento previsto de 110 milhões de reais pelo sistema de tratamento (comentou-se que isto é um montante muito pequeno de dinheiro)... É eu também fiquei surpreso, por isto entendemos que este Seminário deveria ser organizado com especialistas das empresas. Porque eu, apesar de

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ser engenheiro civil e ter estudado um pouco de saneamento, eu me senti um pouco assustado porque, antigamente, eu encontrava números da ordem de dois a três bilhões de dólares para despoluir o Pinheiros, o Tietê e agora, de repente, nós descobrimos o “gênio” que nos permitirá fazê-lo por cerca de 100 milhões de reais. Será ótimo! Por isto queremos compreender... O Ibirapuera custou um milhão e meio. Bom, se isto funcionasse, ótimo! Queremos entender como, por isto os pesquisadores estão debatendo esta questão antes da implementação.

A pergunta que se coloca, então, é: a concessão que o empreendedor terá é uma inovação interessante, porque quando se fala em hipotecar o futuro, CESP e outras, é por cinqüenta anos (não é trinta mais a prorrogação?), quer dizer, é para longo tempo. Aqui pelo menos entenderam que se o objetivo fosse “fazer caixa”, o que importa mesmo são os ganhos líquidos anuais em um horizonte de dez a quinze anos, que são trazidos a valor presente subtraindo-se por uma taxa de desconto. No caso da CESP, o contrato é pelo prazo remanescente de concessão de dez anos, a parte do capital é de cerca de 18% ou 19% ao ano, que se desvaloriza pelo fato dele estar disponível apenas no longo prazo, na questão do valor presente do dinheiro. De qualquer maneira, a concessão será aqui representada do outro lado, será de cerca de dez anos. O empreendedor começa a fazer os investimentos atualmente. No quadro, isto aparece no valor de 110 milhões de reais, que corresponde ao desembolso imediato, seguido de despesas anuais de manutenção e operação da ordem de 50 milhões ao ano que são aplicados, e acima se encontra a incógnita que corresponde ao valor que o empreendedor receberá pela venda da energia durante dez anos. O que nós fizemos é tentar responder a que preço o empreendedor que se dispuser a desembolsar 110 milhões de reais agora, e 50 milhões de reais ao ano, qual será o valor deste montante para ele? É verdade que, além disto, o empreendedor tem que pagar 27 R$/MWh, pelos custos de manutenção e operação em que incorre a EMAE. E esta é a engenharia financeira do projeto.

A grande incógnita é o que a sociedade civil poderá esperar de um agente orientado para a especulação financeira e a maximização dos lucros, ou seja, quanto esse empreendedor estará disposto a pagar para ter direito a vender aquele volume de energia no mercado - que ninguém sabe como é ou como será e, hoje então está pior, não se sabe nem como o mercado é, e muito menos como será o mercado, em função da crise... De qualquer maneira, nós conseguimos formular algumas hipóteses. A primeira delas é que em janeiro de 2001 cada MWh seria vendido por 75 reais, que é o “valor normativo”. Corresponde ao que a ANEEL14 decretou e significa o que, da geração elétrica hidráulica nova, pode ser repassado automaticamente pelas distribuidoras, no caso delas comprarem por aquele preço, na tarifa dos consumidores. A outra hipótese que elaboramos corresponde ao mercado atacadista, que estava operando em 2000, para carga pesada - porque entendemos que, em princípio, ela poderia ser operada, substancialmente, nas horas de maior demanda de energia, que são denominadas de “carga pesada” -, e que vendeu a energia no ano de 2000 por R$121,00, em média, por MWh. A outra hipótese corresponde ao valor de 167 reais por MWh, que corresponde ao valor de março de 2001. Na semana passada, estava entre 450 e 460 reais por MWh, porque aquele é um cálculo feito através de um programa computacional do ONS e do Mercado Atacadista, que inclui simulações de falta de água, falta de energia, custo do combustível, risco de déficit. Existem ainda muitos outros parâmetros para calcular este valor, que é o valor liquidado nas transações bilaterais entre quem vende e quem compra. Claro que agora, com a crise energética, este valor encontra-se em alta, o que não quer dizer que se o modelo mudar, esse estado de coisas permaneça; muito pelo contrário, esperamos que, necessariamente, a cotação do valor baixe.

O que queremos transmitir com isso é que as possibilidades de quanto poderá valer esta energia em função das contingências atuais, e do que se prevê que poderá estar condicionando o futuro, revela valores muito variáveis. Devido a este motivo, projetamos quanto seria a sobra de cada ano, em função das hipóteses de preço auferíveis, depois, qual seria o valor em função da taxa de desconto, e chegamos às

14 ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

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hipóteses do fluxo de caixa a valor presente (que o pesquisador José Paulo poderá explicar melhor). As setas para cima representam quanto dinheiro irá entrar, e para baixo encontram-se as despesas. A diferença é o saldo líquido anual, que descontamos ano a ano através de uma taxa e trás para o período de equilíbrio, que corresponde ao início da fase de operação do projeto proposto. A simulação foi feita para julho de 2002, para o início das operações.

A primeira hipótese corresponde ao investimento inicial de 110 milhões de reais; operação, manutenção, e tratamento dos efluentes correspondem a 50 milhões por ano; pagamento mínimo à EMAE, aqueles 27 R$/MWh para recuperar os custos de manutenção e operação da geradora de energia, 66 milhões de reais por ano. Então, apresentamos agora a receita estimada, que na primeira hipótese corresponde a toda a energia vendida ao valor normativo citado (75 R$/MWh).

Na hipótese dois, temos a maximização da venda de energia: na ponta, 772 MW, pelos preços do mercado atacadista de energia em 2000; e, fora da ponta, 209 MW, considerando o valor normativo.

Para a hipótese três: 280 MW médios vendidos ao valor normativo, fora da ponta, e, considerado o preço do mercado de energia em 2001, na ponta.

E, hipótese quatro: 280 MW médios vendidos ao preço do mercado de energia de março de 2001. Poderíamos fazer outra hipótese hoje, com o valor do mercado de energia de mais de 400 R$/MWh.

E aqui estão os resultados, de quanto valeria, como diria um financista, esse “negócio”, referido a julho do ano de 2002. Estão aqui as várias hipóteses, as taxas de desconto, ou seja, quanto se desconta para trazer do futuro para o presente, a 10%, a 12%, a 15%, 18% ou 20% ao ano. E por que se usa uma variação de 10%? É porque, antigamente, o setor de energia elétrica usava, para valorar o capital investido e calcular o custo da energia, de 10% a 12% ao ano. E lançamos mão também do valor de 20%, que é o que os assessores de venda, da avaliação de preço mínimo de empresas, os consultores, que em geral, assessoram os dois lados, usam. Aqueles que fazem avaliação de preço mínimo de empresas estão, de um lado, assessorando a CESP, que será vendida, e de outro lado, os bancos, que estarão, em geral, arrematando os leilões de privatização. Mas isto é uma mera contingência dos dias atuais (risos!).

E aqui estão os resultados correspondentes ao valor presente líquido. As hipóteses acima, e as taxas de desconto aqui, gerando uma matriz de resultados que mostra a altíssima variabilidade do valor do “negócio”. Ele varia desde 290 milhões de reais, como valor presente líquido, que depois com base neste valor presente ele oferta: quanto mais ele paga para a EMAE para operar esse “negócio”, o resto ele embolsará conforme a avaliação dele, se o empreendedor pegar 20% ao ano da taxa de desconto e a hipótese de preço de energia mais baixa, que é o valor normativo que a ANEEL anunciou, ou seja, 76 R$/MWh. A titulo de comparação, vale lembrar que as novas térmicas a gás natural de grande porte que entrarão em operação terão o preço em torno de 90 R$/MWh, que é superior ao dessa hipótese apresentada. E o valor máximo do “negócio”, que é taxa de desconto baixa, de 10%, e o valor que nós usamos para o preço da energia vendida, que não é o atual, mas sim um terço do atual, dará 1,763 milhões de reais.

E por que projetamos estes números aqui? Para saber como é a forma de se tratar este “negócio” do ponto de vista financeiro. Esta é a lógica. Não há (?) planos dos banqueiros, dos financistas. E o problema está em querermos resolver uma questão que tem muitas dimensões, sob apenas esta ótica. O que estou tentando transmitir, é que qualquer empreendedor que for apresentar proposta, previamente usará a taxa de desconto e a taxa de risco, precavendo-se contra todos os riscos possíveis. E vai, necessariamente, sabendo que há uma volatilidade tão grande nos fatores e nas variáveis que influem na garantia de retorno. O empreendedor, evidentemente, em sua proposta descontará, previamente, o chamado risco Brasil, risco empresa, risco negócio, risco regulatório, entre outros, de modo que ofertará um valor bem baixo em função dos altos riscos. O que significa que nesta forma de organizar esta gestão, previamente, será subtraído - do ponto de vista financeiro – da sociedade, o valor do “negócio”, porque

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quem vai ofertar o fará desta forma (descontando, segurando para si). E fica a pergunta: esta é a maneira mais inteligente de se propor um “negócio”? Há outras formas? Eu penso que existem muitas.

De maneira que este é o exercício que foi feito. Não sei se alguém tem dúvidas sobre ele. A razão de mostrar estes números é porque a realidade é, exatamente, a disparidade é imensa. O empreendedor poderá pagar o adicional para a EMAE pelos dez anos, todos os anos pagar uma parte do adicional pela energia, que no valor presente isto significa 200 milhões de reais, e pode embolsar no fim, se ele tiver acesso a crédito no mercado internacional a 10% ao ano - isto existe, consegue-se até 6% a 7% ao ano -, o empreendedor poderá embolsar até um bilhão e meio (de reais). Eu não estou afirmando que o empreendedor fará ou não um investimento neste sentido, apenas afirmo que esta não me parece ser uma forma razoável de se abordar o problema, pelas suas dimensões de saneamento, de uso múltiplo da água, enfim, por todas as dimensões envolvidas, considerando ainda as outras alternativas que existem de projeto. Esse processo é essencial para o controle de cheias e, já foi dito aqui que o Pinheiros e o Tietê podem ser transformados em um grande projeto, em torno do qual a Metrópole possa viver, desde que despoluídos.

Porque, também, por outro lado, esse “negócio” tem outros riscos. E quais são eles? Supondo que algum empreendedor ou grupo empresarial compre esse “negócio” – porque no fundo estão vendendo um negócio stricto sensu, o direito da energia - nesse momento os empreendedores que estão com os 80% do negócio, ou que tiverem perdido 80% do negócio, resolvam reclamar. Com quem vão reclamar? Com quem vendeu. “Vendeu”, não duas vezes, mas, enfim, há uma interpretação possível nesta direção. Irão na Justiça, e quem pagará é o Estado de São Paulo.

Supondo que a flotação discutida aqui hoje não funcione, e o empreendedor não possa operar e vender esta energia, com quem ficará o risco? Com quem fez o edital afirmando “invista 110 milhões, use este processo e receba esta energia”. O risco está com quem? De novo com a EMAE, e que significa Erário do Estado de São Paulo, ou da sociedade, ou quem for. Estas são as questões que ficam. Ou então dirão para a SABESP, que é a empresa de saneamento, vá e limpe as águas do rio em questão. O experimento não funcionou, alguém terá que limpar, ou se perderá a energia.

No fundo, são esses os conflitos que estão enaltecidos, novamente, e aqui buscamos sintetizar as várias dimensões envolvidas. Eu ouvi os diversos argumentos e não tenho uma proposta definitiva, mas apresento esta a seguir. Como esta questão é fundamental para a vida da Cidade e de toda RMSP, e para a viabilidade da gestão do CBH-AT, é possível que os rios Tietê e Pinheiros sejam convertidos nas artérias em torno das quais a Metrópole possa pulsar, novamente, com turismo entre outros, desde que esses rios sejam despoluídos, adequadamente. É possível que essa questão fundamental, o controle de cheias, eu já citei isto. Além do mais, a SABESP precisará de muita energia, porque essa mesma água hoje acaba virando esgoto. Ela sobe para as residências sendo bombeada, processo este que consome muita energia. Bombeamento que se faz a partir dos mesmos mananciais, onde se eleva o nível da água para propiciar pressão e distribuir a água tratada, e esta água vira esgoto. Esta água está sendo reciclada, portanto, e a SABESP é uma das grandes consumidoras de energia elétrica. O saneamento básico no Brasil consome 3% da energia elétrica do País e terá que consumir muito mais, porque tem muita gente que ainda não conta com o serviço público de água tratada, sendo este um outro detalhe.

