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EDITOR-COORDENADOR: ADALBERTO MEIRELES / [email protected] QUI SALVADOR 5/8/2010 SEG PERSONA TER POP QUA VISUAIS HOJE CENA SEX CINE SAB LETRAS DOM SHOP TEATRO CASAS DE SALVADOR ENFRENTAM A PENÚRIA E A AMEAÇA DE FECHAR AS PORTAS 4 SHOW JOÃO BOSCO FAZ UM TRIBUTO À MÚSICA BRASILEIRA EM PERFORMANCE INTIMISTA, NO TCA, COM CASA CHEIA E INGRESSOS ESGOTADOS 8 Ah Fotografia / Divulgação 2 A banda mais fofa do Brasil MÚSICA No 10º disco da carreira, a Pato Fu não titubeou e, mais uma vez, resolveu ousar. O desafio foi ajustar os instrumentos das brincadeiras infantis para fazer música pop de verdade. E não é que deu certo? O resultado pode ser conferido no novo disco da banda Nino Andrés / Divulgação Banda lança o novo álbum, Música de Brinquedo, no próximo dia 9 cionada pela filha do casal Ulhoa Takai, Nina, de 6 anos. Além de pianinhos e tecla- dinhos, entraram na receita brinquedos eletrônicos, de ma- deira e pelúcia. Também foram utilizados instrumentos ligados à musicalização infantil como flauta, xilofone e escaleta. Níveis de leitura Música de Brinquedo é compos- to por 12 canções pop, brasi- leiras e internacionais, cantadas por Fernanda Takai, com o au- xílio luxuoso das crianças Nina Takai, Matheus D‘Alessandro e Mariana Devin. O resultado não é um disco propriamente infantil, mas uma obra com diferentes níveis de leitura para crianças de todas as idades. Ou simplesmente, a coi- sa mais fofa que já se ouviu. LEIA MAIS NA PÁGINA 3 PEDRO FERNANDES Ao contrário dos pais que se irritam quando os filhos ga- nham de presente brinquedos barulhentos e estridentes, John Ulhoa, o gênio do mal à fren- te do Pato Fu, diverte-se com eles. Tanto que resolveu reverter o feitiço e usá-los para o bem no disco Música de Brinquedo,o décimo da carreira da banda, que será lançado no próximo dia 9. Se há algum tempo o Pato Fu já usa com moderação instru- mentos como realejos e caixi- nhas de música em suas can- ções, dessa vez a ideia foi man- dar o comedimento às favas e só usar no novo álbum esse tipo de instrumento ou, de verdade, mas miniatura. Certamente influenciados pe- la grande oferta deles propor-

A banda mais fofa do Brasil

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Matéria e entrevista sobre o lançamento do CD Música de Brinquedo, do Pato Fu, publicadas no Caderno 2+

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Page 1: A banda mais fofa do Brasil

EDITOR-COORDENADOR: ADALBERTO MEIRELES / [email protected]

QUISALVADOR5/8/2010

SEG PERSONATER POPQUA VISUAISHOJE CENASEX CINESAB LETRASDOM SHOP

TEATRO CASAS DE SALVADOR ENFRENTAM APENÚRIA E A AMEAÇA DE FECHAR AS PORTAS 4

SHOW JOÃO BOSCO FAZ UMTRIBUTO À MÚSICA BRASILEIRAEM PERFORMANCE INTIMISTA,NO TCA, COM CASA CHEIAE INGRESSOS ESGOTADOS 8

Ah Fotografia / Divulgação

2A banda maisfofa do BrasilMÚSICA No 10º disco da carreira, a Pato Fu não titubeou e, mais uma vez, resolveu ousar.O desafio foi ajustar os instrumentos das brincadeiras infantis para fazer música pop deverdade. E não é que deu certo? O resultado pode ser conferido no novo disco da banda

Nino Andrés / Divulgação

Banda lançao novo álbum,Música deBrinquedo, nopróximo dia 9

cionadapelafilhadocasalUlhoaTakai, Nina, de 6 anos.

