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A HISTÓRIA DA CIÊNCIA COMO PRINCÍPIO BÁSICO PARA O ENSINO DE ANATOMIA
HUMANA
Autor: Mardja Cássia Cioffi Ferreira1
Giovani Marino Fávero2
Resumo
Discutir os encaminhamentos metodológicos diferenciados no ensino de ciências auxilia o processo de ensino-aprendizagem tornando os alunos críticos a fim de formar os conceitos científicos. Porém a ciência, muitas vezes pode se tornar muito abstrata e ou descontextualizada para os alunos, principalmente os de ensino fundamental. Em virtude disso, procurou-se resgatar a história da ciência, proporcionando aos alunos uma ligação entre o passado e a ciência atual. O principal objetivo foi a elaboração de um instrumento didático-pedagógico, que auxilie os alunos a utilizar-se de mais esse recurso como ferramenta no processo de aprendizagem, visando a otimização da relação entre professor-conteúdo-aluno. Aplicou-se o material a um grupo de dez alunos e desenvolveu-se utilizando propostas que envolvem a história da anatomia com o sistema circulatório. Os alunos tiveram oportunidade de interagirem com várias atividades envolvendo imagens, textos, pesquisas na internet e concluiu-se com a montagem de um material confeccionado para utilização na TV multimídia com apresentação.
Palavras chave: história, anatomia, aprendizado.
Abstract
1 Introdução
A ciência, muitas vezes pode se tornar muito abstrata ou descontextualizada
para os alunos, principalmente os de ensino fundamental. Discutir os
encaminhamentos metodológicos diferenciados aproxima essas questões e auxilia o
processo de ensino-aprendizagem, pois o objetivo principal da DCE de ciências é
aproximar os alunos do conhecimento científico, despertando o espírito crítico no
estudante e estimulando-o a questionar, incentivando-o a buscar o conhecimento.
Dessa forma, contribuindo para o combate de preconceitos e posições autoritárias,
construindo uma sociedade verdadeiramente democrática.
Procura-se resgatar a história da ciência como um encaminhamento
metodológico, proporcionando aos alunos uma ligação entre o passado e a ciência
atual, fazendo a constatação de que os conceitos não apareceram como mágica,
sendo uma verdade absoluta, eles vieram através dos tempos pela contribuição de
grandes cientistas que viveram numa época aonde os equipamentos, literatura e
conhecimento não alcançavam o que temos hoje.
O que é apresentado atualmente como ciência, teve uma longa caminhada
através dos tempos e depende diretamente da contribuição de cientistas que
começaram a investigar, experimentar o que não era uma verdade.
Acredita-se que com o conhecimento da história da ciência dentro do
conteúdo de anatomia humana, os alunos possam fazer a ligação entre como era o
pensamento antigo e discernir que a partir dele conseguiu-se chegar ao
conhecimento atual, tendo uma melhor fixação e aplicação do conteúdo.
A fim de concretizar uma proposta metodológica que privilegie a história da
ciência para o ensino da anatomia humana, foi proposta a elaboração e aplicação de
material didático tendo como base a história da anatomia humana correlacionando
com o conteúdo curricular.
O material didático foi utilizado pelos alunos em sala de aula e laboratório de
informática, o qual foi bem recebido e trabalhado com afinco percebendo a relação
existente entre o desenvolvimento científico e tecnológico do estágio pré-científico
até a atualidade.
2 Desenvolvimento
Sendo fonte de pesquisa de vários educadores, a ciência como estudo não é
isolada e fragmentada como tem sido apresentada e é deficiente no processo
ensino-aprendizagem.
Segundo WORTMANN (2003) a disciplina de ciências deve ser uma disciplina
a reunir conceitos oriundos de diferentes áreas em uma única disciplina.
Percebe-se então, que o profissional que atua no ensino de ciências está
incumbido de trabalhar conteúdos específicos, podendo articular a história da ciência
juntamente com os conteúdos estruturantes astronomia, matéria, sistemas
biológicos, energia e biodiversidade.
A ciência é um processo de construção do conhecimento humano e que deve
ser apresentado aos alunos como um produto que ainda não está totalmente
acabado devendo-se assim, evitar a memorização do conteúdo sem retomar as
questões históricas do processo de construção desse conhecimento, explorando
este sob um caráter mais amplo, resultando numa reflexão interdisciplinar.