Outro problema é o da iluminação pública. São Paulo demanda 150 MW para a iluminação pública e, poderá economizar 50 MW se trocar as lâmpadas azuladas pelas amareladas; mas esta é outra discussão. O Município de São Paulo precisa também de energia para alimentar as escolas e prédios públicos em geral. O próprio Estado de São Paulo está pagando conta para a Eletropaulo Metropolitana, quer dizer, porque serão vendidas estas empresas, e as contas deles (São Paulo - Estado, Município -, SABESP) terão que ser pagas para empresas privatizadas.

Quer dizer, para quê colocar esta intermediação nesse processo? Ora, vamos “fechar as pontas”, fazer um curto circuito em tudo: junta-se a Prefeitura de São Paulo, a

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SABESP, a EMAE, a CETESB e faz-se uma associação, incluindo os outros municípios da RMSP, o CBH-AT e se impõe um “controle coletivo, negociado, consensual” sobre como limpar, ou seja, assumamos nós os riscos e paguemos depois a conta através de nossos projetos. Por que não ousar, arriscar? Por causa de riscos financeiros? É simples: vamos assumir, tomar conta do nosso destino de novo. Estes rios são nossos... Tietê, Pinheiros, isto é um problema nosso, vamos resolvê-lo! Pagar a conta que tem que ser paga. E, além do mais, se tirarmos todas estas entropias criadas por estes vários “negócios” paralelos, do ponto de vista do custo total, ele será sempre o mínimo. O mínimo, porque tudo que vier após isto já será previamente acrescentado, de todas as percepções de risco individuais de qualquer agente. Haverá uma sinergia total nessa possibilidade aqui proposta.

Faça-se uma organização de propósito específico, ou algo correlato. Juridicamente é possível embasar esta proposta. Compreendamos a necessidade de se recuperar o papel do uso múltiplo das águas, e do controle coletivo sobre elas no espírito da legislação do Código de Águas, da própria legislação da política nacional e estadual de recursos hídricos, que prevêem este tipo de fatos e os regulamenta do ponto de vista jurídico. Todavia, na prática, a todo o momento estas leis são confrontadas pelos controladores das concessões, os quais têm um grande negócio, que fatura em torno de trinta bilhões ao ano em energia elétrica e que, em geral, têm poder de articulação e de “fogo”, muito mais rápido e de atuação mais consistente do que os vários comitês, que representam interesses difusos, coletivos.

De maneira que a proposta que quero deixar aqui é esta, vamos repensar este projeto e seus antecedentes históricos. Que se junte a Prefeitura, o Estado, a EMAE, a SABESP, a CETESB, e vamos fazer um encontro de contas, encontro de interesses, encontro de possibilidades, eu penso que esta é a proposta a ser colocada para discussão.

Tenho a impressão que não deixei de esboçar todos os pontos capitais... De maneira que esta é a contribuição que desejo ofertar, apresentando uma proposta do que vem sendo discutido, e apresentando uma análise do que nós entendemos que é a dimensão energética e financeira do problema pautado. E o espírito do debate é o de que se recupere a dimensão maior envolta nesta questão. Não sei se eu passei muito do tempo, mas é isto que eu tenho a dizer. Muito obrigado (aplausos). Prof. Murilo Fagá: Obrigado Professor Ildo Sauer. Penso que nós podemos começar o debate. Convidamos todos os expositores para retomarem seus lugares e recompormos a mesa. Pedimos que a economista Odette coordene o nosso debate e lhe agradecemos por fazê-lo. Prof. Ildo Sauer: Quero fazer uma sugestão à Presidência da Mesa, para que convide os engenheiros Sônia Seger e Dorival Gonçalves, porque na ausência... Nós ficamos muito preocupados ontem, às 17h00, ao receber a comunicação de que aqueles que estavam confirmados, não viriam. Felizmente, os engenheiros Dorival e Sônia haviam estudado, profundamente, o Projeto e, eu proponho que eles também componham a Mesa, não para substituírem as entidades ausentes, mas para oferecerem dados técnicos que possam ser solicitados ao longo do debate.

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Henry Borden Henry Borden

• Potência instalada - 880,7 MW

• Altura de queda (bruta) - 720m

• Geração média atual (restrita) - 108Mwmédios (20 m3/s - desde 1992 - CE)

• Entre Abril de 83 e Outubro de 92 - operava com 360 MWmédios

• Projeto original - 600 Mwmédios

ENERGIA x DESPOLUIÇÃOENERGIA x DESPOLUIÇÃOPropostaProposta

• Tratamento de 50 m3/s adicionais

• Adicional de energia - 298 MWmédios

• 18 MWmédios - sistema de tratamento

• 280 MWmédios - venda ao vencedor (da licitação)

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Análise Financeira Análise Financeira -- DadosDados• Energia

GERAÇÃO ANUAL - 2.446.080 MWh

• Mercado - Valor de venda da energia pelo vencedor -HIPOTESES

1) VALOR NORMATIVO - R$ 75,96/MWh (janeiro de 2001)2) MAE / Carga Pesada - R$ 121,60/MWh (média de 2000)3) MAE / Carga Pesada - R$ 165,00/MWh (Março de 2001)

• PREÇO MÍNIMO a ser pago p/ energia ao EMAE - R$ 27,00/MWh (recuperação de O&M ao EMAE)

Análise Financeira Análise Financeira -- HipótesesHipóteses• Fluxo de caixa, em valor presente, referido a Julho de 2000• Investimento inicial - R$ 110.000.000,00• Operação e manutenção (efluentes) - R$ 50.300.000,00 / ano• Pagamento da energia à EMAE - R$ 66.042.054,00 / ano• Receita estimada

• HIPÓTESE 1 - toda a energia vendida p/ valor normativo• HIPÓTESE 2 - máximo na ponta = 772,7 MW; fora da ponta = 209,6 MW, respectivamente, pelos preços de ponta (MAE - 2000) e do valor normativo;• HIPÓTESE 3 - 280 MWmédios vendidos ao valor normativo, fora da ponta, e ao preço do MAE (2001), na ponta;• HIPÓTESE 4 - 280 MWmédios vendidos ao valor do MAE de março de 2001

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RECEITAS LIQUIDASHipoteses 1 2 3 4

T. D. FRC 1 / FRC R$ x 106 69,4 87 79 28710% 0,16 6,14 VPL 426,43 534,58 485,42 1763,4912% 0,18 5,65 392,13 491,57 446,37 1621,6115% 0,20 5,02 348,30 436,63 396,48 1440,3918% 0,22 4,49 311,89 390,99 355,03 1289,8020% 0,24 4,19 290,96 364,75 331,21 1203,24

1 - VALOR NORMATIVO (75,96 - jan. 2001)

2 - VALOR NORMATIVO (75,96 - jan 2001) + F.P. (280 MWm) e MAE (121,60 - média carga pesada 2000) + PONTA

3 - VALOR NORMATIVO (75,96) + F.P. (< 280 MWm) e MAE (121, 60) + PONTA (valor máximo)

4 - MAE (165,00 - mar 2001) (280 MWm)

Análise Financeira Análise Financeira -- SimulaçõesSimulações

Elev. Retiro

Elev. Traição

Res. Billings

Barr. Reg. Billings -Pedra

Usina H. Borden

Elev. Pedreira

Res. Rio das Pedras

Canal Inf.

Canal Sup.

Rio Rio CubatãoCubatão

Rio TietêRio Tietê Barr. PenhaBar. Edgard de Souza

Complexo Tietê Complexo Tietê -- Pinheiros Pinheiros -- CubatãoCubatão

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Comitê de Bacia Comitê de Bacia -- Alto TietêAlto Tietê

Corr. Pirajussara -2,1 m3/s

Corr. Jaguaré-1,05 m3/s

Corr. Morro do S - 1,05 m3/s

Guarapiranga Billings

Elev. Traição - 45 m3/s

Elev. Retiro - 40 m3/s

Complexo Tietê Complexo Tietê -- Pinheiros Pinheiros -- Arranjo PropostoArranjo Proposto

Rio TietêRio Tietê

Cor. Zavuvus - 0,7 m3/s

El. Pedreira - 50 m3/s

Microaeração

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GANHO DIFERENCIAL DE ENERGIA CONSIDERANDO AS CASCATAS DO TIETÊ-PARANÁ E TIETÊ-PINHEIROS

O cálculo das Produtibilidades das usinas inclui todas as usinas e PCHs

(Pequenas Centrais Hidrelétricas) que devem ser consideradas para a adequada aferição do diferencial entre as produtibilidades “Tietê-Pinheiros-Billings” e “Tietê-Paraná”.

Produtibilidades Estimadas das PCHs Nome Proprietário Potência

Instalada (kW) Queda

(metros) Produtibilidade

Estimada MW/m3/s PCH Rasgão EMAE 11,0 22,0 0,198 PCH São Pedro CFPSP 2,2 5,7 0,051 PCH Porto Góes EMAE 10,5 24,9 0,224 T O T A L 23,7 52,6 0,473

Produtibilidades Médias das Usinas Rio Usina Produtibilidade Média

MW/m3/s Tietê Barra Bonita

Álvaro de Souza Lima Ibitinga Promissão Nova Avanhandava Três Irmãos (Ilha Solteira) Produtibilidade Usinas Tietê

0,1727 0,1881 0,1872 0,2057 0,2605 0,3902 1,4044

Paraná (exceto Itaipu)

Jupiá Porto Primavera Produtibilidade Usinas Paraná

0,1982 0,1669 0,3651

Paraná Itaipu 1,0650 TOTAL TIETÊ e PARANÁ 2,8345 TOTAL TIETÊ e PARANÁ + PCH’s 3,3075 Tietê – Pinheiros – Billings

Henry Borden 5,3400

Fonte: EMAE – Empresa Metropolitana de Águas e Energia, 2002

A Usina Henry Borden apresenta vantagens energéticas decorrentes da sua maior

produtibilidade (5,34 contra 3,31 da geração em toda a cascata Tietê-Paraná). Cada 1,0 MWh produzido em H.Borden corresponderia, em tese, à alternativa de produzir cerca de 0,60 MWh na seqüência de PCH’s/Usinas do Tietê-Paraná, portanto, haveria um ganho de cerca de 40% na primeira seqüência. Porém, o ganho líquido é menor que o anunciado: 50 m3/s adicionais em Henry Borden não representarão um acréscimo de cerca de 300 MW médios, mas tão somente, cerca de 120 MW médios.

O que trazemos à reflexão deste fórum é: a decisão pela adução de uma certa quantidade adicional de água à Represa Billings, subtraindo-a de sua rota originalmente prevista rumo à foz do Rio Tietê, é potencial geradora de conflito. Isto se dá pelo fato de que a venda do controle acionário da Cia de Geração Tietê (hoje AES Tietê) foi baseada em quantidades de afluências das quais derivaram suas energias que, convertidas em receitas futuras, embasaram o preço do leilão de venda, e também influenciaram o cálculo da energia assegurada de cada usina da cascata Tietê/Paraná. Nesta concepção, embora o mecanismo de realocação energética (MRE), possa mitigar alguns efeitos, pode ser caracterizada uma duplicidade de venda de uma mesma parcela de insumo (água) para a produção de energia, gerando, potencialmente, controvérsias e disputas, expondo o Estado e a Sociedade a riscos de demandas judiciais.

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DEBATES &

PLENÁRIA FINAL PALESTRANTES E PÚBLICO PRESENTE Coordenadora – Maria Odette Gonçalves de Carvalho Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo

Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: Boa tarde a todos, queremos agradecer a presença de vocês. Nós programamos esclarecimentos, debates e propostas e, posteriormente, uma plenária para os encaminhamentos, mas alteramos esta programação: vamos abrir para os debates e, na seqüência, podem ser colocadas as propostas de encaminhamento. Então, estamos aguardando as inscrições. Público: Eu sou Francisco e me apresentei na parte da manhã. Quero parabenizar o Professor Ildo pela explanação, que esclarece muitas dúvidas. Mas você fez uma colocação, Ildo, sobre o percentual ganho entre água descer ou subir, os dois caminhos e, hoje, não devido ao Projeto em si, mas pela conjuntura colocada, hoje nós estamos num iminente apagão, ou propagado, antecipadamente, ou não, mas pode ser iminente a existência dele. Nesse sentido, eu gostaria que você abordasse o reflexo desses 50 m3/s, gerando, gerando pela Henry Borden a custos e pesos de ouro para a sociedade, na solução do apagão, ou descendo o curso normal do rio, tendo em vista que, por inconseqüência do Governo, hoje nós temos inclusive um problema de escassez em algumas usinas, que já tem problemas de geração. A abordagem para que a gente consiga pautar o Projeto não só do ponto de vista da capital, mas sim do ponto de vista nacional em relação à geração de energia elétrica. Prof. Ildo Sauer: Como eu disse, esta estimativa de ganho líquido de cerca de 40% entre a água caindo por um lado ou pelo outro é uma estimativa, porque podemos fazer a conta exata sabendo a altura de queda, o rendimento de cada turbina e máquina, a perda por evaporação, as perdas por transmissão da energia que vem desde Itaipu, progressivamente, para a RMSP, enfim, eu estimo que o ganho líquido seja de 40%. Há perdas e ganhos não muito diferentes deste valor. Isto significa, 120 MW médios, significa, aproximadamente, quatro vezes o que se pode economizar trocando as lâmpadas da iluminação pública do Município de São Paulo; que consomem hoje em torno de 50 MW médios, mas como é por doze horas ao dia, isto equivale a cerca de 25 a 30 MW médios, que é a demanda da iluminação pública de São Paulo, e que pode ser reduzida através da troca de lâmpadas.

