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A HISTÓRIA DA CIÊNCIA COMO PRINCÍPIO BÁSICO PARA O ENSINO DE ANATOMIA

HUMANA

Autor: Mardja Cássia Cioffi Ferreira1

Giovani Marino Fávero2

Resumo

Discutir os encaminhamentos metodológicos diferenciados no ensino de ciências auxilia o processo de ensino-aprendizagem tornando os alunos críticos a fim de formar os conceitos científicos. Porém a ciência, muitas vezes pode se tornar muito abstrata e ou descontextualizada para os alunos, principalmente os de ensino fundamental. Em virtude disso, procurou-se resgatar a história da ciência, proporcionando aos alunos uma ligação entre o passado e a ciência atual. O principal objetivo foi a elaboração de um instrumento didático-pedagógico, que auxilie os alunos a utilizar-se de mais esse recurso como ferramenta no processo de aprendizagem, visando a otimização da relação entre professor-conteúdo-aluno. Aplicou-se o material a um grupo de dez alunos e desenvolveu-se utilizando propostas que envolvem a história da anatomia com o sistema circulatório. Os alunos tiveram oportunidade de interagirem com várias atividades envolvendo imagens, textos, pesquisas na internet e concluiu-se com a montagem de um material confeccionado para utilização na TV multimídia com apresentação.

Palavras chave: história, anatomia, aprendizado.

Abstract

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1 Introdução

A ciência, muitas vezes pode se tornar muito abstrata ou descontextualizada

para os alunos, principalmente os de ensino fundamental. Discutir os

encaminhamentos metodológicos diferenciados aproxima essas questões e auxilia o

processo de ensino-aprendizagem, pois o objetivo principal da DCE de ciências é

aproximar os alunos do conhecimento científico, despertando o espírito crítico no

estudante e estimulando-o a questionar, incentivando-o a buscar o conhecimento.

Dessa forma, contribuindo para o combate de preconceitos e posições autoritárias,

construindo uma sociedade verdadeiramente democrática.

Procura-se resgatar a história da ciência como um encaminhamento

metodológico, proporcionando aos alunos uma ligação entre o passado e a ciência

atual, fazendo a constatação de que os conceitos não apareceram como mágica,

sendo uma verdade absoluta, eles vieram através dos tempos pela contribuição de

grandes cientistas que viveram numa época aonde os equipamentos, literatura e

conhecimento não alcançavam o que temos hoje.

O que é apresentado atualmente como ciência, teve uma longa caminhada

através dos tempos e depende diretamente da contribuição de cientistas que

começaram a investigar, experimentar o que não era uma verdade.

Acredita-se que com o conhecimento da história da ciência dentro do

conteúdo de anatomia humana, os alunos possam fazer a ligação entre como era o

pensamento antigo e discernir que a partir dele conseguiu-se chegar ao

conhecimento atual, tendo uma melhor fixação e aplicação do conteúdo.

A fim de concretizar uma proposta metodológica que privilegie a história da

ciência para o ensino da anatomia humana, foi proposta a elaboração e aplicação de

material didático tendo como base a história da anatomia humana correlacionando

com o conteúdo curricular.

O material didático foi utilizado pelos alunos em sala de aula e laboratório de

informática, o qual foi bem recebido e trabalhado com afinco percebendo a relação

existente entre o desenvolvimento científico e tecnológico do estágio pré-científico

até a atualidade.

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2 Desenvolvimento

Sendo fonte de pesquisa de vários educadores, a ciência como estudo não é

isolada e fragmentada como tem sido apresentada e é deficiente no processo

ensino-aprendizagem.

Segundo WORTMANN (2003) a disciplina de ciências deve ser uma disciplina

a reunir conceitos oriundos de diferentes áreas em uma única disciplina.

Percebe-se então, que o profissional que atua no ensino de ciências está

incumbido de trabalhar conteúdos específicos, podendo articular a história da ciência

juntamente com os conteúdos estruturantes astronomia, matéria, sistemas

biológicos, energia e biodiversidade.

A ciência é um processo de construção do conhecimento humano e que deve

ser apresentado aos alunos como um produto que ainda não está totalmente

acabado devendo-se assim, evitar a memorização do conteúdo sem retomar as

questões históricas do processo de construção desse conhecimento, explorando

este sob um caráter mais amplo, resultando numa reflexão interdisciplinar.