Segundo MARTINS (1990) a história da ciência é fundamental para o
professor de Ciências, pois ele não apenas transmite o conhecimento aos seus
alunos os conteúdos (resultados) dessa ciência, mas também (consciente ou
inconscientemente) uma concepção sobre o que é Ciência.
BASTOS (1998) considera que a história da ciência contribui para a melhoria
do ensino de Ciências porque propicia melhor integração dos conceitos científicos
escolares, como conteúdo específico em si mesmo e como fonte de estudo que
permite ao professor compreender melhor os conceitos científicos, assim,
enriquecendo suas estratégias de ensino.
Consta nas DCEs, que se deve abordar a história da ciência para sua própria
formação científica, propiciando melhorias na abordagem dos conteúdos específicos
e mostrando que o conhecimento científico não é uma verdade absoluta e imutável.
Quando se trabalha com a construção histórica do conhecimento, a filosofia
da ciência e muitas outras disciplinas aprimoram este conhecimento se usadas
como ferramentas de aprendizagem. Esta orientação é apresentada pela SEED,
para os professores do ensino fundamental nas Diretrizes Curriculares.
Um determinado processo educativo ser compreendido a partir das reflexões empreendidas sobre as relações cotidianas entre professores e alunos na sala de aula. Quanto mais abstrações (teoria) pudermos pensar sobre esta categoria simples, empírica (relação professor/aluno), mais próximo estaremos da compreensão plena do processo educacional em questão (PIRES, 1997, p. 92).
Regem as DCEs/PR de Biologia e Ciências, que se deve abordar a história da
ciência e da filosofia como importante recurso didático, para discutir o processo de
evolução do conhecimento científico e questões ambientais.
O ensino de Ciências deve tornar os alunos capazes de avaliar e questionar
os produtos da ciência e da tecnologia reconhecê-la como integrante do seu
cotidiano e que, em alguns casos, esteja sujeita a interesses sociais, econômicos,
políticos, éticos e morais.
Na DCE/PR Ciências (PARANÁ, 2008 b, p. 24) alguns entendimentos que
consideram necessários ao processo de formação do professor: conhecer a história
da Ciência, associando os conhecimentos científicos com os contextos políticos,
éticos, econômicos e sociais que originaram sua construção. Podendo assim,
compreender os obstáculos epistemológicos a serem superados para que o
processo ensino-aprendizagem seja bem sucedido.
O professor de Ciências precisa conhecer os conteúdos de forma
aprofundada e adquirir novos conhecimentos que contemplem a proposta curricular
da escola, os avanços científicos e tecnológicos, as questões sociais e ambientais,
para que seja um profissional bem preparado e possa garantir o bom aprendizado
dos estudantes.
Superar práticas pedagógicas centradas em um único método é ponto chave
das reflexões da diretriz que aponta para a necessidade de um pluralismo
metodológico.
KRASILCHICK (2005) descreveu diferentes tipos de aulas de laboratório que
são utilizadas no ensino de Ciências com o intuito de permitir gradativos níveis de
autonomia ao aluno. No entanto, em grande parte dos casos, as aulas de laboratório
são predominantemente de demonstração, pois não há reflexão sobre o problema a
ser investigado. Dessa forma, essa atividade que deveria ser uma ferramenta de
construção de conhecimento torna-se ineficiente.
Nas últimas duas décadas, ainda tentando melhorar o ensino, os recursos
de informática passaram a ganhar importância para professores, estudantes e para
a sociedade em geral. A escola precisa acompanhar o desenvolvimento da
tecnologia, pois a alfabetização não se limita à leitura, à escrita e ao cálculo. As
linguagens científicas e tecnológicas precisam ser inseridas no processo para que
não haja o distanciamento da sociedade OLIVEIRA (2010).
Segundo OLIVEIRA (2010) a formação dos professores de Ciências e
Biologia, geralmente está pautada em uma concepção de ensino voltada a aulas de
laboratório, por outro lado na prática educacional rotineira, os livros didáticos são
usados predominantemente como instrumento de ensino-aprendizagem. Estas
práticas pedagógicas podem tornar o processo de aprendizagem limitado à simples
memorizações dos conteúdos, pois existe a preocupação de “vencer” os conteúdos
apresentando aos alunos uma quantidade de informações sem preocupar-se com o
processo de ensino.