Para que se tenha uma dimensão do problema, uma turbina de Itaipu equivale a 700 MW (não são médios, porque se trata de geração na ponta), mas ela opera, atualmente, com fator de capacidade, muito elevada. No Brasil temos instalados, para se ter uma idéia da dimensão, 60.000 MW médios. Depois dará para se fazer os cálculos... Não é muita coisa, mas é evidente que, na crise atual, qualquer quantidade de energia gerada é uma ajuda não desprezível. Mas não são aqueles 300 MW médios que o engenheiro Mário Santos, para minha surpresa, anunciou no ONS, em Brasília; e também não são os 300 MW médios de contribuição real, como ouvi algumas autoridades do Governo do Estado de São Paulo afirmarem. A contribuição é de, no máximo, 40% de 300 MW médios, e é muito importante esta informação. Não que esses 40% sejam desprezíveis, mas existem outras formas de conseguirmos este resultado. Uma turbina comum de cogeração permite obtermos esse montante de energia. Temos no interior de

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São Paulo o bagaço de cana, cujo fomento é rápido, em seis meses obtemos essa produção e, é claro, soma-se isto na matriz de geração de energia.

Ratifico, não estou dizendo que esses 40% sejam desprezíveis, é uma contribuição importante, só que tem que avaliar em outras dimensões o que isto significa. Primeiro, a história do projeto que expomos aqui, a concepção que foi proposta é absolutamente insustentável para o interesse da sociedade. Se se deve, ou não, ganhar esses 120 MW médios de potência instalada média, de hidrelétrica, no Brasil, tem que se fazer a avaliação dos impactos ambientais, por exemplo, na opção de se jogar a água no outro sentido. É evidente que todos nós aqui defendemos que se despolua, que se limpe e que se gere energia, todavia, desde que em condições seguras e confiáveis, penso que este é o consenso aqui. Não sei se falei demais (risos!), mas é a resposta que tenho para dar. Público: Meu nome é Condesmar, eu sou do movimento ambientalista. Eu gostaria de lembrar um outro aspecto, que parece que por todas as nossas discussões aqui, não passaram e, não tem passado. É, de certa forma, responsabilidade dos empresários brasileiros e internacionais nessa história toda; e do próprio Estado nesse sentido. Porque nós vemos o seguinte: a poluição que o rio Tietê hoje em dia possui, tem uma grande responsabilidade das indústrias e das empresas, que até hoje jogam quantidade (não é Samuel?) da sua poluição no Rio. E que nós temos visto agências governamentais como a CETESB, que na verdade não tomam as medidas que devem tomar ano após ano, ano após ano... Sempre vai aquela listagem daquelas mesmas empresas, que inclusive fazem parte do Conselho da CETESB, não é? E a responsabilidade é da Fiesp; da Fiesp, dos Ciesps, não é? Da Fiesp, a grande Fiesp do Estado de São Paulo; dos Ciesps, do Ciesp da Baixada Santista, Ciesp Cubatão (está aqui o Representante); dos Ciesps do interior do Estado de São Paulo. E que não assumem a sua responsabilidade frente a esta poluição que geram para toda a população. E que em nenhum momento assumem essa responsabilidade... E quanto dinheiro esses senhores vão pôr para que a gente tenha a recuperação do rio Tietê? E quanto esses senhores vão pôr aqui, para que a gente tenha energia barata acessível para toda a população? Ninguém põe o dedo nisto... Então, é necessário discutir a responsabilidade desses empresários, sim. E a responsabilidade, a responsabilidade do Estado frente a isto, de cobrar dessas pessoas. Eu gostaria de saber da Universidade, dos senhores técnicos, dos senhores cientistas, qual a posição dos senhores frente a isto... Porque se nós queremos um rio Tietê limpo, se nós queremos uma represa Billings limpa, se nós queremos boa captação de água para a Baixada Santista, para a RMSP, se nós queremos de novo poder nadar no rio Tietê a jusante, então, essa responsabilidade tem que ser assumida. Prof. Ildo Sauer: Admito que essas são preocupações absolutamente válidas. De que nós temos aqui um jogo de interesses, inerentes, hoje, à estrutura social em que vivemos. E isso faz com que, normalmente, os ganhos sejam privatizados e os custos socializados, em detrimento do meio ambiente, em detrimento das pessoas menos organizadas. Esse é um fato concreto e cabe, evidentemente, à sociedade civil e aos poderes públicos constituídos romperem com esse processo. Em nome da Universidade quem responde é o Magnífico Reitor, portanto, pela Universidade eu não falo e, no máximo, falo por mim, porque a Universidade é plural, cada cientista, professor, pesquisador, tem que ter seu compromisso ético com a pesquisa, com a Ciência, e expressa o seu ponto de vista. A Universidade em geral, por isto mesmo, tem professores que defendem idéias numa direção e outros noutra direção, todos eles com suas justificativas, mais ou menos sustentáveis, de acordo com a visão e os princípios científicos e éticos a que estão vinculados. De maneira que eu penso que é isto que eu posso colocar frente a este questionamento. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: Mais algum inscrito? Não... Então vou passar a palavra para o químico José Eduardo, que pede aqui para fazer algumas colocações.

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Químico José Eduardo Campos Siqueira: O que eu quero colocar diz respeito à proposta que o cientista Ildo Sauer fez hoje aqui, e que é a nossa proposta, com certeza. O “pecado original”, que não é grave, é que esta proposta precisa ser concretizada. Ela tem que ser traduzida na engenharia política e institucional que vai viabilizá-la. Então, o tema que é caro à nossa Federação, nosso tema predileto para a Federação que represento aqui, porque nós temos, junto a outras entidades, tentado por em prática nos últimos anos, e que é a construção de instrumentos de controle social das políticas públicas. Pensamos que a diferença específica dentro do que podemos chamar de “a nova esquerda” que emerge no cenário internacional, e da ortodoxa que conhecemos na nossa juventude (em nossas vidas) é, exatamente, a participação popular, que implica na democracia participativa, e na construção de instrumentos de controle social das políticas públicas, dos serviços públicos e de tudo que lhes diz respeito. O que não é uma utopia, tendo em vista que existe uma prática política em andamento, não é? Que nesse momento, não só no plano nacional, mas também no plano internacional, é o traço distintivo de uma determinada prática política, de uma certa ação de governo de uma determinada tendência política.

Então, feito este preâmbulo, eu quero colocar o seguinte, nós temos uma proposta que já é conhecida de algumas pessoas, de realizar uma conferência metropolitana de serviços públicos que, obviamente, poderá ser transformada em uma conferência municipal de serviços públicos de energia e saneamento, ou em uma conferência metropolitana desses temas. Nós entendemos que existem condições políticas nesta atual conjuntura, existem oportunidade e condições políticas de deflagrar um processo de organização da sociedade civil para realizar uma conferência metropolitana de serviços públicos de saneamento e energia. Pensamos isto numa conferência que pode e deve levada ao Comitê de Bacias, aos próprios municípios, ao Conselho Metropolitano no Município de São Paulo, que foi criado para tratar desse tipo de questão. Ele está no começo da sua atuação e, eu defendo que hoje saia daqui uma proposta para, efetivamente, ser organizada uma conferência ou um evento metropolitano desta envergadura aproveitando a oportunidade deste debate. Isto posto, quero dar um passo a mais, porque me parece que a proposta colocada pelo cientista Ildo Sauer é, essencialmente, a nossa proposta, e que nós devemos desde já afunilar uma compreensão sobre o que ela poderá significar, ou o que devemos fazer para encaminhá-la.

E, finalmente, citar que nós temos uma emergência “energética” e que, temos outra emergência de saneamento e este nosso encontro de hoje consagrou um certo consenso. Todavia, defronta-se com uma ofensiva na mídia e junto à opinião pública, no sentido de vender um projeto que seria uma das “sete maravilhas do mundo moderno” e, que está aqui colocado, e que nós todos também já sentimos as dificuldades de se reverter esse processo. Todos os presentes já tiveram contato com algum jornalista que defende, sistematicamente, o Projeto. Já gastou saliva tentando esclarecê-lo sobre a existência de outras dimensões do problema, e já teve a decepção de constatar a confirmação dele ao defender o Projeto em sua coluna semanal. Sabe, portanto, das dificuldades que estamos enfrentando, atualmente. E, preservando a proposta apresentada pelo cientista Ildo Sauer, reafirmar a necessidade de termos uma intervenção tática e emergencial ao menos no nível da próxima reunião do CBH-AT, no dia 24 próximo. Coordenadora Odette de Carvalho: Quero saber se existe mais alguma participação? Público: Não quero solicitar outro esclarecimento, mas penso que deve ter um outro tema que deve ser abordado, especificamente, neste Projeto. Nós estamos vendo o processo de privatização do setor elétrico sendo colocado a toque de caixa quando não são impedidos por alguma circunstância. O que se percebe, eu fiz o primeiro questionamento ao Professor Ildo, somente, para fechar o raciocínio, se não se justifica, em nada, para o bem da população, esse Projeto, qual é a justificativa que nós conseguimos encontrar para o Governo tentar enfiar-nos “goela abaixo” esse Projeto

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através de um discurso de racionamento? É, viabilizar a empresa metropolitana de água e energia, que hoje é deficitária, para poder colocá-la no PED, no Programa Estadual de Desestatização, o que significa que será colocada mais uma empresa para ser privatizada. Esse Projeto de viabilidade da Henry Borden colocará a EMAE, como já foi citado aqui, como uma empresa de ponta (de energia elétrica). Colocada, assim, de forma irresponsável, o Estado coloca também em risco a qualidade de vida da população, para poder privatizá-la. Ou seja, esta é mais uma atitude extremamente mesquinha desse Governo para tentar enfiar “goela abaixo” da população o seu Projeto de privatização.

A outra questão que eu penso ser importante de ser abordada é que nós estamos vivendo uma dificuldade muito grande de fiscalização e controle da população em relação aos serviços públicos. Tudo está sendo privatizado e não existe controle. A ANEEL não tem controle público, a ANEEL é privatizada; a ONS é privatizada; a CESP no Estado de São Paulo é privatizada. E a população ainda não se organizou. Eu parabenizo a idéia, ela está correta. Temos que encaminhar como o químico José Eduardo está propondo também. Agora, existe a possibilidade de se criar comissões de serviços públicos nos municípios, especificamente, de energia, existe uma legislação pertinente. Na Cidade de São Paulo existem alguns debates, mas essa comissão não foi implantada ainda, e eu penso que o momento é pertinente para que se priorize a discussão de controle da população sobre esses serviços públicos: energia, água, telefonia. Porque a população está alheia a esta discussão, e se usa de mecanismos que, na verdade, não são eficientes para combater a falta de princípios e de zelo dos governantes. A sociedade civil precisa ter esses controles, criar controles que sejam, efetivamente, públicos sobre esses serviços. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: Solicito-lhe licença, Dr. Wolney, para retomarmos a palavra ao público. Público: Bom, é só uma informação. E, depois, uma outra consideração. Foi falado sobre o Projeto Tietê. Na próxima segunda feira vai haver uma reunião na SABESP, no Auditório Costa Carvalho, onde serão entregues as propostas de “pré-qualificação” para a segunda etapa do Projeto, ou seja, está entrando agora na segunda etapa do Programa de Despoluição. É óbvio que esses mecanismos de controle precisam ser aprimorados. Tem uma série de questões que precisam ser revistas, inclusive, mas que está andando. Ele é o único projeto no Brasil que tem duração de oito anos; com problemas, mas está avançando, e a gente sabe que este é um processo lento. E, que nessa segunda etapa, a gente conseguiu colocar junto com as negociações lá do BID um mecanismo de controle envolvendo a Rede Brasil, que hoje monitora todos os financiamentos junto aos bancos multilaterais, envolvendo o sistema estadual de recursos hídricos, os comitês de bacia e, também outras instituições que queiram participar.

