15
A GEOGRAFIA DO BAIRRO EM SALA DE AULA Famara de Souza Lemos Hiram de Aquino Bayer Thalita Cristina Barroca RESUMO Na formação dos docentes em Geografia, os estágios supervisionados representam um momento de teoria, prática e reflexão. Este é materializado através da elaboração de um projeto de ação didática, a proposta deste projeto é um tema de ligação entre Geografia e cotidiano, o estudo do bairro. Buscamos analisar a categoria espacial bairro como campo de possibilidades relevantes para aliar a teoria ao cotidiano dos alunos, auxiliando no ensino- aprendizagem da geografia. Nesse sentido, buscamos estreitar sua relação com os conceitos de Lugar e Paisagem, e sua interseção com um fazer cartográfico mais aberto. Através de aulas expositivas, dialogadas, com o auxílio e a confecção de mapas, observamos os alunos compreenderem na trama do bairro os processos e fenômenos geográficos tornarem-se visíveis. A seguir refletimos acerca das atividades desenvolvidas em nossa intervenção na Escola Estadual Maia Neto. Palavras-chave: Ensino de Geografia. Bairro. Lugar INTRODUÇÃO Os estágios supervisionados na licenciatura em geografia, constituem o momento no qual os discentes têm seu primeiro contato com a escola. O estágio 1 voltando-se prioritariamente para a observação do espaço escolar, em especial da sala de aula, mas sem deixar de contribuir com a escola, através da realização de uma atividade de caráter pontual. O estágio II com a proposta de construção de um projeto de ação didática, e aplicação do referido projeto na escola. Nesse sentido, os estágios supervisionados devem ser, não o momento apenas da prática, mas também de reflexão sobre o exercício docente. Assim, quando pensamos nos objetivos dos estágios supervisionados, temos certo que, a formação do professor-pesquisador está na ordem do dia e deve ser pauta central na atual conjuntura. Sendo assim, esse tempo- espaço do estágio deve servir não só ao planejamento e atuação que sem dúvida são extremamente importantes mas também, à reflexão. Esta última, que certamente demanda mais tempo e trabalho, é muitas vezes deixada de lado, principalmente após a formação dos docentes e inserção no mercado de trabalho, o que ocorre por motivos diversos, como as condições precárias de trabalho, a alta carga horária etc. o que não temos por objetivo aprofundar neste trabalho. Nas discussões durante as aulas do estágio, decidimos propor em nosso Projeto de ação didática o estudo da geografia do bairro, entendendo este enquanto espaço de vivência cotidiana e aprendizado para os alunos. A escolha da temática central do projeto obviamente se deu pelo fato de sabermos que a escola na qual faríamos nossa intervenção caracteriza-se

A GEOGRAFIA DO BAIRRO EM SALA DE AULA · prioritariamente para a observação do espaço escolar, em especial da sala de aula, mas sem deixar de contribuir com a escola, através

Embed Size (px)

Citation preview

A GEOGRAFIA DO BAIRRO EM SALA DE AULA

Famara de Souza Lemos

Hiram de Aquino Bayer

Thalita Cristina Barroca

RESUMO

Na formação dos docentes em Geografia, os estágios supervisionados representam um

momento de teoria, prática e reflexão. Este é materializado através da elaboração de um

projeto de ação didática, a proposta deste projeto é um tema de ligação entre Geografia e

cotidiano, o estudo do bairro. Buscamos analisar a categoria espacial bairro como campo de

possibilidades relevantes para aliar a teoria ao cotidiano dos alunos, auxiliando no ensino-

aprendizagem da geografia. Nesse sentido, buscamos estreitar sua relação com os conceitos

de Lugar e Paisagem, e sua interseção com um fazer cartográfico mais aberto. Através de

aulas expositivas, dialogadas, com o auxílio e a confecção de mapas, observamos os alunos

compreenderem na trama do bairro os processos e fenômenos geográficos tornarem-se

visíveis. A seguir refletimos acerca das atividades desenvolvidas em nossa intervenção na

Escola Estadual Maia Neto.

Palavras-chave: Ensino de Geografia. Bairro. Lugar

INTRODUÇÃO

Os estágios supervisionados na licenciatura em geografia, constituem o momento no

qual os discentes têm seu primeiro contato com a escola. O estágio 1 voltando-se

prioritariamente para a observação do espaço escolar, em especial da sala de aula, mas sem

deixar de contribuir com a escola, através da realização de uma atividade de caráter pontual.

O estágio II com a proposta de construção de um projeto de ação didática, e aplicação do

referido projeto na escola.