Segundo OLIVEIRA (2010) interferir, criar condições à apropriação do
conhecimento e sua participação efetiva na sociedade é papel fundamental do
professor no processo pedagógico. Analisar a ciência como processo de construção
humana, histórica e em transformação, nos possibilita repensar a nossa prática
pedagógica, mudar conceitos e teorias elaboradas ao longo da história, levando em
consideração o momento social, político, histórico, cultural e econômico em que este
conhecimento surgiu.
A Pedagogia Histórico-Crítica é tributária da concepção dialética, especificamente na versão do materialismo histórico, tendo fortes afinidades no que se refere à suas bases psicológicas, com a psicologia histórico-cultural desenvolvida pela escola de Vygotski. A educação é entendida como um ato de produzir direta ou indiretamente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida historicamente e coletivamente pelo conjunto de todos os homens. Em outros termos, isso significa que a educação é entendida como mediação no seio da prática social global. A prática social, portanto, põem como ponto de partida e ponta de chegada da prática educativa. Daí decorre um método pedagógico que parte da prática pedagógica em que o professor e o aluno encontram-se igualmente inseridos, ocupados, porém, em posições distintas, condição para que travem uma relação fecunda na compreensão e no encaminhamento da solução dos problemas postos pela prática social. Aos momentos intermediários do método, cabe identificar as questões suscitadas pela prática social (problematização), dispor os instrumentos teóricos e práticos para sua compreensão e solução (instrumentalização) e viabilizar sua incorporação como elementos integrantes da própria vida dos alunos (catarse) (SAVIANI, 2008, p. 420).
Segundo KRASILCHIK (2005) não se pode desconsiderar que uma parcela
significativa das informações é obtida por meio da observação direta dos organismos
ou fenômenos ou por meio de observação de figuras, modelos, etc.
A concepção do materialismo histórico dialético e a pedagogia histórico
crítica, tornaram-se referenciais teóricos importantes nestes documentos,
compreendendo a educação no contexto da sociedade. A ciência passou a ser
apresentada para os educandos como produto que ainda não está totalmente pronto
e acabado, evitando marcar a memorização do conteúdo sem nenhuma reflexão das
implicações dos avanços biológicos e tecnológicos na sociedade, ou ainda, sem
retomar as questões filosóficas e históricas do processo de construção do
conhecimento.
Com base em trabalhos da área de educação desenvolvidos na última
década do século XX, a DCE/PR indica que a ciência deve ser apresentada como
um processo de construção humana em constante evolução (PARANÁ, 2008b).
Neste aspecto, as DCEs/PR de Biologia e Ciências pretendem promover a
cidadania, educando para que os indivíduos possam assumir uma postura crítica
frente às situações problema no seu cotidiano, analisando-a criticamente, não
apenas na área de ciências naturais, mas em todos os segmentos da sociedade.
O presente trabalho visa à interação da história da anatomia, com um
conteúdo de Ciências do oitavo ano do ensino fundamental, sistema circulatório,
fornecendo informações para que o educando tenha condições de melhorar sua
formação científica.
“Ensinar um resultado sem a fundamentação é simplesmente doutrinar e não
ensinar ciência” (MARTINS, 1990, p. 04).
Segundo Chassot (2006), é papel da escola promover a alfabetização
científica. Contudo é necessário diversificar a maneira de introduzir e fixar o
conteúdo, e formar um sujeito com compreensão e conhecimento.
3 Metodologia
Inicialmente foi realizada uma extensa revisão da literatura sobre a história da
ciência, sendo consultadas as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de
Ciências e pesquisas na internet.
A implementação da unidade didática desenvolveu-se se utilizando de várias
atividades e estratégias que visaram o aprendizado significativo.
A intervenção realizou-se com um grupo de dez participantes do 8º ano do
ensino fundamental do Colégio Estadual Professor Júlio Teodorico que frequentaram
encontros semanais no contraturno, trabalhando com as atividades propostas que
envolvem a história da anatomia com o conteúdo de sistema circulatório,
oportunizando a verificação da aprendizagem.
A implementação ocorreu no terceiro período de atividades do PDE de agosto
a dezembro de 2011, em datas agendadas com antecedência.
