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A PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO Santo Afonso Maria de Ligório SANTOS E FESTAS DO MÊS: 02– Purificação da Virgem Maria e Nª Sª da Candelária; 03– São Brás; 05– Santa Águeda; 07– São Romualdo; 09– São Cirilo de Alexandria Santa Apolônia; 10– Santa Escolástica; 11– Aparição de Nossa Senho- ra em Lourdes; 14– São Valentim; 23– São Pedro Damião; 27– São Gabriel de Nossa Senhora das Dores; NESTA EDIÇÃO: Paixão de Nosso Senhor 1,2 O modernismo 2 Pe. Júlio Maria : servo de Deus? 3 Meditação 4 Fevereiro/ 2015 Edição 21 A Família Católica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S força para sofrer os tormentos, o martírio e a morte, senão dos tormentos de Jesus crucificado? S. José de Leonissa, capuchinho, vendo que queriam atá-lo com cordas para uma operação dolorosa que o cirurgião devia fazer-lhe, tomou nas mãos o seu crucifixo e disse: Cordas? Que cordas! Eis aqui os meus laços. Este Senhor pregado por meu amor com suas dores obriga-me a suportar qualquer tormento por seu amor. E dessa maneira suportou a operação sem se queixar, olhando para Jesus, que “como um cordeiro se calou diante do tosquiador e não abriu a sua boca” (Is 53,7). Quem mais poderá dizer que padece injustamente, vendo Jesus que “foi dilacerado por causa de nossos crimes?” Quem mais poderá recusar-se a obedecer, sob pretexto de qualquer incômodo, contemplando Jesus “feito obediente até à morte?” Quem poderá rejeitar as ignomínias, vendo Jesus tratado como louco, como rei de burla, como malfeitor, esbofeteado, cuspido no rosto e suspenso num patíbulo infame? Quem, pois, poderá amar um outro objeto além de Jesus, vendo-o morrer entre tantas dores e desprezos, a fim de conquistar o nosso amor? Um pio solitário rogava ao Senhor que lhe ensinasse o que deveria fazer para amá-lo perfeitamente. O Senhor revelou-lhe que, para chegar a seu perfeito amor, não havia exercício mais próprio que meditar frequentemente na sua paixão. Queixava-se S. Teresa amargamente de alguns livros, que lhe haviam ensinado a deixar de meditar na Paixão de Jesus Cristo, porque isto poderia servir de impedimento à contemplação da divindade. Pelo que a santa exclamava: “O’ Senhor de minha alma, ó meu bem, Jesus Crucificado, não posso recordar-me dessa opinião sem me julgar culpada de uma grande infidelidade. Pois seria então possível que vós Senhor, fosseis um impedimento para um bem maior? E donde me vieram todos os bens senão Frutos que se colhem da meditação da Paixão de Jesus Cristo. O amante das almas, nosso amantíssimo Redentor, declarou que não teve outro fim, vindo à terra e fazendo-se homem, que acender o fogo do santo amor nos corações dos homens. “Eu vim trazer fogo à terra e que mais desejo senão que ele se acenda?” (Lc 12,49). E, de fato, que belas chamas de caridade não acendeu ele em tantas almas, particularmente com os sofrimentos que teve de padecer na sua morte, a fim de patentear- nos o amor imenso que nos dedica! Oh! Quantos corações sentindo-se felizes nas chagas de Jesus, como em fornalhas ardentes de amor, se deixaram inflamar de tal modo por seu amor, que não recusaram consagrar- lhe os bens, a vida e a si mesmos inteiramente, vencendo corajosamente todas as dificuldades que se lhes deparavam na observância da Divina lei, por amor daquele Senhor que, sendo Deus, quis sofrer tanto por amor deles! Foi justamente este o conselho que nos deu o Apóstolo, para não desfalecermos mas até corrermos expeditamente no caminho do céu: “Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tal contradição dos pecadores contra a sua pessoa, para que vos não fatigueis, desfalecendo em vossos ânimos” (Heb 12,3). Por isso, S. Agostinho, ao contemplar Jesus todo chagado na cruz, orava afetuosamente: “Escrevei, Senhor, vossas chagas em meu coração para que nelas eu leia a dor e o amor: a dor, para suportar por vós todas as dores; o amor, para desprezar por vós todos os amores.” Porque, tendo diante dos meus olhos a grande dor que vós, meu Deus, sofrestes por mim, sofrerei pacientemente todas as penas que tiver de suportar, e à vista do vosso amor, de que me destes prova na cruz, eu não amarei nem poderei amar senão a vós. E de que fonte hauriram os santos o ânimo e a

