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Revista Brasileira de Geociências, Volume 32, 2002 27 Luciana Andrade Reis et al. Revista Brasileira de Geociências 32(1):27-42, março de 2002 INTRODUÇÃO O Grupo Sabará (Renger et al. 1994, ou Formação Sabará de Gair 1958, Dorr II 1969) é uma seqüên- cia e de 3 - 3 5 km de espessura composta por xistos, filitos, metarenitos, metavulcanoclásticas, metaconglomerados e metadiamictitos (Dorr II 1969, Barbosa 1979, Renger et al. 1994, Alkmim & Marshak 1998). Não existem na literatura modelos deposicionais sistematicamente construídos para esta unidade, apenas hipóteses de trabalho, erigidas na sua maioria através de mapeamentos geológicos (Dorr II 1969 - “eugeos- sinclinal do Geossinclinal Minas”), estudos de integração de dados tectônicos (Alkmim & Marshak 1998 - “bacia de antepaís da Orogênese Transamazônica”) e/ou geocronológicos A BACIA DE ANTEPAÍS PALEOPROTEROZÓICA SABARÁ, QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MINAS GERAIS LUCIANA ANDRADE REIS 1 , MARCELO A. MARTINS-NETO 1,2 , NEWTON SOUZA GOMES 2 , ISSAMU ENDO 2 & HANNA JORDT-EVANGELISTA 2 ABSTRACT THE PALEOPROTEROZOIC SABARÁ FORELAND BASIN, IRON QUADRANGLE, MINAS GERAIS, BRASIL The Sabará Group is a 3 - 3.5 km thick sequence composed of schists, meta-sandstones, meta-siltites, meta-conglomerates, meta-diamictites, meta-rhythmites and phyllites, whose protoliths are greywackes, sandstones, siltites, conglomerates, diamictites, rhythmites and pelites. The rocks of the Sabará Group record a significant change of depositional setting and sediment source comparing with the rest of the Minas Supergroup. The Sabará Group occurs suitable for sedimentological-stratigraphical analysis in the Dom Bosco syncline, Moeda syncline and in the Serra do Curral. The Sabará Group was divided into the following ten facies, which occur in the field arranged in coarsening-upward (CU) successions: massive conglomerate (debris flow), coarse diamictite (debris flow), fine diamictite (debris flow), mixed greywacke (mass flow), arkosic greywacke (mass flow), tabular sandstone (turbidity currents), rhythmite (turbidity currents), siltite (low-density turbidity current), pelite (deposition of suspension) and black shale (deposition of suspension). These facies deposited in a talus fans/submarine fans/basin system tract. The Sabará Group represents foreland basin deposits related to the Transamazonian Orogeny. The clast suite of the diamictites and conglomerates points to erosion and reworking of supracrustal sequences (Minas Supergroup and Rio das Velhas Supergroup) and uplifted basement. The Sabará Group provenance plots show mixed source areas, predominating intermediate igneous and quartzose sedimentary provenance, although felsic and mafic igneous also contributed. These data indicate a compartmentalized, complex source area. The tectonic setting plots indicate a provenance from active continental margin/continental magmatic arc. The Sabará Group represents probably a Transamazonian compartmentalized foreland basin development during deformation uplift and erosion of Archean and Paleoproterozoic deposits of the Mineiro Belt. The Sabará basin, based on the location of its deposits and petrofacies, can be divided into three sub-basins: Antônio Pereira-Ouro Preto-Mariana-Rodrigo Silva, Lagoa das Codornas and Sabará-Belo Horizonte-Ibirité-Fernão Dias sub-basins. Keywords: Basin analysis, depositional model, Sabará Group, Paleoproterozoic, Iron Quadrangle. RESUMO Grupo Sabará é uma seqüência de 3 – 3,5 km de espessura, composta por xistos, metarenitos, metassiltitos, metaconglomerados, metadiamictitos, metarritmitos e filitos, cujos protólitos são grauvacas, arenitos, siltitos, conglomerados, diamictitos, ritmitos e pelitos. Este grupo ocorre de forma susceptível a uma análise sedimentológico-estratigráfica no Sinclinal Dom Bosco, Sinclinal Moeda e na Serra do Curral. O Grupo Sabará foi dividido, neste trabalho, nas seguintes fácies, que ocorrem organizadas em sucessões em granocrescência ascendente (CU): conglomera- do maciço (fluxo de detritos), diamictito grosso (fluxo de detritos), diamictito fino (fluxo de detritos), grauvaca mista (fluxo de massa), grauvaca arcosiana (fluxo de massa), arenito tabular (correntes de turbidez), ritmito (correntes de turbidez), siltito (estágios finais de correntes de turbidez), pelito (deposição da suspensão) e folhelho negro (deposição da suspensão), depositados em um sistema de leques proximais/leques submarinos/bacia. O Grupo Sabará representa os depósitos de uma bacia do tipo antepaís relacionada com o Evento Transamazônico. Os clastos presentes nos diamictitos e conglomerados indicam retrabalhamento de seqüências supracrustais e do embasamento (Supergrupo Minas, Supergrupo Rio das Velhas e o embasamento soerguido). Os diagramas de proveniência plotados para o Grupo Sabará apontam para uma mistura de áreas fontes, predominando a proveniência ígnea intermediária e sedimentar quartzosa, embora proveniências ígnea félsica e ígnea máfica também ocorram, indicando compartimentação da área fonte. Os diagramas de proveniência por ambiente tectônico indicam uma proveniência de margem continental ativa/arco magmático continental. O Grupo Sabará representa provavelmente uma bacia de antepaís compartimentada, formada durante a deformação, soerguimento e erosão dos depósitos arqueanos e paleoproterozóicos do Cinturão Mineiro, de idade transamazônica. Esta bacia foi dividida em três sub-bacias: Sub-bacia Antônio Pereira-Ouro Preto-Mariana-Rodrigo Silva, Sub-bacia Lagoa das Codornas e Sub-bacia Sabará-Belo Horizonte-Ibirité- Fernão Dias com base na localização geográfica dos depósitos do Grupo Sabará em relação ao embasamento e supracrustais do Quadrilátero Ferrífero e nas suas petrofácies. Palavras-chave: Análise de bacias, modelo deposicional, Grupo Sabará, Paleoproterozóico, Quadrilátero Ferrífero 1 NUPETRO – Núcleo de Geologia do Petróleo - Fundação Gorceix, Ouro Preto/MG 2 Departamento de Geologia Escola de Minas Universidade Federal de Ouro Preto - Caixa Postal 173 - 35400-000 - Ouro Preto/MG, [email protected] - [email protected] (Renger et al. 1994 - “fácies sin-orogênica do Evento Transamazônico”). As hipóteses mais recentes indicam para o Grupo Sabará uma deposição em uma bacia do tipo de antepaís relacionada ao Evento Transamazônico, cuja sucessão seria do tipo flysch (Barbosa 1968, Dorr II 1969, Renger et al. 1994, Noce 1995, Alkmim & Marshak 1998). O presente trabalho, em caráter inédito, tem como objetivo a caracterização da evolução sedimentar do Grupo Sabará, vi- sando a apresentação de um modelo deposicional para este grupo, bem como checar a hipótese de deposição em bacia de antepaís. O estudo teve um caráter multidisciplinar, integrando

A BACIA DE ANTEPAÍS PALEOPROTEROZÓICA SABARÁ, … · PETROGRAFIA E PETROLOGIA O Grupo Sabará é constituído pelos seguintes litotipos: metaconglomerados, metadiamictitos, metarenitos,

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Revista Brasileira de Geociências, Volume 32, 2002 27

Luciana Andrade Reis et al.Revista Brasileira de Geociências 32(1):27-42, março de 2002

INTRODUÇÃO O Grupo Sabará (Renger et al. 1994, ouFormação Sabará de Gair 1958, Dorr II 1969) é uma seqüên-cia e de 3 - 3 5 km de espessura composta por xistos, filitos,metarenitos, metavulcanoclásticas, metaconglomerados emetadiamictitos (Dorr II 1969, Barbosa 1979, Renger et al.1994, Alkmim & Marshak 1998). Não existem na literaturamodelos deposicionais sistematicamente construídos para estaunidade, apenas hipóteses de trabalho, erigidas na sua maioriaatravés de mapeamentos geológicos (Dorr II 1969 - “eugeos-sinclinal do Geossinclinal Minas”), estudos de integração dedados tectônicos (Alkmim & Marshak 1998 - “bacia deantepaís da Orogênese Transamazônica”) e/ou geocronológicos

