Upload
antoniopereira
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
8/20/2019 A Linguagem Escrita Como Representação Da Oralidade Nas Series Iniciais Do Ensino
http://slidepdf.com/reader/full/a-linguagem-escrita-como-representacao-da-oralidade-nas-series-iniciais-do 1/7
A linguagem escrita como representação da oralidade nas series iniciais do ensino
fundamental
Renata Carolina Vieira Resende FACIP/UFU/PIBID
Jucileni Fernanda de Lima Freitas FACIP/UFU/PIBID
Fernanda Oliveira Lima FACIP/UFU/PIBID
Linha de Trabalho: II. Formação Inicial de Professores: PIBID
Resumo:
O presente artigo tem como objetivo discutir a escrita como forma de representações dooral nas séries iniciais, incluindo como experiência as atividades realizadas noSubprojeto Pedagogia/Alfabetização no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação àDocência (PIBID). O eixo central deste Subprojeto visa à formação inicial dos alunos.Começamos nossas atividades no segundo semestre do ano de 2011, dandocontinuidade no primeiro semestre de 2012, este nos proporciona grandes contribuições
para á nossa formação como alunas do curso de Pedagogia da Faculdade de CiênciasIntegradas do Pontal, da Universidade Federal de Uberlândia. Por meio de reflexão e
problematização sobre as práticas de alfabetização, e das contribuições dos estudosteóricos podemos vivenciar a realidade nas escolas que são parceiras do Subprojeto. Talconcepção nos leva a considerar que o projeto vem sendo de suma importância na nossaformação. Os instrumentos de pesquisa utilizados para a coleta dos dados apresentadosneste artigo foram observações dirigidas e avaliações diagnósticas.
Palavras-chave: Linguagem, oralidade e escrita.
O presente artigo relata as observações realizadas pelas três bolsistas licenciandas
do PIBID/CAPES (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), em duas
salas de 1° ano, de duas escolas públicas da cidade de Ituiutaba. Nestas nossas
observações foi percebida uma grande dificuldade na escrita dos alunos, principalmente
quando os mesmos vão representar a fala. Logo, sentimos a necessidade de estudar os
processos de alfabetização pelo papel que a linguagem tem e sua importância.
Justificando assim, nosso interesse como futuras professores e a grande oportunidade
8/20/2019 A Linguagem Escrita Como Representação Da Oralidade Nas Series Iniciais Do Ensino
http://slidepdf.com/reader/full/a-linguagem-escrita-como-representacao-da-oralidade-nas-series-iniciais-do 2/7
que estamos tendo em participar do projeto PIBID (Programa Institucional Com Bolsa
de Iniciação à Docência).
Em nossas observações, pudemos presenciar que os professores se utilizavam
de livros didáticos e cartilhas, mas com a utilização exclusiva destes recursos os alunos
não conseguiam avançar na escrita, momento este em que muitas das vezes acontecia o
fracasso escolar nas séries iniciais.
Desde modo, foram propostas diversas atividades diferenciadas das rotineiras,
como por exemplo: visitas a bibliotecas, supermercados e correios, com o intuito dos
alunos tomarem conhecimento da organização destes espaços, os quais antes não eram
frequentados por estes alunos. Trouxemos para a sala de aula diferentes impressos,
como jornais, revistas, calendários, receitas entre outros, fazendo que os mesmos
explorassem diferentes sistemas de representação e ao mesmo tempo materiais do seu
cotidiano. Trabalhamos ainda, contação de histórias, estimulamos o uso do dicionário,
promovemos jogos e propusemos em vários momentos a escrita livre.
Foram trabalhados ainda alguns gêneros textuais, como carta e bilhete, com o
objetivo de desenvolver a leitura e escrita dos alunos e ao mesmo tempo mostrar-lhes a
estrutura de tais gêneros textuais. Primeiramente lhe foi mostrado modelos de carta e
bilhete e explicado a estrutura dos mesmos, em seguida foi realizado um momento da
escrita individual, para que deste modo, fossem incentivados a escrever e também
tomarem conhecimento de como se constrói carta e bilhete.
