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Artigo A ALMA DORME NO MINERAL? Paulo da Silva Neto Sobrinho set/2006. (revisado fev/2011) (revisado dez/2012) Sumário: 1. Introdução; 2. O codificador; 3. Estudiosos dos primórdios da codificação: 3.1 León Denis, 3.2 Gabriel Delanne; 3.3 Camille Flammarion, 3.4 Oliver Joseph Lodge; 4. Estudiosos ulteriores da codificação: 4.1 Cairbar Schutel, 4.2 Durval Ciamponi, 4.3 Dr. Ary Alex, 4.4 J. Herculano Pires; 5. De onde teria vindo essa ideia?: 5.1 De culturas que aceitam a transmigração da alma?, 5.2 Da teoria do pampsiquismo proposta por Geley?, 5.3 – Da escola sufista?, 5.4 Do espírito Adelino da Fontoura?, 5.5 Da "Revelação da Revelação" de JeanBaptiste Roustaing?, 5.6 Da coleção André Luiz (Espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier?, 5.7 De Joanna de Ângelis (Espírito), pela psicografia de Divaldo P. Franco?; 6. Conclusão. 1. Introdução É comum ouvirmos, no meio espírita, citarem a frase: "A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agitase no animal e acorda no homem", como sendo de autoria de Léon Denis. Só que ninguém indicava onde, exatamente, ele teria dito isso. Na busca em que nos empenhamos para encontrála, acabamos por nos deparar com ela em J. Herculano Pires (19141979): A Ontogênese Espírita, ou seja, a teoria doutrinária da criação dos Seres (Do grego: onto é Ser; logia é estudo, ciência) revela o processo evolutivo a partir do reino mineral até o reino hominal. Essa teoria da evolução é mais audaciosa que a de Darwin. Léon Denis a definiu numa sequência poética e naturalista: A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agitase no animal e acorda no homem. Entre cada uma dessas fases existe uma zona intermediária, como se pode verificar nos estudos científicos. Assim, a teoria espírita da evolução considera o homem como um todo formado de espírito e matéria. A própria evolução é apresentada como um processo dialético de interação entre esses dois elementos primordiais, o espírito e a matéria. Tanto na Ciência como na Filosofia essa teoria da evolução segue o mesmo esquema. Na Religião a encontramos no Oriente. O próprio Gênese, livro da Bíblia, como já vimos, admite essa teoria apresentandoa em termos simbólicos: Deus fez o homem do barro da Terra. Atualmente, com os trabalhos famosos do Padre Teilhard de Chardin, até mesmo no Catolicismo a evolução se impôs em termos aproximados da teoria espírita. (PIRES, 1987, p. 9394) (grifo nosso). Não podemos assegurar que tenha sido Herculano Pires o primeiro a mencionar essa frase atribuída a Léon Denis com esse teor; porém, a água na fonte tem bem outro sabor, senão vejamos: Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda, conhecese, possuise e tornase consciente; a partir daí, o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da Natureza, só se pode realizar pelo acordo da vontade humana com as leis Eternas. (DENIS, 1989, p. 123) (grifo nosso). Obviamente, caro leitor, que "dormir na planta" não é a mesma coisa que "dormir na pedra", que é, justamente, o ponto que causa polêmica em nosso meio, pois dela se tira que o princípio inteligente, em sua evolução progressiva, tenha passado também pelo reino mineral. Em que pese toda a sabedoria de Herculano Pires, espírita de primeira linha, pelo qual nutrimos o maior respeito, considerado como quem mais entendia Kardec, não encontramos no Codificador algo que venha a apoiar a hipótese de que o princípio inteligente tenha, sem exceção alguma, evoluído por todos os reinos, especialmente, no reino mineral, que é a nossa proposta nesse estudo. Bom, a questão, que se nos apresenta, é saber o que Kardec disse sobre o assunto e se o seu sucessor, Léon Denis, teria dito algo em contrário. Sobre ele é oportuno informar: Léon Denis (Foug, 1 de janeiro de 1846 Tours, 12 de Março de 1927) foi um filósofo espírita e um dos principais continuadores do espiritismo após a morte de Allan Kardec, ao lado de Gabriel Delanne e Camille Flammarion. Fez conferências por toda a Europa em congressos internacionais espíritas e espiritualistas, defendendo ativamente a ideia da sobrevivência da alma e suas consequências no campo da ética nas relações humanas. (WIKIPÉDIA) Não podemos deixar de lembrar a você, caro leitor, que por ter estado muito mais perto de Kardec do que Herculano Pires, a opinião dele não deve ser relegada a segundo plano. Uma vez que são citados Delanne e Flammarion, também não deixaremos de levar em consideração a opinião deles, por terem sido com Denis, os principais continuadores do Espiritismo, o que será feito oportunamente. 2. O Codificador

A Era Do Espírito

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ArtigoA ALMA DORME NO MINERAL?PaulodaSilvaNetoSobrinhoset/2006.(revisadofev/2011)(revisadodez/2012)Sumrio: 1. Introduo 2. O codificador 3. Estudiosos dos primrdios dacodificao:3.1LenDenis,3.2GabrielDelanne3.3CamilleFlammarion,3.4OliverJosephLodge4.Estudiososulterioresdacodificao:4.1CairbarSchutel,4.2DurvalCiamponi,4.3Dr.AryAlex,4.4J.HerculanoPires5.Deondeteriavindoessaideia?:5.1Deculturasqueaceitamatransmigraodaalma?,5.2Dateoria do pampsiquismo proposta por Geley?, 5.3 Da escola sufista?, 5.4 DoespritoAdelinodaFontoura?,5.5Da"RevelaodaRevelao"deJeanBaptisteRoustaing?, 5.6 Da coleo Andr Luiz (Esprito), psicografia de FranciscoCndidoXavier?,5.7DeJoannadengelis(Esprito),pelapsicografiadeDivaldoP.Franco?6.Concluso.1.Introduo comum ouvirmos, no meio esprita, citarem a frase: "A alma dorme na pedra, sonha novegetal,agitase no animal e acorda no homem", como sendo de autoria de Lon Denis. Sque ningum indicava onde, exatamente, ele teria dito isso. Na busca em que nosempenhamos para encontrla, acabamos por nos deparar com ela em J. Herculano Pires(19141979):AOntogneseEsprita,ouseja,ateoriadoutrinriadacriaodosSeres(Dogrego:ontoSerlogiaestudo, cincia) revela o processo evolutivo a partir do reino mineral at o reino hominal. Essa teoriada evoluo mais audaciosa que a de Darwin. Lon Denis a definiu numa sequncia potica enaturalista: A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agitase no animal e acorda no homem.Entre cada uma dessas fases existe uma zona intermediria, como se pode verificar nos estudoscientficos.Assim,ateoriaespritadaevoluoconsideraohomemcomoumtodoformadodeespritoematria.Aprpriaevoluoapresentadacomoumprocessodialticodeinteraoentreessesdoiselementos primordiais, o esprito e a matria. Tanto na Cincia como na Filosofia essa teoria daevoluosegueomesmoesquema.NaReligioaencontramosnoOriente.OprprioGnese,livro daBblia, como j vimos, admite essa teoria apresentandoa em termos simblicos: Deus fez o homemdobarrodaTerra.Atualmente,comostrabalhosfamososdoPadreTeilharddeChardin,atmesmonoCatolicismo a evoluo se imps em termos aproximados da teoria esprita. (PIRES, 1987, p. 9394)(grifonosso).No podemos assegurar que tenha sido Herculano Pires o primeiro a mencionar essa fraseatribuda a Lon Denis com esse teor porm, a gua na fonte tem bem outro sabor, senovejamos:Naplanta,aintelignciadormitanoanimal,sonhasnohomemacorda,conhecese, possuisee tornase consciente a partir da, o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores daNatureza, s se pode realizar pelo acordo da vontade humana com as leis Eternas. (DENIS, 1989, p.123)(grifonosso).Obviamente,caroleitor,que"dormirnaplanta"noamesmacoisaque"dormirnapedra",que , justamente, o ponto que causa polmica em nosso meio, pois dela se tira que oprincpiointeligente,emsuaevoluoprogressiva,tenhapassadotambmpeloreinomineral.Em que pese toda a sabedoria de Herculano Pires, esprita de primeira linha, pelo qualnutrimoso maior respeito, considerado como quem mais entendia Kardec, no encontramosno Codificador algo que venha a apoiar a hiptese de que o princpio inteligente tenha, semexceoalguma,evoludoportodososreinos,especialmente,noreinomineral,queanossapropostanesseestudo.Bom, a questo, que se nos apresenta, saber o que Kardec disse sobre o assunto e se oseusucessor,LonDenis,teriaditoalgoemcontrrio.Sobreeleoportunoinformar:Lon Denis (Foug, 1 de janeiro de 1846 Tours, 12 de Maro de 1927) foi um filsofo esprita e umdosprincipaiscontinuadoresdoespiritismoapsamortedeAllanKardec,aoladodeGabrielDelannee Camille Flammarion. Fez conferncias por toda a Europa em congressos internacionais espritas eespiritualistas, defendendo ativamente a ideia da sobrevivncia da alma e suas consequncias nocampodaticanasrelaeshumanas.(WIKIPDIA)No podemos deixar de lembrar a voc, caro leitor, que por ter estado muito mais perto deKardecdoqueHerculanoPires,aopiniodelenodeveserrelegadaasegundoplano.Umavez que so citados Delanne e Flammarion, tambm no deixaremos de levar emconsiderao a opinio deles, por terem sido com Denis, os principais continuadores doEspiritismo,oqueserfeitooportunamente.2.OCodificadorVejamos, ento, o que Allan Kardec (18041869) pensava sobre a evoluo anmica.InicialmenterecorreremosaoqueeledissenaIntroduodaprimeiraediodeOLivrodosEspritos,deabrilde1857:Qualquerqueseja,umfatoquenosepodecontestar,poisumresultadodeobservao,queosseresorgnicostmemsiumaforantimaqueproduzofenmenodavida,enquantoqueessafora existe que a vida material comum a todos os seres orgnicos e que ela independente dainteligncia e do pensamento: que a inteligncia e o pensamento so faculdades prprias decertas espcies orgnicas enfim, que entre as espcies orgnicas dotadas de inteligncia e depensamento, h uma dotada de um senso moral especial que lhe d incontestvel superioridadesobreasoutras,aespciehumana.Nschamamosenfimintelignciaanimaloprincpiointelectualcomumaosdiversosgrausnoshomensenosanimais,independentedoprincpio vital, e cuja fonte nos desconhecida. (KARDEC,2004,p.3)(grifonosso).EssafalaeleamantmnasegundaediodeOLivrodosEspritos,publicadaemmarode1860 porm, o que achamos importante e queremos realar que, j desde a primeiraedio, Kardec afirma, sem meias palavras, que "a inteligncia e o pensamento sofaculdadesprpriasdecertasespciesorgnicas",parecenosque,comisso,almdedeixardeforaosseresinorgnicos,queexatamenteocasodosminerais,eleaindanoestendeatodososseresorgnicosaintelignciaeopensamentoporm,somentea"certasespcies",o que ser confirmado mais frente, quando citarmos a pergunta 71 constante da segundaediodessaobra,quesertambmafontequeusaremosdaquiparafrente.Kardec classifica os minerais como inorgnicos, sem vitalidade e sem movimentos prprios,formamseapenaspelaagregaodamatria(KARDEC,2007a,p.91).Baseandonosnessasuaexplicaoesomandoseaofatodequeeleexcluiosseresinorgnicosdepossuremainteligncia e o pensamento, avaliamos que, s.m.j., no h sustentao doutrinria para seconcluirqueoprincpiointeligentepossaanimarosminerais.importantetrazermosadefinioqueKardecdeuparaosseresorgnicos:Osseresorgnicossoosquetmemsiumafontedeatividadentimaquelhesdavida.Nascem,crescem, reproduzemse por si mesmos e morrem. So providos de rgos especiais para aexecuodosdiferentesatosdavida,rgosessesapropriadossnecessidades que a conservaoprpria lhes impe. Nessa classe esto compreendidos os homens, os animais e as plantas.(KARDEC,2007a,p.91)(grifonosso).E, para que se possa diferencilos dos inorgnicos, trazemos tambm a definio desses:"Seresinorgnicossotodososquecarecemdevitalidade,demovimentosprprios equeseformamapenaspelaagregaodamatria.Taissoosminerais,agua,oar,etc".