A BACIA DE ANTEPAÍS PALEOPROTEROZÓICA SABARÁ, QUADRILÁTEROFERRÍFERO, MINAS GERAIS

LUCIANA ANDRADE REIS 1, MARCELO A. MARTINS-NETO 1,2, NEWTON SOUZA GOMES2, ISSAMU ENDO2

& HANNA JORDT-EVANGELISTA 2

ABSTRACT THE PALEOPROTEROZOIC SABARÁ FORELAND BASIN, IRON QUADRANGLE, MINAS GERAIS, BRASIL The SabaráGroup is a 3 - 3.5 km thick sequence composed of schists, meta-sandstones, meta-siltites, meta-conglomerates, meta-diamictites, meta-rhythmites andphyllites, whose protoliths are greywackes, sandstones, siltites, conglomerates, diamictites, rhythmites and pelites. The rocks of the Sabará Grouprecord a significant change of depositional setting and sediment source comparing with the rest of the Minas Supergroup. The Sabará Group occurssuitable for sedimentological-stratigraphical analysis in the Dom Bosco syncline, Moeda syncline and in the Serra do Curral. The Sabará Group wasdivided into the following ten facies, which occur in the field arranged in coarsening-upward (CU) successions: massive conglomerate (debris flow),coarse diamictite (debris flow), fine diamictite (debris flow), mixed greywacke (mass flow), arkosic greywacke (mass flow), tabular sandstone(turbidity currents), rhythmite (turbidity currents), siltite (low-density turbidity current), pelite (deposition of suspension) and black shale (depositionof suspension). These facies deposited in a talus fans/submarine fans/basin system tract. The Sabará Group represents foreland basin deposits relatedto the Transamazonian Orogeny. The clast suite of the diamictites and conglomerates points to erosion and reworking of supracrustal sequences (MinasSupergroup and Rio das Velhas Supergroup) and uplifted basement. The Sabará Group provenance plots show mixed source areas, predominatingintermediate igneous and quartzose sedimentary provenance, although felsic and mafic igneous also contributed. These data indicate acompartmentalized, complex source area. The tectonic setting plots indicate a provenance from active continental margin/continental magmatic arc.The Sabará Group represents probably a Transamazonian compartmentalized foreland basin development during deformation uplift and erosion ofArchean and Paleoproterozoic deposits of the Mineiro Belt. The Sabará basin, based on the location of its deposits and petrofacies, can be divided intothree sub-basins: Antônio Pereira-Ouro Preto-Mariana-Rodrigo Silva, Lagoa das Codornas and Sabará-Belo Horizonte-Ibirité-Fernão Dias sub-basins.

Keywords: Basin analysis, depositional model, Sabará Group, Paleoproterozoic, Iron Quadrangle.

RESUMO Grupo Sabará é uma seqüência de 3 – 3,5 km de espessura, composta por xistos, metarenitos, metassiltitos, metaconglomerados,metadiamictitos, metarritmitos e filitos, cujos protólitos são grauvacas, arenitos, siltitos, conglomerados, diamictitos, ritmitos e pelitos. Este grupoocorre de forma susceptível a uma análise sedimentológico-estratigráfica no Sinclinal Dom Bosco, Sinclinal Moeda e na Serra do Curral. O GrupoSabará foi dividido, neste trabalho, nas seguintes fácies, que ocorrem organizadas em sucessões em granocrescência ascendente (CU): conglomera-do maciço (fluxo de detritos), diamictito grosso (fluxo de detritos), diamictito fino (fluxo de detritos), grauvaca mista (fluxo de massa), grauvacaarcosiana (fluxo de massa), arenito tabular (correntes de turbidez), ritmito (correntes de turbidez), siltito (estágios finais de correntes de turbidez), pelito(deposição da suspensão) e folhelho negro (deposição da suspensão), depositados em um sistema de leques proximais/leques submarinos/bacia. OGrupo Sabará representa os depósitos de uma bacia do tipo antepaís relacionada com o Evento Transamazônico. Os clastos presentes nos diamictitose conglomerados indicam retrabalhamento de seqüências supracrustais e do embasamento (Supergrupo Minas, Supergrupo Rio das Velhas e oembasamento soerguido). Os diagramas de proveniência plotados para o Grupo Sabará apontam para uma mistura de áreas fontes, predominando aproveniência ígnea intermediária e sedimentar quartzosa, embora proveniências ígnea félsica e ígnea máfica também ocorram, indicandocompartimentação da área fonte. Os diagramas de proveniência por ambiente tectônico indicam uma proveniência de margem continental ativa/arcomagmático continental. O Grupo Sabará representa provavelmente uma bacia de antepaís compartimentada, formada durante a deformação,soerguimento e erosão dos depósitos arqueanos e paleoproterozóicos do Cinturão Mineiro, de idade transamazônica. Esta bacia foi dividida em trêssub-bacias: Sub-bacia Antônio Pereira-Ouro Preto-Mariana-Rodrigo Silva, Sub-bacia Lagoa das Codornas e Sub-bacia Sabará-Belo Horizonte-Ibirité-Fernão Dias com base na localização geográfica dos depósitos do Grupo Sabará em relação ao embasamento e supracrustais do Quadrilátero Ferríferoe nas suas petrofácies.

Palavras-chave: Análise de bacias, modelo deposicional, Grupo Sabará, Paleoproterozóico, Quadrilátero Ferrífero

1 NUPETRO – Núcleo de Geologia do Petróleo - Fundação Gorceix, Ouro Preto/MG2 Departamento de Geologia Escola de Minas Universidade Federal de Ouro Preto - Caixa Postal 173 - 35400-000 - Ouro Preto/MG,

[email protected] - [email protected]

(Renger et al. 1994 - “fácies sin-orogênica do EventoTransamazônico”).

As hipóteses mais recentes indicam para o Grupo Sabaráuma deposição em uma bacia do tipo de antepaís relacionadaao Evento Transamazônico, cuja sucessão seria do tipo flysch(Barbosa 1968, Dorr II 1969, Renger et al. 1994, Noce 1995,Alkmim & Marshak 1998).

O presente trabalho, em caráter inédito, tem como objetivoa caracterização da evolução sedimentar do Grupo Sabará, vi-sando a apresentação de um modelo deposicional para estegrupo, bem como checar a hipótese de deposição em bacia deantepaís. O estudo teve um caráter multidisciplinar, integrando

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A bacia de antepaís paleoproterozóica Sabará, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais

dados petrográficos/petrológicos, litoquímicos, de fáciessedimentares, estratigráficos e tectônicos.

A área estudada encontra-se dividida em três setores: SetorI (Antônio Pereira, Mariana, Ouro Preto e Rodrigo Silva), Se-tor II (Lagoa das Codornas) e Setor III (Sabará, Belo Horizon-te, Ibirité e Rodovia Fernão Dias), definidas de acordo com adistribuição dos afloramentos do Grupo Sabará (Fig. 1). O altograu de alteração das rochas e a escassez de afloramentos limi-taram a área de estudo.

Contexto Regional O Quadrilátero Ferrífero ocupa umaárea de aproximadamente 7.190 km2 na porção central do Es-tado de Minas Gerais, encontrando-se parcialmente inserido noextremo sudeste do cráton do São Francisco e parcialmente na

LEGENDA

E m b asam ento

S eto re s E stu dados

S up erg rup o R io das Ve lhas

S up erg rup o M ina s

G ru po Sa bará

G ru po Itacolom i C ida des

E strada S ão Pa u lo - B elo H orizon te

E strada d e F erro C entra ldo B ra silLoca lização a proxim ada d ascoluna s e s tra tig ráfica/sed im e nto lóg icas levantadas

0 13 26km

S eto r I

SETOR III

SETOR II

Igarapé

Sabará

Serra do Curral

Rodrigo Silva

SETOR I

Sinclinal Moeda

Complexo

do Bação

Sinclinal

Gandarela

Sinclinal

Santa Rita

Lagoa das C odornas

Ibirité

Belo Horizonte

Sinclinal Dom Bosco

Ouro Preto

Mariana

Figura 1 - Mapa de localização das áreas estudadas (setores) dentro do Quadrilátero Ferrífero, indicando localidades citadasno texto.