Com a linha de ação do teatro desenvolvemos atividades que despertaram a
imaginação dos alunos, entre os teatros apresentados buscamos trazer uma peça em que
estivesse próxima da realidade dos alunos a qual trouxemos como tema principal da
imigração dos sapos ,assim como participamos de escola que abrange um grande
número de crianças migrantes, demostramos por meio do teatro que a migração e algo
comum entre as pessoas em busca de melhorias.
Com estas atividades podemos analisar o crescimento e a participação dos
alunos nas aulas. E foi possível observar que muitos alunos escrevem como falam, por
exemplo, a palavra: vassoura escreviam vasora. E isso acontece porque eles associam a
fala com a escrita, não se importando com as regras ortográficas, pois as desconhecem
ainda. Neste momento se faz necessário propor aos alunos tais atividades mencionadas
anteriormente que realizamos, pois somente com o ato mecânico de dizer ao aluno que
ele escreve errado, que o certo é deste modo, porque é assim e pronto, não trará ao aluno
8/20/2019 A Linguagem Escrita Como Representação Da Oralidade Nas Series Iniciais Do Ensino
http://slidepdf.com/reader/full/a-linguagem-escrita-como-representacao-da-oralidade-nas-series-iniciais-do 3/7
um aprendizado significativo, fazendo com que o mesmo não entenda o significado das
palavras e o porquê de certas regras ortográficas.
Sabemos que a escrita não é algo atual, ela surgiu quando o homem passou de
nômade para sedentário e começou a cultivar seu alimento e criar animais, pois
precisava de um recurso para registrar o número de animais que possuía e o quanto de
alimento havia estocado.
Quem inventou a escrita foi à leitura: um dia numa caverna, ohomem começou a desenhar e encheu as paredes com figuras,representando animais, pessoas, objetos e cenas do cotidiano...A humanidade descobria assim que quando uma forma gráficarepresenta o mundo, é apenas um desenho, quando representauma palavra, passa a ser uma forma de escrita (CAGLIARI,1988, p.13).
Segundo Franchi (1992), a linguagem oral e a escrita são utilizadas pela
humanidade, como instrumento de comunicação, pois é por meio dela que
comunicamos aos outros nossas experiências, estabelecemos laços contratuais,
interagimos, influenciamos e dedicamos. Deste modo, o ser humano se utiliza a fala e
escrita como meio de comunicação entre si.
Porém, é importante reconhecer que a criança da sociedade atual recebe
informações e conhecimento sobre o mundo letrado muito antes de entrar na escola,através de outdoors, rótulos, placas, revistas e outros, ou seja, desde cedo a criança
reconhece que existe outra forma das pessoas se comunicarem além da linguagem oral:
através da escrita:
A descoberta da escrita, pela criança, em uma sociedadeinstruída, ocorre muito antes do ingresso escolar: ela desenvolvenoções de letramento da mesma forma que desenvolve outrasaprendizagens significativas. Aprende a significar por escrito oidioma falado. À medida que a criança interage com eventos de
letramento de sua cultura, ela elabora hipóteses sobre a funçãoda escrita a partir do conhecimento que tem da língua oral (DI
NUCCI, 2001, p.62).
Entretanto, muitas vezes a escola não reconhece este pré-conhecimento do
aluno sobre o mundo letrado, e deste modo, não o utiliza a favor de sua alfabetização. O
que acontece é que muitos professores encontram dificuldade em trabalhar com os
alunos das series inicias do ensino fundamental, pois não se julgam preparados para
fazer associação entre a linguagem escrita e a oral, assim a escola acaba reduzindo avivência do educando acreditando que o processo de aprendizagem só ocorre por meio
8/20/2019 A Linguagem Escrita Como Representação Da Oralidade Nas Series Iniciais Do Ensino
http://slidepdf.com/reader/full/a-linguagem-escrita-como-representacao-da-oralidade-nas-series-iniciais-do 4/7
de materiais didáticos, condicionando o professor à obediência em instruções
codificadas, desvalorizando este pré-conhecimento do aluno sobre o mundo letrado.
Torna-se necessário o educador conhecer a realidade do educando para fazer a
intervenção necessária, e a partir deste conhecimento do educando, introduzir um novo
conhecimento, ou melhor, completar o já existente. Segundo Weisz (2003, p.3) o
conhecimento prévio “[...] é o conjunto de ideais, representações e informações que
servem de sustenção para essa nova aprendizagem, ainda que não tenha
necessariamente, uma relação direta com o conteúdo que se quer ensinar [...]”.