Eu só quero fazer uma consideração, porque eu sou biólogo de formação, com especialização em limnologia, e é interessante poder ver outras óticas, inclusive na sua apresentação isto aqui para mim foi, extremamente, didático para entender a questão econômica e outro ponto de vista. E na verdade, além de “São Pedro” que está sendo culpado por todo esse processo, agora os ambientalistas estão sendo culpados pelo não andamento das termelétricas. E, na verdade, eu penso que isto é uma preocupação, porque eu vi inclusive o Professor Goldemberg, ex-reitor desta Universidade, a USP, já afirmando que tem que passar por cima, meio que “tratorar”, que ambientalista acaba atrapalhando todo esse processo. E a gente sabe muito bem que, por exemplo, com relação às termelétricas vários lugares estão sendo propostos. E não é questão de ser contra termelétricas, ou nada disso, a questão é no lugar que está sendo proposto, e mais do que isto, há falta de organização na discussão de uma coisa mais ampla, de matriz energética. E fica claro, quando a gente vê uma apresentação como esta, a falta de gestão de todo o processo.

Eu quero lembrar só uma coisa, que a gente vive, exatamente, numa região de mata atlântica, com mais de 110 milhões de habitantes (no Estado de São Paulo) e hoje, de toda a área original, restam menos de 7%. Se 95% hoje, no Brasil, tem geração de

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energia elétrica proveniente de hidrelétrica, e a gente sabe que uma das funções da floresta é, exatamente, produção de água. A gente vê que não é à toa que tudo isto está acontecendo. E, na verdade, as medidas que a gente escuta e vê por ai, na verdade elas acabam não considerando a questão da importância de preservação da floresta. De recomposição florestal, de manejo da bacia hidrográfica. Esse é mais um exemplo, em verdade, da atuação pontual do rio Pinheiros. A questão de manejo da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, que é extremamente complexa. A gente sabe de todas as dificuldades, de toda complexidade; que juntando com a Baixada Santista, Vale do Paraíba, Grande Sorocaba, Piracicaba e RMSP formam o maior complexo urbano do mundo. É óbvio que junto com esse complexo urbano você tem uma série de interesses, de dificuldades de gestão. Mas, na questão do manejo da Bacia a gente vê que está muito deficiente, quer dizer, sempre se aposta e se investe muito numa ação pontual.

Eu faço parte da Câmara Técnica do Comitê de Bacia, tem aqui alguns representantes - a Violeta, o Sourak, o Ronaldo, e eu penso que será extremamente importante, no dia 24 terá a apresentação, não sei se vai aparecer alguém para falar, mas eu penso que será fundamental ter uma explanação (não sei como pode ser organizado) para se colocar este outro lado, que não só as questões ambientais vão influenciar na questão da qualidade das águas. A gente sabe que, constitucionalmente, este direito está garantido, mas estão querendo até isto romper, alegando isto. Mas eu penso que esta visão é extremamente importante e vai dar subsídios ao Comitê de Bacia.

E penso que outra medida que o Comitê de Bacia deve adotar, ou outras instituições, é entrar na Promotoria, quer dizer, entrar no Ministério Público. Eu sou o Samuel Barreto da Fundação SOS Mata Atlântica. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: A mesa concede a palavra ao Dr. Wolney que esteve aqui pela manhã e que quer fazer algumas considerações. Dr. Wolney: Bom, eu quero apenas reafirmar aquela proposta que eu fiz após a exposição do químico José Eduardo, pelo seguinte: como o Samuel aqui acabou de falar, é necessário que o Comitê de Bacia esteja municiado de elementos para poder fazer análises, e entender o todo, ter a dimensão completa, global, do problema da poluição, do problema do saneamento, da energia, entre outros. Eu considero da maior importância que o Comitê de Bacia, através das suas câmaras técnicas, tenha instrumentos, informações, análises técnicas para poder enfrentar esta discussão. Eu tive a oportunidade de participar – e participo também da Câmara Técnica do CBH-AT – e percebemos que a falta de informações, e condições instrumentais mesmo para o trabalho do Comitê, diminui muito a capacidade que o Comitê tem de intervenção, de todos os seus membros participantes. Obviamente, os setores governamentais contam com uma estrutura melhor para atuar, e muitas vezes isto gera um desbalanceamento que prejudica as discussões e impede o aprofundamento da análise.

Com respeito à minha apresentação hoje de manhã, eu insisto naquela linha e ratifico a proposta de que se leve como uma proposição deste Seminário para o Comitê, uma avaliação do Projeto Tietê. Ou seja, que o Comitê, hoje - naquela época não havia isto, na revisão do SANEGRAN não se possuía ainda esse sistema participativo de gerenciamento dos recursos hídricos -, mas hoje temos esse sistema e, ainda que seja embrionário, mas ele deverá retomar aquilo que foi uma discussão envolvendo setores consideráveis da sociedade. Diversos segmentos sociais participaram da discussão que gerou o Projeto Tietê, portanto, proponho que o Comitê retome aquele plano e faça uma avaliação, tecnicamente bem embasada e informada a respeito de quanto foi investido; em que ponto, em que estágio das obras de implantação das estações de tratamento se está, que estágios as obras de coleta se encontram, ou seja, condições objetivas para que o Comitê possa avaliar propostas de planos para despoluição, geração de energia, entre outros. Público: Boa tarde, eu sou o José Paulo, sou aluno do PIPGE e trabalho na CESP. Eu quero só lembrar que o pessoal da manhã, o engenheiro Dorival e o Dr. Wolney estão

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aqui, e a parte da manhã também está em debate. Mas eu só quero colocar aqui uma questão que o colega me incentivou a colocar; que é a questão, eu acompanho, a questão dos grupos econômicos, talvez até o engenheiro Dorival pudesse comentar alguma coisa...

Tem um grupo econômico que está na geradora Tietê, e ao mesmo tempo está na Eletropaulo, que vende energia elétrica. E tem um contrato que é totalmente inédito entre os que já fizeram e que, quando liberar, em 2003, essa energia, ela já está totalmente vendida, essa energia, da geradora Tietê para a distribuidora da Eletropaulo, por um preço que pode ser questionável. Pode ser que a gente esteja pagando mais em nossa conta de luz aqui em São Paulo (quem é daqui) por conta desse acordo entre duas empresas, mas que tem um controlador que é do mesmo grupo.

E ai me espanta também que no próprio caso, aqui, é o mesmo grupo que está também tentando viabilizar essa geração de energia em Henry Borden, que será o mesmo que estará perdendo água lá no Tietê. Então, de um lado se estará ganhando uma receita adicional em Henry Borden, e perdendo um pouco de receita no Tietê. Logicamente, se fosse outro grupo não daria certo. O conflito seria muito maior. Mas como é o mesmo grupo que está em toda a Bacia do Alto Tietê, isso é viável. E, depois, na Bacia do Paraná é a CESP, que está nas mãos do Estado ainda, que não está reclamando de nada, está quietinha lá, só esperando ser privatizada, que se fosse um outro grupo financeiro também poderia reclamar.

Eu sinto que o órgão regulador do Estado está completamente cego e nem está enxergando isto, a CSPE. E a ANEEL, ela analisa pontualmente. Ela analisa o projeto. Viabilizou, a empresa pede autorização e recebe autorização da ANEEL. Essa visão integrada não existe. O que existe a gente percebe assim, até no nosso próprio curso, algumas autoridades reconhecidas internacionalmente, que num momento de crise como este, é importante passar por cima das restrições ambientais para viabilizar a geração de energia, que isso hoje é emergencial. Então, é complicado... Cria-se uma urgência, o professor Ildo tem declarado há dois anos que esta crise é programada, e depois, na hora da urgência, vende-se geradores, vende-se lâmpadas, ativa-se todo um comércio elétrico, uma indústria elétrica, e viabilizam-se projetos que não seriam viabilizados noutro momento, não é? Eu vejo os órgãos reguladores incapazes de controlar esse processo.

Então para fechar o raciocínio, que eu penso que casou com a colocação do professor Ildo. Eu penso que quem tem essa visão integrada e holística são os pesquisadores do meio ambiente, e talvez não é por outro motivo que as autoridades dizem que “tem que passar por cima do meio ambiente” que é, realmente, o lugar onde se colocaria a discussão mais coletiva para a sociedade. E, justamente, o que pode “atrapalhar”, os defensores dos interesses econômicos falam: “não, vamos deixar de lado, um pouquinho, o meio ambiente”. Porque, justamente, o que não deve ser deixado de lado neste momento, é o fortalecer dessa discussão ambiental. Eu não sei se eu abordei tudo, não sei se o engenheiro Dorival ou outra pessoa pode aprofundar o tema. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: Eu vou passar a palavra para o engenheiro Dorival Gonçalves, que além de colega nosso no PIPGE, é professor na Universidade Federal do Mato Grosso, caso ele queira tecer algumas considerações. Engenheiro Dorival Gonçalves: Não. Eu acredito que o pesquisador José Paulo, ele comentou uma série de questões. Ele acabou dizendo que o próprio grupo que se mostra interessado em ser o responsável desse Projeto de despoluição do Tietê, é o mesmo que é dono, por exemplo, de todas as usinas hidrelétricas em cascata, aliás, parte delas, porque ainda não foram privatizadas, a CESP Paraná. Penso que ele tocou numa questão fundamental. Quando nós estamos discutindo aqui, nós não vamos evitar a questão de reestruturação do setor elétrico. O modelo que se estabeleceu. Os beneficiários que, ou seja, quem está obtendo benefícios com esse modelo. E que tem uma certa lógica, não é? É comum e há até uma discussão interna no próprio grupo do PIPGE, quando a gente discute se esse modelo está fracassando ou não...

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É óbvio que não há um fracasso. O modelo, ele foi concebido para ser isso, na medida em que a lógica que se estabeleceu é uma lógica em que os capitais, que se apoderaram de todo esse sistema, a cada vez mais se beneficiam. Basta observar o que está sucedendo hoje, como o próprio pesquisador José Paulo colocou. E se observarmos as medidas provisórias que estão anunciadas, por exemplo, a medida provisória anunciada ontem deixa muito claro, primeiro, na questão ambiental, que as termelétricas agora, para serem aprovadas, precisam apenas de quatro meses, para passarem por todo o percurso de aprovação nos órgãos ambientais, seja o IBAMA15, sejam os órgãos estaduais. As hidrelétricas, pasmem, as hidrelétricas agora reduzem para seis meses, coisas que antes demandavam anos de “brigas” com a sociedade, e de discussões acaloradas. O que nós, a partir de 1988 tínhamos avançado, e organizado a sociedade para poder interferir, agora nós retrocedemos. Quer dizer, eu penso que nós chegamos numa época, e vou usar um termo que pode parecer duro, mas nós voltamos à ditadura, não é? Voltamos à ditadura da forma mais exacerbada, porque não nos permitem mais opinar, sequer, pelos projetos.

Eu usarei aqui, bem eu me contive até agora, mas passando, praticamente, um mês junto aos colegas para obter contatos com o Governo do Estado de São Paulo, em que agentes estaduais afirmaram que estariam presentes aqui, e na última hora eles não nos respeitam de forma alguma, quer dizer, o Governo age de forma extremamente, unilateral; o Governo não respeita a sociedade. Essa é uma situação complicadíssima e, eu penso que nós estamos aqui, dentro de uma Universidade, e é muito comum sermos acusados de “fazer política”. Mas é importante destacar o seguinte: a Universidade, dentro de suas três funções abarca ensino, pesquisa e extensão. Nesse momento nós estamos fazendo extensão. E a extensão como caráter público, aquela que interage com a sociedade, reflete os problemas da sociedade, e que tenta – como está sendo colocado aqui – propor soluções para a sociedade. Aqui não estamos fazendo um tipo de extensão que é muito comum, atualmente, nos campi universitários das universidades de cunho público, mas onde se “vendem” produtos acadêmicos. Não é essa a Universidade Pública que nós defendemos e sim, a Universidade que se tenta construir através da Coordenação do Programa de Pós Graduação em Energia, no sentido em que possamos recuperar as atividades fins da Universidade Pública.

Desejo lembrar que estamos na fase da Plenária e, portanto, nós nos encontramos no momento propositivo. Solicito que nós encaminhemos as propostas, para que estas passem pela aprovação desta Plenária, e que as propostas aprovadas sejam encaminhadas para o Comitê de Bacias. E, ainda, proponho que façamos o relato para aqueles que se ausentaram, e que deveriam comparecer hoje aqui enquanto instituições públicas, e que devem responder, publicamente, pelas suas funções (aplausos). Público: Boa tarde, eu já me apresentei pela manhã, meu nome é Cibile, e tenho uma empresa chamada Acqua Brasilis. Quero reforçar um pouco o que o colega falou sobre o Comitê de Bacias, sobre estarmos vivendo aí uma nova ditadura. Penso que o Governo fez todo um esforço para a estruturação das chamadas agências, dentre elas a ANA, Agência Nacional de Águas, que dentro da política de gestão dos recursos hídricos deu uma força imensa para os Comitês de Bacias. E nós estamos vivendo aqui uma situação em que o Comitê de Bacia passa a não ter poder algum, em que a coisa é decidida meio que no “tapetão”. Eu penso que todo esse esforço que foi feito nos últimos anos cai por terra. Então cabe a nós, sociedade, realmente, lutarmos por isso que foi conquistado nesse aspecto.