Jornal A Família Católica, 21 edição. fevereiro 2015

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Page 1: Jornal A Família Católica, 21 edição. fevereiro 2015

A PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Santo Afonso Maria de Ligório

SANTOS E

FESTAS DO MÊS:

02– Purificação da Virgem

Maria e Nª Sª da Candelária;

03– São Brás;

05– Santa Águeda;

07– São Romualdo;

09– São Cirilo de Alexandria

Santa Apolônia;

10– Santa Escolástica;

11– Aparição de Nossa Senho-

ra em Lourdes;

14– São Valentim;

23– São Pedro Damião;

27– São Gabriel de Nossa

Senhora das Dores;

N E S T A

E D I Ç Ã O :

Paixão de Nosso Senhor 1,2

O modernismo 2

Pe. Júlio Maria : servo de

Deus? 3

Meditação 4

Fevereiro/ 2015 Edição 21

A Família Católica

C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S

força para sofrer os tormentos, o martírio e a

morte, senão dos tormentos de Jesus crucificado?

S. José de Leonissa, capuchinho, vendo que

queriam atá-lo com cordas para uma operação

dolorosa que o cirurgião devia fazer-lhe, tomou

nas mãos o seu crucifixo e disse: Cordas? Que

cordas! Eis aqui os meus laços. Este Senhor

pregado por meu amor com suas dores obriga-me

a suportar qualquer tormento por seu amor. E

dessa maneira suportou a operação sem se

queixar, olhando para Jesus, que “como um

cordeiro se calou diante do tosquiador e não abriu

a sua boca” (Is 53,7). Quem mais poderá dizer

que padece injustamente,

vendo Jesus que “foi

dilacerado por causa de

nossos crimes?” Quem

mais poderá recusar-se a

obedecer, sob pretexto de

qua lquer incôm od o,

contemplando Jesus “feito

obediente até à morte?”

Quem poderá rejeitar as

ignomínias, vendo Jesus

tratado como louco, como

rei de burla, como

malfeitor, esbofeteado,

cuspido no rosto e

suspenso num patíbulo

infame?

Quem, pois, poderá

amar um outro objeto

além de Jesus, vendo-o

morrer entre tantas dores

e desprezos, a fim de

conquistar o nosso amor?

Um pio solitário rogava ao Senhor que lhe

ensinasse o que deveria fazer para amá-lo

perfeitamente. O Senhor revelou-lhe que, para

chegar a seu perfeito amor, não havia exercício

mais próprio que meditar frequentemente na sua

paixão. Queixava-se S. Teresa amargamente de

alguns livros, que lhe haviam ensinado a deixar de

meditar na Paixão de Jesus Cristo, porque isto

poderia servir de impedimento à contemplação da

divindade. Pelo que a santa exclamava: “O’

Senhor de minha alma, ó meu bem, Jesus

Crucificado, não posso recordar-me dessa opinião

sem me julgar culpada de uma grande

infidelidade. Pois seria então possível que vós

Senhor, fosseis um impedimento para um bem

maior? E donde me vieram todos os bens senão

Frutos que se colhem da meditação da Paixão de

Jesus Cristo.