Nesse sentido, os estágios supervisionados devem ser, não o momento apenas da

prática, mas também de reflexão sobre o exercício docente. Assim, quando pensamos nos

objetivos dos estágios supervisionados, temos certo que, a formação do professor-pesquisador

está na ordem do dia e deve ser pauta central na atual conjuntura. Sendo assim, esse tempo-

espaço do estágio deve servir não só ao planejamento e atuação – que sem dúvida são

extremamente importantes – mas também, à reflexão. Esta última, que certamente demanda

mais tempo e trabalho, é muitas vezes deixada de lado, principalmente após a formação dos

docentes e inserção no mercado de trabalho, o que ocorre por motivos diversos, como as

condições precárias de trabalho, a alta carga horária etc. o que não temos por objetivo

aprofundar neste trabalho.

Nas discussões durante as aulas do estágio, decidimos propor em nosso Projeto de

ação didática o estudo da geografia do bairro, entendendo este enquanto espaço de vivência

cotidiana e aprendizado para os alunos. A escolha da temática central do projeto obviamente

se deu pelo fato de sabermos que a escola na qual faríamos nossa intervenção caracteriza-se

por atender um público em grande parte residente no bairro Neopólis onde se situa a escola.

Sabendo disso, decidimos partir dos aspectos locais para os globais, propondo aos alunos o

estudo da geografia do bairro, para assim construirmos em sala os conceitos geográficos de

Lugar e Paisagem. O processo de orientação geográfica dos alunos deu-se com base na ideia

de leitura de mundo, e discutindo-se acerca de questões que os estimulassem a observar,

pensar e propor transformações no espaço em que vivem, no nosso caso os espaços da escola

e do bairro.

“Na literatura geográfica, o lugar está presente de diversas formas.

Estudá-lo é fundamental, pois ao mesmo tempo que o mundo é global,

as coisas da vida, as relações sociais se concretizam nos lugares

específicos. ” (CALLAI, 2002; p. 84)

O presente trabalho, assim, busca fazer uma reflexão acerca das atividades

desenvolvidas em nossa intervenção na escola. Para isso, iniciamos por uma discussão dos

conceitos geográficos trabalhados, a saber, lugar e paisagem. Em seguida, apresentamos nossa

justificativa didática, mostrando assim a pertinência do projeto. Fazemos também, uma

caracterização da escola e da turma na qual o Projeto de ação didática foi aplicado. Um quarto

momento, é reservado a exposição da metodologia escolhida para materializar as atividades e

também descrever como se deu o processo prático de intervenção. Por fim, expomos os

resultados alcançados através da nossa intervenção.

O BAIRRO E SUAS POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

Não é inusitado encontrarmos na sala de aula de Geografia uma dissociação entre

teoria e prática ou, mais precisamente, entre conceitos e temas contidos no material didático e

o contexto vivido pelo aluno em suas práticas cotidianas. Essa prática dissociativa traz

dificuldades importantes ao processo de ensino-aprendizagem, tornando a aula pouco

convidativa, desinteressante e, muitas vezes, sem sentido para o estudante. Nessa perspectiva

buscamos analisar a categoria espacial bairro como campo de possibilidades relevantes para

aliar a teoria ao cotidiano dos alunos, auxiliando no ensino-aprendizagem da geografia. Nesse

sentido, buscamos estreitar sua relação com conceitos importantes para a geografia, o Lugar e

a Paisagem, e sua interseção com um fazer cartográfico mais aberto.

O bairro emerge como o espaço imediato da vida cotidiana na cidade. É onde o viver-

agir humano se apresenta de forma mais forte. Em movimento constante e dinâmico, em

consonância com a dinamicidade inerente ao modo de vida urbano, o bairro apresenta forma e

função específica dentro de um contexto intraurbano. De acordo com Rossi (2001, p. 70), “o

bairro torna-se, pois, um momento, um setor da forma da cidade, intimamente ligado à sua

evolução e a sua natureza, constituído por partes e à sua imagem”.

No contexto interpretativo do que vem a ser o bairro, considera-se as contribuições da

Semiótica Urbana, que se alicerça na tríade: percepção-leitura-informação (FERRARA,

1988). Dessa forma, o bairro transforma-se em signo, imbuídos de significados a serem

decifrados. Abre-se uma a enorme variedade de abordagens do bairro com os alunos a partir

dessa perspectiva. Eles têm imagens do bairro formada em suas mentes, eles percebem seu

entorno. Ao professor cabe incentivá-los a lê-lo e a interpretá-lo. Há, pois, uma associação do

bairro a um sistema de objetos e ações no qual é legitimado pela percepção, pela leitura e pela

interpretação realizada por seus próprios usuários – moradores, sobretudo, mas também

indivíduos que corriqueiramente fazem uso de seus espaços ou que apenas transitam por ele.

Com isso, há de se ressaltar a indissociável relação entre uma dimensão material e uma

dimensão simbólica (GUILLERMO, 2012) que o mesmo assume.

