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A CAPITALlZAGlo DO SETOR AGRfCOLA PAULISTA E O DESEMPRÊGO DE MAO-DE-OBRA Luiz Augusto de Queiroz Ablas* 1. Introdução. 2. A metodologia. 3. Aplicação para o estado de São Paulo. 4. Conclusões. Nos últimos anos, a análise da agricultura brasileira tem assumido continuamente no- vas diretrizes. Os pesquisadores que se lançam a campo no intuito de bem compreender os seus mecanismos têm constatado, na maioria dos casos, que êstes apresentam um elevado grau de ineditismo. As teorias tradicionais têm um limitado campo de aplicação no con- texto econômico da agricultura brasileira e, o que é mais significativo, existe uma convi- vência de certo número de teses, na sua maio- ria conflitantes. Em trabalho recente, Antônio Barros de Castro 1 procurou sistematizar essas posições conflitantes em três grupos mais ou menos definidos. O primeiro agrupa os autores que aceitam a existência de diferentes sistemas econômico-sociais no Brasil. Referem-se, na maior parte das vêzes, à existência de uma economia tipicamente capítalísta e uma outra de subsistência onde as técnicas modernas não teriam grande penetração e onde a eco- nomia assumiria aspectos pré-capitalistas. A maior parte do setor agrícola brasileiro teria essas últimas características. O segundo grupo refere-se àqueles autores que vêem na agricultura um fator de entrave ao desenvolvimento economico brasileiro. Vêem êles na estrutura de posse da terra a Professor-instrutor da Faculdade de Economia e Admi- nistração da Universidade de São Paulo. 1 CASTRO, Antônio Barros de. Sete ensaios sôbre a economia brasileira. p. 77 e sego R. Adm. Emp., Rio de Janeiro maior limitação à integração da agricultura dentro da economia de mercado. Justificam que a relativa inelasticidade do fator terra condicionaria as respostas dos agricultores aos estímulos provenientes do mercado. Se tais respostas não forem condizentes com o desenvolvimento dos demais setores eco- nômicos, a agricultura se constituiria em um ponto de estrangulamento dentro do sistema. Em terceiro lugar, finalmente, situam-se aquêles que encaram a agricultura como um setor flexível, econômicamente racional, que teria plenas condições de responder às exi- gências - em têrmos de alimentos e maté- rias-primas - dos demais setores econômicos. Mesclada a essas três posições, parecendo constituir um ponto comum entre elas, per- cebe-se a referência sistemática à necessidade de aprimorar a técnica utilizada na agricul- tura - com a finalidade de aumentar a pro- dutividade da mão-de-obra ali empregada. A melhoria da produtividade, ao nível da pro- priedade agrícola, é geralmente colocada como condição essencial para o desenvolvi- mento do setor. Essa afirmação tem sido constantemente objeto de consideração de autores nacionais e estrangeiros. Delfim Netto, 2 referindo-se à agricultura brasileira, escreve que 'Ia utilização do trator e seus implementos (mais o investimento no apren- DELFIM NETTO, Antônio. Problemas econômicos da agri- cultura brasileira. Faculdade de Ciências Econômicas e Admi- nistrativas da Universidade de São Paulo, p. 78-9 e 86. 11(2): 41-55 Abr./Jun. 1971

A CAPITALlZAGlo DO SETOR AGRfCOLA PAULISTA E O … · o presente trabalho desenvolver-se-á em duas partes: na primeira será feita uma explicação da metodologia a ser aplicada,

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A CAPITALlZAGlo DO SETOR AGRfCOLA PAULISTA E O DESEMPRÊGO DE MAO-DE-OBRALuiz Augusto de Queiroz Ablas*

1. Introdução. 2. A metodologia. 3. Aplicação parao estado de São Paulo. 4. Conclusões.

Nos últimos anos, a análise da agriculturabrasileira tem assumido continuamente no-vas diretrizes. Os pesquisadores que se lançama campo no intuito de bem compreender osseus mecanismos têm constatado, na maioriados casos, que êstes apresentam um elevadograu de ineditismo. As teorias tradicionaistêm um limitado campo de aplicação no con-texto econômico da agricultura brasileira e,o que é mais significativo, existe uma convi-vência de certo número de teses, na sua maio-ria conflitantes.

Em trabalho recente, Antônio Barros deCastro 1 procurou sistematizar essas posiçõesconflitantes em três grupos mais ou menosdefinidos. O primeiro agrupa os autores queaceitam a existência de diferentes sistemaseconômico-sociais no Brasil. Referem-se, namaior parte das vêzes, à existência de umaeconomia tipicamente capítalísta e uma outrade subsistência onde as técnicas modernasnão teriam grande penetração e onde a eco-nomia assumiria aspectos pré-capitalistas. Amaior parte do setor agrícola brasileiro teriaessas últimas características.

O segundo grupo refere-se àqueles autoresque vêem na agricultura um fator de entraveao desenvolvimento economico brasileiro.Vêem êles na estrutura de posse da terra a• Professor-instrutor da Faculdade de Economia e Admi-nistração da Universidade de São Paulo.1 CASTRO,Antônio Barros de. Sete ensaios sôbre a economiabrasileira. p. 77 e sego

R. Adm. Emp., Rio de Janeiro

maior limitação à integração da agriculturadentro da economia de mercado. Justificamque a relativa inelasticidade do fator terracondicionaria as respostas dos agricultoresaos estímulos provenientes do mercado. Setais respostas não forem condizentes com odesenvolvimento dos demais setores eco-nômicos, a agricultura se constituiria em umponto de estrangulamento dentro do sistema.

Em terceiro lugar, finalmente, situam-seaquêles que encaram a agricultura como umsetor flexível, econômicamente racional, queteria plenas condições de responder às exi-gências - em têrmos de alimentos e maté-rias-primas - dos demais setores econômicos.

Mesclada a essas três posições, parecendoconstituir um ponto comum entre elas, per-cebe-se a referência sistemática à necessidadede aprimorar a técnica utilizada na agricul-tura - com a finalidade de aumentar a pro-dutividade da mão-de-obra ali empregada. Amelhoria da produtividade, ao nível da pro-priedade agrícola, é geralmente colocadacomo condição essencial para o desenvolvi-mento do setor. Essa afirmação tem sidoconstantemente objeto de consideração deautores nacionais e estrangeiros. DelfimNetto, 2 referindo-se à agricultura brasileira,escreve que 'Ia utilização do trator e seusimplementos (mais o investimento no apren-• DELFIM NETTO, Antônio. Problemas econômicos da agri-cultura brasileira. Faculdade de Ciências Econômicas e Admi-nistrativas da Universidade de São Paulo, p. 78-9 e 86.

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dizado de seu manejo) permite que o traba-lhador multiplique por 5,5 a sua produtivi-dade", concluindo mais adiante que "aquantidade de capital por unidade de mão--de-obra é assim o principal determinante donível de produtividade e, conseqüentemente,do desenvolvimento econômico", e que "sequiséssemos elevar o nível de renda no Brasil,simplesmente com apoio na agricultura,precisaríamos de enorme quantidade de capi-tal na forma mais difícil de ser conseguida:pesquisas para tornar mais produtiva a agri-cultura tropical".