(KARDEC,2007a,p.91)(grifonosso).Ento, segundo Kardec, podemos classificar os seres orgnicos em homens, animais eplantas,cujas caractersticas principais de cada um deles : nascer, crescer,reproduzirseemorrer,oque,segundoacreditamos,noacontececomosseresinorgnicos,pois,comodito,"carecemdevitalidade".importanteobservarqueKardecclassificaosmineraiscomoseresinorgnicos, o que nos leva a concluir que, consequentemente, eles so desprovidos deinteligncia e pensamento, que "so faculdades prprias de certas espcies orgnicas"(KARDEC,2007a,p.18).Essa "fonte de atividade ntima que lhes d a vida", certamente, o princpio vital, sobre oqualKardec,emAGnese,cap.XGneseOrgnica,esclareceargumentando:16. Dizendo que as plantas e os animais so formados dos mesmos princpios constituintes dosminerais,falamosemsentidoexclusivamentematerial,poisqueaquiapenasdocorposetrata.Semfalardoprincpiointeligente,quequestoparte,h,namatriaorgnica, um princpioespecial,inapreensvelequeaindanopodeserdefinido:oprincpiovital.Ativonoservivente,esseprincpioseachaextintonosermortomas,nemporissodeixadedarsubstnciapropriedadesque a distinguem das substncias inorgnicas. A Qumica, que decompe e recompe a maior partedos corpos inorgnicos, tambm conseguiu decompor os corpos orgnicos, porm jamais chegou areconstituir, sequer, uma folha morta, prova evidente de que h nestes ltimos o que quer que seja,inexistentenosoutros.[...]18. Combinandose sem o princpio vital, o oxignio, o hidrognio, o azoto e o carbonounicamente teriam formado um mineral ou corpo inorgnico o princpio vital, modificando aconstituiomoleculardessecorpo,dlhepropriedadesespeciais.Emlugardeumamolculamineral,temseumamolculadematriaorgnica.(KARDEC,2007b,p.227228)(grifonosso).Osseresorgnicos,comodito,tmoprincpiovital,necessrioparalhesmanteravida,oqueno acontece com os inorgnicos, por no terem vida. Essa diferena fundamental paraentendermos o porqu de Kardec admitir que somente certas espcies os seres orgnicospossuemoprincpiointeligente.Um pouco mais frente em A Gnese, mas ainda no cap. X Gnese Orgnica, Kardec,explicandoaEscaladosSeresOrgnicos,diz:24. Entre o reino vegetal e o reino animal, nenhuma delimitao h nitidamente marcada. Nosconfins dos dois reinos esto os zofitos ou animaisplantas, cujo nome indica que elesparticipamdeumeoutro:servelhesdetraodeunio.Como os animais, as plantas nascem, vivem, crescem, nutremse, respiram, reproduzemse emorrem. Como aqueles, precisam elas de luz, de calor e de gua estiolamse e morrem, desde quelhes faltem esses elementos. A absoro de um ar viciado e de substncias deletrias as envenena.Oferecem como carter distintivo mais acentuado conservaremse presas ao solo e tirarem, dele anutrio,semsedeslocarem.O zofito tem a aparncia exterior da planta. Como planta, mantmse preso ao solo comoanimal,avidaneleseachamaisacentuada:tiradomeioambienteasuaalimentao.Um degrau acima, o animal livre e procura o alimento: em primeiro lugar, vm as inmerasvariedadesdeplipos,decorposgelatinosos,semrgosbemdefinidos,sdiferindodasplantas pelafaculdadedalocomooseguemse,naordemdodesenvolvimentodosrgos,daatividadevitaledoinstinto,oshelmintosouvermesintestinaisosmoluscos,animaiscarnudossemossos,algunsdelesnus,comoaslesmas,ospolvos,outrosprovidosdeconchas,comoocaracol,aostraoscrustceos,cujapelerevestidadeuma crosta dura, como o caranguejo, a lagosta os insetos, aos quais a vidaassumeprodigiosaatividadeesemanifestaoinstintoengenhoso,comoaformiga,aabelha,aaranha.Alguns se metamorfoseiam, como a lagarta, que se transforma em elegante borboleta. Vem depois aordem dos vertebrados, animais de esqueleto sseo, ordem que abrange os peixes, os rpteis, ospssaros seguemse, por fim, os mamferos, cuja organizao a mais completa. (KARDEC,2007b,p.230231)(grifonosso). interessante o fato de que Kardec no apresenta nenhum ponto pelo qual se possaestabeleceralgumaligaoentreoreinomineraleovegetal,comoaqui,especificamente,eleo faz entre o vegetal para o animal. Ressalta que "como os animais, as plantas nascem,vivem, crescem, nutremse, respiram, reproduzemse e morrem", para com issoenquadrlosanimaiseplantas,entreosseresorgnicos, aqueles nos quais se encontraalguns dotados de pensamento e inteligncia, com isso Kardec mantmse coerente com oque disse na Introduo da primeira de O Livro dos Espritos, que citamos no incio dessetpico.No cap. XI de A Gnese tratado o assunto Encarnao dos Espritos, do qualtranscrevemos:23. Tomandose a Humanidade no grau mais nfimo da escala espiritual, como se encontra entre osmaisatrasadosselvagens,perguntarseseaopontoinicialdaalmahumana.Na opinio de alguns filsofos espiritualistas, o princpio inteligente, distinto do princpiomaterial,seindividualizaeelabora,passando pelos diversos graus da animalidade. a que aalmaseensaiaparaavidaedesenvolve,peloexerccio,suasprimeirasfaculdades.Esseseriaparaela, por assim dizer, o perodo de incubao. Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estadocomporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana. Haveria assim filiaoespiritualdoanimalparaohomem,comohfiliaocorporal.Este sistema, fundado na grande lei de unidade que preside criao, corresponde, foroso convir, justia e bondade do Criador d uma sada, uma finalidade, um destino aosanimais,quedeixamentodeformarumacategoriadeseresdeserdados,paraterem,nofuturoque lhes est reservado, uma compensao a seus sofrimentos. O que constitui o homemespiritualnoasuaorigem:soosatributosespeciais de que ele se apresenta dotado ao entrar nahumanidade,atributosqueotransformam,tornandooumserdistinto,comoofrutosaborosodistintoda raiz amarga que lhe deu origem. Por haver passado pela fieira da animalidade, o homem nodeixaria de ser homem j no seria animal, como o fruto no a raiz, como o sbio no o fetoinformequeopsnomundo.Mas,estesistemalevantamltiplasquestes,cujosprsecontrasnooportunodiscutiraqui,comono o o exame das diferentes hipteses que se tm formulado sobre este assunto. Sem, pois,pesquisarmos a origem do Esprito, sem procurarmos conhecer as fieiras pelas quais haja ele,porventura,passado,tomamoloaoentrarnahumanidade,nopontoemque,dotado de senso moral ede livrearbtrio, comea a pesarlhe a responsabilidade dos seus atos. (KARDEC, 2007b, p. 247248)(grifonosso).Kardecreconheceacoernciadahiptesedoprincpiointeligentepassarpelosdiversosgrausda animalidade, argumentando que isso representa a manifestao da justia e bondade deDeusparacomosanimaisentretanto,noquerseaprofundarnoassunto,parasemanternofoco do tema a que se props, que sobre a Encarnao dos Espritos e no sobre aevoluodoprincpiointeligente.No livro A Gnese, cap. III, Kardec estuda o Instinto e a Inteligncia fazendo diversasconsideraes,nasquaisvamosencontraralgumacoisaparadirimirpossveisdvidas.Dizl:O instinto a fora oculta que solicita os seres orgnicos a atos espontneos e involuntrios,tendo em vista a conservao deles. Nos atos instintivos no h reflexo, nem combinao, nempremeditao.assimqueaplantaprocuraoar,sevoltaparaaluz,dirigesuasrazesparaagua eparaaterranutrientequeaflorseabreefechaalternativamente,conformeselhefaznecessrioqueasplantastrepadeirasseenroscamemtornodaquiloquelhesservedeapoio,ouselheagarramcomas gavinhas. pelo instinto que os animais so avisados do que lhes convm ou prejudica quebuscam, conforme a estao, os climas propcios que constroem, sem ensino prvio, com mais oumenos arte, segundo as espcies, leitos macios e abrigos para as suas prognies, armadilhas paraapanharapresadequesenutremquemanejamdestramenteasarmasofensivasedefensivasdequeso providos que os sexos se aproximam que a me choca os filhos e que estes procuram o seiomaterno.Nohomem,semcomeodavidaoinstintodominacomexclusividadeporinstintoqueacriana faz os primeiros movimentos, que toma o alimento, que grita para exprimir as suasnecessidades, que imita o som da voz, que tenta falar e andar. No prprio adulto, certos atos soinstintivos, tais como os movimentos espontneos para evitar um risco, para fugir a um perigo, paramanter o equilbrio do corpo tais ainda o piscar das plpebras para moderar o brilho da luz, o abrirmaquinaldabocapararespirar,etc.(KARDEC,2007b,p.89)(grifonosso).NessafaladeKardec,ficaclaro,pelomenosparans,queeleadmiteoinstintonasplantas,nos animais e nos homens, exatamente os seres que foram classificados, por ele, comoorgnicos. Mas, "o que tem a ver instinto com inteligncia?", poderia algum nos perguntar.Poisbem,essadvidafoirespondidapelosEspritosaoafirmaremseroinstintoumaespciede inteligncia, uma inteligncia sem raciocnio (KARDEC, 2007a, p. 96). Um pouco mais frente,aocomentararespostapergunta75,ocodificadorexplica:Oinstintoumaintelignciarudimentar,quediferedaintelignciapropriamente dita, em que suasmanifestaes so quase sempre espontneas, ao passo que as da inteligncia resultam de umacombinaoedeumatodeliberado.O instinto varia em suas manifestaes, conforme s espcies e s suas necessidades. Nosseres que tm a conscincia e a percepo das coisas exteriores, ele se alia inteligncia, isto , vontadeeliberdade.(KARDEC,2007a,p.97)(grifonosso).Portanto, pela ordem, as plantas, os animais e os homens, quer dizer, os seres orgnicos,voltamosaressaltar,possuemoinstinto,queumaintelignciarudimentar,variandoapenasquantoaograudesuamanifestao,porm, quanto inteligncia e o pensamento, no soalgo genrico, pois que "so faculdades prprias de certas espcies orgnicas" (KARDEC,2007a, p. 18). oportuno lembrar que aqui Kardec faz uma distino entre "intelignciarudimentar" e "inteligncia propriamente dita", embora no tenha entrado em detalhes paraque possamos compreender melhor essa distino a que se refere porm, o que maisimportante, que aqui, neste ponto, tratase de sua opinio constante de sua ltima obra e,diante disso, no podemos deixar de ressaltar que Kardec est mesmo admitindo umainteligncia, ainda que rudimentar, nas plantas. Ora, sendo as plantas classificadas comopertencentesaoreinovegetal,foroso,concluisequenelequeKardeclocalizaoinciodoprocessoevolutivodoprincpiointeligente.LevandoseemcontaessaposiodeKardec,elavemcorroborarafaladeLonDenis,ditalogonoincio,deque"Naplanta,aintelignciadormita..."(DENIS,1989,p.123).Entretanto,atagora,novimosKardecatribuindotambmaosmineraisuminstintoemuitomenos um princpio inteligente, ou que este tenha, por alguma vez, estagiado nos seresinorgnicos, os quais no vemos como explicar a possibilidade de terem uma intelignciarudimentar,levandoseemcontaquenopossuemvitalidadeportanto,noestosujeitosao"nascer, crescer, reproduzirse e morrer", ciclo indispensvel, segundo acreditamos, daquiloque Kardec disse dos seres orgnicos, para que o progresso intelectual desse princpiointeligenteserealize.Vejamos algo interessante que nos parece confirmar esse nosso modo de pensar, o qualbaseamonosemKardec,quandodefineosseresorgnicos(KARDEC,2007a,p.91),tratasedeumafaladoestudiosoManueldeO.PortasioFilho(?),naobraDeus,EspritoeMatria:"Natre, mourir, renatre encore et progresser sans cesse telle est la loi" ("Nascer, viver, morrer,renascerainda,progredindosempretal a lei"). A frase encontrase esculpida no dlmen de Kardec,noCemitrioPreLachaise,emParis,traduzindoassimoprincpiobasilardaDoutrinaEsprita.Ela expe a prpria essncia do processo evolutivo, que se desdobra em nuanas no mais dasvezesininteligveismentehumana.[](PORTASIOFILHO,2000,p.116)(grifonosso).Seessafrase,constantedotmulodeKardec,traduz"oprincpiobasilardaDoutrinaEsprita",e,emrazodisso,"elaexpeaprpriaessnciadoprocessoevolutivo",ento,s.m.j.,aquiloque no se enquadrar nesse princpio, ou seja, no ciclo "nascer, morrer, renascer ainda...",no teria como trilhar pelo caminho da evoluo, que , segundo o que conseguimosdepreenderdeKardec,ocasodosseresinorgnicos,nosquaisseencontramosminerais.Oesclarecimentoarespeitodoinstintodeconservao,podeajudaraclarearmaisaindaessaquesto,leiamosemOLivrodosEspritos:702.leidaNaturezaoinstintodeconservao?"Sem dvida. Todos os seres vivos o possuem, qualquer que seja o grau de sua inteligncia.Nuns,puramentemaquinal,raciocinadoemoutros."703.ComquefimoutorgouDeusatodososseresvivosoinstintodeconservao?"Porque todos tm que concorrer para cumprimento dos desgnios da Providncia. Por isso foi queDeus lhes deu a necessidade de viver. Acresce que a vida necessria ao aperfeioamento dosseres.Elesosenteminstintivamente,semdissoseaperceberem."728.leidaNaturezaadestruio?"Preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruionopassadeumatransformao,quetemporfimarenovaoemelhoriadosseresvivos."