O amante das almas, nosso amantíssimo

Redentor, declarou que não teve outro fim, vindo

à terra e fazendo-se homem, que acender o fogo

do santo amor nos corações dos homens. “Eu vim

trazer fogo à terra e que mais desejo senão que

ele se acenda?” (Lc 12,49). E, de fato, que belas

chamas de caridade não acendeu ele em tantas

almas, particularmente com os sofrimentos que

teve de padecer na sua morte, a fim de patentear-

nos o amor imenso que nos dedica! Oh! Quantos

corações sentindo-se felizes nas chagas de Jesus,

com o em for na lhas

ardentes de amor, se

deixaram inflamar de tal

modo por seu amor, que

não recusaram consagrar-

lhe os bens, a vida e a si

mesmos inteiramente,

vencendo corajosamente

todas as dificuldades que

se lhes deparavam na

observância da Divina lei,

por amor daquele Senhor

que, sendo Deus, quis

sofrer tanto por amor deles!

Foi justamente este o

conselho que nos deu o

A p ós t o lo , pa ra nã o

desfalecermos mas até

corrermos expeditamente

no caminho do céu:

“ C o n s i d e r a i , p o i s ,

atentamente, aquele que

suportou tal contradição

dos pecadores contra a sua pessoa, para que vos

não fatigueis, desfalecendo em vossos

ânimos” (Heb 12,3).

Por isso, S. Agostinho, ao contemplar Jesus todo

chagado na cruz, orava afetuosamente: “Escrevei,

Senhor, vossas chagas em meu coração para que

nelas eu leia a dor e o amor: a dor, para suportar

por vós todas as dores; o amor, para desprezar

por vós todos os amores.” Porque, tendo diante

dos meus olhos a grande dor que vós, meu Deus,

sofrestes por mim, sofrerei pacientemente todas

as penas que tiver de suportar, e à vista do vosso

amor, de que me destes prova na cruz, eu não

amarei nem poderei amar senão a vós.

E de que fonte hauriram os santos o ânimo e a

Page 2: Jornal A Família Católica, 21 edição. fevereiro 2015

de vós?” E em seguida ajuntava: “Eu vi que, para contentar a

Deus e para que nos conceda grandes graças, ele quer que tudo

passe pelas mãos dessa humanidade sacratíssima, na qual se

compraz a sua divina majestade”.

Por isso dizia o Padre Baltasar Álvarez que o desconhecimento

dos tesouros que possuímos em Jesus é a ruína dos cristãos,

sendo por essa razão a Paixão de Jesus Cristo sua meditação

preferida e mais usada, considerando em Jesus especialmente

três de seus tormentos: a pobreza, o desprezo e as dores, e

exortava os seus penitentes a meditar frequentemente na Paixão

do Redentor, afirmando que não julgassem ter feito progresso

algum, se não chegassem a ter sempre impresso no coração a

Jesus crucificado.

Ensina S. Boaventura que quem quiser crescer sempre de

virtude em virtude, de graça em graça, medite sempre Jesus na

sua Paixão. E ajunta que não há exercício mais útil para fazer

santa uma alma do que considerar assiduamente os sofrimentos

de Jesus Cristo.

Além disso afirmava S. Agostinho que vale mais uma só lágrima

derramada em recordação da Paixão de Jesus, que uma

peregrinação a Jerusalém e um ano de jejum a pão e água. E na

verdade, por que nosso amante Salvador padeceu tanto senão

para que nisso pensássemos e pensando nos inflamássemos no

amor para com ele? “A caridade de Cristo nos constrange”, diz S.

Paulo (2 Cor 5,14). Jesus é amado por poucos, porque poucos

são os que meditam nas penas que por nós sofreu; quem, porém,

as medita a miúdo, não poderá viver sem amar a Jesus: sentir-se-

á de tal maneira constrangido por seu amor que não lhe será

possível resistir e deixar de amar a um Deus tão amante e que

tanto sofreu para se fazer amar.

