Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral – PPGEM
A DIPLOMACIA DO PETRÓLEO E A INTERNACIONALIZAÇÃO DA S
COMPANHIAS PETROLÍFERAS CHINESAS
LEONARDO SILVEIRA DE SOUZA
Ouro Preto
2010
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral – PPGEM
A DIPLOMACIA DO PETRÓLEO E A INTERNACIONALIZAÇÃO DA S
COMPANHIAS PETROLÍFERAS CHINESAS
Autor: LEONARDO SILVEIRA DE SOUZA
Orientadores: Prof. Dr. MARCO ANTÔNIO TOURINHO FURTADO
Prof. Dr. WILSON TRIGUEIRO DE SOUSA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação do Departamento de Engenharia de
Minas da Escola de Minas da Universidade
Federal de Ouro Preto, como parte integrante
dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Engenharia de Minas.
Área de concentração:
Economia Mineral
Ouro Preto / julho de 2010
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral – PPGEM
S729d Souza, Leonardo Silveira de. A diplomacia do petróleo e a internacionalização das companhias petrolíferas chinesas [manuscrito] / Leonardo Silveira de Souza. – 2010. xv, 119 f.: il., color., grafs., tabs., mapas. Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Tourinho Furtado. Co-orientador: Prof. Dr. Wilson Trigueiro de Sousa. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Engenharia de Minas. Programa de Pós-graduação em Engenharia Mineral. Área de concentração: Economia mineral. 1. Petróleo - Teses. 2. Indústria petrolífera - China - Teses. 3. Hulha - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título. CDU: 665.6(510)
Catalogação: [email protected]
A Alicinha, por ser a síntese da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Marco Antonio pela ousadia, determinação, tolerância, confiança, solidariedade e amizade.
A Escola de Minas pelas condições ofertadas ao desenvolvimento desse trabalho.
Ao PPGEM pela oportunidade.
Aos Professores do PPGEM pelo conhecimento transmitido.
Ao Marcelo pela pronta atenção de sempre.
A CAPES, pelo fomento à pesquisa;
Ao Ministério de Minas e Energia pela maior oportunidade da minha vida.
A minha família, pelo apoio e compreensão pela ausência.
Aos meus amigos, pelo apoio e preocupação.
A República Xiboca e atuais moradores pelo auxílio na fase final desse trabalho.
A Christiane, pelo amor, apoio, paciência e compreensão.
RESUMO
O abastecimento energético é um dos grandes desafios a serem superados pelo
governo chinês para a continuidade do seu crescimento econômico obtido nas últimas
três décadas. O crescimento econômico chinês fez com que a demanda por energia
superasse a produção interna, gerando a necessidade de importação de petróleo e gás. A
necessidade só não foi maior porque a China tem a terceira maior reserva de carvão do
mundo e é o maior consumidor. Esse obstáculo se transformou em oportunidade para as
empresas de petróleo chinês internacionalizarem suas atuações nas principais províncias
petrolíferas e gasíferas no mundo.
A internacionalização fez com que o governo chinês desenvolvesse uma
“diplomacia do petróleo”, baseada na aproximação política e econômica junto aos
principais e potenciais países exportadores mundiais de petróleo e gás. Essa mudança de
comportamento da China torna-se uma das prioridades no trato das questões
internacionais na agenda de sua política externa.
Palavras chave: diplomacia do petróleo – companhias petrolíferas chinesas -
internacionalização.
ABSTRACT
The energy supply is a major challenge to be overcome by the Chinese
government for its continued economic growth achieved in the last three decades. This
economic growth has caused energy demand outstripped domestic production, creating
the need for imported oil and gas. This need was not higher because China has the third
largest coal reserves in the world and is its largest consumer.This obstacle became an
opportunity for Chinese oil companies internationalize their performances in major oil
and gas provinces in the world.
Internationalization has made the Chinese government to develop an oil
diplomacy based on political and economic ties with key countries and potential
exporters of oil and gas on the planet. This change in China's behavior becomes a
priority in dealing with international issues on the agenda of its foreign policy.
Keywords: Oil diplomacy – Chinese oil enterprises - Internationalization
II
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Gráfico relação produção x demanda de petróleo na China entre 1982-2006. .................................. 02
Figura1.2: Distribuição das fontes energéticas primárias da matriz chinesa. ......................................................... 04
Figura 1.3: Percentual do petróleo importado por região de origem. .....................................................................06
Figura 2.1: Países de origem do petróleo importado pela China em 2008 e nos primeiros cinco meses de 2009...12
Figura 2.2: Maiores reservas mundiais medidas de petróleo em janeiro de 2009....................................................15
Figura 2.3: Participação da África Sub-Sahariana nas importações de petróleo pela China entre os anos de 2001 e
2006........................................................................................................................................................................... 22
Figura 2.4: Reservas medidas de petróleo na África em 2007................................................................................ 23
Figura 2.5: Regiões exportadoras de petróleo para China e os países exportadores da África Sub-Sahariana entre
2001 a 2006.............................................................................................................................................................. 24
Figura 2.6: Os principais fornecedores de petróleo bruto para a China, entre os meses de janeiro a maio de
2009............................................................................................................................................................................25
Figura 2.7: Os cinco maiores produtores sul-americanos de petróleo em 2008.......................................................31
Figura 3.1: Produção de carvão por região na China...........................................................................................… 34
III
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1: Taxa de crescimento do PIB da China entre 2002 - 2009......................................................................01
Tabela1.2: Produção de petróleo dos maiores produtores mundiais entre 2000 e
2008........................................................................................................................................................................... 03
Tabela 2.1: Produção de petróleo dos países produtores e regiões em 2008............................................................13
Tabela 2.2. Os principais destinos das exportações iranianas de petróleo bruto em
2007............................................................................................................................................................................16
Tabela 2.3. Projetos de produção de petróleo bruto no Irã até 2015........................................................................17
Tabela 2.4. Investimentos chineses em petróleo no continente africano entre 2001 e 2007 (em milhões de
dólares).......................................................................................................................................................................19
Tabela 2.5. Os cinco maiores países Africanos exportadores para a China, entre 2004 e 2006 (em milhões de
dólares).......................................................................................................................................................................20
Tabela 2.6: Composição da pauta de exportações dos países sub-sahariano para a China (1996-
2005)...................……..................................................................................….........................................................21
Tabela 2.7: Reservas medidas de petróleo dos produtores sul-americanos em
2008............................................................................................................................................................................28
Tabela 2.8: As exportações de petróleo da Venezuela para a China entre 2005 e
2008............................................................................................................................................................................29
Tabela 3.1: Comércio exterior de carvão da China entre 1998 e 2007.....................................................................36
Tabela 3.2: Exportação de coque pela China entre 1998 e 2007............................................................................ 37
Tabela 3.3: Produção e reservas de petróleo e gás natural da CNOOC em 2008.....................................................40
Tabela 3.4: Produção e reservas de petróleo e gás natural da Sinopec em 2008......................................................43
Tabela 3.5: Produção e reservas de petróleo e gás natural da CNPC em 2008........................................................45
Tabela 5.1: Principais produtores mundiais de gás natural entre 1998 -2008..........................................................78
IV
Tabela 5.2: Os maiores consumidores mundiais de petróleo entre 1998 -2008.......................................................79
Tabela 6.01: Presença da CNPC no exterior em exploração e produção de petróleo e gás natural: no de
países..........................................................................................................................................................................81
Tabela 6.02: Presença da CNPC em exploração e produção de petróleo e gás natural nos
continentes..................................................................................................................................................................82
Tabela 6.03: Percentual de aumento da internacionalização da CNPC nas regiões produtoras entre 2003 –
2008............................................................................................................................................................................83
Tabela 6.04: Produção interna de petróleo bruto da CNPC entre os anos de 2002 -
2008............................................................................................................................................................................83
Tabela 6.05: Produção externa de petróleo bruto da CNPC entre os anos 2002-
2008............................................................................................................................................................................84
Tabela 6.06: Participação da produção externa de petróleo na produção total (interna) da CNPC entre os anos de
2001 -2008.................................................................................................................................................................85
Tabela 6.07: Produção interna de gás natural da CNPC entre os nãos de 2001-
2008...........................................................................................................................................................................85
Tabela 6.08: Produção externa de gás natural da CNPC entre os anos de 2000 -
2008............................................................................................................................................................................86
Tabela 6.09: Participação da produção externa de gás natural na produção total (interna) da CNPC entre os anos
de 2001-2008..............................................................................................................................................................87
Tabela 6.10: Produção de Petróleo Bruto da CNPC no Sudão entre os anos de 2003-
2008........................................................................................................................................................................... 88
Tabela 6.11: Participação da produção de petróleo bruto no Sudão no total produzido pela CNPC no exterior entre
2003-2008..................................................................................................................................................................89
Tabela 6.12: Produção de petróleo bruto da CNPC no Cazaquistão entre os anos de 2003-
2008............................................................................................................................................................................89
Tabela 6.13: Participação da produção de petróleo bruto no Cazaquistão no total produzido pela CNPC no
exterior entre 2003-2008............................................................................................................................................90
V
Tabela 6.14: Produção de petróleo bruto na Venezuela entre os anos de 2003-2008...............................................90
Tabela 6.15: Participação da produção de petróleo bruto na Venezuela em relação ao total produzido pela CNPC
no exterior entre os anos de 2003-2008....................................................................................................................91
Tabela 6. 16: Reservas internas de petróleo da CNPC.............................................................................................91
Tabela 6.17: Reservas de petróleo da CNPC no exterior entre os anos de 2002 -
2008............................................................................................................................................................................92
Tabela 6.18: Participação das reservas externas de petróleo nas reservas interna da CNPC entre os anos de 2002-
2008............................................................................................................................................................................92
Tabela 6.19: Reservas internas de gás natural da CNPC entre os anos de 2002 -
2008............................................................................................................................................................................93
Tabela 6.20: Reservas de gás natural da CNPC no exterior entre os anos de 2002 –
2008............................................................................................................................................................................93
Tabela 6.21: Participação das reservas externas de gás natural nas reservas interna da CNPC entre os anos de
2002-2008..................................................................................................................................................................94
Tabela 6.22: Extensão dos oleodutos e gasodutos da CNPC no exterior.................................................................95
Tabela 6.23: Extensão dos oleodutos e gasodutos da CNPC na China entre 2003 –
2008............................................................................................................................................................................95
Tabela 6.24: Percentual de participação da extensão dos oleodutos e gasodutos no exterior na CNPC em relação a
extensão total na China..............................................................................................................................................96
Tabela 6.25: Capacidade de transporte dos oleodutos e gasodutos da CNPC no exterior entre 2001-
2008............................................................................................................................................................................96
Tabela 6.26: Volume de petróleo e gás natural transportado pela CNPC no exterior entre 2001-
2008............................................................................................................................................................................97
Tabela 6.27: Capacidade de refino e química da CNPC no exterior entre 2001-
2008............................................................................................................................................................................97
Tabela 6.28: Capacidade interna de refino e química da CNPC entre 2001-2008...................................................98
VI
Tabela 6.29: Percentual de participação da capacidade externa em relação à capacidade total (interna) de refino e
química da CNPC entre 2001-2008...........................................................................................................................99
Tabela 6.30: Volume do processamento interno de refino e química da CNPC entre 2001 -
2008............................................................................................................................................................................99
Tabela 6.31: Volume do processamento de refino e química da CNPC no exterior entre 2001-
2008..........................................................................................................................................................................100
Tabela 6.32: Percentual de participação do volume do processamento externo de refino e química em relação ao
processamento total (interno) da CNPC entre 2001-2008.......................................................................................101
VII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ASS - África Sub-Sahariana
AIE - Administração da Informação Energética dos Estados Unidos
AIE - Agência Internacional de Energia
ASEAN - Association of Southeast Asian Nations
BP - British Petroleum
BPD - Barris Por Dia
CDB - China Development Bank
CHEXIM - China Export-Import Bank
CNOOC - China National Offshore Oil Corporation
CNPC - China National Petroleum Corporation
CNRD - Comissão Nacional da Reforma e Desenvolvimento da China
FMA - Fundo Monetário Asiático
FOCAC - Fórum de Cooperação China-África
GNL - Gás Natural Liquefeito
NNPC - Nigerian National Petroleum Corporation
OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OMC - Organização Mundial do Comércio
ONGC - India Oil and Natural Gas Corporation
ONU - Organização das Nações Unidas
OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo -
PCC - Partido Comunista Chinês
PDVSA - Petróleos de Venezuela, S.A
RMB - Renminbi
RPC - República Popular da China
SINOPEC - China Petroleum and Chemical Corporation
SINOSURE - China Export & Credit Insurance Corporation
WEO - World Energy Outlook
VIII
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO............................................................................................................................1 1.1 O Petróleo no Mundo........................................................................................................................................2
1.2 Situação Energética Chinesa ...............................................................................................................4
1.3 Empresas Chinesas de Petróleo............................................................................................................5
1.4 Diplomacia do Petróleo........................................................................................................................6
1.5 Objetivos..............................................................................................................................................7
1.6 Justificativa e importância do Estudo...................................................................................................7
1.7 Metodologia..........................................................................................................................................8
1.8 Organização da Dissertação..................................................................................................................9
CAPÍTULO II – A IMPORTÃNCIA DO SUPRIMENTO EXTERNO DE PETRÓLEO PARA A CHINA......................................................................................................................................................11 2.1 Introdução............................................................................................................................................11 2.2 Oriente Médio......................................................................................................................................12 2.2.1 Arábia Saudita..................................................................................................................................13 2.2.2 Irã.....................................................................................................................................................14 2.2.3Acordos Energéticos entre Irã e China.............................................................................................16 2.2 África..................................................................................................................................................18 2.3África Sub-sahariana............................................................................................................................21 2.4 Ásia Central.........................................................................................................................................24 2.4.1 Rússia...............................................................................................................................................25 2.4.2 Acordos Energéticos entre Rússia e China......................................................................................26 2.4.3 Cazaquistão......................................................................................................................................27 2.4.4 Acordos Energéticos entre Cazaquistão e China.............................................................................27 2.5 América do Sul....................................................................................................................................28 2.5.1Venezuela..........................................................................................................................................29 2.5.2 Brasil................................................................................................................................................30
IX
CAPÍTULO III - O CARVÃO NA CHINA E AS EMPRESAS PETROLÍFERAS CHINESAS...............................................................................................................................................32 3.1 Introdução...........................................................................................................................................32 3.1.1O carvão na China: realidade............................................................................................................32 3.1.2 Reservas e produção.........................................................................................................................33 3.1.3 Mercado Interno...............................................................................................................................35 3.1.4 Desafios do setor..............................................................................................................................37 3.2 As empresas de petróleo chinesa.........................................................................................................38 3.2.1 CNOOC............................................................................................................................................39 3.2.2 SINOPEC.........................................................................................................................................41 3.2.3 CNPC...............................................................................................................................................44 CAPÍTULO IV – POLÍTICA EXTERNA CHINESA: UMA REVISÃO PÓS REFORMAS.................48 4.1 Introdução...........................................................................................................................................48 4.2 Ideologia x Pragmatismo....................................................................................................................48 4.3 Nacionalismo e Regionalismo............................................................................................................50 4.4 Princípio e Pragmatismo....................................................................................................................54 4.5 Bilateralismo e Multilateralismo........................................................................................................58 CAPÍTULO V –A QUESTÃO PETROLÍFERA E A INTERNACIONALZIAÇÃO DA PRESENÇA CHINESA.................................................................................................................................................61 5.1 Introdução............................................................................................................................................61 5.2 África...................................................................................................................................................62 5.2.1Sudão.................................................................................................................................................67 5.2.2 Angola..............................................................................................................................................67 5.2.3 Nigéria..............................................................................................................................................69 5.3 Oriente Médio.....................................................................................................................................70 5.4 América latina.....................................................................................................................................73 5.5 Ásia Central.........................................................................................................................................75 5.6 Rússia..................................................................................................................................................77 CAPÍTULO VI – INTERNACIONALIZAÇÃO DA CNPC (2003 - 2008).............................................81
X
6.1 Introdução...........................................................................................................................................81 6.2 Presença da CNPC no exterior.......................................................................................................... .81 6.3 Produção Interna e Externa de Petróleo Bruto e Gás Natural da CNPC.............................................83 6.4 Os Países de maior produção de petróleo da CNPC...........................................................................87 6.5 Reservas Internas e Externas de Petróleo da CNPC...........................................................................91 6.6 Reservas Internas e Externas de Gás Natural da CNPC......................................................................93 6.7 Infraestrutura da CNPC no exterior e na China..................................................................................94 6.8 Capacidade e Volume Interno e Externo de Refino e Química da CNPC..........................................97 6.9 Conclusões........................................................................................................................................101 CAPÍTULO VII - CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................103 SUGESTÕES..........................................................................................................................................108 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................109
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
Um dos grandes problemas enfrentados pela China na atualidade é o
abastecimento energético, devido ao seu crescimento econômico (Tabela 1.1). A
estabilidade de seu sistema energético é cada vez mais, garantida pelo suprimento de
energia proveniente de outros países.
Tabela 1.1: Taxa de crescimento do PIB da China entre 2002 - 2009.
ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Aumento
do PIB
(%)
9,1 10 10.1 10.4 11.6 11.9 9.4 7.5
Fonte: O autor a partir de dados coletados da CNI e Banco Mundial.
A segurança energética é comumente entendida como “a disponibilidade de
energia o tempo inteiro e em várias formas, em suficiente quantidade, e a preços
acessíveis”1 . A segurança energética tem sido uma grande preocupação para o governo
da China desde a metade da década de noventa, quando a produção de petróleo não mais
supriu a demanda interna. A figura 1.1 ilustra a relação produção x demanda.
1 SPEED, Philip Andrews; LIAO, Xuanli; DANNREUTHER, Roland. The Strategic Implications of China`s Energy Needs. London: The
International Institute for Strategic Studies: Oxford University Press, 2002.
2
Figura 1.1: Gráfico relação produção x demanda de petróleo na China entre 1982 – 2006. Fonte: ROSEN; HOUSER, 2007.
1.1 – O Petróleo no Mundo
A indústria mundial do petróleo (IMP) é especial, tanto do ponto de vista da
organização industrial quanto da relevância dos fatores geopolíticos. Desde o fim da
Segunda Guerra Mundial, o petróleo é a principal fonte de energia primária da matriz
energética mundial.
O petróleo é uma das principais commodities negociadas no comércio
internacional. Mas está longe de ser uma commodity qualquer, pois, as condições de
oferta e de demanda são fortemente influenciadas pela cena geopolítica. Ademais, a
evolução do preço do petróleo sempre produz desdobramentos importantes de ordem
macroeconômica, pautando as estratégias de sustentação das mega empresas produtoras
de petróleo e o horizonte de crescimento de todas as outras fontes de energia,
convencionais ou alternativas.2 A tabela 1.2 apresenta a produção mundial dos maiores
produtores de petróleo entre os anos de 2000 a 2008.
2 PINTO, Junior; Helder Queiroz: Economia da Energia: Fundamentos Econômicos, Evolução Histórica
e Organização Industrial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
3
Tabela 1.2: Produção de petróleo dos maiores produtores mundiais entre 2000 a 2008 (mil barris de petróleo/dia).
PAÍS 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*Arábia 9491 9209 8928 10164 10638 11114 10853 10449 10846
Rússia 6536 7056 7698 8544 9287 9552 9769 9978 9886
**EUA 7733 7669 7626 7400 7228 6895 6841 6847 6736
Irã 3818 3794 3543 4183 4248 4233 4282 4322 4325
China 3252 3306 3346 3401 3481 3627 3684 3743 3795
Canadá 2721 2677 2858 3004 3085 3041 3208 3320 3238
México 3450 3560 3585 3789 3824 3760 3683 3471 3157
***E.A.U 2626 2534 2324 2611 2656 2753 2971 2925 2980
KUAIT 2206 2148 1995 2329 2475 2618 2690 2636 2784
Venezuela 3239 3142 2895 2554 2907 2937 2808 2613 2566
Noruega 3346 3418 3333 3264 3189 2969 2779 2556 2455
Iraque 2614 2523 2116 1344 2030 1833 1999 2144 2423
Nigéria 2155 2274 2103 2263 2502 2580 2474 2356 2170
Argélia 1578 1562 1680 1852 1946 2015 2003 2016 1993
Brasil 1268 1337 1499 1555 1542 1716 1809 1833 1899
Angola 746 742 905 962 976 1246 1421 1720 1875
Líbia 1475 1427 1375 1485 1624 1751 1834 1848 1846
Fonte: O Autor a partir de dados coletados no BP Statistical Review of World Energy 2009.
* Arábia Saudita
** Estados Unidos da América
*** Emirados Árabes Unidos
4
1.2 – Situação Energética Chinesa.
Em junho de 2006, a China também se tornou um importador de gás natural,
com a inauguração do terminal de Guangdong de gás natural liquefeito, sendo o
suprimento proveniente da Austrália.
A influência da produção interna de petróleo na China na matriz energética do
país, só não é maior porque possui a terceira maior reserva de carvão do mundo e é o
maior consumidor mundial de carvão (69 % de toda energia produzida na China provém
do carvão). A figura 1.2 apresenta o percentual produzido das várias fontes da matriz
energética chinesa.
Figura 1.2: Distribuição das fontes energéticas primárias da matriz chinesa. Fonte: ROSEN; HOUSER, 2007.
O consumo de petróleo pela China tem crescido, enquanto a produção interna já
alcançou o seu limite, o que levou à previsão, para 2010, de que a China seja o maior
importador de petróleo do mundo. O consumo do gás natural também tem aumentado
significativamente, em decorrência do posicionamento do governo visando à redução do
nível da poluição atmosférica proveniente da queima do carvão.
A transformação da matriz energética chinesa não teve conseqüências apenas na
política externa. Outra conseqüência desta dependência de gás e petróleo importados é a
5
necessidade de criar infra-estrutura, que ligue o país aos países vizinhos, para
importação destes produtos.
A China, então, está cada vez mais dependente da importação de petróleo e gás.
Para garantir o fornecimento dos suprimentos de energia suficientes, será necessário
estabelecer preços acessíveis e sem interrupções significativas, fator crucial para o
desenvolvimento econômico da China. Para a atual liderança chinesa, que teve uma
condição de auto-suficiência energética, o desafio de assegurar o fornecimento do
petróleo importado é um novo desafio a ser transposto no cenário externo e nos cálculos
da política de segurança.
Qualquer aumento no preço da energia ou a interrupção do seu fornecimento
trará um importante impacto na importação de um país grandemente importador de
energia, e conseqüentemente, na sua atividade econômica.
1.3 – Empresas Chinesas de Petróleo
A produção doméstica de petróleo chinesa é controlada por três companhias. A
maior, em termos de produção, é a China National Petroleum Corporation (CNPC), que
foi formada em 1988. The China Petroleum and Chemical Corporation (SINOPEC),
formada em 1983 tem uma pequena produção de petróleo, mas domina o setor de refino.
A CNOOC é a menor das três e foi criada em 1982 para desenvolver os recursos na
costa da China, em cooperação com empresas internacionais de petróleo. CNOOC é
quase que exclusivamente uma empresa de produção, com a exceção de uma refinaria e
uma joint venture com a Shell em petroquímica, mas também começa a buscar novos
negócios no exterior. Outras pequenas empresas independentes desenvolvem um
importante papel em logística, transporte, armazenamento e refino.
A figura 1.3 nos mostra como a China depende de várias regiões fornecedoras de
petróleo. Esta situação implica em interesses econômicos potencialmente direcionados
para a segurança de suas necessidades energéticas. Como conseqüência, os países
exportadores e importadores de petróleo, juntamente com os agentes que atuam no
6
mercado global de energia tem que se adaptar às implicações que as mudanças das
necessidades de energia da China trazem.
Figura 1.3: Percentual do petróleo importado por região de origem. Fonte: ROSEN; HOUSER, 2007
1.4 – Diplomacia do petróleo Chinês
Depois do final da Guerra Fria, os idealizadores da política externa de Pequim
trabalharam para promover a multipolarização mundial. Para os seus próprios interesses,
a China enfatizou a desejável e provável emergência de uma comunidade multipolar de
nações soberanas respeitando, mutuamente, os princípios da não interferência (ZHAO,
2004).
No setor petrolífero, os investimentos realizados pelas companhias chinesas não
levam em conta apenas os interesses das empresas. Esses investimentos obedecem às
relações existentes entre o governo chinês e o país que irá receber os recursos.
7
1.5 – Objetivos
Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar ações de governo que
mostrem as formas de investimento nos países ou regiões em que o governo central
busca firmar parcerias estratégicas para o suprimento energético chinês.
Os objetivos específicos envolvem os seguintes itens:
• Analisar a produção e o consumo de petróleo e sua importância na matriz
energética da China;
• Compreender a política de segurança energética chinesa;
• Analisar a atuação e os efeitos da diplomacia chinesa para a segurança da
política energética;
• Analisar os investimentos realizados pelas empresas petrolíferas chinesas no
exterior;
• Analisar a atuação das companhias petrolíferas chinesas na internacionalização,
tomando um caso especial, a CNPC;
• Analisar as ações diplomáticas chinesa perante as regiões ou países produtores
de petróleo e gás;
• Analisar os mecanismos multilaterais e bilaterais utilizados pela diplomacia
chinesa;
• Analisar os princípios que norteiam a política externa chinesa.
1.6 – Justificativa e Importância do Estudo
Como grande importador de matéria prima e produtor de manufaturados do
mundo, a China enfrenta o desafio que é a continuidade do seu crescimento econômico
a taxas elevadas, o que exige a disponibilidade de energia e seu suprimento garantido.
Assim o país teve que desenvolver uma diplomacia do petróleo, aproximando-se dos
maiores produtores de petróleo e gás do mundo, ocorrendo uma mudança de
8
comportamento dos atores na questão energética chinesa, inclusive com políticas
voltadas à ação de suas empresas no exterior.
A escolha do tema tem relevância, porque visa aprofundar o estudo de uma
questão central nas discussões dos países na relação exportador/importador, pois a
energia afeta a vida de todos os habitantes do planeta e a dimensão do crescimento
chinês e de sua crescente demanda modifica os parâmetros de ações chinesas e mundiais
no setor petrolífero. O estudo pode gerar subsídios para os interessados em participar de
um negócio que envolve bilhões de dólares, inclusive para o Brasil, que poderá tirar
proveito dessa necessidade energética, em virtude de nossa perspectiva de sermos nos
próximos anos, grande exportador de petróleo e gás. Compreender, portanto, a atuação
externa chinesa no setor poderá contribuir para entender sua recente atuação junto à
Petrobras e pensar ações futuras.