Ruy Miller Paiva, 3 por seu lado, situa comoprimeiro elemento responsável pelo relativoatraso do setor agrícola "o uso de técnicasrotineiras que não permitem a obtenção dealta produtividade e de baixos custos de pro-dução nas atividades agrícolas".

As mesmas necessidades de assimilaçãode técnicas modernas pelo setor agrícolasão apontadas, em' tese, por Theodore W.Shultz, 4 da Universidade de Chicago, semreferir-se à economia brasileira: "A agricul-tura baseada inteiramente nas espécies defatôres de produção usados durante geraçõespelos agricultores pode ser chamada de agri-cultura tradicional. Um país dependente daagricultura tradicional é inevitàvelmentepobre, e, por ser pobre, gasta a maior partede sua renda em alimentos".

A série de citações poderia continuar. Noentanto, o que pretendemos é apenas mostrarque existem autores que, independentementede sua posição quanto ao papel da agricul-tura no processo de desenvolvimento, apre-sentam a melhoria técnica do setor agrícolacomo relevante no processo de seu desenvol-vimento. Não são levadas em consideração,entretanto, as condições de oferta abundantede mão-de-obra.

De um ponto de vista teórico, o problemada assimilação de técnica "capital intensiva"em qualquer setor da atividade econômica• PArVA, Ruy Miller. ApreCiação geral sôbre o comportamentoda agricultura brasileira. Revista de Administração Pública1.o sem. 1969. '• SCHULTZ, Theodore W. A transformação da agriculturatradicional. Rio de Janeiro. Zahar Editôres. 1965. p. 15-6.

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deve estar ligada à disponibilidade de fatôres.Num mercado perfeito, a disponibilidade defatôres reflete-se nos seus preços. :G::stes,porsua vez, deverão determinar o grau de utili-zação daqueles fatôres e condicionar o desen-volvimento de tecnologia de forma compatívelcom essa disponibilidade. Na medida em quesão introduzidas imperfeições no mercado,tende a se desenvolver uma técnica que es-tará em desacôrdo com a disponibilidade dosfatôres. Subsidiar a taxa de juros, ou elevara taxa de salários pode criar distorções nautilização do capital e da mão-de-obra, pro-vocando assim o desemprêgo dêsses fatôres.

Na tentativa de superar condições de sub-desenvolvimento econômico, tem sido cons-tante o aparecimento de mecanismos dêssetipo em algumas regiões ou setores da eco-nomia brasileira. Notadamente na agricul-tura, tem-se generalizado os incentivos àadoção de técnicas mais modernas, deixan-do-se em segundo plano o problema da com-patibilidade de tais técnicas com a disponi-bilidade existente de fatôres.

A hipótese central que pretendemos testarneste trabalho liga-se a êsse problema deforma direta. A idéia é verificar até que pontoserá possível provocar a capitalização indis-criminada do setor agrícola sem criar umproblema de desemprêgo estrutural de mão-de-obra.

Existem limitações impostas pela disponi-bilidade de dados estatísticos no setor agrí-cola, bem como pelo conhecimento poucoprofundo que se tem do problema da utiliza-ção de técnicas modernas na agricultura. Abibliografia disponível sôbre o assunto, em-bora abundante, não chega a equacioná-lodevidamente do ponto de vista teórico. Poroutro lado, deixa de considerar as condiçõesespeciais da realidade brasileira.

Tendo em vista essa problemática, tenta-mos, neste trabalho, adaptar uma metodo-logia concebida originalmente para estimar adisponibilidade de recursos naturais, mas quetem possibilidade de ser utilizada para êssefim.

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o presente trabalho desenvolver-se-á emduas partes: na primeira será feita umaexplicação da metodologia a ser aplicada,adaptando-a para o nôvo fim a que Irá servir.Para isso, será necessário estabelecer umadiscussão acêrca do que se considera tecno-logia básica, a partir da qual serão estabele-cidas as relações entre o emprêgo da terrae da mão-de-obra.

Na segunda parte, a partir de dados levan-tados junto a órgãos governamentais, serátentada uma aplicação para o caso do Estadode São Paulo, procurando-se determinarao nível das regiões administrativas - asrelações existentes entre a possibilidade deemprêgo no setor agrícola e a disponibilidadede mão-de-obra. Através do conhecimentodêsses dados será possível verificar, em têr-mos prátícos, até que ponto a tecnologiaaplicada na agricultura paulista é compatívelcom a disponibilidade de fatôres. Em segundopasso, comparando os resultados obtidos coma potencialidade de cultivo da terra, serápossível determinar a capacidade máxima dosolo paulista em combinar-se com o fatormão-de-obra.

Paralelamente a êsses resultados, será for-necido um subsídio ao planejamento agrope-cuárío e à distribuição espacial das culturasno Estado, visando à minimização, a curtoprazo, dos efeitos do desemprêgo da mão-de-obra no interior.

2. A metodologia

Nos países desenvolvidos a contribuição dosrecursos naturais para o total da produçãoé muito reduzida, situando-se no setor secun-dárío da economia (e portanto sob o apoiodo fator capital), o pólo dinâmico sôbre oqual repousa a maior parcela do produto na-cional. Por outro lado, a mobilidade de fatô-res e a vertiginosa melhoria da técnica - quetem chegado, em alguns casos, a substituirprodutos naturais por similares sintéticos -.faz com que essas economias sejam cada vezmenos dependentes da disponibilidade derecursos naturais.

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Nos países subdesenvolvidos, a situação éexatamente oposta. Aqui, uma grande partedo produto nacional provém dos setores liga-dos aos produtos naturais e a maior parteda população acha-se engajada no setor pri-márío da economia. A condição de fornece-dora de matérias-primas, alimentos e produ-tos minerais na sua forma bruta para o restodo mundo, faz com que essas economiassejam altamente dependentes dos recursosnaturais. Enquanto não fôr possível modificartal situação, impõe-se uma avaliação crite-riosa da disponibilidade de recursos e, prin-cipalmente, de sua potencialidade.

O estudo constante das economias subde-senvolvidas da América Latina tem levado ostécnicos do Instituto Latinoamericano dePlanificación Económica y Social (ILPES) aum enfoque que considera os recursos natu-rais como uma importante fonte de ocupaçãoprodutiva da mão-de-obra disponível. A bus-ca de uma forma válida de determinar apotencialidade do fator terra levou-os aodesenvolvimento de uma metodologia quepermite avaliar razoàvelmente tal potencia-lidade.

Essa metodologia foi desenvolvida por Es-tevam Strauss õ que efetuou estudos naAmérica Central, em 1967. A questão que secoloca na América Central é a de aumentara produção agropecuãria nas áreas [á total-mente ocupadas, ao mesmo tempo em que sepreocupa em aliviar algumas áreas superpo-voadas. Para conseguir atingir êsses doisobjetivos seria necessário determinar a poten-cialidade dos solos por região e áreas onde amão-de-obra é abundante. Conseguido isso,o simples remanejamento da mão-de-obra ea ampliação da fronteira agrícola onde issofôsse viável, solucionaria os dois problemas.

