7
Gabrielle Lefebvre: uma mãe de família SANTOS E FESTAS DO MÊS: 01– São José operário; 02– Santo Atanásio; 03– Invenção da Santa Cruz; 04– Santa Mônica; 05– São Pio V; 06– São Domingo Sávio; 08– Aparição de São Miguel Arcanjo; 09– São Gregório Nazianze- no; 11– São Felipe e São Tiago, apóstolos; 13– Nossa Senhora de Fáti- ma São Roberto Belarmino; 14– Ascensão de Nosso Se- nhor; 22– Santa Rita de Cássia; 24– Nossa Senhora Auxiliado- ra; Pentecostes 26– São Felipe Neri; 29– Santa Maria Madalena de Pazzi; 31– Festa de Maria Rainha. NESTA EDIÇÃO: Gabrielle Lefebvre 1,2 Sobre a devoção a Nossa Senhora 3 Devoção Mariana 4 O GREC, uma história oculta, agora revelada Parte II 5,6 Imitação de Maria 6 Maio/2015 Edição 24 A Família Católica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S E D I Ç Ã O E S P E C I A L M Ê S D E M A R I A A Senhora Gabrielle Lefebvre, mãe de Monse- nhor Lefebvre, como mãe de família, generosa no cumprimento de seus deveres e dócil às inspirações do Espirito Santo, parece haver reali- zado o ideal da perfeição cristã. Nasceu no norte da França, na cidade de Roubaix em 04 de julho de 1880. A família era do norte da França, nestas cidades Lille, Roubaix e Tourcoing que são industriais, muitas indústrias têxteis e de mineração. As famílias, tanto do lado da mãe como do pai de Mons. Lefebvre, eram muito católicas. A mãe da senhora Lefebvre, por exemplo, exalou seu último suspiro rezando o Credo. Ela tam- bém se chamava Gabrielle (Lorthiois), e se casou em 1854 com um industrial da mesma cidade, o Sr. Luís Watine. Para ilustrar mais uma vez a piedade cristã de ambos: o Sr. Wati- ne foi fiel à Missa cantada do domingo, depois de já ter assistido a missa silenciosa pela ma- nhã, porque havia prometido isso a sua então noiva. Ele assistiu a essa segunda missa du- rante toda sua vida, unicamente porque havia prometido isso antes de se casar! Foi um santo homem o pai da Sra. Gabrielle. Todos os testemu- nhos dos primeiros anos da Sra. Lefeb- vre não citam ne- nhum defei- to seu. Nesta épo- ca, perto de sua casa, havia uma ordem reli- giosa, as filhas da sabedoria, que dirigiam um importante internato. Ela foi externa nele, voltava à sua casa para as refei- ções e para dormir. Sua professora, a Irmã Marie-Louise, nos deu seu testemunho (é um sacerdote, um bom sacerdote, que escreve sua biografia e que nos dá esse relato) e diz isto: “ela era uma pessoa muito piedosa, mas era uma piedade junto com atos e não somente com a oração. Ela foi um modelo de moça cató- lica”. Se pode dizer também que ela era a me- nina do dever: primeiro estava o dever, a coisa mais importante, o que devia fazer diante de Deus. Então, desde criança, pensava que tinha Nota: É com muita alegria que disponibilizamos nesta edição de nosso jornal a primeira parte da entrevista concedida por S.E.R. Mons. Jean Michel Faure sobre a senhora Gabrielle Lefebvre, mãe de Monsenhor Lefebvre. A entrevista se deu por ocasião da visita de Monsenhor à nossa Capela, em abril deste ano, porém escolhemos disponibilizá-la somente neste mês de maio, dedicado à Mãe das mães, como forma de agradecer à Virgem Santa por nos ter dado uma tão santa mãe e que nos deu um filho como Mons. Lefebvre. Publicamo-la tal qual aconteceu, não em forma de perguntas e respostas, mas sim num texto corrido e de linguagem simples, coloquial. As informa- ções contidas aqui Mons. Faure as tirou, principalmente, do livro “Une mére de famille”, do R. P. Louis Le Crom, e de suas memórias com Mons. Lefebvre. Esperamos que gostem e que possamos todos tomar o exemplo desta católica exemplar.

A Família Católica, 24 Edição, Maio 2015

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal Católico

Citation preview

  • Gabrielle Lefebvre: uma me de famlia SANTOS E

    FESTAS DO MS:

    01 So Jos operrio;

    02 Santo Atansio;

    03 Inveno da Santa Cruz;

    04 Santa Mnica;

    05 So Pio V;

    06 So Domingo Svio;

    08 Apario de So Miguel Arcanjo;

    09 So Gregrio Nazianze-no;

    11 So Felipe e So Tiago, apstolos;

    13 Nossa Senhora de Fti-ma

    So Roberto Belarmino;

    14 Ascenso de Nosso Se-nhor;

    22 Santa Rita de Cssia;

    24 Nossa Senhora Auxiliado-ra;

    Pentecostes

    26 So Felipe Neri;

    29 Santa Maria Madalena de Pazzi;

    31 Festa de Maria Rainha.

    N E S T A

    E D I O :

    Gabrielle Lefebvre 1,2

    Sobre a devoo a Nossa

    Senhora 3

    Devoo Mariana 4

    O GREC, uma histria

    oculta, agora revelada

    Parte II 5,6

    Imitao de Maria 6

    Maio/2015 Edio 24

    A Famlia Catlica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S

    E D I O E S P E C I A L M S D E M A R I A

    A Senhora Gabrielle Lefebvre, me de Monse-

    nhor Lefebvre, como me de famlia, generosa

    no cumprimento de seus deveres e dcil s

    inspiraes do

    Espirito Santo,

    parece haver reali-

    zado o ideal da

    perfeio crist.

    Nasceu no norte da

    Frana, na cidade

    de Roubaix em 04

    de julho de 1880.

    A famlia era do

    norte da Frana,

    nestas cidades

    Lille, Roubaix e

    Tourcoing que so

    industriais, muitas

    indstrias txteis e

    de minerao.