1.7 – Metodologia
O trabalho é desenvolvido dentro de uma perspectiva de uso de métodos
histórico e estatístico, baseando-se em fontes secundárias obtidas no levantamento
bibliográfico. A fundamentação teórica é feita através de levantamento em livros,
periódicos, publicações científicas e internet sobre os seguintes temas: economia
chinesa, produção e consumo interno de petróleo, política de segurança energética e
diplomacia chinesa, em especial da diplomacia do petróleo chinês.
Como o assunto abordado é muito atual e recente, não existe uma extensa
bibliografia, o que é uma limitação. O que realmente norteou a pesquisa são as
publicações periódicas dos organismos ou organizações que lidam diretamente com o
assunto, como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Agência
Internacional de Energia (AIE), Administração da Informação Energética (AIE) dos
Estados Unidos, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), Comissão Nacional da Reforma e Desenvolvimento (CNRD), do governo
chinês, relatórios anuais das empresas petrolíferas chinesas, além de revistas
especializadas e trabalhos científicos.
9
1.8 – Organização da Dissertação
A presente dissertação está organizada de maneira que os capítulos sejam
evolutivos, dentro do assunto a ser abordado.
Dessa maneira, os capítulos estão organizados da seguinte forma:
Capítulo 1. Breve análise da mudança da condição de exportador de petróleo ao de
importador de petróleo e gás e a necessidade de criação da diplomacia do petróleo com
a conseqüente internacionalização das empresas estatais de petróleo chinesas.
Capítulo 2. Tendo em vista que a China detém altas taxas de crescimento econômico e
a sua matriz energética é bastante dependente do petróleo e gás importado, esse capítulo
mostrará a importância do mercado internacional de petróleo no suprimento da demanda
de energia chinesa.
Capítulo 3. O objetivo desse capítulo é analisar o uso do carvão na matriz energética
chinesa como a principal fonte energética, além de ser um substituto ao petróleo, pois a
China detém a terceira maior reserva do mundo sendo o seu maior consumidor. Há
também a análise da atuação interna das três maiores companhias petrolíferas do país.
Capítulo 4. Esse capítulo tem o objetivo de fazer um levantamento histórico sobre as
reformas ocorridas na China após a morte de Mao Tse Tung, no que diz respeito à
política externa e como a China desenvolveu e aplica essa nova política junto aos
vizinhos asiáticos, aos países em desenvolvimento e aos desenvolvidos.
Capítulo 5. O capítulo apresentará a internacionalização das empresas petrolíferas
chinesas como implementação da diplomacia petrolífera chinesa, a partir da atuação das
suas operações nos países e regiões produtoras de petróleo e gás natural .
10
Capítulo 6. Esse capítulo abordará a internacionalização da CNPC, analisando os dados
(operações no exterior da empresa de petróleo bruto, gás natural e petroquímica)
apresentados pela empresa nos anuários entre 2003-2008.
Capítulo 7. As considerações finais e sugestões estão elencadas nesse capítulo.
11
CAPÍTULO II – A IMPORTÂNCIA DO SUPRIMENTO EXTERNO D E PETRÓLEO PARA A CHINA
2.1- Introdução
O abastecimento de petróleo para a China é realizado atualmente em sua maior
parte pelo Oriente Médio, África, Ásia Central e América do Sul, tendo nessas regiões o
Irã, Sudão, Cazaquistão e Venezuela como seus principais exportadores. O
fornecimento proveniente dessas quatro regiões possibilitou a diversificação dos
fornecedores, acarretando em um suprimento de maior confiança, e conseqüentemente
uma estabilidade na segurança energética.
A China importou 3,568 milhões de barris de petróleo por dia em 2008 e 3,585
milhões de barris de petróleo por dia nos cinco primeiros meses de 2009. O Oriente
Médio e a África forneceram quase 70% das importações deste petróleo para a China.
Dentro dessas regiões, os maiores fornecedores foram Arábia Saudita e Angola, com
cerca de 16% de participação no mercado cada um. A Rússia supriu 11% das
importações, totalmente transportados por ferrovias (WEO, 2007).
Em 2007 as importações de petróleo mantiveram uma estabilidade em relação ao
ano anterior, tendo em vista que as importações atingiram mais de 3,6 milhões de
toneladas de barris por dia e o surgimento de novos fornecedores, incluindo o Sudão,
Cazaquistão e Guiné Equatorial (WEO, 2007).
De toda importação de petróleo da China em 2007, cerca de 70 a 80% foram
transportados através do Estreito de Málaca. O volume do tráfico no Estreito está
próximo de sua capacidade total. Além disso, como os Estados Unidos tem expandido a
atuação de sua força militar na região, os canais de transporte de petróleo têm se tornado
um problema vital para a segurança petrolífera chinesa. Pelo fato do país realizar
contratos de fornecimento de longo prazo, tornou-se necessário o desenvolvimento de
rotas de transporte que utilizem diferentes trajetos para esta importação de energia
(Khan, 2008).
As participações de empresas chinesas na produção de petróleo no exterior foi
cerca de 370 mil barris por dia em 2004, a maior parte foi realizada pela CNPC e
CNOOC na África e Cazaquistão. Já em 2006 esta produção cresceu para 600 mil barris
por dia (WEO, 2007). Desta produção, a estimativa é de que 40% a 50% são
12
transportados para a China. A participação da produção externa de petróleo das
empresas chinesas poderá aumentar para 1 milhão de barris por dia a partir de 2010,
equivalente a cerca de 10% das necessidades totais de petróleo do país, embora nem
toda sua produção deverá ser transportado para a China por razões técnicas e de custos
(WEO, 2007). 3
2.2 - Oriente Médio
Embora a China esteja tentando diversificar seus fornecedores de petróleo e gás,
ainda sim, ela depende dos países do Oriente Médio, haja vista que a região é
responsável pela metade das suas importações de petróleo, com Arábia Saudita e Irã
fornecendo aproximadamente 32% das importações de petróleo da China (figura 2.1).
Mesmo tendo operações de produção de petróleo em outros países da região resolvemos
abordar apenas esses dois países nesse capítulo, pela relevância mencionada
anteriormente.
Figura 2.1. Países de origem do petróleo importado pela China em 2008 e nos primeiros cinco meses de 2009. Fonte: EIA.
3 1 Tone crude oil = 7.9 barrels. ( China’s Energy Drive and Diplomacy - Hamayoun Khan).
13
2.2.1- Arábia Saudita
A Arábia Saudita é o maior produtor mundial de petróleo, como podemos ver na
tabela 2.1. Com aproximadamente 264 bilhões de barris das reservas provadas de
petróleo mundiais é um dos países com o menor custo de produção de petróleo no
mundo. A Arábia Saudita deverá continuar por muito tempo como um dos maiores
exportadores mundiais de petróleo (EIA, 2009), o que a torna uma boa fonte de
suprimento para os importadores, inclusive a China.
Tabela 2.1. Produção de petróleo dos países produtores e regiões em 2008.
Fonte: BP Statistical Review
14
A Arábia Saudita exportou 8,4 milhões de barris de petróleo liquido por dia em
2008, a maior parte foi em petróleo bruto. A Ásia, incluindo Japão, Coréia do Sul,
China e Índia, importaram 50% de toda exportação de petróleo bruto saudita, assim
como a maioria dos produtos refinados de petróleo e GNL exportados.
A Arábia Saudita consolidou sua posição como o maior fornecedor de petróleo
cru da China, de acordo com o Chinese General Administration of Customs
(Administração Geral da Alfândega Chinesa). A Arábia Saudita forneceu 26,33 milhões
de toneladas de petróleo cru para a China em 2007, equivalente a cerca de 528 mil
barris por dia (bpd). Embora a energia seja o principal produto nas relações comerciais,
a relação Sino-Arábia se estende além da esfera energética. A Arábia Saudita tem
também emergido como o principal parceiro comercial da China na região, com o
montante do comércio bilateral Sino-Saudita de 14 bilhões de dólares em 2005, e
ultrapassando 20,14 bilhões de dólares em 2006 (Khan, 2008).
2.2.2- Irã
O Irã é o quarto maior produtor mundial de petróleo e o quarto maior exportador
mundial (AIE, 2009).
Segundo a Administração da Informação Energética dos Estados Unidos, o Irã
tem 137,6 bilhões de barris de reservas provadas de petróleo (figura 2.2), ou
aproximadamente 10 % de toda reserva mundial provada (AIE, 2009).
Em 2007, o Irã produziu 3,8 milhões de barris de petróleo bruto por dia (vide
figura 02). Em 2008, a estimativa era de uma produção de aproximadamente de 3,8
milhões de barris/dia. O Irã, membro da OPEP, ampliou os cortes de produção de
petróleo no final de 2008, o que gerou uma produção menor de 3,6 milhões de barris
por dia, seguindo recomendações da OPEP, em virtude da redução do consumo com a
crise mundial. A capacidade atual de produção de petróleo bruto iraniano é estimada em
3,9 milhões de barris por dia (AIE, 2009).
O Irã tem uma importância vital para a garantia do suprimento de petróleo para a
China, já que o país é o seu terceiro maior fornecedor de petróleo com 16% de
participação (Boletim OPEC Julho de 2008), além de terem projetos em andamento no
setor energético envolvendo bilhões de dólares, como analisaremos posteriormente.
15
Em 2007, o Irã exportou 2,458 milhões de barris de petróleo/dia. Desse total 411
mil barris por dia foram exportados para a China (AIE), como mostra a tabela 2.2, ou
16,7% de sua exportação.
Figura 2.2. Maiores reservas mundiais medidas de petróleo em janeiro de 2009. Fonte: AIE.
16
Tabela 2.2. Os principais destinos das exportações iranianas de petróleo bruto em 2007.
Fonte: EIA.
2.2.3 – Acordos Energéticos entre Irã e China
O Irã e a China têm acordos de cooperação na área energética. Entre estes, a
China Petrochemical Corporation (Sinopec) e o Ministério do Petróleo do Irã
assinaram em 9 de dezembro de 2007 um contrato de cerca de 2 bilhões de dólares, no
desenvolvimento do campo petrolífero de Yadavaran no sudoeste do Irã (Khan, 2008).
O projeto deverá ser concluído em duas fases. A primeira fase produzirá 85 mil bpd e
será concluída em quatros anos, e a segunda fase produzirá outros 100 mil bpd a ser
concluído em outros três anos (tabela 2.3).
17
Tabela 2.3. Projetos de produção de petróleo bruto no Irã até 2015.
NOVOS PROJETOS DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO ATÉ 2015
CAMPO EMPRESA MILHARES DE BARRIS -
DIA INÍCIO
Fase I do Azadegan (Sul) NIOC 50 2009
Fase II Darquain NIOC & ENI 60 2009
Fase I Jofeir NIOC & Belarusneft 15 2010
Kushk-Hosseinieh NIOC 300 2010
Fase II Jofeir NIOC & Belarusneft 25 2012
Fase I Anaran NIOC & TBD 68 2012
Fase I Yadaravan NIOC & Parceiros chineses 85 2012
Fase II Azadegan (Norte) NIOC 170 2012
Fase II Anaran NIOC & TBD 130 2015
Fase II Yadaravan NIOC & Parceiros chineses 185 2015
TOTAL POTENCIAL 1,088
Fonte: EIA.
Outro acordo firmado entre Irã e China prevê investimento de 16 bilhões de
dólares para desenvolver um campo de gás iraniano e construir uma planta de gás
natural liquefeito (GNL) (China’s Energy Drive and Diplomacy). O contrato entre a
China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) e o Irã foi primeiro anunciado no
final de 2006. Por seu turno, a CNOOC comprará 10 milhões de toneladas por ano de
GNL a serem produzidas, durante 25 anos. O contrato envolverá a CNOOC, investindo
5 bilhões de dólares em projetos de exploração e produção dos campos gasíferos e 11
bilhões de dólares em projetos de tratamento, transporte, comercialização e distribuição
do gás produzido nas plantas de GNL (Khan, 2008).
Tem havido uma grande pressão ocidental em relação ao programa nuclear
iraniano. Esta pressão se opera também sobre a China no que diz respeito aos negócios
realizados com o Irã. A China, por outro lado, tem, às vezes, apoiado as pressões da
comunidade internacional para resolver esse assunto. Assim, a China votou com o
18
Conselho de Segurança da ONU para o fim do programa nuclear iraniano em 31 de
agosto de 2006 (China’s Energy Drive and Diplomacy), em 23 dezembro de 2006
(China’s Energy Drive and Diplomacy) e em 4 de março de 2008 (Khan, 2008).
2.3 – África
Dos 10,6 bilhões de dólares investidos em recursos minerais na África por
empresas chinesas, 71 % foram destinados ao setor petrolífero (tabela 2.4). Embora 26
países tenham recebidos algum tipo de investimento no desenvolvimento de projetos
nos recursos naturais, Nigéria e Angola foram, de longe, os maiores destinos dos
investimentos, predominantemente em petróleo (WORLD BANK, 2009).
A expansão das empresas petrolíferas chinesas dentro dos mercados africanos é,
talvez, o aspecto das relações sino-africanas que mais preocupa a comunidade
internacional (TAYLOR, 2009).
Entretanto é necessária uma observação. Muitos dos ativos adquiridos pelas
empresas chinesas de petróleo são de magnitude e qualidade que não interessam às
empresas petrolíferas ocidentais (TAYLOR, 2009). Além disso, as companhias chinesas
de petróleo são ainda pequenos players no continente africano: “O valor comercial dos
investimentos feitos por empresas chinesas no petróleo africano é de 8 % do
investimento total das empresas internacionais de petróleo no setor petrolífero africano
e de apenas 3% do investimento de todas as empresas de petróleo realizados no setor de
petróleo africano” (DOWNS, 2007 apud TAYLOR, 2009).
A China tem também tido um especial interesse nos países que estão se
iniciando na identificação e exploração de novos blocos de hidrocarbonetos. Por
exemplo, em 2006, a CNOOC comprou 50 % de um bloco de petróleo que cobria sete
bacias sedimentares no Chade, antes pertencentes à petrolífera canadense EnCana.
Posteriormente, a CNOOC fez sua primeira descoberta comercial de petróleo no Chade,
em meados de 2007. Além disso, as companhias petrolíferas chinesas têm atividades de
exploração em andamento em vários países que ainda não são considerados produtores
19
de petróleo, como República da Centro-africana, Etiópia, Libéria, Madagascar e
Somália (WORLD BANK, 2009).
Tabela 2.4. Investimentos chineses em petróleo no continente africano entre 2001 e 2007 (em milhões de dólares).
PAÍS PETRÓLEO
ANGOLA 2,400
CHADE 203
COSTA DO MARFIM -
GUINÉ EQUATORIAL -
GABÃO -
QUÊNIA -
LIBÉRIA -
MADAGASCAR 103
MALI -
MAURITÂNIA -
MOÇAMBIQUE -
NÍGER -
NIGÉRIA 4,762
REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA -
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO -
REPÚBLICA DO CONGO -
SÃO TOMÉ E PRINCÍPE -
SOMÁLIA -
SUDÃO -
TOTAL 7,476
Fonte: WORLD BANK, 2009.
20
Todavia, esse vigoroso crescimento do comércio dos recursos naturais entre
China e África é analisada a partir de uma base, de comparação baixa, haja visto que o
comércio bilateral entre China e África só se expandiu nos últimos anos. O fato é que as
empresas de petróleo da China são relativamente retardatárias na exploração e produção
de petróleo neste continente. Deste modo, os 7, 5 bilhões de dólares de investimento
chineses no setor petrolífero africano anteriormente mencionado, são menos do que um
décimo dos 168 bilhões de dólares que outras companhias internacionais de petróleo
têm investido na região (DOWNS, 2007 apud WORLD BANK, 2009).
Uma análise na tabela 2.5 revela que – com a exceção da África do Sul, cuja a
economia industrial é bem desenvolvida – as importações chinesas da África são
principalmente dos países produtores de petróleo.
Tabela 2.5. Os cinco maiores países africanos exportadores para a China, entre 2004 e 2006 (em milhões de dólares).
Fonte: TAYLOR (2009).
No mesmo sentido, a tabela 2.6 ilustra o domínio do petróleo no perfil das
exportações africanas para a China (cerca de 70%) entre os anos de 1996 a 2005. Isso,
talvez, explique como as atividades da China nas indústrias de petróleo no continente
Africano têm recebido muita publicidade (TAYLOR, 2009).
21
Tabela 2.6: Composição da pauta de exportações dos países sub-sahariano para a China (1996-2005).
1996 2005
PRODUTO US$ % US$ %
ALIMENTOS E ANIMAIS VIVOS 30,510 2.7 111,265 0.6
BEBIDAS E TABACO 55,244 4.9 130,675 0.7
MATÉRIAS-PRIMAS, EXCETO COMIDA E COMBUSTÍVEL
563,237 50.3 2.991,326 15.9
COMBUSTÍVEL MINERAL, LUBRIFICANTES 278,530 24.9 13.302,923 70.9
PRODUTOS ANIMAL E VEGETAL 94 0.0 2,576 0.0
QUIMÍCA E PRODUTOS QUÍMICOS 31,115 2.8 203,443 1.1
PRODUTOS MANUFATURADOS 145,007 13.0 1.941,324 10.3
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE 6,948 0.6 66,893 0.4
DIVERSOS ARTIGOS MANUFATURADOS 8,544 0.8 8,868 0.0
TOTAL 1.119,229 100.0 18.759,293 100.0
Fonte: TAYLOR (2009).
2.3.1 - África Sub-sahariana
As empresas chinesas de petróleo têm adquiridos direitos de produção e
exploração nos seguintes países da África Sub-sahariana: Angola, Chade, República do
Congo, Costa do Marfim, Guiné Equatorial, Etiópia, Gabão, Quênia, Mali, Mauritânia,
Niger, Nigéria, São Tomé e Príncipe e Sudão. Além da exploração e produção, as
empresas chinesas estão realizando importantes investimentos no desenvolvimento e
implantação de oleodutos, refinarias e terminais, particularmente na Nigéria e no Sudão
(WORLD BANK, 2009).
A participação da África Sub-sahariana nas importações chinesas de petróleo
tem aumentado rapidamente. Era de menos de 23 % em 2001 e passou a 29 % em 2006
(figura 2.3).
22
A região possui as maiores reservas medidas de petróleo no continente africano
(figura 2.4). Como conseqüência, a África Sub-sahariana tornou-se a segunda maior
fornecedora de petróleo para a China, sendo suplantada apenas pelo Oriente Médio e o
Norte da África somados (figura 2.5 (a)).
Dentro da África Sub-sahariana (ASS), Angola é, de longe, o maior fornecedor,
com cerca de 50 % das exportações de petróleo da região para a China no período 2001-
06 (figura 2.5 (b)).
Figura 2.3: Participação da África Sub-Sahariana nas importações de petróleo pela China entre os anos de 2001 a 2006. Fonte: WORLD BANK, 2009.
23
Figura 2.4: Reservas medidas de petróleo na África em 2007. Fonte: KHAN, 2008.
Angola tornou-se o segundo maior fornecedor de petróleo para o mercado
chinês, depois da Arábia Saudita, e durante os primeiros 10 meses de 2006, tornou-se o
maior fornecedor, sendo suplantada pela Arábia Saudita no final do ano de 2006 por
0,42 milhões de toneladas. Angola recuperou a posição de maior fornecedor de petróleo
para a China na primeira metade de 2008, com uma diferença de 0,47 milhões de
toneladas para o país saudita (ROTBERG, 2008).
24
Figura 2.5: Regiões exportadoras de petróleo para China e os países exportadores da África Sub-sahariana entre 2001 a 2006. Fonte: WORLD BANK, 2009.
O segundo maior fornecedor Africano é o Sudão (18 % do total das exportações
de petróleo da região para a China), República do Congo (13 %) e Guiné Equatorial (11
%). Analisando da perspectiva dos produtores de petróleo da África Sub-sahariana, a
China é um cliente estratégico, tendo em vista que suas importações atingem 53 % das
exportações de petróleo do Sudão, e 30 % das exportações de petróleo de Angola, no
período 2001-06. É interessante observar que a Nigéria não se apresenta como um
player importante no comércio de petróleo sino-africano, embora isso possa mudar dado
o volume dos contratos recente celebrados (WORLD BANK, 2009).
2.4 – Ásia Central
Reforçando o suprimento energético para assegurar o seu crescimento
econômico, e a perspectiva de garantir acesso ao petróleo e gás da região, a política
externa chinesa também se volta de forma crescente, para a Ásia Central. Motivada pela
dependência energética da China nas turbulentas regiões do Oriente Médio e África, a
tentativa de diversificação de fontes de suprimento energético, é visto como fator que
25
justifica as atenções da sua política externa para estes países (KHAN, 2008).
Abordaremos o Cazaquistão e a Rússia (apesar da Rússia ter uma parte do seu território
na Europa, a produção petrolífera acontece na porção asiática), pois são os países da
Ásia Central mais significativos no que tange ao suprimento de petróleo para a China.
Dos 3,568 milhões de barris/dia de petróleo bruto importados em 2008 , 345 mil (quase
10 % do total) foram fornecidos pela Rússia e o Cazaquistão (EIA, 2009).
2.4.1- Rússia
As exportações russas de petróleo bruto para a China passou de
aproximadamente 200 mil barris/dia em 2005 para 300 mil barris/dia em 2006 (EIA,
2009).
O fornecimento de petróleo russo à China é feito através de ferrovia, pois é o
único meio de transporte de petróleo bruto para o leste asiático. Na ausência de um
oleoduto, o petróleo bruto russo é exportado via ferrovia para as cidades no nordeste
chinês como Harbin e Daqing, além da China central via Mongólia (EIA, 2009).
As exportações russas de petróleo bruto para a China atingiram uma média de
232 mil barris por dia em 2008 (EIA, 2009), enquanto nos primeiros cinco meses de
2009 a média passou para 299 mil barris por dia (figura 2.6).
26
Figura 2.6: Os principais fornecedores de petróleo bruto para a China, entre os meses de janeiro a maio de 2009. Fonte: Global Econ Stats.
2.4.2 – Acordos energéticos entre Rússia e China
Também entre China e Rússia tem crescido o número de acordos envolvendo as
áreas de petróleo e gás natural. Um deles é o contrato de empréstimo, em troca por
petróleo, assinado pelos dois países, no mês de abril de 2009, no qual a China fornece
empréstimo de longo prazo no valor de 25 bilhões de dólares (10 bilhões de dólares do
oleoduto da Transneft e outros 15 bilhões de dólares para a principal estatal russa de
petróleo, a Rosneft). Em troca a Rússia fornecerá 300 milhões de toneladas de petróleo,
entre 2011 a 2030. Esse suprimento de petróleo é equivalente a cerca de 4 % do
consumo diário da China (China Daily - China, Russia to enhance mutual investment –
27 de abril de 2009).
A Rússia lançou o projeto de 22 bilhões de dólares de Gás Natural Liquefeito
(GNL) em Sakhalin (uma ilha no pacífico), abrindo uma nova fronteira de suprimento
de energia para a Ásia e para a América do Norte, seguindo a orientação do Kremlin de
27
diversificar os mercados de sua exportação de energia. A inauguração do projeto
Sakhalin-2 acontece depois de anos de atrasos e disputas políticas sobre o controle do
empreendimento em que a Royal Dutch Shell foi forçada a vender o controle para a
Gazprom, estatal russa que possui o monopólio do gás, no auge da política do Kremlin
de retomada do controle do setor energético, em 2006 (Financial Times, Russia opens
new enegy supply front to Ásia – 19 de fevereiro de 2009).
2.4.3 - Cazaquistão
O Cazaquistão tem, na região do Mar Cáspio, as maiores reservas de petróleo do
país. Esta produção é responsável por mais da metade dos 2,8 milhões de barris de
petróleo por dia, atualmente produzidos na região (incluindo as produções do
Arzerbaijão, Uzbequistão e Turcomenistão) (EIA, 2009).
Em 2007, o Cazaquistão exportou cerca de 1,2 milhões de barris por dia de
petróleo bruto para vários países. Desse total, 85 mil barris foram enviados para a
China. Em 2008 as exportações passaram para 113 mil barris de petróleo bruto por dia
(EIA, 2009).
2.4.4 – Acordos energéticos entre Cazaquistão e China
Um oleoduto de 980 quilômetros de extensão, com capacidade para transportar
200 mil barris de petróleo bruto/dia, liga as cidades de Atasu, no noroeste do
Cazaquistão, para Alashankou no noroeste da China, região de Xinjiang. Com esse
oleoduto, o Cazaquistão está exportando petróleo do Mar Cáspio para atender ao
crescimento da demanda chinesa. A Petrochina é o comprador exclusivo de petróleo
bruto pelo lado chinês, e a operação comercial do oleoduto é uma joint venture entre a
CNPC e a Kaztransoil. Cerca de 85 mil barris/dia de petróleo bruto cazaques foi
bombeado através do oleoduto durante 2007 (EIA, 2009).
A fonte do petróleo do Cazaquistão para o oleoduto é proveniente do campo de
Aktobe, da CNPC e do campo de Kumkol no Kazmunaigaz. Com a garantia de
suprimento de longo prazo, tem-se como prioridade a expansão da capacidade de
28
transporte do oleoduto Cazaquistão/China para 400 mil barris/dia. A quantidade de
petróleo bruto fornecido para a China através dessa rota representará um pequeno
percentual (menos de 5 %) da demanda chinesa por petróleo no momento que o projeto
atinja sua plenitude (EIA, 2009).
A construção da segunda parte do oleoduto Cazaquistão-China começou no final
de setembro de 2004 e foi completada em 2006. O petróleo bruto atingiu o lado chinês
em 29 de julho de 2006, cerca de dois meses antes do previsto pelo cronograma. A etapa
final do projeto, marcado para ser concluído durante 2009, conectaria Kenkiyak e
Kumkol a um custo de um bilhão de dólares (EIA, 2009).
2.5 – América do Sul
A América do Sul é um importante aliado para as pretensões energéticas
chinesas no âmbito da segurança energética, haja vista as grandes reservas de petróleo
que a região possui (tabela 2.7) e a crescente exportação sul-americana (Venezuela) de
petróleo bruto para a China. Isto poderá se intensificar em virtude dos anúncios de
descobertas e certificações de reservas de petróleo, tanto no Brasil quanto na Venezuela,
motivo pelo qual, abordaremos nesse capítulo apenas esses dois produtores sul-
americanos.