(KARDEC,2007a,p.378e389)(grifonosso).Do que conclumos que todos os seres vivos que tenham qualquer grau de inteligncia,portanto,atmesmoosde"intelignciarudimentar",possuemoinstintodeconservao,que imprescindvel para a conservao da vida, uma vez que esta, a vida, necessria a seuprogresso e que a destruio algo primordial para que isso acontea ento, no queconcerne aos minerais, que, como definido por Kardec, so seres inorgnicos, acreditamosque, s.m.j., nada disso se aplicaria, uma vez que ele no tm vitalidade, conforme o prprioCodificadorodefine.Continuando,vejamos,agora,umaquestoquecomplementaessastrsanteriores:728.a)Oinstintodedestruioteriasidodadoaosseresvivospordesgniosprovidenciais?"As criaturas so instrumentos de que Deus se serve para chegar aos fins que objetiva. Para sealimentarem, os seres vivos reciprocamente se destroem, destruio esta que obedece a um duplofim: manuteno do equilbrio na reproduo, que poderia tornarse excessiva, e utilizao dosdespojos do invlucro exterior que sofre a destruio. Esse invlucro simples acessrio e no aparte essencial do ser pensante. A parte essencial o princpio inteligente, que no se podedestruireseelaboranasmetamorfosesdiversasporque passa." (KARDEC, 2007a, p. 389390) (grifonosso).Daafirmativadeque"aparteessencialoprincpiointeligente"aosereferiraosseresvivos,osEspritosSuperiores,aoquenosparece,estorestringindooprincpiointeligentesomenteaosseresvivosento,aquestosaberseosmineraispodemserconsideradosseresvivos.BaseandonosemKardec,podemosdizerquenoso,porquantoenquadramsecomoseresinorgnicos "[...] que carecem de vitalidade, de movimentos prprios e que se formamapenaspelaagregaodamatria".(KARDEC,2007a,p.91)(grifonosso).Vejamos,poroportuno,tambmaquestoquesesegueaessa,queacabamosdecomentar:729.Searegenerao dos seres faz necessria a destruio, por que os cerca a Natureza de meiosdepreservaoeconservao?"A fim de que a destruio no se d antes do tempo. Toda destruio antecipada obsta aodesenvolvimentodoprincpiointeligente.PorissofoiqueDeusfezquecadaserexperimentasse anecessidadedeviveredesereproduzir."(KARDEC,2007a,p.390)(grifonosso).Entendemos que "a necessidade de viver e de reproduzir" algo indispensvel para odesenvolvimento do princpio inteligente, que tem na destruio da matria quetemporariamente se reveste, no caso, o fato de morrer, um elemento imprescindvel ecomplementar aos dois anteriores viver e reproduzir, para cumprirse o processo deevoluo.Emresumo,issonadamaisdoqueojfalado:"nascer,crescer,reproduzirse emorrer",caractersticasomentedosseresvivos,aquelesclassificadoscomoorgnicos.EemOLivrodosEspritos,aotrabalharoconceitodealma,Kardecfalavriascoisas,entreelas,destacamos:Evitarseia igualmente a confuso, embora usandose do termo alma nos trs casos, desde que selhe acrescentasse um qualificativo especificando o ponto de vista em que se est colocado, ou aaplicaoquesefazdapalavra.Estateria,ento,umcartergenrico,designando,aomesmotempo,o princpio da vida material, o da inteligncia e o do senso moral, que se distinguiriam mediante umatributo, como os gases, por exemplo, que se distinguem aditandose ao termo genrico as palavrashidrognio, oxignio ou azoto. Poderseia, assim dizer, e talvez fosse o melhor, a alma vital indicandooprincpiodavidamaterialaalmaintelectualoprincpiodainteligncia,eaalmaespritao da nossa individualidade aps a morte. Como se v, tudo isto no passa de uma questo depalavras, mas questo muito importante quando se trata de nos fazermos entendidos. Deconformidade com essa maneira de falar, a alma vital seria comum a todos os seres orgnicos:plantas, animais e homens a alma intelectual pertenceria aos animais e aos homens e a almaespritasomenteaohomem.(KARDEC,2007a,p.19)(grifonosso).Nessa poca Kardec considerava que a alma intelectual como pertencendo somente aosanimais e aos homens, porm, como j vimos, em A Gnese, ele afirma a existncia doinstintonasplantas,definindoocomointelignciarudimentar.VoltandoobraAGnese,iremos encontrar uma fala de Kardec, que, a nosso ver, pe emevidncia como ele prprio via o assunto. Vejamos, quando ele discorre sobre a "Unio doprincpioespiritualedamatria",nocap.XI,item10:Tendo a matria que ser o objeto de trabalho do Esprito para o desenvolvimento de suasfaculdades, era necessrio que ele pudesse atuar sobre ela, pelo que veio habitla, como olenhador habita a floresta. Tendo a matria que ser, ao mesmo tempo, objetivo e instrumento dotrabalho, Deus, em vez de unir o Esprito pedra rgida, criou, para seu uso, corposorganizados, flexveis, capazes de receber todas as impulses da sua vontade e de seprestarematodososseusmovimentos.O corpo , pois, simultaneamente, o envoltrio e o instrumento do Esprito e, medida que esteadquire novas aptides, reveste outro envoltrio apropriado ao novo gnero de trabalho que deveexecutar,talqualsefazcomooperrio,aquemdadoinstrumentomenosgrosseiro,proporoqueele se vai mostrando apto a executar obra mais bem cuidada. (KARDEC, 2007b, p. 241242) (grifonosso).Peloquepodemosdeduzirdessafala,senoestivermostomadogatoporlebre,nohcomoadmitir que o princpio inteligente tenha se estagiado nos minerais, que por terem os seuscorpos rgidos, "carecem de vitalidade, e de movimentos prprios e que se formam apenaspelaagregaodamatria"(KARDEC,2007a,p.91).Concordamos plenamente com Kardec de que para que o princpio inteligente possadesenvolversenecessrio que o seu corpo seja flexvel, para receber os impulsos de suavontadeeprestarseatodososseusmovimentos,ouseja,que,realmente,ocorpolhesirvadeinstrumentodemanifestao.Deixando de fora os fascculos da RevistaEsprita, que seguem at maro de 1869, pocadesuamorte,olivroAGnese,publicadoemjaneirode1868,serevestedodetalhedequealtimaobradacodificao,ondetratadoassuntosobreaUniodoprincpioespiritualedamatria,transcritoacima.Inclusive,segundoojornalistaefilsofoJ.HerculanoPires,nessaobra, ou seja, A Gnese, que Kardec "tornou clara e precisa a sua posio evolucionistaquanto ao problema da evoluo das espcies" (PIRES, 2005, p. 10). Por isso, acreditamosque, a essa altura do campeonato, Kardec j tinha informaes suficientes para deixar bemclaro,casofosseverdade,queoprincpiointeligentepassariapeloreinomineralporm,nofoioqueaconteceu,conformesevdessasuafalaacima,pelaqualchegamosaconclusode que, na sua forma de pensar, o ponto inicial do processo de evoluo do princpiointeligenteselocalizarianaquelesseresde"corposorganizados,flexveis,capazesderecebertodas as impulses da sua vontade e de se prestarem a todos os seus movimentos", o quesignificadizerquesomentenosseresorgnicosissopodeocorrer.Conformeprometido,vejamosagoraaquesto71:71.Aintelignciaatributodoprincpiovital?"No, pois que as plantas vivem e no pensam: s tm vida orgnica. A inteligncia e a matriaso independentes, porquanto um corpo pode viver sem inteligncia. Mas, a inteligncia s por meiodergosmateriaispodemanifestarse.Necessrioqueoespritoseunamatriaanimalizadaparaintelectualizla.(KARDEC,2007a,p.95)(grifonosso).Sendooatodepensaralgocaracterstico de quem possui a inteligncia e vontade de atuar,ento, as plantas no os tm porm, conforme j dito, elas possuem o instinto, e esse foidefinidoporKardeccomouma"intelignciarudimentar".Nasconsideraesaessaresposta,ocodificador,desenvolvendomaisoseuraciocnio,diz:A inteligncia uma faculdade especial, peculiar a algumas classes de seres orgnicos e quelhes d, com o pensamento, a vontade de atuar, a conscincia de que existem e de que constituemuma individualidade cada um, assim como os meios de estabelecerem relaes com o mundoexterioredeproveremssuasnecessidades.Podem distinguirse assim: 1. os seres inanimados, constitudos de matria, sem vitalidadeneminteligncia,quesooscorposbrutos2.osseresanimadosquenopensam,formadosdematriaedotadosdevitalidade,porm,destitudosdeinteligncia3.osseresanimadospensantes,formados de matria, dotados de vitalidade e tendo a mais um princpio inteligente que lhes d afaculdadedepensar.(KARDEC,2007a,p.96)(grifonosso).Aoafirmarqueaintelignciaumafaculdade especial, peculiar a algumas classes de seresorgnicos, fica claro que Kardec no a generalizou para todos os seres orgnicos, masapenasaalgunsdeles.Assim,segundoanossaformadeentender,peloqueKardeccoloca,queoreinomineral,porcomporsedeseresinorgnicos,quenotmvitalidade,nemintelignciaenemmovimentosprprios (KARDEC, 2007a, p. 91), nele no h, consequentemente, o princpio inteligente, oqueaindaseconfirmacom:"Amatriainerte,queconstituioreinomineral,stememsiumaforamecnica."(KARDEC,2007a,p.327)(grifonosso).Embora tenha considerado, como j vimos, que o instinto uma inteligncia rudimentar,comum a todos os seres orgnicos plantas, animais e homens percebese que aquiKardecnoatribuiatodoselesainteligncia,consideradaporelecomosendo"umafaculdadeespecial,peculiaraalgumasespciesorgnicas".Dessadistino,queKardecfazdosseres,entendemosqueaodizer:"1osseresinanimados,constitudosdematria,semvitalidadeneminteligncia,quesooscorposbrutos",estavasereferindoaosminerais"2osseresanimadosquenopensam,formadosdematriaedotadosdevitalidade,porm,destitudosdeinteligncia,"paraenquadrarosvegetais"3osseresanimadospensantes,formadosdematria,dotadosdevitalidadeetendoamaisumprincpiointeligentequelhesdafaculdadedepensar",classificaosanimais.Seanossaconcluso,paracadaitem,estivercorreta,podemostomarainiciativadeincluirohomemcomoumseranimadoepertencendoaoterceirogrupo.Ainda sobre as caractersticas dos seres, temos algo a acrescentar, que consta em O Livrodos Espritos, que vem, de outra forma, explicar e corroborar o que ele disse nas suasconsideraesrespostadaquesto71:585. Que pensais da diviso da Natureza em trs reinos, ou melhor, em duas classes: a dos seresorgnicos e a dos inorgnicos? Segundo alguns, a espcie humana forma uma quarta classe. Qualdestasdivisesprefervel?"Todassoboas,conformeopontodevista.Dopontodevistamaterial,apenashseresorgnicoseinorgnicos.Dopontodevistamoral,hevidentementequatrograus."Esses quatro graus apresentam, com efeito, caracteres determinados, muito embora pareamconfundirsenosseuslimitesextremos.Amatriainerte,queconstituioreinomineral,stememsi uma fora mecnica. As plantas, ainda que compostas de matria inerte, so dotadas devitalidade. Os animais, tambm compostos de matria inerte e igualmente dotados de vitalidade,possuem, alm disso, uma espcie de inteligncia instintiva, limitada, e a conscincia de suaexistncia e de suas individualidades. O homem, tendo tudo o que h nas plantas e nos animais,dominatodasasoutrasclassesporumaintelignciaespecial, indefinida, que lhe d a conscincia doseufuturo,apercepodascoisasextramateriaiseoconhecimentodeDeus.(KARDEC,2007a,p.327328)(grifonosso).Levandose em conta essa explicao de Kardec, podese deduzir que encontramos asseguintescaractersticasdosseresemcadaumdosreinos:a)noreinomineral:matriainertequestememsiaforamecnicab)noreinovegetal:matriainerteedotadosdevitalidadec)noreinoanimal:matriainerte,dotadosdevitalidadeeintelignciainstintiva,ouseja,intelignciarudimentard) "no reino hominal": matria inerte, dotados de vitalidade, instinto e intelignciaespecial.A matria inerte comum a todos os reinos, possivelmente, ela seja o elo que promove aligao entre eles, e que faz com que "tudo na natureza se encadeia" (KARDEC, 2007a, p.336),conformedito,repetidasvezes,porKardec.Dentrodessasexplicaes,queparecemseraasmesmasanteriores,talvezmaisexplcitas,deduzimos que, para Kardec, somente a partir do reino animal que existe inteligncia,portanto,nessafasedeseusconhecimentos,oprincpiointeligenteiniciarseianessepontoasua escalada evolutiva porm, no podemos deixar de ressaltar que, mais ao final de suavida, Kardec afirmou que as plantas possuem instinto, ou seja, elas tambm tm umaintelignciarudimentar,oqueaquielesatribuiuaosanimais.Kardeccontinuainsistindonoassunto:586.Tmasplantasconscinciadequeexistem?"No,poisquenopensamstmvidaorgnica".589.Algumasplantas,comoasensitivaeadioneia,porexemplo,executammovimentosquedenotamgrandesensibilidadee,emcertoscasos, uma espcie de vontade, conforme se observa na segunda,cujoslbulosapanhamamoscaquesobreelapousaparasugla,parecendoqueurdeumaarmadilhacomofimdecapturaremataraqueleinseto.Sodotadasessasplantasdafaculdadedepensar?TmvontadeeformamumaclasseintermediriaentreaNaturezavegetaleNaturezaanimal?Constituem atransiodeumaparaoutra?"Tudo em a Natureza transio, por isso mesmo que uma coisa no se assemelha a outra e, noentanto, todas se prendem umas s outras. As plantas no pensam por conseguinte carecem devontade.Nemaostraqueseabre,nemoszofitospensam:tmapenasuminstintocegoenatural."