Essa é a razão por que dizia o Apóstolo que não queria saber

outra coisa senão a Jesus e Jesus Crucificado, isto é, o amor que

ele nos testemunhou na cruz. “Não julgueis que eu sabia alguma

coisa entre vós senão a Jesus Cristo e este crucificado (1 Cor

2,2). E na verdade, em que livros poderíamos aprender melhor a

ciência dos santos (que é a ciência de amar a Deus) do que em

Jesus Crucificado? O grande servo de Deus, Frei Bernardo de

Corleone, capuchinho, não sabendo ler, queriam seus confrades

ensinar-lhe. Ele, porém, foi primeiro aconselhar-se com seu

crucifixo e Jesus respondeu-lhe da cruz: “Que livro! Que ler! Eu

sou o teu livro, no qual poderás sempre ler o amor que eu te

consagro!” Oh! Que grande assunto de meditação para toda a

vida e para toda a eternidade: um Deus morto por meu amor!

Visitando uma vez S. Tomás d’Aquino a S. Boaventura,

perguntou-lhe de que livro se havia servido para escrever tão

belas coisas que havia publicado. S. Boaventura mostrou-lhe a

imagem de Jesus crucificado, toda enegrecida pelos muitos

beijos que lhe imprimira, dizendo-lhe: “Eis o meu livro, donde tiro

tudo o que escrevo; ele ensinou-me o pouco que eu sei”. Todos

os santos aprenderam a arte de amar a Deus no estudo do

crucifixo. Fr. João da Alvérnia, todas as vezes que contemplava

Jesus coberto de chagas, não podia conter as lágrimas. Fr. Tiago

de Todi, ouvindo ler a paixão do Redentor, não só derramava

abundantes lágrimas, mas prorrompia em soluços oprimido pelo

amor de que se sentia abrasado por seu amado Senhor.

S. Francisco fez-se aquele grande serafim pelo doce estudo do

crucifixo. Chorava tanto ao meditar os sofrimentos de Jesus

Cristo, que perdeu quase totalmente a vista. Uma vez

encontraram-no chorando em altas vozes e perguntaram-lhe a

razão. “O que eu tenho? respondeu o santo, eu choro por causa

dos sofrimentos e das afrontas ocasionadas ao meu Senhor e

minha pena cresce e aumenta vendo a ingratidão dos homens

que não o amam e dele se esquecem”. Todas as vezes que ouvia

balar um cordeiro, sentia grande compaixão, pensando na morte

de Jesus, Cordeiro imaculado, sacrificado na cruz pelos pecados

do mundo. Por isso, esse grande amante de Jesus nada

recomendava com tanta solicitude a seus irmãos como a

meditação constante da paixão de Jesus.

Eis, portanto, o livro, Jesus Crucificado, que, se for

constantemente lido por nós, também nós aprenderemos de um

lado a temer o pecado e doutro nos abrasaremos em amor por

um Deus tão amante, lendo em suas chagas a malícia do pecado

que reduziu um Deus a sofrer uma morte tão amarga para por

nós satisfazer a justiça divina e o amor que nos manifestou o

Salvador, querendo sofrer tanto para nos fazer compreender o

quanto nos amava.

Supliquemos à divina Mãe Maria, que nos obtenha de seu Filho

a graça de entrarmos nessa fornalha de amor onde ardem tantos

corações, para que aí sejam destruídos nossos afetos terrenos e

possamos nos abrasar naquelas chamas bem-aventuradas que

fazem as almas santas na terra e bem-aventuradas no céu.

“O modernismo não é um simples erro de doutrina, é um verdadeiro feixe de erros; é

a heresia-mãe contendo no seu seio todas as heresias do passado e renovando-as sob

uma forma nova, forma que se diria ser como um último esforço do inferno contra a

Igreja de Jesus Cristo (...).