Tabela 2.7: Reservas medidas de petróleo dos produtores sul-americanos em 2008.
PAÍS RESERVAS DE PETRÓLEO
(Em bilhões de barris)
VENEZUELA 99.4
BRASIL 12.6
EQUADOR 3,8
ARGENTINA 2.6
COLÔMBIA 1.4
PERU 1,1
Fonte: O autor a partir de dados coletados do BP Statistical Review of World Energy 2009.
29
2.5.1 - Venezuela
A Venezuela possui grandes reservas de petróleo, a maior parte está situada na
bacia do Orinoco, na porção central da Venezuela. Estimam-se reservas recuperáveis de
100 a 270 bilhões de barris.
O país planeja desenvolver novos recursos petrolíferos da bacia do Orinoco nos
próximos anos. A PDVSA começou um programa de certificação das reservas para
aumentar as reservas provadas de petróleo do país. O programa, intitulado “Grande
Reserva”, inclui estudos sísmicos conduzidos pela PDVSA e por várias empresas
estrangeiras, parceiras em 27 blocos, como primeira etapa para o desenvolvimento das
reservas da bacia do Orinoco. A PDVSA tem parceria quase que exclusivamente com
empresas petrolíferas nacionais para o programa, incluindo a Petrobrás (Brasil),
Petropars (Irã), CNPC (China) e ONGC (Índia).
Em 2008, a Venezuela anunciou que o projeto tinha a certificação de 50 bilhões
de barris de novas reservas, quase a metade das existentes no bloco Carabobo, que tem
sido explorado conjuntamente entre a PDVSA e a Petrobrás (EIA, 2010). Com isso a
Venezuela torna-se uma fonte estratégica para os interesses energéticos chineses, pois as
exportações de petróleo venezuelano para a China têm crescido (vide tabela 2.8).
Tabela 2.8: As exportações de petróleo da Venezuela para a China entre 2005 e 2008.
ANO PETRÓLEO (MIL BARRIS POR DIA)
2005 39
2006 80
2007 80
2008 121
Fonte: O autor a partir dos dados coletados na EIA.
Um dos crescimentos mais rápidos no que tange aos destinos das exportações de
petróleo bruto venezuelano tem sido para a China. Em 2007, a China importou cerca de
30
80 mil barris/dia de petróleo da Venezuela, aproximadamente a mesma quantidade em
2006, e superior aos 39 mil barris por dia em 2005. Mas, em 2008, houve crescimento
de 50% em relação ao ano anterior.
A Venezuela é a maior fornecedora de petróleo da America Latina para a China.
A China e Venezuela assinaram, em 16 de setembro de 2009, um acordo de 16 bilhões
de dólares para aumentar a produção de petróleo na bacia do rio Orinoco. Esse acordo é
uma demonstração do interesse dos dois países em ampliar o comércio petrolífero, já
que as exportações atingiram 385 mil toneladas de petróleo por mês no primeiro
semestre de 2009, tornando-se um recorde, pois o recorde anterior era de 380 mil
toneladas exportadas por mês na primeira metade de 2007. (China Daily - Venezuela,
China ink $16b oil deal - 18 de setembro de 2009).
China e Venezuela assinaram cinco acordos de cooperação energéticos no
começo de 2005. Neles a Venezuela se comprometeu a fornecer 100 mil barris por dia à
China, e também acordou no aumento do papel a ser exercido pela China National
Petroleum Corporation (CNPC) no desenvolvimento da indústria energética na
Venezuela. (EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007)
2.5.2 – Brasil
Em decorrência de descobertas recentes, o Brasil vai se transformando num
agente importante do mercado petrolífero e já atrai o interesse chinês. O país produziu
em 2008, 2,435 milhões de barris de petróleo bruto/dia, o que o posiciona como o
segundo maior produtor de petróleo da América do Sul, atrás apenas da Venezuela
(figura 2.7).
31
Figura 2.7. Os cinco maiores produtores sul-americanos de petróleo em 2008. Fonte: EIA.
Além da grande produção, o Brasil vislumbra, a médio prazo, tornar-se um
importante exportador de petróleo e gás natural, em virtude das descobertas de petróleo
em alto mar (offshore), o “pré sal”, de onde poderão ser extraídos dezenas de bilhões de
barris de petróleo. Isto possibilitará ao país ser um provável fornecedor expressivo de
petróleo para a China, haja vista a boa relação comercial existente entre os dois países,
em que a China é o principal destino das exportações brasileiras (principalmente
minério de ferro e soja), o que tornou este país o maior parceiro comercial brasileiro.
32
CAPÍTULO III - O CARVÃO NA CHINA E AS EMPRESAS PETR OLÍFERAS CHINESAS
3.1 – Introdução
O objetivo desse capítulo é analisar o uso do carvão na matriz energética
chinesa, como a principal fonte energética, além de ser um substituto ao petróleo (as
importações atingiram mais de 3,5 milhões de barris de petróleo por dia em 2008), pois
a China detém a terceira maior reserva do mundo e sendo o seu maior consumidor; além
da análise da atuação interna das três maiores companhias petrolíferas chinesas, que são
CNPC, SINOPEC e CNOOC, respectivamente.
3.1.1 – O carvão na China: realidade
Em 2007, 2,5 bilhões de toneladas de carvão foram produzidas na China, quase a
metade da produção global do mineral. O carvão é o combustível mais importante da
China, com cerca de 63% de participação na matriz energética, maior do que a média
mundial. Entretanto, a produção de carvão e o seu uso acarretam grandes problemas
sociais e ambientais (OECD/IEA, 2009), e possui desafios em seu futuro.
A China reconhece que os desafios energéticos são urgentes e há um aumento na
demanda por carvão que a economia chinesa requer, para atender os objetivos de
desenvolvimento nacional. Internacionalmente, as implicações para o ambiente regional
e global, para o comércio mundial de carvão e para a posição econômica da China tem
atraído atenção dos países e organizações internacionais (IEA, 2009).
As reservas de carvão da China são vastas, acima de mil bilhões de toneladas, e
suas reservas medidas são de 189 bilhões de toneladas, suficientes para atender por 70
anos o atual nível de produção. Embora a China não enfrente a escassez do mineral, ela
se depara com grandes desafios:
• A média da profundidade da mineração de carvão está aumentando, com
conseqüente aumento dos custos; as taxas de retorno baixas.
33
• Muitas minas estão localizadas em áreas ambientalmente sensíveis, com
recursos aqüíferos limitados.
• Um dos problemas da mineração chinesa, em especial da carbonífera, é o
elevado número de acidentes e mortes. Este número está caindo, mas continua
inaceitavelmente alto.
• As rotas do transporte de carvão são relativamente longas e congestionadas.
• Necessidade de reestruturação para fechar pequenas minas de carvão, deixando
de criar muito empregos.
• Investimento em novas minas de carvão e infra-estrutura de transporte serão
necessárias para atender ao crescimento previsto da demanda (OECD/IEA,
2009).
3.1.2 - Reservas e Produção
Um programa de prospecção que está atualmente em curso visa aumentar ainda
mais as reservas comprovadas de carvão, sendo financiado com os recursos dos direitos
minerais. A produção do carvão na China é destinado aos grandes centros
consumidores, que estão localizados no leste industrializado e no sudeste (figura 3.1).
Cerca de 80% da produção de carvão está localizado nas províncias de Shaanxi,
Mongólia Interior, Xinjiang, Ningxia, Hebei, Gansu e Qinghai. Shaanxi tem a maior
parte das reservas de carvão, com 26 bilhões de toneladas, ou 38% das reservas totais.
Cerca de 6% das reservas de carvão estão localizadas nas províncias costeiras. Para
atingir os consumidores, grande parte da produção é transportada por longas distâncias
através de trens, resultando em congestionamento do sistema ferroviário e elevando
muito os custos de transporte (WORLD ENERGY OUTLOOK, 2007).
O nível de produtividade está em torno de 500 toneladas por trabalhador por
ano, taxa de produtividade considerada baixa, principalmente porque há um grande
número de trabalhadores em minas pequenas. Métodos manuais de mineração são
usados em pequenas minas (existem pelo menos 20 mil minas e muitas vezes o
rendimento é de apenas 100 toneladas por trabalhador/ano). Por outro lado, a China
também tem muitas minas de carvão com alta produtividade, empregando equipamentos
de grande porte. Por exemplo, o Shenhua Group opera minas subterrâneas nas fronteiras
34
de Shaanxi e Mongólia Interior que são consideradas de grande eficiência no mundo.
Cinco minas, Daliuta, Bulianta, Yujialiang, Kangjiatan e Shangwan, têm uma produção
individual anual de mais de 10 milhões de toneladas, assim como uma produtividade
total de 30 mil toneladas por trabalhador por ano. Em 2006, Bulianta tornou-se a
primeira mina chinesa subterrânea com produção acima de 20 Mt por ano (WORLD
ENERGY OUTLOOK, 2007).
Figura 3.1- Produção de carvão por região na China. Fonte: Pequim HL Consultoria(2006) apud World Energy Outlook, 2007.
35
3.1.4 – Mercado Interno
O uso de carvão na geração de energia na China em 2007 foi de 1,03 bilhão de
toneladas de um total de 2,58 bilhões de toneladas , ou seja, uma participação de 40%
do total consumido, isso demonstra a importância do mineral para geração de energia do
país (China Statistical Yearbook, 2009).
Além de seu grande uso como insumo para produção de eletricidade, a China
vem desenvolvendo outro uso do carvão, o carvão liquefeito. Porém, o governo
preocupa-se com vários fatores, como o potencial fator de poluição dos recursos
aqüíferos e a escassez de suprimento do carvão (IEA, 2009).
Foi aprovada a construção de uma planta de carvão liquefeito da Shenhua
Group, visto que sua localização era uma elemento facilitador de sua implementação
dentro da região autônoma da Mongólia Interior. A construção da primeira fase da
planta foi concluída no final de 2008, mas a produção inicial revelou um grande número
de problemas no processo de produção (Down Jones International News, 2009 apud
IEA, 2009). Seguindo algumas modificações corretivas, nova produção era esperada
para o final de 2009, e a produção comercial era esperado para iniciar no começo de
2010. A planta tem uma capacidade inicial de 20 mil barris por dia (Energy Infomation
Administration, 2009 apud IEA, 2009). Dependendo do sucesso inicial e da operação
comercial na primeira fase, os planos da Shenhua para uma eventual expansão da sua
capacidade são de 100 mil barris por dia (IEA, 2009).
A China foi um grande exportador de carvão. No entanto, seu consumo
crescente, e até restrições governamentais, reduziram esta exportação. Assim, o país que
era grande exportador passou a importador líquido (FURTADO, 2009).
Pela tabela 3.1, constata-se a diminuição das exportações de carvão entre 2003
(93,88 milhões de toneladas) e 2007 (53,17 milhões de toneladas), ao passo que as
importações de carvão aumentaram de 10,76 milhões de toneladas em 2003 para 51,02
milhões de toneladas em 2007.
Em relação a coque não é diferente, como podemos analisar na tabela 3.2.
Mesmo ocorrendo oscilações entre aumento e diminuição das exportações, a tendência
de diminuição é evidente ao compararmos o ano de 2006 (14,500 milhões de toneladas)
ao de 2007 (1,530 milhão de toneladas).
36
Tudo parece indicar que o país será um grande importador de carvão mineral.
Isto faz com que empresas chinesas se interessem por investir em carvão mineral no
exterior, como na Austrália, Indonésia e outros países mais próximos (FURTADO,
2009).
Tabela 3.1: Comércio exterior de carvão da China entre 1998 e 2007.
Ano Exportação (milhão t)
Exportação (milhão US$)
Importação (milhão t)
Importação (mil US$)
1998 32,29 1.067,788 1,58 68,454
1999 37,41 1.083,747 1,67 60,858
2000 55,05 1.459,452 2,12 68,598
2001 90,12 2.666,388 2,49 87,502
2002 83,54 2.562,007 10,81 328,460
2003 93,88 2.750,324 10,76 364,304
2004 86,66 3.811,241 18,61 886,723
2005 71.68 4.272,138 26,17 1.383,686
2006 63,23 3.672,114 38,25 1.618,809
2007 53,17 3.295,498 51,02 2.421,605
Fonte: USGS, 2008 apud Furtado, 2009.
37
Tabela 3.2: Exportação de coque pela China entre 1998 e 2007.
Ano Quantidade (mil t) Valor (mil US$)
1998 11,460 789,390
1999 9,970 551,217
2000 15,200 1.459,452
2001 13,890 928,240
2002 13,570 957,500
2003 14,720 1.672,361
2004 15,010 3.948,769
2005 12,760 2.340,584
2006 14,500 2.007,667
2007 1,530 3.053,963
Fonte: USGS, 2008 apud Furtado, 2009.
3.1.5 – Desafios do Setor
A China intensificará seus esforços em prospecção de mais jazidas de carvão. O
país também prevê a fusão e reorganização das empresas estatais, criando grandes
conglomerados de mineração de carvão, cada um com capacidade de produção anual de
100 milhões de toneladas (State Council of the People’s Republic of China, 2007).
O governo chinês está consciente de que a mineração de carvão necessita ser
modernizada e expandida a fim de satisfazer a demanda futura. Está dando prioridade à
explotação das reservas em Shanxi, Shaaanxi e na parte oeste da Mongólia (área de
“Mengxi”). A longo prazo, irá explotar a chamada “reserva de carvão do oeste”,
compreendendo Xinjiang, Gansu, Ningxia e Qinghai. O governo tem declarado que o
setor de carvão é um dos sete setores em que empresas estatais devem permanecer sob o
controle do Estado. A consolidação da indústria e uma maior mecanização são
prioridades da Comissão Nacional da Reforma e Desenvolvimento (CNRD) no esforço
de aumentar a produtividade e melhorar a eficiência na aplicação dos recursos, com um
objetivo de aumentar a taxa de recuperação de 46% atingida em 2005 para 50% em
2010 (NDRC, 2007 apud WEO, 2007).
38
A mineração moderna de carvão, tanto a subterrânea quanto a de céu aberto,
possue riscos significantes para os trabalhadores, em ambientes insalubres, com a
possibilidade de inundações, explosões e desmoronamentos. Os acidentes de trabalho
são uma medida de como riscos sucessivos são indicadores que possibilitam fazer
comparações entre a segurança da mineração de carvão e a de outros minerais. Nos
países da OECD, com uma longa história de regulação e legislação, fatalidades da
mineração estão agora num nível que faz da mineração de carvão uma ocupação
relativamente segura. Entretanto, este não tem sido o caso da China, onde cerca de 6 mil
mineiros são mortos a cada ano, a maioria das milhares de pequenas e ineficientes
minas de carvão. Em termos de fatalidades por unidade de produção, o recorde da China
aconteceu em 2004, com 3,08 fatalidades por milhão de toneladas, comparada com 0,03
nos Estados Unidos e 0,24 na Índia. Em 2006, as fatalidades chinesas caíram para 2,04
mortes por Mt (WEO, 2007).
3.2 – As Empresas de Petróleo Chinesa
O setor de petróleo na China é dominado por três grandes empresas estatais:
China National Petroleum Corporation (CNPC), China Petroleum and Chemical
Corporation (Sinopec), e China National Offshore Oil Corporation (CNOOC). Essas
empresas estão subordinadas à política estabelecida pela Comissão Nacional da
Reforma e Desenvolvimento (CNRD). As três empresas foram criadas nos anos oitenta.
Elas receberam funções específicas de atuação no setor. A CNPC foi encarregada da
exploração e produção de petróleo e gás em terra (onshore) e em águas rasas; à CNOOC
foi dada responsabilidade para atuar em águas profundas (offshore); à Sinopec foi
responsabilizada para refino, petroquímica, tratamento do gás natural, transporte e
comercialização/distribuição de derivados (WORLD ENERGY OUTLOOK, 2007).
Uma fase da reestruturação do setor ocorreu em 1998, com a criação da CNPC e
Sinopec como empresas de petróleo integradas e com uma distribuição geográfica no
mercado interno. A CNPC deteve o controle de todas as atividades de petróleo, tanto as
atividades de exploração e produção (upstream), quanto das atividades de refino do
petróleo bruto, tratamento do gás natural, transporte e comercialização/distribuição de
39
derivados (downstream), nas províncias do norte e oeste, enquanto a Sinopec, da mesma
forma, atuaria nas províncias do sul. A CNPC depois transferiu seu grandes ativos do
mercado chinês para sua subsidiária, a PetroChina, e desenvolveu uma estratégia
orientada para a internacionalização, especialmente para as atividades de upstream.
Entre 2000 e 2002, todas as três empresas lançaram ações no mercado de ações através
da Initial public offering - IPO (oferta pública inicial). A CNPC gerou 3 bilhões de
dólares, através da venda de 10% da participação na PetroChina, a Sinopec vendeu 15%
da participação em sua principal subsidiária, aumentando em 3,5 bilhões de dólares,
enquanto a CNOOC vendeu 27,5% em participações (WORLD ENERGY OUTLOOK,
2007).
As IPOs atraíram considerável interesse, incluindo as maiores empresas de
petróleo do mundo. A British Petroleum (BP), comprou 20% das ações listadas, e foi a
maior compradora das participações na PetroChina. Exxon Mobil, BP e Shell juntas
adquiriram cerca de 60% das IPO da Sinopec, enquanto a Shell comprou uma grande
participação na CNOOC. O governo chinês ainda detém a maior parte das ações nas três
companhias e todas as companhias internacionais estão agora sendo pressionadas a
vender suas participações. Apesar do controle governamental exercido sobre o setor, as
petrolíferas chinesas tomaram suas próprias decisões sobre as realizações dos contratos,
seja através das participações nas licitações ou nas negociações bilaterais (WORLD
ENERGY OUTLOOK, 2007).
3.2.1 - CNOOC
A CNOOC, inicialmente constituída com intuito central de pesquisa e operação
offshore, possui quatro grandes áreas de produção offshore na China, que são a baía de
Bohai, sudoeste, sudeste e oeste do Mar da China. A empresa também tem ativos tanto
em exploração e produção em offshore na Indonésia, e ativos de exploração e produção
na África e Austrália (Annual Report CNOOC, 2008).
A produção de petróleo bruto da Sinopec atingiu 422,06 mil barris/dia em 2008,
com uma reserva de petróleo de 1,58 bilhões de barris; a produção de gás natural foi de
1739 milhões de pés cúbicos/dia, com uma reserva de gás natural de 15,74 bilhões de
metros cúbicos (vide a tabela 3.3).
40
A empresa vende o óleo bruto produzido para o mercado chinês através da sua
subsidiária, a CNOOC China Limited. O petróleo produzido no exterior é vendido no
mercado internacional através de sua própria subsidiária, a China Offshore Oil
International Ltd (sediada em Singapura) (Annual Report CNOOC, 2008).
O preço do óleo bruto é determinado com base nos preços do petróleo bruto de
similar qualidade no mercado internacional, com certo ágio ou desconto, dependendo do
suprimento e demanda. Embora os preços sejam cotados em dólar norte-americano, os
clientes na China pagam em yuan. A empresa atualmente tem três tipos de petróleo cru
no mercado chinês: leve, médio e pesado. Refinarias e empresas químicas da CNOOC,
Sinopec e PetroChina são os principais clientes da empresa na China (Annual Report
CNOOC, 2008).
Tabela 3.3: Produção e reservas de petróleo e gás natural da CNOOC em 2008.
ANO 2008
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
(Mil Barris/dia) 422
PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL
(Milhões de pés cúbicos/dia) 1.739
RESERVAS DE PETRÓLEO
(Bilhão de barris) 1,58
RESERVAS DE GÁS NATURAL
(Bilhões de metros cúbicos) 15,75
Fonte: O Autor a partir de dados coletados do Annual Report CNOOC 2008.
Quando a CNOOC foi listada pela primeira vez na bolsa de valores de Shangai
em 2001, as reservas e a produção da empresa eram de 1,79 bilhões de BOE e 261,4 mil
BOE por dia respectivamente. No final de 2007, esse números atingiram 2,6 bilhões de
BOE e 469, 4 mil BOE por dia, representando um aumento de 45,3 e 79,6% sobre os 7
anos anteriores, respectivamente. Em 2001, a empresa tinha somente 16 campos de
petróleo e gás em produção offshore na China. Em 2007, o número de campos
produzindo passou para 58 (Annual Report CNOOC, 2008).
Nos últimos anos a empresa aumentou seus esforços nas atividades de
exploração, principalmente na China. A área de exploração offshore na China está
41
acima dos 700 mil quilômetros quadrados, além de um vasto adicional de águas
profundas, com um enorme potencial. A exploração e produção dos poços em alto-mar
da China tem sido o seu objetivo de desenvolvimento para os próximos anos (Annual
Report CNOOC, 2008).
Em 2007 houve um aumento de 2,6% na produção de barris de petróleo
equivalente (BOE), atingiu 171 milhões de barris. Por sua vez as reservas provadas
atingiram 2,6 bilhões BOE, com uma taxa de reposição das reservas de 142% e o lucro
de aproximadamente 31,3 bilhões de RMB (Annual Report CNOOC, 2008).
As vendas de petróleo e gás da empresa em 2007 aumentaram 7,7% em
comparação a 2006 (a receita de 2006 foi de 67,828 milhões de RMB), atingindo
73,036.9 bilhões de RMB ( 9,573.7 bilhões de dólares) em 2007. O aumento das
receitas deveu-se, principalmente, às altas dos preços do petróleo em 2007. A média do
preço para a comercialização do petróleo bruto da CNOOC foi de 70,07 dólares em
2007. Foram vendidos 134,6 milhões de barris de petróleo bruto em 2007, o que
representou uma diminuição de 0,6% sobre os 135,4 milhões de barris em 2006 (Annual
Report CNOOC, 2008).
Em 2007, 86% da receita foi obtido pelo mercado interno chinês. Na primeira
metade de 2008, com o aumento nos preços do petróleo no mercado internacional, a
empresa realizou lucro significativo. Entretanto na segunda metade do ano, este
mercado foi afetado pela deteriorização da economia mundial. Os preços internacionais
do petróleo diminuíram significativamente no quarto semestre, com o valor do barril
abaixo dos 40 dólares, o que acarretou impacto negativo nos preços do petróleo bruto
vendido pela empresa. Mesmo assim, em 2008, a empresa alcançou uma média no preço
do petróleo de 89,39 dólares por barril, o que representou um aumento de 34,9% em
relação ao ano anterior (Annual Report CNOOC, 2008).
3.2.2 - SINOPEC
É a maior produtora de petroquímica na China. A Sinopec lidera o mercado
chinês na produção e vendas de produtos refinados de petróleo. A Sinopec é uma
empresa de energia integrada (Annual Report SINOPEC, 2008). As atividades incluem:
42
• Exploração, desenvolvimento, produção e comercialização de petróleo
bruto e gás natural;
• Processamento de petróleo bruto para a transformação em produtos de
petróleo refinado, transporte, distribuição e comercialização dos
refinados de petróleo;
• Produção, distribuição e comercialização de produtos petroquímicos.
A produção de petróleo bruto da Sinopec atingiu 41,8 milhões de toneladas
métricas em 2008, com uma reserva de petróleo de 2,841 milhões de toneladas métricas;
a produção de gás natural foi de 8,3 bilhões de metros cúbicos/ano, com uma reserva de
gás natural de 194,86 bilhões de metros cúbicos (vide a tabela 3.4).
Em 2007, a empresa perfurou 2976 poços, com uma extensão total de 7,247
quilômetros. O incremento na capacidade de petróleo cru foi 6,05 milhões de toneladas
por ano e a adição na capacidade de gás natural foi de 1,66 bilhões de metros cúbicos
por ano. Com a estabilidade na produção dos campos maduros no leste da China, a
empresa teve um ritmo mais rápido de aumento na capacidade de produção nos novos
blocos na área ocidental. A produção no campo petrolífero de Tahe atingiu 5 milhões de
toneladas por ano pela primeira vez (Annual Report SINOPEC, 2007).
O consumo doméstico de produtos derivados de petróleo (gasolina, diesel e
querosene) em 2007 foi de 186,2 milhões de toneladas, um crescimento de 6,8%
comparado com 2006. Devido ao controle rigoroso sobre os preços domésticos, houve
uma diferença significativa entre os preços nos mercados doméstico e internacional de
produtos derivados de petróleo (Annual Report SINOPEC, 2008).
43
Tabela 3.4: Produção e reservas de petróleo e gás natural da Sinopec em 2008.
ANO 2008
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
(Milhões de toneladas métricas/ano) 41,8
PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL
(Bilhões de metros cúbicos/ano) 8,3
RESERVAS DE PETRÓLEO
(Milhões de toneladas métricas) 2.841
RESERVAS DE GÁS NATURAL
(Bilhões de pés cúbicos) 194,86
Fonte: O Autor a partir de dados coletados do Annual Report Sinopec 2008.
Em 2007, aproveitando os altos preços do petróleo, a companhia implementou
sua estratégia de expansão na exploração e produção em petróleo e gás. Em termos de
exploração, as atividades tem sido otimizadas. Embora ocorra uma exploração
progressiva dos campos maduros, e o aumento de esforços em blocos marinhos em
águas rasas, as reservas da Sinopec de petróleo e gás natural têm aumentado.
Significantes avanços de exploração têm sido feitos em algumas regiões, como no
campo petrolífero de Tahe, no oeste, e na cadeia montanhosa da era mesozoica de
Dongpu, no leste (Annual Report SINOPEC, 2007).
A empresa processou 156 milhões de toneladas de petróleo bruto em 2007,
aumento de 6,3% sobre 2006. A produção total dos produtos refinados de petróleo
atingiu 93,09 milhões de toneladas, representando um aumento de 6,7% sobre 2006
(Annual Report SINOPEC, 2007).
Em 2007, as vendas da empresa de produtos refinados de petróleo somaram 119
milhões de toneladas, representando um aumento de 6,9% sobre o ano anterior, de todo
o volume do varejo foi de 76,62 milhões de toneladas, representando um aumento de
6,2% (Annual Report SINOPEC, 2007).
Em 2008, a empresa vendeu 123 milhões de toneladas de produtos refinados de
petróleo, um aumento de 3,0 % sobre o ano anterior, e o volume vendido no mercado
chinês (no varejo) foi de 84,1 milhões de toneladas, um aumento de 9,8% sobre 2007
(Annual Report SINOPEC, 2008).