Especificamente, sobre o Projeto que estamos conversando, como já disse de manhã, é estarrecedor o Governo pensar em fazer um investimento de 110 milhões de dólares, ou de reais, que seja, em uma tecnologia que não é conhecida, que não foi aprovada, testada em lugar nenhum do mundo, quer dizer, é uma aventura, é pular no escuro num negócio que envolve toda a população, envolve toda a sociedade. E depois,

15 IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

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quem é que se responsabiliza por isso? Ou, por outro lado, também, além de todos os problemas apresentados, introduz mais uma questão, que é a questão do lodo criado com acréscimo de produtos químicos. E o que faremos com isso depois? São volumes enormes de lodo, e o lodo é problema no mundo inteiro, então, vamos estar criando uma “fábrica de lodo”, e o quê fazer com ele? E é um lodo mais complicado do que um lodo comum de sedimentação; é um lodo no qual se acresceu elementos químicos como o alumínio.

Mas não adianta apenas estar criticando as coisas, a gente tem que procurar alternativas também para os problemas. E esse Projeto tem sido colocado para a sociedade como uma solução para hoje. É como se a gente decidisse fazer, a gente teria ele seria feito amanhã, e não teríamos apagão em São Paulo, por exemplo. E não é isso que na prática vai acontecer, quer dizer, nós temos um período crítico até novembro, e com certeza até novembro nós não vamos resolver isto e, além disso, o que dizem na imprensa é que a gente tem que agüentar até novembro e, ai a coisa ficará menos crítica. Então, a coisa é crítica mais ainda. Então, nós não vamos ter uma solução em curto prazo, mesmo incorrendo em todos esses riscos, não é?

Então, como temos aqui a condição de propor algumas alternativas, primeiro, no sentido de onde vêm, afinal nós estaremos gastando 110 milhões para tratar de poluição. E essa poluição das águas, de onde vem? Elas vêm das águas pluviais, basicamente, e dos esgotos domiciliares em decorrência de, enfim, assentamentos irregulares, o encaminhamento irregular para os rios, diretamente, sem tratamento. Então, nesse aspecto penso que deveria ter uma gestão mais global de todas essas águas; uma gestão dessas águas de chuvas, o quê fazer com elas? Fazer um plano de infiltração dessas águas, para segurá-las ou, um plano de contenção dessas águas em cisternas; fazer uma gestão de águas de chuvas. E, além disso, criar condições para que esses esgotos todos não caiam nos rios, quer dizer, nós estaríamos ai atacando a causa do problema, e não a conseqüência, que é a poluição. Nesse aspecto nós temos alguma coisa a contribuir. Nós temos estações de tratamento compactas, que podem ser colocadas, pontualmente, nós lugares que causam essa poluição. São estações que têm consumo muito baixo de energia e, uma alta eficiência no tratamento. Então a gente acredita que está é uma contribuição real e, em curto prazo, para atacar as causas do problema; e não os resultados dela, que se traduzem em poluições diversas. Muito obrigado. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: Nós temos mais três pessoas inscritas. Eu peço a elas que sejam objetivas, para que depois possamos fazer os encaminhamentos. Solicito que as pessoas se identifiquem e, ao longo dessa fala se encerram as inscrições. Público: Meu nome é Sourak, eu estou como representante da sociedade civil, movimento ambientalista, e eu estou na coordenação da Câmara Técnica de Qualidade das Águas e Proteção dos Mananciais. O que eu quero falar, na realidade, é pontuar um pouco o que está em discussão aqui. Na verdade são duas visões: uma é estar tentando recondicionar ou colocar a questão dos recursos hídricos no que é, exatamente, a discussão de proteção dos mananciais; a outra, é uma visão extremamente voltada para a geração de energia. Esses dois pontos de vista, eles estão em conflito nesse momento, mas se encontraram em razão de uma dificuldade que o sistema apresenta.

O sistema energético agora solicita, e nós depreendemos, que a questão move uma urgência maior e, exige da sociedade vários componentes, ou vários entendimentos que não estão colocados nesse debate. Nós vimos uma visão do saneamento, vimos uma visão energética, mas eu penso que falta a visão ambientalista, falta a visão de saúde pública. Porque a reversão do rio Pinheiros para a Billings também envolve essa questão da cadeia alimentar, e o que isso interfere na questão limnológica. E, também, do que a população do entorno da Billings usufrui desse corpo d’água. E, além disso, do que está colocado em termos jurídicos que é, exatamente, a subversão do Código Florestal, a subversão da Lei de Mananciais e, a subversão da Lei de Crimes Ambientais. Eu quero que essas coisas sejam tratadas e, na qualidade de Coordenador da Câmara

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Técnica de Qualidade das Águas e Proteção dos Mananciais também solicito que isto seja encaminhado para o Comitê de Bacia do Alto Tietê, para que essas questões fossem também mais aprofundadas, porque nós precisamos ter ao menos estimado o que de subtração desse círculo todo, pegando em termos energéticos, o quê que nós gastaremos se nós assumirmos esse Projeto. Eu não sei se fui bem compreendido, ou seja, precisamos saber se transformarmos tudo isso em energia (vamos dizer assim), o que vai ser gasto em saúde pública, o que vai ser gasto em termos de limpeza da Billings pela entropia, o que vai ser gasto em termos de limpeza dos resíduos sólidos por poluição difusa da macrodrenagem, entre outros. Obrigado. Público: Meu nome é Condesmar, e de novo eu quero lembrar aquela questão que coloquei aqui, de que os comitês de bacias envolvidos, que são três ou quatro, pelo menos dois deles são controlados pela Fiesp/ Ciesp, e é bom lembrar isto. De forma vergonhosa, não é? De forma vergonhosa, muitas vezes arregimentando entidades como clubes de futebol, entidades espíritas, clubes de truco, entre outros, para que participem dos comitês. Então, na medida em que fazem uma proposta como essa, isto me preocupa. Eu sou da Baixada Santista e nós somos de uma entidade muito participativa nesse sentido. Fomos nós os autores da ação civil pública que ganhou a liminar contra a usina termelétrica em Cubatão (assinamos junto a uma série de entidades). E, o sistema estadual de recursos hídricos não é, exatamente, uma maravilha e, para nós, não parece o locus de decisão dessa questão. Então, eu quero fazer uma outra proposta aqui. Quero sim, que seja criado – como já foi feito diversas vezes – um fórum de caráter não governamental para discutir a questão energética e a do meio ambiente. Isto sim, me parece muito mais estratégico e fundamental, do ponto de vista da articulação da sociedade civil paulista, para que nós tenhamos uma decisão mais democrática com relação aos destinos da energia, do abastecimento público, da saúde pública, ou seja, tudo que o Sourak aqui propôs junto às demais pessoas. Eu não vejo esse sistema de recursos hídricos como uma instância democrática de decisão. E que não haja pressão desses chamados setores empresariais, desses setores voltados ao lucro, que não têm o trabalho voluntário, são entidades voltadas ao lucro e, que na verdade privilegiam uma parcela muito pequena da nossa população. Eu quero deixar essa proposta aqui. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: Antes de passar a palavra à arquiteta e urbanista Violeta, desejamos agradecer pelo auxílio prestado à Coordenação deste Evento, notadamente, na parte de divulgação do mesmo. Público: Meu nome é Violeta Kubrusli, eu trabalho na Secretaria Municipal da Habitação, especificamente, no Programa Guarapiranga. Eu, infelizmente, não pude estar aqui de manhã, e não quero repetir falas. Enfim, sou arquiteta e urbanista, e sobre os detalhes químicos, que estarrece, mas que a gente não entende muito, a gente gosta de se interar dessas questões, e nesse sentido essas exposições são muito úteis. O que preocupa, espacialmente, é a disposição desse lodo; além de que no edital são dados dois anos para que o empreendedor se livre de um resíduo perigoso. Nós não temos mais espaço na RMSP, os aterros inexistem; a gente não tem mais o aterro onde a SABESP pensava em destinar este resíduo. E, de uma fonte da SABESP que eu vou declinar, uma fonte que trabalha na SABESP, um técnico que me confiou de que essa preocupação estava sendo levada na SABESP o tempo inteiro, sobre Barueri que terá que trabalhar em tempo integral sem parar para se livrar desse lodo produzido pela flotação. E nós, que somos do Projeto Guarapiranga, onde já se encontra um investimento enorme, que para que ele se viabilize como um Programa, parte da estratégia é a exportação dos esgotos da Bacia (e ai a gente já gastou bastante dinheiro), então eu pergunto: o destino é Barueri, mas se Barueri vai trabalhar 24 horas para tratar os esgotos da flotação, que é uma interferência no processo todo de muitos anos de trabalho, de reurbanização das áreas degradadas, de recuperação dos loteamentos irregulares, de um controle mínimo da poluição difusa; então eu pergunto, o que iremos fazer em um programa também que é multi-institucional, tem o tomador do recurso que foi o Estado, e a gente então vai destinar para onde? Vão

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dar de última hora a notícia que o Guarapiranga não vai poder exportar seus esgotos, porque a gente vai ter que construir outra ETE, em outro lugar, para poder lançar o esgoto, sendo esta uma estratégia de um outro programa que está em curso? Então, essas são preocupações que nós, como arquitetas urbanistas nos deparamos.

E no Comitê de Bacia, apesar da crítica do colega Condesmar, de que não é ainda um fórum totalmente democrático, mas eu sou mais otimista, depois de vinte e cinco anos de serviço público, a gente nota diferenças, porque eu sou de um tempo onde a mesa não tinha ninguém para a gente conversar. Agora, mesmo que ele seja jogador de truco, mas a gente tem a sociedade civil representada. E essa melhoria de espaço para atuação cabe a nós construir. E a gente não pode deixar de levar esta discussão para o Comitê. O filme que vocês viram hoje de manhã já foi apresentado no Comitê. A Ex.ma Sra. Prefeita esteve aqui e ela se manifestou, fortemente, no dia mesmo em que a EMAE não foi. E a coisa é assim, porque o Secretário Executivo é o Sr. Mendes Thame, que é signatário da proposta. E ele estava lá, e nessa hora até foi bom ser secretário do fórum tripartite, porque ele nem se manifestou, ele é signatário desse trabalho. Então, somos partidários de que essa discussão, ela seja levada ao Comitê, que é um fórum adequado.

E desejamos dar o seguinte informe: nas câmaras técnicas do Comitê, nós, em tempo recorde, pois os recursos são poucos e, seguimos fazendo redes eletrônicas amadoristicamente, pegando o endereço eletrônico das pessoas que conseguimos contatar. E a gente vai tenta superar essa falta de recursos, trabalhando em tempo recorde em cima das informações que foram disponibilizadas, que era aquela apresentação de quase 4Mb e não dava para baixar em nenhum computador. E a gente teve dificuldades para toda a equipe poder ler. E o documento do MDV16, que apresenta uma série de questionamentos, e que sabemos ser um documento produzido pela excelência técnica da SABESP, e que tem uma assinatura para uma exposição, não pôde expor o nome de toda a equipe técnica; e nós estamos ainda aguardando as respostas a esse documento. Esses foram os encaminhamentos de todas as câmaras técnicas: saneamento, planejamento, qualidade. Encaminhamos dessa forma, que enquanto aquelas vinte e oito questões – não sei se a Coordenadora da Mesa conseguiu fazer a distribuição do documento ao público presente –, mas ele é um documento que solicita, expressamente, respostas e até quem não entende muito de química ou de biologia, ou ainda de hidrodinâmica, tentará entender a partir dessas respostas que aguardamos. Penso que a “avestruz que mantém a cabeça dentro do solo” terá que aparecer em algum momento, porque o documento enviado tem muitos signatários. É como a proposta de gestão metropolitana, que foi apresentada no Comitê: foi feita pelo Sr. Presidente da EMPLASA17 e pelo advogado da mesma empresa; o corpo técnico não teve qualquer participação. Estamos esperando essas respostas e, eu quero um voto de crédito para essa instância deliberativa, que é tripartite, que é nossa, é um espaço de cidadania do qual devemos nos apropriar. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: Informo que neste momento passaremos a entregar esse documento citado pela urbanista Violeta, bem como os anais do Seminário, para todo a público participante. E, antes que passemos aos encaminhamentos, o Dr. Wolney solicita a palavra para apresentar uma retificação. Dr. Wolney: Expresso minha ratificação à fala da urbanista Violeta quanto ao importante papel desempenhado pelo Comitê de Bacia. E quero fazer uma observação quanto à questão do lodo colocada agora em debate. É interessante observar o seguinte, em nenhum momento em que a EMAE, CETESB e SABESP fizeram apresentações, houve alguma colocação no sentido de que o tratamento do lodo se daria na Estação de Barueri. A proposta concreta apresentada é de disposição durante dois anos em uma área na Pedreira, que eles chamam de bota-fora. De manhã, na nossa apresentação fizemos comentários a esse respeito. E é apontada a necessidade de um estudo de 16 MDV - Movimento em Defesa da Vida 17 EMPLASA - Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo S.A.