Faixa Araçuaí, de idade brasiliana. São reconhecidas na região,além de complexos granítico-gnáissicos (Noce 1995), uma su-cessão tipo greenstone belt de idade arqueana (Supergrupo Riodas Velhas) (Carneiro et al. 1998), além de supracrustais doPaleoproterozóico (Supergrupo Minas e Grupo Itacolomi)(Dorr II 1969, Machado et al. 1996, Alkmim & Marshak1998) (Fig. 2).

O Supergrupo Minas é uma sequência metassedimentar deidade paleoproterozóica (Babinski et al. 1991), interpretadocomo uma bacia intracratônica (Chemale et al. 1994) ou comouma sequência supracrustal de plataforma com substratosiálico (Marshak & Alkmim 1989). As rochas do SupergrupoMinas foram sujeitas ao metamorfismo da fácies xisto verdeatingindo a fácies anfibolito nas porções leste, sudeste e nor-

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Revista Brasileira de Geociências, Volume 32, 2002 29

Luciana Andrade Reis et al.

M e tacon glo m erado s

M e tad ia m ic titos

B a sa ltos , kom atiito s

G na isse s , m ig m atitos

M e tavu lcân icas

D iq ue s m á fico s

C a rbo na tos

Fo rm açõ es F errífe ras

M e ta ren ito s

M e tap e litos

G ran itó ides

Em b asam ento

G r. N ova L im a

G r. N ova L im a

G r. M aq uiné

Gr. TamanduáFm. M oeda

Fm. Bata tal

Fm. Barreiro

Fm. Fêcho do Fun ilFm. Taboões

Fm. Cercadinho

Fm. GandarelaFm. Cauê

Arq

uean

oP

aleo

prot

eroz

óico

Superg rupoR io das Velhas

G rupoC ara ça

G rupoItab ira

G rupoSabará

1,75 G a

2,12 G a

2,4 G a

2,61-2,781 G a

2,9-3,21 Ga

G rupoItaco lom i

G rupoP irac ica ba

Sup

ergr

upo

Min

as

Figura 2 - Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferríferoconforme Alkmim & Marshak (1998).

deste do Quadrilátero Ferrífero (Herz 1970). Esta unidade estáem contato tectônico com o Supergrupo Rio das Velhas e oscomplexos granito-gnáissicos (Machado et al. 1996). Estrati-graficamente, o Supergrupo Minas é composto pelos gruposTamanduá, Caraça, Itabira, Piracicaba e Sabará (Dorr II 1969,Alkmim 1987, Rodrigues et al. 1993). O Grupo Sabará (Bar-bosa 1968, Renger et al. 1994), antiga Formação Sabará deGair (1958), é a unidade superior do Supergrupo Minas, con-sistindo de um espesso pacote de 3 - 3,5 km de espessura com-posto por rochas clásticas localmente intercaladas com sedi-mentos químicos e rochas vulcânicas.

Segundo Machado & Noce (1993), a idade da deposição doGrupo Sabará pode ser balizada pelo Evento Transamazônico,no intervalo de 2125 e 2045 Ma, com duração de cerca de 80m.a.. A idade máxima para a deposição do Grupo Sabará ébalizada pela datação U-Pb de um zircão detrítico idiomórficocom 2125 ± 4 Ma (Machado et al. 1989,1992) ou 2131 ± 5 Ma(Machado et al. 1996), idades coincidentes com o início doEvento Transamazônico. A idade mínima para o Grupo Sabaránão foi ainda bem determinada. Datações U/Pb em zircões

detríticos do sobreposto Grupo Itacolomi dão uma idade de2059 ± 58 Ma (Machado et al. 1996).

PETROGRAFIA E PETROLOGIA O Grupo Sabará éconstituído pelos seguintes litotipos: metaconglomerados,metadiamictitos, metarenitos, xistos, metaritmitos e filitos. ATabela 1 mostra uma síntese relacionando litotipo metamórficoe protólito sedimentar.

FÁCIES SEDIMENTARES O Grupo Sabará é constituídopelas seguintes fácies sedimentares (Tabela 2),definidas atravésde um levantamento sedimentológico sistemático: conglomera-do maciço (Gm), diamictito grosso (Dg), diamictito fino (Df),grauvaca mista (Wm), grauvaca arcosiana (Wa), arenito tabu-lar (A), ritmito (R), siltito (S), pelito (P) e folhelho negro (Fn)(Figs. 3, 4, 5).

RELAÇÃO VERTICAL DAS FÁCIES As fácies do Gru-po Sabará estão arranjadas em sucessões de aproximadamen-te 760 m de espessura em granocrescência ascendente (CU -coarsenig-upward). Várias sucessões em CU de aproximada-mente 8 a 280 m, hierarquicamente inferiores, ocorrem dentrodas sucessões maiores (Figs. 6, 7, 8, 9, 10, 11). Estes interva-los correspondem a intervalos tectono-deposicionais, que sãodefinidos como intervalos estratigráficos com fácies genetica-mente relacionadas, depositadas durante um período tectônicodistinto dentro de uma fase tectônica da bacia (Da Silva 1993).Cada intervalo tectono-deposicional representa um eventoprogradacional com seqüências em CU. As porções finas basaisrepresentam taxas de geração de espaço de acomodação maio-res que de suprimento sedimentar, enquanto os topos maisgrossos indicam que o suprimento sedimentar suplantou a ge-ração de espaço com o tempo.

Os intervalos tectono-deposicionais, presentes na região deOuro Preto (Setor I, Figs. 6, 7), iniciam-se normalmente comgrauvacas mistas e, localmente, com grauvacas arcoseanas,embora alguns intervalos tectono-deposicionais comecem comritmitos, pelitos ou folhelho negro (Fig. 6). À medida que ascondições proximais avançavam, estas fácies gradaram parafácies mais grossas, tais como diamictitos finos e grossos. Osintervalos tectono-deposicionais que iniciam com ritmitos,pelitos ou folhelho negro gradam para grauvacas e/ou arenitosantes de atingir as fácies mais grossas (Fig. 6). Localmente,tem-se a passagem de pelitos para diamictitos finos, sem a de-posição das fácies intermediárias (grauvacas ou arenitos). Al-guns intervalos tectono-deposicionais evoluem de forma dife-rente, ou seja, iniciam com grauvacas, gradam para pelitos,novamente gradam para grauvacas e, posteriormente, paradiamictitos.

Na Lagoa das Codornas (Setor II, Fig. 8), o intervalotectono-deposicional inicia-se com grauvacas que gradam parasiltitos, pelitos, novamente siltitos, e posteriormente gradampara diamictitos grossos. Neste intervalo, observa-se a deposi-ção de um pacote pelítico entre os pacotes de diamictitos, re-presentando provavelmente uma queda no suprimentosedimentar para a bacia ou um pequeno pulso de subsidência.O suprimento de sedimentos é novamente retomado e deposi-tam-se então as fácies proximais como diamictitos grossos econglomerado, mostrando a progradação do lobo deposicional.

Na região de Ibirité (Setor III, Figs .9, 10), os intervalostectono-deposicionais são formados por fácies mais distais, ouseja, por grauvacas, arenitos, siltitos e pelitos. As fácies mais

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30 Revista Brasileira de Geociências, Volume 32, 2002

A bacia de antepaís paleoproterozóica Sabará, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais

Tabela 1 - Síntese relacionando litotipo metamórfico e protólito sedimentar do Grupo Sabará.

grossas, como diamictitos e conglomerados ocorrem localmen-te em afloramentos esparsos, intercalados com diamictitosgrossos. A Fig. 9 mostra um intervalo tectono-deposicionaliniciando com grauvaca com finas intercalações de arenitos,que gradam para arenitos finos e médios. A maioria das cama-das de arenitos ocorre amalgamada, representando provavel-mente a erosão ou não deposição dos pelitos. Na seção levan-tada a leste de Ibirité (Fig. 10), as fácies também são distais, nasua maioria amalgamadas e arranjadas localmente em suces-sões em CU. Os intervalos tectono-deposicionais iniciam compelitos ou siltitos e gradam para arenitos finos ou médios. Nes-ta mesma seção, aproximadamente em 154 a 166 m, observa-se um espessamento ascendente das camadas (thickening-upward), indicando provavelmente uma progradação do lobodeposicional (Walker 1984, 1992).