Mas nós estamos aqui; nós, seus padres, estamos de pé e a exemplo de nosso Pai

Pio X, tão terno e enérgico, estamos prontos à luta, prontos a combater e a morrer.

Não somos nós a vanguarda da Virgem? (...)

Com o nosso chefe supremo, o infalível Pontífice romano, temos rejeitado, execrado

e amaldiçoado o modernismo no seu princípio e em todas as aplicações. Sob qualquer

forma que se manifeste, é um inimigo para se combater.

Ataquemo-lo, esmaguemo-lo!

E seja tal o seu aniquilamento que nunca mais se atreva a tornar a levantar-se.”

Padre Júlio Maria de Lombaerde

A F a m í l i a C a t ó l i c a E d i ç ã o 2 1

Page 3: Jornal A Família Católica, 21 edição. fevereiro 2015

Padre Júlio Maria de Lombaerde, missi-

onário belga, que se dizia francês e no

fim da vida se naturalizou brasileiro, já é

servo de Deus pela nova igreja que nas-

ceu do Concilio Vaticano II e está às por-

tas de uma beatificação.

Muitos que se dizem católicos ficarão

felizes de ver este santo missionário ele-

vado às honras dos altares, mas infeliz-

mente, a maioria destes serão, muito

provavelmente, modernistas ou católicos

liberais. Explico-me.

Provavelmente padre Júlio Maria é san-

to, e realmente tenha alcançado virtudes

heróicas e por isso, deve ter a honra de

ser chamado de beato. O problema não

está no padre Júlio Maria, o problema

está em quem beatifica este grande pa-

dre. A igreja do Vaticano II beatifica um

padre que durante toda sua vida lutou

contra os erros que esta mesma igreja

defende hoje como sendo verdadeiros.

Erros como a liberdade religiosa ou o

ecumenismo, tão em voga hoje na igreja

conciliar, foram duramente combatidos

pelo missionário belga, e, podemos até

dizer, que este foi o centro de toda sua

vida de missionário. Padre Júlio amava a

Eucaristia e a Virgem Maria com o amor

dos santos, e por isso era conhecido, já

em vida, como o “martelo das heresias”.

Claro, pois pode alguém amar a Eucaris-

tia e conviver amigavelmente com quem

a rejeita ou despreza? Sabendo nós que

quem a rejeita ou despreza, despreza

Deus com seu Corpo, Sangue, Alma e

Divindade? Pode alguém amar a Santíssi-

ma Virgem Maria e conviver sem se im-

portar com quem a rejeita como Mãe dos

homens e nossa intercessora? Sabendo

nós que esta boa Mãe é também Rainha

dos homens e dos anjos? Um católico de

verdade pode agir assim? Os católicos

liberais e modernistas acham que po-

dem. Padre Júlio Maria não. Na verdade,

os católicos liberais ou modernistas não

amam Nosso Senhor.

Padre Júlio era chamado “martelo das

heresias” porque amava a Deus, e aman-

do-O, queria que todos O amassem tam-

bém. Logo, queria a conversão de todos

para a Sua Religião, a Religião de Deus,

que Ele fundou, Católica, Apostólica, Ro-

mana. Além de amar a Virgem Maria e a

Eucaristia, nosso missionário amava o

próximo verdadeiramente, inclusive os

protestantes e maçons, por isso lutava

pelas suas conversões. E Deus os conver-

tia, em recompensa aos grandes esfor-

ços e duros trabalhos do padre Júlio.