Na cotidianidade assumida pelo bairro que emerge o campo rico para o ensino de

geografia. Para Certeau (2002) o cotidiano se acentua devido a dois fatores: a repetição e a

proximidade. O bairro, mais que a cidade, é o local onde esses dois fatores se realizam mais

fortemente. Primeiramente, porque é o espaço de transição entre o local de moradia – inserido

na esfera do particular – à cidade – situada na esfera do coletivo (CERTEAU, 1999). É onde,

impreterivelmente, deve-se passar caso queira chegar a moradia ou a um lugar qualquer, ou

seja, pode-se até mudar de rota, optar por esse ou por aquele caminho, mas para sair da

residência ou chegar nela, deve-se adentrar ao bairro. Esse ato “obrigatório” de vivê-lo de

alguma forma, por mais banal que seja, dá-lhe status de repetição. Além disso, é no bairro que

a proximidade com o outro, devido a essa repetição, a própria moradia, é facilitada. De acordo

com Carlos (2011, p. 244),

(...) o bairro como nível da prática socioespacial se revela no

plano do vivido (envolvendo a categoria habitante), que mostra a

condição da vida material, ganha sentido na vida cotidiana,

expressando as condições da reprodução espacial no mundo

moderno.

Contudo, faz-se necessário, também, pensá-lo inserido em um contexto condizente

com a realidade de grande parte dos espaços urbanos da atualidade, marcado por diferentes

nuances, desde o crescimento da própria cidade, perpassando pelas inovações técnicas e

informacionais, até fatores mais complexos como, por exemplo, a violência. Dessa forma, o

bairro enquanto espaço comunitário, da vivência mútua, das trocas, do sentimento de

pertencimento, tem sido fortemente ameaçado em virtude do crescimento das cidades e dos

processos de metropolização. Nesse sentido, Carlos (2011), ao tratar da condição espaço-

temporal nas metrópoles, já atenta para o fato de que se encontra inserido dentro de uma

lógica maior, de banalização do consumo, do enclausuramento cada vez maior das pessoas na

vida privada da própria casa, de condomínios residenciais que são, praticamente, um bairro

dentro do próprio bairro.

O bairro, portanto, contém dentro de seus limites o “local” e o “global”. Ali estão

contidas trajetórias individuais e singulares de cada usuário, dinâmicas próprias da localidade,

mas também contém aspectos de uma realidade mais ampla, da cidade e do mundo. É,

justamente, por essa sua capacidade “agregadora” de escalas distintas que o bairro pode ser

um instrumento valioso para o ensino da Geografia.

Nesse fazer cotidiano que o bairro é produto e produtor, abordar os vários lugares que

o compõe é de extrema riqueza para tratar do conceito de Lugar e de relacioná-lo com a

vivência dos estudantes. O lugar é o espaço da vivência. Um espaço qualquer pode,

gradativamente, tornar-se lugar a partir das experiências, vivências e usos que dele é feito.

Como bem é posto por Tuan (2013) o espaço é transformado em lugar à medida em que

vamos o conhecendo melhor e dotando-o de valor. É importante estabelecer uma relação

crítica entre o bairro e o lugar, no sentido de refletir com os alunos se todo o bairro pode

tornar-se um lugar ou se há lugares dentro do bairro - ou mesmo se não há lugares no bairro,

deixando claro que a formação de lugares é extremamente subjetiva e individual.

A partir das experiências dos alunos há uma potencialização da capacidade de

aprender a partir da própria vivência deles. De acordo com Tuan (2013, p. 18), “experienciar é

aprender; significa atuar sobre o dado e criar a partir dele”. E essa experiência resulta na

conformação tanto de dinâmicas locais, como de aspectos estritamente locais. Assim,

“compreender o lugar em que vive, permite ao sujeito conhecer a sua história e conseguir

entender as coisas que ali acontecem. Nenhum lugar é neutro, pelo contrário, é repleto de

histórias e com pessoas historicamente situadas (...)” (CALLAI, 2002, p. 84-85). Da

interseção entre bairro e lugar emerge inúmeras possibilidades para além do simples trato

teórico e conceitual, possibilitando a abordagem de outros temas.

O bairro acompanha transformações que estão vinculadas a aspectos externos e

internos a ele, como vimos anteriormente. Essas mudanças estão presentes em sua paisagem.

A noção de paisagem é tratada de forma mais abrangente como representação cultural,

coletiva e/ou individual (BESSE, 2014). Essa perspectiva de paisagem a insere dentro de uma

“interrogação” geral sobre a sociedade. Nesse sentido, “as determinações da construção

paisagística também são econômicas, religiosas, filosóficas, científicas e técnicas, políticas,

até psicanalíticas etc.” (BESSE, 2014, p. 18). Para Callai (2002), a paisagem é reveladora da

realidade de um determinado momento do processo. A paisagem, portanto, é o resultado do

processo de construção do espaço, únicas em sua aparência, mas extremamente diversa em

sua apreensão e significação.

