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A Co n v e r s ã o d e S a u l o George Whitefield

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Traduzido do original em Inglês

Saul's Conversion

By George Whitefield

Texto original via: CCEL.org

(Christian Classics Ethereal Library)

Tradução por José Antônio de Araújo Neto

Revisão por Camila Almeida

Capa por William Teixeira

1ª Edição: Agosto de 2016

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative

Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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A Conversão de Saulo Por George Whitefield

“Saulo, porém, aumentava mais em força, e confundia os judeus que habitavam em

Damasco, provando que Jesus era o Cristo.” (Atos 9:22)

É uma verdade inquestionável, por mais paradoxal que pareça para os homens naturais,

que "todo aquele que quiser viver piedosamente em Cristo Jesus, padecerá perseguições”.

E, portanto, é muito notável, que o nosso bendito Senhor, em Seu glorioso Sermão do

Monte, depois de ter declarado os que são bem-aventurados — que eram os pobres em

espírito, mansos, puros de coração, e semelhantes — acrescenta imediatamente (e gasta

nada menos que três versos nesta bem-aventurança) "Bem-aventurados são os

perseguidos por causa da justiça” [...]. Há uma inimizade irreconciliável entre a semente da

mulher e a semente da serpente. E se não somos do mundo, mas mostramos por nossos

frutos que pertencemos ao número daqueles a quem Jesus Cristo escolheu deste mundo,

o mundo nos odiará por isso. Isso é verdade tanto na vida de cada Cristão em particular,

como na vida de cada igreja Cristã, em geral. Durante alguns anos temos ouvido pouco de

uma perseguição pública: Por quê? Porque pouco da piedade tem prevalecido entre todas

as denominações. O valente tem tido plena posse da maioria dos corações dos professos,

e os tem deixado descansar em uma falsa paz. Mas podemos ter certeza, quando Jesus

Cristo começar a reunir Seus eleitos de forma maravilhosa, e abrir uma porta eficaz para a

pregação do Evangelho eterno, a perseguição vai se inflamar, e Satanás e seus emissários

farão o seu melhor (embora tudo em vão) para impedir a obra de Deus. Assim foi nos

primeiros séculos, é nos nossos dias, e assim será, até o fim dos tempos.

Cristãos e igrejas Cristãs devem então esperar inimigos. A nossa principal preocupação

deveria ser em aprender como nos comportarmos em relação a eles de maneira Cristã;

pois, a menos que tenhamos muito cuidado, vamos amargurar nossos espíritos, e agiremos

de maneira incompatível como seguidores do Senhor, “o qual, quando o injuriavam, não

injuriava, e quando padecia não ameaçava”; “como um cordeiro diante de seus

tosquiadores fica mudo, assim Ele não abriu sua boca”. Mas, qual motivo deve nos levar a

este temperamento tão abençoado? Além da operação imediata do Espírito Santo em

nossos corações, não conheço nenhuma consideração mais propícia para nos ensinar a

paciência com os nossos perseguidores mais hostis, do que esta: “De acordo com o que

sabemos, algumas das pessoas que agora estão perseguindo podem ser eleitas desde a

eternidade por Deus, e chamadas para edificar e construir a igreja de Cristo”.

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O perseguidor Saulo, mencionado nas palavras do texto acima, (e cuja conversão, se Deus

quiser, propus-me a tratar no seguinte sermão) é um maravilhoso exemplo deste tipo.

Digo, um perseguidor, e dos sanguinários. Veja como ele é apresentado no início deste

Capítulo: "E Saulo respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor,

dirigiu-se ao sumo sacerdote, e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, para

que, caso encontrasse alguns do Caminho, quer homens quer mulheres, os conduzisse

presos a Jerusalém”. “E Saulo ainda respirando”. Isto implica que ele tinha sido um

perseguidor antes. Para provar isso, só precisamos voltar para o Capítulo 7, onde o

encontraremos tão extraordinariamente ativo na morte de Estêvão, que “as testemunhas

depuseram as suas vestes aos pés de um jovem, cujo nome era Saulo”. Ele parece, apesar

de ainda jovem, ter alguma autoridade. Talvez, por seu zelo contra os Cristãos, ele foi

preferido e autorizado a sentar-se no grande conselho ou Sinédrio. Para nós é dito, no

Capítulo 8, “Que também Saulo consentiu na morte dele”, e novamente, no versículo 3, ele

é trazido como superior a todos em sua oposição; porque assim fala o evangelista, “Quanto

a Saulo, assolava a igreja, entrando pelas casas, e arrastando homens e mulheres, os

entregava à prisão”. Alguém poderia ter imaginado que isto deveria ter satisfeito, ou pelo

menos diminuído a fúria do jovem fanático. Não, enfurecido demasiadamente contra eles,

como ele mesmo informa a Agripa, e tendo assolado Jerusalém, ele agora está decidido a

perseguir os discípulos do Senhor, até nas cidades estrangeiras; e, portanto, respira ainda

ameaças. “Respirando”. As palavras são muito enfáticas e expressivas de sua amarga

inimizade. Era tão natural para ele agora ameaçar aos Cristãos, quanto era para ele

respirar; ele poderia falar pouco, mas ao falar fazia ameaçava contra eles. Não, ele não

somente respirava ameaças, mas mortes também (e aqueles a quem ameaçava, também

mataria, se estivesse em seu poder) contra os discípulos do Senhor. Insaciável, portanto,

como o Inferno, vendo que não poderia refutar ou parar os Cristãos pela força do

argumento, resolveu fazê-lo pela força; e, portanto, foi ao sumo sacerdote (pois nunca

houve uma perseguição sem um sumo sacerdote encabeçando-a) e pediu-lhe cartas,

emitidas fora da sua corte espiritual, para as sinagogas ou tribunais eclesiásticos em