A seguir, descreveremos, em todos os seusaspectos teóricos, a metodologia antes refe-rida .6 STRAUSS, Estevam. Metodologia de evaluaclón de los recursosnaturales. Antecipos de lnvestigacwn. 1969. (Cuadernos deIILPES, série lI, n.s 4).

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2.1 Descrição da metodologia

A originalidade da metodologia a ser aplicadadecorre do fato de permitir uma avaliaçãodas possibilidades de emprêgo da mão-de-obraexistente, de forma potencial, em cada pedaçode terra. Além disso, serve como instrumentopara avaliação do nível de emprêgo no setorrural: êsse dado tem sido conseguido apenasatravés de algumas pesquisas esporádicas enem sempre contínuas. Finalmente, quandorelacionada com dados de uso potencial dosolo, poderá determinar - mesmo no estágioatual de conhecimento das possibilidades deabsorção de mão-de-obra pelo setor rural -a quantidade máxima de homens que pode-rão ser aí empregados, levando-se em contacerto nível tecnológico.

O ponto central do modêlo de análise seráa determinação de uma relação básicahomem/terra para o total da região a serconsiderada. 6 Tal relação pode ser fàcilmentedeterminada a partir de alguns dados nor-malmente disponíveis, ou fàcilmente coletá-veis a partir de pesquisas simples. Tais dadosreferem-se ao requerimento médio de mão-de-obra para cada cultura isoladamente epara as atividades pecuárias. A seguir, pon-derando êsses coeficientes simples através daárea cultivada de cada produto e da utilizadaem pastagens, pode-se chegar a um coefi-ciente médio de utilização de mão-de-obra naagricultura de uma determinada região.

É interessante verificar que, por trás dêssemecanismo bastante simples, existe uma sériede variáveis que têm efeitos sôbre a magni-tude do coeficiente de mão-de-obra no setoragrícola. Bàsicamente, pode-se dizer quepelo menos quatro variáveis importantes in-corporam-se na determinação dessa relação:a qualidade da terra, a tecnologia vigente, amagnitude e estrutura da demanda de pro-dutos agrícolas e o rendimento mínimo ad-missível para o trabalhador agrícola.• Essa determinação envolve um conceito de tecnologia bãslcaque serã discutido em outra seção dêste artigo.

1:sses quatro elementos condicionam oaproveitamento menos intenso do recursomão-de-obra. Pode-se verificar ràpidamente oefeito de cada um.

A qualidade das terras age sôbre o reque-rimento de mão-de-obra através de umarelação inversa. Quanto mais fértil e ade-quada à lavoura fôr certa porção de terra,menores serão os requerimentos de mão-de-obra, seja porque existem maiores facilidadesde cultivo, seja porque a sua produtividade émaior com menor trabalho de adubação,obras de correção do solo etc.

O segundo elemento, a tecnologia vigente,determina a ocupação de mão-de-obra ou arelação homem/terra de uma região atravésdos coeficientes técnicos inerentes a umafunção de produção, que associa uma quanti-dade de mão-de-obra, terra e capital. Maisadiante discutiremos êsse elemento maisminuciosamente.

A intensidade e estrutura da demanda deprodutos agrícolas faz sentir os seus efeitossôbre o emprêgo de mão-de-obra no campoatravés dos incentivos ao aumento da produ-ção e à utilização dos recursos disponíveis.Seu efeito indireto chega até ao nível daocupação da mão-de-obra, tanto através dasmodificações que são introduzidas na tecno-logia vigente, como através da utilização maisintensiva das terras disponíveis.

A última variável a ser considerada -renda mínima admissível para o trabalhadoragrícola - relaciona-se ao problema doscustos relativos na escolha entre fatôrespassíveis de substituição. A fixação de umsalário mínimo na área rural pode trazerefeitos sôbre o custo da mão-de-obra, fazendocom que esta seja substituída por outro fatorrelativamente mais barato que, no caso,poderá ser o capital.

O fato principal a ser considerado é que,ao se utilizar uma metodologia como a quese propõe, minimizam-se os efeitos devidosa outras causas não consideradas neste en-foque. Note-se que essa metodologia leva emconta a situação atual dessas variáveis, pois

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parte de uma posição que foi provocada peloefeito conjunto de tôdas elas, embora sejaimpossível determinar qual a responsabili-dade de cada uma no resultado final.

Uma vez determinada a relação básicahomem/terra, que nada mais é do que ademanda potencial de mão-de-obra para cadaclasse de uso do solo, 7 utilizando-se os dadosde superfície atual destinada a cada uma des-sas classes, pode-se determinar a demandatotal de mão-de-obra.

Comparando êsse resultado com a ofertade mão-de-obra (população rural) obtém-seo grau de desemprêgo na zona rural, porregiões convenientemente definidas, de formaa possibilitar um planejamento da disponi-bilidade dessa mão-de-obra, em cada região.

QuandO houver disponibilidade de dados douso potencial do solo, distribuídos pelasclasses acima referidas, será possível deter-minar a potencialidade relativa do solo pas-sível de empregar mão-de-obra. Tal resultado,comparado com a oferta de mão-de-obra, podevir a determinar a existência de um futuroexcesso ou carência de mão-de-obra, quandoroda a terra estiver sendo utilizada da ma-neira mais produtiva possível. É inegável ovalor de tal instrumento para o processo deplanejamento. O raciocínio desenvolvido podeser visualizado através do diagrama de fluxodo gráfico 1.

GRÁFICO 1 DIAGRAMA DE FLUXOS DA METODOLOGIA PROPOSTA

• Considera-se classe de uso do solo o agrupamento dediversas culturas que se identificam por intensidades seme-lhantes de uso do solo: terras de culturas, terras de pas-tagens etc.

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2.2 O problema da tecnologia básica

Pretender determinar o emprêgo no setoragrícola e, a partir daí, inferir algumas con-clusões a respeito da distribuição espacialmais conveniente da população, tendo emvista a disponibilidade e potencialidade dosolo agricultável, envolve um conceito está-tico de tecnologia que é preciso ser bem dis-cutido a fim de que se perceba, efetivamente,a limitação que êle introduz no modêlo.

A grande dificuldade que se antepõe, ini-cialmente, é a definição, para o nível globalda agropecuária, de uma função de produção.Como definir uma função de produção pararecursos e condições que variam enorme-mente de área para área? A fertilidade dossolos aliada às precipitações pluviométricase às variações de temperatura, criam condi-ções peculiares a cada região, de tal formaque o estabelecimento de coeficientes de utili-zação de mão-de-obra e terra para a produçãoagrícola seria tarefa muito difícil. Em outraspalavras, as alternativas de produção parauma mesma dotação de recursos naturais(terra) são, em geral, muito amplas, devidoà ocorrência de fatôres como aquêles ante-riormente citados (chuva, clima etc.). Poroutro lado, tais fatôres limitam também aprópria utilização de certas variações tecno-'lógicas. É o caso específico de uma região derelêvo acidentado, na qual a utilização demétodos mecanizados torna-se inviável.