Ativar nos alunos um olhar crítico através da paisagem do bairro é de suma

importância para se compreender dinâmicas de permanências e alterações pela qual a própria

cidade passa ao longo do tempo. Essa análise pode vir atrelada a um contato mais próximo

com a história do bairro que perpassa pela história de seus moradores. Assim, a “fonte de

informação” acerca dessas alterações paisagísticas podem ser encontrados nos pais dos

alunos, em moradores antigos do bairro, e são materializadas em fotografias, objetos,

construções e em formas discursivas das mais variadas.

Essas relações explicitadas entre os conceitos de Paisagem e Lugar a partir da

abordagem do bairro, podem ser matizadas em uma prática cartográfica que permita aos

alunos representarem e (re)criarem suas vivências e ao professor refletir com eles a partir e

acerca desses conceitos. Assim, o mapa pode ser definido como “representação gráfica que

facilita a compreensão espacial de coisas, conceitos, condições, processos ou acontecimento

no mundo humano” (SEEMAN, 2001, p. 62 apud HARLEY; WOODWARD, 1987).

DISCUTINDO AS METODOLOGIAS USADAS EM SALA DE AULA

Nesta perspectiva decidimos levar a análise do bairro para a sala de aula, partindo do

pressuposto anteriormente discutido referente às representações dos conceitos de paisagem e

lugar; os quais em uma visão mais ampla como a discussão sobre olhar mais atento a

paisagem do lugar em que ele vive, podem ocasionar uma facilitação à compreensão de outros

conceitos também explorados nas aulas de geografia, bem como trazem impressos em suas

exposições a valorização da cultura e das experiências dos alunos, que estes podem facilmente

perceber e aplicar em seu cotidiano.

Um estudo da paisagem que supere o ensino vazio e crie conceitos com

significados a ser aplicados na vida deve partir da valorização dos

espaços de vivência, das condições de existência do aluno e seus

familiares e das relações cotidianas, de modo que o aluno,

gradativamente, estabeleça relações cada vez mais elaboradas entre esse

cotidiano e a realidade mais ampla. (BOFETE; FACHINI, 2008; p.3)

A escolha de trabalhar a escala local com os alunos, para facilitar a condução destes as

demais escalas, reafirma a ideia de Callai (2002), pois o nível local traz em si o global, assim

como o regional e o nacional; ressaltando a importância da compreensão do lugar vivido pelo

discente, para que este possa elevar seu entendimento a realidades e conceitos semelhantes

experimentados em outros locais.

O trabalho com o cotidiano do aluno também ressalta a forma como este enxerga o

mundo e a dinâmica de relação entre o natural e o social, evidenciando nas inferências em sala

de aula quais as correlações que este faz a partir do senso comum e de sua experiência de

vida; além disto a utilização de estudos como este estão indicados nos parâmetros curriculares

nacionais reafirmando sua importância na formação do aluno-cidadão.

“O professor poderá trabalhar o cotidiano do aluno com toda a carga de

afetividade e do seu imaginário, que nasce com a vivência dos lugares.

A nova abordagem poderá ajudar o aluno a pensar a construção do

espaço geográfico não somente como resultado de forças econômicas e

materiais, mas também pela força desse imaginário” (BRASIL, 1998)

Para tanto, no trabalho desenvolvido com os alunos sobre os conceitos geográficos

inseridos em seu espaço de vivência (neste estudo tal espaço foi constituído como o bairro),

nós utilizamos a análise do saber prévio, o estudo do passado deste local, a análise de dados

do bairro, o mapeamento mental de áreas relacionadas com seu cotidiano, bem como a

espacialização do rearranjo destas áreas, pensando numa melhoria para o bem comum de toda

a comunidade.

Fazendo uma análise minuciosa das metodologias utilizadas para aos poucos permitir

que os alunos construíssem seus conceitos acerca do lugar, da paisagem e sua identificação

com o bairro em que residem; reitera-se que a observação da proposta didática como um todo,

a torna mais completa, porém faz-se necessário expor a discussão sobre os meios usados para

a obtenção de resultados satisfatórios.

O estudo histórico do lugar o qual está sendo analisado é importante, pois entender

como o espaço foi construído é essencial para que o aluno perceba qual o papel daquele local

e como o uso do seu espaço tem afetado não apenas na sua realidade, como de uma população

ampla do próprio bairro e da cidade.A dimensão histórica na análise geográfica favorece a

percepção dos significados de cada lugar para além das aparências e encaminha a

compreensão da realidade espacial como resultado de processos sociais da humanidade.