44
Em 2008, a empresa processou 169 milhões de toneladas de petróleo bruto,
representando um aumento de 4,5% sobre a previsão do ano anterior, e produziu 105,86
milhões de toneladas de produtos refinados, um aumento de 9,4% sobre o ano anterior
(Annual Report SINOPEC, 2008).
Em 2008, a empresa continuou sua estratégia de expansão dos recursos em
petróleo e gás natural. Na exploração, novos avanços foram feitos como em regiões do
nordeste de Sichuan, Tahe e nos campos maduros do leste da China. Em 2008 a
empresa completou 13,892 de quilômetros de sísmica em 2D e 6,080 quilômetros
quadrados de exploração sísmica em 3D, e perfurados 544 poços com um total de
extensão de 1,768 quilômetros (Annual Report SINOPEC, 2008).
A Sinopec acrescentou 5,8 milhões de toneladas/ano a capacidade de produção
de petróleo em 2008, e 1,334 bilhão de metros cúbicos de gás natural/ano a capacidade
de produção. A produção de petróleo foi de 41,8 milhões de toneladas e a produção de
gas natural foi de 8,3 bilhões de metros cúbicos, um aumento de 1,8% e 3,7%
respectivamente em relação ao ano anterior. Enquanto a produção de petróleo bruto nos
campos maduros no leste da China tem sido estável nos últimos anos, a produção
desenvolvida recentemente nos campos na parte oeste da China tem crescido (Annual
Report SINOPEC, 2008).
3.2.3 - CNPC
A China National Petroleum Corporation (CNPC) é uma empresa de energia
internacional integrada, com negócios em petróleo e gás, serviços técnicos de
engenharia e construção, equipamentos de exploração e produção, serviços financeiros e
desenvolvimento de energia renovável. É a maior produtora e fornecedora de petróleo e
gás na China. Ocupa a quinta posição entre as 50 maiores companhias petrolíferas
mundiais (Annual Report CNPC, 2008).
A produção de petróleo bruto da CNPC atingiu 108,25 milhões de toneladas
métricas em 2008, com uma reserva de petróleo de 1.935 milhões de toneladas métricas;
a produção de gás natural foi de 61,75 bilhões de metros cúbicos/ano, com uma reserva
de gás natural de 2.444 bilhões de metros cúbicos (vide a tabela 3.5).
45
Autorizada pelo governo Chinês, a CNPC abriu alguns de seus blocos na China
para companhias estrangeiras para que, conjuntamente, explore e desenvolva campos de
petróleo e gás. Os blocos e projetos operados e desenvolvidos conjuntamente estão
localizados principalmente em Daqing, Jilin, Liaohe, Dagang, Changqing, Southwest e
na província de Xinjiang. Esse modelo de exploração ajuda a cobrir os riscos de
exploração, de desenvolvimento dos complexos campos de petróleo e gás, exploração e
desenvolvimento do offshore (Annual Report CNPC, 2008). Em 2008, os 23 atuais
projetos de joint ventures em exploração e produção produziram 6,58 milhões de
toneladas de petróleo e gás equivalente, 32% mais do que em 2007. Isso incluiu 4,05
milhões de toneladas de petróleo e 3,17 bilhões de metros cúbicos de gás natural
(Annual Report CNPC, 2008).
Tabela 3.5: Produção e reservas de petróleo e gás natural da CNPC em 2008.
ANO 2008
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
(Milhões de toneladas métricas/ano) 108,25
PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL
(Bilhões de metros cúbicos/ano) 61,75
RESERVAS DE PETRÓLEO
(Milhões de toneladas métricas) 1.935
RESERVAS DE GÁS NATURAL
(Bilhões de metros cúbicos) 2.444
Fonte: O Autor a partir de dados coletados do Annual Report CNPC 2008.
Em 2008, foram feitas seis importantes descobertas e 20 significativas
realizações, além de obter cinco grandes evidências de petróleo e gás no Ordos, Bohai
Bay, Tarim, Junggar, Qaidam, Sichuan, Songliao e na bacia Hailaer (Annual Report
CNPC, 2008).
Uma descoberta na depressão de Moliqing em Yitong, bacia de Songliao
identificou aproximadamente 100 milhões de toneladas em reservas de petróleo. Uma
descoberta em Qikou, na bacia de Bohai Bay, adicionou 170 milhões de toneladas de
petróleo (Annual Report CNPC, 2008).
46
Nos planos de ajustar a produção e otimizar os esforços na produção de petróleo
e gás, refino e processamento químico, a CNPC atingiu vendas de 187,7 bilhões de
dólares e realizou o pagamento de impostos de 35,2 bilhões de dólares em 2008.
Produziu 108, 25 milhões de toneladas de petróleo bruto em 2008, um aumento de 0,5%
sobre 2007, através do desenvolvimento eficiente tanto dos campos maduros de petróleo
quanto de novas descobertas petrolíferas. Aumentou a capacidade de produção de gás
natural nas maiores províncias de gás, produzindo 61,75 bilhões de metros cúbicos em
2008, 13,38% de aumento sobre o ano anterior, garantindo dois dígitos de crescimento
pelo sexto ano consecutivo. As reservas de petróleo provadas têm permanecido acima
de 500 milhões de toneladas pelo quinto ano consecutivo, e as reservas provadas de gás
acima de 300 bilhões de metros cúbicos, pelo quarto ano consecutivo (Annual Report
CNPC, 2008).
“A CNPC segue a estratégia de aumentar os seus recursos
baseados nas maiores bacias geológicas de petróleo e gás e exploração
em regiões da China, focando no estudo compreensivo, dispondo
totalmente, a aplicação de novas tecnologias, e preliminares e riscos de
exploração, também como acelerar a exploração em campos maduros.
Descobertas significantes e avanços foram feitos em Sichuam, Ordos,
Bohai Bay, Junggar e na bacia de Tarim. Com novas adições provadas
de petróleo de 643 milhões de toneladas métricas e 416.80 bilhões de
metros cúbicos de gás natural em 2008.”(Annual Report CNPC, 2008)
Apesar da rápida diminuição na produção nos campos de petróleo maduros e da
baixa reposição das reservas petrolíferas, a produção de petróleo bruto cresceu a uma
taxa estável e a produção de gás natural aumentou rapidamente. Esse foi um resultado
do aumento da explotação de campos maduros, e o eficiente desenvolvimento de novos
campos descobertos. A produção de petróleo e gás natural na China totalizou 157,45
milhões de toneladas de petróleo equivalente, 4,3% a mais em relação a 2007. A
produção de petróleo bruto vindo de Daqinq permaneceu estável, excedendo a meta de
40 milhões de toneladas. Chongqing manteve seu rápido desenvolvimento, produziu
mais de 25 milhões de toneladas de petróleo equivalente, um aumento de 20,8%. A
47
produção anual do campo deverá atingir 50 milhões de toneladas de petróleo
equivalente nos próximos anos (Annual Report CNPC, 2008).
Como o maior campo petrolífero da China, Daqing conta com 37,1% da
produção doméstica de petróleo bruto da CNPC. A empresa estabeleceu um objetivo
estratégico para o campo em 2008, que era a manutenção anual de produção em 40
milhões de toneladas por mais de 10 anos, para apoiar o crescimento constante da
produção da companhia (Annual Report CNPC, 2008).
O campo petrolífero de Daqing foi descoberto em 1959 e iniciou a produção em
1960. Em 1976, a produção anual de petróleo bruto de Daqing excedeu 50 milhões de
toneladas, tornando-se um dos maiores campos petrolíferos do mundo. Depois disso,
Daqing manteve sua produção anual em 50 milhões de toneladas por vinte e sete anos
consecutivos. Tendo sido explorado por 50 anos, a maior parte de seus maiores campos
petrolíferos tem entrado tarde em fase de desenvolvimento (Annual Report CNPC,
2008).
48
CAPÍTULO IV - POLÍTICA EXTERNA CHINESA: UMA REVISÃO PÓS -REFORMAS
4.1 – Introdução
O objetivo desse capítulo é analisar a mudança de paradigma na condução da
política externa chinesa no período final da era Mao Tse Tung até os dias atuais,
analisando a mudança de um modelo baseado na luta global contra o “imperialismo”
norte-americano, que norteou a política externa desde a formação da República Popular
da China até a morte de Mao, substituído pela adoção do pragmatismo no trato das
questões externas, fundamentada por princípios norteadores da condução de tal política.
Antes da mudança de ênfase do Partido Comunista Chinês (PCC), da revolução
comunista internacional para a modernização econômica nacional, no final dos anos
setenta, a política externa da China foi amplamente direcionada pela ideologia
comunista, e como resultado, os cálculos racionais de força e interesses foram sempre
renegados ao segundo plano. Desde o início da reforma chinesa em 1978, a ênfase na
modernização econômica e na abertura econômica e política impulsionou a política
externa da China para o pragmatismo e realismo. A retórica marxista-leninista foi
ofuscada pelo pragmatismo nos interesses nacionais.
A mudança do modelo conduzido na política externa chinesa trouxe princípios
norteadores de tal política, como também do pragmatismo em tal conduta. Podemos vê-
los fortemente como nos posicionamentos do país no Conselho de Segurança da ONU, e
também na condução dos negócios com outros países ou blocos comerciais,
principalmente nas questões relacionada a segurança energética chinesa.
4.2 – Ideologia X Pragmatismo
Nos primeiros anos da RPC, os líderes comunistas aplicaram a ideologia
comunista no campo da política externa. Interpretando as relações internacionais através
da concepção ideológica, os líderes comunistas chineses acreditaram na inevitável
49
vitória do anti-imperialismo, a revolução social e nas lutas de libertação nacional.
Acreditando que o “vento do leste prevaleceria sobre o vento do oeste”, Mao Tsé Tung
adotou políticas externas agressivas contra o capitalismo mundial nos anos 50 e tentou
exportar o modelo de socialismo chinês nos anos 60. Depois da morte de Mao e a
introdução da reforma econômica orientada pelo mercado de Deng, a importância da
ideologia foi drasticamente reduzida. (ZHAO, 2004)
Se até os anos 70 o Partido Comunista Chinês tinha sua ênfase na revolução
comunista mundial, com a política externa amplamente direcionada pela ideologia
comunista, desde o início da reforma em 78, a ênfase na modernização e abertura
econômica impulsionou uma nova política externa, pragmática e realista. A retórica
Marxista-Leninista tinha ofuscado os cálculos pragmáticos dos interesses nacionais no
período anterior. (ZHAO, 2004)
A política de abertura econômica iniciada em 1979 rendeu à China acesso aos
mercados, tecnologia e capital dos países desenvolvidos. Em contrapartida, isso exigiu
que o país mantivesse boas relações políticas e econômicas com os países
desenvolvidos. Esta mudança exigia nova postura internacional chinesa, maior
responsabilidade por compromissos assumidos e maior cooperação em assuntos
internacionais. Entretanto, o comportamento em questões internacionais, por parte de
Pequim, ainda era considerado restrito, por causa de sua preocupação com a soberania
do próprio Estado chinês (JIEMIAN, 2008).
Existem três grandes fatores que, tradicionalmente afetam as preocupações da
soberania chinesa. O primeiro é a experiência histórica do país nos tempos modernos.
Durante o “centenário da humilhação”, a China sofreu agressões políticas, econômicas e
militares pelas forças do ocidente e pelo Japão. Essas experiências geraram cuidados
chineses com sua soberania, prova disso é o discurso do General Li Jijum do Exército
de Libertação Popular, na Escola de Guerra do Exército dos Estados Unidos em 1997:
“Antes de 1949, a República Popular da China assinou
mais de 1000 tratados e acordos, muitos dos quais foram
desiguais em seus termos, impostos à China pelas
potências ocidentais, tanto quanto o 1,8 milhão de
50
quilômetros quadrados que foram retirados do território
chinês. Esse foi o período da humilhação que os chineses
nunca vão esquecer. Isso é porque o povo da China
demonstra forte emoção nos assuntos que dizem respeito à
nossa independência nacional, unidade, integridade do
território e soberania. Isso é também porque os chineses
são tão determinados para se protegerem diante de
quaisquer circunstâncias e a todo custo.” (LIU, 2007)
O segundo é a diferença entre China e nações ocidentais. Como um país em
desenvolvimento, a China difere dos países ocidentais em termos de sistemas políticos,
jurídicos e valores, e isso é motivo pelo qual o país sofre ataques do mundo ocidental.
Como resultado, a China tem invocado o princípio de soberania, para se defender de
possível ou interferência externa no que se refere aos assuntos internos.
Por último, a China está preocupada com a integração territorial com o Tibet,
Xinjiang e Taiwan. Pequim é muito sensível a alguns precedentes que podem legitimar
a separação dessas regiões da China ou iniciativa da intervenção externa nestes temas.
(FRAVEL, 2008).
4.3 – Nacionalismo e Regionalismo
O Nacionalismo chinês tem emergido como a mais importante ideologia atrás do
dirigismo da China para a modernização, e uma das principais forças da política externa
chinesa. Na era do pós Guerra Fria, sentimentos nacionalistas aparecem fortemente
entre os intelectuais chineses e oficiais do governo, como também em outros ciclos da
sociedade chinesa (LIU, 2007).
O aumento do nacionalismo chinês depois do enfraquecimento do comunismo
no final do século vinte tem merecido a atenção de muitos observadores ocidentais.
Embora alguns pesquisadores sejam cautelosos em explorar os limites do nacionalismo
chinês, questionando se o nacionalismo chinês é positivo, verdadeiro ou agressivo; os
51
pessimistas acreditam que o nacionalismo chinês é um curso de agressão internacional
(ZHAO, 2004).
Nacionalismo ou patriotismo (aiguo zhuyi) no vocabulário oficial chinês tem
sido uma força poderosa na última década. Ela não está somente sendo promovida
abertamente pelo Estado comunista, mas também é defendido por muitos intelectuais
chineses, igualmente pelos liberais e conservadores, e refletem o sentimento geral da
população, segundo ZHAO (2004).
Como a fé no comunismo diminuiu entre a população chinesa, o partido
comunista chinês (PCC) redescobriu a utilidade do nacionalismo. Logo após 1989
(Tiananmen), o Estado comunista lançou uma grande campanha de educação ao
patriotismo. O centro da campanha de educação patriótica foi a chamada guoqing jiaoyu
(condição da educação nacional), que inequivocamente garantiu que a condição
nacional (guoqing) da China fosse única e não estava disposta a adotar um estilo
ocidental, de democracia liberal. Além disso, o partido ajudou a manter a estabilidade
política, o que gerou uma pré-condição para o rápido desenvolvimento econômico.
A campanha enfatizava a tradição chinesa e a história de como o Partido
Comunista Chinês tentou unir o comunismo na China com o passado anterior da nação
não comunista. Enquanto a grande muralha no nordeste da China foi celebrada como
um símbolo do patriotismo oficial (ZHAO, 2004), o site Humen Burning Opium da
província de Guangdong, lembrou ao povo chinês sobre o começo dos “cem anos de
sofrimento e humilhação” nas mãos do imperialismo estrangeiro. A celebração da
grande muralha e de muitos símbolos históricos foi acompanhada pelo ressurgimento do
confucionismo e outras atividades culturais tradicionais chinesas.
A campanha de educação patriótica também enfatizou o orgulho nacional e a
integridade territorial. No meio das sanções impostas pelo ocidente depois de
Tiananmen, o regime comunista chinês fez a acusação de que “um pequeno número de
países ocidentais temiam que a China crescesse poderosamente, por isso exerceram o
direito às sanções, além de pressionarem a China para uma ocidentalização e
conseqüentemente a desintegração (xihua he fenhua) do país”. O patriotismo foi usado
para sustentar a liderança do PCC no país. Defendendo os interesses nacionais da China,
o partido se apresentou como o realizador da entrada da China na Organização Mundial
52
do Comércio (OMC) e o responsável pela participação bem sucedida de sediar os Jogos
Olímpicos de Pequim (ZHAO, 2004).
O terceiro tema da educação patriótica foi a unidade nacional contra o
movimento étnico separatista, em que entre os inúmeros problemas políticos e sociais
era o que confrontava os líderes chineses no pós Guerra Fria. O ponto central foi que “a
etnia Han não pode viver sem as minorias étnicas e vice-versa, então que eles
protegessem a unidade nacional e a unificação territorial” (ZHAO,2004). O tema da
unidade nacional foi particularmente enfatizado na minoria étnica em áreas
concentradas, como o Tibet, Xinjiang e o interior da Mongólia, aonde o chamado
nacionalismo limitado, ou separatismo, foi objeto na campanha.
Embora a China tenha tido um aumento de inserção geopolítica no pós Guerra
Fria, sua segurança depende muito da manutenção das boas relações com os países
vizinhos na região da Ásia- Pacífico.
Por muito tempo, desde os primeiros anos da República Popular da China
(RPC), a China foi “uma potencia regional sem uma política regional”, (ZHAO, 2004).
As tensões com muitos de seus vizinhos fronteiriços se tornaram uma importante fonte
de ameaça para a segurança nacional da China. Pequim esteve em constante alerta
contra possíveis invasões de potências hostis por via de seus países vizinhos. Mas as
relações da China com países da Ásia-Pacífico começaram a aumentar gradualmente
nas últimas décadas, depois que a China elaborou uma política regional. Essa melhora
teve um impacto significante no seu ambiente de segurança regional.
A China sempre chamou seus vizinhos asiáticos de “países periféricos”
(zhoubian guoija). Embora ela fosse sempre consciente da importância da manutenção
da estabilidade nas relações com esses países periféricos para sua segurança nacional,
Pequim nunca foi capaz de fazer uma política de integração para com os países
vizinhos. Houve muitos fatores para a ausência da política regional da China. Uma foi o
freqüente tumulto interno e a mudança de política, que impossibilitou a China de fazer
uma coerente política externa, incluindo a política regional. O segundo foi o orgulho
cultural da China e o legado do Sino-centrismo, que tem na China o centro da Ásia. O
terceiro foi a posição ambígua da China na região, em que desenvolveu uma relação
insegura com seus vizinhos asiáticos. O quarto foi a posição da China no cenário da
53
Guerra Fria, que forçou Pequim a preocupar-se com a sua segurança global, maior do
que a regional.
Muitos desses fatores começaram a mudar depois que a China lançou as
reformas econômicas e iniciou a abertura para o exterior, no começo dos anos oitenta.
Externamente, sua posição estratégica no relacionamento entre Estados Unidos e a
antiga União Soviética, durante a Guerra Fria, fez com que a RPC perdesse força no
desmoronamento do mundo bipolar (JIEMIAN, 2008). Internamente, Deng Xiaoping e
os líderes do PCC estavam determinados não somente a interromper o tumulto político
interno, que já tinha caracterizado os primeiros anos da RPC, mas também em criar um
ambiente internacional favorável à modernização econômica. Em resposta à nova
situação, os lideres da reforma em Pequim fizeram um grande esforço para elaborar uma
política regional integrada, conhecida como “zhoubian zhengce” (política periférica) ou
“mulin zhengce” (política de boa vizinhança), para incorporar as mudanças que
desafiaram o entendimento da China e de suas relações com os países vizinhos.
Um estudo de You Ji e Jia Qingguo apontou três novas tendências na Ásia que
levou os lideres reformistas a prestar atenção à sua periferia. A primeira foi à
perspectiva de um “século pacifico”, em que Pequim almejou que o rápido crescimento
econômico na região Ásia-Pacifico pudesse oferecer novo estímulo à prosperidade
econômica da China. Aproveitando as oportunidades criadas pela reestruturação da
economia mundial, a China determinou-se a integrar sua economia à da região. A
segunda foi o surgimento de um “novo asianismo”, que afirmou que o sucesso da
modernização da Ásia foi baseado somente nos valores asiáticos. Esse conceito
repercutiu entre os lideres chineses, reformadores e conservadores, porque isso desafiou
a ideologia ocidental e a centralidade econômica do ocidente. Os lideres chineses
quiseram reforçar essa tendência de envolvimento do asianismo com seus vizinhos
asiáticos. A terceira foi o desenvolvimento de bloco regional ou sub-regional, seguindo
o colapso do sistema bipolar. Isto levou a um novo enfoque de cooperação e
multilateralismo. Em algumas questões, embora muito limitado (o multilateralismo),
marcou o início da cooperação da China com os Estados vizinhos nos problemas de
segurança transnacional (poluição ambiental, imigração ilegal, tráfico de drogas, crime
organizado nas fronteiras entre outros)”. (ZHAO, 2004)
54
A luz dessas novas posturas os líderes da China começaram a realizar uma
política periférica visando atingir o objetivo de criar um ambiente regional conduzido
pela sua modernização econômica e segurança nacional. De acordo com Liu Huaqiu,
Diretor do Escritório de Assuntos Externos do Conselho de Estado, os objetivos da
política de boa vizinhança foram “desenvolver ativamente relações de amizade com os
países vizinhos, preservar a paz regional e a estabilidade, e promover a cooperação
econômica regional” (ZHAO, 2004).
4.4 – Princípio e Pragmatismo
A China é famosa pela defesa de princípios na esfera internacional. Existem
algumas razões para esses princípios, porque eles refletem a moral e o idealismo chinês.
Elementos do pensamento da política externa chinesa são baseados em três fontes: o
pensamento tradicional chinês, que sonha com um ideal de harmonia universal (da tong
shi jie); a humilhante experiência na história moderna que afetou a China por muito
tempo e a regular ordem mundial; o legado Marxista-Leninista e o pensamento de Mao
Tse Tung, que advogava para um mundo livre da agressão e da exploração do
capitalismo, imperialismo e colonialismo – um mundo livre de forças políticas,blocos
políticos e hegemonismo (ZHAO, 2004). Esses princípios incluem os principais pontos:
1. Cinco princípios de Coexistência pacífica (respeito mútuo para a soberania e
integridade territorial; não agressão mútua; não interferência nos assuntos
internos de outros países; igualdade e beneficio mútuo e coexistência
pacífica).
2. Um ambiente justo e sensato na ordem econômica e política mundial.
3. Não uso de força ou ameaça do uso da força nas relações internacionais.
4. Todas as nações, grandes ou pequenas, fortes ou fracas, ricas ou pobres, são
iguais em assunto internacional.
5. A China deverá sempre ficar ao lado dos países em desenvolvimento. Ela
nunca deverá tentar a hegemonia ou status de superpotência.
55
Obviamente, existem algumas sobreposições a esses princípios; todavia Pequim
não os segue em várias situações, motivados por diferentes razões. Enquanto a seriedade
da China sobre esses princípios não é questionável, existem muitos problemas que não
são resolvidos somente por princípios e na política externa da China não é diferente: a
aplicação de um princípio para um assunto específico não é sempre uma tarefa fácil.
Um exemplo é a posição chinesa durante a Guerra do Golfo. Quando os membros do
Conselho de Segurança da ONU se reuniram em novembro de 1990 para discutir a
proposta de que as Nações Unidas deveria autorizar o uso da força contra o Iraque, a
China deparou-se com um dilema. De um lado, era contrária a invasão do Iraque no
Kwait. Do outro, a China tinha uma longa defesa do princípio que a força não deveria
ser utilizada para resolver disputas internacionais, o que significava que em princípio a
China não deveria aprovar o uso de força para retirar o Iraque do Kwait (China
diplomatic survey, 1991, pp.389-390 apud ZHAO, 2004). Aqui o problema da China
não era somente a contradição de dois princípios, mas também um conflito de princípio
e interesses nacionais da China. Se a postura da China pelo princípio do não uso da
força em disputas internacionais fosse manifestada em veto ou moção, ele afetaria a
difícil relação Sino-US depois de 1989. No fim, Pequim se absteve da votação. Neste
caso, a China evitou o choque entre dois princípios e alargou o pragmatismo (a
necessidade de colocar um fim na ocupação do Kwait pelo Iraque como também para
melhorar as relações Sino-US).
Uma vez existente um conflito entre princípio e interesse nacional, a China
sempre optará por uma solução mais pragmática. A freqüente abstenção da China no
Conselho de Segurança da ONU é esclarecedora. Se, por um instante a China encontrou
uma proposta corajosa para o Conselho de Segurança compatível com os princípios
defendidos, enquanto não há assunto mais importante para os interesses nacionais,
Pequim continuará não vetando a proposta; todavia, sempre escolherá se abster do que
votar. Com isso, ela evita desnecessariamente ofender os EUA. Pequim entende que se
abusa da força do veto nas Nações Unidas justamente no que diz respeito aos princípios,
ele poderá ferir os próprios interesses da China e ter um impacto negativo na sua
imagem internacional. Como a China é representante permanente na ONU, Qing
Huasheng, afirma que em matéria de força do veto, a China deveria “levar em conta a
sua própria capacidade e interesses”. Em sua opinião, a China abster da votação ”não
56
significa ter covardia, mas uma resposta flexível para uma situação complicada”
(DEWU 1999, p.24 apud ZHAO 2004). Entretanto, se um assunto tem uma relação
direta ou indireta junto aos interesses nacionais chaves da China – quando ele não tiver
conflito com os princípios da China – Pequim deveria definitivamente usar a força do
veto. Em poucos casos que a China vetou moções no Conselho de Segurança, o assunto
Taiwan foi a principal preocupação. Por exemplo, nos casos de manutenção de paz da
ONU na Guatemala e Macedônia, Pequim usou o poder de veto para punir esses dois
países pelas suas políticas juntos a Taiwan (ZHAO, 2004).
Se Pequim encontrou sua incapacidade de implementação de um princípio
declarado, ele experimentou atacar um compromisso entre princípio e pragmatismo. A
posição da China na existente ordem internacional é um caso em vista. Desde os
meados da década de 80, Pequim tem advogado o estabelecimento de uma boa e
razoável ordem política e econômica internacional além de aumentar a crítica à injustiça
natural da ordem mundial existente. O estabelecimento de uma boa e razoável ordem
mundial tem se tornado uma importante diretriz na política externa chinesa. Entretanto,
Pequim parece observar a defesa dessa bandeira apenas em palavras, enquanto seus atos
muitos pragmáticos são realizados. A China entende que não tem capacidade para
desafiar a ordem mundial existente no presente momento tão bem quanto no futuro
próximo. Também, Pequim não o analisa como um simples perdedor na atual estrutura
internacional. Como um membro permanente do Conselho de segurança da ONU e
reconhecido como uma das cinco forças nucleares, a China possui alguma significância
política e peso estratégico nos assuntos internacionais. O ambiente internacional é
geralmente estável e seguro, permitindo à China concentrar-se no seu desenvolvimento
doméstico, no liberal sistema econômico internacional e na relativa facilidade no acesso
aos mercados, em tecnologia e capital dos países desenvolvidos que ajudam a aumentar
o crescimento econômico do país. Embora a ordem mundial existente não é ideal, ela é
certamente muito melhor do que aquela que a China experimentou depois da Guerra do
Ópio. Pelas razões acima, a China escolheu não fazer tentativas unilaterais para alterar a
ordem mundial existente, porém tentou fazer uso dela enquanto enfatizou a necessidade
de redesenhar a desvantagem do presente sistema econômico e político internacional
(DONGXIAO, 2008).