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viabilidade para a disposição, após esses dois anos, que envolve incineração, entre outras possibilidades. Então, essa informação de que o lodo iria para Barueri não procede. Eu não sei como é que surgiu essa informação. Ao que tudo indica, trata-se apenas de um boato. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: Tentaremos fazer a síntese das propostas, sendo que os colegas da Mesa auxiliarão nesse processo. A Mesa entende que há consenso quanto ao fato de encaminhar as propostas aprovadas para o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, além de outros fóruns competentes.

As propostas apresentadas, sinteticamente, são: o Professor Ildo apresenta a proposta alternativa de parceria nesse Projeto, entre Estado, Município e as regiões metropolitanas (não apenas o Município de São Paulo). O químico José Eduardo Siqueira acrescenta a conferência metropolitana de serviços públicos e saneamento. O Francisco colocou a discussão e a possível da implementação da Comissão de Serviços Públicos. O Dr. Wolney colocou a questão da retomada de uma nova avaliação do Projeto Tietê, levando esta proposta ao Comitê de Bacias. O senhor Sourak discorreu sobre a questão dos crimes ambientais. A Mesa entende que o senhor Condesmar pede para que as questões sejam levadas a outros fóruns, além do Comitê de Bacias, ou seja, ele propõe a criação de um fórum não governamental, sem fins lucrativos, na área de Energia, Saneamento e Meio Ambiente. A Mesa compreende que estão aqui elencadas todas as propostas. O senhor Condesmar vai fazer uma complementação. Público: Desejo acrescentar que não há consenso de nossa parte, das entidades ambientalistas da Baixada Santista, de que isto seja encaminhado aos comitês de bacias hidrográficas como questão a ser decidida. Porque foi posto aqui que isto é consenso, e não há consenso de nossa parte nesse sentido. Nós queremos defender contra isto. Nós consideramos que no caso do Comitê da Bacia Hidrográfica, não sei se a Mesa conhece o nosso Comitê, lá é muito complicado... Em outros comitês também é bastante complicado. Então, vocês não podem supor que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê é igual aos outros comitês de outras regiões do Estado. Portanto, tem que se saber as diferenças. Na última eleição, agora, para os representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista, foram inscritas mais de quatrocentas entidades, e quando alguém levantou a mão quase apanhou lá dentro, porque queria discordar do encaminhamento da Mesa. Houve eleição onde as pessoas andavam armadas dentro da instância para eleição. Então, não se dá da mesma forma, como no CBH-AT, os outros comitês; é necessário compreender a diferença dessas realidades. E as decisões não se dão da mesma forma. Se houver em três comitês; dois comitês que sejam favoráveis à flotação e a volta ao bombeamento e um comitê que seja contrário, como se procederá? Deve enviar esta questão ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos ou a alguma outra instância do próprio Estado, para se saber como é que se dá isto.

Concluímos não sabendo se é este o melhor encaminhamento, do ponto de vista da sociedade civil paulista, para a discussão dessa questão. Na nossa visão o encaminhamento deverá ser outro. A minha proposta de encaminhamento é a criação de um fórum não governamental que discuta Energia e Meio Ambiente, de forma que se faça uma grande articulação dentro da sociedade paulista, para a discussão dessas questões, das quais nós (a população) não estamos tendo espaço. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: A Mesa está esclarecida. O engenheiro Dorival Gonçalves solicita a palavra para fazer um esclarecimento. Engo Dorival Gonçalves: Farei um esclarecimento ao participante, senhor Condesmar. Primeiro, este é um Evento, portanto, de uma entidade governamental, e a sua proposta não dá para ser contemplada, neste momento, neste nosso Seminário. Esclareço que a palavra está aberta e, por ser uma instituição pública a palavra está garantida a todos, mas a forma como está concebida a sua proposta, de que a gente convoque entidades não governamentais, e por nós sermos uma instituição governamental (não podemos

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perder de perspectiva isto) e, ainda, por nos encontrarmos em uma atividade que é aprovada por esta instituição (a USP), uma atividade de extensão, não nos compete assumirmos tal proposta. Prof. Ildo Sauer: Eu só quero complementar um pouco a posição do engenheiro Dorival para esclarecer. Veja, como foi bem colocado pelo engenheiro Dorival, esta é uma atividade de extensão e cultura de uma Universidade que é pública, que busca privilegiar o debate, a discussão, e a elaboração de propostas que sejam disponibilizadas para a sociedade como um todo. Então, as propostas de encaminhamento, no sentido que está colocado aqui são de que o resultado desses debates seja disponibilizado o mais, amplamente, possível. Não cabe a nós, de um Programa de Pós Graduação em Energia, em uma atividade de extensão, acolher propostas como a do senhor Condesmar. É possível, sim, mas organizar a criação de fóruns está fora da nossa esfera de atuação, digamos, não é o nosso papel aqui, ou seja, não temos este alcance, é isto que desejo esclarecer. É evidente que a proposta está colocada; irá constar dos documentos que serão disponibilizados o mais, amplamente, a todos. Quer dizer, não cabe ao Programa de Pós Graduação que eu coordeno, atualmente, nem ao grupo que organizou este Seminário, nestas condições, propor a criação de novas entidades, porque, simplesmente não tem a credencial legal, ou jurídica, para fazer tal ato. Enquanto encaminhamento, ele se encontra aqui registrado, portanto, existe uma proposta de que se deva constituir esse fórum. E o que for deliberado aqui, como foi dito, constará em relatório a ser produzido. Existe uma equipe de relatores que se encarregará de documentar a discussão e, encaminhá-lo – é essa a posição da Universidade Pública – o mais amplamente possível. E, eventualmente, que seja implementado.

Evidentemente, estou estendendo um pouco, dada a minha satisfação pela riqueza das várias contribuições técnicas, e há um viés, visto que elas usam o Programa de Pós Graduação em Energia. Tentamos ampliar, na medida do possível, as dimensões em saneamento e ambiental que tem ligação com as dimensões social, política, entre outras. Penso que as contribuições que foram trazidas aqui são muito importantes e devem constar em documentos, aliás, no fundo o que nós podemos produzir – eu vou simplificar – na Universidade é produzir papéis, documentar e registrar; no fundo é isto, e que representa uma limitação inerente ao nosso papel, mas que ele seja (depois de documentado) lido, visto e considerado pelas várias instâncias da sociedade. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: O químico José Eduardo Campos Siqueira está com a palavra. Químico José Eduardo Campos Siqueira: Desejo colocar o seguinte, penso que embora eu concorde, eu conheço os fatos aludidos pelo Condesmar, desejo defender e precisar mais a nossa proposta. Sustento que não está em pauta aqui a legitimidade do comitê de bacia. O que pode estar sendo colocado é que, taticamente, não seja a melhor estratégia recorrer, exclusivamente, ao comitê de bacia, dado que ele hoje é uma entidade tripartite, que envolve elementos hegemônicos que “jogam no time” contrário aos interesses de gestão sustentável dos mananciais. Eu penso que esta é uma situação de fato. Entretanto, só para concretizar, quero lembrar o seguinte, hoje a nossa seção aqui contou com a participação da Ex.ma Sra. Prefeita de São Paulo, que é Ex.ma Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e, que nós, as entidades, o meu sindicato aqui de São Paulo, que é o SINTAEMA18, nós lutamos durante anos pela democratização da lei de gerenciamento integrado. Vocês devem estar lembrados deste fato, no começo da década passada, e que, se está funcionando mal hoje, com certeza é porque a sociedade civil também está apresentando uma série de falhas, que, de qualquer maneira não é o caso de discutir aqui.

Eu vejo a nossa proposta hoje como: apresentar reunião do CBH-AT no dia 24 próximo isto que foi aprovado, ou seja, os resultados do nosso Seminário. Primeiro, uma

18 SINTAEMA – Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo

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representação reivindicando, ou solicitando, uma avaliação do “estado da arte” do Projeto Tietê, isto é uma coisa que eu penso ser consenso entre nós. A outra é apresentar ao CBH-AT o documento que inclua cópia de todos os documentos citados aqui pela arquiteta urbanista Violeta e, que foram produzidos pelas entidades, e que consubstanciam as dúvidas que neste momento temos quanto ao Projeto em tela referente ao rio Pinheiros. E tem ainda a proposta que fiz, e para dar mais concretude para ela, é de apresentar e de encaminhar junto ao CBH-AT, mas também junto à Prefeitura de São Paulo, junto ao Conselho Metropolitano criado pela Prefeitura de São Paulo; apresentar uma proposta de organizar em nível metropolitano uma conferência de serviços públicos de saneamento e energia. Como isso vai acontecer? Se iremos criar um fórum esta é outra questão. Mas eu vejo isto assim, e de modo consensual nesta plenária. Público: Meu nome é Roberto Müller, eu sou da Acqua Brasilis, e parece que não ficou claro na exposição da minha esposa, mas eu quero encaminhar como proposta objetiva, a discussão de alternativas tecnológicas mais baratas de tratamento de efluentes no ponto em que o esgoto é produzido, como uma alternativa mais barata e, em contraposição ao tratamento da conseqüência desta poluição toda. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: A Mesa acolhe a proposta e a encaminhará, conjuntamente, vindo a constar nas propostas e conclusões. E a partir deste momento a Mesa passa às considerações finais e palavras finais dos debatedores. Dr. Wolney: Eu quero reforçar o meu agradecimento, e os meus parabéns ao IEE/USP19 e ao Programa de Pós Graduação em Energia pela iniciativa deste Evento, no momento oportuno e que vem, certamente, somar mais um ponto no sentido de que nós possamos ter a sociedade mais próxima das decisões, e decisões do âmbito dessa proposta que nos foi colocada. Eu penso que o encaminhamento aqui proposto será um passo para que o CBH-AT avance mais para lidar com a questão da flotação do rio Pinheiros, tendo instrumentos e um pouco mais de “força” para poder atuar com relação a este Projeto proposto pelo Governo do Estado de São Paulo. Químico José Eduardo Campos Siqueira: Eu quero aproveitar a fala do encerramento para lançar outra proposta, que é a seguinte: eu penso que nós estamos travando uma luta junto à mídia. E eu considero que os professores e as autoridades que aqui estão presentes; eu lanço um apelo aos colegas que aqui estão, produzir matérias jornalísticas em nível da compreensão do leitor médio, para contrabalançar com a ofensiva que nós estamos sofrendo hoje em dia, uma ofensiva que congrega jornalistas de renome com penetração junto à opinião pública, e com essa produção, que vocês se dediquem a uma produção com a qual eu tenho certeza que nós poderemos contribuir. Mas eu quero lembrar aqui neste encontro, que já transcorre em clima tão íntimo, que nós trabalhadores temos a pecha de corporativos, de adversários da modernização. E que temos experimentado uma grande dificuldade de ver expor uma carta nossa à Folha de São Paulo aparecer publicada. Nós estamos numa espécie de lista “negra virtual”, entendem? E não se publica, absolutamente, nada, nada, não é? É raríssimo um órgão de imprensa nesse País que publique uma resposta, um esclarecimento dado por um sindicalista, pelo fato de que o sindicalista é o “dinossauro corporativo”. Então eu lanço esse apelo porque eu penso que temos que fazer frente a essa ofensiva, esse “trator” que pretendem passar sobre nós. Eu saio hoje daqui otimista e, disposto a levar a Entidade que represento a proposta de trabalharmos por uma solução mais universal que atenda, realmente, aos interesses do povo de São Paulo. Obrigado. Coordenadora da Mesa Odette de Carvalho: A Mesa agradece a presença de todos os que aqui estiveram. Em especial agradecemos a presença da Ex.ma Sra. Prefeita Marta

19 IEE/USP - Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo

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Suplicy, que esteve aqui pela manhã; aos nobres deputados Antônio Mentor e Luciano Zica; à Direção do Instituto de Eletrotécnica e Energia aqui representada pelo Ex.mo Dr. Geraldo Burani; ao Dr. Wolney Castilho, do IPT; ao Químico José Eduardo, da FNU; ao colega do PIPGE, engenheiro Dorival Gonçalves; e, um agradecimento com destaque, especialmente, ao Coordenador do PIPGE, Professor Ildo Sauer, que muito nos tem estimulado em nossa vida acadêmica e, particularmente, estimulou-nos para a realização deste Seminário, sendo a ele que a Mesa passa a palavra para o encerramento deste Seminário. Prof. Ildo Sauer: Cabe-me agradecer ao trabalho de todos do grupo que, efetivamente, trabalhou, dentre os quais eu já citei os engenheiros Dorival, Hélvio e Sônia e a economista Odette e ao pesquisador José Paulo, entre outros, que também contribuíram. Quero deixar, publicamente, registrado em nome do Programa de Pós Graduação em Energia, o agradecimento à Direção da Fundação Faria Lima – CEPAM, que nos acolheu aqui, destacando a hospitalidade e a qualidade dos serviços prestados para que tudo fluísse normalmente. Registro, lamentavelmente, a minha frustração pela ausência dos nossos convidados de caráter institucional – os quais haviam aceitado o convite e apenas ontem sentiram motivos para cancelarem o compromisso assumido conosco -, deixando claro que a presença dessas entidades governamentais aqui ausentes serão bem-vindas na próxima oportunidade e, que o fórum continua aberto, os debates continuam; portanto, as entidades são bem-vindas para debater a qualquer momento aqui.