Damasco, dando-lhe autoridade “que, caso encontrasse alguns do caminho, quer homens

quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém”, eu suponho, para serem acusados e

condenados no tribunal do sumo sacerdote. Observe como ele fala dos Cristãos. Lucas,

que escreveu Atos, os chama de "discípulos do Senhor", e Saulo os denomina “homens e

mulheres do caminho”. Não duvido que ele os representava como um grupo de entusiastas

iniciantes, que ultimamente tinha entrado em um novo método ou maneira de viver; que

não deveria se contentar com o culto do templo, mas deveriam ser justos em excesso, e

tendo suas reuniões privadas ou secretas, partiam o pão, como o chamavam, de casa em

casa, para grande perturbação do clero estabelecido e para a subversão absoluta de toda

a ordem e decência. Não ouço o sumo sacerdote fazer qualquer objeção: não, ele estava

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tão disposto a conceder as cartas, quanto Saulo para pedi-las; e maravilhosamente

satisfeito em si mesmo por descobrir que ele tinha um fanático tão ativo trabalhando contra

os Cristãos.

Bem, então, uma autorização judicial é imediatamente emitida, com o selo do sumo

sacerdote afixado. E agora vejo o jovem perseguidor finamente equipado, feliz com seus

pensamentos, de como voltaria triunfante com os “homens e mulheres do caminho”,

arrastando-os à Jerusalém.

Em que condições podemos imaginar que os pobres discípulos em Damasco estavam

naquela hora! Sem dúvida, eles tinham ouvido falar de Saulo aprisionando e fazendo

estragos entre os santos em Jerusalém, e bem podemos supor que eles foram informados

de seu desígnio contra eles. Estou convencido de que este foi um tempo de crescimento,

porque num tempo de provação as pessoas se unem mais. Ó como eles devem ter lutado

com Deus em oração, rogando-lhe que os livrasse ou lhes desse a graça suficiente para

lhes permitir suportar a fúria de seus perseguidores? O sumo sacerdote, sem dúvida, com

o resto de seus irmãos, gabava-se, pois agora deveria pôr um ponto final naquela crescente

heresia, e esperava com impaciência o retorno de Saulo.

Mas, “Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles”. E, portanto, (versículo

3), “E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco”, talvez nos portões,

(nosso Senhor permitiu isso para provar a fé dos Seus discípulos, e mais visivelmente

confundir os desígnios de Seus inimigos), “subitamente (ao meio-dia, como Saulo mais

tarde relata a Agripa) o cercou um resplendor de luz do céu”, uma luz mais brilhante do que

o sol; "e ele caiu por terra (por que não no Inferno?) e ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo,

Saulo, porque me persegues?" A palavra é duplicada, "Saulo, Saulo”, como aquela de

nosso Senhor a Marta: "Marta, Marta", ou do profeta, “Ó terra, terra, terra!". Talvez essas

palavras foram como um trovão para sua alma. Que elas foram ditas em voz alta, temos a

certeza a partir do versículo 7, seus companheiros ouviram a voz. Nosso Senhor agora

detém o fanático perseguidor, chamando-o pelo nome; pois a palavra nunca nos faz bem,

até que nos fale em particular. "Saulo, Saulo, Por que me persegues?" Coloque a ênfase

no termo por que, que mal Eu fiz? Ponha na palavra persegues, por que persegues? Eu

suponho que Saulo achava que ele não estava perseguindo; não, ele estava apenas

colocando as leis do tribunal eclesiástico em execução; mas Jesus, que tem os olhos como

chama de fogo, viu, através da hipocrisia de seu coração, que, não obstante os seus

pretextos capciosos, tudo isso procedia de um espírito de perseguição, e uma inimizade

secreta no coração contra Deus; e, portanto, diz: "Por que me persegues?" Colo que a

ênfase na palavra Me, por que me persegues? Ai de mim! Saulo não estava perseguindo a

Cristo, estava? Ele só estava tendo o cuidado de evitar inovações na igreja, e trazendo um

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grupo de entusiastas à justiça, que de outra forma poderia derrubar a constituição

estabelecida. Mas Jesus diz: "Por que me persegues?". Pois, o que é feito contra os

discípulos de Cristo, Ele considera como feito a Si mesmo, quer seja bom, quer seja mau.

Aquele que toca os discípulos de Cristo, toca a menina do Seu olho; e os que perseguem

os seguidores de nosso Senhor, perseguiriam o próprio Senhor, se Ele viesse novamente

em carne e habitasse entre nós.