(CALLAI, 2002; p.99)

Deste modo, trazer dados atuais o quais caracterizem o bairro de forma que, lhe

permitam enxergar a realidade deste após tais processos históricos, reforça a importância da

primeira análise, e proporciona aos alunos uma visualização do lugar não apenas enxergando

suas impressões materiais, como também suas relações imateriais ligadas as funções

econômicas e sociais; atribuições estas que geram divergência de opiniões em toda a

população, portanto é comum que os discentes desconheçam da maioria destes dados ou que

mesmo não conhecendo, é possível que o seu reconhecimento com o lugar os permita fazer

colocações bem próximas as estatísticas fornecidas por órgãos oficiais. Digamos que, para

uma análise significativa, pode se partir da estrutura de um determinado espaço, fazer as

descrições e análises de tudo o que é visível (...) E aí entra a necessidade de explicar estas

descrições, e fundamentá-las. (CALAI, 2002; p.99).

Esse tipo de mapeamento mais aberto e fluido pode garantir uma reflexão mais

próxima da realidade acerca de dinâmicas do bairro que exprimam os lugares e as paisagens

dele, além de coloca-los em sintonia com as próprias práticas dos alunos. Durante a análise do

espaço, como lugar de vivência, perceber como o aluno enxerga tal área a partir de sua

descrição torna-se imprescindível, por isso escolhemos trabalhar com diversos tipos de

mapeamentos construídos pelos alunos para que estes possam enxergar o quanto reconhecem

seu ambiente cotidiano e especializarem-se nele, de forma a encontrar elementos que outrora

não viam, ou dar importância a estruturas que em dado momento não faziam parte de seu

reconhecimento da paisagem; neste ponto a compreensão do conceito de paisagem e as

habilidades criativas e cartográficas os auxiliaram no crescimento e na assimilação de tais

percepções em sua mente.

Cabe-nos, na Geografia, conseguir trabalhar com o mapa como o

resultado da síntese de um determinado espaço, seja produzindo-o a

partir de observações, de informações e de dados coletados, seja

fazendo sua leitura para conhecer determinado lugar. (CALAI, 2002)

Por fim cabe acrescentar que o uso dos diversos conceitos para propor ao aluno que

recrie seu bairro, dando novas espacializações a este; como afirma Ab’saber (2001). É aí que

entra a Geografia, com sua capacidade de ajudar o aluno a entender o local onde vive. Só

assim ele poderá, mais tarde, atuar sobre esse ambiente. Desta forma o aluno consegue não só

compreender os conteúdos geográficos como também enxerga seus deveres como cidadão e

sente-se participante da tomada de decisões acera de sua comunidade.

OBSERVAÇÕES DO AMBIENTE ESCOLAR DA ESCOLA ESTADUAL MAIA

NETO

Localizada na Rua Paraná, no bairro de Neópolis em Natal, Rio Grande do Norte. A

Escola Estadual Maia Neto atende o ensino fundamental I e II, durante o turno matutino a

escola é destinada para alunos do 1º ao 5º ano, a tarde vai do 6º ao 9º ano. A escola conta com

cerca de 30 a 35 alunos por turmas, 6 salas de aulas, todas com poucos alunos desnivelados.

Embora a escola ocupe um quarteirão, seu terreno não se torna maior devido à planta da

escola que a mantém menor decorrente dos espaços que não são ocupados. Não apresenta

grande extensão, mais é evidente que todos seus espaços são aproveitados pelos alunos, a

coordenação demonstra muita preocupação diante os horários livres dos discentes, levando

isso em consideração desenvolveu algumas atividades recreativas que complementam esses

horários livres, como grupos de dança, esporte e teatro.

Notamos que o corpo pedagógico da escola tem uma preocupação em buscar meios

para aproximar a escola da comunidade local, através das datas comemorativas, atividades

extraclasse e eventos sociais que envolvem a todos. A comunidade como um todo tem boas

referências dessa escola e os pais dos alunos são representados no conselho escolar exercendo

forte influência nas decisões da escola. Alguns alunos moram perto de outras escolas, mas por

decisão dos pais estudam nessa instituição.

Executamos o projeto do estágio II na turma do 8º ano “B”, na qual, é composta no

total por trinta e dois alunos e em sua maioria na mesma faixa etária entre 13 e 15 anos. A

mesma foi observada pelo grupo no decorrer do Estágio I e podemos dizer é ativa e

participativa. O problema da indisciplina não se apresenta fortemente na sala de aula, a

organização, interesse, participação da turma contribui muito para o desenvolvimento da aula.

Essas características possibilitaram um espaço de troca de experiência e de boa aprendizagem.

O PROJETO DE AÇÃO DIDÁTICA: A GEOGRAFIA DO BAIRRO

As possibilidades de associação entre conceitos como o de Lugar e o de Paisagem a

partir da abordagem do bairro como categoria de análise do espaço geográfico, matizadas em

práticas cartográficas menos rígidas, emergem como campo rico para a melhoria do ensino-

aprendizagem de Geografia na sala de aula. A seguir iremos discutir essas possibilidades, a

partir da descrição e análise crítica de uma atividade desenvolvida no Escola Estadual Maia

Neto, no qual foram abordados os conceitos de Lugar e Paisagem a partir do bairro de

Neópolis, Natal-RN, com uso de instrumentos variados, no qual a cartografia foi essencial. O

trabalho desenvolvido com a turma do oitavo ano, durou 2 semanas, utilizamos 4 aulas de 2

horários da professora. O tempo de desenvolvimento do projeto se deu como planejado, e

nesses quatro encontros colocamos em pratica nosso planejamento.