Ganhava almas para Deus e as tirava do

erro, trabalhava pela honra de Nosso

Senhor, acabava com o pecado, fazia

com que o Cristo Rei reinasse não só nas

Igrejas, mas nas escolas, nos asilos, nos

hospitais, enfim, em toda sociedade. O

trabalho do padre Júlio era esse, porque

esse é o trabalho da Igreja Católica, da

qual padre Júlio era um fiel servo. O tra-

balho dos católicos modernistas é outro,

a igreja conciliar faz o inverso, se preocu-

pa não com Cristo Rei, mas com a união

do gênero humano1, trabalha para a paz,

não a paz que vem de Deus, mas a paz

do mundo, com a igualdade de todas as

religiões. Monsenhor Lefebvre expressou

isso muito bem nas palavras dirigidas ao

Cardeal Ratzinger por ocasião de um de

seus encontros: “Eminência, (...) não

podemos colaborar, é impossível, impos-

sível, porque trabalhamos em duas dire-

ções diametralmente opostas: vocês,

trabalham pela descristianização da soci-

edade, da pessoa humana e da Igreja; e

nós, estamos trabalhando pela sua cristi-

anização. Não podemos nos entender”.

Dois santos, de duas épocas, pensando

da mesma maneira e lutando pelo Reina-

do Social de Nosso Senhor. Que belo

espetáculo para se admirar!

Padre Júlio era também conhecido por

sua pena2. Nos anos 40, ainda em vida,

seus livros chegaram a ser os mais lidos

e divulgados no Brasil, pois nosso país

era Católico. Hoje, seus livros sequer são

editados, e até mesmo no seminário

fundado por ele, não encontramos todas

as suas obras, por puro descaso e falta

de interesse dos seus atuais irmãos de

congregação. A Igreja Católica se orgulha-

va das obras do padre Júlio, aprovava-as

e as recomendava. Já a igreja conciliar,

se envergonha desses livros, proíbe-os e

os censura, porque não suporta nada

que seja integralmente Católico. Mas

tudo o que é Católico, intolerante na dou-

trina, é insuportável aos olhos dos libe-

rais, e deve ser apagado e esquecido.

E essa igreja conciliar vai beatificar o

padre Júlio Maria. A igreja conciliar que

destronou Nosso Senhor, tirou a sua

Soberania, pôs em igualdade a Verdade e

o erro, que acolhe os protestantes e os

maçons sem lutar pelas suas conver-

sões, vai beatificar um padre Católico,

um missionário que deu a vida para aca-

bar com a maçonaria e o protestantismo,

que amava apaixonadamente a Santa

Igreja. Típico dos liberais. Vão deformar

esse missionário, passar uma imagem

mais suave, esconder algumas partes de

sua vida, se envergonhar de outras e até

pedir desculpas para os hereges, se isso

for preciso. A igreja conciliar vai beatificar

o padre Júlio, mas o padre Júlio não per-

tence nem nunca vai pertencer a essa

igreja.

PE. JÚLIO MARIA DE LOMBAERDE

Por um seu devoto

P á g i n a 3

Notas:

1 - “A igreja conciliar é a sociedade de bati-zados que seguem as diretivas dos papas e dos bispos atuais, aceitando de maneira mais ou menos consciente, a intenção de realizar a unidade do gênero humano, e que na prática aceitam as decisões do con-cílio, aceitam a nova liturgia e se subme-tem ao novo código de direito canônico.” Mons. Tissier, conferir em http://www.reflexioncatholique.info/index.php/8-crise-fsspx/1-eglise-catholique-ou-eglise-conciliaire

2- Escrevia Dom Carloto, Bispo de Caratin-ga, ao pe Júlio em 1933, a respeito dos seus escritos: “Percorri estas páginas com um verdadeiro entusiasmo. Quantas coisas belas, admiráveis, há nestas paginas que parecem escritas com pena de fogo. Tudo é luminoso e convincente sob sua pena ardente meu caro padre. Quanto bem vai fazer estes vossos livros meu padre! Con-gratulo-me consigo pelos resultados, pois sei que a sua única meta é fazer o bem às almas, levando-as na senda da verdade – da única verdade – que é o ensino da Santa Igreja Católica. Peço Nosso Senhor abenço-ar esta pena terrível, que faz tremer os inimigos da religião, e dá uma imensa sa-tisfação a todos os Católicos sinceros, e de modo particular ao seu velho e dedicado Bispo, Dom Carloto”.