MODELO DEPOSICIONAL O modelo deposicional pro-posto para o Grupo Sabará corresponde a uma adaptação aomodelo leque submarino de Walker (1978). As fácies do Gru-po Sabará correspondem a depósitos de fluxo de detritos, flu-xo de massa e turbiditos proximais, intermediários e distais em

ambiente aquoso (Fig. 12). Portanto, o modelo proposto paraeste grupo é de leque submarino com planície de bacia. Adici-onalmente, conglomerados e diamictitos representariam lequesde encosta proximais (Fig. 12).

O modelo de leques submarinos proposto para o GrupoSabará é constituído por canal(is) de alimentação, declive dabacia, leque superior, leque médio, leque inferior e planície debacia. O leque superior normalmente é constituído por faciesde canal, intercaladas com leques de encosta proximais. O le-que médio é formado por vários lobos canalizados ou não, en-quanto o leque inferior é constituído por leques distais não-canalizados. Os leques canalizados alimentam os lobosdeposicionais, sendo denominados de supraleques (Normark1978). As fácies do Grupo Sabará podem ser associadas aodeclive, ao leque e à planície bacinal (Mutti e Ricci Lucchi1972), como mostra a Fig. 12. A alimentação do leque subma-rino foi feita, provavelmente, através de vários canais de ali-mentação que se dispersaram dentro da bacia.

Outro modo de alimentação foi proporcionado pelos lequesde encosta proximais, através de fluxos de massa oriundos deuma fonte relativamente próxima (Fig. 12). Desta forma, as

R O C H A M E TA M Ó R F IC A

P R O T Ó L IT O S E D IM E N TA R

D E S C R IÇ Ã O

M etaco n g lo m erado C o n g lo m erad o

C las to -su p o rtad o s, p o l im ítico s, m a l se lec io n ad o s, com se ix o a m atacão d e m e ta ren ito b ran co , c in za e rosa e , su b o rd in ad am en te , g ran itó id e, q u a rtzo , x is to ca rb o n o so e fo rm ação ferr ífe ra, co m g rau d e a rred o n d am en to v a rian d o d e su b a rred o n d ad o a su b an g u lo so . A m a tr iz é p e lí tica , p o d en d o o co rre r m a tr iz g rau v aq u ean a

M etad iam ict i to g ro sso D iam ic ti to g ro sso

M e tad iam ict i to fin o D iam ic ti to f in o

G rân u lo s (ra ro s se ix o s e ca lh au s) su b -an g u lo so s a sub -arred o n d ad o s d e g ran itó id es , m e-taren ito s , d e fe rr í fe ra fo rm ação fe rr ífe ra , d o lo m ito , fi l ito s e q u a r tzo . A f ração are ia d am atr iz (f in a a g rossa , m a l selec io n ad a) é co m p o sta po r frag m en to s d e p lag io clás io , m i-c ro cl in a , q u a r tzo e o p aco s , in c lu so s n u m a fração p e lí t ica co n s t itu íd a p o r c lo r ita e ser ic ita

X is to m is to G rau v aca m is ta

F ração a re ia co m po sta p o r q u a r tzo m o n o e p o l ic r ista lin o e frag m en to s l ít ico s p red o m in an tem ente d e fi li to s. L o ca lm en te f rag m en to s d e feld sp a to s . A m atr iz é co n s ti tu íd a p o r m ica b ran ca , se ric ita , b io t ita em a lg um as am o stras, leu co x ên io , l im o n ita (secu n d ár ia ) , e o paco s

S e r ic i ta -q u a r tzo-fe ld sp a to x is to

G rau v aca a rco sean a

R ica em c o m p o n en tes fe ld sp á tico s e , su b o rd in ad am en te , co m po n en tes q u ar tzo so s e l ít ico s (g ran itó id es)

M e ta ren ito A ren ito

q u a r tzo so

M a l se lec io n ad o s, f in o s a m éd io s, co m p o sto s , n a reg ião d e Ib ir i té , p o r q u a r tzo m o n o e p o l ic r is tal in o , fe ldsp a to s (p lag io c lás io e m ic ro c lin a ) e m e tach e rt. A m atr iz , lo ca lm en te p resen te , é co m p osta p o r q u a r tzo , a lb ita , ep id o to , o paco s , se ric ita e c lo r ita . A ren ito s d a reg ião d e O u ro P re to são co m p o sto s p red o m in an tem en te p o r q u a rtzo m o n o o u p o l ic r is tal in o (7 0 a 9 0 % ), m ica b ran ca, c lo r ita, an t igo r i ta e c lo r i tó id e em a lg u m asA m o stras , lim o n ita e o p aco s

M e ta rri tm ito R itm ito

C o m p o sto s p o r lâm in as m il im é tricas p red o m in an tem en te d e q u a r tzo e lâm in as r icas em se ric ita e clo r ita . A lg u m as lâm in as são co n s ti tu íd as po r q u a r tzo , se r ic i ta e c lo r i ta em p ro p o rçõ es ap ro x im ad am en te ig u ais . N ív e is fi lí tico s r ico s em se r ic i ta , c lo ri ta , m in e ra is o p aco s p r ism áticos e q u a r tzo g ran u lar e a lo n g ad o .

M e tass il ti to S i lt ito F in am en te lam in ad o s, co m p o sto s p o r q u a r tzo e se ric ita

F i li to P e l ito C o m p o sto s p o r ser ic i ta e em p eq u en a p o rcen tag em , q u a rtzo , o p aco s e z ircão , ap a ti ta , ep id o to e tu rm al ina co m o acessó r io s . E m a lg u m as am o stras o co rre zeó l ita

F i li to N eg ro F o lh e lh o N eg ro G ra f ito so s (ca rb on o so s)

G rân u lo s a b lo co s an g u lo so s a su b arred o n d ad o s d e m e ta ren ito s, fo rmação fe rr í fe ra , d o lo m ito , f il i to s , g ran itó id es e q u ar tzo . M a triz co m po sta p o r se r ic i ta e c lo ri ta , m a is f ração a re ia (f in a a g ro ssa, m a l se lec io n ad a) co m p o sta p o r frag m en to s d e q u a r tzo m o n o e p o l icr ista lin o , m e tach e rt e o p aco s . A m atr iz v erd ad e ira (1 5 % ) co n fu n d e -se co m p seu d o -m a triz

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Revista Brasileira de Geociências, Volume 32, 2002 31

Luciana Andrade Reis et al.

Tabela 2 - Fácies sedimentares do Grupo Sabará.

fácies mais grossas do Grupo Sabará, tais como as fácies Con-glomerado Maciço, Diamictito Grosso e Diamictito Fino teri-am se depositado em leques de encosta proximais ou na parteinterna dos canais de alimentação. Estas fácies correspondema fases de grande aporte sedimentar para bacia, provavelmenteem fases entre pulsos tectônicos, onde as taxas de suprimentosedimentar eram maiores que as taxas de geração de espaço deacomodação.

A fácies Grauvaca Arcoseana e, principalmente, a FáciesGrauvaca Mista estão presentes nos lobos e nos interlobos,ocorrendo em todas as partes do leque submarino e na planíciede bacia (Fig. 12).

Os turbiditos da Fácies Arenito Tabular ocorrem nas por-ções mais distais dos lobos de supraleque, bem como nos lequesinferiores, mostrando trends de proximalidade-distalidade (Fig.12).