Segundo MARTINS (1990) a história da ciência é fundamental para o

professor de Ciências, pois ele não apenas transmite o conhecimento aos seus

alunos os conteúdos (resultados) dessa ciência, mas também (consciente ou

inconscientemente) uma concepção sobre o que é Ciência.

BASTOS (1998) considera que a história da ciência contribui para a melhoria

do ensino de Ciências porque propicia melhor integração dos conceitos científicos

escolares, como conteúdo específico em si mesmo e como fonte de estudo que

permite ao professor compreender melhor os conceitos científicos, assim,

enriquecendo suas estratégias de ensino.

Consta nas DCEs, que se deve abordar a história da ciência para sua própria

formação científica, propiciando melhorias na abordagem dos conteúdos específicos

e mostrando que o conhecimento científico não é uma verdade absoluta e imutável.

Quando se trabalha com a construção histórica do conhecimento, a filosofia

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da ciência e muitas outras disciplinas aprimoram este conhecimento se usadas

como ferramentas de aprendizagem. Esta orientação é apresentada pela SEED,

para os professores do ensino fundamental nas Diretrizes Curriculares.

Um determinado processo educativo ser compreendido a partir das reflexões empreendidas sobre as relações cotidianas entre professores e alunos na sala de aula. Quanto mais abstrações (teoria) pudermos pensar sobre esta categoria simples, empírica (relação professor/aluno), mais próximo estaremos da compreensão plena do processo educacional em questão (PIRES, 1997, p. 92).

Regem as DCEs/PR de Biologia e Ciências, que se deve abordar a história da

ciência e da filosofia como importante recurso didático, para discutir o processo de

evolução do conhecimento científico e questões ambientais.

O ensino de Ciências deve tornar os alunos capazes de avaliar e questionar

os produtos da ciência e da tecnologia reconhecê-la como integrante do seu

cotidiano e que, em alguns casos, esteja sujeita a interesses sociais, econômicos,

políticos, éticos e morais.

Na DCE/PR Ciências (PARANÁ, 2008 b, p. 24) alguns entendimentos que

consideram necessários ao processo de formação do professor: conhecer a história

da Ciência, associando os conhecimentos científicos com os contextos políticos,

éticos, econômicos e sociais que originaram sua construção. Podendo assim,

compreender os obstáculos epistemológicos a serem superados para que o

processo ensino-aprendizagem seja bem sucedido.

O professor de Ciências precisa conhecer os conteúdos de forma

aprofundada e adquirir novos conhecimentos que contemplem a proposta curricular

da escola, os avanços científicos e tecnológicos, as questões sociais e ambientais,

para que seja um profissional bem preparado e possa garantir o bom aprendizado

dos estudantes.

Superar práticas pedagógicas centradas em um único método é ponto chave

das reflexões da diretriz que aponta para a necessidade de um pluralismo

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metodológico.

KRASILCHICK (2005) descreveu diferentes tipos de aulas de laboratório que

são utilizadas no ensino de Ciências com o intuito de permitir gradativos níveis de

autonomia ao aluno. No entanto, em grande parte dos casos, as aulas de laboratório

são predominantemente de demonstração, pois não há reflexão sobre o problema a

ser investigado. Dessa forma, essa atividade que deveria ser uma ferramenta de

construção de conhecimento torna-se ineficiente.

Nas últimas duas décadas, ainda tentando melhorar o ensino, os recursos

de informática passaram a ganhar importância para professores, estudantes e para

a sociedade em geral. A escola precisa acompanhar o desenvolvimento da

tecnologia, pois a alfabetização não se limita à leitura, à escrita e ao cálculo. As

linguagens científicas e tecnológicas precisam ser inseridas no processo para que

não haja o distanciamento da sociedade OLIVEIRA (2010).

Segundo OLIVEIRA (2010) a formação dos professores de Ciências e

Biologia, geralmente está pautada em uma concepção de ensino voltada a aulas de

laboratório, por outro lado na prática educacional rotineira, os livros didáticos são

usados predominantemente como instrumento de ensino-aprendizagem. Estas

práticas pedagógicas podem tornar o processo de aprendizagem limitado à simples

memorizações dos conteúdos, pois existe a preocupação de “vencer” os conteúdos

apresentando aos alunos uma quantidade de informações sem preocupar-se com o

processo de ensino.