No entanto, a metodologia que pretende-mos aplicar a fim de colocar em condiçõesde análise a potencialidade relativa dos solospara a agricultura leva em conta a sua capa-cidade de absorver mão-de-obra. Dessa forma ,só resta a alternativa de definir, mesmo agrosso modo, uma tecnologia básica sôbrea qual seja possível estabelecer uma série dehipóteses com o objetivo de chegar a umadeterminação da potencialidade do recursoterra na contribuição para o produto social.A metodologia a ser aplicada deve levar emconta a potencialidade dos solos em absorvermão-de-obra, determinando-se, assim, de for-

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ma indireta, as possibilidades de emprêgode mão-de-obra, dadas as disponibilidades deterra agricultável.

A discussão desenvolvida a seguir pretendemostrar como as diversas inovações' que po-dem ser introduzidas na agricultura agem nosentido de economizar terras ou mão-de-obra.Assim, procuramos relacionar, na medida dopossível, tais inovações com a absorção purae simples de mão-de-obra.

A introdução de inovações técnicas naagropecuária está ligada à utilização de capi-tal no setor. SOmente através de inversões decapital se pode melhorar a produtividade dosetor agropecuário, dependendo essa melhoriado nível de técnica que está associado a cadatipo de inversão.

Strauss, técnico das Nações Unidas, já re-ferido anteriormente, classüica as inversõesna agropecuária em três grupos:

1. Inversões sociais em educação, capacita-ção e pesquisas. Tais inversões melhoram aprodutividade do setor agrícola através daeducação e da aprendizagem do agricultor -que terá assim condições de utilizar maisracionalmente os recursos disponíveis ~ daorganização mais eficiente da produção,da rotação de solos e culturas etc.

2. Inversões em bens de produção, tais comoarados, tratores, obras de irrigação, drena-gem, cêrcas etc.

3. Inversões em fertilizantes, inseticidas,sementes selecionadas etc.

Dos três grupos, o primeiro não implica emmaiores gastos diretos dos agricultores -pois, na maioria dos casos, as inversões so-ciais estão nas mãos do Estado, que arrecadarecursos de tôda a coletividade indistinta-mente. Por outro lado, devido às suas carac-terísticas peculiares, é de difícil quantifica-ção: o seu efeito é quase impossível de seravaliado, uma vez que se desconhece o tempomédio de maturação dêsses investimentos.

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Os outros dois tipos derivam de gastos di-retos efetuados pelos agricultores. A intensi-dade dos gastos em tais tipos de inversõesé que irá determinar o grau de utilização deinovações tecnológicas na agricultura.

É preciso verificar atentamente os efeitosque poderá ter sôbre a produção agropecuá-ria a utilização de cada um dêsses dois últi-mos tipos de tecnologia, a fim de bempercebermos os tipos de limitações que deve-rão ser impostas à utilização generalizada decada uma delas.

Bàsicamente, o primeiro tipo de técnica,ou seja, as inversões em bens de produção(como tratores, máquinas agrícolas, arados,ceifadeiras etc.) têm o poder de substituirmão-de-obra: são técnicas desenvolvidas comessa finalidade em centros onde existem pro-blemas de suprimento adequado de traba-lhadores.

O segundo tipo - investimentos em se-mentes selecionadas, fertilizantes, insetici-das etc. - tende a melhorar o rendimentoda terra, sem, entretanto, deslocar os empre-gados. São técnicas que visam ao aumento daprodutividade da terra.

Com isso, é possível classificar êsses doistipos de técnicas como poupadores de mão-de-obra e poupadoras de terra.

As tecnologias poupadoras de mão-de-obraafetam a produtividade dessa mão-de-obra aonível da emprêsa agrícola, fazendo com queo custo de produção, do ponto de vista doempresário, se reduza. No entanto, é precisoter em conta que, em condições de ofertaabundante de mão-de-obra, em nada contri-bui para o aumento da produtividade social:reduzido o emprêgo global sem aumentar aprodução, mantém nos mesmos níveis ante-riores a produção per capita do total dapopulação. Por outro lado, ainda do ponto devista da economia como um todo, não existeuma redução real de custo, pois o custo deoportunidade de emprêgo da mão-de-obra quese encontra desocupada no campo é nulo.Dessa forma, quando se desloca mão-de-obra

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empregada na agricultura, substituindo-a porequipamentos, na verdade substitui-se mão-de-obra de baixo custo, sem especialização eabundante, pela mão-de-obra de custo maiselevado e especializada incorporada a taisequipamentos. Se fôr considerado que mão-de-obra especializada é fator escasso naseconomias subdesenvolvidas, cair-se-ia no pa-radoxo de substituir fatôres abundantes porfatôres escassos.

A generalização dêsse procedimento, emcondições de oferta abundante de mão-de-obra e pouca disponibilidade de emprêgo,seja no campo seja na cidade, leva aum mecanismo anti-social que provocaum aumento no desemprêgo de u'a maiorconcentração na renda.

Por seu lado, as tecnologias poupadoras deterra melhoram a produtividade do fator ter-ra, através de métodos de adubação, combateàs pragas e utilização de melhores sementes.A importância da utilização dêsse tipo detécnica reside na possibilidade de aumentara produção sem deslocar a fronteira agrícola.No caso específico do Estado de São Paulo,tal situação sobressai, uma vez que o solopaulista está, na sua quase totalidade, vir-tualmente ocupado.

Como o que interessa nesta discussão éverificar os efeitos da introdução de técnicasmodernas na agricultura sôbre a ocupaçãoda mão-de-obra, deve-se notar que tambéma tecnologia poupadora de terra leva a umaumento no emprêgo na mão-de-obra. Istose dá pelo fato de ser necessária certa quan-tidade de homens para operar as máquinaspolvilhadeiras de inseticidas, espalhar oadubo, efetuar o plantio com as sementesselecionadas etc.

A fim de visualizar com clareza os efeitosda utilização de técnicas poupadoras demão-de-obra e de terra, representamos nográfico 2 os investimentos nesses dois tiposde técnicas e o aumento no emprêgo damão-de-obra na agricultura.

No eixo horizontal são colocadas as inver-sões efetuadas nos dois tipos de técnicas an-

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teriormente definidos, relacionando-as com oemprêgo de mão-de-obra que vai disposto noeixo vertical do gráfico. As duas curvas apre-sentadas representam relações hipotéticasentre essas duas variáveis, no caso, respecti-vamente, de tecnologias poupadoras de terrae de tecnologias poupadoras de mão-de-obra.