Eu não acho que Saulo deu qualquer razão por que ele perseguia; não, ele estava mudo;

como todo perseguidor ficará, quando Jesus Cristo colocar esta mesma pergunta a eles no

terrível dia do julgamento. Mas ao ser tocado no coração, sem dúvida, não só quanto à

perseguição, mas quanto a todas as suas outras ofensas contra o grande Deus, ele disse:

“Quem és, Senhor?” (v. 5). Veja quão depressa Deus pode mudar o coração e a voz de

Seus inimigos mais hostis. Poucos dias atrás, Saulo não só estava blasfemando do próprio

Cristo, mas obrigava outros a blasfemarem também: mas agora não, Aquele que antes era

considerado um impostor, agora é chamado de Senhor, “Quem és, Senhor?”.

Isto aponta admiravelmente para a maneira como o Espírito de Deus opera no coração:

primeiro convence poderosamente do pecado e do nosso estado condenável; e, em

seguida, leva-nos a perguntar sobre Jesus Cristo. Saulo, ao ser lançado ao chão, ou tocado

no coração, clama por Jesus: “Quem és, Senhor?”. Quantos de vocês nunca sentiram, até

agora, seu estado de condenação, nem buscaram a Jesus Cristo, nem mesmo foram

convencidos, muito menos convertidos. Que o Senhor, que tocou em Saulo, eficazmente

agora toque em todos os meus ouvintes sem Cristo, e os leve a perguntar por Jesus, como

o seu tudo! Saulo disse: “Quem és, Senhor?”, e disse o Senhor: “Eu sou Jesus, a quem tu

persegues”. Nunca alguém questionou a Jesus Cristo desse modo, mas Cristo Se revelou

para salvar sua alma. Parece que nosso Senhor lhe apareceu em Pessoa, pois, Ananias,

depois, diz: “O Senhor, que te apareceu no caminho por onde vieste”, embora isso pudesse

apenas significar que Cristo o encontrou no caminho; não importa tanto; está claro que

Cristo aqui fala com ele, e diz: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. É notável como o

nosso Senhor toma para Si o nome de Jesus; pois é um nome no qual Ele Se deleita: Eu

sou Jesus, o Salvador do Meu povo, tanto da culpa quanto do poder de seus pecados;

“Jesus, a quem tu persegues”. Isto parece ser falado para convencer Saulo cada vez mais

de seu pecado; e eu não duvido, mas cada palavra era mais penetrante do que uma espada

de dois gumes, e era como muitos punhais em seu coração; oh, como estas palavras o

afetaram! Era Jesus! O Salvador! E eu O estou perseguindo! Isto o feriu com horror; mas,

então, a palavra de Jesus, embora ele fosse um perseguidor, pôde dar-lhe alguma

esperança. No entanto, o nosso querido Senhor, para convencer a Saulo de que ele seria

salvo pela graça, e que ele não deveria temer Seu poder e inimizade, lhe diz: “Duro para ti

é recalcitrar contra os aguilhões”, ou seja, por mais que Saulo O perseguisse, não

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conseguiria derrubar a igreja de Cristo, pois Ele iria sentar-se como Rei sobre Seu santo

monte de Sião; a malícia dos homens ou dos demônios nunca será capaz de prevalecer

contra Ele.

Versículo 6: “E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça?”. Aqueles

que pensam que Saulo teve uma revelação de Jesus em seu coração antes, acham que

esta pergunta é o resultado de sua fé, e que ele agora deseja saber o que ele deve fazer,

por gratidão, pelo que o Senhor tinha feito à sua alma; neste sentido, pode ser entendido;

e eu tenho feito uso disso como um exemplo para provar que a fé operará pelo amor; mas

talvez possa ser mais de acordo com o contexto supormos que Saulo tinha apenas um

vislumbre de Cristo, e não a plena certeza da fé: porque nos é dito, "tremendo e atônito",

tremendo pelos pensamentos de sua perseguição a Jesus, e atônito por sua própria vileza,

e a infinita condescendência deste Jesus, clama: “Senhor, que queres que eu faça?”.

Pessoas sob pressão e convicção dolorosa, contentam-se em fazer qualquer coisa ou

cumprir em quaisquer condições para obter a paz com Deus. “Levanta-te, (diz o nosso

Senhor) e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer”.

E aqui vamos deixar Saulo por enquanto, e ver o que aconteceu com seus companheiros.

Mas o que diremos? Deus é um agente soberano; Seu Espírito Santo sopra onde e quando

Lhe apraz; “Ele terá misericórdia de quem tiver misericórdia”. Saulo é levado, mas, tanto

quanto sabemos, seus companheiros de viagem são deixados a perecer em seus pecados:

porque nos é dito, no versículo 7, “e os homens, que iam com ele, pararam espantados,

ouvindo a voz...”. Eu digo, uma voz confusa, pois esse é o significado da palavra, e deve

ser assim interpretada, de forma a conciliá-la com o capítulo 22, verso 9, onde Saulo,

falando desses homens, diz a Agripa, “mas não ouviram a voz daquele que falava comigo”.