Page 4: Jornal A Família Católica, 21 edição. fevereiro 2015

Edição:

Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES.

http:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br

Entre em contato conosco pelo e-mail:

[email protected]

Maneira de conversar continuamente com deus

As mais belas orações de santo afonso de ligório,

Pe. Saint-Omer.

Nota do jornal: Na última edição de nosso jornal iniciamos este

artigo e seguimos agora com a continuação.

3. De que, quando e como devemos falar a Deus.

3. Nas alegrias

Quando receberdes alguma notícia satisfatória, não façais co-

mo costumam fazer certas almas infiéis e ingratas, que recorrem

a Deus no tempo da tribulação, mas na prosperidade o esque-

cem e abandonam. Procedei para com Deus com a mesma fideli-

dade que usais com um amigo sincero que estimaria como sua a

vossa felicidade; ide comunicar-lhe a vossa alegria; louvai-o e dai-

lhe graças, reconhecendo que deveis tudo à sua bondade; julgai-

vos feliz por lhe serdes devedora d’esta graça; ponde, enfim,

toda a vossa alegria e consolação no Senhor: Eu me regozijarei

em Deus meu Salvador. Cantarei os louvores do Senhor de quem

me vem estes bens. Dizei-lhe: Meu Jesus, eu vos bendigo e ben-

direi sempre por todas as graças que me prodigalizais, a mim

pecadora, que mereceria, não favores, mas castigos. (...)

4. Depois d’uma falta

Se após cada falta em que cairdes, não vos envergonhardes de

ir lançar-vos aos pés do vosso amantíssimo Deus e pedir-lhe

perdão, dar-lhe-eis um sinal de confiança que lhe é singularmen-

te agradável. Sabei-o, Deus é tão inclinado a perdoar, que geme

pela perdição das almas que se separam d’ele e vivem privadas

da vida da graça; ele as convida com ternura: Porque, exclama

ele, porque correr para a morte, filhos de Israel? Voltai-vos para

mim e vivereis. A alma que o abandonou promete ele acolher

logo que torne para os seus braços. Voltai-vos para mim e eu me

voltarei para vós. Oh! Se os pecadores soubessem com que bon-

dade o Senhor os espera, para lhes perdoar! (...)

Assim, depois duma queda erguei logo os olhos para o Senhor

com um ato de amor, reconhecei humildemente a vossa falta, e,

esperando com segurança o perdão, dizei-lhe: Senhor! Este cora-

ção que amais, está enfermo, coberto todo de chagas: curai-me

porque pequei contra vós. Ides atrás dos pecadores arrependi-

dos; eis um que vem a vós, ei-lo aos vossos pés: o mal está feito,

que partido tomarei? Não quereis que eu perca a confiança; ain-

da depois deste pecado, vós me quereis bem, e eu também vos

amo ainda; sim, Deus meu, amo-vos de todo o meu coração;

pesa-me de vos ter desagradado, resolvido estou a não fazê-lo

mais; sois o Deus cheio de doçura e misericórdia, perdoai-me,

pois, dizei como à Madalena: os teus pecados te são perdoados,

e concedei-me a força de vos ser fiel para o futuro. (...)

Prestai a mais séria atenção, ó alma devota, a este conselho

que dão comumente os mestres da vida espiritual, de recorrer a

Deus logo depois de cada infidelidade; ainda que vos aconteça a

infelicidade de cair cem vezes no dia, ponde-vos em paz cada vez

e sem demora, voltando-vos para o Senhor, como ele diz; porque

se ficais desanimada e perturbada pela falta cometida, ir-vos-eis

fugindo de tratar com Deus, a vossa confiança se diminuirá, o

vosso desejo de amá-lo se esfriará, e não podereis mais progre-

dir no caminho do Senhor. Ao contrário, se recorrerdes logo a

Deus para lhe pedir perdão e prometer corrigir-vos, as mesmas

quedas contribuirão para vos adiantar no amor divino. (...)