    As famlias, tanto do lado da me como do

    pai de Mons. Lefebvre, eram muito catlicas. A

    me da senhora Lefebvre, por exemplo, exalou

    seu ltimo suspiro rezando o Credo. Ela tam-

    bm se chamava Gabrielle (Lorthiois), e se

    casou em 1854 com um industrial da mesma

    cidade, o Sr. Lus Watine. Para ilustrar mais

    uma vez a piedade crist de ambos: o Sr. Wati-

    ne foi fiel Missa cantada do domingo, depois

    de j ter assistido a missa silenciosa pela ma-

    nh, porque havia prometido isso a sua ento

    noiva. Ele assistiu a essa segunda missa du-

    rante toda sua vida, unicamente porque havia

    prometido isso antes de se casar! Foi um santo

    homem o pai da Sra. Gabrielle.

    Todos os

    t e s t e m u -

    nhos dos

    p r i m e i r os

    anos da

    Sra. Lefeb-

    vre no

    citam ne-

    nhum defei-

    to seu.

    Nesta po-

    ca, perto de

    sua casa,

    havia uma

    ordem reli-

    giosa, as

    filhas da

    sabedoria,

    que dirigiam um importante internato. Ela foi

    externa nele, voltava sua casa para as refei-

    es e para dormir. Sua professora, a Irm

    Marie-Louise, nos deu seu testemunho ( um

    sacerdote, um bom sacerdote, que escreve sua

    biografia e que nos d esse relato) e diz isto:

    ela era uma pessoa muito piedosa, mas era

    uma piedade junto com atos e no somente

    com a orao. Ela foi um modelo de moa cat-

    lica. Se pode dizer tambm que ela era a me-

    nina do dever: primeiro estava o dever, a coisa

    mais importante, o que devia fazer diante de

    Deus. Ento, desde criana, pensava que tinha

    Nota: com muita alegria que disponibilizamos nesta edio de nosso jornal a primeira parte da

    entrevista concedida por S.E.R. Mons. Jean Michel Faure sobre a senhora Gabrielle Lefebvre, me

    de Monsenhor Lefebvre. A entrevista se deu por ocasio da visita de Monsenhor nossa Capela,

    em abril deste ano, porm escolhemos disponibiliz-la somente neste ms de maio, dedicado

    Me das mes, como forma de agradecer Virgem Santa por nos ter dado uma to santa me e

    que nos deu um filho como Mons. Lefebvre. Publicamo-la tal qual aconteceu, no em forma de

    perguntas e respostas, mas sim num texto corrido e de linguagem simples, coloquial. As informa-

    es contidas aqui Mons. Faure as tirou, principalmente, do livro Une mre de famille, do R. P. Louis Le Crom, e de suas memrias com Mons. Lefebvre. Esperamos que gostem e que possamos

    todos tomar o exemplo desta catlica exemplar.

  • vocao religiosa, mas veremos isso de-

    pois. Era muito inteligente, muito capaz

    para msica e estava entre as primeiras

    de sua classe na escola.

    Todas as manhs sua me, a Sra. Wati-

    ne, antes de ir missa das sete horas da

    manh junto com seu marido, passava nos

    quartos das crianas para oferecerem a

    Deus o dia. Na refeio do meio dia e da

    noite diziam o bendizei e as graas.

    No fim de cada dia recitavam a orao em

    comum. A preocupao constante e mais

    essencial dos pais era formar seus filhos

    na vida crist. Duas tias de Gabrielle eram

    religiosas, uma tinha uma sade muito

    frgil, Maria Clotilde, e a outra se ocupava

    dos idosos. Gabrielle era muito alegre en-

    tre as crianas, sempre haviam muitos

    sorrisos. Sua me sempre visitava as fam-

    lias dos funcionrios da empresa de seu

    marido e tambm os pobres da Confraria

    de So Vicente de Paulo. Foi deste modo

    que ela pode conhecer bem essas famlias

    pobres. Certa vez foi visitar sua tia, a Irm

    Ambroisine, que se ocupava dos idosos e

    idosas, e lhe ajudou nesta oportunidade a

    cuidar deles. Com a idade de 16 anos foi a

    um internato com outras irms, as Bernar-

    dinas dEsquermes, em Lille, uma cidade

    grande (so trs cidades quase juntas).

    Ento, deixou a casa por um tempo. Tam-

    bm se ocupava de concertar paramentos

    para as igrejas pobres. A conheciam como

    a moa do dever, sempre agradvel e com

    tudo em ordem em seu trabalho e em sua

    maneira de vestir, etc. Algumas compa-

    nheiras suas dessa poca dizem que ela

    sempre tinha a mesma maneira de ser,

    constante: alegre, tranquila, no havia

    mudanas em seu estado de esprito.

    Agradvel para todos, modesta e delicada.

    Parece difcil, no? Mas assim. No se

    podia encontrar nenhuma reprovao.

    Tambm fazia passeios com a famlia e

    certa vez fizeram uma peregrinao cami-

    nhando ao longo de 45 km at uma Igreja

    de Nossa Senhora do Bom Socorro, na

    fronteira com a Blgica.

    Todos os dias podiam fazer um passeio,

    caminhando nos bosques. Apreciava a

    natureza e tinha uma coleo de plantas,

    ervas. Gostava muito das estrelas, de as-

    tronomia e ensinava sua irm como elas

    se chamavam. Haviam trs irmos mais

    novos que Gabrielle e trs mais velhos,

    sendo que a criana que vinha aps ela

    era uma menina. Ela se admirava de tudo

    na natureza, uma pequena flor, por exem-

    plo, que mostrava a seus irmos. Uma vez

    visitaram uma catarata do rio Reno, que

    P g i n a 2 A F a m l i a C a t l i c a

    tambm a impressionou.

    Teve grandes amizades durante os trs

    anos de pensionato. Esteve um tempo na

    Inglaterra (muitas vezes os jovens da Frana

    vo passar 3 ou 4 semanas, durante o ve-

    ro, na Inglaterra, para aprender ingls).