Eles ouviram uma voz, um ruído confuso, mas não a voz articulada dAquele que falava a

Saulo, e portanto permaneceram não-convertidos. De que servem todas as ordenanças,

todas, até mesmo as mais extraordinárias dispensações da providência, sem que Cristo

fale às almas? Assim, é agora sob a palavra pregada: muitos, como os companheiros de

Saulo, às vezes ficam tão impressionados com as manifestações de Deus que aparecem

no santuário, que chegam mesmo a ficar sem palavras; eles ouvem a voz do pregador, mas

não a voz do Filho de Deus, que, talvez, ao mesmo tempo está falando eficazmente a

muitos outros corações; isso eu tenho visto muitas vezes; e que diremos a estas coisas? Ó

profundidade da soberania de Deus! É inescrutável. Senhor, eu desejo adorar o que não

posso compreender. “Sim, ó Pai, porque assim Te aprouve”.

Mas, voltemos a Saulo: o Senhor lhe ordenou, "levanta-te e vai para a cidade", e é-nos dito,

no verso 8 que “Saulo levantou-se da terra, e, abrindo os olhos (ele estava tão dominado

com a grandeza da luz que brilhou sobre eles que), não via a ninguém. E, guiando-o pela

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mão, o conduziram a Damasco”, a própria cidade que seria o lugar de execução ou

aprisionamento dos discípulos do Senhor. “E esteve três dias sem ver, e não comeu nem

bebeu”. Mas quem pode dizer que horrores da consciência, que convulsões da alma, que

profundas e pungentes convicções do pecado ele sofreu durante estes três longos dias?

Foi isto que tirou-lhe o apetite (pois quem pode comer ou beber sob um senso da ira de

Deus pelo pecado?) e, porque seria muito útil dali em diante, ele deveria ser humilhado

agora; portanto, o Senhor o deixou três dias gemendo sob o espírito de escravidão, e sendo

esbofeteado, sem dúvida, com os dardos inflamados do Diabo, para que, sendo tentado

semelhante aos seus irmãos, ele pudesse ser capaz de futuramente socorrer aqueles que

fossem tentados. Tivesse Saulo recorrido a qualquer um dos guias cegos da igreja judaica,

sob essas circunstâncias, eles teriam dito que ele era louco, ou que estava fora de si;

quantos professos carnais e fariseus cegos lidam hoje com — e aumentam o sofrimento de

— pobres almas sofrendo sob convicções que afloram seus sentimentos de condenação.

Mas Deus muitas vezes em nossos primeiros despertares, nos visita com provas dolorosas,

especialmente aqueles que irão, como Saulo, brilhar na igreja, e ser usados como

instrumentos para trazer muitos filhos à glória; aqueles que serão altamente exaltados,

deverão primeiro ser profundamente humilhados; e digo isto para o conforto dos tais, que

podem estar agora gemendo sob o espírito de escravidão, e, talvez, como Saulo, não

podem comer nem beber; pois tenho geralmente observado que aqueles que tiveram as

convicções mais profundas, têm posteriormente sido favorecidos com as comunicações

mais preciosas, e sentido mais da presença Divina em suas almas. Isto foi notavelmente

exemplificado posteriormente em Saulo, que esteve três dias sem ver, e não comeu nem

bebeu.

Mas será que o Senhor deixará Seu pobre servo neste sofrimento? Não; o seu Jesus

(embora Saulo O perseguisse) prometeu (e cumprirá) que "te será dito o que te convém

fazer”. “E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor

em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor”. Que santa familiaridade existe

entre Jesus Cristo e as almas regeneradas! Ananias estava acostumado com tais visitas,

e, portanto, conhecia a voz do seu Amado. O Senhor diz: “Ananias”, e Ananias diz, “eis-me

aqui, Senhor”. O fato é que Cristo agora, assim como antigamente, muitas vezes fala com

Seus filhos muitas vezes, e de diversas maneiras, como um homem fala com seu amigo.

Mas o que o Senhor tem a dizer a Ananias?

Versículo 11, “E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta

em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo” (Vejam aqui para seu conforto,

ó filhos do Deus Altíssimo, que atenção Jesus Cristo tem pela rua e pela casa onde Seus

queridos servos se hospedam), “pois eis que ele está orando”; mas, por que começou com

a palavra eis? Qual era a maravilha em ouvir que Saulo estava orando? Ora, Saulo era um

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fariseu, e, portanto, sem dúvida, fazia longas orações e, já que fomos informados de que

ele sobressaiu-se mais do que muitos de seus iguais, não duvido que ele fosse notado pelo

seu dom na oração; e, no entanto, parece que antes destes três dias Saulo não havia orado

em sua vida; e por que? Porque, antes destes três dias, ele nunca se sentira uma criatura

condenada: ele estava vivo em sua própria opinião, porque não tinha um conhecimento do

significado espiritual da lei; ele não sentia a necessidade e, portanto, até agora, não tinha

clamado por Jesus; e, consequentemente, embora ele possa ter dito ou feito uma oração

(como muitos fariseus fazem hoje em dia) ele nunca fez realmente uma oração; mas agora,

eis que ele orou, de fato, e isto foi frisado como uma demonstração de que ele se

convertera. Nenhum dos filhos de Deus, como se observa, vem ao mundo natimorto; a

oração é a própria respiração da nova criatura: e, portanto, se estamos sem oração,

estamos sem Cristo; se nunca tivemos o espírito de súplica, é um triste sinal de que nós

nunca tivemos o espírito de graça em nossas almas: e vocês podem ter certeza de que

vocês nunca oraram, a menos que tenham se sentido pecadores, e sentido a necessidade

de Jesus ser o seu Salvador. Que o Senhor, a quem sirvo no Evangelho do Seu Filho

amado, toque no coração de todos, e possa ser dito de todos vocês, como foi dito de Saulo,

eis que eles oram!