Segundo OLIVEIRA (2010) interferir, criar condições à apropriação do

conhecimento e sua participação efetiva na sociedade é papel fundamental do

professor no processo pedagógico. Analisar a ciência como processo de construção

humana, histórica e em transformação, nos possibilita repensar a nossa prática

pedagógica, mudar conceitos e teorias elaboradas ao longo da história, levando em

consideração o momento social, político, histórico, cultural e econômico em que este

conhecimento surgiu.

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A Pedagogia Histórico-Crítica é tributária da concepção dialética, especificamente na versão do materialismo histórico, tendo fortes afinidades no que se refere à suas bases psicológicas, com a psicologia histórico-cultural desenvolvida pela escola de Vygotski. A educação é entendida como um ato de produzir direta ou indiretamente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida historicamente e coletivamente pelo conjunto de todos os homens. Em outros termos, isso significa que a educação é entendida como mediação no seio da prática social global. A prática social, portanto, põem como ponto de partida e ponta de chegada da prática educativa. Daí decorre um método pedagógico que parte da prática pedagógica em que o professor e o aluno encontram-se igualmente inseridos, ocupados, porém, em posições distintas, condição para que travem uma relação fecunda na compreensão e no encaminhamento da solução dos problemas postos pela prática social. Aos momentos intermediários do método, cabe identificar as questões suscitadas pela prática social (problematização), dispor os instrumentos teóricos e práticos para sua compreensão e solução (instrumentalização) e viabilizar sua incorporação como elementos integrantes da própria vida dos alunos (catarse) (SAVIANI, 2008, p. 420).

Segundo KRASILCHIK (2005) não se pode desconsiderar que uma parcela

significativa das informações é obtida por meio da observação direta dos organismos

ou fenômenos ou por meio de observação de figuras, modelos, etc.

A concepção do materialismo histórico dialético e a pedagogia histórico

crítica, tornaram-se referenciais teóricos importantes nestes documentos,

compreendendo a educação no contexto da sociedade. A ciência passou a ser

apresentada para os educandos como produto que ainda não está totalmente pronto

e acabado, evitando marcar a memorização do conteúdo sem nenhuma reflexão das

implicações dos avanços biológicos e tecnológicos na sociedade, ou ainda, sem

retomar as questões filosóficas e históricas do processo de construção do

conhecimento.

Com base em trabalhos da área de educação desenvolvidos na última

década do século XX, a DCE/PR indica que a ciência deve ser apresentada como

um processo de construção humana em constante evolução (PARANÁ, 2008b).

Neste aspecto, as DCEs/PR de Biologia e Ciências pretendem promover a

cidadania, educando para que os indivíduos possam assumir uma postura crítica

frente às situações problema no seu cotidiano, analisando-a criticamente, não

apenas na área de ciências naturais, mas em todos os segmentos da sociedade.

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O presente trabalho visa à interação da história da anatomia, com um

conteúdo de Ciências do oitavo ano do ensino fundamental, sistema circulatório,

fornecendo informações para que o educando tenha condições de melhorar sua

formação científica.

“Ensinar um resultado sem a fundamentação é simplesmente doutrinar e não

ensinar ciência” (MARTINS, 1990, p. 04).

Segundo Chassot (2006), é papel da escola promover a alfabetização

científica. Contudo é necessário diversificar a maneira de introduzir e fixar o

conteúdo, e formar um sujeito com compreensão e conhecimento.

3 Metodologia

Inicialmente foi realizada uma extensa revisão da literatura sobre a história da

ciência, sendo consultadas as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de

Ciências e pesquisas na internet.

A implementação da unidade didática desenvolveu-se se utilizando de várias

atividades e estratégias que visaram o aprendizado significativo.

A intervenção realizou-se com um grupo de dez participantes do 8º ano do

ensino fundamental do Colégio Estadual Professor Júlio Teodorico que frequentaram

encontros semanais no contraturno, trabalhando com as atividades propostas que

envolvem a história da anatomia com o conteúdo de sistema circulatório,

oportunizando a verificação da aprendizagem.

A implementação ocorreu no terceiro período de atividades do PDE de agosto

a dezembro de 2011, em datas agendadas com antecedência.