Primeiro encontro

Em nosso primeiro contato com a turma iniciamos nossa ação através do diálogo,

conversando com os alunos sobre o tema do nosso projeto "Geografia do lugar em sala de

aula". O ponto de partida em nossa discussão foi através dos conceitos de lugar, paisagem e

bairro. Dispostos em um círculo iniciamos nossa discussão, questionamos os discentes sobre

o bairro Neópolis, quais suas características geográficas básicas, como exemplo, a localização

do bairro na cidade, a identidade dos alunos com o bairro onde reside, sua importância no

desenvolvimento de sua infância e adolescência. Nesse momento diagnosticamos não só os

conhecimentos prévios dos alunos acerca do bairro, mas captamos como os conceitos de

lugar, paisagem e bairro se manifestam na percepção e vivência cotidiana.

Para dar ênfase a nossa indagação, usamos um mapa da cidade de Natal com os limites

territoriais dos bairros, de modo que eles representassem com um ponto o local que cada um

reside, assim utilizando o mapa de pontos composto pelos alunos, legitimamos nossa

observação de que a maioria reside em Neópolis e demos início as discussões referentes ao

bairro.

Imagem 2- Mapa de pontos (Fonte: Arquivo Pessoal)

Confrontando a visão que tinham do bairro com os dados oficiais da prefeitura de

Natal, levamos tabelas, mapas e gráficos contendo informações geográficas do bairro

Neópolis, como a sua população, pirâmide etária, área, renda da população, equipamentos e

serviços urbanos presentes no bairro. Com isso permitimos que os alunos visualizassem o

bairro com um local dotado de objetos e funções inseridas na trama locacional da cidade. Para

reiterar nossa exposição propomos como atividade a confecção de um mapa do bairro

Neópolis contendo os equipamentos urbanos existentes no bairro.

Segundo encontro

Em nossa segunda ação continuamos a trabalhar com os conceitos de paisagem, lugar

e bairro, iniciados na aula anterior. Propomos a observação do bairro com outro olhar,

enxergando no lugar de vivência cotidiana elementos que mostram características, dinâmicas

e problemas presentes nas cidades. O objetivo da aula foi de identificar no caminho traçado

diariamente pelos alunos de casa para escola, quais os lugares do bairro passam, o que sentem

sobre os locais que percorrem, onde a geografia está presente nesse caminho.

Imagem 3 – Discussão dos conceitos de lugar e paisagem (Fonte: Arquivo pessoal)

A noção de bairro nos permitiu essa ligação do local ao global, pois admitindo o bairro

como um fragmento da cidade somos capazes de visualizar nesse espaço fenômenos presentes

em toda a cidade, porém com intensidades e espacialidades diferentes. O conceito do lugar

nos permitiu trabalhar numa perspectiva fenomenológica, ressaltando a relação subjetiva do

sujeito com o espaço. Pela experiência e vivência se constrói o sentimento de pertencimento,

e o pertencer à um lugar denota a formação de um território por um grupo e pelo sujeito. A

paisagem foi um conceito chave e básico em nossa ação, a partir dela foi possível estabelecer

a relação com os demais conteúdos propostos.

No final de nosso encontro os alunos produziram um mapa mental representando o seu

caminho de ida e volta da escola para casa. Esse croqui elaborado por eles permitiu perceber

na paisagem elementos e fenômenos geográficos, como a presença de vários equipamentos e

serviços urbanos em diversos locais do bairro, a organização especial dos objetos no espaço

do bairro, as funções residenciais e comerciais presentes no bairro. Ao término da atividade

desenvolvida, finalizamos nossa atuação com a análise de dados relacionados aos serviços

básicos e equipamentos urbanos que o bairro dispõe e foram ilustrados pelos alunos. No qual

debatemos sobre o funcionamento desses elementos espaciais, o contato que os docentes

possuem com determinado local e sua importância para os habitantes.

Segundo alguns alunos, áreas como as praças são mais visitadas por pessoas da

terceira idade e crianças acompanhas por seus pais, ainda mencionaram que muitos aparelhos

de ginástica se encontravam danificados devido à ausência de manutenção por parte da

prefeitura e as unidades de saúde nem sempre forneciam um atendimento completo,

entretanto, as quadras e campos de futebol são bastante utilizados e se caracterizam como um

dos principais locais de encontro pelos jovens.