Acima de tudo, na Universidade nós procuramos, ainda que pesem as dificuldades, garantir um espaço plural. Isto é fundamental porque a Universidade sobreviveu, em grande parte, por isto. Evidentemente, isto não justifica nem quer dizer que ela não tenha sido instrumentalizada para defender esta ou aquela posição. Aliás, permanentemente o é, em algumas circunstâncias. Mas nós defendemos o conceito de que a Universidade é aberta, pública e plural.

Deixo registrados os meus sinceros agradecimentos à Direção do Instituto de Eletrotécnica e Energia através da pessoa do Ex.mo Diretor em Exercício Dr. Geraldo Burani, que nos apoiou, estendendo esses agradecimentos à Pró Reitoria de Cultura e Extensão, que apesar de não poder comparecer no Seminário, deu-nos apoio formal, portanto, esta é uma atividade aprovada, formalmente, pelas instâncias da Universidade como atividade de extensão e cultura; e que inclusive proveu, ou seja, deu-nos algum apoio financeiro para a realização deste Seminário.

Destacamos e registramos os agradecimentos aos nossos debatedores que aqui estiveram e contribuíram, bem como aos palestrantes e às pessoas que aqui estiveram e, de maneira bastante ampla, rica, contribuíram para que possamos fazer um relatório documental no qual constarão estas contribuições e posições aqui defendidas, buscando assim a disseminação dessas reflexões, de modo a alavancar melhores soluções para a sociedade, que é nosso objetivo maior.

Renovo os agradecimentos a todos e, dou por encerrado este Seminário. Muito obrigado a todos (aplausos).

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ENCAMINHAMENTOS E PROPOSTAS PROFESSOR ILDO SAUER – PIPGE/USP – FORMAÇÃO DE PARCERIA ENTRE ESTADO, MUNICÍPIOS E A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO, PARA PLANEJAMENTO, IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DE UM PROJETO CONJUNTO DE DESPOLUIÇÃO DO RIO

PINHEIROS E GERAÇÃO DE ENERGIA NA UHE HENRY BORDEN.

QUÍMICO JOSÉ EDUARDO SIQUEIRA - FNU – REALIZAÇÃO DE UMA CONFERÊNCIA

METROPOLITANA OU MUNICIPAL DE SERVIÇOS PÚBLICOS (SANEAMENTO, ENERGIA E

OURTOS).

DR. WOLNEY CASTILHO ALVES - IPT- SOLICITAÇÃO JUNTO AO CBH-AT, PARA

REALIZAÇÃO, PELO MESMO, DE UMA NOVA AVALIAÇÃO TÉCNICA, PROFISSIONAL, DO

PROJETO TIETÊ, COMO SUBSÍDIO PARA O CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO ATUAL DOS RECURSOS HIDRICOS NA BH-AT.

SOURAK BORRALHO - ASS. GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO –IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO DE CONTROLE E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM TODA A BACIA, NO CASO DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO DE FLOTAÇÃO E VERIFICAÇÃO

DO CUMPRIMENTO DO CÓDIGO FLORESTAL, DA LEI DE MANANCIAIS E DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS.

ROBERTO E CIBELE - ACQUA BRASILIS - DISCUTISSÃO DE ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS

PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES NO PONTO DE GERAÇÃO, DESCENTRALIZADAS, E MAIS

BARATAS QUE AS CONVENCIONAIS.

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PARTICIPANTES DO SEMINÁRIO - CONTATOS

Nome Entidade Cargo Telefone Fax Endereço Email

Adriana A. Nishimura CEPAM Analista de sistemas

(11) 3811-0438 Av. Prof. Lineu Prestes, 913, USP. São Paulo - SP. 05508-900

[email protected]

Aleu A. Azadinho CEPAM Advogado (11) 3811-0357 Av. Prof. Lineu Prestes, 913, USP. São Paulo - SP. 05508-900

Alfredo Sant’anna Jr. CEPAM Técnico master (11) 3811-0378 (11) 3811-0373 Av. Prof. Lineu Prestes, 913, USP. São Paulo - SP. 05508-900

[email protected]

Alicir Marconato CEPAM Técnico Master (11) 3811-0412 Av. Prof. Lineu Prestes, 913, USP. São Paulo - SP. 05508-900

Almir A. S. Andrade SABESP Enc. Sist. Trat. Água

(11) 5682-2935 (11)5682-2966 R. Graham Bell, 647. São Paulo - SP. 04737-030 [email protected]

Alzira A. Garcia SABESP Química (11) 3030-4817 (11) 3030-4817 R. Costa Carvalho, 300. São Paulo - SP [email protected]

Amaury Arrighi (11) 3981-1309 R. Mal. Mello Araribóia, 382. São Paulo - SP [email protected]

Ana M. S. Pereira PMSP - SMMA Assistente social (11) 288-8522 Caixa postal 58645-5, V. Guilherme. São Paulo - SP. 02096-970

[email protected]

Anelis N. C. Tisouel PMSP - SMMA Arquiteta (11) 288-8522 r. 219

(11) 283-1827 R. do Paraíso, 387, 3o andar. São Paulo - SP. [email protected]

Angelo Gigliotti Assessoria Estratégica Municipal

Assessor (11) 4153-5701 Al. Ubatuba, 884, Alphaville 3. Santana de Parnaíba - SP. 06500-000

Anselmo B. Jordani CESP Analista econômico

(11) 5071-1446 (11) 5071-1446 R. Domingos Sta. Maria, 98, São Paulo -SP. 04311-040

[email protected] / [email protected]

Antonio C. Baltazar Sinergia - CUT Sec. de Imprensa

(13) 3234-6916 (13) 3223-7162 R. Arnaldo de Carvalho, 77/33. Santos - SP. 11075-430

[email protected]

Antonio C. Boa Nova PIPGE/USP Professor Colaborador

(11) 3063-4300 R. Oscar Freire, 1667/54. São Paulo - SP. 05409 [email protected]

Antonio Mentor ALESP Deputado Estadual [email protected]

Armenio Marques Pref. Mun. Embu das Artes

Secretário de Negócios Jurídicos

(11) 4704-2556 (11) 4704-2556 Av. Siqueira Campos, 100. Embu - SP [email protected]

Artur T. Soletto PIPGE/USP Pesquisador (11) 6693-1520 (11) 6693-6376 R. Bebedouro, 109, São Paulo - SP. 03174-030 [email protected]

Augusto R. Bonfá CSP - Consultoria e Planejamento

Diretor (11) 3022-4813 (11) 3022-4877 Av. Arruda Botelho, 262/72. São Paulo -SP. 05466-000 [email protected]

Carolina Nader CEPAM Estagiária (11) 3681-2417 (11) 3811-4653 R. Cezário Vendramini. Osasco - SP. 06030-210 [email protected]

Celi Kozera CEPAM Advogado (11) 3811-0357 (11) 3811-5346 Al. Itapecuru, 605. Barueri - SP. 06454-080 [email protected]

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Nome Entidade Cargo Telefone Fax Endereço Email

Celso Garagnani

Centro de Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP - Regional Cubatão

Consultor (13) 3361-6622 Pça. Getúlio Vargas, 20. Cubatão - SP. [email protected]

Cibele C. Piccolo Arquiteta (11) 4127-6122 (11) 41`27-4063 R. José Bonifácio, 350. São Bernardo do Campo - SP. 04721-160

Cid A. G. Soares DAEE Engenheiro (11) 3814-9011 R. 2196 R. Butantã, 285. São Paulo - SP. 05424-140 [email protected]

Claudio A. Scarpinella PIPGE/USP Professor colaborador

(11) 3091-2635 (11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo- SP. 05508-010

[email protected]

Claudio B. B. Leite PMSP Assessor Técnico

(11) 3315-9077 R. 2006 R. Cayowaa, 1824/112. São Paulo - SP. 01258-010 [email protected]

Claudio Bolzani SMA - Sec. Estadual do M. Ambiente Geólogo (11) 3030-6814 (11)3030-6814 Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345. São Paulo - SP [email protected]

Condesmar F. de Oliveira

Movimento em Defesa da Vida

Presidente (13) 3232-9348 (13) 3221-2336 Rua Guedes Coelho. Santos - SP. 11030-231

Cristiane C. Magalhães FAAP Professora (11) 3662-1662 R. Francisca de Paula, 45/31b. São Paulo - SP. 03436 [email protected]

Daniel J. M. Rosa PIPGE/USP Pesquisador (11) 3091-2657 / 2658 / 2656

(11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo- SP. 05508-010

[email protected]

Denilson Ferreira PIPGE/USP Pesquisador (11) 6694-1140 R. Toledo Barbosa, 740. São Paulo - SP [email protected]

Denise M. Rodrigues PIPGE/USP Pesquisadora (11) 3091-2657 / 2658 / 2656

(11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo- SP. 05508-010

[email protected]

Dorival Gonçalves Jr. PIPGE/USP Pesquisador (11) 3091-2657 / 2658 / 2656

(11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo- SP. 05508-010

[email protected]

Douglas L. Gomes CEPAM Engenheiro (11) 3811-0327 R. Carlos dos Santos, 1537, Pq. Edu Chaves. São Paulo - SP. 02234-001

[email protected]

Edson K. Nochi SABESP Tecnólogo (11) 3030-4946 R. Costa Carvalho, 300. São Paulo - SP [email protected]

Elvira G. Dias Autônoma Engenheira (11) 3872-0568 R. Cardoso deAl;meida, 1165/62. São Paulo -SP. 05013-001

[email protected]

Elvo C. Burini Jr. IEE/USP - PIPGE/USP

Pesquisador (11) 3091-2631 / 2632

Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. 05508-010

Enio Lourenço COSIPA Analista industrial

(13) 362-3818 (13) 362-3210 Usina - Estrada de Piaçaguera, km 06. Cubatão - SP. 11573-900

Ericson de Paula DCT Energia - consultores associados

(11) 494-8950 (11) 494-8950 R. Vieira Serra, 01. Embu -SP. 06805-220 [email protected]

Estanislau Luczynski PIPGE/USP Pesquisador (11) 3091-2657 / 2658 / 2656

(11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo - SP. 05508-010

[email protected]

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Nome Entidade Cargo Telefone Fax Endereço Email

Fabio de Godoy (11) 3768-4530 R. Eduardo da S. Magalhães, 205. São Paulo - SP. 05324-000

[email protected]

Federico M. Trigoso PIPGE/USP Pesquisador (11) 3091-2656 / 2657 / 2658 (11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo -

SP. 05508-010 [email protected]

Fernando Campagnoli IPT Pesquisador (11) 3767-4347 [email protected]

Flavio M. Ribeiro PIPGE/USP Pesquisador (11) 3091-2657 / 2658 / 2656 (11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo-

SP. 05508-010 [email protected]

Francisca A. da Silva SABESP Socióloga (11) 5682-2949 R. Joaquim José da Silva, 453. São Paulo - SP. 09310-050

[email protected]

Francisco W. Monteiro CTEEP - Sinergia / CUT

Conselheiro da Administração

(19) 236-6900 ( ) 5571-6175 R. Dr. Quirino, 1511, Centro. Campinas - SP. [email protected]

Geraldo F. Burani IEE/USP Vice Diretor (11) 3091-2500 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo - SP. 05508-010

[email protected]