    Quando estava l, em uma casa de famlia,

    no queria falar uma s palavra de francs,

    para aprender seriamente o ingls. Tinha

    carter. Em discusses de idias, que con-

    duzia com animao, ela afirmava o que

    pensava, sem diminuir nada, simplesmente

    dizia as coisas como so e nada mais. Tinha

    seu carter. Quando ela voltou casa, uma

    religiosa, Irm Maria Luisa, disse uma ex-

    aluna: Vais casar com o irmo de Gabrielle

    Watine. Eu no o conheo, mas ela a pes-

    soa mais fiel que encontrei em minha vida.

    Ela perfeita em tudo.

    Seu diretor, que depois foi bispo, no lhe

    aconselhou ser religiosa, como ela gostaria,

    pois pensava que sua vocao deveria ser o

    matrimnio. Com o tempo, um sacerdote

    amigo da famlia, apresentou-a ao rapaz

    Ren Lefebvre, que ser o pai de Monse-

    nhor Lefebvre. O pai pertencia a uma famlia

    muito honrada e muito catlica, que tam-

    bm trabalhava na indstria txtil. Chama-

    vam sua me de a boa senhora Lefebvre,

    pois ajudava aos pobres e fazia parte da

    ordem terceira Franciscana. No s a me

    como tambm a av. Ren igualmente pen-

    sou em seguir a vocao religiosa, assim

    como no caso dos pais de Santa Teresinha.

    Mas a me pediu a um padre para que ele

    se ocupasse de encontrar uma esposa para

    seu filho. O matrimnio ocorreu em 16 de

    abril de 1902. A viagem de lua-de-mel foi

    em Lourdes, Mnaco, Roma, Sua, na selva

    negra, na Alemanha, e outros. Depois se

    instalaram, por seis anos, em uma casa em

    Tourcoing e durante este perodo cinco fi-

    lhos vieram, para a alegria da senhora. A

    principal preocupao era formar os meni-

    nos como bons cristos. Ento iam missa,

    claro, mas tambm a Vsperas e a Adorao

    ao Santssimo no domingo tarde. Eles

    muitas vezes visitavam conventos: o Carme-

    lo, os beneditinos de Maredsous (N.e. Dom

    Columba Marmion foi abade neste mosteiro)

    e tambm no Monastrio de Santa Clara.

    Sr. Lefebvre trabalhava na fbrica e a ma-

    me na casa e, noite, durante o descanso

    o pai tocava violino, com talento, e a senho-

    ra piano. Durante as frias de vero, ele iam

    a uma praia belga para respirar os ares do

    mar e tambm praticar um pouco de remo.

    Bom, so pases bastante frios, no se pode

    esquecer isso. Nessa poca quando as pes-

    soas iam se banhar, iam completamente

    vestidas! Mas era um perodo de descan-

    so com muita areia branca, com toda a

    famlia reunida e, claro, sempre vigiados

    pelos pais.

    Chegou ento a guerra de 1914, Guerra

    Mundial, com a invaso dos inimigos da

    Frana, os alemes, que prontamente

    invadiram todo o norte da Frana. Foi

    assim que a famlia Lefebvre se encontrou

    debaixo da ocupao alem. Mas, como

    era pai de seis crianas, o Sr. Lefebvre

    no foi mobilizado, no ingressou no exr-

    cito, e ele e sua esposa se ocuparam mui-

    to dos feridos da guerra em hospitais im-

    provisados. Porm, o Sr. Ren, muito pa-

    tritico, queria se alistar e para tal teve

    que sair do pas (com certeza clandestina-

    mente), controlado pelos alemes, at o

    sul da Frana para a ingressar no exrcito

    e poder lutar na guerra. Claro, com muito

    sacrifcio para a famlia, pois a me se viu

    s com as crianas. Mons. Lefebvre me

    contava que na escola lhe custava escre-

    ver porque tinha os dedos inchados pelo

    frio, alm de falta de ar, e que recebiam

    carregamentos de coelhos j meio podres

    e tinham que se alimentar com isso. Alm

    de escutarem bombardeios, durante o dia

    e a noite, sem parar, durante 4 anos.

    Eles dividiram a casa com alemes, pois

    tinham que deixar parte dela para eles

    habitarem. Neste caso eram mulheres

    (diaconisas protestantes), pois era uma

    casa com uma senhora e crianas. Se

    nota, todavia, que havia alguma discrio,

    por parte dos alemes. No existia, contu-

    do, nenhuma amizade. A Sra. Gabrielle

    havia deixado os quartos da parte de cima

    da casa para uso das alemes, e estes

    deveriam estar mobiliados, porm a se-

    nhora se recusou a isso e no lhes deixou

    nada. O Sr. Ren volta finalmente casa e

    nasce o oitavo filho, Maria Teresa. Depois

    da guerra veio um perodo difcil para os

    negcios e a fbrica da famlia quase teve

    de fechar. A Sra. Lefebvre trabalhava na

    contabilidade e foram anos muito difceis,

    pode-se dizer com certa pobreza. Antes de

    morrer (pouco depois da 2 Guerra Mundi-

    al) a Sra. disse a seu marido: Tu sers

    muito rodeado (disse isso ao momento de

    morrer), depois ficar s e um pouco de

    tempo mais nos encontraremos em uma

    grande felicidade. E assim se deu, pois o

    Sr. Lefebvre foi preso pelos alems na 2

    Guerra Mundial, em 1941, e esteve em

    um campo de concentrao. Primeiro nos

    crceres de Bruxelas, onde foi acusado de

    resistncia, o que em parte certo, pois

    estava espionando os alemes. Foi ento

    descoberto e preso, e finalmente morreu

    em um campo de concentrao.

  • Irmos: Maria ama a juventude, e por-

    tanto ama e bendiz a quem se dedica a

    fazer o bem aos jovens. Porque Ela

    Me, e as mes se preocupam mais com

    os filhos menores do com os adultos;

    porque os pequenos so mais inocentes;

    porque os jovens esto em maior perigo

    de ser enganados e ser levados at os

    vcios.