Imagem 4 – Produção do mapa mental que indica o trajeto fito de casa para a escola (Fonte: Arquivo

Pessoal)

Terceiro encontro

Trabalhando com o conceito de paisagem, urbanização e transformação do bairro

Neópolis realizamos nosso terceiro encontro intitulado “Conhecendo o passado do bairro

Neópolis”. Esse encontro foi iniciado com a discussão das respostas obtidas pelos alunos

sobre as questões que eles haviam levado para responder em casa na aula anterior,

questionando a seus pais e outros moradores do bairro sobre um pouco do histórico deste,

feito isto os reunimos em grupos onde estes puderam discutir seus resultados e depois

expuseram para toda a turma o que haviam discutido.

Para nossa surpresa a maioria dos alunos além de realizar a pesquisa como sugerimos,

também tiveram dificuldades semelhantes as nossas de encontrar imagens antigas do bairro,

porém alguns trouxeram fotos deles próprios quando criança em locais que devido ao

crescimento urbano não apresenta as mesmas características físicas de antigamente.

Em um segundo momento utilizamos fotografias antigas trazidas pelos alunos, falas

dos pais e avós sobre o bairro, e a própria consideração dos alunos sobre como o bairro era e

como ele está. A partir disto, realizamos uma análise sobre as modificações sofridas pelo

bairro ao longo dos anos, a valorização da terra, a construção de novos equipamentos urbanos,

a inserção de novos serviços urbanos. Com isso, construímos nos alunos a percepção de

mudança sempre presente na cidade, provocada pelo constante e crescente processo de

urbanização. Nosso olhar apontava para observação das semelhanças e diferenças existente no

bairro de hoje, comparado ao bairro do passado. Para uma melhor visualização disto levamos

fotos atuais do bairro para compararmos as fotos antigas levadas pelos alunos, foi elaborado

um mural com as várias fotos do bairro, apresentando pela fotografia as suas mais diversas

expressões e evoluções ao longo dos anos.

Imagem 5 – Discussão dos resultados obtidos através dos questionamentos feitos aos pais e moradores

do bairro (Fonte: Arquivo Pessoal)

Imagem 6 – Construção do mural histórico do bairro de Neópolis (Fonte: Arquivo Pessoal)

Imagem 7 – Mural histórico do bairro de Neópolis (Fonte: Arquivo Pessoal)

Quarto encontro

A finalização do nosso projeto teve como tema “Se esse bairro fosse meu”, a aula se

desenvolveu baseada em duas questões “É necessário melhorar o bairro que você mora? ”, “O

que gostaria que tivesse no bairro? ” Com essas duas questões em mente os alunos

organizados em grupo elaboraram três proposições de mudança no bairro: para a rua, para o

entorno da escola e para os espaços públicos. Nosso objetivo foi de pensar em melhorias para

o bairro, sejam ela sob a perspectiva da infraestrutura ou de convivência social. Nesse

encontro reforçamos a importância e necessidade dos equipamentos e serviços urbanos para o

bairro, e discutimos coletivamente quais as possíveis mudanças seriam benéficas para o lugar,

visando o bem-estar da população que habita o bairro Neópolis.

A visualização das melhorias para o bairro ocorreu, por meio da construção de um

painel coletivo sobre o bairro Neópolis. O painel foi produzido com papel madeira, desenho

do mapa do bairro, e desenhos dos equipamentos, serviços e tudo que os alunos desejavam

para o bairro. Os desenhos elaborados mostravam o desejo do que para eles eras necessário,

alguns dos desenhos ilustravam o desejo de um bosque, de praças com WiFi, Postos e

delegacias, Metrô e Trem, MC’ Donalds, Piscinas, Paradas de ônibus. O bairro que os alunos

querem expressou a necessidade de uma revitalização das estruturas presentes no bairro, para

que haja um melhor convívio nos espaços público.

Imagem 8- Mural “Se esse bairro fosse meu” (Fonte: Arquivo pessoal)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer de nossa formação, identificamos que o “ser professor” não se limita

apenas ao docente frente à turma, a transposição didática se enriquece significativamente na

participação do aluno, é válido que esse se insira nas indagações e passe a construir seu

pensamento crítico a partir de suas observações diante o tema trabalhado, porém cabe ao

professor mediar o conhecimento a ser construído, Oliveira (2014, p. 82) afirma que:

“O aluno também pode exercer a mediação em algum momento

através da relação com seus colegas de turma, pode trabalhar

coletivamente por objetivos comuns, ajudando o próprio

professor, que não é o único mediador no ensino-aprendizagem.

Dessa forma, o professor exerce o papel de mediar

didaticamente à atividade de desenvolvimento cognitivo. ”

Nesse sentido planejamos nossas ações pautadas no objetivo de proporcionar uma

análise reflexiva sobre o bairro onde a escola se insere, de modo que os atuais agentes

modeladores desse espaço passassem a delinear sua percepção baseadas nas diversas

paisagens que definem Neópolis. Fazendo uma correlação com as demais escolas públicas de

Natal, constatamos que a Escola Estadual Maia Neto, de modo atípico, possui em sua grande

maioria alunos residentes do bairro onde a instituição situa-se. A partir de tal constatação

achamos interessante estudar o bairro como lócus de vivência dos alunos, levando em

consideração como se configura o uso de tal espaço por eles.