Além de pianinhos e tecla-dinhos, entraram na receitabrinquedos eletrônicos, de ma-deira e pelúcia. Também foramutilizados instrumentos ligadosà musicalização infantil comoflauta, xilofone e escaleta.

Níveis de leituraMúsica de Brinquedo é compos-to por 12 canções pop, brasi-

leiras e internacionais, cantadaspor Fernanda Takai, com o au-xílio luxuoso das crianças NinaTakai, Matheus D‘Alessandro eMariana Devin.

O resultado não é um discopropriamente infantil, mas umaobra com diferentes níveis deleitura para crianças de todas asidades. Ou simplesmente, a coi-sa mais fofa que já se ouviu.

LEIA MAIS NA PÁGINA 3

PEDRO FERNANDES

Ao contrário dos pais que seirritam quando os filhos ga-nham de presente brinquedosbarulhentos e estridentes, JohnUlhoa, o gênio do mal à fren-te do Pato Fu, diverte-se comeles.

Tanto que resolveu reverter ofeitiço e usá-los para o bem nodisco Música de Brinquedo, odécimo da carreira da banda,

que será lançado no próximodia 9.

Se há algum tempo o Pato Fujá usa com moderação instru-mentos como realejos e caixi-nhas de música em suas can-ções, dessa vez a ideia foi man-dar o comedimento às favas e sóusar no novo álbum esse tipo deinstrumento ou, de verdade,mas miniatura.

Certamente influenciados pe-la grande oferta deles propor-

Page 2: A banda mais fofa do Brasil

3SALVADOR QUINTA-FEIRA 5/8/2010 2

MÚSICA DE BRINQUEDO/ PATO FU

Rotomusic / R$ 32,90

“É CADA ADJETIVO. MASBELEZA, TÔ NESSA. NÓSSOMOS FOFINHOS”

Nino Andrés / Divulgação

Banda recorreu ainstrumentos debrinquedo parafazer música popde gente grande

Vocês já flertavam com o uso deinstrumentos de brinquedo.Quandoaideiadequeerapossí-velgravar todoumálbumdessamaneirasecristalizou?

Fernanda Takai – A gente fezum teste com a música Prima-vera,hámaisdeumano,parasaber como é que era pegaruma canção muito conheci-da, com arranjo original eemular todos esses sons comos instrumentos. Mostramospara algumas pessoas e todomundo achou muito legal edizia, “nossa, tem que virarum disco inteiro”. A gentetambémachava isso,eoutraspessoas começaram a se em-polgar. Até que em janeirodesse ano sentamos para fe-char um repertório pop. Nofim, em dois meses e meio demuitotrabalhodiário,agenteconseguiu ter tudo do jeitoqueagenteimaginava.

Imagino que deva ter havidomomentosdefrustraçãoduran-te o processo de achar o instru-mentooubrinquedoquesoasseperfeitoparacadacanção.

FT–Sim.Os instrumentossãomuito imperfeitos, são rarososquetêmumaexcelênciadeafinação, ou que estão na es-cala correta. Nos deparamoscom problemas como o ins-trumento não ter todas as no-

tas que a gente precisava. Aítinha de ter dois pianinhos.Era um grande quebra-cabe-ça. E a gente não quis afinar,porque perderia o som queeles têm. Mas juntando a de-safinação geral é possível sedivertir e se emocionar comesse tipo de som. Se fosse al-guém louco por perfeição tra-balhando nesse disco, ia di-zer, “não tem condição, estámuito desafinado, não va-mos gravar”. Mas como oJohn é um dos produtoresmais dispostos a encarar essetipo de dificuldade e transfor-mar isso num ponto a favor,fomosàfrente.

Quando vocês anunciaram quefariam um disco com instru-mentos de brinquedo não pare-ceu absurdo experimentar as-simamarcadevocês?