Procedei de modo que as vossas mesmas faltas sirvam para

apartar cada vez mais os laços de amor que vos unem a ele.

5. Nas dúvidas

Nas dúvidas, quer vos sejam pessoais, quer alheias, fazei como

os amigos fiéis, que consultam entre si todos os seus negócios;

nunca deixeis de dar a Deus esta prova de confiança: consultai-o,

pedi-lhe vos esclareça, a fim de tomardes a resolução que lhe

seja mais agradável. (...)

6. Para o próximo

Recomendai a Deus com confiança, não só as vossas próprias

necessidades, mas também as dos outros. Quanto agradaríeis a

Deus, se soubésseis vos esquecer algumas vezes dos vossos

interesses pessoais, para lhe falar dos interesses da sua glória,

das misérias do próximo e lhe recomendar em particular os infeli-

zes que gemem sob o peso das tribulações, as almas do purgató-

rio, as suas esposas queridas, que suspiram pela felicidade de o

ver, e os pobres pecadores que vivem na privação da sua graça.

Em favor d’estes últimos podereis pedir-lhe assim:

Senhor, todo amável sois, amor infinito mereceis; como pois

sofreis que haja no mundo tantas almas que, cumuladas dos

vossos benefícios, não vos querem conhecer nem amar, e até

vos ofendem e desprezam? (...)

7. Desejo do Céu

Há no purgatório, segundo se pensa, uma pena particular, cha-

mada languidez, à qual são condenadas as almas que, nesta

vida, pouco desejaram o paraíso. Esta opinião é fundada em

razão, porque, não desejar vivamente um bem tão grande, um

reino eterno que Nosso Redentor nos adquiriu a preço do seu

sangue, é fazer muito pouco caso dele. Lembrai-vos, pois, alma

devota, de suspirar frequentemente por essa morada celeste;

dizei ao vosso Deus que, por causa do desejo em que ardeis de ir

amá-lo contemplando-o sem véu, o vosso exilio parece de mil

anos. Ansiai por deixar esta terra de pecados onde correis conti-

nuamente o risco de perder a divina graça, a fim de entrar na

pátria de amor onde amareis o Senhor a todo o vosso poder.

Repeti-lhe muitas vezes: Senhor, enquanto eu aqui viver estarei

sempre em perigo de vos abandonar e renunciar o vosso amor;

quando então ser-me-á dado deixar esta terra em que vos ofendo

todos os dias, ir amar-vos de todo meu coração e unir-me a vos,

sem temor de vos perder mais nunca?(...)

4. Deus responde a alma que lhe fala

Em suma, se quereis agradar ao coração amantíssimo do vos-

so Deus, esforçai-vos por entreter-vos com ele o maior número

de vezes que puderdes, falhar-lhe até continuamente e com toda

a confiança possível; de seu lado, o Senhor não se desdenhará

de responder-vos e entreter-se também convosco. Ele não vos

fará ouvir a sua voz de maneira exterior e sensível, mas falar-vos-

á interiormente uma linguagem que o vosso coração compreen-

derá bem, se souberdes vos desapegar do comércio das criatu-

ras para tratardes a sós com o vosso Deus: Eu a conduzirei à

solidão, diz Ele, e aí falarei a seu coração. Então ele vos falará

pelas inspirações, luzes interiores testemunhos de sua bondade,

toques suaves que penetram o coração, seguranças de perdão,

penhores de paz, carícias da sua graça, abraços e apertos afetu-

osos. Numa palavra, o Senhor vos fará entender essa linguagem

do amor, perfeitamente inteligível às almas que ele ama e que

com ele se contentam.