57
Às vezes o compromisso entre princípio e pragmatismo representa um
reconhecimento da realidade e a posição da China sobre a presença militar norte-
americana no leste asiático é um bom exemplo. Em princípio a China não aprova o
estabelecimento de tropas no solo de outro país. Mas na realidade, Pequim compreende
que a presença militar norte-americana na Coréia do Sul ajuda a estabilizar a situação na
península coreana e tropas norte-americanas no Japão são úteis em prevenir uma
desestabilidade regional, ainda que Pequim esteja também preocupada com a presença
norte-americana fornecendo a Washington fácil acesso ao Estreito de Taiwan. Como
resultado político, a China não desafia a presença militar dos EUA no leste asiático,
embora Pequim não possa, publicamente, aprová-lo por causa da restrição do princípio.
(ZHAO, 2004)
Ambos, os princípios e pragmatismo, têm seus respectivos méritos na prática da
política externa chinesa. Enquanto os princípios “pintam” a política externa chinesa com
uma cor de idealismo e de acordo com um tipo de força moral, o pragmatismo cria
flexibilidade e permite à política externa da China maximizar o comportamento nos
interesses nacionais chineses. Há entretanto, uma constante tensão entre esses dois fins,
como princípios inevitavelmente contrário à flexibilidade e o pragmatismo minando, de
vez em quando, a relevância e credibilidade do princípio. A bifurcação no
comportamento da política externa chinesa também desconcerta os observadores
externos. Se eles pegassem seriamente a retórica de expressão de princípios, eles
poderiam perder de vista o pragmatismo dirigindo o comportamento da política externa
chinesa. Se eles prestam muito atenção no pragmatismo, entretanto, eles poderiam
subestimar a influência do idealismo e da moralidade. Pode não existir uma fórmula
universal para entender o contexto entre princípio e pragmatismo na prática da política
externa chinesa e o atual peso de cada fator diferente em cada caso. Ainda de um modo
geral, ele é justo (ou imparcial) no que diz desde os anos 80, como ideologia e
idealismo desapareceram aos poucos no pensamento da política externa chinesa, o
pragmatismo tem ganhado uma grande influência em comparação com os princípios
(ZHAO, 2004).
58
4.5 – Bilateralismo e Multilateralismo
Como outros países, a participação de Pequim nos assuntos internacionais ocorre
no contexto bilateral e multilateral. No mundo das idéias, a China deveria empregar
tanto o bilateralismo quanto o multilateralismo quando necessário e apropriado, mas na
realidade, Pequim favorece o bilateralismo aos canais de multilateralismo. Uma razão é
que a China carece de experiência com o multilateralismo, e seu envolvimento em
atividades multilaterais vem se desenvolvendo nos últimos 20 anos. A outra razão –
uma razão histórica – é que a China abriga fortes suspeitas a respeito dos mecanismos
internacionais, e acredita que esses mecanismos servem principalmente aos interesses
das potências dominantes (ZHAO, 2004). E finalmente a terceira razão, e a mais
importante para o nosso estudo, é que o mecanismo bilateral serve para a realização
mais ágil e célere dos acordos comerciais e da concretização dos negócios, no caso do
nosso estudo, os negócios energéticos (principalmente petróleo e gás), isso será melhor
detalhado no próximo capítulo.
Desde a abertura política no final em 1978, a China vem aprendendo a lidar com
os mecanismos multilaterais. No viés econômico, Pequim procura ativamente parcerias
com as instituições regionais e globais, organizações, fóruns, basicamente em benefício
da modernização econômica. No viés político, sendo cada vez mais consciente de sua
responsabilidade como um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU
como também do status de grande potência, a China tem atuado mais ativamente nas
Nações Unidas e se mostra mais interessada em participar de atividades políticas
multilaterais como a Cúpula Ásia - Europa e a do Sudoeste Asiático (ASEAN). No
quesito segurança, Pequim tem se associado a alguns esforços regionais multilaterais,
como o Fórum Regional da ASEAN e a construção de novos mecanismos pacificadores
na península coreana (DONGXIAO, 2008).
Em certas circunstâncias, entretanto, a China ainda tem significativas reservas
sobre o multilateralismo. Se a China encontra obstáculos multilaterais que ameaçam
colocá-la em uma posição desvantajosa, ela insistirá nos canais bilaterais. No caso do
Fórum regional da ASEAN, por exemplo, Pequim endossou o seu papel em promover a
construção da confiança, mas rejeitou a idéia de trazer a disputa de soberania no Mar do
59
Sul da China4 para a agenda do Fórum. A oposição de Pequim no problema da
internacionalização do Mar do Sul da China é devido à preocupação que se o tem for
debatido num fórum multilateral, não somente os países do ASEAN formarão uma
unidade contrária a China, mas também outros países não requerentes, como os Estados
Unidos e o Japão, poderão aliar-se a eles. Portanto, a China tem insistido que o assunto
sobre o Mar do Sul da China endurecerá as disputas bilaterais.
Outro relevante caso é a proposta de diálogo triangular entre a China, Japão e os
Estados Unidos. Na era pós Guerra-Fria, relações entre esses três tem se tornado
subjacente da estabilidade regional e muitos assuntos, bilaterais e regionais, seria
melhor endereçá-los a Pequim-Tóquio-Washington no contexto triangular. Entretanto,
quando o Japão advogou essa idéia em 1997, a China mostrou um interesse morno.
Pequim está preocupada em que depois da redefinição da aliança US-Japão, um diálogo
triangular pode transformar-se em um jogo de “dois contra um”, com Tóquio e
Washington aliando-se em vários assuntos, colocando Pequim em uma posição
desvantajosa. Fora dessa preocupação, Pequim prefere lidar com Washington e Tóquio
separadamente e bilateralmente. (ZHAO, 2004)
Outra preocupação de Pequim é que um mecanismo multilateral pode se
transformar em ferramenta de outras grandes potências. No quesito segurança, por
exemplo, desde a redefinição da aliança US-Japão, a China tem expressado muita
oposição às alianças bilaterais. Entretanto, isso não significa que a China está pronta
para abraçar a segurança multilateral na região Asia-Pacífico. Pequim ainda suspeita
que dado o poder de domínio dos Estados Unidos e a influência na região, Washington
seria capaz de manipular o mecanismo de segurança regional, e isto certamente não será
do interesse da China. Também em virtude de algumas preocupações dos membros
regionais sobre o aumento da força chinesa, e o seu comportamento nos assuntos como
as do Mar do Sul da China, o mecanismo multilateral poderia servir como uma coação
da China em alguns aspectos. Na área econômica, durante a crise financeira asiática de
1997, o Japão propôs estabelecer um Fundo Monetário Asiático (FMA) como um
4 A questão do Mar do Sul da China se refere a disputas de delimitação de águas/plataformas territoriais
entre a China e vários países da região.
60
mecanismo financeiro regional para lidar com futuras turbulências financeiras. A China
posicionou-se contrário tendo em vista que o Japão poderia usar a sua grande força
financeira para dominar essa organização, retidos os seus suportes, apesar de que na
perspectiva regional, a proposta da FMA poderia ajudar a estabilizar o ambiente
financeiro asiático. (ZHAO, 2004)
Em toda parte, uma mistura de bilateralismo e multilateralismo continuará a
existir no comportamento da política externa da China. Enquanto Pequim fixara o
bilateralismo como a grande forma de suas interações com muitos países, a posição de
mutilateralismo será seletiva e específica, dependendo de como isso entrará nos cálculos
de Pequim, e afetará os interesses da China. Como resultado a tensão entre bilateralismo
e multilateralismo inevitavelmente limitará as manobras da China na esfera
internacional.
61
CAPÍTULO V - A QUESTÃO PETROLÍFERA E INTERNACIONALI ZAÇÃO DA PRESENÇA CHINESA
5.1 – Introdução
O objetivo desse capítulo é analisar a política externa da China, no que diz
respeito à internacionalização das suas três principais empresas petrolíferas, cuja
responsabilidade é de garantir o suprimento de petróleo de longo prazo junto aos
principais países produtores de energia do planeta.
Desde a reforma e abertura econômica no final dos anos setenta a China buscou
a modernização econômica e, como conseqüência, a liderança chinesa tem desenvolvido
uma estratégia pragmática na interação com as maiores potências mundiais e vizinhos
asiáticos, com o intuito de alcançar estabilidade internacional. Entendemos por
pragmatismo o “comportamento disciplinado por nenhum valor determinado ou
princípios estabelecidos”. O pragmatismo estratégico é, portanto, ideologicamente
agnóstico, tendo nada, ou pouco a fazer com qualquer ideologia comunista ou idéias
liberais (ZHAO, 2004).
O pragmatismo da China em relação à política externa iniciou-se no final da era
Mao e gozou de sua plenitude no pós Mao. No começo dos anos setenta o país
desenvolvera uma estratégia internacional não marxista baseada na interpretação
estrutural de três “Mundos”. Sua política voltou-se para a cooperação com os países em
desenvolvimento do terceiro mundo e também para os desenvolvidos Japão e Europa
Ocidental. Depois que os Estados Unidos concederam o reconhecimento diplomático à
China em 1979, líderes do pós Mao trabalharam muito para formar um triângulo
estratégico em que a China desempenharia uma função crucial entre as duas
superpotências, os Estados Unidos e a União Soviética. Com o fim da Guerra Fria, os
idealizadores da política externa de Pequim trabalharam para promover a
multipolarização mundial. Visando seus interesses, a China enfatizou a desejável e
provável emergência de uma comunidade multipolar de nações soberanas respeitando
mutuamente os princípios da não interferência; (ZHAO, 2004).
62
A política internacional chinesa de multipolarização favoreceu a implementação
da diplomacia do petróleo que foi gerada pela necessidade chinesa de importação da
commodity. Para implementá-lo a China estabeleceu e principalmente estreitou relações
com regiões ou países produtores de petróleo e gás. A seguir veremos que a diplomacia
do petróleo foi direcionada aos grandes produtores de petróleo e gás natural do mundo,
seguindo prioridades.
5.2 África
Mesmo com presença anterior no continente, o maior engajamento da China na
África concretizou-se em meados dos anos noventa. Durante a visita ao continente
africano em maio de 1996, o Presidente Jiang Zemin lançou uma política para o
continente de cinco metas, estabelecendo os termos do novo relacionamento com a
África: confiança na amizade, igualdade na soberania, não intervenção,
desenvolvimento benéfico e cooperação internacional. A estratégia central chinesa para
a África era oferecer oportunidades para o comércio, investimentos e principalmente o
acesso aos recursos minerais (TAYLOR, 2009). Desde 2000, a estratégia da África na
China tem sido dirigida por três objetivos:
A - Estratégico: garantir o acesso ao petróleo.
O rápido crescimento da economia chinesa trouxe consigo uma grande
dependência do país em relação ao petróleo externo, o que tem encorajado Pequim a
procurar os países em desenvolvimento como fornecedores de energia. Em 2004 a
China tornou-se o segundo maior consumidor do mundo de derivados de petróleo e
importador de gás natural (EISENMAN e KURLANTZICK 2006 apud KITISSOU,
2007). Consoante com esta estratégia, líderes chineses tem repetidamente oferecido
vantagens econômicas para os países africanos em troca do acesso aos recursos naturais.
B - Econômico: Construindo uma economia global na China.
Desde 2002, o governo chinês iniciou a transformação das grandes corporações
estatais em organizações inseridas na competição global das corporações transnacionais.
A África tornou-se uma oportunidade para as empresas chinesas de manufaturas e infra-
63
estrutura. O governo chinês também promoveu a África como um mercado para os seus
produtos e, preferencialmente, para os de alto valor agregado e tecnológicos.
(KITISSOU, 2007)
C - Diplomático: Construindo suportes diplomáticos na África.
Os Estados Africanos proporcionaram à China uma valiosa base diplomática nas
instituições internacionais. A China apresentou-se à África como generosa, prometendo
uma nova ordem mundial multipolar, enquanto o mundo contesta a presença chinesa na
Ásia e no Ocidente. (KITISSOU, 2007)
A penetração da China na África também reduziu o espaço diplomático para
Taiwan, com poucos Estados que ainda a reconhecem como país independente da
República Popular da China (RPC). (TAYLOR, 2009)
O fortalecimento da solidariedade e da cooperação com um vasto número de
países em desenvolvimento tem sido à base da política externa da China (KITISSOU,
2007). Através da cooperação, a China tem estabelecido uma extensiva política
econômica e militar, estreitando laços com a maioria dos países africanos. Seu principal
interesse, entretanto, é assegurar fontes estáveis de suprimento de petróleo e outras
matérias-primas. (TAYLOR, 2009)
Muitas tem sido as demonstrações chinesas de aproximação com o continente
africano. Assim, a China, voluntariamente, perdoou 1,2 bilhões de dólares em dívidas
dos países africanos em 2000. Naquele ano o Fórum de Cooperação China-África
(FOCAC) foi formado com 45 países africanos. Seguiu-se em 2002 o encontro
ministerial do FOCAC, quando foi criado um Fundo de Desenvolvimento de Recursos
Humanos Africanos exclusivamente para o treinamento de pessoal africano. No Fórum
subseqüente, realizado em Addis Ababa, propôs um programa de três anos para treinar
10 mil africanos em uma variedade de áreas. Somente em 2004, a China investiu quase
10 bilhões de dólares em petróleo africano e foi responsável por mais de 600 negócios
em 49 países do continente. (KITISSOU, 2007).
Em 2004 apenas 2% do comércio chinês foi com a África e, por isso, o
continente tem empenhado em aumentar o comércio bilateral com a China. O comércio
África-China cresceu mais de 700% desde o primeiro Fórum China-África realizado em
64
Pequim em 2000. No final de 2005, a China tinha a expectativa de se tornar o terceiro
parceiro comercial mais importante da África, atrás dos Estados Unidos e da França, e
na frente do Reino Unido. A longa experiência de projetos com o Banco Mundial
ajudou a construir uma “presença na África que representa os esforços de Pequim para
criar um paradigma de globalização que favoreça a China.” (KITISSOU, 2007)
Em novembro de 2006 a reunião China-África aconteceu na China, e renovou o
compromisso chinês com o continente africano. O Fórum deliberou sobre a avaliação
para o continente africano, de um pacote de empréstimo preferencial de três bilhões de
dólares e um crédito para a compra de dois bilhões de dólares no período 2007-2009.
Foram cancelados todos os débitos africanos que eram devidos até 2005. Estabeleceu-se
um fundo de desenvolvimento China-África de cinco bilhões de dólares fornecendo,
inicialmente, capital para as companhias chinesas investirem na África. No item
treinamento de pessoal, deliberou-se que apesar de 14 mil pessoas já treinadas pelo
programa, a China treinaria outros 10 mil profissionais africanos. Ela criaria 10 centros
de excelência em agricultura e estabeleceu cinco zonas econômicas de comércio na
África, com objetivo de promover comércio e investimento. (LYMAN 2006 apud
KITISSOU, 2007)
A 4ª Conferência Ministerial do FOCAC, realizada em novembro de 2009 no
Egito, reuniu a República Popular da China e mais 49 países africanos sob o lema do
“aprofundamento do novo tipo de parceria estratégica China-África para o
desenvolvimento sustentável”. Esta Conferência esteve voltada à análise dos resultados
das estratégias traçadas no Plano de Ação (2007-2009) resultado da última Conferência,
realizada em Beijing/China, em 2006, e ao lançamento da Declaração de Sharm El
Sheikh e do Plano de Ação para o período 2010-2012 (Mundorama - A política externa
chinesa e a 4ª Conferência do Fórum de Cooperação China - África-2009 – 28 de
novembro de 2009).
O Plano de Ação (2010-2012) está focado nas seguintes linhas gerais: a
cooperação institucional, envolvendo partidos, governos, organismos multilaterais, com
destaque para o lançamento do Mecanismo de Diálogo Estratégico; apoio à
reconstrução africana e à paz no continente, com prioridade para conceito de “resolução
de problemas africanos pelos africanos”; cooperação internacional, buscando
65
aprofundar a parceria na Organização Mundial do Comércio (OMC), a democratização
dos organismos multilaterais (ONU), o fortalecimento da cooperação Sul-Sul e a
universalidade sem politização dos direitos humanos; a cooperação econômica no
âmbito da segurança alimentar, do desenvolvimento empresarial, das obras
infraestruturais, das políticas públicas (saúde, educação, etc.), entre outros (Mundorama
- A política externa chinesa e a 4ª Conferência do Fórum de Cooperação China - África-
2009 – 28 de novembro de 2009).
Em mais de uma dúzia de países as empresas chinesas estão explorando petróleo
e gás. Laços econômicos e políticos foram estreitados com a Etiópia, um país não
produtor de petróleo, mas com uma localização estratégica. A capital da Etiópia, Addis
Ababa, é a sede da União Africana e oferece oportunidades de encontro com muitos
líderes africanos (KITISSOU, 2007).
A China é o segundo maior importador de petróleo do mundo e importa mais de
25% da produção de petróleo do Golfo da Guiné e do Sudão. “A China está
participando do boom do petróleo na África, tendo estabelecido laços com regimes do
Golfo da Guiné (da Nigéria a Angola), e outros como a República da África Central,
Chad, Congo, Líbia, Níger e o Sudão” (KITISSOU, 2007).
“Essas políticas têm gerado implicações para a estabilidade internacional e
pacificação na região. A competição da China com Washington e Moscou está fazendo
com que haja uma corrida armamentista, exploração e exacerbação das tensões
regionais. Pequim, Moscou e Washington, gostam de explorar as divisões locais para
manter seus respectivos objetivos” (KITISSOU, 2007).
Diante desse estreitamento diplomático-político chinês junto aos países africanos
com o intuito principal de garantir acesso aos recursos naturais africanos
(principalmente petróleo), os bancos estatais chineses desenvolvem um importante
papel como financiadores de vários projetos petrolíferos no continente (TAYLOR,
2009). Dentre estas instituições financeiras chineses, podemos destacar: China
Development Bank (CDB), China Export & Credit Insurance Corporation (Sinosure) e
o China Export-Import Bank (Chexim). Esses bancos são controlados pelo Conselho de
Estado, o mais alto corpo político na China e operam largamente de acordo com a
política macroeconômica e diretrizes políticas estabelecidas por Pequim. Como
66
resultado, eles desfrutam de financiamento substancial e suporte político para o governo
central (TAYLOR, 2009).
Em 2006, um projeto financiado com empréstimo de 1,4 bilhões de dólares foi
concedido para Sonangol-Sinopec Internacional para produção de óleo e gás no bloco
18 de Angola (KITISSOU, 2007). Um grande consórcio internacional de 13 bancos
forneceu empréstimo, mas cinco bancos chineses concederam a metade deste
financiamento.
O China Development Bank (CDB) comprometeu-se com 205 milhões de
dólares e o China Export-Import Bank (Chexim) contribuiu com 200 milhões de dólares.
Três bancos comerciais estatais – China Construction Bank (144 milhões de dólares),
Banco da Agricultura da China (76 milhões) e Banco da China (75 milhões de dólares)
também participaram do consórcio (KITISSOU, 2007).
O China Export & Credit Insurance Corporation (Sinosure) é financiador, junto
com o Banco Mundial, de uma rodovia em Uganda e tem várias operações e contratos
de financiamento de petróleo na Nigéria, incluindo as empresas Amni Petroleum,
Emerald Energy Resources Limited, Blue Water Oil e Gas Investment Company (Africa
News, 2004 apud KITISSOU, 2007). Além disso, o Sinosure tem acordos de
Cooperação com as grandes empresas chinesas de petróleo que atuam no continente,
onde ele fornece todas as garantias contra os riscos para as atividades no exterior da
Petrochina, China Petroleum and Chemical Corporation (Sinopec) e China National
Offshore Oil Corporation (Asia Pulse, 2006 apud KITISSOU, 2007).
O programa de concessão de empréstimos do Chexim gerou muita discussão
sobre como o auxílio chinês está direcionado ao acesso aos recursos naturais e contratos
para empresas chinesas. Por exemplo, um artigo do encontro China-África de 2006
relatou que “tipicamente, a sessão com a Mauritânia envolveu a China’s Export-Import
Bank que forneceu 4 bilhões de dólares de empréstimo, enquanto quatro ou cinco novos
blocos de petróleo foram concedidas às empresas chinesas” (CALLICK, 2006 apud
KITISSOU, 2007).
Desde a década de noventa, a China investiu bilhões de dólares principalmente
no Sudão, Angola e Nigéria para garantir os direitos de exploração de petróleo como
veremos a seguir.
67
5.2.1 - Sudão
O primeiro acordo petrolífero com o Sudão foi assinado em 1995, sendo
patrocinado pelos dois governos. Devido aos interesses petrolíferos no Sudão, Pequim
exerceu seu direito de veto no conselho de segurança da ONU, opondo-se ao anuncio da
ONU de implementação de medidas duras contra o governo sudanês (EISENMAN;
HEGINBOTHAM; MITCHELL,2007). A China é o principal explorador das reservas
de petróleo na República do Sudão e atualmente importa 60% da produção de petróleo
do Sudão (World Tribune, 2004 apud KITISSOU, 2007). Em 2006 a China National
Petroleum Corporation (CNPC) assinou uma linha de crédito de 1,27 bilhão de dólares
com a Chexim (International Petroleum Finance, 2006), o maior acionista na Greater
Nile Petroleum Operating Company, (GNPOC) (KITISSOU, 2007).
Em 2008 a importação chinesa de petróleo do Sudão foi de 209 mil barris/dia
(5,8 % do total importado), aumentando para 217 mil barris/dia nos cinco primeiros
meses de 2009 (6% do total importado) (EIA, 2009).
5.2.3 - Angola
Angola tornou-se o maior parceiro comercial da China na África, com um
comércio bilateral de 25,3 bilhões de dólares em 2008 (China Daily - Angola Becomes
China’s Largest Trade Partner in Africa – 27 de setembro de 2009) e exporta 25 % da
sua produção para a China. Vôos diretos para Pequim foram criados, como também a
criação de uma Chinatown em Luanda, como lugar de encontro dos chineses em
Angola.
Em 2004, quando o Fundo Monetário Internacional condenou Angola por
corrupção no setor de petróleo, o Chexim ofereceu ao governo 2 bilhões de dólares de
empréstimo para a infra-estrutura do petróleo, para reparar as ferrovias, construir novos
escritórios do governo(WALT, 2006, apud KITISSOU, 2007). Em troca, o governo de
Luanda deu preferência para 35 empresas de construção da China durante o
68
desenvolvimento de processos licitatórios (BROADMAN, 2007, apud KITISSOU,
2007).
Além disso, o empréstimo foi refinadamente demarcado, sugerindo que acordos
implícitos estavam acertados. Pouco depois disso, quando a empresa francesa Total
tentou renovar a licença de um bloco de petróleo em offshore, o governo de Angola
recusou-se e o transferiu rapidamente para a Sinopec (WALT, 2006 apud KITISSOU,
2007).
Outros fatos demonstram a grande cooperação China-Angola no setor
petrolífero. Num deles a Shell teve divergências com o governo angolano, deixando que
a participação de 50% do bloco 18 fosse disponível para outros interessados. A Índia
preparava-se para fechar o acordo nesse bloco, mas a China foi considerada como
vencedora no último minuto. Simultaneamente ocorria a liberação de um outro pacote
de empréstimos de 2 bilhões de dólares pelo Chexim, enquanto a Índia liberou 200
milhões de dólares como empréstimo para ferrovias, percebido como insignificante
(CRI, 2004 apud KITISSOU, 2007). Posteriormente o contrato do bloco 18 foi vendido
a um consórcio de cinco bancos chineses e metade dos recursos (1,4 bilhão de dólares
de empréstimos financiado para o projeto), veio da joint venture Sonangol-Sinopec que
desenvolveu a exploração da concessão.
A Sinopec adquiriu a companhia petrolífera Addax cuja sede ficava em Genebra
(Suiça) por 7,3 bilhões de dólares, o acordo de compra foi fechado no dia 24 de junho
de 2009, envolvendo as reservas de petróleo e gás em Angola, na costa oeste africana e
no Iraque, o que demonstra o interesse da China em consolidar sua presença tanto na
África quanto no Oriente Médio (China Daily – Sinopec to buy Addax for $ 7,3b - 25
de junho de 2009).
Um consórcio formado pela CNOOC, Sinopec, ONGC (empresa indiana) e a
Petrobras, adquiriu uma participação de 20% em um campo da empresa norte-americana
Marathon em Angola (operado pela empresa francesa Total) por 1,3 bilhão de dólares
(China Daily - CNOOC, Sinopec to Buy Angola Oil Stake – 18 de julho de 2009).
Todos esses fatos demonstram a grande articulação de instituições financeiras
chinesas, de propriedade estatal, no apoio às ações de suas empresas petrolíferas.
69
5.2.4 - Nigéria
Historicamente as empresas ocidentais tem dominado o setor petrolífero na
Nigéria. Porém as empresas chinesas começam a penetrar no país. Um exemplo é a
assinatura pela China National Offshore Oil Company (CNOOC) de um contrato com a
Nigerian National Petroleum Corporation (NNPC), em 2005, para garantir o
suprimento de 30 mil barris por dia por um ano. Hoje, alguns dos mais importantes
investimentos da China na Nigéria incluem a joint venture da Sinopec com a NNPC
para desenvolver os blocos 64 e 66 (TAYLOR, 2009); a CNOOC com a participação de
45% (2,7 bilhões de dólares) no campo offshore de Akpo que atualmente constitui a
maior aquisição no exterior da empresa (HURST, 2006; ARGUS 2007 apud
KITISSOU, 2007). A eles se somam também 4 bilhões de dólares em investimento na
infraestrutura para a exportação do petróleo (HURST, 2006 apud KITISSOU, 2007),
incluindo 2 bilhões de dólares para expansão da refinaria de Kaduna na Nigéria
(TAYLOR, 2009).