Gildo Magalhães Metro Assessor (11) 3371-7321 R. Luís Coelho, 173. São Paulo - SP [email protected]

Gilson G. Guimarães SMA - Sec. Estadual do M. Ambiente

Agente fiscal (11) 3030-6813 (11) 3030-6814 R. Nicolau Gagliardi, 401, prédio 12, 3o andar. SãoPaulo - SP. 05489-900

[email protected]

Gustavo F. Pires Indosuez W.I. Carr Securities

Analista - setor elétrico

(11) 3038-1978 (11) 3038-1991 Av. Brig. Faria Lima, 1309, 8o andar. São Paulo - SP. 01451-000

[email protected]

Gustavo Scarpinella PIPGE/USP Pesquisador (11) 3719-1008 R. Prof. Celso Quirino dos Santos, 77.São Paulo - SP. 05353-030

[email protected]

Hélio L. Castro SABESP (110 3030-4364 (11) 815-0143 R. Costa Carvalho, 300, Pinheiros. São Paulo -SP. 05429-900

[email protected] / [email protected]

Heloísa A. Pinto CEPAM Advogada (11) 3811-0360 (11) 3815-4653 Av. Prof. Lineu Prestes, 913, USP. São Paulo - SP. 05508-900

Hélvio Rech PIPGE/USP Pesquisador (11) 3091-2658 (11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo - SP. 05508-010

[email protected]

Hilomo Tsuchida SABESP Tecnólogo (11) 247-9218 (11) 247-9218 R. Américo Brasiliense, 630. São Paulo - SP

Horácio W. Matheus SMA / CPRN / DUSM

Agente fiscal (11) 3030-6818 R. Nicolau Gagliardi, 401, 3o andar. São Paulo - SP. [email protected]

Ildo Luís Sauer PIPGE/USP Professor - Coordenador

(11) 3091-2633 (11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo- SP. 05508-010

[email protected]

Isabete G. da Silva CEPAM Técnico Master (11) 3811-0374 Av. Prof. Lineu Prestes, 913. USP. São Paulo - SP. 05508-030

[email protected]

Ivanildo Hespanhol EPUSP / ANA Prof. Titular e Consultor

(11) 3091-5986 (11) 3091-9423 Cidade Universitária, USP. São Paulo - SP. 05508-900 [email protected]

Jader V. Leite Degussa - Hülls Ltda.

P & D (11) 285-1931 Al. Jaú, 511/23. São Paulo - SP [email protected]

José M. F. Bonucci SABESP Biólogo especializado (11) 6971-4169 (11) 6971-4178 R. Conselheiro Saraiva, 519.São Paulo -SP. 02037-

021 [email protected]

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Nome Entidade Cargo Telefone Fax Endereço Email

José P. Vieira PIPGE/USP Pesquisador (11) 3091-2657 / 2658 / 2656

(11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo- SP. 05508-010

[email protected]

José S. Pimentel

Sec. de Estado de Rec. Hídricos, Saneamento e Obras

Coordenador de Saneamento (11) 3819-5730 R. Butantã, 285, 10o andar. São Paulo - SP. 05424-

900 [email protected]

Kouji Kitahari SABESP Gerente de Departamento

(11) 3088-9032

Leonardo A. M. Cano CEPAM Estagiário (11) 4451-8266 R. Cisplatina, 637, V. Pires. Santo André - SP. 09121-430 [email protected]

Lucia M. C. Barros CEPAM Assistente (11) 3811-0405 (11) 3811-0361 Av. Prof. Lineu Prestes, 913, USP. São Paulo - SP. 05508-900

Luciana A. Pedroso Bloomberg Television

Jornalista (11) 3048-4533 (11) 3048-4583 Av. Nações Unidas, 12551, 21o andar. São Paulo - SP [email protected]

M. Cecília Luccchese ALESP Ass. Técnica parlamentar

(11) 3886-6751 (11) 3886-6751 Av. Pedro Alvares Cabral, 4o andar, sl. 4017. São Paulo - SP

[email protected]

M. Cristina Fedrizzi PIPGE/USP Pesquisadora (11) 3091-2657 / 2658 / 2656

(11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo- SP. 05508-010

[email protected]

M. Helena Miadaira SMA - Sec. Estadual do M. Ambiente

Arquiteta (11) 3030-6875 R. Nicolau Gagliardi, 401. São Paulo - SP [email protected]

M. Odette G. Carvalho ALESP / PIPGE-USP

Assessora parlamentar - energia

(11) 3886-6467 Liderança do PT - Av. Pedro Alvares Cabral. São Paulo - SP. [email protected]

Marcia C. S. Alvim CEPAM Av. Prof. Lineu Prestes, 913, USP. São Paulo - SP. 05508-900

Marcio G. Ribeiro Uninove Professor (11) 9205-5651 R. Mariano Marciano, 41. São Paulo - SP. 04163-040 uninovegalvã[email protected]

Marcos J. de Castro CEPAM Gerente (11) 3811-0347 (11) 3811-0347 R. Luiz Razera, 541, Jd. Elite. Piracicaba - SP. 13417-530

[email protected]

Margarida M. A. Mota PMSP - SMMA Ch. Seção de Proj. em Mananciais

(11) 288-8522 R. Dr. Augusto de Miranda, 1091/92, Pompéia. São Paulo - SP. 05026-001

[email protected]

Maria Helena S. Godoy PMSP - SMMA (Sec. Mun. Meio Ambiente)

Pesquisadora (11) 288-8522 R. 291/282 Rua do Paraíso, 387. São Paulo - SP [email protected]

Marta C. Lamparelli CETESB Gerente de divisão

(11) 3030-6550 R. Prof. Frederico Hermann Jr., 345. São Paulo - SP. 05489-650

[email protected]

Marussia Whately Instituto Socioambiental

Coordenadora Adjunta

(11) 3825-5544 (11) 3825-7861 Av. Higienópolis, 901, sl. 30. São Paulo - SP. 01238-001

[email protected]

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Nome Entidade Cargo Telefone Fax Endereço Email

Miguel E. M. Udaeta EPUSP Professor (11) 3091-5279 (11) 3032-3595 Av. Prof. Luciano Gualberto, Trav. 3, 158, bl. A, sl. A2-35. USP. 05508-900

[email protected]

Miriam A. Cegalla IPEN Tecnogista senior (11) 3816-9199 (11) 3816-9428 [email protected]

Murilo T. W. Fagá PIPGE/USP Professor (11) 3091-2634 (11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo- SP. 05508-010

[email protected]

Nathalia B. Mello (11) 461-8967 (11) 461-0667 R. dos Cedros, 626. Americana - SP. 13465-000 [email protected]

Nilzo R. Fumes SABESP Técnico em Saneamento

(11) 3735-2875 Av. Eng. Heitor Garcia, 2214. São Paulo - SP. 05564-000

[email protected]

Orlando C. Silva IEE/USP Pesquisador (11) 3483-6983

Oscar L. Silva Agência para Conservação de Energia

Diretor (11) 289-9699 / 9045

(11) 289-9045 Al. Santos, 705, 7o andar, cj. 73. São Paulo - SP. 01419-001

[email protected]

Paulo Candura PMSP - ILUME Diretor de divisão

(11) 223-0834 (11) 223-2656 R. Formosa, 367, 8o andar. São Paulo - SP. 01049-000 [email protected]

Paulo R. Nanô Aruá Desenvolvimento de Negócios S/C Ltda.

Diretor (11) 4618-0813 (11) 5539-5005 R. Manila, 166, S. Fernando. Barueri - SP. 06448-090 [email protected]

Péricles Giacon Jr. CORECON Conselheiro (11) 3721-5932 R. Dr. Clóvis Oliveira, 276. São Paulo - SP [email protected]

Regina Zamith PIPGE/USP Pesquisadora (11) 4191-5704 Al. Bolonha, 186, Alphaville zero. Barueri - SP. 06475-110

[email protected]

Ricardo H. Santos IPT Ch. Agrup. Tecnol. Equip. Elétricos

(11) 3767-4948 (11) 3767-4007 Cx. Postal 0141. São Paulo - SP. 01064 [email protected]

Ricardo T. Pinto Jr. PMSP - SMMA Pesquisador (11) 288-8522 R. 301 R. do Paraíso, 387, 4o andar, Paraíso. São Paulo - SP. 04311-000

rictameirã[email protected]

Richard L. Hochstetler FEA/USP (11) 3085-3941 Al. Franca, 1581/63. São Paulo - SP. 01422-001 [email protected]

Riolando Longo PIPGE/USP Pesquisador (11) 3037-8569 R. Paulistânia, 136. São Paulo - SP. 05440-000 [email protected]

Rita C. Casella CEPAM Técnica (11) 3811-0419 Av. Prof. Lineu Prestes, 913, USP. São Paulo - SP. 05508-900

[email protected]

Rita C. M. Gouveia SABESP Bióloga (11) 5682-2969 (11) 5682-2966 R. Graham Bell, 647,Alto da Boa Vista. São Paulo - SP. 04737-030

[email protected]

Roberto B. Berkes Engevix Engenharia Ltda.

Assessor de Desenvolvimento

(11) 235-1859 R. Major Sertório, 128. São Paulo - SP. 01222-000 [email protected]

Roberto Zilles PIPGE/USP Professor (11) 3091-2631 (11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo - SP. 05508-010 [email protected]

Ronaldo M. Figueira PMSP Geólógo (11) 3685-0604 Rua Cueva Torres, 118. Osasco - SP. 06036-070 [email protected]

Samuel R. Barrêto Fundação SOS Mata Atlântica (11) 3887-1195 (11) 3885-1680 [email protected] /

[email protected]

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Nome Entidade Cargo Telefone Fax Endereço Email

Sandra R. Silva CEPAM Auxiliar Administrativa

(11) 3811-0425 Av. Prof. Lineu Prestes, 913, USP. São Paulo - SP. 05508-900

Silvia G. Velazquez Mackenzie Professora (11) 236-8765 R. da Consolação, 896, Ed. João Calvino. São Paulo -SP [email protected]

Sonia S. K. Nagai Pref. Mun. Diadema Arquiteta (11) 4057-7776 (11) 4049-1425 R. Assungui, 711, Bosque da Saúde. São Paulo - SP. 04131-001

[email protected]

Sonia S. P. Mercedes PIPGE/USP Pesquisadora (11) 3091- 2658 (11) 3726-7828 Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289, USP. São Paulo- SP. 05508-010

[email protected]

Sourak A. Borralho Ass. Global de Desenvolvimento Sustentado

Diretor (11) 3120-6429 (11) 3120-6429 Av. Higienópolis, 147/100. São Paulo - SP. 12038-001 [email protected]

Sueli Moretto Federação Nacional dos Urbanitários - FNU

Assessora (11) 5574-7511 R. Machado de Assis, 150. São Paulo - SP [email protected]

Suzana B. S. Santos CEPAM Economista (11) 3811-0371 Av. Prof. Lineu Prestes, 913, USP. São Paulo - SP. 05508-900

[email protected]

Suzy E. G. de Moraes PIPGE/USP Pesquisadora (11) 3815-5824 (11) 3177-5401 R. Girassol, 964/14. São Paulo - SP. 05433-002 [email protected]

Tania R. P. Kobata SABESP Química (11) 6971-4169 (11) 6971-4178 R. Conselheiro Saraiva, 519. São Paulo - SP. 02037-021

[email protected]

Tulza B. G. Cavalcanti SABESP Bióloga (11) 6169-9781 / 6168-1355

(11) 6169-9769 R. Manifesto, 1255. São Paulo - SP. 04209-001 [email protected]

Valdir C. Oliveira Carmo Instaladora Ltda.

Av. Mal. Tito, 4438, sl. 3. São Paulo - SP [email protected]

Valmir Alves Gomes CESP Gerente de divisão (11) 234-6160 (11) 234-6028 R. da Consolação, 1875, 4o andar. São Paulo - SP.

01301-180 [email protected]

Vinicius M. Gonçalves CEPAM Técnico em informática

(11) 3362-0453 (11) 3862-0453 R. Spartaco, 125. São Paulo - SP. 05045-000

Violeta S. Kubrusly PMSP - SEHAB (Sec. Mun. Habitação)

Assessora Técnica

(11) 3106-0004 (11) 3106-0004 R. São Bento, 405, 22o andar, sl. 223-A. São Paulo- SP. 01011-100

[email protected] /

[email protected]

Wagner S. Lima Escola de Eng. Elétrica - UFG

Professor (62) 202-0325 (62) 202-0325 Pça. Universitária. Goiânia - GO. 74605-220 [email protected]

Wolney C. Alves IPT Ch. Seção Saneamento Ambiental

(11) 3767-4671 (11) 3767-4681 Cx. Postal 0141. São Paulo - SP. 01064-970 [email protected]

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