RicardoKoctus–Agente jávi-nha flertando com isso. O Pa-to Fu tem uma carreira quenos dá álibi para fazer o quequiser. Se a gente quisesse fa-zer um disco de sertanejo,não seria tão assustador as-sim. A gente tem canções quepassam por isso, então nãoseria tão absurdo. Mas a gen-tenãovaifazerisso.

Achaquesemindependência is-socontinuariasendopossível?

RK – Quando a gente estavana BMG nunca sofremos comisso. Sempre tivemos liberda-de de criação. Tivemos sortede encontrar pessoas quecontrataram o Pato Fu peloqueoPatoFuera.Masnaque-le momento o mercado tinhaessa possibilidade de umabanda cantar em japonês echegaratocaremrádio,oqueera uma mostra de que a gen-tefaziaoquequeria.Ser inde-pendente não muda muitonesse sentido. Poderíamoster uma exposição maior deum projeto legal como esse,porém o mercado é outro enãodáprapesarisso.

Quais foram os critérios usadosnaescolhadorepertório?

FT–Empatiamusicalnomáxi-mo. Ficamos tentando noslembrar de músicas que agente gostava, de todas asépocas. Cada um foi dandouma sugestão. Fizemos uma“listona” e fomos ouvindo. Oprincipal era: a música é boa?É. Bastante conhecida? Sim.Tem um arranjo que é muitoconhecido? Era fundamentalque nos primeiros segundosde audição as pessoas já dis-sessem “é aquela música queo Tim Maia gravou”. Então foinossa memória musical comocaráterpopdascanções.

PEDRO FERNANDES

Depois de três anos do lançamento do último disco, o Pato Fu voltaà cena com Música de Brinquedo, feito apenas com instrumentosmusicais de brinquedo ou em miniatura. A ideia foi comprada tãorápidoqueumadascanções,mesmoantesdo lançamentododisco,já pode ser ouvida na trilha da novela Ti-Ti-Ti, da Globo. É assim,passeando entre a experimentação e o mainstream, que a bandavem se mantendo há mais de 17 anos como uma das mais bemsucedidas do cenário nacional. Em entrevista por telefone a bandafalou sobre experimentação, processo de criação do novo disco, aescolha do repertório, o show da nova turnê e sobre fofura.

ENTREVISTA Pato Fu

Ficamos tentandonos lembrar demúsicas que agente gostava.Fizemos uma“listona” e fomosouvindo. Oprincipal era:a música é boa?É. Bastanteconhecida? Sim...Então foi nossamemória musicalcom o caráter popdas canções

Manter a pureza e obter zero teor de pieguice é uma missão apenas para o Pato Fu

Como foi o trabalho com ascrianças?

FT – Não temos um coro decrianças que estudam músi-ca, são crianças que têm umamusicalidade leiga, que todomundo tem, e que as criançasem casa vão poder cantartambém. São músicas bemfáceis, nada rebuscado, li-nhas melódicas curtas. Tantoque foi muito rápido. A grava-ção com as crianças demoroutrês horas divididas em doisoutrêsdias.

vocês vão fazer turnê desse dis-co. Vai ser mais difícil fazer tudoissoaovivo?

John Ulhoa – A gente estreiano Rio de Janeiro e já temosdata em São Paulo e Belo Ho-rizonte, depois vamos paratodo lado. É mais difícil tocarfora do estúdio, que é um am-biente controlado, vai lá, gra-va um pedacinho, depois tiraoutro. Agora vamos ter quetocar tudo ao mesmo tempo.É mais difícil sim, mas a gentefez um monte de ensaios depalco, chamamos mais pes-soas, porque não vamos usarnenhuma base eletrônica, aocontrário do que o Pato Fusempre fez. E na parte que ascrianças fazem chamamos opessoal do Giramundo, que éum grupo de teatro de bone-

PEDRO FERNANDES

Imagine o perigo de reunir umtanto de brinquedos estridentesna tentativa de tirar deles mú-sica. Agora saiba que quem fezisso foi o Pato Fu e diga que oalívio foi imediato. Fazer essesinstrumentos soarem, mesmocom suas imperfeições, agradá-veis, não seria mesmo tarefapara qualquer um.