As expansões da CNOOC e CNPC na Nigéria são apoiadas pelos empréstimos
de bancos chineses. Em particular a CNOOC tem uma linha de crédito de cerca de 1,62
bilhões de dólares para 10 anos, que parcialmente é usada para financiar operações na
Nigéria (International Petroleum Finance, 2006). A Petrochina, subsidiária da CNPC,
também recebeu 20 bilhões de yuan (2,94 bilhões de dólares) através de uma linha de
crédito do Banco da China, o maior do gênero na China, para sustentar o
desenvolvimento de longo prazo da Companhia (People’s Daily, 2000 apud
KITISSOU, 2007).
A CNOOC está tentando fechar um acordo para compra de seis bilhões de barris
da Nigéria, porém esse acordo tem sido acompanhado atentamente por outras
petrolíferas como a Total, Shell, Chevron, Exxon Mobil, que operam 23 blocos, mas 16
blocos estão com suas licenças vencidas (Financial Times – China Seeks Big Stake in
Nigerian Oil – 28 de setembro de 2009).
70
5.3 - Oriente Médio
Nos últimos anos a República Popular da China tem crescido rapidamente a sua
presença no Oriente Médio e no Mundo Árabe, seja presença econômica, política ou
cultural. Prova disto foi a criação do Fórum de Cooperação Sino-Árabe, oficialmente
aberto no Cairo em setembro de 2004, promovendo encontros regulares de ministros das
relações exteriores e empresários dos países envolvidos (EISENMAN;
HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007).
O crescimento da necessidade chinesa por energia tem aumentado a dependência
chinesa por petróleo vindo do Oriente Médio e Mundo Árabe, que detém dois terços das
reservas do petróleo no Mundo (EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007).
Aproximadamente metade do petróleo importado pela China vem do Oriente Médio,
apesar dos esforços da China para diversificar o suprimento de energia, buscando fontes
de suprimento na Ásia Central, Rússia, África e Américas. Analistas chineses prevêem
que devido às grandes reservas da região, e ao relativo baixo custo de transporte entre o
Oriente Médio e a China, o petróleo proveniente do Oriente Médio e do Mundo Árabe
continuará sendo a base das importações chinesas nos próximos anos (EISENMAN;
HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007).
A dependência chinesa em relação ao petróleo da região é tão nítida que alguma
interrupção do fornecimento poderia ter significativos efeitos negativos na economia
chinesa. A preparação para uma possível interrupção causada pela guerra do Iraque, por
exemplo, levou a China aumentar a compra de petróleo em janeiro de 2003 em 77,2%
em comparação com o ano anterior, causando o aumento do preço médio em 51%. Esse
foi um importante fator no déficit comercial da China em janeiro de 2003.
(EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007)
Nos últimos anos as maiores empresas de petróleo da China, como a China
National Petroleum Corporation (CNPC), a China Petroleum and Chemical
Corporation (SINOPEC), e a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) –
ganharam sucessivos contratos na exploração, produção, refino e desenvolvimento da
infra-estrutura no Irã, Omã, Argélia, Líbia e Iraque.
71
Um deles com a Sinopec, que obteve um contrato na Argélia para investir 75%,
de um total de 168 milhões de dólares, para a exploração de petróleo e um projeto para
produção na parte oeste do deserto do Sahara, em 2002. Essa foi a primeira vez que uma
empresa chinesa adquiriu um projeto de desenvolvimento de petróleo na Argélia. Em
outubro de 2005, a CNPC estabeleceu o primeiro contrato de uma empresa chinesa para
explorar petróleo em um campo da Líbia, e em setembro de 2005, a CNPC venceu a
concorrência para construir um novo gasoduto na Líbia, que será o maior gasoduto da
Líbia. (EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007).
No Iraque, as companhias chinesas se esforçam para terem uma participação na
produção de petróleo e gás, e esse esforço é perceptível na aquisição da companhia
petrolífera Addax (possui reservas de petróleo e gás no Iraque) em junho de 2009 pela
Sinopec. Por sua vez a China National Petroleum Corporation (CNPC) adquiriu os
direitos de participação na exploração, juntamente com a British Petroleum (BP), de
seis campos e petróleo e de dois campos gasíferos, sendo o maior campo o de Rumaila,
que produz 1,1 milhões de barris por dia, de uma produção total do país de 2,4 milhões
de barris por dia. O campo de Rumaila é explotado por um consórcio que envolve a
Exxon Mobil e a Petronas da Malásia, além, é claro, da CNPC e da BP (China Daily –
Iraque Crude Deal ‘Boost’ for China’s Oil Security Quest – 02 de Julho de 2009).
Apesar desses desenvolvimentos, as empresa chinesas estão chegando tarde à
região em comparação com as empresas de petróleo ocidentais, e estão em desvantagem
tanto em capital quanto de tecnologia. Como tal, eles têm pouca experiência em
exploração e produção na região. Analistas chineses acreditam que as empresas de
petróleo chinesas necessitam expandir esse envolvimento na exploração e produção das
atividades de produção para reduzir o custo de aquisição do petróleo, e que este setor
requer um suporte governamental. (EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL,
2007)
Outro país onde a China penetra cada vez mais na área petrolífera é o Irã. Em
2004, o Irã supriu 15% do petróleo importado pela China e foi o maior mercado, no
exterior, para a China no setor de projetos para construção, com mais de 120 projetos de
grande escala, desenvolvidos em todas as regiões do país. (EISENMAN;
HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007).
72
Em 2008 A Petrochina e a Sinopec anunciaram a compra da empresa síria,
Tanganyika Oil Company por 2 bilhões de dólares, valor superior ao oferecido pela a
Companhia Nacional Indiana de Petróleo e Gás (Bloomberg - Sinopec buys Syrian oil
assets – 26 de setembro de 2008).
A diplomacia de Pequim na região do Golfo procura diversificar métodos de
cooperação em energia. Além da compra direta, Pequim negocia com os governos na
região do Golfo para expandir a cooperação bilateral em exploração, ampliar a
capacidade de refino, e atrair para a região investimentos em refinarias e indústria
petroquímica chinesa. A inauguração da refinaria e da planta industrial de petroquímica
em Fujian em julho de 2005 (um investimento conjunto da Saudi Aranco, Exxon-Mobil
e Sinopec), demonstra outra faceta da política externa chinesa junto aos países do Golfo
(atração de capital árabe através de joint venture para a China), constituindo uma nova
etapa de cooperação econômica e integração com países do Golfo. (EISENMAN;
HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007)
Pequim usa as boas relações com países considerados “problemáticos”, pelo
Ocidente, para abrir as portas de oportunidades às empresas chinesas de fazerem
negócios. O discurso chinês, da não interferência, ajuda a justificar tais práticas.
(EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007). Pequim também sofre oposição
à sua estreita relação com o Irã na ONU, particularmente sobre o programa nuclear
iraniano, que é justificado pelo discurso da não interferência. Numa entrevista dado ao
repórter chinês em 18 de junho de 2005, o embaixador chinês no Irã criticou a política
norte-americana relativa ao problema nuclear do Irã como sendo baseado no “duplo
padrão”, isto é, para o Irã os Estados Unidos utiliza critérios diferentes dos que são
utilizados para o Paquistão e Índia. Segundo Mao Yufeng, a China necessita ter uma
política amigável com o Irã para garantir o comércio anual de cerca de sete bilhões de
dólares e dos contratos de petróleo. Depois disso, “os frutos econômicos, e a cooperação
econômica entre os dois países estão sendo ajudadas pela relação política favorável”,
disse o assessor comercial chinês para o Irã em 2005 (EISENMAN; HEGINBOTHAM;
MITCHELL, 2007).
73
5.4 - América Latina
Do ponto de vista de sua política de suprimentos a China vê a America Latina
como uma estável fornecedora de petróleo. A estimativa é que a América Latina
detenha 9,7% das reservas medidas de petróleo e 8,3% da produção mundial em 2008
(BP Statistical Review of World Energy, 2009).
A China e a Venezuela assinaram cinco acordos de cooperação energéticos no
começo de 2005. Neles a Venezuela se comprometeu a fornecer 100 mil barris por dia à
China, e também acordou no aumento do papel a ser exercido pela China National
Petroleum Corporation (CNPC) no desenvolvimento da indústria energética na
Venezuela. (BAJPACE, “Chinese Energy Strategy in Latin America”, apud
EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007)
China e Cuba também cooperam na exploração e produção de petróleo. Em
2005, a China Petroleum and Chemical Corporation (Sinopec) obteve um contrato
junto ao governo de Cuba para explorar potenciais reservas de petróleo e gás na porção
noroeste da costa cubana, que poderia conter entre 4,5 a 9 bilhões de barris de petróleo.
(MARTIN, 2006 apud EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007)
Para assegurar o suprimento estável de energia, investimentos chineses em
petróleo na America Latina têm-se expandido rapidamente, principalmente através da
CNPC. A CNPC opera três campos de petróleo na Venezuela (Orimulsion, Caracoles e
Intercampo). A CNPC também ganhou os direitos de exploração e produção no campo
de Talara no Peru entre os anos de 1993 a 2003. (CNPC, 2003 apud EISENMAN;
HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007)
Companhias chinesas têm firmados acordos de exploração e produção na
Colômbia e em outros países da America Latina. A Sinopec e a Petrobras formaram
uma parceria estratégica visando um acordo de cooperação na exploração, produção,
refino, marketing, tubulação e tecnologia (WERTHEIM, 2004 apud EISENMAN;
HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007). Deste acordo resultou na construção de 1960
quilômetros de um gasoduto no Brasil interligando as regiões sudeste e nordeste a um
custo de 1,3 bilhões de dólares. Já a Sinochem Corporation adquiriu a participação de
74
14% no bloco 16 para exploração de petróleo no Equador. (WERTHEIM, 2004 apud
EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007)
Para aumentar o acesso às maiores fontes de energia, as empresas chinesas de
petróleo também firmam cooperação entre si, e com outras empresas no exterior. Um
exemplo é a formação da Andes Petroleum Corporation pela CNPC, Sinopec e outras.
Em 2005 a Andes Petroleum adquiriu a concessão de cinco blocos que poderão produzir
75,2 mil barris de petróleo por dia e teve reservas medidas de 143 milhões de barris
(EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007). Essa aquisição foi feita através
de compra do petróleo e oleoduto da EnCana corp, uma grande produtora de petróleo e
gás natural canadense.
Apesar dos esforços, a China tem-se deparado com um grande problema na
importação de petróleo da América do Sul: o transporte de petróleo proveniente da costa
do Atlântico para a China (EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007). As
barreiras do transporte podem ser divididas em dois grupos:
1)transporte da costa do Atlântico para a costa do Pacífico;
2) a movimentação do petróleo da costa do Pacífico para a China.
O primeiro problema é o alto custo. Os grandes petroleiros não podem passar
pelo Canal do Panamá. Por essas circunstâncias, a Venezuela está negociando com o
Panamá para construir um oleoduto para o Pacífico na costa panamenha. O segundo
problema tem relação com a segurança da costa. Neste aspecto há preocupações de
Pequim sobre os efeitos da presença naval dos Estados Unidos e outros fatores
marítimos no transporte estrangeiro de petróleo para a China (EISENMAN;
HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007). Sem nenhuma rota alternativa para o petróleo
da América do Sul, a China dependerá da cooperação e do bom relacionamento com os
Estados Unidos para garantir a segurança no Pacífico, pelo menos a curto prazo.
Mesmo com os problemas de logística e segurança a China tem manifestado
interesse pelo petróleo da América do Sul. O exemplo disto foi a assinatura, de um
contrato com a Petrobras, de empréstimo de 10 bilhões de dólares em troca do
fornecimento de 200 mil barris por dia de petróleo, a ser extraído da camada pré sal.
(China Daily – Chinese investment rises in Latin America - 28 de maio 2009), como
75
também do consórcio entre a CNPC e a Total (companhia petrolífera francesa) para o
desenvolvimento de dois grandes campos petrolíferos na Venezuela, com investimentos
entre 7 a 10 bilhões de dólares. (Reuters - Total, CNPC to bid on Venezuela oil blocks –
4 de julho de 2009).
5.5 - Ásia Central
A China tem quatro objetivos principais na Ásia Central que define suas ações
na região. Primeiro, a China tem estratégia e metas diplomáticas na Ásia Central que
fazem parte da política externa chinesa. Segundo, a China procura proteger a
estabilidade e segurança das fronteiras depois do colapso da União Soviética. Terceiro,
a China busca impedir algumas influências externas nos assuntos da região ocidental,
incluindo possível apoio para os separatistas em Xinjiang. Por último, os interesses
econômicos e comerciais da China na região, especialmente o desenvolvimento dos
recursos energéticos, que estão se transformando num importante fator de
desenvolvimento interno dos países da região (EISENMAN; HEGINBOTHAM;
MITCHELL, 2007).
Em 2005, a China exportou cerca de 5 bilhões de dólares de produtos para a
Ásia Central, enquanto importou apenas 3,5 bilhões de dólares. Dos países da Ásia
Central, o Cazaquistão tem o maior intercâmbio comercial com a China, num total de
sete bilhões de dólares, refletindo a importância do setor energético na pauta de
exportações dos países (Global Trade Atlas Online apud EISENMAN;
HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007). Esses números podem ser baixos
comparativamente ao comércio chinês com outras regiões, porém, há a tendência de
crescimento do comércio bilateral, à medida de maior quantidade de energia a ser
exportado pelo Cazaquistão para a China.
Para diversificar as fontes de suprimento e aumentar a segurança energética, a
China quer estabelecer na Ásia Central, particularmente no Cazaquistão, uma
importante fonte de suprimento de energia (petróleo e gás natural). Em junho de 1997, a
China, através da National Petroleum Corporation (CNPC) investiu 4,3 bilhões de
76
dólares na empresa de petróleo Aktyubinskneft, do Cazaquistão, garantindo à China a
participação de 63% em três campos, com um total estimado de 1 bilhão de barris de
petróleo de reservas. Como parte desse acordo, China e Cazaquistão também aceitaram
construir um gasoduto de 3 mil quilômetros, por cerca de 3 bilhões de dólares, ligando o
mar Cáspio a Xinjiang (EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007). O
gasoduto, quando completado, transportará inicialmente 10 milhões de toneladas por
ano de gás natural e posteriormente a capacidade será duplicada.
Um novo “passo” para a consolidação da presença chinesa no Cazaquistão foi
dado com a aquisição de 11% da participação acionária na empresa de petróleo e gás do
Cazaquistão, JSC KazMunaiGas Exploration Production (KMG EP), por 939 milhões
de dólares, aquisição feita pelo fundo soberano chinês China Investment Corporation
(CIC) (China Daily – China Sovereign Fund Buys Stake in Kazakhstan Oil Firm – 30 de
setembro de 2009).
Outro investimento na área, o gasoduto Cazaquistão – Xianjing, tem sido
considerado antieconômico por muitos especialistas, mas isso reflete a estratégia da
China para garantir os recursos energéticos e o custo que se paga pela segurança
energética (EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL, 2007). Esse projeto visa
diminuir a insegurança da China com a importação do petróleo russo da Sibéria,
procurando diversificar futuras fontes de suprimento. A China continua a investir no
Cazaquistão, Quirquistão, Turcomenistão, Ubequistão, Tajirquistão e Geórgia. Nenhum
desses, entretanto, tem oferecido o mesmo potencial para a China como os campos
gasíferos do Cazaquistão.
Enquanto esses projetos não entram em funcionamento, o Cazaquistão está
exportando uma pequena quantidade de petróleo para a China. Em 2007, a China
importou 85 mil barris/dia de petróleo do Cazaquistão (Energy Information
Administration of US Government (EIA) – Cazaquistão - Fevereiro de 2009) e esse
petróleo é transportado por ferrovia. Porém existem projetos de construções de algumas
ferrovias ligando a China à Ásia Central. Eles incluem uma nova ferrovia, que está
sendo construída, entre Xinjiang e Uzbequistão, que passará pelo Quirquistão, e outra
possível ferrovia que incluirá o Tajiquistão. (EISENMAN; HEGINBOTHAM;
MITCHELL, 2007)
77
A intenção é conectar essa rede de novas ferrovias com o corredor de transporte
rodoviário Europa-Cáucaso-Asia (TRACECA), que contará com financiamento
conjunto de 250 milhões de dólares do Banco Europeu para Reconstrução e
Desenvolvimento (BERD), do Banco de Desenvolvimento da Ásia e Cooperação
Econômica Regional da Ásia Central (CAREC) que financiaram 1,5 bilhões de dólares
no projeto da nova rodovia que interligará a China à Europa, visando integração e
ampliação dos setores de transporte, energia e comércio. Há, ainda, projetos de infra-
estrutura que incluem a já finalizada linha ferroviária Urunai-Almaty, a nova rodovia de
360 km entre Lake Issyk e Kul no Quirquistão, e a ligação do Aksu a Xinjiang, que foi
construída e financiada pela China. (EISENMAN; HEGINBOTHAM; MITCHELL,
2007)
A política chinesa inclui, também, empréstimos para desenvolvimento de
campos de gás e petróleo na região. Assim em 2009, a China emprestou ao
Turcomenistão um total de 3 bilhões de dólares, para expandir o campo de gás natural
de South Yolotan. O empréstimo reforça os esforços da China para atingir os seus
objetivos referentes aos contratos de longo prazo de fornecimento de energia,
aumentando sua segurança energética. Está, ainda, em construção um gasoduto de 7 mil
quilômetros entre China e o Turcomenistão. O campo de South Yolotan, no
Turcomenistão, está localizado perto da fronteira com o Afeganistão, tendo reservas de
aproximadamente 6 trilhões de metros cúbicos de gás natural, sendo uma das maiores
reservas de gás natural do mundo. A imprensa do Turcomenistão informou que o país
concordou em vender 40 bilhões de metros cúbicos de gás natural anuais, a partir do
final de 2010, à China (China Economic Review - China, Turkmenistan in $3b energy
loan deal - 8 de junho de 2009).
5.6 – Rússia
O comércio bilateral Sino-Russo depende do desenvolvimento do setor de
hidrocarbonetos, que constituem a principal pauta das exportações russas. A Rússia é
um dos maiores produtores mundiais de petróleo, o maior produtor (tabela 5.1) e
exportador de gás, além de ser o maior exportador mundial de energia, contribuindo
78
com a maior parte das receitas provenientes das suas exportações. Por outro lado os
chineses, por serem o segundo maior consumidor de energia do mundo (tabela 5.2),
precisam de fontes confiáveis e de fornecimento de longo prazo, e tem grande interesse
nas fontes e fornecimento de energia russa.
A crise financeira internacional reforçou a posição do setor energético no âmbito
da política externa e dos interesses de investimento conjunto sino-russo, com o objetivo
de alavancar o comércio bilateral e estabelecer uma aliança estratégica no setor
energético, como forma de garantir os respectivos crescimentos econômicos. Por isso os
dois países anunciaram o aumento dos investimentos no setor energético como forma de
enfrentar a crise econômica mundial. “Existem contratos no gás natural e energia
nuclear que deverão ser implementados e novos acordos que devem ser assinados”,
disse o President Hu Jintao (China Daily, China, Rússia to boost co-op in finance,
energy - 03 de abril de 2009).
Tabela 5.1: Principais produtores mundiais de gás natural entre 1998 -2008 (Bilhão de metros cúbicos).
Fonte: O autor, a partir da BP Statistical Review of World Energy de junho de 2009.
79
Tabela 5.2: Os maiores consumidores mundiais de petróleo entre 1998 - 2008 (Milhão de barris-dia).
Fonte: O autor, a partir da BP Statistical Review of World Energy de junho de 2009.
O volume do comércio entre os dois países atingiu 50 bilhões de dólares no
último ano, mas há ainda potencial para expansão. Em 2008 a China foi o segundo
maior parceiro comercial da Rússia somente atrás da União Européia, enquanto a Rússia
passou a ser o nono maior parceiro comercial da China, enquanto era o sétimo no ano
anterior (China Daily - China, Russia to enhance mutual investment – 27 de março de
2009).
A China e Rússia assinaram em fevereiro de 2009, sete acordos num programa
de cooperação para recursos energéticos, em que incluem a construção de um oleoduto,
um contrato de fornecimento de petróleo de longo prazo e um plano de financiamento
entre o Banco de Desenvolvimento da China e a empresa de transporte ferroviário da
Rússia (China Daily - China, Russia ink oil cooperation agreement – 21 de abril de
2009).
Um dos acordos é o contrato de empréstimo financeiro, em troca por petróleo,
assinado pelos dois países no mês de abril, no qual a China fornece empréstimo de
longo prazo no valor de 25 bilhões de dólares (10 bilhões de dólares do oleoduto da
Transneft e outros 15 bilhões de dólares para a principal estatal do petróleo, a Rosneft).
80
Em troca a Rússia fornecerá 300 milhões de toneladas (ou 300 mil barris/dia) de
petróleo, entre 2011 a 2030. Esse suprimento de petróleo é equivalente a cerca de 4 %
do consumo diário da China (China Daily - China, Russia to enhance mutual investment
– 21 de abril de 2009).
Por outro lado este acordo de abril de 2009 prevê a construção de um oleoduto
interligando os dois países, com o objetivo de transportar petróleo da Rússia para Mohe,
no nordeste da China (na província de Heilongjiang). O projeto conta com a construção
de 64 quilômetros de oleoduto na parte russa, que começou em 27 de abril, enquanto a
parte chinesa percorrerá 965 quilômetros (China Daily - Work starts on pipe to Russian
oil – 19 de maio de 2009).
Esta instalação russa de gás liquefeito poderá, talvez, ser uma das fontes de
abastecimento a vários portos chineses que também possuem instalações para
recebimento de gás liquefeito importado.
81
CAPÍTULO VI - INTERNACIONALIZAÇÃO DA CNPC (2003-20 08)
6.1 - Introdução
O objetivo desse capítulo é analisar a internacionalização da China National
Petróleo Corporation (CNPC), por se tratar da maior companhia petrolífera chinesa e
tem desempenhado um papel importante no que tange ao suprimento de energia na
China e também pela possibilidade de realização de lucros através das atividades de
downstream e upstream no exterior. As fontes de dados básicos da pesquisa deste
capítulo foram os relatórios anuais da empresa entre 2003 a 2008.
6.2– Presença da CNPC no exterior
Os primeiros investimentos em petróleo e gás feito pela CNPC no exterior foram
no Cazaquistão, Sudão e Venezuela em 1997. A partir desse momento os investimentos
aumentaram de forma rápida e constante (tabela 6.01).
Tabela 6.01 – Presença da CNPC no exterior em exploração e produção de petróleo e gás natural: n o de países.
ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008
PAÍSES 11 12 23 26 26 29
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 a 2008.
O percentual de aumento da presença da CNPC no exterior entre 2003 a 2008 foi
de 163%.
82
A internacionalização das atividades da CNPC abrangia de forma mais
contundente apenas estes três países, e em 2008 o número de países passou para 29,
compreendendo países da América do Sul, Central e do Norte, Ásia Central, África,
Ásia, Oceania e Oriente Médio, como apresenta a tabela 6.02.
As regiões produtoras de petróleo e gás natural em que ocorreram aumento da
presença da CNPC entre 2003 a 2008 foi o Oriente Médio, África, Ásia Central e
América do Sul, respectivamente (tabela 6.03).
Tabela 6.02 – Presença da CNPC em exploração e produção de petróleo e gás natural nos continentes.
ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008
PAÍSES 11 12 23 26 26 29
América do Sul 2 2 3 4 3 3
América Central - - - - 1 2
América do Norte - - 1 1 1 1
África 4 5 7 9 9 10
Ásia - - 3 3 3 3
Oceania 1 1 1 1 1 1
Ásia Central 3 3 4 5 5 5
Oriente Médio 1 1 4 3 3 4
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 a 2008.
83
Tabela 6.03: Percentual de aumento da internacionalização da CNPC nas regiões produtoras entre 2003-2008.
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre os anos de 2003 a 2008.
6.3 - Produção interna e externa de petróleo bruto e gás natural da CNPC
A produção interna de petróleo bruto da CNPC passou de 102,08 milhões de
toneladas métricas em 2002 para 108,25 milhões de toneladas métricas em 2008. A
tabela 6.04 apresenta a produção interna de petróleo da CNPC entre 2002 e 2008.
Tabela 6.04: Produção interna de petróleo bruto da CNPC entre os anos de 2002 - 2008.
ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
PRODUÇÃO
(Petróleo)
(Milhão de toneladas
métricas)
102,08
103,94
104,55
105,95
106,64
107,65
108,25
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 a 2008.
REGIÕES PRODUTORAS
PERÍODO
(2003-2008)
(∆%)
Oriente Médio. 300
África. 150
Ásia Central. 66
América do Sul. 50
Oceania. 0
84
O percentual de aumento da produção interna de petróleo bruto da CNPC entre
2002-2008 foi de 6,0%.
A produção externa passou de 21,18 milhões de toneladas métricas em 2002,
para 62,20 milhões de toneladas de petróleo por ano em 2008. A tabela 6.05 apresenta a
produção externa de petróleo bruto da CNPC entre 2002 e 2008.
Tabela 6.05. Produção externa de petróleo bruto da CNPC entre 2002-2008.
ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
PRODUÇÃO
(Petróleo)
(Milhão de toneladas
métricas)
21,18 25,20 30,12 35,82 54,60 60,19 62,20
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
O percentual de aumento da produção de petróleo bruto da CNPC no exterior
entre 2002-2008 foi de 193,67%.
A participação da produção externa de petróleo bruto da CNPC na produção
interna da empresa aumentou de 16,03 em 2001 para 57,46 em 2008, como apresenta a
tabela 6.06.
85
Tabela 6.06: Participação da produção externa de petróleo na produção interna da CNPC entre 2001 -2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*
*
**
101,23
16,23
16,03
102,08
21,18
20,74
103,94
25,20
24,24
104,55
30,12
28,8
105,95
35,82
33,8
106,64
54,60
51,2
107,65
60,19
56
108,25
62,20
57,46
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2001 a 2008.
* Produção interna de petróleo (Milhão de toneladas métricas).
* Produção externa de petróleo (Milhão de toneladas métricas).
**Participação da produção externa de petróleo bruto da CNPC na produção total da empresa (%).
A produção interna de gás natural passou de 20,58 bilhões de metros cúbicos em
2001 para 61,75 bilhões em 2008. A tabela 6.07 apresenta a produção interna de gás
natural da CNPC entre 2001-2008.
