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A Hipérbole como Método de Localização de Descargas Atmosféricas Bruno N. P. de Miranda , Brígida R. P. da Rocha, Neuma T. dos Santos, Valquíria G. Macedo Universidade Federal do Pará Faculdade de Engenharia Elétrica 66075-110, Campus do Guamá, Belém, PA E-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Carlos Simões Pereira Sistema de Proteção da Amazônia SIPAM Avenida Júlio César, 7060 Val de Cans Belém-PA E-mail: [email protected] Palavras Chave: Matemática Aplicada, Descargas Atmosféricas, Hipérbole, Localização, Tempo de Chegada. Resumo: Este trabalho tem como finalidade demonstrar que a matemática, especificamente a hipérbole, é uma ferramenta de grande aplicabilidade. Para confirmar são mostradas fórmulas que através da técnica da hipérbole possibilitam localizar ocorrências de descargas atmosféricas detectadas por vários sensores. 1 Introdução O objetivo deste trabalho é destacar a importância da hipérbole (pertencente à família das curvas cônicas), dentro de uma aplicação de física atmosférica na detecção de descargas atmosféricas e favorecer o campo da didática, demonstrando a importância do uso da matemática em problemas reais. Descarga atmosférica (raio, relâmpago) é o fenômeno pelo qual uma grande quantidade de cargas elétricas atinge energia suficiente para superar a rigidez dielétrica do ar. Uma descarga atmosférica gera um campo eletromagnético que gasta tempos diferentes para atingir as estações detectoras situadas a diferentes distâncias em relação ao ponto de incidência. Se as estações estiverem sincronizadas temporalmente é possível determinar o lugar geométrico de ocorrência do evento através da diferença entre os tempos de chegada de uma radiação em várias estações. Como as radiações propagam-se com a velocidade da luz, a diferença constante no tempo de chegada entre duas estações define uma hipérbole. Com isso, várias estações dão origem a múltiplas hipérboles cujas interseções definem a localização da fonte de radiação [2]. 2 Metodologia A técnica utilizada para mapear esses eventos é a diferença no tempo de chegada (Time of Arrival TOA), também conhecido como método das hipérboles, mostrado na Figura 1. Figura 1- Método das hipérboles para detecção de descargas atmosféricas Fonte (BENETI, C.A.A. et al., 2005) ISSN 2317-3289 53

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A Hipérbole como Método de Localização de Descargas Atmosféricas

Bruno N. P. de Miranda, Brígida R. P. da Rocha, Neuma T. dos Santos,

Valquíria G. Macedo Universidade Federal do Pará – Faculdade de Engenharia Elétrica

66075-110, Campus do Guamá, Belém, PA

E-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Carlos Simões Pereira Sistema de Proteção da Amazônia – SIPAM

Avenida Júlio César, 7060 – Val de Cans – Belém-PA

E-mail: [email protected]

Palavras – Chave: Matemática Aplicada, Descargas Atmosféricas, Hipérbole, Localização, Tempo

de Chegada.

Resumo: Este trabalho tem como finalidade demonstrar que a matemática, especificamente a

hipérbole, é uma ferramenta de grande aplicabilidade. Para confirmar são mostradas fórmulas que

através da técnica da hipérbole possibilitam localizar ocorrências de descargas atmosféricas

detectadas por vários sensores.

1 Introdução

O objetivo deste trabalho é destacar a importância da hipérbole (pertencente à família das curvas

cônicas), dentro de uma aplicação de física atmosférica na detecção de descargas atmosféricas e

favorecer o campo da didática, demonstrando a importância do uso da matemática em problemas reais.

Descarga atmosférica (raio, relâmpago) é o fenômeno pelo qual uma grande quantidade de cargas

elétricas atinge energia suficiente para superar a rigidez dielétrica do ar. Uma descarga atmosférica

gera um campo eletromagnético que gasta tempos diferentes para atingir as estações detectoras

situadas a diferentes distâncias em relação ao ponto de incidência.