    Sabendo pois que a Me de Deus os

    ama tanto, escuta com ateno o que os

    vou dizer: se queremos graas e favores

    recorramos a Maria, rezemos a Maria;

    mas para que Ela interceda por ns

    necessrio demonstrar-lhe nossa verda-

    deira devoo em trs coisas:

    Evitar a todo custo o pecado e procurar

    mant-lo sempre longe de ns.

    Nada h que nos possa mais

    causar dano e que desgoste

    mais a Nossa Senhora e a seu

    Santssimo Filho, que o pecado.

    Certa vez havia um jovem que

    oferecia a Virgem oraes, boas

    obras e esmolas, mas no se

    afastava de certos pecados. Em

    uma noite, viu em sonho a San-

    tssima Virgem que lhe aparecia

    e lhe presenteava com uma

    bandeja com as mais belas e

    atraentes frutas, mas todas

    cobertas com um trapo sujo

    com que se havia limpado as

    chagas de um enfermo. A Vir-

    gem dizia: Recebe as frutas e come. Mas o jovem a respon-deu: Senhora, as frutas so muito bonitas, mas o trapo com

    que esto cobertas to asque-

    roso que no me atrevo receber

    estas frutas, eu vomitaria. Ento a Rainha do Cu lhe respondeu:

    Assim so as ofertas e oraes que me ofereces: muito belas e atraentes, mas

    me chegam todas cobertas com um trapo

    horrvel: esses pecados que segues co-

    metendo que no queres deixar de co-

    meter. No dia seguinte o jovem acordou muito preocupado com o sonho que teve,

    e no mesmo dia deixou as ocasies de

    pecar e abandonou definitivamente es-

    ses pecados que to antiptica faziam

    sua vida ante Nosso Senhor.

    A segunda condio para que nossa devoo a Santssima Virgem seja verda-

    deira IMIT-LA EM SUAS VIRTUDES,

    especialmente em sua grande caridade e

    em sua grande pureza. Uma devoo a

    Maria que no consiga uma melhora em

    nossa vida no verdadeira devoo; Se

    rezamos Virgem e seguimos em nossos

    pecados como antes, pode ser que nossa

    devoo seja falsa. O verdadeiro devoto

    de Nossa Senhora a imita.

    E h uma terceira condio para que

    nossa devoo a Rainha Celestial seja

    verdadeira: demonstrar-lhe com aes

    externas, pequenas, mas freqentes, o

    grande amor que temos a ela. Por exem-

    plo: levar sempre sua medalha e beijar

    sua imagem ao levantar-se e ao deitar-se.

    Ter seu retrato na cadeira escolar ou me-

    sa de trabalho para lembrar-se sempre de

    invoc-la. Colocar um belo quadro seu em

    nosso quarto. Enfeitar as suas imagens

    no ms de Maio. Oferecer por ela alguma

    pequena mortificao ou alguma boa obra

    ou uma pequena esmola aos sbados ou

    nas suas festas, etc. Narrar a outros os

    favores que Maria Auxiliadora fez a seus

    devotos (a genuna devoo a Virgem

    contagiosa. Os que a amam transmitem a

    outros esta devoo). Distribuir retratos

    ou imagens dela, etc. Ela nos diz:

    SE FAZES ALGO POR MIM EU FAREI MUI-TO POR VS. Lembrar-se sempre: em toda ocasio, em toda angstia, em toda necessidade

    h que recorrer a Maria. Ela pode o mes-

    mo que pode Deus, ainda que o possa de

    maneira distinta. Deus quando quer algo

    o faz. E Maria quando quer algo o pede a

    seu Filho que Deus. E Jesus Cristo que

    o melhor filho do mundo, nada nega a sua

    amadssima Me. Por isso, recorrer a

    Maria sinal seguro de obter tudo o que

    necessitamos.

    Estais seguros de que todas as graas que peais a esta boa Me sero concedi-

    das. Mas h TRS GRAAS que os reco-

    mendo PEDIR A ELA TODOS OS DIAS, sem

    cansarem-se nunca de pedir-lhe porque

    so importantssimas para vossa salva-

    o: 1- Evitar sempre o pecado mortal e

    conservar a graa de Deus. 2- Fugir sem-

    pre de toda amizade danosa para a alma.

    3- Conservar sempre a bela virtude da

    castidade. Para obter estas trs graas eu recomendei muitas vezes uma novena

    que consiste nisso: Rezar todos os dias

    trs Padre-Nossos, trs Ave-Marias, trs

    Glrias, e trs Salve Rainhas. Depois de

    cada Glria ao Pai deve-se dizer: Seja louvado e reverenciado em todo momento

    o Santssimo Sacramento. E depois de cada Salve Rainha se diz: Maria Auxilia-dora dos cristos, rogai por ns!. Existem duas asas com que se voa para

    o Cu: uma a Comunho freqente, e a

    outra a devoo a Santssima Virgem.

    Pedi a Ela: Me Santa, faa com que eu

    me enamore de vossas virtudes. Me

    Santa, ajuda-me a comungar com o devi-

    do fervor. Ela os ama infinitamente mais

    que todas as mes terrenas. Demonstrai

    a ela tambm vosso amor levando uma

    vida santa, uma conduta

    excelente.

    E termino com um conselho

    que um segredo para obter

    xitos: quando necessitardes

    de alguma graa dizei muitas

    vezes: Maria Auxiliadora, rogai por ns!. Dizei enquan-to andais pela rua, quando

    subirdes as escadas, dizei-o

    nas aulas, no dormitrio, de

    manh, a noite, sempre.