Tabela 6.07: Produção interna de gás natural da CNPC entre 2001-2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
PRODUÇÃO
(BILHÃO DE
METROS CÚBICOS)
20,58
22,53
24,88
28,66
36,67
44,21
54,25
61,75
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
86
O percentual de aumento da produção interna de gás natural da CNPC entre
2001-2008 foi de 200 %.
A produção externa de gás natural da CNPC passou de 0,74 bilhões de metros
cúbicos em 2000 para 6,73 bilhões de metros cúbicos em 2008. A tabela 6.08 apresenta
a produção de gás natural da CNPC no exterior entre 2000 a 2008.
Tabela 6.08 – Produção externa de gás natural da CNPC entre os anos de 2000-2008.
ANO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
PRODUÇÃO
(BILHÃO DE
METROS CÚBICOS)
0,74 0,93 1,26 1,92 3,55 4,02 5,7 5,36 6,73
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
O percentual de aumento da produção externa de gás natural da CNPC entre
2000-2008 foi de 809 %.
A participação da produção externa de gás natural na produção total da CNPC
passou de 4,5 % em 2001 para 12,38 % em 2004, entre 2005 e 2008 houve oscilações
na participação total (tabela 6.09).
87
Tabela 6.09: Participação da produção externa de gás natural na produção interna da CNPC entre 2001-2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*
*
**
20,58
0,93
4,5
22,53
1,26
5,6
24,88
1,92
7,7
28,66
3,55
12,38
36,67
4,02
11
44,21
5,7
12,9
54,25
5,36
9,88
61,75
6,73
10,9
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
* Produção interna de gás natural (Bilhão de metros cúbicos).
*Produção externa de gás natural (Bilhão de metros cúbicos).
**Participação da produção externa de gás natural na produção total da CNPC (%).
Destes dados concluímos que o crescimento da produção petrolífera no exterior
pela CNPC é menor que o verificado na produção de gás. O primeiro cresceu 193,67 %
entre 2002-2008 e já representa 57 % da sua produção. Externamente no gás este
crescimento foi de 434 %, mas ainda representa apenas 10,9 % da produção interna de
gás natural pela CNPC.
Estes grandes crescimento de produções externas de petróleo e gás natural bem
superiores aos incrementos internos, mostra a importância da internacionalização da
CNPC.
6.4 - Os países de maior produção de petróleo da CNPC
A CNPC realiza atividades de exploração e produção de petróleo em 29 países além
de outras dezenas de países em que a companhia presta serviços para a exploração e
produção de petróleo e gás, distribuição de petróleo e gás e vendas de equipamento.
88
Dentre esses países três se destacam como os países de maior produção de petróleo
aonde a CNPC atua: Sudão, Cazaquistão e Venezuela.
A produção de petróleo bruto da CNPC no Sudão passou de 13,89 milhões de
toneladas métricas em 2003 para 24,9 milhões em 2008 (tabela 6.10).
Tabela 6.10: Produção de Petróleo Bruto da CNPC no Sudão entre 2003-2008.
ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008
PRODUÇÃO
Milhão de toneladas métricas por ano 13,89 15,74 16,38 16,38 24,3
24,9
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
O percentual de aumento da produção de petróleo bruto da CNPC no Sudão
entre 2003-2008 foi de 79 %.
A participação da produção de petróleo bruto no Sudão em relação ao total
produzido pela CNPC no exterior, reduziu de 55 % em 2003 para 30 % em 2006, em
decorrência de maior diversidade de fontes produtoras no exterior pela CNPC, e do
crescimento da produção de petróleo em outros países da empresa. Depois aumentou
para 40 % em 2008 (tabela 6.11).
89
Tabela 6.11: Participação da produção de petróleo bruto no Sudão no total produzido pela CNPC no exterior entre 2003-2008.
ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*
*
**
13,89
25.20
55
15,74
30.12
52,25
16,38
35,82
45,72
16,38
54,60
30
24,3
60,19
40,37
24,9
62,20
40
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
*Produção de petróleo da CNPC no Sudão (Milhão de toneladas métricas).
* Produção total de petróleo da CNPC no exterior (Milhão de toneladas métricas).
**Participação da produção de petróleo no Sudão no total produzido pela CNPC no exterior (%).
A produção de petróleo bruto da CNPC no Cazaquistão passou de 1,2 milhões
de toneladas métricas em 2003 para 18 milhões em 2008 (tabela 6.12).
Tabela 6.12: Produção de Petróleo Bruto da CNPC no Cazaquistão entre 2003-2008.
ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008
PRODUÇÃO
(Milhão de toneladas métricas por ano)
1,2 5,78 *NI 18 18 18
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
*Não informado.
O percentual de aumento da produção de petróleo bruto da CNPC no
Cazaquistão entre 2003-2008 foi de 1400 %.
A participação da produção de petróleo bruto no Cazaquistão em relação a
produção total da CNPC no exterior aumentou de 4,76 % em 2003 para 35,87% em
2005, quando iniciou uma tendência de redução para 29% em 2008 (tabela 6.13).
90
Tabela 6.13: Participação da produção de petróleo bruto no Cazaquistão no total produzido pela CNPC no exterior entre 2003-2008.
ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*
*
**
1,2
25.20
4,76
5,78
30.12
19,18
**NI
35,82
**NI
18
54,60
33
18
60,19
30
18
62,20
29
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
*Produção de petróleo da CNPC no Cazaquistão (Milhão de toneladas métricas).
**Não informado
* Produção total de petróleo da CNPC no exterior (Milhão de toneladas métricas).
** Participação da produção de petróleo no Cazaquistão no total produzido pela CNPC no exterior (%).
A produção de petróleo bruto da CNPC na Venezuela passou de 1,47 milhões de
toneladas métricas em 2004 para 11,2 milhões em 2008 (tabela 6.14).
Tabela 6.14: Produção de petróleo bruto na Venezuela entre 2003 a 2008.
ANO *2003 2004 2005 2006 2007 2008
PRODUÇÃO
Milhão de toneladas métricas por ano *NI 1,47 8,98 9 9 11,2
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
*Não informado
O percentual de aumento da produção de petróleo bruto da CNPC na Venezuela
entre 2004-2008 foi de 662 % .
A participação da produção de petróleo bruto na Venezuela em relação ao total
produzido pela CNPC no exterior enfrentou oscilações, com aumento e redução na
participação entre 2004 e 2008 (tabela 6.15).
91
Tabela 6.15: Participação da produção de petróleo bruto na Venezuela no total produzido pela CNPC no exterior entre 2003-2008.
ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*
*
**
**NI
25.20
**NI
1,47
30,12
4,88
8,98
35,82
25,03
9
54,60
16,48
9
60,19
15
11,2
62,20
18
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
* Produção de petróleo da CNPC na Venezuela (Milhão de toneladas métricas).
**Não informado.
* Produção total de petróleo da CNPC no exterior (Milhão de toneladas métricas).
**Participação da produção de petróleo bruto na Venezuela no total produzido pela CNPC (%).
6.5– Reservas interna e externa de petróleo da CNPC
As reservas internas de petróleo da CNPC passou de 1.647,67 milhões de
toneladas métricas em 2002 para 1.935,50 milhões em 2008 (tabela 6.16).
Tabela 6. 16: Reserva interna de petróleo da CNPC
ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
RESERVAS
Milhão de
Toneladas
Métricas
1.647,67 1.639,72 1.648,98 1.654,69 1.827,12 1.949,24 1.935,50
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
O percentual de aumento das reservas internas de petróleo da CNPC no exterior
entre 2002-2008 foi de 17,46% .
O volume das reservas de petróleo da CNPC no exterior passou de 457,21
milhões de toneladas em 2002 para 1001,69 milhões de toneladas de petróleo. A tabela
92
6.17 apresenta o volume das reservas de petróleo da CNPC no exterior entre 2002 a
2008.
Tabela 6.17: Reservas de petróleo da CNPC no exterior entre 2002-2008.
ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
RESERVAS
Milhão de Toneladas
Métricas
457,21 531,2 559,58 638,01 883,78 936,19 1001,69
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
O percentual de aumento das reservas de petróleo da CNPC no exterior entre
2002 -2008 foi de 119% .
A participação das reservas externas de gás natural nas reservas totais (interna)
da CNPC aumentou de 27,74% em 2002 para 51,75% em 2008 (tabela 6.18), mostrando
a importância das reservas externas de petróleo para o fornecimento energético futuro
da China.
Tabela 6.18: Participação das reservas externas de petróleo nas reservas totais (interna) da CNPC entre 2002-2008.
ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*
*
**
1.647,67
457,21
27,74
1.639,72
531,2
32,4
1.648,98
559,58
34
1.654,69
638,01
38,55
1.827,12
883,78
48,37
1.949,24
936,19
48
1.935,50
1001,69
51,75
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre os anos de 2002 e 2008.
* Reservas internas de petróleo da CNPC entre 2002-2008 (Milhão de toneladas métricas).
* Reservas de petróleo da CNPC no exterior entre 2002-2008 (Milhão de toneladas métricas).
**Participação das reservas externas de petróleo nas reservas totais da CNPC entre 2002-2008 (%).
93
6.6– Reservas interna e externa de gás natural da CNPC.
As reservas internas de gás natural da CNPC expandiram de 1.481 bilhões de
metros cúbicos em 2002 para 2.443,8 bilhões em 2008 (tabela 6.19).
Tabela 6.19: Reservas internas de gás natural da CNPC entre 2002 - 2008.
ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
RESERVAS
Bilhão de Metros
Cúbicos
1.481 1.674 1.805,20 1.954,30 2.095,5 2.188,9 2.443,8
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
O percentual de aumento das reservas internas de gás natural da CNPC entre
2002-2008 foi de 24% .
O volume das reservas de gás natural da CNPC no exterior passou de 77,1
bilhões de metros cúbicos em 2002 para 169,80 bilhões de metros cúbicos em 2008. A
tabela 6.20 apresenta o aumento das reservas de gás natural da CNPC no exterior entre
2002 - 2008.
Tabela 6.20: Reservas de gás natural da CNPC no exterior entre 2002 - 2008.
ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
RESERVAS
Bilhão de Metros Cúbicos 77,1 84,8 81,4 104,6 119,7 131,20 169,80
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
O percentual de aumento das reservas de gás natural da CNPC no exterior entre
2002 - 2008 foi de 120% .
94
Houve uma diminuição da participação das reservas externas de gás natural em
relação ao total das reservas da CNPC, entre 2002 e 2004, 5,2% e 4,5%
respectivamente. Porém entre 2005 e 2008 ocorreu o inverso, ou seja, em 2005 a
participação foi de 5,35%, aumentando para 7% em 2008 (tabela 6.21).
Tabela 6.21: Participação das reservas externas de gás natural nas reservas interna da CNPC entre 2002-2008.
ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*
*
**
1.481
77,1
5,2
1.674
84,8
5
1.805
81,4
4,5
1.954
104,6
5,35
2.095
119,7
5,7
2.188
131,20
6
2.443
169,80
7
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2002 e 2008.
* Reservas interna de gás natural da CNPC entre 2002-2008 (Bilhão de Metros Cúbicos).
*Reservas externa de gás natural da CNPC entre 2002-2008 (Bilhão de Metros Cúbicos).
** Participação das reservas externas de gás natural nas reservas totais da CNPC entre 2002 -2008 (%).
6.7 – Infra-estrutura da CNPC no exterior e na China.
O crescimento das atividades de dowstream e upstream da CNPC no exterior
requereu a construção de uma rede de oleodutos e gasodutos para propiciar tanto a
exportação da matéria prima para a China, quanto para o refino e transformação química
das mesmas. Os oleodutos e gasodutos estão concentrados principalmente no Sudão e
Cazaquistão, porém estão em curso a construção de oleodutos e gasodutos interligando
países como Rússia, Turcomenistão, Azerbaijão e Uzbequistão com a China, como é o
gasoduto Ásia Central-China. A tabela 6.22 apresenta a extensão dos oleodutos e
gasodutos da CNPC no exterior entre 2001 e 2008.
95
Tabela 6.22: Extensão dos oleodutos e gasodutos da CNPC no exterior entre 2001-2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
EXTENSÃO
(km) 1506 1954 1954 2677 *NI 5200 5200 5200
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
*Não informado (NI).
O percentual de aumento na extensão dos oleodutos e gasodutos da CNPC no
exterior entre 2001-2008 foi de 245% .
A extensão dos oleodutos e gasodutos da CNPC na China expandiu de 30.622
quilômetros em 2004 para 42 mil quilômetros em 2008 (tabela 6.23).
Tabela 6.23: Extensão dos oleodutos e gasodutos da CNPC na China entre 2003 - 2008.
ANO *2003 2004 2005 2006 *2007 2008
EXTENSÃO
(km) *NI 30,622 32,193 35,264 *NI 42,000
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
*Não informado (NI).
O percentual de aumento na extensão dos oleodutos e gasodutos da CNPC na
China entre 2004 – 2008 foi de 37% .
A participação total da extensão dos oleodutos e gasodutos da CNPC no exterior
aumentou de 8,74% em 2004 para 14,74% em 2006 e em 2008, reduziu para 12,38%
(tabela 6.24).
96
Tabela 6.24: Percentual de participação da extensão dos oleodutos e gasodutos no exterior na CNPC em relação a extensão total na China.
ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*
*
**
* *NI
1954
**NI
30,622
2677
8,74
32,193
**NI
**NI
35,264
5200
14,74
**NI
5200
**NI
42,000
5200
12,38
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
*Extensão dos oleodutos e gasodutos da CNPC na China entre 2003-2008 (Km).
**Não informado (NI).
*Extensão dos oleodutos e gasodutos da CNPC no exterior entre 2003-2008 (Km).
** Participação da extensão dos oleodutos e gasodutos no exterior na CNPC no total na China (%).
A capacidade de transporte dos oleodutos e gasodutos da CNPC no exterior
passou de 12,5 milhões de toneladas métricas de petróleo e gás por ano em 2001 para 52
milhões de toneladas métricas em 2008. A tabela 6.25 apresenta o aumento da
capacidade de transporte dos oleodutos e gasodutos da CNPC no exterior entre 2001 a
2008.
Tabela 6.25: Capacidade de transporte dos oleodutos e gasodutos da CNPC no exterior entre 2001-2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
RESERVAS
Milhões de Toneladas
Métricas
12,5 12,5 20,6 20,74 *NI 52 52 52
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
*Não informado (NI).
O percentual de aumento da capacidade de transporte dos oleodutos e gasodutos
da CNPC no exterior entre 2001-2008 foi de 316% .
O volume de petróleo e gás transportado pela CNPC no exterior passou de 11,04
milhões de toneladas métricas de petróleo e gás em 2001 para 36,67 milhões de
toneladas métricas em 2008 (tabela 6.26). Note-se que a capacidade de transporte de
oleodutos/gasodutos da CNPC no exterior manteve-se a mesma entre 2006 - 2008.
97
Tabela 6.26: Volume de petróleo e gás natural transportado pela CNPC no exterior entre 2001 - 2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
RESERVAS
Milhões de Toneladas Métricas 11,04 11,82 16,57 20,74 *NI 26,5 26,5 36,67
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
*Não informado (NI).
O percentual de aumento do volume de petróleo e gás natural transportado pela
CNPC no exterior entre 2001-2008 foi de 232%.
6.8 – Capacidade e volume externo e interno de refino e química da CNPC
Atualmente a CNPC possui três refinarias no exterior, que estão localizadas no
Sudão (iniciou as operações em 2003), Argélia (iniciou as operações em 2006) e
Cazaquistão (a CNPC adquiriu em 2005), nas cidades de Khartoum, Adrar e Shymkent
respectivamente. Com isso a capacidade de refino e química da CNPC no exterior
passou de 2,5 milhões de toneladas métricas por ano em 2001 para 11,6 milhões de
toneladas métricas por ano em 2008. A tabela 6.27 apresenta a capacidade de refino e
química da CNPC no exterior entre 2001 a 2008. Também, como no transporte, a
capacidade de refino e química no exterior manteve-se estável entre 2006 -2008.
Tabela 6.27: Capacidade de refino e química da CNPC no exterior entre 2001-2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
VOLUME
(Milhões de toneladas
métricas por ano).
2,5 2,5 2,5 3,0 *NI 11,6 11,6 11,6
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
*Não informado (NI).
98
O percentual de aumento da capacidade de refino e química da CNPC no
exterior entre 2001 – 2008 foi de 364% .
A capacidade interna de refino e química da CNPC apresentou um aumento de
105,27 milhões de toneladas métricas por ano em 2001, para 130,81 milhões em 2008
(tabela 6.28). Note-se que em 2006 ocorreu uma pequena redução da capacidade em
relação ao ano anterior.
Tabela 6.28: Capacidade interna de refino e química da CNPC entre 2001-2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
VOLUME
(Milhões de
toneladas métricas
por ano).
105,27 108,17 110,4 115,83 121 120,62 124,07 130,81
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 a 2008.
O percentual de aumento da capacidade interna de refino e química da CNPC
entre 2001-2008 foi de 24,26% .
O percentual de participação da capacidade externa em relação a capacidade
total de refino e química da CNPC entre 2001-2008, apresentou oscilações de aumento
e diminuição da participação no mencionado período (tabela 6.29).
99
Tabela 6.29: Percentual de participação da capacidade externa em relação à capacidade interna de refino e química da CNPC entre 2001-2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*
*
***
105,27
2,5
2,37
108,17
2,5
2,31
110,4
2,5
2,26
115,83
3,0
2,6
121
**NI
**NI
120,62
11,6
9,61
124,07
11,6
9,35
130,81
11,6
8,86
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
* Capacidade interna de refino e química (Milhão de toneladas métricas).
* Capacidade interna de refino e química (Milhão de toneladas métricas).
**Não informado (NI).
*** Participação da capacidade externa na capacidade total de refino e química da CNPC entre 2001-2008 (%).
O volume do processamento interno de refino e química da CNPC entre 2001-
2008, apresentou aumento de 87,95 milhões de toneladas métricas em 2001 para 125,3
milhões em 2008 (vide a tabela 6.30).
Tabela 6.30: Volume do processamento interno de refino e química da CNPC entre 2001-2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
VOLUME
Milhões de Toneladas
Métricas
87,95
89,47
92,55
103,70
110,61
115,87
122,72
125,30
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
O percentual de aumento do volume do processamento interno de refino e
química da CNPC entre 2001-2008 foi de 42,46% .
100
O processamento de refino e química da CNPC no exterior é realizado nas suas
três refinarias, tendo o volume saltando de 2,30 milhões de toneladas métricas em 2001
para 9,18 milhões de toneladas métricas em 2008. A tabela 6.31 a seguir apresenta o
volume do processamento de refino e química da CNPC no exterior entre 2001 e 2008.
Tabela 6.31. Volume do processamento de refino e química da CNPC no exterior entre 2001-2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
VOLUME
Milhões de Toneladas
Métricas
2,30 2,5 2,5 2,95 4,8
8,2
9,16 9,18
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
O percentual de aumento do volume do processamento de refino e química da
CNPC no exterior entre 2001-2008 foi de 300%.
Entre 2001 e 2004 houve oscilações de aumento e diminuição do percentual de
participação do volume do processamento externo de refino e química em relação ao
processamento total da CNPC, entre 2005 e 2007, houveram aumentos na participação e
em 2008 houve uma pequena redução em relação ao ano anterior (tabela 6.32).
101
Tabela 6.32: Percentual de participação do volume do processamento externo de refino e química em relação ao processamento interno da CNPC entre 2001-2008.
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
*
*
**
87.95
2,30
2,61
89.47
2,5
2,8
92.55
2,5
2,7
103.7
2,95
2,84
110.61
4,8
4,34
115.87
8,2
7
122.72
9,16
7,46
125.3
9,18
7,32
Fonte: O autor a partir dos dados coletados nos anuários da CNPC entre 2003 e 2008.
* Volume do processamento interno de refino e química da CNPC entre 2001-2008 (Milhão de toneladas métricas).
* Volume do processamento de refino e química da CNPC no exterior entre 2001-2008 (Milhão de toneladas métricas).
** Participação do volume do processamento externo de refino e química no processamento total da CNPC entre 2001-2008 (%).
6.9 - Conclusões
A internacionalização da CNPC é uma síntese da política externa chinesa do
petróleo, tanto pela sua importância (maior empresa petrolífera chinesa) quanto pelo
número de países em que atua.
O rápido crescimento de suas operações no exterior, demonstra a importância
das atividades, principalmente, de exploração e produção de petróleo e gás natural para
o abastecimento energético chinês.
A maior presença nas três principais regiões produtoras de petróleo e gás natural
do planeta (África, Oriente Médio e Ásia Central), demonstra o pragmatismo da política
externa chinesa como apresentado no capítulo IV, porém existe uma tendência de
aumento da atuação da CNPC na América do Sul, a partir da consolidação da aliança
energética estratégica com a Venezuela e do aumento da compra de petróleo bruto do
102
Brasil, além da aquisição de ativos de exploração e produção de petróleo e gás natural
de companhias estrangeiras que operam no Brasil. Essa perspectiva é também
vislumbrada pelas outras duas grandes empresas petrolíferas chinesas, a Sinopec e a
CNOOC.
103
CAPÍTULO VII - CONSIDERAÇÕE FINAIS
A segurança do abastecimento de petróleo tem emergido como um assunto
central da política externa da China. O crescimento das importações afeta temas
internos, como a economia e a política. Assim, a China tem adotado várias políticas
direcionadas para a diminuição de efeitos adversos do aumento da dependência do
petróleo importado, diversificando as fontes e rotas de petróleo importado e de forma a
minimizar possíveis interrupções de suprimento. Uma de suas preocupações está na
confiança dos carregamentos marítimos através do estreito de Málaca. A China tem
reduzido a proporção de seus suprimentos petrolíferos do Oriente Médio com o
aumento das compras na África, Ásia Central e Rússia (WEO, 2007), e também da
América Latina, mais recentemente. Essa diversificação de fontes de suprimento com
diferentes vias de transporte estão associados na busca de segurança energética.
Insere-se na sua política a obtenção de petróleo por outras vias, como o oleoduto
do Cazaquistão, e por ferrovias e rodovias da Rússia, contrabando para a diminuição
dos efeitos de alguma possível interrupção do transporte marítimo. Existem, ainda,
planos de aumentar a capacidade dos oleodutos provenientes do Cazaquistão e para
construir um oleoduto oriundo da Sibéria ocidental, na Rússia, além da importação de
Gás Natural Liquefeito (GNL) proveniente de Mianmar. A China, também importará
petróleo da Rússia através de um novo oleoduto, num investimento de 13 bilhões de
dólares, interligando o leste da Sibéria ao Oceano Pacífico, com capacidade de 0,6
milhão de barris/dia. Além disso, o país está construindo instalações de armazenamento
para estoques de petróleo de emergência, com capacidade de 100 milhões de barris de
petróleo nos próximos anos (WEO, 2007), de modo a ter condições de garantir
suprimento em eventualidades.
Todas essas medidas adotadas pelo governo chinês em prol da melhoria do seu
abastecimento de petróleo visam aperfeiçoar a segurança energética do país, evitando-se
o desabastecimento de combustível, com graves conseqüências econômicas.
O carvão, por ser a principal fonte energética na China, possui uma importância
estratégica para a segurança e confiabilidade do funcionamento do sistema energético,
além de ser um grande indutor da economia interna, principalmente nas províncias
produtoras e, sobretudo nas províncias do oeste, que são menos desenvolvidas.
104
Por ser uma atividade econômica indispensável para boa parte das províncias
chinesas, isto dificulta as ações do governo central de fechar as minas de carvão que não
respeitam as normas de segurança e higiene ou que são ineficientes do ponto de vista
econômico.
A reestruturação do setor ocasionou o surgimento de alguns grandes grupos
minerais de carvão na China. Buscando dar confiabilidade ao sistema industrial e
garantindo o fornecimento deste insumo mineral e a segurança do sistema elétrico.
Visou também maior controle e redução de acidentes nas minas, o que vem acontecendo
nos últimos anos, mesmo que ainda com números altos em comparação aos outros
grandes produtores de carvão. Outro objetivo foi o de reduzir as emissões de gases
poluentes, já que a China é acusada pela comunidade internacional de ser grande
poluidora, e que não faz nada para mudar tal condição.
A China possui três companhias petrolíferas, criadas pelo governo central, com
atuação bem definida para cada uma delas. Isso se deu nos anos oitenta, e com isso
organizou o seu mercado interno de petróleo tanto do ponto de vista da exploração,
produção e distribuição, quanto do refino e da petroquímica. Isto propiciou ao mercado
interno a confiabilidade e segurança de fornecimento de petróleo e gás.
Fatores negativos, como o saturamento da produção petrolífera da parte oeste do
país, somado à limitação atual da produção offshore de petróleo e gás natural no mar da
China (objeto de disputa por vários países da região) impossibilitam a médio prazo o
aumento da produção interna de petróleo, que seja capaz de atender a demanda,
obrigando o país a recorrer ao carvão para atender suas necessidades energéticas.
A mudança da política externa chinesa após a morte de Mao Tsé Tung
possibilitou à China modernizar suas relações diplomáticas com o intuito de aproximar
e estreitar seus laços políticos e econômicos com uma maior variedade de países,
objetivando principalmente dinamizar suas relações comerciais, “abrindo caminhos”
para os produtos chineses e assegurando fontes confiáveis de recursos minerais.
Ao mudar sua orientação externa, a China passou a adotar como base o
pragmatismo, em detrimento da ideologia comunista de Mao. Além disso, houve a
adoção de alguns princípios que passaram a nortear a política externa chinesa junto a
outros países. Esses princípios são responsáveis por todas as ações adotadas por tal
política tanto no âmbito das Nações Unidas (principalmente no Conselho de Segurança)
105
quanto nas relações comerciais envolvendo relações diretas com outro país ou em
organismos multilaterais.
A política externa chinesa tornou-se uma diplomacia refinada, haja vista que há
um envolvimento de vários setores do Estado chinês, além de bancos estatais, empresas
estatais ou privadas que fazem parte do desenvolvimento e concretização dos acordos
firmados entre o governo chinês no âmbito do bilateralismo e multilateralismo.
Com o crescimento da China no cenário econômico e político internacional, a
síndrome de dupla identidade de grande potência versus país pobre diminuirá, e a China
está sendo capaz de atuar de forma mais visível nos assuntos internacionais. A
integração completa da China dentro do contexto regional e global obrigará a ter uma
maior responsabilidade na nova ordem mundial que está se constituindo, que é um
mundo mais interdependente e multipolar.