GRÁFICO 2 Relações entre Inyestimentos TI!cnológicos • Ocupação d. Mão-ele-Obra

,T!CNICAS POUPADORAS DE TERRA

tINVESTIMENTOS EM T!CNICAS

~CNICAS POUPADORÃS DE MÃO·DE·OBRA

Dessa forma, o aumento ou diminuição daocupação da mão-de-obra irá depender da

. intensidade dos investimentos em cada umadas tecnologias, uma vez que os seus efeitosteriam sentidos contrários. Por outro lado,é preciso considerar que o aumento da pro-dução proveniente de um investimento emtécnicas poupadoras de terra pode ser maisou menos proporcional ao aumento no em-prêgo da mão-de-obra. Com isso, é possívelque uma técnica poupadora de terra se trans-forme em técnica poupadora de mão-de-obra,se o raciocínio é feito sob o ponto de vistada produção. Nesse caso, seria obtido um au-mento na quantidade média de homemocupado por uma unidade de terra, mas re-quer-se agora menos mão-de-obra para pro-duzir a mesma quantidade de produto.

Como se percebe, existe um antagonismo- do ponto de vista da ocupação da mão-de-obra no campo - entre a aplicação detecnologias poupadoras de mão-de-obra e deterra. Com isso - considerando que não exis-tem contrôles significativos que possam in-duzir à utilização dêsse ou daquele tipo detecnologia - pode-se supor que, na média,os efeitos se compensam e que não tenhamhavido nos últimos anos modificações signi-

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ficativas na relação homem/terra na agri-cultura.

Uma solução para o estabelecimento deuma tecnologia básica, a ser adotada no pre-sente trabalho, seria considerar como válidaa tecnologia vigente, expressa como a produ-tividade média dos fatôres para cada usoespecífico da terra. Com esta solução, alémde eliminar o problema das variações doscoeficientes técnicos de utilização dos fatô-res, variações que, pelas razões expostas, de-vem ser mínimas a curto prazo, estariamsendo incorporados também os efeitos dosinvestimentos sociais em educação, preparotécnico, pesquisas etc., que são de difícilmensuração.

Existe um outro fator que pode influir nosentido de que a expansão de técnicas mo-dernas na agricultura não se efetue ràpida-mente. As condições que prevalecem no Bra-sil em relação aos estímulos à adoção detécnicas modernas no setor agrícola são de'tal ordem que põem em funcionamento ummecanismo de autocontrôle que limita asrespostas a êsses estímulos. Ruy Miller Pai-va 8 descreve da seguinte forma tal mecanis-mo: "se melhora a capacidade de absorçãodo mercado consumidor (devido ao aumentode renda ou de número de consumidores),elevam-se os preços dos produtos, o que sig-nifica maior estímulo para a adoção de me-lhores técnicas agrícolas e, conseqüente-mente, maior expansão de novas técnicasentre maior número de agricultores. A me-dida, porém, que o uso de melhores técnicasse expande, ocorre um aumento geral de pro-dução e, conseqüentemente, uma queda depreços (dos produtos e dos fatôres, o que re-duz a possibilidade econômica de seu em-prêgo e, por conseguinte, a sua expansão.Por outro lado, se por determinada razão(elevação de preços dos produtos agrícolas,decréscimo nos preços dos fatôres modernosde produção etc.) melhoram as possibilidadesdo uso delas entre os agricultores com um8 PAIVA, Ruy Miller. o mecanismo de autocontrôle no pro-cesso de expansão da melhoria técnica da agrícurtura. In:

.Revista Brasileira de Economia, Fundação Getúlio Vargas,mar. 1968.

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aumento de produção e subseqüente quedade preços (dos produtos e dos fatôres) nomercado, o que reduz as possibilidades de em-prêgo dessas técnicas e, conseqüentemente,sua expansão. Constata-se, assim, que devidoà interação dêsses dois mecanismos, a me-lhoria técnica não pode expandir-se fàcil-mente entre um grande número de agricul-tores, pois sempre que isso se processa,desenvolvem-se fôrças em sentido contrário,modificando a situação de preços e tirandoo incentivo para novas expansões. E consta-ta-se também que êsse autocontrôle se efetuaatravés do funcionamento do mecanismo au-tomático de preços no mercado. É bàsica-mente pela ação controladora dos preços dosprodutos e dos fatôres no mercado que o pro-cesso de autocontrôle se efetiva".

2.3 A adaptação da metodologia ao presentetrabalho

As características da metodologia descritaanteriormente, apesar de ainda não ter sidotestada em trabalhos práticos dentro do Bra-sil, apresentam, à primeira vista, uma sériede limitações. Essas limitações dão à tenta-tiva de sua aplicação a uma região brasileiraum caráter muito mais de experimentaçãode sua validade do que propriamente de umapesquisa que visa a determinar a problemá-tica do fenômeno da ocupação da terra.

No entanto, embora seja verdade tal cons-tatação, não se pode negar que, apesar disso,faz-se necessário um tratamento mais acura-do do problema agrícola e principalmente dorelacionamento do setor agropecuário com osdemais setores econômicos, bem como o seuengajamento dentro de um processo de desen-volvimento econômico. Os problemas queserão levantados, ainda que de forma empí-rica, devem merecer uma atenção tôda espe-cial da parte do planejador. Suponha-se queseja constatada uma incapacidade estrutural,ao nível tecnológico vigente, de ser absorvidatôda a mão-de-obra presente no campo devidoà insuficiência de terra agricultável - issosem serem levadas em conta as características

Revista de Administração de Emprêsas

da demanda de produtos agrícolas. Tal cons-tatação estará em desacôrdo com muitaspremissas que têm sido aceitas até o presentemomento, tais como, necessidade de melho-rar o nível tecnológico da agricultura, me-lhoria do mercado interno através do au-mento de emprêgo no setor agrícola, fixaçãodo homem ao campo etc. Dessa forma, enca-deando-se com uma constatação dêsse tipo,estaria tôda a reformulação das teorias tra-dicionais de desenvolvimento econômico paraos países subdesenvolvidos baseadas no rela-cionamento cidade/campo.

Concebida originalmente para avaliar adisponibilidade de recursos naturais, e maisespecificamente do fator terra, será tentadana seção seguinte uma adaptação da meto-dologia proposta a fim de servir aos objetivosa que se propôs o presente trabalho. A adap-tação é possível se se tem em conta que adisponibilidade dos fatôres terra e capital,condicionados a um nível tecnológico, deter-mina as possibilidades de emprêgo dos doisfatôres conjuntamente. Sendo possível deter-minar coeficientes médios de utilização deterra e mão-de-obra, pode-se verificar até queponto é viável expandir a produção agrícolasem esgotar a utilização de um dêsses fatôres.Uma vez atingido o pleno emprêgo da terra,por exemplo, estaríamos diante do que sepode chamar de desemprêgo estrutural demão-de-obra.

Dessa forma, chegando-se a determinar aquantidade de mão-de-obra que poderá serabsorvida pela terra disponível ao nível tec-nológico vigente, haverá condições de testara afirmativa de que, no estágio atual, não éconveniente introduzir inovações na agricul-tura, a não ser que elas sejam poupadoras deterra. Caso contrário, provocar-se-ia o agra-vamento do problema de desemprêgo na zonarural.

