3
A LIDERANÇA DE CAXIAS NA BATALHA DE ITORORÓ Caso real da Guerra do Paraguai. 1. EXPLICAÇÃO SOBRE O ESBOÇO O esboço abaixo explica a manobra de flanco realizada pelas Forças da Triplice Aliança, sob o comando de Caxias, quando se depararam com a fortaleza de Angustura, no corte do arroio Piquiciri. Verificando a impossibilidade de atacar frontalmente ou flanquear a posição paraguaia pelo Leste, Caxias conduziu suas tropas pela margem direita do rio (por Oeste), usando a Estrada do Chaco de 11 km, que mandara a Engenharia construir. As baterias da Artilharia paraguaia, posicionadas entre Angustura e Villeta, impediam que os navios da esquadra brasileira subissem o rio transportando as tropas, situação que os deixava lentos e vulneráveis, porém não poderiam impedi-los se estivessem sem carga extra. Assim, 17.000 homens de todas as Armas foram levados pela esquadra até um local de desembarque, pouco ao Norte de Santa Tereza e, a partir deste ponto, deslocaram-se pela Estrada do Chaco até a Barranca de Santa Helena, onde novamente embarcaram nos navios e transpuseram o rio, ficando em condições de acometer a posição fortificada inimiga pela retaguarda. Entretanto, Solano Lopes vendo a manobra desbordante do inimigo, enviou para o Norte o corajoso e competente general Caballero, com 7000 homens e 12 bocas de fogo, para deter Caxias e suas tropas no corte do arroio Itororó, onde se deu o combate. Ao se deparar com o arroio, profundo, de águas rápidas e margens taludadas, Caxias percebeu, de imediato, a dificuldade que enfrentaria. Por isto, enviou Osório, seu melhor general, com suas tropas em busca de um vau que os guias diziam existir rio acima. Esta manobra possibilitaria atacar o inimigo pelo flanco e liberar a passagem. Dionísio Cerqueira, que participou da batalha, nos conta o seguinte, em seu livro Reminiscências da Campanha do Paraguai: ESBOÇO DA MANOBRA QUE CONDUZIU A ITORORÓ Arroio Itororó Arroio Avaí Arroio Piquiciri Rio Paraguai Palmas Santa Tereza CHACO Villeta Ita-Ibaté Barranca de Santa Helena Santo Antônio Reconhecimentos Angustura Ponte Osório Fortificações BATALHA DE ITORORÓ - 1868 Gen Caballero (7000 homens e 12 canhões) Correntes N Estrada do Chaco Arroio Itororó Arroio Avaí Arroio Piquiciri Rio Paraguai Palmas Santa Tereza CHACO Villeta Ita-Ibaté Barranca de Santa Helena Santo Antônio Reconhecimentos Angustura Ponte Osório Fortificações BATALHA DE ITORORÓ - 1868 Gen Caballero (7000 homens e 12 canhões) Correntes N Estrada do Chaco

A Lideranca de Caxias Na Batalha de Itororo

  • Upload
    jeff

  • View
    133

  • Download
    4

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O esboço explica a manobra de flanco realizada pelas Forças da TripliceAliança, sob o comando de Caxias, quando se depararam com a fortaleza de Angustura,no corte do arroio Piquiciri.

Citation preview

  • A LIDERANA DE CAXIAS NA BATALHA DE ITOROR Caso real da Guerra do Paraguai.

    1. EXPLICAO SOBRE O ESBOO

    O esboo abaixo explica a manobra de flanco realizada pelas Foras da Triplice Aliana, sob o comando de Caxias, quando se depararam com a fortaleza de Angustura, no corte do arroio Piquiciri.

    Verificando a impossibilidade de atacar frontalmente ou flanquear a posio paraguaia pelo Leste, Caxias conduziu suas tropas pela margem direita do rio (por Oeste), usando a Estrada do Chaco de 11 km, que mandara a Engenharia construir.

    As baterias da Artilharia paraguaia, posicionadas entre Angustura e Villeta, impediam que os navios da esquadra brasileira subissem o rio transportando as tropas, situao que os deixava lentos e vulnerveis, porm no poderiam impedi-los se estivessem sem carga extra.

    Assim, 17.000 homens de todas as Armas foram levados pela esquadra at um local de desembarque, pouco ao Norte de Santa Tereza e, a partir deste ponto, deslocaram-se pela Estrada do Chaco at a Barranca de Santa Helena, onde novamente embarcaram nos navios e transpuseram o rio, ficando em condies de acometer a posio fortificada inimiga pela retaguarda.

    Entretanto, Solano Lopes vendo a manobra desbordante do inimigo, enviou para o Norte o corajoso e competente general Caballero, com 7000 homens e 12 bocas de fogo, para deter Caxias e suas tropas no corte do arroio Itoror, onde se deu o combate.

    Ao se deparar com o arroio, profundo, de guas rpidas e margens taludadas, Caxias percebeu, de imediato, a dificuldade que enfrentaria. Por isto, enviou Osrio, seu melhor general, com suas tropas em busca de um vau que os guias diziam existir rio acima. Esta manobra possibilitaria atacar o inimigo pelo flanco e liberar a passagem.