O Senhor continua a incentivar Ananias para ir até Saulo: Ele diz, “E numa visão ele viu

que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a

ver” (v. 12). De modo que, embora Cristo tenha convertido Saulo imediatamente, Ele

continuará a obra assim iniciada, através de um ministro. Felizes aqueles que, com

problemas espirituais, têm tais guias experientes, e bem familiarizados com Jesus Cristo

como Ananias era; vocês que têm os tais, sejam muito gratos por eles; e quem não os têm,

confie em Deus; Ele continuará a Sua própria obra sem eles.

Sem dúvida, Ananias era um bom homem; mas devo elogiá-lo por sua resposta ao nosso

Senhor? Não; porque ele diz nos versículos 13-14: “Senhor, a muitos ouvi acerca deste

homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e aqui tem poder dos

principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome”. Receio que

esta resposta procedeu de alguns resquícios de justiça própria, bem como de infidelidade,

que estavam encobertos no coração de Ananias. “Levanta-te, (disse nosso Senhor) e vai

para a rua, que é chamada Direita, e pergunta em casa de Judas, por um chamado Saulo

de Tarso; pois eis que ele está orando!”. Alguém poderia pensar que isso seria o suficiente

para satisfazê-lo; mas diz Ananias: "Senhor, a muitos ouvi acerca deste homem (ele parece

falar dele com muito desprezo, porque mesmo os bons homens são capazes de pensar

com demasiado desprezo sobre aqueles que ainda estão em seus pecados), quantos males

tem feito aos teus santos em Jerusalém; e aqui tem poder dos principais dos sacerdotes

para prender a todos os que invocam o teu nome”, e ele deveria prendê-lo também, se ele

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fosse até Saulo; mas o Senhor silencia todas as objeções com um, “Vai, porque este é para

mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos

de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome”. Deus o cala

imediatamente, afirmando Sua soberania, e pregando a ele a doutrina da eleição. E a

frequente conversão de terríveis pecadores a Deus é, para mim, uma grande prova, entre

milhares de outras, dessa doutrina preciosa, porém muito atacada e tristemente deturpada,

do amor eletivo de Deus; pois, por que motivo os tais são chamados, enquanto milhares de

pessoas, nem de perto tão vis, morrem insensíveis e tolas? Toda resposta que pode ser

dada é que eles são vasos escolhidos; “Vai (Deus diz), porque este é para mim um vaso

escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. E eu

lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome”. Observe a estreita ligação existente

entre trabalhar para e o sofrer por Cristo. Se alguns dos meus irmãos no ministério estão

presentes, deixem-nos escolher quais vantagens devemos aguardar, se somos chamados

para trabalhar para Deus: não altos honorários ou promoções, mas grandes sofrimentos

por amor ao nome do Senhor; estes são os frutos do nosso trabalho, e aquele que não se

contentar em sofrer por pregar a Cristo, não é digno dEle. O sofrimento terá sido a melhor

recompensa, quando formos chamados para prestar contas do nosso ministério naquele

grande dia.

Eu não ouço Ananias contendendo com Deus a respeito da doutrina da eleição; não (oh,

se todos os bons homens aprendessem com ele!), “e Ananias foi, e entrou na casa e,

impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo”. Não importa o que um homem foi, se ele agora

for um Cristão, ele deve ser como nosso irmão, nossa irmã e mãe. Deus dissipa as

transgressões de cada convertido como se fosse uma nuvem, e por mais vil que um homem

tenha sido, nós devemos amá-lo quando ele crê em Cristo, porque Cristo será mais

glorificado. Não duvido que Ananias tenha ficado maravilhosamente satisfeito ao ouvir que

tão notável perseguidor foi convertido a Deus: estou convencido de que ele sentiu a sua

alma imediatamente unida à dele pelo amor e, por isso, falou com ele não como

perseguidor, assassino, que veio para exterminar a mim e meus amigos; mas, “irmão

Saulo". É notável que os Cristãos primitivos usassem muito as palavras irmão e irmãos; eu

sei que é um termo agora muito comum; mas aqueles que o desprezam, creio eu, ficariam

felizes em ser da nossa fraternidade, quando nos vissem sentados à mão direita da

Majestade no alto. “Irmão Saulo, o Senhor (o mesmo Jesus que te apareceu no caminho

por onde vinhas), me enviou, para que possas ver, e serás cheio do Espírito Santo”. Neste

momento, podemos supor, ele impôs suas mãos sobre ele. Veja as consequências.