F ác ies C a rac te r ís t icas L ito ló g icas F e içõ es S ed im en tares

P rocessos D ep os ic io n a is

G m - C o n g lo m erado

m ac iço

C o n g lo m erado c las to su p o rtad o com c las tos (se ixo s a m atacões) p red om in an tem en te d e a ren ito b ran co , c in za E rosa , lo calm en te p redo m in and o em basam en to o u d o lom ito . M a tr iz s il to-a rg ilo sa, lo ca lm en te aren o sa

m ac iço , não g radad o ; 1 0 -2 0 % de m a tr iz F lux o d e de tr ito s

D g - D iam ict i to g rosso

D iam ic ti to com c las to s (se ix o s a m a tacões) su ba rred on d ad o s a su ban gu lo so s p redo m in an tem en te d e a ren ito b ran co , c in za e ro sa , lo ca lm en te p redo m in an d o em b asam en to o u do lo m ito , su bo rd in ad am en te qu a rtzo , p e l ito s e fo rm ações fe rr ífe ras . M a triz g rau v aq u iana , lo ca lm en te g ra fi tosa o u a reno sa

P rop o rçõ es v ar iadas c las tos /m a triz F lux o d e de tr ito s

D f - D iam ict i to f in o

D iam ic ti to com g rânu lo s ( lo calm en te se ixo s o u ca lh au s esp arso s) su b a rredo nd ad os a sub ang u lo so s p redo m in an tem en te d e em b asam en to e a ren ito s , e su bo rd in ad am en te de q u artzo , pel i to s , p e li to s d o lom íticos , che r t, e fo rm ação ferr ífe ra. M a triz g rauv aqu ian a, lo ca lm en te g ra fi tosa o u a reno sa

P rop o rçõ es v ar iadas c las tos /m a triz F lux o d e de tr ito s

W m - G rau v aca m is ta

G rau vaca com m atr iz o ra s il tosa , o ra arg ilosa ( lo ca lm en te g raf i tosa ) e va r iad as p rop o rções d e com p o nen tes q ua rtzo so s e lí ticos e , su bo rd in ad am en te , fe ld spá tico s . L o ca lm en te c las to s (g rân u los a ca lh aus) espa rso s d e a ren i to b ran co ou c in za, e , su bo rd in ad am en te , de ch e rt e fo rm ação fe rr ífe ra

L o ca lm en te ban dad a F lux o d e m assa

W a - G rau v aca a rcosean a

G rau vaca com a l ta p rop o rção d e co m po nen tes fe ld spá tico s e su b o rd in ad am en te q u a rtzo sos e l í tico s, ro sa e com m u ito cau l im na m a triz qu an do a lte rad a . L o ca lm en te co m g rânu lo s esp arsos d e em b asam en to e a ren i tos ou so m en te de em b asam en to

- F lux o d e m assa

A - A ren ito Tab u la r

A ren ito s m éd ios a m u ito f in os, em cam ad as cen tim étr icas a m é tr icas , am alg am ad as o u sep a radas p o r cam ad as m ilim é tricas a m étr icas de pe l ito c inza e g rauv aca .

C o rp os tabu la res co m a lta razão con tinu id ade la tera l x esp essu ra ;

m ac iços o u , localm en te , co m g rad ação n o rm a l, lam in ação p lan o -p arale la e /ou

b an d am en to g ranu lo m étrico e com p o s ic io na l e c lim b in g rip p les n o

to p o da cam ada e /o u m arcas de so la n a b ase

C o rren tes de tu rb id ez

R – ri tm ito

R itm ito con sis tind o d e in te rca laçõ es d e lâm in as de p e li to , si l ti to e a reia f in a . A p resen tam teo r de g ra f ite v ar iáve l. L o calm en te co m g rân u lo s a b lo cos su ba rred on d ad o s a su ban gu lo so s esparso s d e aren ito b ranco , am are lo e c in za. L o ca lm en te , lâm in as de a ren i to

L am in ação p lan o-p arale la , b an d am en to g ranu lo m é tr ico e

com p o s ic io na l

C o rren tes de tu rb id ez d e b a ix a

d en s id ade

S - S il ti to s S i lt ito s c in za, in te rca lad os o u n ão co m aren ito tab u lar L am in ação p lan o-p arale la ,

l ige iram en te b an d ad a D ep os ição d e

su spen são

P - P e li to s P e l ito s s il to -a rg ilo sos c inza . L o ca lm en te ap resen tam n ív eis a reno sos

L am in ação p lan o-p arale la D ep os ição d e su spen são

F n - F o lh e lh o n eg ro

F o lh e lh os ca rb o no so s escu ro s L am in ação p lan o-p arale la

D ep os ição d e su spen são ; con d ições anó x icas

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32 Revista Brasileira de Geociências, Volume 32, 2002

A bacia de antepaís paleoproterozóica Sabará, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais

a b

dc

Figura 3 - Facies (a) conglomerado maciço (Lagoa das Codornas), (b) diamictito grosso (Lagoa das Codornas), (c) diamictitofino (Rodovia do Contorno de Ouro Preto), (d) Pelito (Rodovia do Contorno de Ouro Preto).

a b

dc

Figura 4 - Facies (a) grauvaca mista (Estrada Real), (b) grauvaca arcoseana (Rodovia do Contorno de Ouro Preto), (c) arenitotabular (Ibirité). Notar espessamento ascendente das camadas (“thickening upward”) da esquerda para a direita, (d) detalhede arenito turbidítico de Ibirité exibindo elementos da Seqüência de Bouma.

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Revista Brasileira de Geociências, Volume 32, 2002 33

Luciana Andrade Reis et al.

a b

Figura 5 - Facies (a) ritmito (Rodrigo Silva) e (b) folhelho negro (Rodovia do Contorno de Ouro Preto).

5 0

1 00

0

1 50

2 00

2 50

3 00

3 50

4 00

4 50

S eC MS A r G

6 00

6 50

7 00

5 00

5 50

7 50

8 00

8 50

9 00

9 50

S eC MS A r G

Figura 6 - Coluna sedimentológico-estratigráfica da Rodoviado Contorno/Ouro Preto (Setor I). A- argila, S- silte, Ar- areiafina, média e grossa, G- grânulo, Se- seixo, C- calhau e M-matacão.

150

200

50

100

0CMS Ar G

250

300

S e

Figura 7 - Coluna sedimentológico-estratigráfica da EstradaReal/Ouro Preto (Setor I). A- argila, S- silte, Ar- areia fina,média e grossa, G- grânulo, Se- seixo, C- calhau e M-matacão.

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A bacia de antepaís paleoproterozóica Sabará, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais

10

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

20

0

Se C MSiF M G

G

Figura 8 - Coluna sedimentológico-estratigráfica da Lagoadas Codornas (Setor II). Ar- argila, Si- silte, Areia F- fina, M-média e G- grossa, G- grânulo, Se- seixo, C- calhau e M-matacão.

10

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

20

0

S iF M

Areia

Figura 9 - Coluna sedimentológico-estratigráfica de Ibirité(Setor II). Ar- argila, Si- silte, Areia F- fina e M- média.

A Fácies Ritmito pode ser denominada como um turbiditoclássico de ambiente distal, ocorrendo no leque inferior e pla-nície de bacia. Ritmitos com clastos (grânulos a blocos)esparsos provavelmente depositaram-se nas bordas laterais dosleques submarinos, permitindo que material mais grosso oriun-do das partes proximais da bacia, atingissem porções mais pro-fundas.

As fácies Siltito, Pelito e Folhelho Negro ocorrem comodepósitos de planície de bacia, intercalados com as demais

fácies (Fig. 12).

A BACIA SABARÁ A suíte conglomerado-diamictito-grauvaca-arenito-ritmito-pelito-folhelho, pertencente ao Gru-po Sabará, marca claramente uma mudança significativa doambiente deposicional e da fonte de sedimentos em relação aoSupergrupo Minas, que teria se depositado em plataforma es-tável (Alkmim & Marshak 1998). Conforme discutido a seguir

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Luciana Andrade Reis et al.

20

10

0

30

40

50

70

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90

100

170

180

160

190

200

210

214

210

50

100

0

150

200

250

300

S Ar

SAr S Ar S Ar S Ar

Figura 10 - Coluna sedimentológico-estratigráfica a leste deIbirité (Setor II). A- argila, S- silte, Ar- areia fina e média.