Segundo Callai (2002), para se conseguir ler um mapa e compreendê-lo seria

necessário antes que ocorresse uma “alfabetização cartográfica”, e após trabalharmos

conceitos de lugar, paisagem e espaço junto à turma seguimos utilizando ideias dessa

metodologia, onde os alunos primeiro fizeram uma representação do bairro Neópolis em

forma de desenho de acordo com a imaginação de cada um e posteriormente pedimos para

desenharem um mapa com o trajeto da residência até a escola de acordo com a percepção

deles, e percebemos que a partir do confronto com a discussões feitas houve uma mudança de

olhar dos alunos.

Notamos que nossa última intervenção foi de grande importância para entendimento

dos alunos e para nós do sobre a perspectiva do bairro, abordando problemáticas, relações

ocorridas em Neópolis, possíveis soluções para determinados problemas do bairro, etc., com

participação positiva de todos. E mesmo diante de alguns imprevistos pudemos perceber e

necessidade do professor estar pronto a fugir do seu planejamento e propor novos caminhos

para a realização da atividade, neste sentido afirma Oliveira (2014, p.81). As práticas de

ensino passam pelo desafio do professor ter habilidades e competências para desenvolver sua

atividade frentes as diversas circunstâncias.

Para o grupo a interação com a turma foi bastante positiva, uma vez que a turma

participou de modo dinâmico da intervenção e ao final percebemos junto á professora de

Geografia da turma uma percepção bem mais esclarecida no que se refere aos conceitos de

paisagem, espaço e lugar, além de limites municipais e principalmente do tema trabalhado que

foi o bairro onde a escola é situada, onde especificamente bairro se trata de um tema que

raramente ou nunca aparece em livros didáticos ou é aplicado nas escolas, notamos também

uma melhor percepção em leitura de mapas e orientação espacial que os alunos passaram a

ter.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLAI, Helena Copetti. Estudar o lugar para compreender o mundo. In: CASTROGIOVANNI, Antonio

Carlos; CALLAI, Helena Copetti; KAERCHER, Nestor André. Ensino de geografia: práticas e textualizações

no cotidiano. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2002. Cap. 2. p. 83-133.

GARCIA, Tânia Cristina Meira; GARCIA, Tulia Fernanda Meira. Espaço, memória e identidade: nossos velhos

e nossas cidades. In: MORAIS, Ione Rodrigues Diniz; GARCIA, Tânia Cristina Meira; SANTOS SOBRINHO,

Djanní Martinho dos. Educação Geográfica: ensino e práticas. Natal: Edufrn, 2014. Cap. 6. p. 101-120.

OLIVEIRA, João Paulo de. Atividade mediadora do professor de geografia. In: MORAIS, Ione Rodrigues Diniz;

GARCIA, Tânia Cristina Meira; SANTOS SOBRINHO, Djanní Martinho dos. Educação Geográfica: ensino e

práticas. Natal: Edufrn, 2014. Cap. 4. p. 71-86.

BOFETE, Jocilene; FACHINI, Margarida Peres. ESTUDO DA PAISAGEM POR MEIO DO ESPAÇO DE

VIVÊNCIA DO ALUNO. 2008. Disponível em:

<http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_jocilene_bofete.pdf>. Acesso

em: 25 maio 2015.

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: geografia /Secretaria de

Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

GUILLERMO, A. Rios. As Cidade Como Cenários de uma Aprendizagem Integradora. Em aberto, Brasília,

v. 25, n.88, p. 163-174, jul/dez, 2012.

FERRARA, Lucrécia d’Aléssio. Ver a Cidade: cidade, imagem, leitura. São Paulo: Nobel, 1988.

ROSSI, Aldo; BRANDÃO, Eduardo. A Arquitetura da Cidade. 2. ed. São Paulo SP: Martins Fontes, 2001.

CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano: artes de fazer. 4.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

CARLOS, Ana Fani Alessandri; SOUZA, Marcelo Lopes de; SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão (Org). A

Produção do Espaço Urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2011.

BESSE, Jean-Marc. O Gosto do Mundo: exercícios de paisagem. Rio de janeiro: EDUERJ, 2014.

SEEMAN, Jörn. “Cartografias Culturais” na Geografia Cultural: entre mapas da cultura e a cultura dos

mapas. Boletim Goiano de Geografia, vol 21, nº 2, jul./dez. 2001, p. 61-82.

SEEMAN, Jörn. Mapas, Mapeamentos e a Cartografia da Realidade. Geografares, Vitória, nº 4, jun. 2003, p.

49-60.

TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.