Sorriso de orelha a orelha é oque se consegue ao ouvir nosprimeiros acordes de Primavera(Cassiano e Silvio Rachael), fa-mosa na voz de Tim Maia. Quan-do as crianças entram desafi-nadinhas, aí a alegria já virou

amor e não será mais possívelparar de ouvir Música de Brin-quedo até que se chegue ao seufinal e ao desejo de ouvir tudode novo.

O disco segue com SoníferaIlha, dos Titãs, cheia de baru-lhinhos de brinquedos eletrôni-cos. Depois temos Rock And RollLullaby, que vira definitivamen-te uma canção de ninar com oarranjo tão doce quanto a voz deFernanda Takai.

Frevo Mulher, avisa que todosos gêneros estão valendo e queumacerta linguagemrebuscadana letra não faz mal nenhum àcriançada. Mais uma lição deque não se deve subestimar a

inteligência deles.Os barulhinhos de ovelha no

início de Ovelha Negra, de RitaLee, soam adoráveis em con-traposição à letra que inspirasolidão e rejeição. Impossívelnão se emocionar com as crian-ças recitanto “Ovelha negra dafamília / Não vai mais voltar /Vai Sumir”.

Em Todos Estão Surdos, deRoberto Carlos, o som do saxbarítono foi feito com um Ge-nius, aquele brinquedo famosoda década de 1980.

Live And Let Die preserva sercaráter épico da canção de PaulMcCartney, ainda mais com opeso roqueiro que as crianças

põem nos backing vocals.O disco ainda traz as canções

Pelo Interfone, de Richie, a di-vertida Twiggy Twiggy, do grupojaponês Pizzicato Five, My Girl,famosa nas vozes dos Tempta-tions, Ska, do Paralamas do Su-cesso e termina com Love MeTender, eternizada por ElvisPresley.

EquilíbrioO Pato Fu prova mais uma vezsua habilidade em equilibrar oque quer fazer com o que aspessoas querem ouvir. Isso semprecisar recorrer a pesquisas, amodismos ou coisas assim.

Escolher fazer versões de hits

radiofônicos e decidir manter osmesmos arranjos, garante aidentificação afetiva dos adul-tos, misturada a uma certa nos-talgia. Colocar crianças no discoavisa que a gurizada em casapode e deve cantar junto.

As duas decisões são uma ex-celente estratégia para aproxi-mar pais e filhos na audição deuma obra, ao mesmo tempodivertida e inusitada.

Num tempo tão cínico, fazerum disco assim sem lançar mãodo mínimo de ironia que seja,manter a pureza e obter zeroteor de pieguice é uma missãoapenas para o Pato Fu. E cum-prida.

cos daqui de Belo Horizonte,que vai colocar uns muppetsfazendoosbackingvocals.

Vocês fizeram o disco pensandonosfilhosdevocês,ounascrian-çasdetodasasidades?

JU – Eu sempre acho que ascoisasqueagentefaztemqueter várias camadas de entre-tenimento. Um adulto vaigostar por um motivo, umacriança por outro. Uma coisaque é uma inspiração paramim nesse aspecto é o Mup-pet Show. Quando eu era mo-leque gostava por causa dosbonequinhos, quando eraadolescente gostava por cau-sa das piadas de duplo senti-do, e adulto por causa da par-te musical. Acho que esse dis-co tem essa característica.Maseuachoqueosujeitoquemais vai ser tocado por essesarranjoséumpaiouumamãeque vai querer mostrar issopara a criança. Acho que essapessoaéapresafácil.

No GloboNews o JP Cuenca fa-louquevocêsagorasãoabandamais fofa do Brasil. Dá para se-gurarotítulo?

JU - (Risos) Sei lá, cara. É cadaadjetivo que dão para a gen-te, cada um mais particularque o outro. Mas beleza, tônessa.Nóssomosfofinhos.