[...](KARDEC,2007a,p.328329)(grifonosso).Asplantas,seresinanimados,quepertencemaoreinovegetalnopensam,tmapenasvidaorgnica, o que, em outras palavras, significa dizer que lhes falta a manifestao plena dainteligncia, pois est s se produz quando se une o pensamento com a vontade de atuar.AcreditamosquedeumacertaformaKardecaoestabelecerumacomparaoentreasplantaseosanimaisintermediriosentreoreinovegetaleanimalostrasezofitososquaiseledizpossuremumaintelignciarudimentar,indiretamente,estatribuindoaelasasplantasuminstinto, o que confirmaria a sua afirmativa em A Gnese, de que elas possuem um instintorudimentar.Em A Gnese, cap. III O bem e o mal, ao falar da destruio dos seres vivos, uns pelosoutros,Kardecdaseguinteexplicao:21.Averdadeiravida,tantodoanimalcomodohomem,noestnoinvlucrocorporal,domesmoquenoestnovesturio.Estnoprincpiointeligentequepreexisteesobreviveaocorpo. Esseprincpionecessitadocorpo,parasedesenvolverpelotrabalhoquelhecumprerealizarsobreamatriabruta. O corpo se consome nesse trabalho, mas o Esprito no se gasta ao contrrio, sai dele cadavezmaisforte,maislcidoemaisapto.[].[...]22.Umaprimeirautilidade,queseapresentadetaldestruio,utilidade,semdvida,puramentefsica,esta:oscorposorgnicossseconservamcomoauxiliodasmatriasorgnicas,matriasqueselas contm os elementos nutritivos necessrios transformao deles. Como instrumentos deao para o princpio inteligente, precisando os corpos ser constantemente renovados, aProvidncia faz que sirvam ao seu mtuo entretenimento. Eis por que os seres se nutrem uns dosoutros. Mas, ento, o corpo que se nutre do corpo, sem que o Esprito se aniquile ou altere. Ficaapenasdespojadodoseuenvoltrio.(KARDEC,2007b,p.9697)(grifonosso).24.Nosseresinferiores da criao, naqueles a quem ainda falta o senso moral, em os quais ainteligncia ainda no substituiu o instinto, a luta no pode ter por mvel seno a satisfao deuma necessidade material. Ora, uma das mais imperiosas dessas necessidades a da alimentao.Eles,pois, lutam unicamente para viver, isto , para fazer ou defender uma presa, visto que nenhummvelmaiselevadoospoderiaestimular.nesseprimeiroperodoqueaalmaseelaboraeensaiaparaavida.(KARDEC,2007b,p.98)(grifonosso).Ao Kardec citar somente os animais, considerados irracionais, e os homens como osdetentoresdoprincpiointeligente,acreditamosqueissorefleteacrenaanteriordequenosreinosemqueelesseenquadramanimalehominal,queosserespossuemoprincpiointeligente.E,querendotornarascoisasaindamaisclaras,Kardecvoltacarga:607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado dainfncia na vida corporal, que sua inteligncia apenas desabrocha e se ensaia para a vida. OndepassaoEspritoessaprimeirafasedoseudesenvolvimento?"NumasriedeexistnciasqueprecedemoperodoaquechamaisHumanidade."a) Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princpio inteligente dos seresinferioresdacriao,no?"JnodissemosquetodoemaNaturezaseencadeiaetendeparaaunidade? Nesses seres, cujatotalidade estais longe de conhecer, que o princpio inteligente se elabora, se individualizapouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. , de certo modo, umtrabalho preparatrio, como o da germinao, por efeito do qual o princpio inteligente sofreuma transformao e se torna Esprito. Entra ento no perodo da humanizao, comeando a terconscinciadoseufuturo,capacidadededistinguirobemdomalearesponsabilidadedosseusatos.Assim, fase da infncia se segue a da adolescncia, vindo depois a da juventude e da madureza.Nessa origem, coisa alguma h de humilhante para o homem. Sentirseo humilhados os grandesgniosporteremsidofetosinformesnasentranhasqueosgeraram?Sealgumacoisahquelhesejahumilhante, a sua inferioridade perante Deus e sua impotncia para lhe sondar a profundeza dosdesgnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei agrandeza de Deus nessa admirvel harmonia, mediante a qual tudo solidrio na Natureza.AcreditarqueDeushajafeito,sejaoquefor,semumfim,ecriadoseresinteligentessemfuturo,forablasfemardaSuabondade,queseestendeporsobretodasassuascriaturas."(KARDEC,2007a,p.336337)(grifonosso).Se no estivermos de todo enganados, acreditamos que ao dizer "os seres inferiores dacriao" Kardec estaria referindose especialmente aos animais, assim como a sua menoaos "seres inteligentes sem futuro", conforme acabamos de explicar, logo acima, quandocomentamos o trecho de A Gnese, cap. III O bem e o mal porm, conforme estamosinsistindo,nessamesmaobraKardecatribuisplantasumaintelignciarudimentar.Buscandose tambm a questo 136a, vemos que a hiptese do princpio inteligente nomineralseria,s.m.j., de todo improvvel, porquanto: "A vida orgnica pode animar um corposem alma, mas a alma no pode habitar um corpo privado de vida orgnica" (KARDEC,2007a, p. 125) (grifo nosso). Ora, o que falta no mineral , justamente, a vida orgnica, porissonotemalma,querdizer,umprincpiointeligentequeoanima.Na Revista Esprita 1868, no ms de setembro, Kardec tece alguns comentrios sobre acrena de alguns de que a Terra teria uma alma, que so de interesse ao nosso estudo.Vejamos:[] A Terra um ser vivo? Sabemos que certos filsofos, mais sistemticos do que prticos,consideram a Terra e todos os planetas como seres animados, fundandose sobre o princpio deque tudo vive na Natureza, desde o mineral at o homem. De incio, cremos que h umadiferena capital entre o movimento molecular de atrao e de repulso, de agregao e dedesagregao do mineral e o princpio vital da planta h efeitos diferentes que acusam causasdiferentes, ou pelo menos uma modificao profunda na causa primeira, se ela for nica. (Gnese,cap.X,n16a19.)Mas admitamos por um instante que o princpio da vida tenha sua fonte no movimentomolecular,nosepoderiacontestarquesejamaisrudimentaraindanomineraldoquenaplanta ora,daaumaalmacujoatributoessencialainteligncia,adistnciagrandeningum,cremos,pensou em dotar um calhau ou um pedao de ferro da faculdade de pensar, de querer e decompreender. Mesmo fazendo todas as concesses possveis a esse sistema, quer dizer, em noscolocandonopontodevistadaquelesqueconfundemoprincpiovitalcomaalmapropriamentedita.Aalmadomineralnoestariasenonoestadodegermelatente,umavezquenelenoserevelapornenhumamanifestao.Umfatonomenospatentedoqueaquelequeacabamosdefalarqueodesenvolvimentoorgnicoest sempre em relao com o desenvolvimento do princpio inteligente o organismo secompleta medida que as faculdades da alma se multiplicam. A escala orgnica segueconstantemente,emtodososseres,aprogressodainteligncia,desdeoplipoatohomemeissonopoderiaserdeoutramaneira,umavezquefaltaalmauminstrumentoapropriadoimportncia das funes que ela deve preencher. De que serviria ostra ter a inteligncia domacaco sem os rgos necessrios sua manifestao? Se, pois, a Terra fosse um ser animadoservindo de corpo a uma alma especial, esta alma deveria ser ainda mais rudimentar do que a doplipo, uma vez que a Terra no tem mesmo a vitalidade da planta, ao passo que, pelo papel que seatribuiaessaalma,sobretudonateoriadaincrustao,delasefazumserdotadoderazoedolivrearbtrio mais completo, um Esprito superior, em uma palavra, o que no nem racional, nemconformeleigeral,porquejamaisoEspritofoimaisaprisionadoemaisdividido.AideiadaalmadaTerra, entendida nesse sentido, to bem quanto aquela que faz da Terra um animal, deve, pois, seralinhadaentreasconcepessistemticasequimricas.(KARDEC,1993j,p.261262)(grifonosso).Desses argumentos de Kardec, ressaltamnos, por evidentes, quatro pontos importantes,quaissejam:1) estabelece uma diferena entre o movimento molecular de atrao e derepulso,deagregaoededesagregaodomineraleoprincpiovitaldaplanta,oquedecertaformadiferencilosnoaspectodeteremvida2) que o princpio da vida no tem a mesma fonte que o movimento molecular enemdoprincpiointeligente3)queumcalhauouumpedaodeferrotenhamafaculdadedepensar,dequereredecompreender4)queoprogressodaintelignciaatributodosseresdaescalaorgnica,desdeoplipoatohomem,ficando,portanto,deforadessaleiosseresinorgnicos,entreosquaisseencontramosminerais.Parans,todosessespontosestocorroborandoahiptesedequeoprincpiointeligentenoestagiaria no mineral, porquanto, conforme vrias vezes dito, ele faz parte dos seresinorgnicos.Dessafalaacimaaindadestacamosoqueconstanestetrecho:Mas admitamos por um instante que o princpio da vida tenha sua fonte no movimentomolecular, no se poderia contestar que seja mais rudimentar ainda no mineral do que naplanta ora, da a uma alma cujo atributo essencial a inteligncia, a distncia grandeningum,cremos,pensouemdotarumcalhauouumpedaodeferrodafaculdadedepensar,dequerer e de compreender. Mesmo fazendo todas as concesses possveis a esse sistema, querdizer, em nos colocando no ponto de vista daqueles que confundem o princpio vital com a almapropriamentedita.Aalmadomineralnoestariasenonoestadodegermelatente,umavezquenelenoserevelapornenhumamanifestao.(KARDEC,1993j,p.261262)(grifonosso).Peloquesev,Kardecnoaceitavaqueomineraltivessealma,porquantonodiria"mesmofazendotodasasconcessespossveis"paraarrematar"aalmadomineralnoestariasenono estado de germe latente", o "no estaria" uma condicional, no uma afirmao de quepensava assim. Observarmos que, j no incio desse pargrafo, ele se coloca como algumque no comungava com essa ideia ao dizer "mas admitamos por um instante", para logo aseguirconcluirtaxativamente:"ora,daaumaalmacujoatributoessencial a inteligncia, adistnciagrande".H,certo,umacoisacomumaostrsreinosmineral,vegetaleanimalque,emtodoseles, os elementos qumicos, que formam as suas matrias, so os mesmos, variando,obviamente,nassuascombinaes,notemosdvidadequeaquiqueseaplicao"tudoseencadeirananatureza".Kardec,discorrendosobreosfluidosespirituais,assimpondera:Tudo se liga na obra da criao. Outrora consideravamse os trs reinos como inteiramenteindependentes um do outro, e terseia rido daquele que tivesse pretendido encontrar uma correlaoentreomineraleovegetal,entreovegetaleoanimal. Uma observao atenta faz desaparecer asoluo de continuidade, e prova que todos os corpos formam uma cadeia ininterrupta de talsorte que os trs reinos no subsistem, na realidade, seno pelos caracteres gerais mais marcantesmas sobre seus limites respectivos eles se confundem, ao ponto que se hesita em saber onde umacaba e o outro comea, e no qual certos seres devem ser classificados tais so, por exemplo, oszofitosouanimaisplantas,assimchamadosporque,aomesmotempo,tmdoanimaledaplanta.A mesma coisa tem lugar para o que concerne composio dos corpos. Por muito tempo, osquatro elementos serviram de base s cincias naturais caram diante das descobertas da qumicamoderna,quereconheceuumnmeroindeterminadodecorpossimples.Aqumicanosmostratodosos corpos da Natureza formados desses elementos combinados em diversas propores davariedade infinita dessas combinaes que nascem as inumerveis propriedades dos diferentescorpos.[...][...]Todos os corpos da Natureza, minerais, vegetais, animais, animados ou inanimados, slidos,lquidos ou gasosos, so, pois, formados dos mesmos elementos, combinados de maneira aproduzirem a infinita variedade dos diferentes corpos, a cincia vai mais longe hoje suasinvestigaesaconduzempoucoapoucograndeleidaunidade.Agoraquasegeralmenteadmitidoqueoscorposreputadossimplesnososenomodificaes,transformaesdeumelementonico,princpio universal designado sob o nome de ter, fluido csmico ou universal de tal sorte que,segundo o modo de agregao das molculas desse fluido, e sob a influncia de circunstnciasparticulares,adquirepropriedadesespeciaisqueconstituemoscorpossimplesessescorpossimples,combinados entre si em diversas propores, formam, como dissemos, a inumervel variedade doscorpos compostos. Segundo esta opinio, o calor, a luz, a eletricidade e o magnetismo no seriamigualmente seno modificaes do fluido primitivo universal. Assim esse fluido que, segundo toda aprobabilidade, impondervel, seria ao mesmo tempo o princpio dos fluidos imponderveis e doscorposponderveis.