150

200

250

300

350

400

450

500

5 20

50

100

0S e

CMS A rG

Figura 11 - Coluna sedimentológico-estratigráfica de RodrigoSilva/Ouro Preto (Setor I). A- argila, S- silte, Ar- areia fina,média e grossa, G- grânulo, Se- seixo, C- calhau e M-matacão.

e de acordo com sugestões da literatura (Renger et al. 1994,Machado et al. 1996, Alkmim & Marshak 1998), este gruporepresenta provavelmente os depósitos uma bacia do tipoantepaís relacionada com o Evento Transamazônico.

EVIDÊNCIAS DE DEPOSIÇÃO EM BACIA DEANTEPAÍS Evidências geocronológicas A deposição doGrupo Sabará está associada ao Evento Transamazônico, nointervalo de 2125 e 2045 Ma (ver datações no item ContextoRegional acima), com duração de cerca de 80 m.a. (Machadoe Noce 1993). O início da sedimentação Sabará marcaria a fasede inversão tectônica da bacia Minas e suas rochas o produtoerosional do orógeno em construção.

Evidências petrogenéticas O trend de distribuição dasfácies do Grupo Sabará ratifica os dados da literatura que su-gerem uma fonte situada a E-SE (Dorr II 1969, Barbosa 1979,Renger et al. 1994, Alkmim e Marshak 1998). Nos vários se-tores estudados (ver Fig. 1), há evidências que corroboram os

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36 Revista Brasileira de Geociências, Volume 32, 2002

A bacia de antepaís paleoproterozóica Sabará, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais

P laníciede

bacia

Canal de a limentaçãoFronte do cinturão de cavalgam ento

Declive den troda bacia

LequeSuperio r

LequeM éd io

LequeInfe rior

Fácies Pelitos/Fácies Folh eho Negro

Fácies S ilt itoLobos supraleque

Canal incisivo

Novo lobosupraleque

Lequecana lizado

Leques de encostaproxim ais

Lequenão-cana lizado

Fácies G rau vaca M istae a rco seana

Fácies d iam ictito grosso e fácies diam ic tito fin o

Fácies co nglom erado

m aci ç o

Fácies R itm itoDista l

P rox im al

Fácies A renitoTabular

Fora de escala

Turb id ito c lássico

ÁR EA FO NTE (O R Ó G ENO )

Figura 12 - Modelo deposicional proposto para o Grupo Sabará.

autores citados. A suite de clastos presentes nos diamictitos econglomerados indica retrabalhamento de seqüênciassupracrustais e do embasamento (Supergrupo Minas, Super-grupo Rio das Velhas e o embasamento soerguido).

No Setor I, o Grupo Sabará consiste de diamictitos,grauvacas, arenitos (pouco desenvolvidos), ritmitos, pelitos efolhelhos negros. Os diamictitos grossos, constituídos predomi-nantemente por clastos de arenito branco e cinza, apontampara uma provável proveniência do Supergrupo Minas superior(Grupo Piracicaba). Os diamictitos finos com clastos predomi-nantemente de embasamento e arenitos, e subordinadamentede quartzo, pelitos, pelitos dolomíticos e formação ferrífera,bem como as grauvacas mistas, sugerem uma proveniênciamista. As grauvacas arcoseanas ricas em componentesfeldspáticos e clastos esparsos de rochas granitóides indicamproveniência do embasamento.

A suite de rochas pertencentes ao Setor II (conglomerados,diamictitos, grauvacas, arenitos e pelitos) sugere uma proveni-ência de rochas supracrustais do Supergrupo Rio das Velhas eSupergrupo Minas inferior e intermediário (grupos Caraça eItabira), evidenciada pela composição variada dos clastos(arenito branco, cinza e rosa, chert, dolomito, quartzo, pelitose formações ferríferas). Neste setor, provavelmente não houvecontribuição do embasamento, evidenciada também pela au-sência de feldspatos nestas rochas.

No Setor III, a suite conglomerados-diamicitos-grauvacas-arenitos-pelitos aponta para uma proveniência semelhante aoSetor I, ou seja, rochas supracrustais do Supergrupo Minassuperior (Grupo Piracicaba) e do embasamento.

Evidências geoquímicas Dados geoquímicos das rochas doGrupo Sabará (elementos maiores e terras raras) foramplotados em diagramas de proveniência. As análises de rochatotal dos elementos maiores, traços e ETR das grauvacas epelitos das regiões de Ouro Preto, Sabará e Igarapé foram ob-tidas de Guitarrari (1999).

Os diagramas de proveniência plotados para o Grupo Sabaráapontam para uma mistura de áreas fontes. As figuras 13a e bmostram que as rochas do Grupo Sabará correspondem predo-minantemente ao campo de proveniência ígnea intermediáriae sedimentar quartzosa, embora ocorram amostras em todos oscampos, indicando compartimentação da área fonte.

Os dados foram também plotados em diagramas de proveni-ência por ambiente tectônico obtidos em Rollinson (1993). AFig. 13c mostra que as rochas da região de Ibirité são deriva-das predominantemente de uma margem continental ativa earco magmático continental, enquanto na Fig. 13d, estas mes-mas rochas correspondem predominantemente ao campo demargem continental ativa. Apesar de algumas amostras caíremno campo de margem passiva, a proveniência provável para asrochas do Grupo Sabará é de margem continental ativa/arcomagmático continental. Os gráficos das figuras 13e e f mos-tram grande dispersão, sugerindo uma proveniência mista.

De maneira geral, os diagramas litoquímicos indicam umaproveniência de margem continental ativa/arco magmáticocontinental, sugerindo, em conjunto com os dados macro emicroscópicos, ter sido provavelmente um orógeno a área fontedo Grupo Sabará.

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Revista Brasileira de Geociências, Volume 32, 2002 37

Luciana Andrade Reis et al.

F unção D iscr im ina nte 1 = - 1,773 TiO + 0 ,607 A l O + 0 ,7 6 Fe O - 1,5 M gO + 0 ,616 CaO + 0,50 9 N a O - 1 ,224 K O - 9 ,09

2 2 3 2 3(total)

2 2

F unção D iscr im ina nte 2 = 0,4 45 T iO + 0 ,07 A l O - 0 ,2 5 Fe O + 1,142 M gO + 0 ,43 8 C aO + 1,47 5 N a O - 1 ,426 K O - 6 ,861

2 2 3 2 3(total)

2 2

F un çã o D is crim in an te 1 = 3 0 ,63 8 TiO / A l O - 12 ,54 1 F e O / A l O + 7,3 29 M g O / A l O + 12 ,03 1 N a O / A l O + 35 ,40 2 K O / A l O - 6 ,38 2

2 2 3 2 3(total) 2 3

2 3 2 2 3 2 2 3

F un ç ão D is crim in an te 2 = 5 6 ,5 00 TiO / A l O - 10 ,87 9 F e O / A l O + 3 0 ,8 75 M gO / A l O - 5 ,4 04 Na O / A l O + 11 ,112 K O / A l O - 3 ,89

2 2 3 2 3(total) 2 3

2 3 2 2 3 2 2 3

Função D iscrim inante 1

Fun

ção

Dis

crim

i nan

te 2

0-5 5

-5

-3

0

5

1,5

-3,5 -0,5

4,8

-4,3

3,5-0,5

A rco de IlhaOceân ico

A rcoM agm áticoC ontinental

M argem Passiva

M argem Cont inentalA tiva

F unção D isc rim inante 1 = - 0,04 47 S iO - 0,9 72 T iO + 0 ,00 8 A l O - 0 ,267 F e O + 0 ,208 FeO - 3 ,082 M nO + 0 ,140 M gO + 0 ,195 C aO

+ 0,71 9 N a O - 0 ,032 K O + 7 ,510 P O + 0 ,303

2 2 2 3 2 3

2 2 2 5

F unção D isc rim inante 2 = - 0,42 1 S iO + 1 ,988 T iO - 0 ,526 A l O - 0 ,551 F e O - 1 ,610 F eO + 2 ,72 0 M nO + 0 ,881 M gO - 0 ,907 C aO

- 0 ,177 N a O - 1 ,840 K O + 7 ,2 44 P O + 43 ,57

2 2 2 3 2 3

2 2 2 5

G rau va cas de O uro P reto, Iga rapé e S aba rá

P e litos de O uro P reto e S a bará

A re n itos e pe litos de Ib irité

a)

c)

f)

e)

d)

b)

Figura 13 - (a) - Diagrama de função discriminante para proveniência das suites arenito-pelito usando elementos maiores.Campos para proveniência ígnea máfica, intermediária e félsica e sedimentar quartzosa. (b) - Diagrama de função discriminantepara proveniência das suites arenito-pelito usando razões de elementos maiores. Campos para proveniência ígnea máfica, in-termediária e félsica e sedimentar quartzosa. (c) - Diagrama de função discriminante para arenito mostrando campos de arenitode margem continental passiva, arco de ilha oceânico, arco magmático continental e margem continental ativa. (d) - Diagra-ma discriminante log (K2O/Na2O) vs SiO2 para suites arenito-pelito, mostrando campos para margem continental passiva,margem continental ativa e arco de ilha. (e)- Diagrama discriminante para arenitos, baseado em gráfico bivariante, para TiO2vs (Fe2O3(total) + MgO) e (f) - gráfico bivariante para Al2O3/SiO2 vs (Fe2O3(total) + MgO). Os campos são arco de ilha oceâni-co, arco continental, margem continental ativa e margem continental passiva (modificado de Rollinson 1993).