Foram confeccionadas carteirinhas de identificação dos alunos do projeto

para que os participantes tivessem permissão de entrar no Colégio e no laboratório

de informática.

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Na realização dos trabalhos os alunos realizaram pesquisas on-line sobre as

questões apresentadas e concluíram as atividades propostas no material, assim

concluindo o trabalho.

As ações para implementação do projeto trabalhadas com o desenvolvimento

dos alunos foram divididas em número de cinco para melhor aplicação do trabalho.

A Unidade Didática A História da Ciência como princípio básico para o ensino

de anatomia humana, provocou curiosidade entre os participantes especialmente no

momento que descobriram que alguns artistas conhecidos mundialmente, estão

ligados ao estudo anatômico do corpo humano.

Os educandos realizaram pesquisas na internet sobre os temas propostos,

desenvolveram as questões propostas, e fizeram os questionamentos necessários a

apreensão dos conteúdos.

Atividades e questões foram desenvolvidas e contextualizadas a cada ação

realizada contando também com o conhecimento de cada aluno.

2.1 Ação 1: Apresentação do projeto de implementação

Neste primeiro momento apresentou-se o projeto de implementação de

intervenção pedagógica na escola para os professores e equipe gestora,

funcionários e professores através de banner apresentado na semana pedagógica.

Durante a exposição explanou-se sobre o trabalho a ser desenvolvido no

processo de ensino aprendizagem tendo por objetivo identificar a ação proposta pelo

professor PDE na área de Ciências para que o ensino de anatomia humana se torne

mais efetivo e atrativo aos educandos.

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2.2 Ação 2: Apresentar a proposta pedagógica aos alunos selecionados.

Apresentou-se a proposta pedagógica aos adolescentes e o material didático,

através de imagens, enaltecendo a história da anatomia e a aprendizagem em todos

os momentos da implementação.

Foram focadas as diversas atividades inseridas no material, compreendendo

que a anatomia faz parte do corpo humano desde os primórdios dos tempos.

Os educandos perceberam que poderiam participar de forma ativa e

participativa, construindo conhecimentos e buscando cada vez mais o aprendizado

mostrando-se animados e com vontade de participar.

2.3 Ação 3: Inserção do material didático nos computadores do laboratório de

informática.

Inseriu-se nos computadores de informática as atividades previamente

elaboradas pelo professor PDE relacionadas ao tema proposto deixando-as prontas

para que os alunos pudessem trabalhar no laboratório de informática do Colégio

com o material didático.

Os alunos puderam refletir sobre a importância dos trabalhos com o uso da

tecnologia e o enriquecimento do trabalho proposto, pois o mundo virtual está a

disposição de quem necessita de informações confiáveis e que a internet não é só

para a utilização em redes sociais.

Aliar o que atrai a atenção dos alunos com conteúdo torna-se uma prática

prazerosa em que os envolvidos podem tornar-se participativos e críticos ao mesmo

tempo.

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2.4 Ação 4: Apresentação do material didático aos alunos

Em um primeiro momento no ambiente virtual os alunos criaram uma pasta,

cada uma com o seu nome, para que pudessem trabalhar com maior comodidade e

segurança de não perder o trabalho efetuado.

Com essa atividade percebeu-se o envolvimento dos alunos, tornando-se um

aluno mais ativo, buscando respostas as suas curiosidades, tornando o conteúdo

apresentado mais relevante e significativo.

2.4.1 Anatomia através dos tempos

Os egípcios e mesopotâmios foram primeiros cientistas anatomistas. Os

egípcios desenvolveram com a técnica do embalsamento e mumificação para

conservação dos cadáveres, raramente retiravam o coração dos corpos. Os estudos

da Mesopotâmia não foram limitados apenas ao estudo do corpo humano, mas

também, em animais, sendo de importância para a anatomia comparada.

Os gregos foram os primeiros povos a ter um grande avanço na anatomia

com Aristóteles e Hipócrates, pai da medicina. Não dissecaram o corpo humano,

estavam na busca pelo centro do pensamento e da alma. Dissecações eram

proibidas e quando realizadas eram feitas escondidas ou em acidentes com lesões

aparentes.

Herófilo da Calcedônia (300 a.C.) foi o primeiro a dissecar cadáver humano;

dissecava corpos de condenados a morte, foi conhecido como “pai da Anatomia”.