Versículo 18: “E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista”;

não apenas a visão física, mas a espiritual; ele emergiu como se estivesse em um novo

mundo; ele viu, e sentiu também, coisas indizíveis; ele sentiu uma união da alma com Deus;

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ele recebeu o espírito de adoção; ele poderia agora, com a plena certeza de fé, clamar,

“Abba, Pai”. Agora ele estava cheio com o Espírito Santo; e teve o amor de Deus derramado

em seu coração; agora os dias de seu choro terminaram; agora Cristo foi formado em sua

alma; agora ele poderia desafiar a homens e demônios, sabendo que Cristo lhe havia

justificado; agora ele viu as excelências de Cristo, e O estimava como o primeiro entre dez

mil. Vocês só sabem como simpatizar com o apóstolo em sua alegria, quando, depois de

uma longa noite de cativeiro, foram libertados pelo Espírito, e receberam alegria no Espírito

Santo. Que todos que agora estão de luto, como Saulo estava, sejam consolados da

mesma maneira!

As escamas estão agora removidas dos olhos da mente de Saulo; Ananias fez isso por ele,

sob Deus: ele deve agora cumprir outra ordem, batizá-lo, e assim recebê-lo dentro da igreja

visível de Cristo; uma boa prova para mim da necessidade do Batismo, porque eu encontro

aqui, assim como em outros lugares, que o Batismo é administrado, mesmo para aqueles

que já tenham recebido o Espírito Santo; Saulo estava convencido disso e, portanto,

levantou-se e foi batizado; e agora é hora dele fortalecer o homem exterior, o qual, por três

dias de abstinência e conflitos espirituais, tinha sido muito prejudicado; por isso, é dito, "e

tendo comido, foi consolado” (v.19).

Mas oh, com que consolo o apóstolo agora come sua comida? Estou certo de que foi com

singeleza, estou convencido, também com alegria de coração; e por que? Ele sabia que

estava reconciliado com Deus; e, de minha parte, eu não sabia quão cegos e insensíveis

nossos corações são, por natureza. Eu deveria imaginar que alguém poderia comer mesmo

sua comida comum com satisfação, mesmo quem não tem alguma esperança bem

fundamentada de sua reconciliação com Deus. Nosso Senhor exige muito isso de nós: pois

em Sua gloriosa oração, depois que Ele nos ensinou a orar pelo nosso pão de cada dia,

imediatamente acrescenta essa petição: “Perdoa-nos as nossas ofensas”, como se o nosso

pão de cada dia nos fizesse nenhum serviço, a menos que fôssemos sensíveis da

necessidade de obter o perdão dos nossos pecados.

Continuando, Saulo recebeu carne e foi fortalecido; e para onde ele vai agora? Ver os

irmãos: “E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco”. Se nós

conhecemos e amamos a Cristo, devemos também amar e desejar nos familiarizar com os

irmãos em Cristo: podemos geralmente conhecer um homem por suas companhias. E,

embora nem todos os que se associam com santos sejam santos (pois o joio estará sempre

crescendo no meio do trigo até o momento da colheita), no entanto, se nunca

acompanhamos, mas sentimos envergonha dos desprezados filhos de Deus, é sinal de que

ainda não temos experimentalmente aprendido de Jesus, ou O recebido em nossos

corações. Meus queridos amigos, não se enganem; se somos amigos do Noivo, seremos

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amigos dos filhos do Noivo. Saulo, assim foi cheio do Espírito Santo, “esteve alguns dias

com os discípulos que estavam em Damasco”.

Mas quem pode dizer que alegria esses discípulos sentiram quando Saulo chegou entre

eles! Suponho que o santo Ananias o apresentou. Parece-me que eu vejo o fanático, antes

perseguidor, quando eles vieram para saudá-lo com um ósculo santo, atirando-se sobre

cada um daqueles pescoços, chorando rios de lágrimas, e dizendo, "meu irmão, ó minha

irmã, você pode perdoar-me? Você pode dar a um miserável como eu a destra do

companheirismo, que pretendia arrastá-lo atrás de mim preso a Jerusalém?”. Assim, eu

digo, podemos supor que Saulo dirigiu-se aos seus condiscípulos; e eu não duvido que eles

estivessem tão prontos a perdoar e esquecer quanto Ananias, e o saudaram com o título

cativante de “irmão Saulo”. Adorável foi esta reunião; tão linda, que parece que Saulo

permaneceu alguns dias com eles, para comunicar experiências e aprender o caminho de

Deus mais perfeitamente; para orar por uma bênção sobre seu futuro ministério, e louvar a

Cristo Jesus pelo que tinha feito por suas almas. Saulo, talvez, tenha se assentado

determinados anos aos pés de Gamaliel, mas, sem dúvida, aprendeu mais nesses poucos

dias, do que ele tinha aprendido antes em toda a sua vida. Agrada-me pensar como este

grande estudioso é transformado pela renovação da sua mente. Que grande mudança

aconteceu aqui! Que grande homem como Saulo era, tanto quanto à sua posição na vida,

e as qualificações internas, e inimigo tão hostil dos Cristãos; digo, por ele ir e ficar alguns

dias com as pessoas desta maneira, e sentar-se calmamente e ser ensinado por homens

iletrados, podemos estar certos que assim eram muitos daqueles discípulos, é uma prova

substancial da realidade de sua conversão!

Em que pressa e confusão podemos supor que os principais sacerdotes estavam agora!

Garanto que eles estavam prontos a gritar: O quê? Será que ele também foi enganado?