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38 Revista Brasileira de Geociências, Volume 32, 2002

A bacia de antepaís paleoproterozóica Sabará, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais

As rochas do Grupo Sabará, segundo Guitarrari (1999),possuem fracionamento similares e fortes de ETRL (elementosterras raras de número atômico baixo), mostrado pela razãoLa

N/Yb

N = 5,96 –11,52. As metagrauvacas basais mostram um

fracionamento em ETRP (elementos terras raras de númeroatômico alto) de Tb

N/Yb

N = 1,72, enquanto os pelitos interme-

diários mostram um padrão enriquecido de TbN/Yb

N = 0,84,

indicando concentração de minerais pesados como zircão emonazita. O gráfico de ETR Condrito-Normalizado (Fig. 14)mostra uma anomalia de Eu negativa e um enriquecimentosem elementos leves para os pelitos, correspondendo, segundoTaylor e McLennan (1985), a ambiente de margem passiva,enquanto as grauvacas não apresentam anomalia de Eu e sãocorrespondentes à ambiente de margem continental ativa/arcomagmático continental. As grauvacas/pelitos basais, segundoGuitarrari (1999), não apresentam anomalia de Eu (Eu

N/Eu* =

1,0), enquanto as intermediárias apresentam anomalia negativade Eu (Eu

N/Eu* = 0,45), característica de rochas sedimentares

pós-arqueanas (Taylor e McLennan 1985). A presença ou au-sência de anomalia pode indicar características diferentes her-dadas de porções distintas da área fonte. Entretanto, a evoluçãode grauvacas/pelitos basais sem anomalia de Eu (proveniênciade arco magmático continental) para grauvacas intermediári-as com anomalia negativa (proveniência de margem passiva)pode ser interpretada como uma evolução de bacia de antepaísretroarco para colisional.

Nas figuras 15a e b observa-se que as rochas no GrupoSabará estão plotadas no campo B (arco magmático continen-tal). Todos estes diagramas são compatíveis com depósitos deuma bacia de antepaís, pois mostram área fonte de naturezamista e complexa, típica de um orógeno.

Evidências sedimentológico-estratigráficas As caracterís-ticas, distribuição e arranjo das fácies (Figs. 6, 7, 8, 9, 10, 11)e a presença de fluxos de detritos, fluxos de massa e correntesde turbidez no Grupo Sabará são indicativos de ambiente deleques submarinos (Fig. 16). O arranjo estratigráfico em suces-sivos ciclos em CU mostra que a bacia foi controlada por pro-cessos extrabacinais (geração de espaço e suprimento

Figura 14 - Padrão ETR para as rochas do Grupo Sabará.

La

AB

DC

Th Sc

a)

Th

C

DB

ASc Zr/10

b)

G rauvaca de Iga rapéPe lito de Sabará

Figura 15 - (a) - Diagrama discriminante La-Th-Sc paragrauvacas; (b) - Diagrama discriminante Th-Sc-Zr/10 paragrauvacas. Os campos são: A, arco de ilha oceânico; B arcomagmático continental; C, margem continental ativa; D, mar-gem passiva (modificado de Rollinson 1993).

sedimentar). A ocorrência de depósitos pelíticos sob depósitosgrosseiros em uma sucessão sedimentar em CU é um excelenteindicador de atividade tectônica episódica (Blair e Bilodeau1988), ou seja, geração “instantânea” de espaço e relevo dife-rencial área fonte/bacia por evento de cavalgamento noorógeno e resposta flexural na bacia, seguido por progressivopreenchimento do espaço de acomodação durante períodos dequiescência tectônica.

O arcabouço estratigráfico do Grupo Sabará encontra-seorganizado em sucessões em CU. Os dados em algumas colu-nas (p.ex., Figs. 6 e 10) mostram sucessões maiores na escalade centenas de metros, englobando sucessões hierarquicamente

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Luciana Andrade Reis et al.

C onglom erados

Leq uesIn fe rio res

N M

P laníc iede B ac ia

Leq ues deencos tas p rox im a is

Lob os de S upra le que

Área F on te

D iam ic titos

G rauvacas

A ren itos

E m basam en to /orógeno

P elitos /s iltitosfo lhe lho negro

Leq uesS upe rio res

C a na l d eA lim e n ta ç ão

Figura 16 - Figura esquemática do ambiente deposicional doGrupo Sabará.

inferiores de espessura métrica a decamétrica. Este arranjoindica que o padrão da sedimentação do Grupo Sabará foimarcado por altas taxas iniciais de geração de espaço de aco-modação, em relação à taxa de suprimento sedimentar para abacia, evidenciado pela deposição de fácies pelíticas. A presen-ça de turbiditos de baixa densidade e/ou grauvacas mostra oinício da progradação clástica, cuja evolução de condiçõesdistais para proximais foi marcada pela presença de turbiditose/ou grauvacas mais densos. A deposição de conglomerados ediamictitos subsequente mostra que as taxas de suprimentosedimentar superaram a geração de espaço de acomodação. Asuperposição de fácies grossas sobre fácies distais evidencia aprogradação dos lobos deposicionais com a migração progres-siva do cinturão de cavalgamento/dobramento (Jordan 1995).As sucessões em CU em diferentes hierarquias significam asuperposição de pulsos de subsidência episódica de diferentesmagnitudes.

TIPO DE BACIA DE ANTEPAÍS A localização geográ-fica dos depósitos do Grupo Sabará em relação aoembasamento e supracrustais do Quadrilátero Ferrífero, os ti-pos de rochas e a variação composicional dos clastos e frag-mentos líticos presentes nas rochas dos diferentes setores doGrupo Sabará apontam para diferentes áreas fontes, sugerindouma bacia de antepaís compartimentada (Fig. 17). Com basenisto, a Bacia de Antepaís Sabará foi dividida em três sub-ba-cias: Sub-bacia Antônio Pereira-Ouro Preto-Mariana-RodrigoSilva (SB1), Sub-bacia Lagoa das Codornas (SB2) e Sub-baciaSabará-Belo Horizonte-Ibirité-Fernão Dias (SB3) (Fig. 17).

A Sub-bacia Antônio Pereira-Ouro Preto-Mariana-RodrigoSilva é constituída pelas litofácies diamictito grosso, diamictitofino, grauvaca mista, graucava arcoseana, ritmitos, pelitos efolhelho negro. Nesta sub-bacia, predominam os processos defluxos de massa, indicando proximalidade em relação aos fron-tes de cavalgamento e da área fonte. Trata-se provavelmente deum compartimento intermontano do foreland Sabará, do tipopiggy-back basin.

A Sub-bacia Lagoa das Codornas, também intermontana, éconstituída pelas litofácies conglomerado, diamictito grosso,

arenito, siltito e pelito. Os conglomerados e diamictitos da Sub-bacia Lagoa das Codornas, apesar desta sub-bacia encontrar-sepróxima ao Complexo do Bação (Fig. 17), não apresentamclastos de embasamento. Isto sugere um fornecimento proximalem relação à bacia, com as rochas supracrustais dossupergrupos Rio das Velhas e Minas.