    Quando vierem visitar, ou

    quando escreverem a vossos

    familiares dizei-lhes: DOM BOSCO OS ASSEGURA QUE

    SE NECESSITAIS DE ALGUMA

    GRAA DIGAIS MUITAS VEZES

    MARIA AUXILIADORA, ROGAI POR NS, E QUE SEREIS ES-

    CUTADOS. E que se algum disser muitas vezes com f

    esta orao e a Virgem Pode-

    rosa no os ajudar, me comuniquem esta

    notcia, e eu imediatamente escreverei a

    So Bernardo no cu, reclamando-lhe que

    ele cometeu um grandssimo erro quando

    nos ensinou aquela orao que

    diz: Lembrai-vos Me Santa, que ja-mais se ouviu dizer que algum lhe invocou sem auxlio receber... Sim, lhe escreverei uma carta muito forte a este

    santo. Brincadeiras a parte, gravai em

    vossa memria essa orao: Maria Auxili-adora, rogai por ns, para repeti-la em todas as tentaes, em todos os perigos,

    em toda necessidade e sempre.

    Olhai, fazem quarenta anos que venho

    repetindo as pessoas que invoquem a

    Me de Deus e que ela os ajudar. E digo

    sempre a elas que se algum reza a Vir-

    gem e ela no o ajuda que venha e me

    avise. Mas at agora nem uma s pessoa

    veio dizer-me que perdeu seu tempo re-

    zando a Nossa Senhora. O mesmo dem-

    nio v-se obrigado a retirar-se fracassado,

    quando as pessoas comeam a ser devo-

    tas da Me de Deus e logra fazer a elas

    cometer pecados mortais.

    SOBRE A DEVOO A NOSSA SENHORA

    S e r m o d e S o J o o B o s c o a o s j o v e n s

  • So Lus Grignion de Montfort resu-me toda a pratica interior da perfeita

    devoo Santa Virgem nestes ter-

    mos: Fazer todas as aes por Ma-ria, com Maria, em Maria e para Ma-

    ria, a fim de as fazer mais perfeita-

    mente por Jesus Cristo, com Jesus

    Cristo, em Jesus, para Jesus1. Agir

    assim no agir como Jesus?

    Jesus Cristo uma pessoa eter-na, entende-se, pois ele a se-

    gunda pessoa divina da Santssi-

    ma Trindade. Mas se se conside-

    ra a existncia de Jesus Cristo

    depois da Encarnao, fcil de

    descobrir quatro perodos: 1) os nove meses que ele passou

    no seio da Santssima Virgem; 2)

    os trinta anos de vida oculta em

    Nazar; 3) os trs anos de sua

    vida pblica com sua coroao a

    saber: sua Paixo, sua Morte

    sobre a Cruz e sua Ressurreio

    gloriosa seguida dos quarenta

    dias que precederam sua Ascen-

    so; 4) Depois de sua Ascenso,

    seu reino nos Cus.

    Se examinarmos as relaes que Jesus entreteve e que conti-

    nuar a entreter com sua Me,

    veremos que: 1) Durante os nove

    meses, antes de seu nascimento,

    Jesus viveu em Maria; 2) Du-rante trinta anos de vida oculta,

    Jesus viveu com Maria; 3) No curso de trs anos de sua vida

    pblica e de sua Paixo, ele tudo

    fez para Maria; 4) Agora que Ele reina nos Cus, Ele age por

    Maria.

    Um esclarecimento suplementar

    iluminar esta nova Imitao de

    Cristo:

    Entre a anunciao e a natividade do Salvador, todo mundo pode clara-

    mente ver Nosso Senhor Jesus Cristo

    viver em Maria: Deus Filho desceu em seu seio virginal, como o novo

    Ado no seu paraso terrestre para

    ter ali suas complacncias e para

    operar ocultamente as maravilhas da

    graa.

    Entre sua Natividade e sua estadia

    em Nazar Jesus tudo fez com Ma-ria. Durante o tempo, Ele se fez edu-

    car e formar pela Santa Me que a

    qual teve sem cessar diante dos

    olhos como modelo, a fim de a imitar

    na sua humanidade. assim que Ele

    crescia em sabedoria, em idade, e

    em graa, diante de Deus e dos ho-

    mens. 2

    Durante sua vida pblica e sua Pai-xo, Jesus tudo fez para Maria. Aqui, a coisa menos evidente.

    claro que, sendo Deus, Ele no tinha

    outro fim que Ele mesmo e que, sen-

    do a segunda pessoa da Santssima

    Trindade, Ele no tinha outro fim que

    a glria de seu Pai. Mas Ele veio so-

    bre a terra para salvar os homens, e

    o primeiro pecado que Ele veio expiar

    foi o pecado original. Ora, sua Sants-

    sima Me, que est includa no plano

    da Redeno3, a primeira das remi-das deste pecado, mesmo segundo

    um modo eminente que lhe prprio

    e pessoal, por preservao. Ademais,

    Jesus desejou pelos seus sofrimen-

    tos dar a ela filhos espirituais. Sua Paixo encontrou tambm sua razo

    nas palavras to consoladoras,

    que dizem respeito a todos ns,

    na pessoa de So Joo: Jesus disse sua Me: Mulher eis a

    teu filho. Depois ele disse ao

    discpulo: Eis a tua Me.4 ento primeiro para ela que

    Ele sofre e morre sobre a Cruz.

    Enfim, depois de estar no cu, Jesus age por Maria. Com efei-to, as almas no se dirigem ao

    seu ltimo fim, a vida eterna,

    sem a moo da graa. Ora, Ma-

    ria a Medianeira universal de

    todas as graas. O Altssimo a fez nica tesoureira de seus te-

    souros e a nica despenseira de

    suas graas...para fazer passar,

    malgrado tudo, quem ela quiser

    pela porta estreita da vida. Por-tanto, bem por Maria que

    seu divino Filho salva as almas.

    A perfeita devoo mariana tal qual ensina So Lus Maria

    Grignion de Montfort ento

    bem enraizada no Evangelho. Ela

    consiste em agir, em todas as

    coisas, como Jesus. Quer dizer, em imitar nosso Salvador que

    sempre agiu por Maria, com

    Maria, em Maria e para Maria!

    Notas:

    1- Tratado da Verdadeira Devoo a

    Santssima Virgem [TVD] , ponto 257.