Foram confeccionadas carteirinhas de identificação dos alunos do projeto
para que os participantes tivessem permissão de entrar no Colégio e no laboratório
de informática.
Na realização dos trabalhos os alunos realizaram pesquisas on-line sobre as
questões apresentadas e concluíram as atividades propostas no material, assim
concluindo o trabalho.
As ações para implementação do projeto trabalhadas com o desenvolvimento
dos alunos foram divididas em número de cinco para melhor aplicação do trabalho.
A Unidade Didática A História da Ciência como princípio básico para o ensino
de anatomia humana, provocou curiosidade entre os participantes especialmente no
momento que descobriram que alguns artistas conhecidos mundialmente, estão
ligados ao estudo anatômico do corpo humano.
Os educandos realizaram pesquisas na internet sobre os temas propostos,
desenvolveram as questões propostas, e fizeram os questionamentos necessários a
apreensão dos conteúdos.
Atividades e questões foram desenvolvidas e contextualizadas a cada ação
realizada contando também com o conhecimento de cada aluno.
2.1 Ação 1: Apresentação do projeto de implementação
Neste primeiro momento apresentou-se o projeto de implementação de
intervenção pedagógica na escola para os professores e equipe gestora,
funcionários e professores através de banner apresentado na semana pedagógica.
Durante a exposição explanou-se sobre o trabalho a ser desenvolvido no
processo de ensino aprendizagem tendo por objetivo identificar a ação proposta pelo
professor PDE na área de Ciências para que o ensino de anatomia humana se torne
mais efetivo e atrativo aos educandos.
2.2 Ação 2: Apresentar a proposta pedagógica aos alunos selecionados.
Apresentou-se a proposta pedagógica aos adolescentes e o material didático,
através de imagens, enaltecendo a história da anatomia e a aprendizagem em todos
os momentos da implementação.
Foram focadas as diversas atividades inseridas no material, compreendendo
que a anatomia faz parte do corpo humano desde os primórdios dos tempos.
Os educandos perceberam que poderiam participar de forma ativa e
participativa, construindo conhecimentos e buscando cada vez mais o aprendizado
mostrando-se animados e com vontade de participar.
2.3 Ação 3: Inserção do material didático nos computadores do laboratório de
informática.
Inseriu-se nos computadores de informática as atividades previamente
elaboradas pelo professor PDE relacionadas ao tema proposto deixando-as prontas
para que os alunos pudessem trabalhar no laboratório de informática do Colégio
com o material didático.
Os alunos puderam refletir sobre a importância dos trabalhos com o uso da
tecnologia e o enriquecimento do trabalho proposto, pois o mundo virtual está a
disposição de quem necessita de informações confiáveis e que a internet não é só
para a utilização em redes sociais.
Aliar o que atrai a atenção dos alunos com conteúdo torna-se uma prática
prazerosa em que os envolvidos podem tornar-se participativos e críticos ao mesmo
tempo.
2.4 Ação 4: Apresentação do material didático aos alunos
Em um primeiro momento no ambiente virtual os alunos criaram uma pasta,
cada uma com o seu nome, para que pudessem trabalhar com maior comodidade e
segurança de não perder o trabalho efetuado.
Com essa atividade percebeu-se o envolvimento dos alunos, tornando-se um
aluno mais ativo, buscando respostas as suas curiosidades, tornando o conteúdo
apresentado mais relevante e significativo.
2.4.1 Anatomia através dos tempos
Os egípcios e mesopotâmios foram primeiros cientistas anatomistas. Os
egípcios desenvolveram com a técnica do embalsamento e mumificação para
conservação dos cadáveres, raramente retiravam o coração dos corpos. Os estudos
da Mesopotâmia não foram limitados apenas ao estudo do corpo humano, mas
também, em animais, sendo de importância para a anatomia comparada.
Os gregos foram os primeiros povos a ter um grande avanço na anatomia
com Aristóteles e Hipócrates, pai da medicina. Não dissecaram o corpo humano,
estavam na busca pelo centro do pensamento e da alma. Dissecações eram
proibidas e quando realizadas eram feitas escondidas ou em acidentes com lesões
aparentes.
Herófilo da Calcedônia (300 a.C.) foi o primeiro a dissecar cadáver humano;
dissecava corpos de condenados a morte, foi conhecido como “pai da Anatomia”.