Se as estações estiverem sincronizadas temporalmente é possível determinar o lugar geométrico de

ocorrência do evento através da diferença entre os tempos de chegada de uma radiação em várias

estações. Como as radiações propagam-se com a velocidade da luz, a diferença constante no tempo de

chegada entre duas estações define uma hipérbole. Com isso, várias estações dão origem a múltiplas

hipérboles cujas interseções definem a localização da fonte de radiação [2].

2 Metodologia

A técnica utilizada para mapear esses eventos é a diferença no tempo de chegada (Time of Arrival

– TOA), também conhecido como método das hipérboles, mostrado na Figura 1.

Figura 1- Método das hipérboles para detecção de descargas atmosféricas

Fonte (BENETI, C.A.A. et al., 2005)

ISSN 2317-3289

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No caso da Figura 1, quando ocorre um raio, os três sensores detectam a radiação emitida pelo

evento. Considerando que o sensor 1 foi o primeiro a registrar o pulso de radiação, as diferenças de

caminhos percorridos pela radiação entre os sensores 1 e 2 (d12 ) e os sensores 1 e 3 (d13 ) são

calculadas conforme as equações 1 e 2.

d12= c (t2-t1) (1)

d13= c (t2-t1) (2)

Porém como é possível conhecer a localização de instalação de cada sensor, nota-se que, essa

diferença de caminho corresponde as seguintes equações:

(3)

(4)

As equações 3 e 4 são equações de hipérboles, portanto a localização da descarga é determinada

pelo ponto de cruzamento entre as hipérboles associadas as diferenças de caminho da radiação. Note

que os focos das hipérboles correspondem as posições dos sensores, assim cada dois sensores definem

duas hipérboles. O cruzamento das hipérboles representa uma solução, em que, a diferença de caminho

percorrido pela radiação corresponde ao tempo de detecção em cada sensor. Quando ocorre mais de

um cruzamento entre as hipérboles, é considerado o ponto de cruzamento mais próximo ao sensor que

identificou a descarga com o menor tempo [1].

3 Conclusão

A matemática é um vasto campo de aplicações e a hipérbole ainda é vista pela maioria dos alunos

como pouco aplicável. A ideia neste artigo é divulgar essa aplicação no campo da física atmosférica

para a localização de descargas atmosféricas e comunicar que através dessa metodologia está sendo

realizado um trabalho utilizando dados de três sensores que estão dispostos no aeroporto de Belém, em

Outeiro e o outro em Benevides, localidades do Estado do Pará, que fizeram parte do experimento

realizado pelo Projeto Chuva.

4 Agradecimentos

Ao SIPAM, que mediante parceria com a UFPA, cede os dados da RDR-SIPAM e espaço em suas

instalações para o desenvolvimento desta e de outras pesquisas.

O autor Bruno N. P. de Miranda agradece ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico pelo apoio financeiro recebido em forma de bolsa de Iniciação Científica.

5 Referencias

[1] E. M. Anselmo. Estudo da Razão entre o Número Real de Relâmpagos Intranuvem e Nuvem-solo

para Sistemas Convectivos na Cidade de Campo Grande – MS. Dissertação de mestrado.

Departamento de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, 2009.

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[2] K. P, Naccarato, Estudo de Relâmpagos no Brasil com base na Análise de Desempenho do Sistema

de Localização de Tempestades, Dissertação de Mestrado em Geofísica Espacial. INPE. São José dos

Campos, 2001.

[3] S. Visacro Filho, Descargas atmosféricas: uma abordagem de engenharia, São Paulo; Artiber

Editora, 2005.

[3] C. A. W. Zandoná. Ambiente de Vizualização Integrado para Modelos Numéricos de Previsão de

Tempo e Informações Ambientais, Dissertação de Mestrado. Setor de Tecnologia. Curitiba, 2005.

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