    2- So Lucas, II, 52.

    3- A Santssima Virgem deveria ter contrado o pecado original, mas seu

    divino Filho mereceu na sua Paixo

    que ela, e somente ela, fosse total-

    mente preservada.

    4- TVD 44.

    A perfeita devoo mariana agir como Jesus

    Pe. Guy Castelain

  • A F a m l i a C a t l i c a - e d i o 2 4 p g i n a 5

    Conferncias-debates e gestes ante as

    autoridades

    Para fazer avanar a necessrias recon-ciliao, o GREC trabalhou em duas dire-es:

    - A organizao de conferncias-debates

    sobre os pontos controversos;

    - Os esforos ante as autoridades.

    Tudo se faz sob grande discrio: Ns permanecamos discretos. Mas no quera-

    mos ser secretos (p. 29). Pode se compre-ender que, para este assunto, era melhor

    afastar os periodistas e evitar os debates

    na internet.

    No mnimo surpreendente que nenhu-ma aluso a estes encontros tenha sido

    feita no curso dos quatro simpsios de

    Paris sobre o Conclio Vaticano II, que foram

    levados a cabo de 2002 a 2005, reunindo

    sacerdotes da Tradio do mundo inteiro.

    Estes simpsios, completamente pblicos,

    foram realizados sob o patronato de Mons.

    Fellay. Enquanto as sesses de trabalho

    punham sob a luz a nocividade dos textos

    do conclio, as reunies discretas e des-conhecidas dos participantes dos simp-

    sios foram levadas a cabo na mesma cida-

    de, relativizando os erros do Vaticano II e

    buscando abrir o caminho de um reconheci-

    mento cannico da Fraternidade.

    Assombramo-nos tambm de que, duran-te doze anos de conferncias e de gestes

    ante as autoridades da igreja conciliar, os

    superiores das comunidades religiosas que

    trabalham com a Fraternidade So Pio X,

    foram marginalizados e no foram informa-

    dos do que se fazia, dado o que estava em

    jogo.

    A obra de Pe. Lelong no teve nenhum eco nos rgos oficiais da FSSPX, sequer

    para condenar ou matizar as declaraes

    do autor. J faz quase trs anos que apare-

    ceu esta obra. Podemos supor que as pes-

    soas mencionadas neste livro no tm na-

    da que dizer a respeito.

    Mas vejamos como se desenvolvem os

    Dominicanos de Avrill: O Grec (Grupo de Reflexo entre

    Catlicos), uma histria oculta, agora revelada parte II

    Pelo irmo Marie-Dominique O.P.

    Le Sel de la Terre N 90, pg. 142-158

    trabalhos do GREC.

    As conferncias-debates

    Durante doze anos, numerosas confern-

    cias-debates foram organizadas sobre te-

    mas maiores: O ecumenismo, rasgo de apostasia ou futuro da Igreja; O dilogo interreligioso, perigo ou esperana; Que caminho para a Igreja?: proposies con-

    cretas para sair de uma crise (p. 59.); necessrio revisar e/ou interpretar certas

    passagens do Conclio Vaticano II? (p. 64), etc.

    Procuraremos ver, um pouco mais adian-

    te, porque estas conferncias resultaram

    num fracasso total.

    Notemos pelo momento uma observao inquietante, cuja responsabilidade deixa-

    mos a seu autor. Falando da conferncia-

    debate de 21 de janeiro de 2008 entre o

    Pe. Morerord O.P. e o Pe. Grgoire Clier

    (FSSPX) sobre o tema Vaticano II e os ou-tros conclios ecumnicos: revisar e/ou

    interpretar certas passagens do Conclio

    Vaticano II, o Pe. Lelong anota: Escutando suas exposies, pode-se constatar que

    entre os dois telogos, as convergncias

    doutrinais e espirituais eram muito mais

    numerosas e profundas que as divergn-

    cias existentes entre seus pontos de vista

    respectivos (p. 64).

    Teria havido a mesma convergncia se Mons. Lefebvre tivesse estado cara a cara

    com o Pe. Morerod, religioso completamen-

    te partidrio do modernismo de Roma?

    Uma impressionante atividade diplomtica

    De forma paralela a estas discusses,

    teve lugar uma impressionante atividade

    diplomtica: bispos, nncios, Secretrio de

    Estado, Comisso Ecclesia Dei, eram infor-

    mados sobre as atividades do GREC. A par-

    tir da eleio de Bento XVI, foi o papa em

    pessoa. De acordo com o Pe. Lelong, a

    ascenso de Ratzinger ao pontificado foi recebida pelos animadores do GREC com

    uma alegria muito grande e muita esperan-

    a, esperana que no ser decepcionada,

    mas satisfeita plenamente (p. 48).

    Nadavam em plena utopia. Levamos nos-

    sos leitores ao estudo magistral de Mons.

    Tissier de Mallerais sobre A estranha teolo-

    gia de Bento XVI1, assim como ao primeiro

    balano de seu pontificado, publicado (com

    fotografias) pelo Le sel de la terre 84. Em

    todo caso, esta confisso de Pe. Lelong

    muito reveladora do esprito que reinava no

    GREC, sobretudo sob Bento XVI.

    Para entrar um pouco mais em detalhes,

    foi em duas direes que a ao diplomti-

    ca do GREC se orientou principalmente: o

    Papa e Mons. Fellay.

    + Intervenes do GREC ante a Santa S

    Desde 1998, o Pe. Lelong havia escrito

    ao Cardeal Sodano, Secretrio de Estado,

    para lhe informar sobre a iniciativa do

    GREC, e sugerir Santa S o levantamento

    da excomunho dos bispos da Fraternida-de, pela ocasio do jubileu do ano 2000.

    necessrio citar pelo menos um extrato

    desta carta, para ver em que esprito se

    desenvolveram estes acordos. Para o Pe.