Classificou os nervos como voluntários e involuntários.
Erasistratus observou que a linfa contém gordura, descreveu a função da
epiglote, identificou a valva tricúspide, assim como os gregos acreditava que as
artérias continham ar.
Galeno foi médico do imperador Marco Antonio, mostrou que a urina se forma
nos rins e não na bexiga. O início da era cristã prejudicou o conhecimento da
anatomia, pois proibia o uso de cadáveres. Galeno dissecou animais e não
cadáveres. Como os seus antecessores ele teve uma interpretação errônea da
circulação: do fígado (onde seria produzido) para o coração (onde receberia gás
vindo dos pulmões); o sangue partiria dos pulmões para o resto do corpo e voltaria
ao coração. Foi o primeiro a notar que nas artérias corria sangue, não ar.
Em 1315 Mondino fez a dissecação de cadáveres com intenção de ensinar
cirurgiões na Universidade de Bolonha, usando cadáveres de criminosos, fazendo
dissecações públicas em Bolonha.
Andrea Vesalius fez um trabalho mais significativo para o estudo de anatomia
até o século XVI, descrevendo a estrutura interna do corpo. Seus livros com alta
qualidade nas figuras, elevaram o corpo a um estado de arte.
William Harvey descreveu a pequena e a grande circulação e postulou a
existência de capilares sanguíneos, sem tê-los vistos. Seus estudos foram
importantes para o estudo da pressão arterial.
A anatomia como arte tem participações importantes nas obras de Leonardo
da Vinci, Michelangelo que pintou o teto da Capela Sistina em Roma, o qual estudou
o corpo humano durante 20 anos, Rembrandt com o quadro a Lição de Anatomia do
Dr. Tulp.
Da Vinci é a maior prova de que a arte e ciência caminham juntas de mãos
dadas e, na anatomia, o cadáver foi esse elo (Singer, 1996). Segundo Freud, apud
Teixeira (2004), “Leonardo da Vinci acordou do sono da Idade Média antes dos
outros homens”.
Os conhecimentos sobre a anatomia humana e animal sofreram uma
revolução no início do século XVII, graças às descobertas sobre circulação do
sangue feitas por William Harvey (1578 – 1657), médico e anatomista inglês.
As descobertas de Harvey sobre a circulação ocorreram após uma longa série
de observações. Em primeiro lugar, ele observou como o coração endurecia ao se
contrair; o que o fez considerá-lo um músculo. Em seguida, descobriu que a
dilatação das artérias, quando o coração se contraía, devia-se ao fato deste órgão
forçar o sangue para dentro delas. Observou também a ação de algumas estruturas
que fazem parte do coração, e então verificou que o fluxo do sangue se dá
continuamente em uma só direção.
Trabalhando com esse texto os alunos se sentiram inseridos no contexto e
perceberam que aprendem muito mais quando situam-se dentro do processo como
seres ativos de ensino aprendizagem.
Durante as atividades propostas conseguiram mais informações do que havia
sido solicitado, tendo mais preocupação na confecção do material.
As pesquisas na internet para trabalhar com o material e o descobrimento da
ligação entre artistas como por exemplo Leonardo da Vincci entre outros,
aumentaram o interesse pela pesquisa e reforçaram a importância da história da
ciência no ensino da anatomia humana.
Durante esta ação os alunos tiveram a oportunidade de pesquisar, interagir
com diversas fontes de pesquisa, descobrir a importância do trabalho em grupo.
2.5 Ação 5: Produção de material didático
Essa quinta ação teve por objetivo a produção de um material tecnológico
com o conhecimento adquirido e a aquisição de conhecimento para trabalhar com as
novas tecnologias.
Percebeu-se um crescimento significativo dos alunos ao trabalhar em grupo e
individualmente, tornando o processo ensino aprendizagem mais dinâmico e
valoroso.
Através da pesquisa, da leitura, os alunos tiveram mais facilidade com o
vocabulário e no entendimento da história da anatomia havendo construção do
conhecimento.
Esta última ação foi muito importante para os alunos. Eles confeccionaram um
DVD com o conteúdo de história da anatomia dentro do conteúdo sistema
circulatório e apresentaram aos demais colegas de turma e a equipe pedagógica do
Colégio.