    Dionsio Cerqueira, que participou da batalha, nos conta o seguinte, em seu livro Reminiscncias da Campanha do Paraguai:

    ESBOO DA MANOBRA QUE CONDUZIU A ITOROR

    Arroio Itoror

    Arroio Ava

    Arroio Piquiciri

    Rio ParaguaiPalmas

    Santa Tereza

    CHACO

    Villeta

    Ita-Ibat

    Barranca de Santa Helena

    Santo Antnio

    Reconhecimentos

    Angustura

    Ponte

    Osrio

    Fortificaes

    BATALHA DE ITOROR - 1868

    Gen Caballero (7000 homens e 12 canhes)

    Correntes

    N

    Estrada do Chaco

    Arroio Itoror

    Arroio Ava

    Arroio Piquiciri

    Rio ParaguaiPalmas

    Santa Tereza

    CHACO

    Villeta

    Ita-Ibat

    Barranca de Santa Helena

    Santo Antnio

    Reconhecimentos

    Angustura

    Ponte

    Osrio

    Fortificaes

    BATALHA DE ITOROR - 1868

    Gen Caballero (7000 homens e 12 canhes)

    Correntes

    N

    Estrada do Chaco

  • 2. DESCRIO DA BATALHA POR DIONSIO CERQUEIRA

    Na manh de 6 (de dezembro), seguimos por uma estrada estreita bordada de capoeires e pequenos campestres, dando a direita ao rio, que no corria distante. O caminho era ligeiramente acidentado.

    Chegamos ao alto, donde avistamos ao longe, na baixada, uma ponte estreita. O inimigo estava do outro lado em grande nmero.

    esquerda, tnhamos a mata mais ou menos rarefeita; e direita, recordo-me vagamente, o terreno era escabroso, com uma vegetao raqutica de cardos e rvores torcidas, cheias de espinhos, crescendo entre brejos; e cspedes enormes e irregulares, cobertos de gramneas crestadas pelo sol.

    Ao avistar-nos no alto, o inimigo, cuja artilharia dominava a ponte do arroio Itoror, rompeu fogo sobre a vanguarda. Travou-se o combate.

    Penetramos por um trilho do capoeiro da esquerda, onde havia algumas clareiras. Postaram-nos em uma posio muito avanada, defendendo uma estrada, que vinha do interior e se bifurcava nossa esquerda, com um largo ramal aberto e limpo, que ia ter ao campo onde combatiam os paraguaios perto de ns. A artilharia troava sem descanso.

    As nossas cornetas tocavam sem cessar: avanar, fogo. s vezes, aos nossos ouvidos atentos, chegavam os sons plangentes do mais

    impressivo dos toques, naquela poca da espingarda Mini: Atiradores o inimigo cavalaria. Ao rudo crepitante da fuzilada, que de instante a instante recrudescia, misturava-se o estrupido dos nossos esquadres, que passavam a galope pela estrada, nossa direita.

    E ns pouco vamos. De vez em quando, passava um ajudante-de-ordens, suarento, com o rosto afogueado, e dava-nos, em rpidas palavras, uma notcia:

    - Fernando Machado caiu fulminado na frente de sua brigada. A cavalaria recuou e atropelou os infantes na estreita ponte. Uma linha de

    atiradores do 10 foi acutilada e o comandante Guedes morreu como um heri. Repelimos os paraguaios e os levamos at bem longe; mas, voltaram carga com fria e o Azevedo caiu exangue.

    As nossas tropas, lutando desesperadamente, foram arrojadas aqum da ponte. As cornetas repetiam, incessantes, o toque de avanar; mas as tropas pareciam

    hesitantes. O Argolo e o Gurjo foram feridos. Muitos comandantes estavam fora de combate, a ao estava indecisa e o terreno

    no permitia o desenvolvimento de grandes foras. As reservas estavam inativas. Apenas alguns batalhes foram substituir outros, que estavam dizimados. O

    terreno no se prestava a um grande desenvolvimento de tropas. Passou pela nossa frente animado, ereto no cavalo, o bon de capa branca com

    tapa-nuca, de pala levantada e preso ao queixo, pela jugular, a espada curva desembainhada, empunhada com vigor, e presa pelo fiador de ouro, o velho general-chefe, que parecia ter recuperado a energia e o fogo dos vinte anos. Estava realmente belo. Perfilamo-nos como se uma centelha eltrica tivesse passado por todos ns.

    Apertvamos o punho das espadas, e ouvia-se um murmrio de bravos ao grande marechal. O batalho mexia-se agitado e atrado pela nobre figura que abaixou a espada em ligeira saudao aos seus soldados. O comandante deu a voz de firme. Dali a pouco, o maior dos nossos generais arrojava-se impvido sobre a ponte, acompanhado pelos batalhes galvanizados pela irradiao da sua glria. Quando ele passou, houve quem

  • visse os moribundos erguerem-se brandindo espadas ou carabinas para carem mortos adiante.

    A carga foi irresistvel e o inimigo completamente feito em pedaos. As bandas tocaram o hino nacional, cujas notas sugestivas se mesclaram com a alvorada alegre, repetida pelos corneteiros que ainda viviam.

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    -

    Itoror foi uma das aes mais porfiadas que tivemos, e onde relativamente foi maior o nmero de chefes sacrificados.

    BIBLIOGRAFIA

    CERQUEIRA, Dionsio. Reminiscncias da Guerra do Paraguai. Rio de janeiro: Biblioteca Militar, 1940. BRASIL. Exrcito. AMAN. Caderno de Instruo de Liderana Militar. Resende, 2004