    Lelong, eixo motor do GREC, a finalidade

    era fazer o Conclio Vaticano II ser aceito

    pelos tradicionalistas:

    Eu estou profundamente apegado aos

    ensinamentos do Conclio Vaticano II, e me

    esforo para faz-lo ser compreendido por

    nossos irmos catlicos que seguiram

    Mons. Lefebvre e seus sucessores. Com

    alguns amigos, constitumos em Paris um

    grupo de trabalho que se esfora para pre-

    parar o dia em que todos os tradicionalis-

    tas podero reencontrar seu lugar na Igre-

    ja, na obedincia ao Santo Padre e sob a

    autoridade de nossos bispos [...] neste

    esprito, numa total fidelidade ao Soberano

    Pontfice e aos ensinamentos do Conclio

    Vaticano II, que em nome de numerosos

    catlicos franceses, me permito lhe pedir,

    Senhor Cardeal, se, num gesto de caridade

    para com nossos irmos, o Santo Padre

    pudesse levantar a excomunho que foi

    pronunciada contra os bispos consagrados

    irregularmente por Mons. Lefebvre (p. 42-

    43). Esta carta foi iniciativa de Pe. Lelong

    ou teve o acordo dos representantes oficio-

    sos da Tradio no seio do GREC? A obra

    Retirado de Non Possumus

    Traduo: Capela Nossa Senhora das Alegrias

    O mtodo do GREC

  • no diz. Em todo caso, tendo o cardeal

    Sodano pedido sinais de arrependimen-to (p. 44) s autoridades da Fraternidade, os acordos no lograram xito. Sobre o

    levantamento das excomunhes, as coi-sas permaneceram assim sob o pontificado

    de Joo Paulo II.

    Contudo, a partir da peregrinao da

    FSSPX Roma em razo do jubileu do ano

    2000, comearam a haver contatos fre-quentes entre Mons. Fellay e o cardeal

    Castrilln Hoyos, ento presidente da co-

    misso Ecclesia Dei. O Pe. Lelong no diz uma palavra a respeito.

    Sabemos que os sacerdotes de Campos

    (Brasil), convidados pela casa geral da Fra-

    ternidade a unirem-se a estas negociaes,

    no resistiram seduo romana. Foi um

    acordo lamentvel, vitria para o cardeal

    Castrilln e perda para o combate da f:

    Mons. Rifn concelebra agora a missa nova

    com fervor 2.

    O pontificado de Bento XVI,

    que manifestamente contri-

    buiu para uma grande espe-

    rana entre os membros do

    GREC, sobretudo depois do

    motu proprio sobre a missa

    tradicional, foi a ocasio de

    novas tratativas, desta vez

    com o mesmo papa. Em 9 de

    julho de 2008, os animado-res do GREC (p. 49) dirigiram ao papa a seguinte petio:

    Muito o reconhecemos, San-

    tssimo Padre, por esta deci-

    so do motu proprio) e quere-

    mos responder a vosso cha-

    mado de reconciliao entre

    todos os catlicos, no que diz respeito s

    legtimas diversidades existentes no seio

    da Igreja. Somos muitos os que desejamos

    que a proposio transmitida pelo cardeal

    Castrilln Hoyos FSSPX tenha um resulta-

    do favorvel, pois as questes relativas ao

    Conclio Vaticano II interessam a toda a

    Igreja. Desejamos tambm que as excomu-

    nhes sejam levantadas e que a FSSPX

    reencontre seu lugar na Igreja, onde tem

    tanto que contribuir (p. 49-50).

    Logo foi feita a famosa splica de 20 de outubro de 2008, onde os animadores do

    GREC desejavam que a FSSPX

    regularizasse sua situao cannica e manifestasse sua plena comunho com o

    Santo Padre, agregando:

    Ns pensamos que o levantamento das excomunhes poria em marcha um proces-

    so inevitvel de aproximao, com vistas

    aos acordos entre a Santa S e a FSSPX,

    ou ao menos acordos com uma grande

    parte dos sacerdotes e dos fiis da mencio-

    nada Fraternidade (p. 52). 3

    A splica parece ter tido seu efeito, pois as excomunhes foram levantadas no incio do ano de 2009.

    + Intervenes do GREC ante Mons. Fellay

    Um ponto que parece ter preocupado os

    responsveis do GREC foi o fazer cessar

    os ataques contra a Roma atual. Citemos

    o Pe. Lelong:

    Pelo lado dos catlicos apegados tradio4, como pelo lado daquels que

    reivindicam o esprito do conclio, se ex-

    pressam muito frequentemente com pon-

    tos de vista agressivos e polmicos, que

    no contribuem para suscitar o clima de

    sossego e de confiana mtua necessria

    na busca de uma verdadeira reconcilia-

    o (p. 33).

    necessrio que a FSSPX compreenda que, se ela tem muito o que contribuir

    para a Igreja de Roma, tambm tem mui-

    to o que receber. Por isso, necessrio

    que ela deixe de rechaar em bloco o

    Vaticano II (p. 85).

    Na carta de Bento XVI de 9 de julho de

    2008, os responsveis do GREC e con-

    sequentemente os representantes oficio-

    sos da Tradio? quiseram tranqilizar o Papa sobre este ponto:

    Pedimos aos responsveis desta Fraterni-

    dade que cessem as declaraes e arti-

    gos polmicos que criticam a Santa S (p.

    50).