O trabalho realizado valorizou o ensino aprendizagem e a importância da
história da anatomia e transformou o aluno num indivíduo ativo, participante e crítico,
capaz de realizar suas próprias atividades.
Sendo assim efetivou-se o conhecimento quando eles compararam o estudo
da anatomia em diferentes momentos históricos e dominaram as ferramentas
tecnológicas.
3 Trabalho em rede: Formação Continuada
No primeiro semestre de 2011 iniciou-se o trabalho em rede com os
professores da rede Estadual de Ensino no Paraná.
Foi proporcionado treinamento para trabalhar no ambiente Moodle
adicionando material a ser trabalhado e para interagir com os professores inscritos
no GTR. Iniciamos as atividades como tutor responsável pelas atividades propostas
pelo curso.
Os professores escolheram o tema que mais interessou e fizeram a inscrição
no GTR (Grupo de trabalho em rede).
Os professores inscritos residiam em várias cidades do Estado do Paraná e
este contato enriqueceu a troca de experiências entre os participantes.
O GTR foi apresentado em módulos e a cada módulo foi disponibilizado
material para apreciação e análise.
No decorrer do GTR, os professores relataram a importância da história da
ciência ligando o passado e o presente e concordam que o tema proposto pode
tornar as aulas mais significativas, desafiadoras e reflexivas.
Quanto ao material didático os participantes concordaram que estava dentro
do que foi proposto, sendo que o material poderá ser utilizado como fonte de
pesquisa para uma prática pedagógica enriquecida.
As ações de implementação foram lidas e realizados comentários elogiando o
trabalho realizado. Relatos e sugestões enriqueceram todo o GTR contribuindo
assim para que o ensino aprendizagem se tornasse efetivo.
4 Figuras
Figura 1: Trabalho no laboratório de informática
5 Conclusão
O trabalho realizado durante o Programa de Desenvolvimento Educacional teve o apoio, em todos os momentos, tanto nas produções como na implementação da Prof.ª Mestra Thaisa de Andrade Jamoussi e compartilhado na escola com uma excelente aceitação por parte dos alunos, equipe pedagógica, direção contando com a participação de professores de outras disciplinas como História, Geografia, Ciências e Artes. Com a unidade didática buscamos atribuir um maior significado à avaliação escolar, investindo em formas alternativas de avaliação, refletindo sobre a importância de integrar a avaliação ao processo ensino/aprendizagem, incluindo pesquisas, atividades, estratégias, técnicas e instrumentos avaliativos formativos e diagnósticos que possibilitassem a expressão do conhecimento de diversas formas. Esta nova forma de entender avaliação contribuiu para o envolvimento e crescimento não só do aluno, mas também do educador num
O objetivo deste artigo é relatar a experiência com os resultados obtidos com
a implementação do material didático titulado como: A História da Ciência como
princípio básico para o ensino da Anatomia, o qual faz parte do programa de
desenvolvimento educacional PDE, programa de rede de ensino da secretaria de
estado do Paraná.
O material didático teve por objetivo resgatar a história da ciência,
proporcionando aos alunos uma ligação entre o passado e a ciência atual e a
elaboração de material didático-pedagógico, que auxilie os alunos a utilizar-se de
mais esse recurso como ferramenta no processo de aprendizagem.
A partir da insatisfação dos resultados obtidos com os educandos procurou-se
uma estratégia para provocar o interesse e a apropriação dos conteúdos
trabalhados.
As DCEs afirmam que a história da ciência deve ser abordada para a própria
formação científica do educando e com isso mostrando que o conhecimento
científico não é imutável.
Para suporte ao projeto de implementação, utilizou-se referencial de vários
estudiosos além das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná para a disciplina
de Ciências.
No terceiro período de participação no PDE 2010, aconteceu a
implementação do projeto que foi aplicado no Colégio Estadual Professor Júlio
Teodorico com um grupo de dez alunos do 8º ano do Ensino Fundamental. A
unidade didática trabalhou com o tema A HISTÓRIA DA CIÊNCIA COMO
PRINCÍPIO BÁSICO PARA O ENSINO DE ANATOMIA HUMANA, tendo como
produção final um material em DVD feito pelos participantes da implementação.
Os alunos pesquisaram a história da anatomia e seus cientistas mais célebres
4 Referências
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