A seguir será dada explicação de como fo-ram obtidos e trabalhados os dados e comoos mesmos foram aplicados segundo a meto-dologia proposta. Numa parte conclusivafinal, serão esboçadas algumas observações

Abril/ Junho 1971

a respeito dos resultados obtidos.

3. Aplicação para o Estado de São Paulo

3.1 A coleta dos dados

Nesta parte do artigo serão apresentados osresultados obtidos com a aplicação da meto-dologia descrita anteriormente para o casoespecífico do Estado de São Paulo.

Como foi assinalado no início do trabalho,as informações necessárias à aplicação dametodologia proposta estão, na maioria doscasos, disponíveis. Quando isso não acontece,elas são fàcilmente coletadas através de pes-quisas simples. Foi o que ocorreu durante aelaboração do trabalho.

A seguir serão comentados cada um dosdados coletados, procurando-se determinar afonte e a forma bruta na qual os mesmosforam encontrados.

49

Quadro 1.

Estado de São Pauloáreas plantadas por cultura

Divisão regional Amen-agrlcola Café Algodão Arroz Milho Feijão doim

Araçatuba 40,32 103,82 33,64 73,81 4,82 36,93Bauru 249,30 56,63 66,55 . 227,48 67,74 111,93Campinas 58,95 67,03 54,21 129,47 10,66 0,68São Paulo (Grande e

Exterior) 10,00 11,86 35,09 11,18 0,22Presidente Prudente 120,64 153,43 21,78 98,01 26,09 237,31Ribeirão Prêto 79,38 123,66 153,43 320,65 22,87 33,11S. José do Rio Prêto 214,31 169,40 222,64 272,25 18,25 27,13Sorocaba 53,71 27,83 53,00 292,82 105,83 0,41Vale du Paraíba 1,07 . 19,:l6 26,62 5,90

o requerimento de mão-de-obrapor culturafoi conseguido para uma série de 14 lavouras,cujo valor em cruzeiros deve equivaler a,aproximadamente, 80% do total das lavourasdo Estado de São Paulo. Os dados brutosforam coletados junto ao Instituto de Eco-nomia Agrícola da Secretaria da Agriculturado Estado de São Paulo e referem-se ao anoagrícola 1969/70. A maioria dos dados é en-contrada por alqueire paulista, sendo, por-tanto, necessária uma transformação para aunidade hectare.

No que se refere ao requerimento de mão-de-obra na pecuária, não existem informa-ções disponíveis. Nesse caso, optou-se pelaelaboração de um questionário breve que foirespondido por alguns técnicos da Secretariada Agricultura do Estado de São Paulo. Ape-

sar de o critério ter um alcance limitado, deveser considerado que a mão-de-obra aplicadaàs pastagens é insignificante. Assim, se hou-ver um êrro nas informações, êle não serátão grande de forma a introduzir um viéssignificativo nos resultados.

As áreas cultivadas com cada uma das14 culturas mencionadas anteriormente, fo-ram obtidas também junto ao Instituto deEconomia Agrícola da Secretaria da Agricul-tura. Para tanto foi utilizada a previsão finalde safra para o ano agrícola 1969/70.

Os dados de utilização da terra por classede usos foram fornecidos pelo Instituto Agro-nômico de Campinas, órgão da Secretaria daAgricultura do Estado de São Paulo.

Os números referentes à população rural,que irão determinar a oferta de mão-de-obra,

Batata

1,1011,11

6,430,441,97

12,662,25

Fonte dos dados brutos: Instituto de Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura.

Divisão regional Man- Cana-de-agrícola dioca açúcar Mamona Soja Tomate Cebola Banana Trigo

Araçatuba 3,63 8,71 3,39 0,22 0,46 0,06 0,35 0,05Bauru 34,12 137,04 14,2"S 3,45 0,18 0,26 2,11 17,85Campinas 21,54 244,59 2,82 1,14 2,59 1,47São Paulo (Grande e

Exterior) 2,66 5,88 0,05 0,21 1,27 0,84 55,56 0,10Presidente Prudente 6,53 10,12 23,89 0,13 0,08 0,13 0,82 0,92Ribeirão Prêto ·7,02 252,77 13,27 56,92 10,67. 1,09 1,86S. José do Rio Prêto 16,70 30,11 8,72 1,47 3,43 1,09Sorocaba 7,74 54,4.5 0,03 1,72 2,54 8,08 4,33 1,66Vale do Paraíba 4,84 145,56 0,27 0,25 1,42

Fonte dos dados brutos: Instituto de Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura.

50 Revista de Administração de Emprêsas

foram obtidos junto ao Instituto Brasileirode Geografia e Estatística - IBGE, valendo-sedos primeiros resultados do censo de 1970.Êsses resultados foram divulgados por muni-cípio do Estado e divididos entre populaçãourbana e população rural.

Todos êsses dados tiveram que sofrer umprocesso de elaboração, seja no sentido deadaptá-los aos fins propostos, seja no sentidoda sua combinação, visando a determinar al-guns coeficientes comparáveis ao nível dasregiões administrativas do Estado.

3.2 A elaboração

A elaboração dos dados pode ser dividida emduas fases distintas. Na primeira, procedeu-seà adaptação dos dados brutos às condiçõesexigidas pela metodologia a ser aplicada. Nasegunda, o fim visado foi a aplicação purae simples das operações propostas pelamesma.

A seguir serão sistematizadas cada umadas duas fases, a fim de que se perceba comclareza as limitações a que podem estar su-jeitos os resultados finais.

Durante a fase de adaptação dos dados foinecessária uma série de transformações. Orequerimento de mão-de-obra por culturaapresentou alguns problemas que tiveram deser solucionados nesse nível. O principal éa dificuldade de definir quais as porções decada uma das culturas que são tratadas acada nível de tecnologia. Há algumas cultu-ras que .apresentam formas diferentes decultivo, aplicando técnicas mais avançadasem algumas regiões e' valendo-se de formastradicionais em outras. O milho, por exem-plo, apresenta lavouras cultivadas por traçãomotomecanizada e por tração animal. A cul-tura do café, além de apresentar uma divisãoentre capinas manuais e capinas parcial-mente mecanizadas, divide as diversas lavou-ras de acôrdo com quatro níveis de produti-vidade por 1.000 covas plantadas. Isso,õbvíamente, introduz uma diferença de re-querimento de mão-de-obra por ha. utilizado.