    Em 20 de junho de 2008, o Pe. Lelong e

    alguns membros do GREC escreveram a

    Mons. Fellay:

    No teme voc que rechaando os cha-

    mados repetidos do Santo Padre e permi-

    tindo-se critic-lo de maneira injusta e

    sistemtica, a Fraternidade acabe por

    tomar um caminho que a conduzir inevi-

    tavelmente a se separar da Santa Igreja,

    como desgraadamente aconteceu no

    curso da histria? (p. 39)

    A Roma ocupada no se preocupa com as discusses acadmicas e amortizadas

    entre telogos sobre o Conclio Vaticano

    II. Ela as permite, em princpio, s comu-

    nidades Ecclesia Dei. Isto d uma impres-so de abertura. Mas o que a igreja conci-

    liar no pode suportar que seus escn-

    dalos sejam denunciados: as reunies

    ecumnicas de Assis, as visitas s sinago-

    gas e mesquitas, as falsas beatificaes e

    canonizaes, etc. So sobretudo estes

    escndalos que, com o passar dos anos,

    fazem milhes de almas no mundo intei-

    ro perderem a f. Bem, quando a f est

    em perigo, atacada pelos lobos, um

    dever para os pastores gritar para prote-

    ger o rebanho. No fazer isto um peca-

    do grave em relao confisso de f,

    pois atacar a Roma atual destruidora da

    f necessrio para manter as grandes

    verdades da f. Todos os esforos da

    igreja conciliar desde as consagraes

    dos bispos por Mons. Lefebvre em 1988,

    foram para separar da Tradio os gru-

    pos de sacerdotes, acordando com eles

    a missa tradicional sem lhes pedir a acei-

    tao oficial do Vaticano II 5. Roma conci-

    liar sabia que fazendo isto j nada tinha

    de temer em relao a estes grupos:

    teriam que se calar sobre o conclio e

    sobre os escndalos da hierarquia, por

    temor de perder seu reconhecimento

    cannico e ver que lhes foram negados

    todo apostolado nas dioceses.

    Isto o que aconteceu, desde

    que fizeram acordo, em todas

    as comunidades Ecclesia Dei,

    sem exceo, e seu grande

    pecado ante a histria, ante a

    Igreja universal e ante as almas.

    A Roma atual deseja que a

    FSSPX se comprometa neste

    caminho. H que se compreen-

    der muito bem as tcnicas sub-

    versivas empregadas, especial-

    mente desde dois sculos, pelos

    inimigos da Igreja. Sua grande

    manobra para reduzir uma resis-

    tncia obter que, em um pri-

    meiro momento, j no sejam

    atacados por eles. Para isso, se

    servem dos catlicos liberais, seus me-

    lhores auxiliares, seduzindo-os mediante

    a promessa de paz, com a condio de

    que deixem de combater. Ao mesmo

    tempo, provocam antemas contra aque-

    les que no se resignam em baixar as

    armas, quer dizer, os antiliberais, ridicu-

    larizando-os com toda a classe de epte-

    tos: homens de zelo amargo, integristas 6, etc. O inimigo busca isol-los desta maneira, para lhes tirar toda influncia.

    Em seguida, ele poder trabalhar para

    dormir a maioria do rebanho e ganh-lo

    lentamente com as novas ideias.

    Nos anos 50, sob o Papa Pio XII, havia

    mil bons sacerdotes, bons religiosos,

    piedosos, de boa doutrina. Chegou o

    bom Papa Joo, sugerindo, no incio do conclio, j no lanar antemas, no

    condenar o erro, anatemizando somente

    os profetas de desgraas que na Igreja, seguindo os Papas antiliberais, fustiga-

    vam os erros modernos. A manobra teve

    xito. Basta ver no que se converteu a

    Igreja no mundo inteiro.7

    Monsenhor Lefebvre se levantou, toman-

    do o estandarte do combate. Esta foi a

    fundao da FSSPX e das obras da Tradi-

    o que se estenderam como um incn-

    dio no mundo inteiro. J no estando

  • Mons. Lefebvre, ns assistimos desde sua

    morte as manobras da Roma modernista,

    aconselhada pela maonaria, para reduzir a

    nica resistncia organizada contra a Revo-

    luo mundial. A manobra consiste em

    atacar especialmente as autoridades supe-

    riores da Fraternidade, nas quais detecta-

    ram certas debilidades pois os inimigos da Igreja so hbeis observadores. O livro

    de Pe. Lelong tem o mrito de nos dar luz,

    pelo menos numa parte, desta operao.

    Notas:

    1- Mons. Tissier de Mallerais, La extraa teologa de Benedicto XVI, edies Du Sel, em Le Sel de la terre 69.

    Edio:

    Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitria, ES.

    http:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br

    Entre em contato conosco pelo e-mail:

    [email protected]

    2- O site da internet La Porte latine, do dis-

    trito da Frana da FSSPX, publicou em ja-

    neiro de 2012 duas fotografias de Mons.

    Rifn concelebrando com o cardeal Bergo-

    glio, em 28 de maio de 2011.

    3- Os animadores do GREC j pensavam que no os seguiria todo o mundo.

    4- A palavra foi impressa com um t mins-culo na obra.

    5- Recordemos o acordo de Barroux. Dom

    Grard havia tido garantias generosamen-te acordadas pelo Cardenal Ratzinger: Que nenhuma contrapartida doutrinal ou litrgi-

    ca seja exigida de ns e que nenhum siln-

    cio se imponha a nossa predicao anti-

    modernista. Conhecemos o que se passou depois.

    6- caracterstico, na crise que atravessa atualmente a Tradio, escutar serem trata-

    dos como sedevacantistas ou como ho-

    mens de esprito cismtico, que no tm f

    na Igreja, a aqueles que continuam man-

    tendo o discurso de Mons. Lefebvre, se

    opondo aos acordos prticos sem acordo

    doutrinal com a Roma atual.

    7- No fizemos mais que condensar em poucas linhas o excelente artigo de Adrien

    Loubier As vias da reduo, publicado no Boletim do Ocidente Cristo de junho de

    1991.

    Fazei, Senhor, que, por graa vossa, eu possa compreender

    como uma pessoa, fazendo obscuramente, numa vida

    oculta como a de Maria, todas as vossas vontades, faz

    algo mais glorioso e imenso que tudo isso que tido na

    conta de imenso e glorioso no conceito de um mundo

    insensato e cego!

    DE COMO CONSIDERAR A VERDADEIRA GRANDEZA

    IMITAO DE MARIA

    Deo gratias!!!

    Monsenhor Faure, neste ms de maio, confirmou 42 fiis em uma belssima cerimnia

    em Avrill, na Frana. Peamos a Nosso Senhor que o conserve sempre firme no comba-

    te pela f e que possa continuar sendo para ns luz do mundo e sal da terra.