Quanto às pessoas comuns, que não conheciam a lei e eram malditas, serem levadas não

nos causaria admiração; mas um homem criado aos pés de Gamaliel, erudito, um inimigo

do Caminho como Saulo, ser levado com um bando de mulheres e homens tolos e

enganados, certamente seria impossível: não podemos acreditar. Mas Saulo logo os

convence da realidade de sua transformação num louco por amor a Cristo, pois logo, em

vez de ir para entregar as cartas dos sumos sacerdotes, como eles esperavam, a fim de

trazer os discípulos que estavam em Damasco presos a Jerusalém, "ele pregava a Cristo

nas sinagogas, que Ele é o Filho de Deus”. Esta é outra prova de sua conversão. Ele não

só conversou com os Cristãos em particular, mas ele pregou a Cristo publicamente nas

sinagogas; especialmente, ele insistiu sobre a divindade do nosso Senhor, provando, não

obstante Seu estado de humilhação, que Ele realmente era o Filho de Deus.

Mas por que Saulo pregava a Cristo, assim? Porque ele tinha sentido o poder de Cristo

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sobre a sua alma. E aqui está a razão pela qual Cristo é tão raramente pregado, e Sua

divindade tão levemente insistida em nossas sinagogas: porque boa parte dos que fingem

pregar nunca experimentaram a obra salvífica de conversão em suas próprias almas. Como

pregarão, se primeiro não forem ensinados, e, em seguida, enviados por Deus? Saulo não

pregou a Cristo antes de O conhecer; ninguém deveria fazer o contrário. Um ministro não-

convertido, embora possa falar as línguas dos homens e dos anjos, será como um bronze

que soa e o tilintar dos metais para aqueles cujos sentidos são exercitados para discernir

as coisas espirituais. Ministros que não são convertidos podem falar e declamar sobre

Cristo, e provar a partir de livros que Ele é o Filho de Deus; mas eles não podem pregar

com a demonstração do Espírito e com poder, a menos que eles preguem a partir da

experiência, e tenham uma prova de Sua divindade, por uma obra da graça operada em

suas próprias almas. Deus perdoe aqueles que consagram um homem não-convertido,

sabendo disso. Eu nunca faria isso. Senhor Jesus, conserve os Teus servos fiéis e puros,

e não os deixe ser participantes de pecados alheios!

Tal exemplo como a conversão de Saulo, podemos ter certeza, deve ter causado muito

barulho; e, portanto, não é de admirar que nos é dito, no verso 21: “E todos os que o ouviam

estavam atônitos, e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam

este nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes?”.

Assim será com todos os que apresentam-se publicamente por Jesus Cristo; e é tão

impossível para um verdadeiro Cristão ficar escondido, como uma cidade construída sobre

um monte. Irmãos, se você for fiel, você deve ser difamado e receber críticas por causa de

Cristo; especialmente se você tiver sido mau antes de sua conversão. Seus amigos dirão:

não é esse, ou essa, que há pouco tempo era considerado por sua rebeldia e vaidade como

o pior de todos nós? O que transformou sua mentalidade? Ou, se tiver sido falso ou

hipócrita, como Saulo foi, eles imaginarão que você deve estar tão enganado, a ponto de

pensar que você não está em seu juízo perfeito. Sem dúvida, muitos ficaram surpreendidos

ao ouvir Saulo, que era irrepreensível quanto à lei, afirmar que estava alguns dias antes em

uma condição de condenação (como provavelmente ele fez).

Irmãos, vocês devem esperar encontrar muitas dificuldades, tais como estas. O flagelo da

língua é geralmente a primeira cruz que somos chamados a suportar por causa de Cristo.

Não deixem, portanto, isto perturbar vocês. Isso não intimidou, mas incentivou Saulo, diz o

texto, “Saulo, porém, se esforçava muito mais, e confundia os judeus que habitavam em

Damasco, provando que aquele era o Cristo”. A oposição nunca feriu, nem nunca ferirá um

convertido sincero: Nada como a oposição para fazer o homem de Deus perfeito. Ninguém,

a não ser um mercenário, que não tem cuidado com as ovelhas, será atemorizado com a

aproximação ou o barulho dos lobos. Ministros de Cristo são ousados como leões: tais

homens não são dados a fugir.

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E, portanto, (para que eu possa concluir) que os ministros e discípulos de Cristo aprendam

com Saulo a não temerem aos homens ou aos seus insultos, mas, como ele, cresçam em

força, ainda que os homens mais perversos se esforcem para enfraquecer as suas mãos.

Não podemos ser Cristãos sem termos oposição. Não, os discípulos em geral devem sofrer;

os ministros, em particular, devem sofrer grandes coisas, mas não deixemos que isto mova

qualquer um de nós da nossa firmeza no Evangelho. Aquele que ali estava fortalecendo

Saulo, também nos fortalecerá. Ele é um Deus poderoso para salvar todos os que confiam

nEle. Se olharmos com os olhos da fé, nós, assim como o primeiro mártir Estevão,

poderemos ver Jesus em pé à direita de Deus, pronto para ajudar-nos e proteger-nos.