Abril/Junho 1971

Numa primeira aproximação do problema,optou-se pela confecção de uma média sim-ples entre o requerimento de mão-de-obra emcada tipo de cultura para cada produto dife-rente. Como é claro, isso apresenta uma límí-

Quadro 2

Requerimento de mão-de-obra por hectare

Cultura Processo de cultivo J Iomem-diahectare

Algudão tração animaltração motomecanizada eanimaltração animaltração animaltração motomecanizada eanimal (lavoura 1.· corte)tração motomecanizada t ani-mai (lavoura 2.· corte)tração motomecanizada e ani-mai (lavoura 3.· corte)tração animaltração motomecanizadaProcesso motomecanizado eanimalProcesso motornecanizado emanualTração animal e manualmotomecanizadomotomecanizado e manualcom irrigaçãotração animaltração motumecanizadaProcesso motomecanizadotração animalPlantio manual e cultivoanimaltração animaltração moromecanizadatração animalNa várzea

com técnicasem técnica

No morrocom técnicasem técnica

Na serrasem técnica

Capina manual100 se p/I 000 covas75 se p/I 000 covas50 se p/I 000 covas25 se p/I 000 covas

Capina parcialmente meca-nizada

100 se p/I 000 covas75 se p/I 000 covas50 sc p/I 000 covas25 se p/I 000 covas

AmendoimArroz

. Cana-de-açúcar

Tomate (de chão)

Batata

Soja

TrigoFeijãoMamona

MandiocaMilho

Banana

Café

70,20

65,3460,3852,48

83,19

47,71

39,0363,6064,13

44,84

71,41101,2443,93

119,0129,751l,045,49

28,93

33,0685,7323,8333,60

74,3854,13

77,2760,33

64,46

43,3938,4335,1227,27

36,6932,7729,4621,98

Fonte dos dados brutos: Instituto deAgrícola da Secretaria da Agricultura.

Economia

l:1

tação: dá igual valor a todos os produtospesquisados. Numa segunda etapa, através deuma pesquisa mais profunda, será possíveldeterminar alguns pesos. Isso permitirá tra-balhar com médias ponderadas, segundo aimportância no Estado de cada diferente pro-cedimento de cultivo, o que refletirá maisfielmente a realidade.

No que se refere à utilização da terra, osdados fornecidos não estavam de acôrdo comos fins propostos. As classes originais utili-zadas pelo Instituto Agronômicode Campinaseram muito numerosas 9 e não seria possíveldeterminar uma relação homem/terra paracada uma delas. Por isso, foi necessário pro-ceder-se a um reagrupamento convenienteque melhor se adaptasse à disponibilidade deinformações existentes. Assim, foram redefi-nidas cinco novas classes de uso dos solos noEstado de São Paulo, redistribuindo-se asanteriores dentro delas. Tais classes foramdefinidas como: culturas e terras agricultá-veis; pastagens e campos; florestas; área ur-bana, estradas e águas; outros usos. 10

Finalmente, os dados de população, forne-cidos pelo censo de 1970,não foram divulga-dos com detalhes suficientes que permitissema determinação da parcela da população ru-ral em condiçõesde se incorporar à populaçãoativa. Para solucionar o impasse, foram de-terminadas as porcentagens de pessoas comidade entre 14 e 60 anos e as que se encon-tram fora dêsse intervalo. Isso foi feito atra-vés dos resultados da Pesquisa Nacional porAmostra de Domicílios desenvolvida peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica - IBGE e que possui dados atualizadosaté 1968. Aplicando tais porcentagens àspopulações levantadas pelo censo, conseguiu-se estimar a população ativa na zona rural.

Na segunda fase de elaboração foram efe-tuadas as operações indicadas pela metodo-logia proposta. Inicialmente, com dados deu Florestas, reflorestamento, cerradão, cerrado, campo, ba-nhado, pastagens, cultura, área urbana, águas e estradascobertura residual.10 O item outros usos é constituído por terras pràticamenteimpróprias para qualquer tipo de cultura pela sua constitui-ção topográfica, condições de clima ou inadequação dos solos.

52

requerimento de mão-de-obra para todo oEstado de São Paulo, associados às áreasplantadas com cada cultura, em cada umadas regiões em que se divide o Estado, foramdeterminadas as relações homem/terra paracada região, para as culturas.

A relação homem/terra para a área depastos foi calculada para o total do Estado ea partir das informações citadas anterior-mente.

De posse dêsses dados e com a classificaçãode usos da terra, foi possível determinar ademanda total de mão-de-obra ao atual nívelde utilização do solo e à tecnologia vigente.

Quadro 3Estado de São Paulo

Cálculo das relações homem/terra por regroes(Exemplo para a região de Araçatuba)

Uso da terraRequeri-mento deM.O/hec-

tare

1000 hacultivados

Total(1000

trabalha-dores)

Café 0,1103 40,32 4,45Algodão 0,2259 103,82 23,45Arroz 0,1749 33,64 5,88Milho 0,0957 73,81 7,06Feijão 0,0964 4,82 0,47Amendoim 0,2013 36,93 7,43BatataMandioca 0,2858 3,63 1,0~Cana-de-açúcar 0,1888 8,71 1,65Mamona 0,1102 3,39 0,37Soja 0,0680 0,22 0,02Tomate 0,2130 0,46 0,10CebolaBanana 0,2204 0,35 0,08Trigo 0,0183 0,05 0,00

Total 310,15 52,00

Relação homem terra: 0,168

Demanda atual de mão-de-obra por região

Uso do soloTota!(I 000

trabalha-dores)

1000hectares

Relaçãohomem/terra

culturaspastagensflorestas e outros

525,21.052,3

311,S

0,16800,01650,0000

88,217,4

105,6

Revista de Administração de Emprêsas

Comparando êsses resultados com a popu-lação rural, considerada esta como a ofertade mão-de-obra, foi possível obter os coefi-cientes de excesso de mão-de-obra, que serãoapresentados na seção seguinte. Serão apre-sentados ainda os coeficientes calculados apartir dos dados de população ativa, os quaispermitirão melhores condições de análíse.

3.3 Os resultados

Esta seção será dedicada à apresentação dosresultados e a alguns eomentáríos a êles li-gados. A tabela 1 abaixo representa o resul-tado final de tôda a elaboração descritaanteriormente.

Teoricamente, a relação existente entre aoferta e a demanda atuais de mão-de-obraindica a proporção do excedente dessa mão-de-obra acima da ocupação que permite amáxima produtividade por homem ocupadoa uma dada tecnologia. Se a relação é maiordo que a unidade, indica que existe desem-prêgo na região, ou, caso tôda populaçãoativa esteja executando alguma tarefa, amão-de-obra estaria em uma faixa de rendi-mentos decrescentes. Assim, pode-se dizer queo coeficiente de excessode mão-de-obra para o

Estado de São Paulo seria da ordem de 1,32,o que equivaleria a afirmar que existe umexcesso de 32% na fôrça de trabalho na re-gião rural do Estado.

Deve-se considerar, por outro lado, que acomparação é feita com a população ruralativa, o que significa que uma parcela daspessoas que trabalham efetivamente nas la-vouras estaria sendo deixada de lado. Talgrupo de pessoas é constituído pelos chama-dos trabalhadores volantes, os quais, nos úl-timos anos, têm assumido importânciacrescente. Se se consideram êsses trabalha-dores como incorporados à população ativadisponível na zona rural, tem-se como resul-tado a elevação do coeficiente de excesso demão-de-obra. Calcula-se que a participaçãodêsse tipo de trabalhador no total de mão-de-obra empregada no Estado de São Paulo 11

elevava-se a cêrca de 15% em 1966. Adicio-nando-se êsse percentual à população ativaestimada pelo censo, o coeficiente de excessode mão-de-obra seria elevado para 1,50o quesem dúvida constitui resultado significativo.