(KARDEC,1993i,p.6669)(grifonosso).Ento, aqui, temos, segundo a nossa maneira de ver, aquilo que liga os trs reinos danatureza:oselementos qumicos que existem nas matrias das quais so formadososseuscorpos, que "formam uma cadeira ininterrupta". Essa ligao o que Kardec demonstra, ecomo est estabelecida somente no que se refere ao elemento material, por consequncia,s.m.j., no poderamos incluir nela o elemento espiritual, para da inferir que o princpiointeligente tenha, na sua origem, estagiado no mineral. o que tambm tiramos dos textosseguintesnosquaisasexpresses"tudoseliga"e"tudoseencadeia"soutilizadas:[]Seseobservaasriedosseres,descobresequeelesformamumacadeia sem soluo decontinuidade, desde a matria bruta at o homem mais inteligente. Porm, entre o homem eDeus, alfa e mega de todas as coisas, que imensa lacuna! Ser racional pensarse que no homemterminam os anis dessa cadeia e que ele transponha sem transio a distncia que o separa doinfinito?ArazonosdizqueentreohomemeDeusoutroselosnecessariamentehaver,comodisseaos astrnomos que, entre os mundos conhecidos, outros haveria, desconhecidos. Que filosofia jpreencheu esta lacuna? O Espiritismo nola mostra preenchida pelos seres de todas as ordens domundoinvisveleestesseresnosomaisdoqueosEspritosdoshomens,nosdiferentesgrausquelevamperfeio.Tudoentoseliga,tudoseencadeia,desdeoalfaatomega.Vs,quenegaisa existncia dos Espritos, preenchei o vcuo que eles ocupam. E vs, que rides deles, (KARDEC,2007a,p.59)(grifonosso).AaodosserescorpreosnecessriamarchadoUniverso.Deus,porm,naSuasabedoria,quisquenessamesmaaoelesencontrassemummeiodeprogrediredeseaproximarDele.Destemodo,por uma admirvel lei da Providncia, tudo se encadeia, tudo solidrio na Natureza. (KARDEC,2007a,p.123)(grifonosso).540. Os Espritos que exercem ao nos fenmenos da Natureza operam com conhecimento decausa,usandodolivrearbtrio,ouporefeitodeinstintivoouirrefletidoimpulso?"Uns sim, outros no. Estabeleamos uma comparao. Considera essas mirades de animais que,poucoapouco,fazememergirdomarilhasearquiplagos.Julgasquenohaumfimprovidencialequeessatransformaodasuperfciedoglobonosejanecessriaharmoniageral?Entretanto,soanimais de nfima ordem que executam essas obras, provendo s suas necessidades e semsuspeitarem de que so instrumentos de Deus. Pois bem, do mesmo modo, os Espritos maisatrasadosoferecem utilidade ao conjunto. Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plenaconscincia de seus atos e estejam no gozo pleno do livrearbtrio, atuam em certos fenmenos, dequeinconscientementeseconstituemosagentes.Primeiramente,executam.Maistarde,quandosuasinteligncias j houverem alcanado um certo desenvolvimento, ordenaro e dirigiro as coisas domundo material. Depois, podero dirigir as do mundo moral. assim que tudo serve, que tudo seencadeia na Natureza, desde o tomo primitivo at o arcanjo, que tambm comeou por sertomo. Admirvel lei de harmonia, que o vosso acanhado esprito ainda no pode apreender em seuconjunto!"(KARDEC,2007a,p.309)(grifonosso).E quanto ligao entre o princpio material e o espiritual ela , certamente, realizada peloperisprito:OEspritomaisnodoqueaalmasobreviventeaocorpooserprincipal,poisquenomorre,aopasso que o corpo simples acessrio sujeito destruio. Sua existncia, portanto, to naturaldepois, como durante a encarnao est submetido s leis que regem o princpio espiritual,como o corpo o est s que regem o princpio material mas, como estes dois princpios tmnecessria afinidade, como reagem incessantemente um sobre o outro, como da ao simultneadeles resultam o movimento e a harmonia do conjunto, seguese que a espiritualidade e amaterialidade so duas partes de um mesmo todo, to natural uma quanto a outra, no sendo,pois,aprimeiraumaexceo,umaanomalianaordemdascoisas.Durante a sua encarnao, o Esprito atua sobre a matria por intermdio do seu corpo fludicoou perisprito, dandose o mesmo quando ele no est encarnado. [...] (KARDEC, 2007b, 299300)(grifonosso).Nesse ponto, Kardec explica que as manifestaes dos espritos nada tm de "milagroso"porm,tratasedaaodosespritossobreomundomaterial,queacontecedentrodombitodascoisasnaturais.Essaaoprovenientedoperisprito,quetem,aomesmotempo,algodematerialeespiritualconcluindo,umpoucomaisfrente,quantotrataespecificamentedoperisprito,que:Assim, tudo no Universo se liga, tudo se encadeia tudo se acha submetido grande eharmoniosa lei de unidade, desde a mais compacta materialidade, at a mais puraespiritualidade.ATerraqualvasodondeseescapaumafumaadensaquevaiclareandomedidaqueseelevaecujasparcelasrarefeitasseperdemnoespaoinfinito.(KARDEC,2007b,p.321)(grifonosso).Vejamos,agora,trstranscriesdasobrasdeKardec,nasquaismencionadaaquestodoprincpiointeligenteterpassadopeloreinomineral.Aprimeiradelas,vamosencontrlanaRevistaEsprita1859,msnovembro,naqualKardectece algumas consideraes a respeito da existncia de pessoas que so mdiuns sem osaber aproveitando fragmentos de um poema do sr. Porry, de Marseille, intitulado Uranie,sobre o qual disse: "[...] esse poema rico em ideias Espritas que parecem tomadas prpriafontedeOLivrodosEspritos,etodavia,foiaveriguadoque,napocaqueoautoroescreveu,elenotinhanenhumconhecimentodaDoutrinaEsprita.[](KARDEC,1993e,p.284)(grifonosso).Eisatranscriodopoema:UrniaFragmentosdeumpoemadosenhordePorry,deMarseille.Abrivosaosmeusgritos,vusdosanturio!Queomautremaeobomseesclarea?Umaluzdivinameinunda,emeuseioagitadoEmabundnciadardejaaverdade!Evs,sriospensadores,cujostrabalhosclebresPrometemaluzedoastrevas,QuedesonhosmentirososedeprestgiosvosEmbalaisincessantementeasinfelicidadeshumanas,Conciliodesbios,quetantodeorgulhoinflama.Sereisconfundidospelavozdeumamulher?EsteDeus,quequereisdoUniversobanir,Ouquepretendeisloucamentedefinir.Doqualvossossistemasqueremsondaraessncia,Malgradovs,serevelavossaconscinciaEtalque,entregandoseasutisdebatesOusaonegartoalto,oproclamatobaixo!Tudoporsuavontadenasceeserenova:abasesupremaavidaeternaTudorepousanele:amatriaeoEspritoQuevosretireseusopro...eoUniversopereceOateudisseumdia"DeusnosenoumaquimeraE,filhadoacaso,avidaefmera,Omundo,ondeohomemfraco,emnascendo,foijogado,Estregidopelasleisdanecessidade.Quandootrespasseapagaosnossossentidosenossaalma,OabismodonadadenovonosreclamaANatureza,imutvelemseucursoeterno,Recolhenossosrestosnoseio.maternal.UsamoscurtosinstantesqueseusfavoresnosdoQuenossasfrontesradiosasderosassecoroemSoprazerDeusemnossosbarulhentosfestins,Desafiamosacleradosmveisdestinos!"Masquandotuaconscincia,ntimavingadora,Insensato!tecensuraumaculpvelembriaguez,Oindigenterepelidoporumgestodesumano,Ouocrimeimpunedoqualsujastuamo,doseioescurodacegamatriaQuejorraemteucoraoaimportunaluzQuerepesempreseusgrandescrimessobteusolhos,Teapavoraetetorna,atimesmo,odioso?Ento,dosoberanoquetuaaudcianegaSentespassarsobretiaforainfinitaEeleteacossa,tesitia,e,malgradoteusesforos,Serevelaaoteucoraopelogritodoremorso!...Evitandooshumanos,cansadodeinquietao,ProcurasdasflorestasanegrasolidoEcrs,percorrendoseusselvagensdesvios,EscaparaesseDeusqueteperseguesempre!SobresuapresaemfarraposotigrefelizdormitaOhomem,cobertodesangue,nastrevasvelaSeuolharestofuscadoporumhorrvelclaroSeucorpotremeinundadodeumfriosuorUmrudosurdoesinistroemseuouvidotrovejaEspectrosameaadoresoescoltamorodeiamEsuavozqueformulaumaterrvelconfisso,SeexclamacomterrorGraa,graa,meuDeus!Sim,oremorso,carrascodetodoserquepensa,NosrevelacomDeusnossaimortalessnciaEfrequentementeavirtude,deumnobrearrependimentotransformaumvilculpadoemgloriosomrtirOsbrutosseparamahumanacriatura,OremorsoachamaondenossaalmasedepuraEpeloseuaguilhooserregenera,Naescaladobemavanaumdegrau.,edosoberboateuvingadores,aaudciarefutada.OpantesmovemexporporsuavezDeseuloucoargumentoocapciosodesvio:"mortaisfascinadosporseusonhorisvel,Ondeoencontrareis,esseGrandeSerinvisvel?Eleestdiantedevossosolhos,esseeternoGrandeTodoTudoformasuaessncia,neletudoseresolveDeusbrilhanosol,enverdecenafolhagem,Rugenovulcoetrovejanatormenta,Floresceemnossosjardins,murmuranasguas.Suspiraflacidamentepelavozdospssaros,EcoloreosaresostecidosdifanoselequemnosanimaequemmovenossosrgoselequempensaemnstodososseresdiversosSoelemesmoemumapalavra,esseDeus,oUniverso."Oqu!Deussemanifestaasimesmocontrrio!Eleaovelhaelobo,rolaevbora!Elesetornaalternativamentepedra,planta,animalSuanaturezacombinaobemeomal,Percorretodososgrausdobrutoaoarcanjo!Eternaanttese,eleluzelama!Elevalenteefrouxo,elepequenoegrande,Verdicoementiroso,imortaleagonizante!...Eleaomesmotempoopressorevtima,CultivaavirtudeeseenrolanocrimeEle,aomesmotempo,LametrieePlato.ScrateseMelitus,MarcoAurlioeNeroServidordaglriaedaignomnia!Elemesmo,alternativamente,seafirmaesenega!Contraasuaprpriaessnciaeleafiaoferro,Evocaonadaeporcmulodoultraje,Suavozescarneceeamaldioasuamagnficaobra!...Ohno,milvezesno,essedogmamonstruosoJamaispdegerminarnumcoraovirtuoso.Mergulhadoemseusremorsosondeocrimeseexpia,Otemerrioautordadoutrinampia,Noseiodosprazeres,sesenteapavoradoPelaimagemdeumDeusquenopodianegarEparadissoseisentar,blasfmiadablasfmia!...Eleouniuaestemundo,eleouniuasimesmo.Oateupelomenos,comprimidocomsemelhanteembarao,OusandonegarseuDeus,noodegrada..........................Deus,quearaahumanaprocurousemcessar,Deus,quequerseradoradoenoserconhecido,dosseresdiversosoprincpioeofim:Mas,parasubiratele,qual,"pois,ocaminhoNoaCincia,efmeramiragemQuefascinanossosolhoscomsuabrilhanteimagem,Eque,enganandosempreumpoderosodesejo,Desaparecesobamoquepensaagarrlo.Sbios,amontoaisescombrossobreescombrosEvossossistemasvospassamcomoassombras!EsteDeusquesemperecernenhumserpodever,Cujaessnciaencerraumterrvelpoder,Masqueparaseusfilhosnutreumamortemo,Amenosdeiguallo,tunopodescompreendlo!Ah!Paraseuniraele,parareencontrloumdia,AalmadevetomaremprestadasasasasdoAmor.LancemosaoventooorgulhoeascinzasdadvidaOprprioDeusaoscrentesaplainarocaminho:Seuamorinfinitojamaisseafastou,Aalmaqueoprocuracomsinceridade,Equeesmigalhandonospsriquezaegozo,Aspiraconfundirsecomasuapuraessncia,MasesteDeus,quequerbemaocoraohumildeepiedoso,Quebanedeseuseioodspotaorgulhoso,Queserevelaaosbio,queseabandonaaoprudente,Comoumamanteciumentonosofrenenhumapartilha.E,paracontentlo,precisoaosprestgiosmundanosOporconstantementeinflexveisdesdns,Felizes,pois,seusfilhosque,nasolitude,Dobom,doverdadeiro,dobelo,fazemseunicoestudo!Feliz,portanto,ohomemabsorvidointeiramenteNotriploclarodessedivinofoco!Nomeiodastristezas,cujocortejosobejaNocrculolimitadodenossopobremundo,Semelhanteaoosisqueflorescenodeserto,OtesourodaFparaasuaalmaestabertoEDeus,semmostrarse,noseucoraoseinsinua,Elheverteumaalegriaaovulgodesconhecida.Ento,comseudestinoosbioestsatisfeitoComumacalmainaltervelguardaobenefcioDeumvuconsteladoquandoanoiteocerca,Nasuacamapacficaeleadormece,esaboreia,Nossonhosbrilhantescomosquaisseembriagaseucorao,Umcelesteantegozodasupremafelicidade.Tuaalmaquenaverdadeaardentesedealtera,DaCriaoquersondaromistrio?...ComoumpintorprimeiroconcebeunoseucrebroAobraprimaencantadoraqueproduzseupincel,OEternotiratudodesuaprprianatureza,MasnoseconfundecomasuacriaturaQue,daintelignciatendorecebidoofogo,EstlivredefaliroudesubiratDeus.ObradeseuPensamento,obradesuapalavra,Cadacriaodeseuseioparte...evoa,Numcrculotraadoporinflexveisleis,CumprirodestinodoqualfezaescolhaComooartista,Deuspensaantesdeproduzir.Comoele,oquecriou,poderiadestruloOra,fonteinesgotveldeseresindiferentesEdeglobossemeadosnoimensoUniverso,Deus,aForasemfreio,desuaVidaeterna:ssuascriaestransmiteumacentelha.Olivroouoquadropeloartistainventado,Produtoinerte,jaznaimobilidade,MasoVerbojorradesuaOnipotncia,Delesedestacaesemoveemsuaprpriaexistncia,SemcessarelesetransformaejamaispereceDoinertemetalseelevandoaoEsprito,OVerbocriadornaplantadormita,Sonhanoanimal,enohomemdespertaDegrauemgrau,descendoesubindo,DaCriaooconjuntoradioso,SobreasondasdoterformaumacadeiaimensaQueoarcanjotermina,queapedracomea.Obedecendosleisqueregemseumeio,CadaelementoseaproximaouseafastadeDeusSejaqueaobemsedevoteouqueaomalelesucumba.Cadaserinteligente,porsuavontade,sobeoucai.Ora,seohomem,habitandoaatmosferadomal,Serebaixapelocrimeaonveldoanimal,Emanjodehomempurosetransforma,eesseanjoDegrauemgraupodetornarsearcanjo,Noseutronobrilhanteessearcanjoelevado,Estlivreparaguardarsuapersonalidade.OudesefundirnoseiodaOnipotnciaQuesepodeassimilarumaperfeitaessncia.Assim,maisdeumarcanjo,nacelestemorada,ComDeusestreunidoporumexcessodeamorMasoutros,invejandosuaglriasoberana,Fascinadospeloorgulho,essepaidodio,QuiseramdoMaisAltodiscutirosdecretosEmergulharemnanoitequeescondeseussegredos:EsseDeus,cujoolharosteriacolocadoemp,Ensombralhesaslajesdeseuardenteraio.Depois,desfigurados,noUniversoerrante,Seguidospelosassaltosderemorsosdevorantes,Essesanjosqueperdemsuaaudciafunesta,NoousammaissemostrarnoadrocelesteNavergonha,afiandoseuaguilhoamado,Entregamseucoraorebeldestormentasdoinferno,Aopassoqueohomempuro,cujaprovatermina,Detriunfoemtriunfoaoparasoseeleva.TodosessesmundosdiferentesnoUniversosemeados,Queferemteusolharescomsuasflechasinflamadas,Queroladoterovagouniversal,AssimcomoosEspritos,estoagrupadosemescalas.GlobosvariadosessesluminososfeixesSovastasmoradas,celestesnavesOndevagamnoespao,aenormesdistncias,Espritosgraduadosemimensascoortes.Hmundospurosemundoshorrveis:Sementravesreinamnosglobosfelizes,Trsprincpiosdivinos,honra,amor,justia.DaordemsocialcimentamoedifcioE,semcessar,queridosdetodosseushabitantes,Desuafelicidadesoasprovasconstantes.Deoutrosglobos,entreguesainsolentesvertigens,Anjoscondenadosseguiramosvestgios:Essesmundos,artesosdesuaprpriainfelicidade,leideDeussubstiturampelasuaE,noseusolo,onderibombaumahorrveltormenta,Deseushspedesimpurosamultidoselamenta.Nossoglobonovio,emseuspassosincertos,Flutuaatnossosdiasentreessesdoisdestinos.Ultrajandoamoral,ultrajandoanatureza,QuandoumglobodocrimepreencheuamedidaQueseushspedes,mergulhadosemseusprazeresbarulhentos,FecharamseusouvidosaosdiscursosdosvidentesQuedoverbodivinoomaisligeirotrao,NessemundoenceguecidosedissipaeseapagaEntodoOnipotenteacleradesencadeiaDescesobreorebeldeaperecercondenado:OsarcanjosvingadorescomsuasasaspoderosasBatematerrampia...eseusmaressaltitantes,Comimensaalturaultrapassamosseusnveis,NoseusololimpoprecipitamsuasguasVulcessubterrneosachamabrilhante,ribombante,DispersanoterosrestosdestemundoEoSerSoberano,cujavinganaluziu,Rompeessegloboimpuroquenelenomaiscr!NossaTerramedocreumaestaodeprova,Ondeojustosofredor,desuaslgrimassesacia,Lgrimasque,pordegrauspurificamseucorao,Preparamseucaminhoparaummundomelhor.EnoemvoquandoosononosmergulhaNosrisonhostransportesdaembriaguezdeumsonho,QueporumrpidoimpulsosomostransportadosNumastronovoradiantedeclaridadesQuenoscremoserrarporvastosbosquesSemcessarpercorridosporumpovodesbiosQuevemosessegloboiluminadoporsisIrradiandoalternadamentebrancos,azuisevermelhos,Que,cruzandonosaressuastintascombinadas,Coloremessesbeloscamposcomluzesvariadas!...Seteucoraonestemundosemantmvirtuoso,Tuosatravessars,essesglobosluxuososQueapazalegra,quehabitaasabedoria,Ondereinadafelicidadeaeternaliberalidade.Sim,tuaalmaasv,essasradiosasmoradasQueosfavoresdocuembelezamsempre,OndeoEsprito,sedepurando,sobedegrauemgrau,Quandooperversosegueumcaminhoretrgrado,Edoreinodomalpercorrendooselos,Descedecrculoemcrculoaosabismosinfernais.EspelhoondeoUniversorefleteasuaimagem,Essesdestinosdiferentesnossaalmaospressagia.Aalma,essavivaforaquedominaossentidos,Aosseusmenoresdesejossbitoobediente,Que,comoumfogocativonumvasodeargila,ConsomeemseustransportessuavestefrgilAalma,quedopassadoguardaalembranaEsabelerporvezesnoobscurofuturo,NotemdofogovitalaefmeracentelhaTumesmotuosentes,tuaalmaimortal.Noscamposdoespaoedaeternidade,Conservandosuapermannciaesuaidentidade,No,aalmanomorre,masmudaoseudomnio,EdeasiloemasilosemprepasseiaNossaalma,seisolandodomundoexterior,PorvezespodeconquistarumsentidosuperiorE,noarrebatamentodosonomagntico,Searmardeumnovoolhooudodomproftico:Libertadauminstantedosterrestreslaos,SemobstculopercorreoscamposareosE,comumgilpulo,noinfinitolanada,Vatravsdoscorposelnopensamento.(KARDEC,1993e,p.286293)(grifonosso)certoquenopoemahmesmomuitasideiasespritas,conformeodisseKardec,entretanto,quanto ao incio do processo evolutivo do princpio inteligente, at a poca de publicaodesse poema s havia a hiptese dele ter se iniciado no reino animal, s mais tarde, comovimos,queKardeccolocaonoreinovegetal.Asegunda,encontramolanaRevistaEsprita1865,numamensagemrecebidaemParis,naqualnoconstaoseuautorespiritual:Vou tocar uma grave questo esta noite, falandovos das relaes que podem existir entre aanimalidadeeahumanidade.[...]Mas tudo no se detm em crer somente no progresso incessante do Esprito, embrio namatria e se desenvolvendo ao passar pelo exame severo do mineral, do vegetal, do animal,para chegar humanidade, onde somente comea a se ensaiar a alma que se encarnar,orgulhosa de sua tarefa, na humanidade. Existem entre essas diferentes fases laos importantesquenecessrioconhecerequeeuchamareiperodosintermediriosoulatentesporqueaqueseoperam as transformaes sucessivas. Falarvosei mais tarde dos laos que ligam o mineral aovegetal, o vegetal ao animal uma vez que um fenmeno que vos espanta nos leva aos laos queligamoanimalaohomem,vouvosentretercomestesltimos.Entreosanimaisdomsticoseohomemasafinidadessoproduzidaspelascargasfludicasquevoscercam e recaem sobre eles um pouco a humanidade que se detm sobre a animalidade, semalterarascoresdeumaoudeoutradaessasuperioridadeinteligentedocosobreoinstintobrutaldabestaselvagem,eaestacausasomentequepoderoserdevidasestasmanifestaesquevmdevosler.Noseest,pois,enganadoouvindoumgritoalegredoanimaleconhecendooscuidados deseu senhor, e vindo, antes de passar ao estado intermedirio de um desenvolvimento a outro, trazerlheumalembrana. A manifestao pode, pois, ocorrer, mas ela passageira, porque o animal, parasubirdeumdegrau,precisoumtrabalholatentequeaniquile,paratodos,todosinalexteriordevida.Esseestadoacrislidaespiritualondeseelaboraaalma,perispritoinforme,notendonenhumafigura reprodutiva de traos, quebrandose num estado de maturidade, para deixar escapar, nascorrentes que os carregam, os germes de almas que ali eclodem. Sernosia, pois, difcil vos falardosEspritosdeanimaisdoespao,elenoexiste,ouantessuapassagemtorpidaquecomonula, e que no estado de crislida, no poderiam ser descritos. (KARDEC, 2000, p. 132133) (grifonosso).No incio temse como verdade o progresso da alma nos trs reinos porm, pareceunoscontraditrio,quandooautordisseque"esteestadoacrislidaespiritualondeseelaboraaalma",porquantoestava,nessemomento,referindosesomenteaoreinoanimal,assuntoquese props a tratar. Promete, para mais tarde, falar da relao entre o mineral e o vegetal edesteparaadoanimal,oque,infelizmente,nofezounsnoaencontramos.Kardec,aocomentaressamensagem,muitocautelosamente,diz:Quando tivermos reunido todos os documentos suficientes, ns os resumiremos em um corpo dedoutrinametdico,quesersubmetidoaocontroleuniversalatlnososenobalizascolocadassobreocaminhoparaclarelo.(KARDEC,2000,p.133134)(grifonosso).Aterceira,constadaRevistaEsprita1867numacartaescritapeloDr.CharlesGrgory(??),fervorosoadeptodoEspiritismo,aKardec,que,acertaalturadesuadefesadaHomeopatia,destaopinio:E depois, como creio que o Esprito do homem, antes de se encarnar na humanidade, sobetodos os graus da escala e passa pelo mineral, a planta e o animal e na maioria dos tipos decadaespcieondepreludiaseucompletodesenvolvimentocomoserhumano,quemmedizque,dandolhemedicamentooqueno mais nem o mineral, nem a planta, nem o animal, mas o que sepoderia chamar a sua essncia, de alguma sorte seu esprito, no se atua sobre a alma humanacomposta dos mesmos elementos? Porque, preciso dizlo, o esprito bem alguma coisa, e umavez que se desenvolveu e se desenvolve sem cessar, precisou tomar esses elementos de algumaparte.(KARDEC,1999,p.169)(grifonosso).Como quase sempre fazia, Kardec no deixou tambm de tecer seus comentrios a essacarta,nosquaissepodeverqueasobservaesdoDr.Charles,quantoaHomeopatia,foramconsideradaspertinentesentretanto,aofinaldeseuscomentrios,Kardeccolocaoseguinte:Emresumo,nocontestamosquecertosmedicamentos,eahomeopatiamaisdoquequalquer outra,no produzem alguns dos efeitos indicados, mas no lhes contestamos mais seno os resultadospermanentes, e sobretudo to universais que alguns o pretendem. Um caso em que a homeopatia,sobretudo, pareceria particularmente aplicvel com sucesso, o da loucura patolgica, porque aqui adesordemmoralaconsequnciadadesordemfsica,equeestconstatadoagora, pela observaodos fenmenos espritas, que o Esprito no louco no se tem o que modificlo, mas darlhe osmeiosdesemanifestarlivremente.Aaodahomeopatiapodeseraqui tanto mais eficaz quantoela atue principalmente, pela natureza espiritualizada de seus medicamentos, sobre operisprito,quedesempenhaumpapelpreponderantenestaafeco.Teramos mais de uma objeo a fazer sobre algumas das proposies contidas nesta cartamasistonoslevariamuitolongecontentamonos,pois,emcolocarasduasopiniesemfrente.Comoemtudo,osfatossomaisconcludentesdoqueasteorias,esoeles,emdefinitivo, que confirmamou derrubam estas ltimas, desejamos ardentemente que o Sr. o doutor Grgory publique um tratadoespecial prtico da homeopatia aplicada ao tratamento das molstias morais, a fim de que aexperincia possa se generalizar e decidir a questo. Mais do que qualquer outro, ele nos parececapazparafazeressetrabalhoexprofesso.(KARDEC,1999,p.171172)(grifonosso).Sinceramente,acreditamosqueo"teramosmaisdeumaobjeoafazer"deKardectinhaporobjetivoacrenadequeaalmahumana,emsuaascensorumometafinal,passaportodosos trs reinos, levandose em conta tudo quanto, em suas obras, vimos de sua maneira depensar. Obviamente, que no descartamos a possibilidade de estarmos equivocados nessaconcluso.Aquarta,naRevistaEsprita1868,quandolemosalgumasconsideraesdeEmileBarbaultao livro A religio e a poltica na Sociedade moderna de autoria de FrdricHerrenschneider, que Kardec resolveu divulgar na revista, sem ter feito qualquer tipo deobservao.EssasencontramosmesmonafaladeEmileBarbault,emcujoincioconsta:O Sr. Herrenschneider um antigo saintsimoniano e foi l que hauriu o seu ardente amor aoprogresso. Depois, tornouse Esprita, e, no entanto, estamos longe de partilhar a sua maneira dever sobre todos os pontos, e de aceitar todas as solues que d. A sua uma obra de altafilosofia, onde o elemento esprita tem um lugar importante ns no a examinaremos seno doponto de vista da concordncia e da divergncia de suas ideias, no que toca ao Espiritismo.Antesdeentrarnoexamedesuateoria,algumasconsideraespreliminaresnosparecemessenciais.(KKARDEC,1993j,p.183)(grifonosso)Ditoisto,podemosexaminaraobranotveldoSr.Herrenschneideraobradeumprofundopensadore de um Esprita convicto, seno completo, mas no aprovamos todas as concluses s quaischega.(KARDEC,1993j,p.187)(grifonosso).Vejamosagoraoseguintetrechodesuasconsideraes:Durantetodaessafasedeexistnciadosseres,quecomeanamolculadomineral, prossegueno vegetal, se desenvolve no animal, e se determina no homem, o Esprito recolhe e conservaosconhecimentospeloseuperispritoeleadquire,assim,umacertaexperincia.Osprogressosqueserealizamsodeumagrandelentido,equantomaiselessolentos,maisasencarnaes somultiplicadas.Como se v, o autor adota os princpios cientficos do progresso dos seres, emitidos porLamarck, Geoffroy SaintHilaire, e Darwin, com esta diferena de que a ao moderadora dasformasedosrgosanimaisnomaissomenteoresultadodaseleoedaconcorrnciavital,mas tambm, e sobretudo, o efeito da ao inteligente do esprito animal, modificando incessantementeasformaseamatria,queelerevestepararealizarumaapropriaomaisconformecomaexperinciaqueadquiriu.