A Sub-bacia Sabará-Ibirité-Fernão Dias, periférica aoorógeno, é constituída pelas litofácies conglomerado,diamictito grosso, diamictito fino, grauvaca, arenito, siltito epelito. Nesta sub-bacia os turbiditos são mais desenvolvidos,indicando, a preservação de um ambiente mais profundo e/oudistal (Fig. 17). As fácies mais grossas ocorrem de formaesparsa, indicando que as fácies progradacionais finais nãoforam preservadas do soerguimento final por compensaçãoisostática (Jordan 1995) e posterior erosão.

CONTEXTO GEOTECTÔNICO DO FORELAND SABA-RÁ A porção sul do Cráton do São Francisco é formada poruma plataforma estabilizada a 2,6 Ga (Noce et al. 1998), cons-tituída por gnaisses migmatizados, greenstone belts, plútons degranitóides e intrusões máficas e máficas-ultramáficas. Duran-te a Orogenia Transamazônica (2,16 – 2,0 Ga), um cinturãocolisional em forma de arco, denominado de Cinturão Minei-ro (Teixeira et al. 2000), desenvolveu-se nas margens destaplataforma arqueana, formando plútons de granitóides, diquesmáficos e depósitos do tipo flysh.

Segundo Alkmim e Marshak (1998), o cinturão de cavalga-mento/dobramentos (Cinturão Mineiro) foi criado em respos-ta a uma contração com vergência para NW, relacionada coma acresção de um arco de ilha e/ou terrenos exóticos nas mar-gens leste e sudeste do Cráton do São Francisco. Neste evento,pode ter ocorrido o consumo de crosta oceânica e geração detonalitos de origem mantélica e trondhjenitos (2,162 – 2,124Ga), seguido por intrusões de granitos crustais sin a pós-colisionais (Teixeira et al. 2000). A evolução da bacia Sabaráocorreu durante esta época, com proveniência da erosão dosdepósitos arqueanos e paleoproterozóicos do Cinturão Minei-ro.

Conclusões O Grupo Sabará ocorre no Sinclinal Dom Bosco(Setor I, Fig.1), Sinclinal Moeda (Setor II) e na Serra do Cur-ral (Setor III), além de outras ocorrências sem afloramentosadequados para os propósitos deste trabalho (sinclinaisGandarela e Santa Rita). Levantamentos sedimentológico-estratigráficos permitiram a identificação das seguintes fácies:conglomerado maciço (fluxo de detritos), diamictito grosso(fluxo de detritos), diamictito fino (fluxo de detritos), grauvacamista (fluxo de massa), grauvaca arcosiana (fluxo de massa),arenito tabular (correntes de turbidez), ritmito (correntes deturbidez), siltito (correntes de turbidez), pelito (deposição dasuspensão) e folhelho negro (deposição da suspensão). Estasfácies ocorrem, de maneira geral, organizadas em sucessões emCU, representando geração episódica de espaço e relevo dife-rencial área fonte/bacia por evento de cavalgamento noorógeno e resposta flexural na bacia, seguido por progressivopreenchimento do espaço de acomodação durante períodos dequiescência tectônica.

O modelo deposicional proposto para o Grupo Sabará é deleque submarino com planície de bacia e leques de encostaproximais. Este modelo é constituído por canal(is) de alimen-tação, declive da bacia, leque superior, leque médio, leque in-ferior e planície de bacia. As fácies Conglomerado Maciço,

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A bacia de antepaís paleoproterozóica Sabará, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais

S B 2S B 3

S B 1 : S ub-bac ia A n tôn io P e re ira -M ariana -O uro P re to -R odrigo S ilva

S B 2 : S ub-bac ia Lagoa das C odornas

S B 3 : S ub-bac ia S abará -B e lo H orizon te -Ib ir ité -Fernão D ias

S B 1

S E N WF ron te da S e rra do C urra l/ R o la M oça

A A '

N íve l de ero são atu a la pro xim ad o

0 13 26km

S e to r I

LEG ENDA

SETOR II

E m b asam ento

C idades

Supe rg rupo R io das Velhas

Supe rg rupo M inas

G rupo Sabará

G rupo Itaco lom i

Belo Horizonte

Ibirité

Igarapé

Sabará

Serra do Curral

Ouro Preto

Sinclinal Moeda

Complexo

do Bação

Lagoa das C odornas

A

A '

Figura 17 - Seção esquemática da bacia de antepaís compartimentada Sabará (modificada de Allen e Allen 1990) e sua loca-lização esquemática no Quadrilátero Ferrífero (Mapa Geológico modificado de Dorr II 1963).

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O Grupo Sabará representa os depósitos uma bacia do tipoantepaís relacionada ao Evento Transamazônico. Os clastospresentes nos diamictitos e conglomerados indicam oretrabalhamento de seqüências supracrustais e do embasa-mento (Supergrupo Minas, Supergrupo Rio das Velhas e oembasamento soerguido). Os diagramas de proveniência plota-dos para o Grupo Sabará apontam para uma mistura de áreas-fonte, predominando a proveniência ígnea intermediária esedimentar quartzosa, embora proveniências ígnea félsica eígnea máfica também ocorram, indicando compartimentaçãoda área fonte. Os diagramas de proveniência por ambientetectônico indicam uma proveniência de margem continentalativa/arco magmático continental. Estes dados em conjuntocom os dados macro e microscópicos sugerem uma área fonteorogênica para o Grupo Sabará. O gráfico de ETR mostra umaanomalia de Eu negativa e um enriquecimento em elementosleves para os pelitos correspondendo a ambiente de margempassiva (Taylor e McLennan 1985), enquanto as grauvacas nãoapresentam anomalia de Eu e são correspondentes à ambientede margem continental ativa/arco magmático continental. Aevolução de grauvacas/pelitos basais sem anomalia de Eu (pro-veniência de arco magmático continental) para grauvacas in-termediárias com anomalia negativa (proveniência de margempassiva) presentes nestas rochas pode representar uma evolu-

ção de bacia de antepaís retroarco para colisional.O Grupo Sabará representa provavelmente uma bacia de

antepaís compartimentada, formada durante a deformação,soerguimento e erosão dos depósitos arqueanos e paleoprote-rozóicos do Cinturão Mineiro, de idade transamazônica. Umabacia do tipo compartimentada foi sugerida devido à localiza-ção geográfica dos depósitos do Grupo Sabará em relação aoembasamento e supracrustais do Quadrilátero Ferrífero, bemcomo aos tipos de rochas e à variação composicional dosclastos e fragmentos líticos presentes nos diferentes setoresestudados. A compartimentação da bacia, atestada principal-mente nos ruditos que indicam proveniência local, aparente-mente se conflita com a proveniência homogênea e mais distalsugerida pelos dados geoquímicos oriundos dos pelitos egrauvacas. Entretanto, o posicionamento estratigráfico superiordos ruditos indica que a compartimentação da bacia se deu nosseus estágios mais tardios de sua evolução, provavelmente noestágio colisional, quando os compartimentos intermontanosteriam sido individualizados.

Agradecimentos Este trabalho é uma síntese da dissertaçãode mestrado de LAR, desenvolvida no DEGEO/EM/UFOP soba orientação de MAMN, co-orientação de NSG e IE e colabo-ração de HJE. Os autores são gratos a Fernando Alkmim doDEGEO/EM/UFOP pela indicação de vários afloramentos e aA.C. Pedrosa-Soares do IGC/UFMG pela ajuda na litoquímica.À Capes pela concessão de bolsa de mestrado a LAR. AoCNPq pela Bolsa de Produtividade em Pesquisa a MAMN.Este trabalho foi quase inteiramente desenvolvido com recur-sos financeiros próprios de LAR e MAMN, exceto alguns diasde campo na região de Ouro Preto/Rodrigo Silva realizados emconjunto com alunos da disciplina Trabalho Geológico doDEGEO/EM/UFOP, ao qual prestamos nossos agradecimentos.Aos revisores da RBG pelas valiosas sugestões.

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Manuscrito A-1200Recebido em 10 de janeiro de 2001

Revisão dos autores em 01 de março de 2002Revisão aceita em 05 de março de 2002