Considerados os coeficientes de excesso demão-de-obra ao nível das regiões administra-11 DIAGNÓSTICO da. Economia Paulista, setor agropecuário,elaborado pela Secretaria de Economia e Planejamento e nãopublicado.

Tabela 1

Estado de São Paulocoeficientes de excesso de mão-de-obra

RegiãoDemanda de

_________ mão-de-obra

AraçatubaBauruCampinasPresidente PrudenteRibeirão PrêtoSão José do Rio PrêtoSão Paulo (Grande e Exterior)SorocabaVale do Paraíba

Total

PopulaçÍÍD rural"(1)/(3) (2)/(3)

2,12 1,222,04 1.183,17 1,832,23 1,291,61 0,932,26 1,303,16 1,831,91 1,113,30 1,91

2,28 1,32

Total (1) Ativa (2)

223,ó 129,2472,5 273,1528,8 305,6313,2 181,0398,9 230,6422,9 244,4460,5 266,2457,0 264,1201,3 116,4

3478,7 2010,6

(3)*

105,6231,3167,01'!O,6248,3187,5145,7239,061,0

* mil habitantes.

1526,0

Abril; Junho 1971 53

tivas, percebe-se que não existe homogeneí-dade entre essas regiões. Enquanto algumasapresentam coeficientes próximos à unidade,outras deixam transparecer claramente odesemprêgo estrutural de mão-de-obra. Arigor, existe apenas uma região onde tôda amão-de-obra residente no campo está total-mente empregada: Ribeirão Prêto. O coefi-ciente de 0,93 para essa região significa quepara cada 9,3 pessoas da população ativaexistem possibilidades de emprêgo para 10,graças aos níveis atuais de tecnologia. A re-gião de Sorocaba possui 10 empregos paracada grupo de 11,1 pessoas em idade de tra-balhar, o que significa uma deficiência decêrca de 11%. Nas demais regiões, o coefi-ciente vai subindo até atingir o máximo 1,91para o Vale do Paraíba; nessa região a situa-ção seria de 19,1 pessoas ativas para cada10 empregos. Numa primeira abordagem,quanto mais elevado fôsse o nível tecnológicoda região considerada, maior deveria ser ocoeficiente de excesso de mão-de-obra. Noentanto, é preciso ter em conta que existemalgumas características que podem tirar avalidade dessa afirmativa. Para seguir o ra-ciocínio, será feita a suposição de dois casosextremos. No primeiro, a região trabalha comum nível alto de tecnologia, mas, possuindouma população pequena, tem condições demanter elevado o nível de emprêgo. Nessascondições, o coeficiente deve estar bem pró-ximo de 1. No segundo caso, o nível tecno-lógico seria o mais tradicional possível e,portanto, grande absorvedor de mão-de-obra.Nesse caso, mesmo que a área fôsse ocupadapor uma grande população, o nível de em-prêgo da mão-de-obra seria elevado e o coefi-ciente de excesso dêsse fator também estariapróximo da unidade.

Dessa forma, constata-se que não existe,obrigatàriamente, uma relação entre o coefi-ciente de excesso de mão-de-obra e o níveltecnológico vigente na região. Daí não sercorreto concluir-se que a região do Vale doParaíba aplica uma tecnologia menos absor-vedora de mão-de-obra que a de Ribeirão

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Prêto, por exemplo. Estas considerações fo-gem ao escopo dêste trabalho, interessandoapenas, no presente nível, a magnitude doindicador construído, ou seja, a relação exis-tente entre a oferta e a demanda de mão-de-obra ao nível tecnológico vigente.

3. Conclusões

1. A primeira conclusão que pode ser tiradada análise desenvolvida é a aceitação em umaprimeira aproximação da idéia de que a capi-talização da agricultura paulista não podeser feita de forma indiscriminada. Ao nívelglobal do Estado, existe um excedente decêrca de 30% da mão-de-obra disponível sôbreas possibilidades de emprêgo. Ao nível espe-cífico de algumas regiões êsse excesso chegaa atingir mais de 80%.

Se se considera que a demanda de produtosagropecuários é limitada pelo crescimento dapopulação e da renda per capita no que serefere aos alimentos e pelo crescimento dosetor industrial no que tange às matérias-primas, conclui-se que o aumento da produ-tividade no setor agrícola não poderá con-verter-se, a curto prazo, em aumento de pro-dução. Dessa forma, uma vez aumentado ocoeficiente de capital no setor, deverá dimi-nuir a absorção de mão-de-obra. Se ao níveltecnológico vigente existe um excesso de mão-de-obra, tal excesso deverá elevar-se à me-dida que forem introduzidas novas técnicasagrícolas.

2. A metodologia, concebida inicialmentepara avaliar a potencialidade dos recursosnaturais, adaptou-se, razoàvelmente, ao seunôvo fim. No entanto, ainda permanecemalguns problemas que poderão ser eliminadosem pesquisas futuras, à medida em que talmetodologia seja aperfeiçoada. Alguns dêssesproblemas são os seguintes: dificuldade dedefinir o número de dias úteis por ano nazona rural; dificuldade em determinar o re-querimento de mão-de-obra, levando-se emconta as lavouras com diferentes graus de

Revista de Administração de Emprêsas

mecanização: a mão-de-obra utilizada napecuária permanece sem uma avaliação maispróxima da realidade.

3. A aceitação da tese de que não se podeprovocar a capitalização indiscriminada dosetor agrícola, leva a uma reformulação degrande parte das afirmações até agora feitassôbre o seu comportamento dentro do siste-ma econômico. Nesse sentido, um entendi-mento dos problemas da agricultura brasi-leira exige estudos mais aprofundados emalgumas áreas:

a) Análise dos efeitos da introdução de téc-nicas modernas no setor agrícola, tendo emvista dois pressupostos: liberação de mão-de-obra e baixa de preço dos produtos.

b) Estudos procurando relacionar os preçosdos fatôres de produção com a sua utilizaçãono setor agrícola. Subsidiàriamente, poderiaser introduzida uma pesquisa sôbre a respostados agricultores às variações dos preços deinsumos modernos e dos bens de capital pas-síveis de utilização no setor.

c) Melhor compreensão do papel a ser de-sempenhado pelo setor agrícola brasileiro noprocesso de desenvolvimento econômico, vi-sando a esclarecer, principalmente, o pro-blema da demanda de produtos primáriosdentro de uma economia que se industrializa.

4. Sob o ponto de vista do planejamento damelhor utilização de terras na agriculturapaulista, os resultados obtidos representaminstrumental valioso, desde que se conheçaa potencialidade dos solos do Estado. :a:ssesdados deverão estar disponíveis em meadosde 1971.

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