Embora o trono do Senhor esteja no Céu, Ele atenta para os Seus santos de uma maneira

especial, quando sofrem aqui na terra; então o Espírito de Cristo e da glória repousa sobre

suas almas. E, se é que posso falar da minha própria experiência, eu nunca desfrutei de

comunicações mais ricas de Deus do que quando desprezado e rejeitado pelos homens

por causa de Jesus Cristo. No entanto, poucos podem conceber que meus inimigos são

meus maiores amigos. O que eu mais temo é a calmaria; pois a inimizade que está nos

corações dos homens naturais contra Cristo não os deixará ficarem quietos por muito

tempo; não, como eu espero que a obra de Deus aumentará, do mesmo modo as oposições

de homens e demônios aumentarão também. Vamos vestir, portanto, toda a armadura de

Deus, não vamos temer a face dos homens: "Vamos temer somente aquele que pode lançar

tanto o corpo e a alma no inferno”. Eu digo que devemos temer somente a Ele. Você viu

como Deus pode parar imediatamente a fúria de Seus inimigos.

Você acabou agora de ouvir falar sobre um fanático orgulhoso e poderoso impedido em sua

carreira, derrubado na Terra por uma luz do Céu, convertido pelo poder onipotente da graça

eficaz, e, logo após isso, zelosamente promovendo, ou melhor, resolutamente sofrendo

pela mesma fé que uma vez com ameaças e matanças ele esforçou-se para destruir. Que

isto nos ensine a ter piedade e a orar pelos inimigos mais inveterados do nosso Senhor.

Quem sabe, em resposta a isso, nosso Senhor pode dar-lhes o arrependimento para a

vida? Muitos pensam que Cristo atendeu à oração de Estêvão ao converter Saulo. Talvez

por essa razão Deus permita que Seus adversários continuem, para que a Sua bondade e

poder brilhem mais nas suas conversões.

Mas não deixemos que os perseguidores de Cristo tenham incentivo para continuarem em

sua oposição. Lembre-se que embora Saulo fosse convertido, no entanto, o sumo

sacerdote e os companheiros de Saulo permaneceram mortos em delitos e pecados. E, se

este deve ser o seu caso, você será de todos os homens o mais miserável; pois

perseguidores têm o mais baixo lugar no Inferno. E, se Saulo foi derrubado na terra por

uma luz do Céu, como você será capaz de estar diante de Jesus Cristo, quando Ele vier

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em terrível majestade para Se vingar de todos aqueles que têm perseguido o Seu

Evangelho? Então, a pergunta: “Por que me persegues?” vai arruinar você por completo. A

inimizade secreta de seu coração será então exposta diante dos homens e dos anjos, e

será condenado a habitar na escuridão das trevas para sempre. Beije o Filho, portanto,

para que não Se ire, porque você ainda pode encontrar misericórdia, se você crer no Filho

de Deus, embora você O persiga, Ele ainda será o seu Jesus. Eu não posso desesperar-

me de nenhum de vocês, quando eu encontro um Saulo entre os discípulos que estavam

em Damasco. Pois, ainda que os seus pecados sejam como a escarlata, o sangue de Cristo

deve torná-los brancos como a neve. Se têm muito a ser perdoado, não se desespere; creia

somente, e como Saulo, de quem tenho falado, ame muito. Ele considerou-se o principal

de todos os pecadores, e, no entanto, trabalhou muito mais do que todos.

Quem dentre vós teme o Senhor? Quais corações o Senhor agora abriu para ouvir a voz

de Seu pobre e indigno servo? Certamente, o Senhor não me deixa pregar em vão. Quem

é a alma feliz que hoje será lavada no sangue do Cordeiro? Será que nenhum pobre

pecador vai se sentir encorajado pelo exemplo de Saulo para vir a Jesus Cristo? Há uma

multidão, mas qual de vocês tocará o Senhor Jesus? Que conforto será para Saulo, e para

suas próprias almas, quando vocês o encontrarem no céu, dizer que ouviram sobre ele, e

isso foi um meio, abaixo de Deus, para sua conversão! Sem dúvida tudo foi escrito para o

incentivo de todos os pobres pecadores; ele mesmo nos diz isso: pois “em mim Deus

mostrou toda a longanimidade, para que eu pudesse ser um exemplo para os viriam a crer”.

O próprio Saulo disse isso, e de fato é isso o que ele lhe diria; ele está morto, mas através

de sua conversão ele ainda fala. Oh, que Deus possa falar por ele aos seus corações! Oh,

que as setas de Deus possam hoje ser cravadas em sua alma, e você possa gritar: “Quem

és, Senhor?”. Há alguém assim entre vocês? Parece que eu sinto alguma coisa do que este

Saulo sentiu, quando disse: “Eu sinto dores de parto novamente por vocês, até que Cristo

seja formado novamente em seus corações”. Oh, vem, vem para Jesus, em Quem Saulo

cria; e depois não me importo se os sumos sacerdotes emitirão muitos mandados, ou me

arrastarem para uma prisão. A consciência de ser instrumento para salvar vocês me fará

cantar louvores até à meia-noite. E eu sei que vocês serão a minha alegria e coroa de

regozijo, quando estiver livre desta prisão terrena, e encontrar vocês no reino de Deus.

Ore para que o ESPÍRITO SANTO use este sermão para trazer muitos

Ao conhecimento salvífico de JESUS CRISTO para a glória de DEUS PAI.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Doutrina da Predestinação Declarada e Estabelecida à

Luz das Escrituras, A - John Gill

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

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Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.