(KARDEC,1993j,p.187)(grifonosso).ComoaofinalKardecnofaznenhumcomentrio,notemoscomosaberoqueele,defato,pensava sobre essas consideraes de Emile Barbault, porm, no poderamos deixar decoloclas.EmAGnese, cap. VI Uranografia Geral, podemos ainda encontrar algo, tratando o reinomineralcomo"criatura":Esse fluido penetra os corpos, como um oceano imenso. nele que reside o princpio vital que dorigemvidadossereseaperpetuaemcadaglobo, conforme a condio deste, princpio que, emestadolatente,seconservaadormecidoondeavozdeumsernoochama.Toda criatura, mineral,vegetal, animal ou qualquer outra porquanto h muitos outros reinos naturais, de cujaexistncia nem sequer suspeitais sabe, em virtude desse princpio vital e universal, apropriar ascondiesdesuaexistnciaedesuadurao.As molculas do mineral tm uma certa soma dessa vida, do mesmo modo que a semente doembrio,esegrupam,comonoorganismo,emfigurassimtricasqueconstituemosindivduos.Muitoimportanoscompenetremos da noo de que a matria csmica primitiva se achava revestida,no s das leis que asseguram a estabilidade dos mundos, como tambm do universal princpio vitalque forma geraes espontneas em cada mundo, medida que se apresentam as condies daexistncia sucessiva dos seres e quando soa a hora do aparecimento dos filhos da vida, durante operodocriador.Efetuase assim a criao universal. , pois, exato dizerse que, sendo as operaes da Natureza aexpresso da vontade divina, Deus h criado sempre, cria incessantemente e nunca deixar de criar.(KARDEC,2007b,p.135136)(grifonosso).Oproblema,queresideaqui,queKardecfezquestodefazeraseguinteobservao:"EstecaptulotextualmenteextradodeumasriedecomunicaesditadasSociedadeEspritade Paris, em 1862 e 1863, sob o ttulo Estudos uranogrficos e assinadas GALILEU.Mdium:C.F."(KARDEC,2007b,p.121).Oquenoslevaacrerque,dessaforma,eledeixaclaro que o assunto no havia passado pelo Controle Universal do Ensino dos Espritos CUEEporisso,deveriasertratadocomohiptese,nocomoverdadedoutrinria.Aliado a isso, temos ainda a opinio do prprio Camille Flammarion (18421925), o mdiumcitado,quenodemonstranenhumaconfiananascomunicaesrecebidasporele:Naquelas reunies na Sociedade Parisiense de Estudos Espritas, escrevi, por meu lado, pginassobre astronomia, assinadas "Galileu". Essas comunicaes ficavam no escritrio da sociedade, eAllan Kardec publicouas em 1867, sob o ttulo Uranographie gnerale (Uranografia Geral), em seulivro intitulado La Gense (Gnese) (do qual conservei um dos primeiros exemplares, com adedicatria do autor). Essas pginas sobre astronomia nada me ensinaram. No tardei emconcluir que elas eram apenas o eco daquilo que eu sabia e que Galileu nada tinha a ver comaquilo. Era como uma espcie de sonho acordado. Alm disso, minha mo parava quando eupensavaemoutrosassuntos.(FLAMMARION,2011,p.44)(grifonosso,excetoosttulosdasobras).Um pouco mais frente, ainda em A Gnese, Cap. VI Item 19 A criao universal,encontramosestaoutraafirmaodoEspritoGalileu:Aos que desejem religiosamente conhecer e se mostrem humildes perante Deus, direi, rogandolhes,todavia, que nenhum sistema prematuro baseiem nas minhas palavras, o seguinte: O Esprito nochega a receber a iluminao divina, que lhe d, simultaneamente com o livrearbtrio e aconscincia,anoo de seus altos destinos, sem haver passado pela srie divinamente fatal dosseres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualizao.UnicamenteadatardodiaemqueoSenhorlheimprimenafronteoseutipoaugusto,oEspritotomalugarnoseiodashumanidades.(KARDEC,2007b,p.136137)(grifonosso).AcreditamosqueparaoprprioFlammarionadesignaoseresinferioresserefereaosseresvivos. Para corroborar isso, trazemos da sua obra filosfica DeusnaNatureza, os seguintestrechos:[] Pela troca perptua, operante em todos os seres da Natureza e que a todos os encadeia sob oimprio de uma comunho substancial, pela comunicao permanente das coisas entre si, daatmosferacomasplantasetodososseresquerespiram,dasplantascomosanimais,daguacomtodas as substncias organizadas, pela nutrio e assimilao que perpetuam a cadeia dasexistncias, as molculas entram nos corpos e deles saem, mudam de proprietrio a cada instante,masconservamessencialmenteanaturezaintrnseca.[](FLAMMARION,1990,p.67)(grifonosso).As leis da Natureza regem o movimento dos tomos nos seres vivos, como nos inorgnicos: amesma molcula passa sucessivamente do mineral ao vegetal e ao animal, neles incorporandosesegundoasleisqueorganizamtodasascoisas.(FLAMMARION,1990,p.68)(grifonosso).E contudo, a verdadeira realidade que a vida de todos os seres terrcolas homens, animais eplantasumaenica,sujeitaaummesmosistema,tendoporambienteoareporbaseosolo.[](FLAMMARION,1990,p.88)(grifonosso).VamostranscreverdeOLivrodosEspritosvriasperguntaserespectivasrespostas,pelasquaisaevoluodoprincpiointeligentetratadasomenteemrelaoaosanimais,portanto,foramexcludosdoprocessoosmineraiseosvegetais:23.QueoEsprito?"OprincpiointeligentedoUniverso".79. Pois que h dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material,podersedizerqueosEspritossoformadosdoelementointeligente,comooscorposinertesosodoelementomaterial?"Evidentemente. Os Espritos so a individualizao do princpio inteligente, como os corpos so aindividualizao do princpio material. A poca e o modo por que essa formao se operou que sodesconhecidos".593.Podersedizerqueosanimaissobramporinstinto?"Aindaahumsistema.verdadequenamaioriadosanimaisdominaoinstinto. Mas, no vs quemuitosobramdenotandoacentuadavontade?quetminteligncia,pormlimitada".No se poderia negar que, alm de possurem o instinto, alguns animais praticam atos combinados,que denunciam vontade de operar em determinado sentido e de acordo com as circunstncias. H,pois, neles, uma espcie de inteligncia, mas cujo exerccio quase que se circunscreve utilizaodosmeiosdesatisfazeremssuasnecessidadesfsicasedeproveremconservaoprpria.[...]597. Pois que os animais possuem uma inteligncia que lhes faculta certa liberdade de ao, havernelesalgumprincpioindependentedamatria?"Hequesobreviveaocorpo".597.a)Seresseprincpioumaalmasemelhantedohomem?"tambmumaalma,sequiserdes,dependendoistodosentidoquesederaestapalavra.,porm,inferior do homem. H entre a alma dos animais e a do homem distncia equivalente que medeiaentreaalmadohomemeDeus".598.Apsamorte,conservaaalmadosanimaisasuaindividualidadeeaconscinciadesimesma?"Conservasuaindividualidadequantoconscinciadoseueu,no.Avidainteligentelhepermaneceemestadolatente".599.almadosanimaisdadoescolheraespciedeanimalemqueencarne?"No,poisquelhefaltalivrearbtrio".601.Osanimaisestosujeitos,comoohomem,aumaleiprogressiva?"Sim e da vem que nos mundos superiores, onde os homens so mais adiantados, os animaistambm o so, dispondo de meios mais amplos de comunicao. So sempre, porm, inferiores aohomemeselheachamsubmetidos,tendonelesohomemservidoresinteligentes".Nada h nisso de extraordinrio, tomemos os nossos mais inteligentes animais, o co, o elefante, ocavalo,eimaginemolosdotadosdeumaconformaoapropriadaatrabalhosmanuais.Quenofariamsobadireodohomem?604. a) A inteligncia ento uma propriedade comum, um ponto de contacto entre a alma dosanimaiseadohomem?", porm os animais s possuem a inteligncia da vida material. No homem, a intelignciaproporcionaavidamoral".606.a)Ento,emanamdeumnicoprincpioaintelignciadohomemeadosanimais?"Sem dvida alguma, porm, no homem, passou por uma elaborao que a coloca acima da queexistenoanimal".610. Terseo enganado os Espritos que disseram constituir o homem um ser parte na ordem dacriao?"No, mas a questo no fora desenvolvida. Demais, h coisas que s a seu tempo podem seresclarecidas. O homem , com efeito, um ser parte,visto possuir faculdades que o distinguem detodososoutroseteroutrodestino.AespciehumanaaqueDeusescolheuparaaencarnaodosseresquepodemconhecLo".612.PoderiaencarnarnumanimaloEspritoqueanimouocorpodeumhomem?"IssoseriaretrogradareoEspritonoretrograda.Orionoremontasuanascente".No reproduzimos as questes 607, 607a e 607b, por j terem sido mencionadas. Almdessas questes, outras mais ns tratamos em nosso livro Alma dos Animais: estgioanteriordaalmahumana?,oqualsugerimosaoleitor,casotenhainteresse,asualeitura.Voltar a lembrar o fato de que Kardec, emAGnese, atribuiu s plantas o instinto, ou seja,uma inteligncia rudimentar, ponto que no podemos jamais esquecer pois nela que ocodificadorexpressaasualtimaposiosobreotema.Bom, at aqui ns no conseguimos ver nada dito por Kardec de forma clara, objetiva econclusiva para apoiarmos a hiptese de que o princpio inteligente tenha, em seudesenvolvimento intelectual e moral, passado pelo reino mineral, muito pelo contrrioentretanto,queremosdeixarbemclaroquevrioscompanheirosespritasadvogamcadaumadessasduashipteses,coisaquealmdenaturalalgototalmentepossveldentrodomeioesprita,principalmenteselevarmosemconsideraoessasduasafirmaesdeKardec:[] Ele [o Espiritismo] deixa, pois, a cada um uma inteira liberdade de exame, em virtude desteprincpio, de que a verdade sendo una, deve, cedo ou tarde, se impor sobre o que falso, e que umprincpiofundadosobreoerrocaipelaforadascoisas.[](KARDEC,2000c,p.306)(grifonosso).Cadaumlivreparaencararascoisassuamaneira,ens,quereclamamosessaliberdadeparans,nopodemosrecuslaaosoutros.(KARDEC,1993i,p.5)(grifonosso)Por outro lado, bom tambm no deixar de ter em mente que, para Kardec "O Livro dosEspritosnoumtratadocompletodoEspiritismonofazsenocolocarlheasbaseseospontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pelaobservao". (KARDEC, 1993i, p. 223), ou seja, no fecha questo colocando tudo comoprontoeacabadoporm,abreumaportaparafuturasconsideraesprovenientesdenovosestudoseexperincias.Para que voc leitor possa melhor se situar nas transcries das obras de Kardec, aquiutilizadas,informamosqueaordemcronolgicadelasaseguinte:1857KARDEC,A.OLivrodosEspritos primeira edio de 1867.SoPaulo:IPECE,2004.1860KARDEC,A.OLivrodosEspritos.(segundaedio)RiodeJaneiro:FEB,2007a.1861KARDEC,A.RevistaEsprita1861.Araras,SP:IDE,1993f.1864 KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB,2007c.1865KARDEC,A.RevistaEsprita1865.Araras,SP:IDE,2000c.1866KARDEC,A.RevistaEsprita1866.Araras,SP:IDE,1993i.1867KARDEC,A.RevistaEsprita1867.Araras,SP:IDE,1999.1868KARDEC,A.AGnese.RiodeJaneiro:FEB,2007b.1868KARDEC,A.RevistaEsprita1868.Araras,SP:IDE,1993j.Issopodeserimportante,porquanto,temosquelevaremconsideraoqueaopiniofinaldeKardec, ser a que ele expressa na ultima delas, pois, s.m.j., as nossas ideias, sobredeterminado assunto, vo evoluindo de acordo com os novos conhecimentos que vamosadquirindo ao longo do tempo, por essa razo, a ltima fala deve ser aquela na qual seresumetodosessesconhecimentos.3.EstudiososdosprimrdiosdacodificaoTraremos vrios autores, contemporneos ou prximos da poca de Kardec, que, de umaformaoudeoutra,tocaramnesseassunto.3.1 Len Denis (18461927) o primeiro da lista, cujas obras voltaremos, agora, a nossaateno, cumprindo o que havamos prometido no incio, pois em duas delas Depois daMorteeOProblemadoser,dodestinoedadorencontramosalgorelacionadoaotema:a)DepoisdaMorte(1890):Tempo chegar em que todos esses vocbulos: materialista, positivista, espiritualista, perdero suarazo de ser, porque o pensamento estar livre das peias e barreiras que lhe impem escolas esistemas. Quando perscrutamos o fundo das coisas, reconhecemos que matria e esprito nopassam de meios variveis e relativos para expresso do que existe unicamente de positivo noUniverso, isto a fora e a vida, que, achandose em estado latente no mineral, se vodesenvolvendo progressivamente do vegetal ao ente humano, e, mesmo acima deste, nosdegrausinumerveisdaescalasuperior.