A expansão da internacionalização das companhias chinesas de petróleo em
todos os continentes, mostra-nos uma situação paradoxal. Por um lado a atuação em
dezenas de países produtores de petróleo e gás natural, por outro essa mesma atuação se
baseia principalmente em quatro países (Sudão, Cazaquistão, Venezuela e Angola), três
destes países são analisados no capítulo que trata da internacionalização da CNPC.
A política energética chinesa envolve vários setores do Estado, como a política
de longo prazo determinado pelo Conselho de Estado, que participa da liberação dos
recursos financeiros por parte dos bancos estatais para as empresas chinesas de petróleo
realizarem acordos com os países produtores de petróleo e gás; que envolvem a compra
direta de petróleo, aquisição do direito de concessão para exploração ou liberação de
empréstimos financeiros para os países produtores de petróleo e gás natural.
A internacionalização das empresas petrolíferas chinesas é importante tanto para
garantir o suprimento de petróleo a longo prazo quanto para estreitar relações política e
econômica com os mais variados países, de diferentes regiões, possibilitando uma maior
inserção chinesa na comunidade internacional. A criação de Fóruns como o China –
África e China – Países Árabes se insere numa política diplomática que tem trabalhado
a penetração em países produtores de petróleo e gás natural.
106
A participação em organismos multilaterais quanto pelo fortalecimento dos laços
políticos e econômicos nas relações bilaterais se volta também para fortalecimento dos
interesses chineses, entre os quais estão a política de suprimento energético.
No exemplo de internacionalização enfocado a CNPC o início do processo de
internacionalização das atividades de exploração e produção de petróleo da CNPC se
iniciou nos anos noventa. Esse movimento passou por um período de aumento constante
das atividades mencionadas, e atualmente encontra-se em fase de consolidação,
principalmente nos três países analisados onde se tem maior presença.
A CNPC está presente em 29 países, desenvolvendo atividades de exploração e
produção de petróleo e gás natural e em vários outros prestando serviços de apoio à
exploração e produção, serviços de engenharia ou vendas de equipamentos. As
atividades de exploração e produção estão distribuídas em todos os continentes, com
maior concentração na África, Ásia Central, Oriente Médio e América do Sul.
O Sudão, Cazaquistão e Venezuela são responsáveis por mais da metade da
produção de petróleo bruto da CNPC no exterior. Coincidentemente dois desses países
(Sudão e Venezuela) não possuem boas relações diplomáticas com os Estados Unidos,
que os acusam de violar direitos humanos e por praticar atos contra a democracia apesar
da Venezuela continuar sendo um importante fornecedor de petróleo para os Estados
Unidos. Este fato leva o governo chinês a sofrer pressão por parte dos Estados Unidos e
de alguns países ocidentais pela relação econômica com os governos sudanês e
venezuelano. Mesmo assim, a diplomacia petrolífera chinesa tem respaldado a
penetração das empresas e interesses chineses nestes países.
Além da importância dada pela CNPC às atividades de exploração e produção de
petróleo e gás natural no exterior, a atividade de transporte tornou-se vital para a
continuidade do crescimento das atividades, haja vista a construção do gasoduto Ásia
Central-China, que interligará Turcomenistão, Uzbequistão, Cazaquistão e a China.
Esse gasoduto exercerá duas funções importantes para os interesses estratégicos
chineses, pois contribuirá para a melhoria no abastecimento energético da China,
tornando-o mais confiável, além de contribuir ao desenvolvimento da região autônoma
de Xinjiang (localizada na porção nordeste do país), que possui a maioria étnica Uygur,
onde há movimento pela autonomia e independência.
107
No caso da CNPC vimos claramente, que em quase todos os aspectos o
crescimento das atividades da empresa no exterior, no período 2001-2008, superam, em
muito, o crescimento das atividades da empresa na própria China, o que destaca a
importância da internacionalização das atividades externas. Na medida em que a
demanda por petróleo e gás natural crescem, com crescimento das importações, esta
atividade externa terá cada vez mais relevância.
De nossos estudos resumimos que:
a) A crescente demanda de petróleo e gás pela China e crescimento das
importações destes produtos forçam uma mudança de estratégia empresarial,
diplomática é empresarial, de forma a garantir o suprimento no curto e longo
prazo;
b) A estratégia de internacionalização de empresas petrolíferas se insere nesta
garantia de suprimento;
c) O Estado chinês respalda a penetração de suas empresas petrolíferas através
de uma sofisticada diplomacia petrolífera, que permite boas relações e
ambiente favorável à esta penetração;
d) O Estado chinês através de organismos estatais incluindo bancos favorecem
esta acelerada internacionalização da atividade petrolífera chinesa;
e) A China tem se utilizado de conflitos diplomáticos e políticos entre alguns
países exportadores de petróleo e os EUA para penetrarem, de forma
acelerada na atividade petrolífera nestes países.
f) Na estratégia chinesa tem espaço a maior interação com seus países
petrolíferos vizinhos, de modo a diversificar não apenas as fontes, mas
também as rotas de fornecimento de suprimentos de petróleo e gás. Muitas
vezes a ação se faz em parcerias com empresas estatais de outros países, ou
com empresas privadas.
108
SUGESTÕES
Entendemos que o tema foi tratado e identificado a importância, aceleração e
estratégia de internacionalização da atividade de empresas petrolíferas chinesas. No
entanto, por limitações de tempo, um novo estudo poderia aprofundar os casos,
estudando-se também a CNOOC e Sinopec em suas atividades externas, de modo
mapear o conjunto de empresas estatais chinesas do ramo petrolífero, o que poderia
revelar outras orientações seja espaciais (outros países como prioritários?), parcerias,
logística ou estratégia.
109
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
▪ ALON, Ilan & MCINTYRE, John R. Globalization of Chinese Enterprises. New York: Palgrave Macmillan, 2008.
▪ AMPIAH, Kweku; NAIDU, Sanusha. Crouching Tiger, Hidden Dragon? Africa and
China. South Africa: University of KwaZulu-Natal Press, 2008.
▪ AMSDEN, Alice H. Escape from empire: the developing world`s journey through heaven and hell. Cambridge: The MIT press, 2007.
▪ ANDERLINI, Jamil. PetroChina secures 45% SPC stake. ft.com - companies/oil&gas, Londres, 24 de maio de 2009. Disponível em: <www.ft.com>. Acesso em 07 de junho de 2009.
▪ ASSOCIATED PRESS. China envia navios de guerra contra piratas da Somália. estadao.com.br - Internacional, São Paulo, 23 de dezembro de 2008. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,china-envia-navios-de-guerra-contra-piratas-da-somalia,298217,0.htm>. Acesso em 08 de junho de 2009.
▪ BELTON, Catherine; DICKIE, Mure. Russia opens new enegy supply front to Ásia. ft.com – companies - oil&gas, Londres, 19 de fevereiro de 2009. Disponível em: <www.ft.com>. Acesso em 09 de junho de 2009.
▪ BENG, Phar Kim; LI Vic YW. China’s energy dependence on the Middle East: boon or bance for Asian security. The China Eurásia Fórum 3. No 3. Novembro de 2005.
▪ BLAGOV, Sergei.2005. Rússia wants to be more than China’s source for raw materials. Eurásia Daily monitor. 30 setembro de 2005.
▪ BLANK, Stephen. Russo-Chinese Energy Relations: Politics in Command. London: GMB Publishing Ltd, 2006.
110
▪ BURGIS, Tom. Financial Times – China Seeks Big Stake in Nigerian Oil. London. Disponível em: <http://www.ft.com/cms/s/0/9d714f96-ac60-11de-a754-00144feabdc0.html?catid=43&SID=google>. Acesso em 01 de outubro de 2009.
▪ CHINA ECONOMIC REVIEW. Sinopec buys Syrian oil assets. China Economic Review On Line - Commodities , Pequim, 26 de setembro de 2008. Disponível em: <http://www.chinaeconomicreview.com/dailybriefing/2008_09_26/Sinopec_buys_Syrian_oil_assets.html>. Acesso em 08 de junho de 2009.
▪ CONDURÚ, Marise Teles; PEREIRA, José Almir Rodrigues. Elaboração de Trabalhos Acadêmicos – Normas, Critérios e Procedimentos. 3° Edição. Belém:UFPA, 2007.
▪ DONGXIAO, Chen. International Review. Contemporary Challenges to China’s Multilateral Diplomacy and Global Governance — a Chinese’s Perspective. Pequim, fourth 2008. Disponível em: <http://www.siis.org.cn/Sh_Yj_Cms/Mgz/200804/200932615537BJZ8.PDF>. Acesso em 19 de janeiro de 2010.
▪ ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Editora Perspectiva:1985
▪ EISENMAN, Joshua; Heginbotham, Eric and MITCHELL, Derek. China and the Developing World. Beijing`s Strategy for the Ttwenty-First Century. New York: East Gate Book, 2007.
▪ FAIRBANK, John King. & Goldman, Merle. China uma Nova História. Porto Alegre: L&PM, 2007.
▪ FLYNT, Leverett; BADER, Jeffrey. Managing China-US energy competition in the Middle East. The Washington Quartely 29. No 1 (winter). No 1(winter-spring). 187-201, 2005. Disponível em: <www.twq.com/06winter/docs/06winter_leverett.pdf> Acesso em 2 de junho de 2009.
FRAVEL, M. Taylor. China´s Search for Military Power. The Washington Quartely, 31, n° 3. Diponível em: <http://www.twq.com/08summer/docs/08summer_fravel.pdf>. Acesso em 19 de janeiro de 2010.
111
▪ FURTADO, Marco A.T; MORALES, Denise K. Introdução à Economia Mineral da China e o Brasil. Grupo Livre de Estudo de Economia Chinesa e Relações China-Brasil, 10 de setembro de 2007. Disponível em: <www.em.ufop.br/chinabrasil>.Acesso: em 13 mar. 2009.
▪ FURTADO, Marco A.T (Coordenador). Relatório de Pesquisa de Economia Mineral Chinesa. Perspectiva comercial Brasil-China. MME/FEOP, 2009.
Global Econ Stats. The Top Oil Suppliers of China. 26 de outubro de 2009. Disponível em:<http://globaleconstats.com/wp/2009/10/26/the-top-oil-suppliers-of-china/>. Acesso em 23 de janeiro de 2010.
▪ HERBERG, James Clad. Convergent Chinese and Indian perceptions on the global order. The Índia-China relationship: What the United Staes needs to know. Eds Francine R. frankel and Harry Harding. New York: Columbia University Press. 271-276, 2004.
▪ KERR, David. The Sino-Russian partnership and US policy toward North Korea: form hegemony to concert in Northeast Ásia. International Studies Quartely 49. No 3. (september). 411-437, 2005.
▪ KHAN, Hamayoun. China’s Energy Drive and Diplomacy. Shanghai Institutes for International Studies, International Review, outono de 2008. Diponível em: <http://www.siis.org.cn/Sh_Yj_Cms/Mgz/200803/20081217174045S1QX.PDF> . Acesso em 17 de abril de 2009. ▪ KHANNA, Parag. O Segundo Mundo - Impérios e Influência na Nova Ordem Global. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2008.
▪ KIELMAS, Maria. China’s foreign energy acquisitions:from shopping spree to fire sale? The China Eurasia Forum 3. No 3. Novembro de 2005. Disponível em <www.silkroadstudies.org/new/docs/CEF/Quarterly/November_2005/Maria_Kielmas.pdf>. Acesso em 07 de junho de 2009.
▪ KITISSOU, Marcel. Africa in China`s Global Strategy. London: Adonis & Abbey Publishers Ltd, 2007.
112
▪ KROUSE, Peter. World’s growing thirst for oil boosts global tensions. Newhouse News service. 22 de novembro de 2005. Disponível em: <www.newhouse.com> .Acesso em 10 de junho de 2009.
▪ JIEMIAN, Yang. International Review. China’s Diplomacy: Achievements,Experiences and Theoretical Thinking in 30 Years’ Reform and Opening-up. Pequim, fourth 2008. Disponível em: <http://www.siis.org.cn/Sh_Yj_Cms/Mgz/200804/20093261551476OAG.PDF>. Acesso em 19 de janeiro de 2010.
▪ JIALU, Che. Work starts on pipe to Russian oil. Pequim, 19 de maio de 2009. Diponível em: <http://www.chinadaily.com.cn/china/2009-05/19/content_7790667.htm>. Acesso em 01 de junho de 2009.
▪ LAN. Lan. Shanxi sees higher coal output. China Daily – business, Pequim, 06 de janeiro de 2010. Disponível em: <www.chinadaily.com.cn/cndy/2010-01/06/content_9270622.htm >. Acesso em 02 de maio de 2010.
▪ LARDY, Nicholas R. Foreign Trade and Economic Reform in China, 1978-1990. Cambridge: Cambridge University Press 1992.
▪ LIU, Guoli. Chinese Foreign Policy in Transition. New Jersey: Transaction Publishers, 2007.
▪ LONDON. British Petroleum (BP). BP Statistical Review of World Energy June 2009. Disponível em: <www.bp.com> . Acesso em: 20 de Abril de 2010.
▪ LUCE, Edward; PEEL, Quentin. FT interview Manmihan Singh. Financial Times. 8 de novembro de 2004. Disponível em: <www.ft.com> .Acesso: em 10 de junho de 2009. ▪ LUKIN, Alexander. The bear watches the dragon: Russia’s perceptions of China and evolution of Russia Chinese relations since the eighteenth century. Armonk, NY: ME sharpe & Co; Lo, Bobo. 2004.
▪ MANJI, Firoze and MARKS, Stephen. African Prespectives on China in Africa. Nairobi/Oxford: Fahamu, 2007.
113
▪ MARCONI, Marina de Andrade & LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. São Paulo: Editora Atlas, 2008.
▪ MARQUINA, Antonio. Energy Security - Visions from Asia and Europe. Madri: Palgrave MacMillan, 2008.
▪ MARTINS, Gilberto de Andrade & THEÓPHILO, Carlos Renato. Metodologia da investigação científica para ciências sociais aplicadas. São Paulo: Editora Atlas, 2007.
▪ MATOS, Keila. A arte e a técnica da produção científica. 2° Edição. Goiânia: Ed. da UCG, Brasília: Editora Universa, 2004.
▪ MULLER, Mary Stela & CORNELSEN, Julce Mary. Normas e Padrões para Teses, Dissertações e Monografias. Londrina: Eduel, 2003.
▪ NEW YORK. Bloomberg. Sinopec buys Syrian oil assets. Disponível em: <http://www.businessweek.com/globalbiz/content/sep2008/gb20080926_799438.htm>. Acesso em 01 de outubro de 2009.
▪ NEW YORK. Reuters. Total, CNPC to bid on Venezuela oil blocks. Disponível em: <http://www.reuters.com/article/idUSN04223620090704>. Acesso em 07 de julho de 2009.
▪ NEW YORK. US-China Economic and Security Review Commission. China`s Overseas Investments in Oil and Gas Production. Eurasia Group: October 2006.
▪ NING, Lu. The Dynamics of Foreign-Policy Decisionmaking in China. Colorado /Oxford. Westview Press, 2000.
▪ PARIS. International Energy Agency (IEA). Cleaner Coal in China. OECD-IEA, 2009. ▪ PARIS. International Energy Agency (IEA). Coal Mine Methane in China: A budding Asset with the Potential to Bloom. Fevereiro de 2009.
114
▪ PARIS. International Energy Agency (IEA) - World Energy Outlook 2007.
▪ PAUTASSO, Diego. A política externa chinesa e a 4ª Conferência do Fórum de Cooperação China - África-2009 . Brasília, 28 de novembro de 2009. Disponível em: <http://mundorama.net/2009/11/28/a-politica-exerna-chinesa-e-a-4%C2%AA-conferencia-do-forum-de-cooperacao-china-africa-2009-por-diego-pautasso/>. Acesso em: 11 de dezembro de 2009.
▪ PEQUIM. China Daily. Angola Becomes China’s Largest Trade Partner in Africa. Disponível em: <http://www.chinadaily.com.cn/bizchina/2009-09/27/content_8742652.htm>. Acesso em 01 de outubro de 2009.
▪ PEQUIM. China Daily. China Sovereign Fund Buys Stake in Kazakhstan Oil Firm. Disponível em: <http://www.chinadaily.com.cn/china/2009-09/30/content_8758043.htm>. Acesso em 01 de outubro de 2009.
▪ PEQUIM. China Daily. Chinese investment rises in Latin America. Disponível em: <http://www.chinadaily.com.cn/business/2009-05/28/content_7951013.htm>. Acesso em 07 de julho de 2009.
▪ PEQUIM. China Daily. CNOOC, Sinopec to Buy Angola Oil Stake. Disponível em: <http://www.chinadaily.com.cn/china/2009-07/18/content_8445100.htm>. Acesso em 10 de agosto de 2009.
▪ PEQUIM. China Economic Review. China, Turkmenistan in $3b energy loan deal. Disponível em: <http://www.chinaeconomicreview.com/dailybriefing/2009_06_08/China_Turkmenistan_in__3b_energy_loan_deal.html>. Acesso em 29 de junho de 2009.
▪ PEQUIM. China Nation Petroleum Corporation. Annual Report CNPC 2003. Disponível em: <www.cnpc.com.cn>. Acesso em 22 de dezembro de 2009.
▪ PEQUIM. China Nation Petroleum Corporation. Annual Report CNPC 2004. Disponível em: <www.cnpc.com.cn>. Acesso em 22 de dezembro de 2009.
115
▪ PEQUIM. China Nation Petroleum Corporation. Annual Report CNPC 2005. Disponível em: <www.cnpc.com.cn>. Acesso em 22 de dezembro de 2009.
▪ PEQUIM. China Nation Petroleum Corporation. Annual Report CNPC 2006. Disponível em: <www.cnpc.com.cn>. Acesso em 22 de dezembro de 2009.
▪ PEQUIM. China Nation Petroleum Corporation. Annual Report CNPC 2007. Disponível em: <www.cnpc.com.cn>. Acesso em 22 de dezembro de 2009.
▪ PEQUIM. China Nation Petroleum Corporation. Annual Report CNPC 2008. Disponível em: <www.cnpc.com.cn>. Acesso em 22 de dezembro de 2009.
▪ PEQUIM. China Petroleum and Chemical Corporation (SINOPEC).Annual Report SINOPEC 2005. Disponível em: <www.sinopec.com>. Acesso em 27 de dezembro de 2009.
▪ PEQUIM. China Petroleum and Chemical Corporation (SINOPEC).Annual Report SINOPEC 2006. Disponível em: <www.sinopec.com>. Acesso em 27 de dezembro de 2009.
▪ PEQUIM. China Petroleum and Chemical Corporation (SINOPEC).Annual Report SINOPEC 2007. Disponível em: <www.sinopec.com>. Acesso em 27 de dezembro de 2009.
▪ PEQUIM. China Petroleum and Chemical Corporation (SINOPEC).Annual Report SINOPEC 2008. Disponível em: <www.sinopec.com>. Acesso em 27 de dezembro de 2009.
▪ PEQUIM. CNOOC. Annual Report CNOOC 2005. Disponível em: <www.cnoocltd.com>. Acesso em 28 de dezembro de 2009. ▪ PEQUIM. CNOOC. Annual Report CNOOC 2006. Disponível em: <www.cnoocltd.com>. Acesso em 28 de dezembro de 2009. ▪ PEQUIM. CNOOC. Annual Report CNOOC 2007. Disponível em: <www.cnoocltd.com>. Acesso em 28 de dezembro de 2009.
116
▪ PEQUIM. CNOOC. Annual Report CNOOC 2008. Disponível em: <www.cnoocltd.com>. Acesso em 28 de dezembro de 2009. ▪ PEQUIM. National Development and Reform Commission (NDRC). China’s energy conditions e policies – Information of Office of the State Council of the People’s Republic of China, 2007. Disponível em: <http://en.ndrc.gov.cn/policyrelease/P020071227502260511798.pdf>. Acesso em 13 de janeiro de 2010.
▪ PINTO JUNIOR, Helder Queiroz: Economia da Energia: Fundamentos Econômicos, Evolução Histórica e Organização Industrial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
▪ ROSEN, Daniel H; HOUSER, Trevor. China Energy - A Guide for the Perplexed. Peterson Institute for International Economics: 2007.
▪ ROTBERG, Robert I. China into Africa - Trade, Aid and Influence. Washington: Brookings Institution Press, 2008.
▪ SANTISO, Javier The Visible Hand of China in Latin America. Development Centre of the Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD): OECD Publishing, 2007.
▪ SHAMBAUGH, David. China’s military modernization: making steady and surprising progress. Strategic Asia 2005-2006: military modernization in an era of uncertainly. Eds Ashley J Tellis and Michael Wills. Seattle: National Bureau of Research, Asia 77-78,2005.Disponível em: <www.isn.ethz.ch/isn/DigitalLibrary/Publications/Detail/?ord587=grp2&ots591=EB06339B-2726-928E-0216-1B3F15392DD8&lng=en&id=29060>. Acesso: em 5 de junho de 2009.
▪ SHOICHI, Ito; IVANOV, V and DAOJIONG, Z. China. Japan and Russia: the energy security nexus. Conflict prevention and conflict management in Northeast Asia. Ed. Niklas Swanstrom. Uppsala Silk Road Studies Program, Uppsala University., 2005. Disponível em: <www.silkroadstudies.org/new/inside/publications/CPinNEA.htm>. Acesso em 01 de junho de 2009.
117
▪ SMITH, Peter. Chinese miner backs $5bn australian coal deal. ft.com - companies-energy, Londres, 27 de maio de 2009. Disponível em: <www.ft.com>. Acesso em 08 de junho de 2009.
▪ SPECTOR, NELSON. Manual para a Redação de Teses, Projetos de Pesquisa e Artigos Científicos. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2001.
▪ SPEED, Philip Andrews; LIAO, Xuanli; DANNREUTHER, Roland. The Strategic Implications of China’s Energy Needs. London: The International Institute for Strategic Studies: Oxford University Press, 2002.
▪ STELZER, Irwin M. The axis of oil: China and Russia find a new way to advance their strategic ambitions. The Weekly Standard 10. No 20 (7 February). Retrieved from Lexis-Nexis, 2005. Disponível em: <www.weeklystandard.com/Content/Public/Articles/000/000/005/200alybw.asp?pg=2>. Acesso em 07 de junho de 2009.
▪ STORY, Jonathan. China: Uma Corrida para o Mercado. São Paulo: Futura, 2004.
▪ TAYLOR, Ian. China’s New Role in Africa. London: Lynne Rienner Publishers, 2009.
▪ TONG, Xiong. China, Russia ink oil cooperation agreement. Xinhua news agency, Pequim, 21 de abril de 2009. Disponível em: <http://news.xinhuanet.com/english/2009-03/27/content_11086241.htm > . Acesso em 07 de junho de 2009.
▪ TONG, Xiong. China, Russia to enhance mutual investment with more flexibility. Xinhua news agency, Pequim, 27 de março de 2009. Disponível em: <http://news.xinhuanet.com/english/2009-03/27/content_11086241.htm> . Acesso em 07 de junho de 2009.
▪ VIEIRA, Flávio Vilela. China: Crescimento Econômico de Longo Prazo. Rev.Econ. Polit. São Paulo, v.26, n.3, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sciarttext&pid=S0101-315720006000300005&ing=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 de Jan de 2008
118
▪ VIENA. Organization of the Petroleum Exporting Countries (OPEC) – Bulletin OPEC. Maio-Junho 2007. Disponível em: <www.opec.org> . Acesso em: 10 de Dez de 2007.
▪ VIENA. Organization of the Petroleum Exporting Countries (OPEC) – Bulletin OPEC. Dezembro 2007. Disponível em: <www.opec.org>. Acesso em: 08 de novembro de 2008.
▪ VIENA. Organization of the Petroleum Exporting Countries (OPEC) – Bulletin OPEC. Julho 2008. Disponível em: <www.opec.org>. Acesso em: 08 de novembro de 2008.
▪ XIN, Zhang. China, Rússia to boost co-op in finance, energy. China Daily On Line, Pequim, 03 de abril de 2009. Disponível em: <http://www.chinadaily.com.cn/china/2009-04/03/content_7645591.htm>. Acesso em 07 de junho de 2009.
▪ XINHUA. Chinese investment rises in Latin America. chinadaily.com - Biz China , Pequim, 28 de maio de 2009. Disponível em: <http://www.chinadaily.net/bizchina/2009-05/28/content_7951013.htm> .Acesso em 09 de junho de 2009.
▪ WASHINGTON. Building Bridges - China’s Growing Role as Infrastructure Financier for Sub-Saharan Africa. World Bank, 2009.
▪ WASHINGTON. Energy Information Administration (EIA). China. Disponível em: <ww.eia.doe.govl> . Acesso em 13 de janeiro de 2010. ▪ WASHINGTON. Energy Information Administration (EIA). Iran. Disponível em: <www.eia.doe.govl> . Acesso em 13 de janeiro de 2010. ▪ WASHINGTON. Energy Information Administration (EIA). Kazakhstan. Disponível em: < www.eia.doe.govl> . Acesso em 13 de janeiro de 2010. ▪ WASHINGTON. Energy Information Administration (EIA). Saudi Arabia. Disponível em: < www.eia.doe.govl> . Acesso em 13 de janeiro de 2010.
119
▪ WASHINGTON. Energy Information Administration (EIA). Venezuela. Disponível em: < www.eia.doe.govl> . Acesso em 13 de janeiro de 2010.
▪ WU, Yanrui. China´s Economic Growth: A Miracle with Chinese Characteristics. London: Routledge Curzon, 2004.
▪ ZHAO, Suisheng. Chinese Foreign Policy: Pragmatism and Strategic Behavior. East Gate Book, 2004.
▪ ZHIHONG, Wan. China Daily. Iraque Crude Deal ‘Boost’ for China’s Oil Security Quest. Disponível em: <http://www.chinadaily.com.cn/china/2009-07/02/content_8346834.htm>. Acesso em 22 de julho de 2009.
▪ ZHIHONG, Wan. China Daily. Sinopec to buy Addax for $ 7,3b. Disponível em: <http://www.chinadaily.com.cn/business/riospying/2009-06/25/content_8330905.htm>. Acesso em 01 de outubro de 2009.
▪ ZHIHONG, Wan. China Daily. Venezuela, China ink $16b oil deal. Pequim, 18 de setembro de 2009. Disponível em: <http://www.chinadaily.com.cn/business/2009-09/18/content_8706925.htm>. Acesso em 19 de janeiro de 2010.