Classificou os nervos como voluntários e involuntários.

Erasistratus observou que a linfa contém gordura, descreveu a função da

epiglote, identificou a valva tricúspide, assim como os gregos acreditava que as

artérias continham ar.

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Galeno foi médico do imperador Marco Antonio, mostrou que a urina se forma

nos rins e não na bexiga. O início da era cristã prejudicou o conhecimento da

anatomia, pois proibia o uso de cadáveres. Galeno dissecou animais e não

cadáveres. Como os seus antecessores ele teve uma interpretação errônea da

circulação: do fígado (onde seria produzido) para o coração (onde receberia gás

vindo dos pulmões); o sangue partiria dos pulmões para o resto do corpo e voltaria

ao coração. Foi o primeiro a notar que nas artérias corria sangue, não ar.

Em 1315 Mondino fez a dissecação de cadáveres com intenção de ensinar

cirurgiões na Universidade de Bolonha, usando cadáveres de criminosos, fazendo

dissecações públicas em Bolonha.

Andrea Vesalius fez um trabalho mais significativo para o estudo de anatomia

até o século XVI, descrevendo a estrutura interna do corpo. Seus livros com alta

qualidade nas figuras, elevaram o corpo a um estado de arte.

William Harvey descreveu a pequena e a grande circulação e postulou a

existência de capilares sanguíneos, sem tê-los vistos. Seus estudos foram

importantes para o estudo da pressão arterial.

A anatomia como arte tem participações importantes nas obras de Leonardo

da Vinci, Michelangelo que pintou o teto da Capela Sistina em Roma, o qual estudou

o corpo humano durante 20 anos, Rembrandt com o quadro a Lição de Anatomia do

Dr. Tulp.

Da Vinci é a maior prova de que a arte e ciência caminham juntas de mãos

dadas e, na anatomia, o cadáver foi esse elo (Singer, 1996). Segundo Freud, apud

Teixeira (2004), “Leonardo da Vinci acordou do sono da Idade Média antes dos

outros homens”.

Os conhecimentos sobre a anatomia humana e animal sofreram uma

revolução no início do século XVII, graças às descobertas sobre circulação do

sangue feitas por William Harvey (1578 – 1657), médico e anatomista inglês.

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As descobertas de Harvey sobre a circulação ocorreram após uma longa série

de observações. Em primeiro lugar, ele observou como o coração endurecia ao se

contrair; o que o fez considerá-lo um músculo. Em seguida, descobriu que a

dilatação das artérias, quando o coração se contraía, devia-se ao fato deste órgão

forçar o sangue para dentro delas. Observou também a ação de algumas estruturas

que fazem parte do coração, e então verificou que o fluxo do sangue se dá

continuamente em uma só direção.

Trabalhando com esse texto os alunos se sentiram inseridos no contexto e

perceberam que aprendem muito mais quando situam-se dentro do processo como

seres ativos de ensino aprendizagem.

Durante as atividades propostas conseguiram mais informações do que havia

sido solicitado, tendo mais preocupação na confecção do material.

As pesquisas na internet para trabalhar com o material e o descobrimento da

ligação entre artistas como por exemplo Leonardo da Vincci entre outros,

aumentaram o interesse pela pesquisa e reforçaram a importância da história da

ciência no ensino da anatomia humana.

Durante esta ação os alunos tiveram a oportunidade de pesquisar, interagir

com diversas fontes de pesquisa, descobrir a importância do trabalho em grupo.

2.5 Ação 5: Produção de material didático

Essa quinta ação teve por objetivo a produção de um material tecnológico

com o conhecimento adquirido e a aquisição de conhecimento para trabalhar com as

novas tecnologias.

Percebeu-se um crescimento significativo dos alunos ao trabalhar em grupo e

individualmente, tornando o processo ensino aprendizagem mais dinâmico e

valoroso.

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Através da pesquisa, da leitura, os alunos tiveram mais facilidade com o

vocabulário e no entendimento da história da anatomia havendo construção do

conhecimento.

Esta última ação foi muito importante para os alunos. Eles confeccionaram um

DVD com o conteúdo de história da anatomia dentro do conteúdo sistema

circulatório e apresentaram aos demais colegas de turma e a equipe pedagógica do

Colégio.