(DENIS,1987,p.97)(grifonosso).Denis, pelo que percebemos, advoga, nesse ponto, a evoluo do princpio inteligente (casoelesejacompreendidocomointegrantede"aforaeavida"),apartirdoreinomineralporm,emoutrasoportunidadespareceunosnoadmitirisso.Sabemos que, em nosso globo, a vida aparece primeiramente sob os mais simples, os maiselementares aspectos, para elevarse, por uma progresso constante, de formas em formas, deespcies em espcies, at ao tipo humano, coroamento da criao terrestre. Pouco a pouco,desenvolvemseedepuramseosorganismos, aumenta a sensibilidade. Lentamente, a vida libertasedos liames da matria o instinto cego d lugar a inteligncia e a razo. Teria cada alma percorridoesse caminho medonho, essa escala de evoluo progressiva, cujos primeiros degraus afundamsenum abismo tenebroso? Antes de adquirir a conscincia e a liberdade, antes de se possuir naplenitude de sua vontade, teria ela animado os organismos rudimentares, revestido as formasinferiores da vida? Em uma palavra: teria passado pela animalidade? O estudo do carterhumano,aindacomocunhodabestialidade,levanosasuporisso.Osentimentodajustiaabsolutadiznostambmqueoanimal,tantoquantoohomem,nodevevivere sofrer para o nada. Uma cadeia ascendente e continua liga todas as criaes, o mineral aovegetal, o vegetal ao animal, e este ao ente humano. Ligaos duplamente, ao material como aoespiritual. No sendo a vida mais que uma manifestao do esprito, traduzida pelo movimento,essasduasformasdeevoluosoparalelasesolidrias.A alma elaborase no seio dos organismos rudimentares. No animal est apenas em estadoembrionrio no homem, adquire o conhecimento, e no mais pode retrogradar. Porm, em todos osgrauselapreparaeconformaoseuinvlucro.Asformassucessivasquereveste so a expresso doseuvalorprprio.Asituaoqueocupanaescaladosseresestemrelaodiretacomoseuestadode adiantamento. No se deve acusar Deus por ter criado formas horrendas e desproporcionadas. Osseres no podem ter outras aparncias que no sejam as resultantes das suas tendncias e doshbitos contrados. Acontece que almas, atingindo o estado humano, escolhem corpos dbeis esofredores para adquirirem as qualidades que devem favorecer a sua elevao porm, na Naturezainferior nenhuma escolha poderiam praticar e o ser recai forosamente sob o imprio dasatraesqueemsidesenvolveu.Essa explicao pode ser verificada por qualquer observador atento. Nos animais domsticos asdiferenas de carter so apreciveis, e at os de certas espcies parecem mais adiantados queoutros. Alguns possuem qualidades que se aproximam sensivelmente das da Humanidade, sendosuscetveisdeafeioedevotamento.Como a matria e incapaz de amar e sentir, foroso quese admita neles a existncia de uma alma em estado embrionrio. Nada h alis maior, maisjusto, mais conforme a lei do progresso, do que essa ascenso das almas operandose por escalasinumerveis, em cujo percurso elas prprias se formam: pouco a pouco se libertam dos instintosgrosseiros e despedaam a sua couraa de egosmo para penetrarem nos domnios da razo, doamor, da liberdade. soberanamente justo que a mesma aprendizagem chegue a todos, e quenenhumseralcanceoestadosuperiorsemteradquiridoaptidesnovas.No dia em que a alma, libertandose das formas animais e chegando ao estado humano,conquistar a sua autonomia, a sua responsabilidade moral, e compreender o dever, nem porissoatingeoseufimouterminaasuaevoluo.Longedeacabar,agoraquecomeaasuaobrareal novas tarefas chamamna. As lutas do passado nada so ao lado das que o futuro lhe reserva.Os seus renascimentos em corpos carnais sucederseo. De cada vez, ela continuar, com rgosrejuvenescidos, a obra do aperfeioamento interrompida pela morte, a fim de prosseguir e maisavanar. Eterna viajora, a alma deve subir, assim, de esfera em esfera, para o Bem, para a Razoinfinita, alcanar novos nveis, aprimorarse sem cessar em cincia, em critrio, em virtude. (DENIS,1987,p.132134)(grifonosso).Apesar de afirmar que h uma cadeia ascendente tanto no aspecto material quanto noespiritual, ligando todos os seres da criao, ao dizer sobre a elaborao da alma, Denis,nessasuafala,acolocanoreinoanimal.Aofalardaevoluoperispiritual,Denisfazasseguintesconsideraes:As relaes seculares entre os Espritos e os homens, confirmadas, explicadas pelas recentesexperinciasdoEspiritismo,demonstramasobrevivnciadosersobumaformafludicamaisperfeita.Essa forma indestrutvel, companheira e serva da alma, testemunho de suas lutas e de seussofrimentos, participa de suas peregrinaes, elevase e purificase com ela. Gerado nos ltimosdegraus da animalidade, o ser perispiritual sobe lentamente a escala das espcies,impregnandose dos instintos das feras, das astcias dos felinos, e tambm das qualidades,das tendncias generosas dos animais superiores. At ento mais no que um ser rudimentar,umesbooincompleto.ChegandoHumanidade,comeaatersentimentosmaiselevadosoespritoirradia com maior vigor e o perisprito iluminase com claridades novas. De vidas em vidas, proporo que as faculdades se dilatam, que as aspiraes se depuram, que o campo dosconhecimentossealarga,eleseenriquececomsentidosnovos.Comoaborboletaquesaidacrislida,assim tambm o corpo espiritual desprendese de seus andrajos de carne, sempre que umaencarnao termina. A alma, inteira e livre, retoma posse de si mesma e, considerando, em seuaspecto esplendido ou miservel, o manto fludico que a cobre, verifica seu prprio estado deadiantamento.(DENIS,1987,p.183)(grifonosso).Dacolocaodequeoperispritofoigeradonosltimosdegrausdaanimalidade,acabamospor concluir, que, s.m.j., Denis tem no reino animal como sendo o princpio da evoluo daalmahumana.b)OProblemadoSer,doDestinoedaDor(1905):O homem , pois, ao mesmo tempo, esprito e matria, alma e corpo mas talvez esprito e matriano sejam mais do que simples palavras, exprimindo de maneira imperfeita as duas formas da vidaeterna, a qual dormita na matria bruta, acorda na matria orgnica, adquire atividade, seexpandeeseelevanoesprito.(DENIS,1989,p.63)(grifonosso).Aqui a frase bem semelhante quela que lhe atribuem, colocada no incio do texto,entretanto, ele fala da "vida eterna", que algo abrangente e, necessariamente, pode nosignificarespecificamenteoprincpiointeligente.A lei do progresso no se aplica somente ao homem universal. H, em todos os reinos daNatureza, uma evoluo que foi reconhecida pelos pensadores de todos os tempos. Desde a clulaverde, desde o embrio errante, boiando flor das guas, a cadeia das espcies temsedesenroladoatravsdesriesvariadas,atns.(108)Cada elo dessa cadeia representa uma forma da existncia que conduz a uma forma superior, a umorganismo mais rico, mais bem adaptado s necessidades, s manifestaes crescentes da vidamas, na escala da evoluo, o pensamento, a conscincia e a liberdade s aparecem passadosmuitos graus. Na planta a inteligncia dormita no animal ela sonha s no homem acorda,conhecese, possuise e tornase consciente a partir da o progresso, de alguma sorte fatal nasformas inferiores da Natureza, s se pode realizar pelo acordo da vontade humana com as leisEternas._______(108)Osseresmonocelularesencontramseaindahojeaosbilhes,emcadaorganismohumano.No foi de uma nica clula que saiu a srie das espcies foi antes a multido das clulas que seagrupouparaformarseresmaisperfeitose,dedegrauemdegrau,convergirparaaunidade.(DENIS,1989,p.122123)(grifonosso)Agora, d uma reviravolta dizendo que na planta que a inteligncia dormita, com isso dumapistaparadefinirqualrealmenteasuaposio,que,parecenossermaisparadeixardeforaoreinomineral,casonoestejamosforandoabarra,emvirtudedoqueconclumosbaseandonosemKardec.3.2 Gabriel Delanne (18571926), contemporneo de Lon Denis, filho de AlexandreDelanne,amigontimodeAllanKardec,dedicouseaoaspectocientficodoEspiritismo,cujasconclusestrazemosparaanlise.Especificamente,desenvolveuumestudosobreoassuntona obra A Evoluo Anmica, e tambm falou alguma coisa nestas duas outras: OEspiritismoperanteacinciaeAReencarnao.Vejamolas,pelaordemdepublicao:a)OEspiritismoperanteacincia(1885):O que nos falta dizer como o perisprito pode ter adquirido todas as qualidades necessrias aofuncionamento de uma maravilha como o corpo humano. preciso que estabeleamos por queprocesso esta organizao fludica pode dirigir as diferentes categorias de aes orgnicas quecompemavida.Segundoacreditamos,quantomaisoespritoseelevamaisselhedepuraoinvlucro.Podemos,pois,dizer,olhandoparaopassado,que,quantomaisgrosseirooinvlucro,menosadiantadooespritodondeaconclusodequeaalmahumana,antesdeanimarumorganismotoperfeitocomoocorpohumano,tevequepassarpelafieiraanimal:Nopretendemos que o princpio inteligentetenha sido obrigado a atravessar a fase vegetal, porque nas plantas no encontramos sinalalgum de sensibilidade bem nitidamente acusada. Os movimentos de certas dioneias, como amimosa pudica, vulgarmente chamada sensitiva, no bastam para estabelecer esta propriedade nasraasvegetais.Tomaremos,pois,comopontodepartidadasevoluesdoprincpio inteligenteosmaisrudimentaresanimais.(DELANNE,1993,p.310)(grifonosso).Vse, ento, que, para Delanne, o ponto de partida da evoluo do princpio inteligente oreinoanimal.Logo no incio dessa obra, encontramos algo que pode nos indicar aquilo que faz a ligaoentreostrsreinos:Ocorpodohomemrejeitaoquenutreaplantaaplantatransformaoar,quenutre o animal o animalnutreohomem,eosseusresduos,levadospeloarsuperfciedaterravegetal,renovameentretma vida das plantas. Todos os mundos: vegetais, minerais, animais, se unem, se penetram, seconfundemetransmitemavidaporummovimentoquedadoaohomemverificarecompreender.Eis por que diz ele "circulao da matria a alma do Mundo". (DELANNE, 1993, p. 18) (grifonosso).Noseriao"tudonanaturezaseencadeia",ditoporKardec?b)AEvoluoanmica(1895)[]OEsprito,transitandopelamatriavivente,desdeasprimitivaserasdomundo,conseguiupaulatinamente, a transformao progressiva e aperfeioada. Cremos seja ele o agente deevoluodasformasorgnicase,da,arazodoperisprito,conservandolheasleis.Nemfoisenolentssima e progressivamente que essas leis se lhe incrustaram na contextura. (DELANNE, 1989, p.53)(grifonosso).Preciso,,portanto,demonstrarmosaunidadedoprincpiopensantenohomemenoanimal,eestabelecermosquenohtransiesbruscasentreumeoutroquealeidecontinuidadenoseinterrompe,queohomemnoconstituiumreinopartenoseio da natureza, e que s mediante umaevoluo contnua, por esforos consecutivos, chega a atingir o ponto culminante na criao.(DELANNE,1989,p.56)(grifonosso).Do homem ao macaco, deste ao co da ave ao rptil e deste ao peixe do peixe ao molusco, aoverme, ao mais nfimo dos colocados nas fronteiras extremas do mundo orgnico com o mundoinanimado, nenhuma passagem brusca. O que se d sempre uma degradao insensvel.Todos os seres se tocam, formam uma cadeia de vida, que s nos parece interrompida pelodesconhecimento das formas extintas ou desaparecidas. Nessa hierarquia dos seres, o homemreivindicaoprimeirolugaraquetem,certo,incontestveldireitomas,issonoocolocaforadasrie,e quer simplesmente dizer que ele o mais aperfeioado dos animais. (DELANNE, 1989, p. 62)(grifonosso).A descendncia animal do homem impese com evidncia luminosa a todo pensadorimparcial. Somos, evidentemente, o ltimo ramo aflorado da grande rvore da vida, e resumimos,acumulandoos,todososcaracteresfsicos,intelectuaisemorais,assinaladosisoladamenteemcadaumdosindivduosqueperfazemasriesdosseres.(DELANNE,1989,p.83)(grifonosso).A Natureza opera sempre em continuidade nas manifestaes sucessivas que perfazem o conjuntodosfenmenosterrestres.Jnoreinomineralsetornapossvelencontrarotraodeumafuturavidaorgnica. O cristal quase um ser vivente, visto que difere completamente da matria amorfa, tendo as molculasorientadasporumaordemgeomtrica,fixae,portanto,umatalouqualindividualidade.Neleexisteosprimeiroslineamentosdareproduo,vistocomoamnimadesuas parcelas, mergulhada num solutoidntico, permitir o desenvolvimento regular e indefinido dessa partcula, constituindo um cristalsemelhante ao primeiro. No h, finalmente, uma s parte do seu bloco, cuja avaria no se possareparar.(DELANNE,1989,p.184185)(grifonosso).[]Nomundoinorgnicotudocego,passivo,fataljamaisseverificaprogresso,nohmaisque mudanas de estados, as quais em n