O trabalho realizado valorizou o ensino aprendizagem e a importância da

história da anatomia e transformou o aluno num indivíduo ativo, participante e crítico,

capaz de realizar suas próprias atividades.

Sendo assim efetivou-se o conhecimento quando eles compararam o estudo

da anatomia em diferentes momentos históricos e dominaram as ferramentas

tecnológicas.

3 Trabalho em rede: Formação Continuada

No primeiro semestre de 2011 iniciou-se o trabalho em rede com os

professores da rede Estadual de Ensino no Paraná.

Foi proporcionado treinamento para trabalhar no ambiente Moodle

adicionando material a ser trabalhado e para interagir com os professores inscritos

no GTR. Iniciamos as atividades como tutor responsável pelas atividades propostas

pelo curso.

Os professores escolheram o tema que mais interessou e fizeram a inscrição

no GTR (Grupo de trabalho em rede).

Os professores inscritos residiam em várias cidades do Estado do Paraná e

este contato enriqueceu a troca de experiências entre os participantes.

O GTR foi apresentado em módulos e a cada módulo foi disponibilizado

material para apreciação e análise.

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No decorrer do GTR, os professores relataram a importância da história da

ciência ligando o passado e o presente e concordam que o tema proposto pode

tornar as aulas mais significativas, desafiadoras e reflexivas.

Quanto ao material didático os participantes concordaram que estava dentro

do que foi proposto, sendo que o material poderá ser utilizado como fonte de

pesquisa para uma prática pedagógica enriquecida.

As ações de implementação foram lidas e realizados comentários elogiando o

trabalho realizado. Relatos e sugestões enriqueceram todo o GTR contribuindo

assim para que o ensino aprendizagem se tornasse efetivo.

4 Figuras

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Figura 1: Trabalho no laboratório de informática

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5 Conclusão

O trabalho realizado durante o Programa de Desenvolvimento Educacional teve o apoio, em todos os momentos, tanto nas produções como na implementação da Prof.ª Mestra Thaisa de Andrade Jamoussi e compartilhado na escola com uma excelente aceitação por parte dos alunos, equipe pedagógica, direção contando com a participação de professores de outras disciplinas como História, Geografia, Ciências e Artes. Com a unidade didática buscamos atribuir um maior significado à avaliação escolar, investindo em formas alternativas de avaliação, refletindo sobre a importância de integrar a avaliação ao processo ensino/aprendizagem, incluindo pesquisas, atividades, estratégias, técnicas e instrumentos avaliativos formativos e diagnósticos que possibilitassem a expressão do conhecimento de diversas formas. Esta nova forma de entender avaliação contribuiu para o envolvimento e crescimento não só do aluno, mas também do educador num

O objetivo deste artigo é relatar a experiência com os resultados obtidos com

a implementação do material didático titulado como: A História da Ciência como

princípio básico para o ensino da Anatomia, o qual faz parte do programa de

desenvolvimento educacional PDE, programa de rede de ensino da secretaria de

estado do Paraná.

O material didático teve por objetivo resgatar a história da ciência,

proporcionando aos alunos uma ligação entre o passado e a ciência atual e a

elaboração de material didático-pedagógico, que auxilie os alunos a utilizar-se de

mais esse recurso como ferramenta no processo de aprendizagem.

A partir da insatisfação dos resultados obtidos com os educandos procurou-se

uma estratégia para provocar o interesse e a apropriação dos conteúdos

trabalhados.

As DCEs afirmam que a história da ciência deve ser abordada para a própria

formação científica do educando e com isso mostrando que o conhecimento

científico não é imutável.

Para suporte ao projeto de implementação, utilizou-se referencial de vários

estudiosos além das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná para a disciplina

de Ciências.

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No terceiro período de participação no PDE 2010, aconteceu a

implementação do projeto que foi aplicado no Colégio Estadual Professor Júlio

Teodorico com um grupo de dez alunos do 8º ano do Ensino Fundamental. A

unidade didática trabalhou com o tema A HISTÓRIA DA CIÊNCIA COMO

PRINCÍPIO BÁSICO PARA O ENSINO DE ANATOMIA HUMANA, tendo como

produção final um material em DVD feito pelos participantes da implementação.

Os alunos pesquisaram a história da anatomia e seus cientistas mais célebres

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