Assim, a partir dos anos iniciais é que a avaliação da linguagem se inicia na
construção cognitiva do aluno, uma vez que dominar a linguagem oral e escrita é de
suma importância para que haja uma participação social e afetiva, pois é por meio delas
que haverá comunicação e acesso a conhecimentos e informações, portanto construção
de visões de mundo que geram conhecimentos.
Para Lemle (2007) “para entender que os risquinhos pretos no papel são
símbolos de sons da fala, é necessário compreender o que é um símbolo”. A partir do
momento em que a criança toma conhecimento do que é símbolo, fica mais fácil
entender que para cada “som” de sua fala, haverá um símbolo para identificar este
“som”. Porém segundo a perspectiva vygotskiana, a criança precisa entender que a
linguagem escrita não é um simples sistema de símbolos, é preciso mostrar à criança
que o ato de ler e escrever está carregado de sentidos.
Vygosts analisa as primeiras manifestações gráficas como precursoras da
escrita. Na verdade, para esse autor tanto esses rabiscos como as brincadeiras de faz de
conta e o desenho “devem ser vistos como momentos diferentes de um processo
essencialmente unificado de desenvolvimento da linguagem escrita.” (VYGOSTS apud
SILVA 1994, p. 18).
Sendo assim, além de ensinar a grafia à criança, é necessário mostrar a ela que
existe toda uma cultura por de trás da ação de ler e escrever, a qual está presente em
diversos tipos de textos. Destacando aqui, a importância de reconhecer a cultura da
criança e de saber valorizá-la, pois desprezá-la só trará retrocessos quanto ao processo
de aquisição da linguagem escrita.
Logo, a leitura e a escrita caminham juntas, porém as crianças das séries
iniciais não conseguem fazer a diferenciação entre o desenho e a escrita, e o professor
muitas das vezes considera que a aprendizagem só se dá no ambiente escolar, e é aí
8/20/2019 A Linguagem Escrita Como Representação Da Oralidade Nas Series Iniciais Do Ensino
http://slidepdf.com/reader/full/a-linguagem-escrita-como-representacao-da-oralidade-nas-series-iniciais-do 5/7
onde se encontra o obstáculo. A partir de então, o ato de escrever se torna mecânico e o
aluno se torna um ser passivo que não consegue fazer uma diferenciação entre o que ele
vê e o que se fala.
Destarte, se faz necessário proporcionar aos alunos diferentes situações
comunicativas, pois deste modo o professor estará desenvolvendo as habilidades
linguísticas dos alunos, visando atingir competências capazes de solucionar problemas
que possam ocorrer em seu cotidiano sócio-comunicativo.
Vale lembrar que é importante incentivar a leitura de livros por parte dos
alunos, para que assim eles vão tomando conhecimento da grafia das palavras, porém de
acordo com Sandroni e Machado (1991, p.16) “o amor pelos livros não é coisa que
apareça de repente”. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer,
destacando aqui a importância de se oferecer livros de histórias e incentivar visitas à
biblioteca da escola.
Para tomarmos gosto pela leitura devemos praticar leitura, acreditamos que
este seja um elemento essencial para o processo de leitura e escrita, cabendo, portanto a
escola buscar o incentivo da leitura, buscar inserir no dia a dia na sala de aula matérias
que incentive a leitura com, por exemplo, revistas, gibis, livros, não ficando preso
somente nos materiais didáticos.
Os gibis é um material que permite desenvolver uma serie de atividades que
vão desde a leitura e a interpretação de historias até a elaboração de diálogos, pois o gibi
tem uma linguagem na revolução de conhecimento de palavras. Quando desconhecem
as historias em quadrinhos compreender a linguagem às crianças se encantam e
avançam nas estratégias de leitura, além de possibilitar o processo de escrita conforme
as normas ortográficas. Segundo Ezequiel Theodoro, (1988):
Ninguém aprende a gostar de livros apenas ouvindo falar de
livros ou vendo-os de longe, trancafiados numa prateleira, énecessário que a criança pegue e manipule o ingrediente “livro”,leia o que está escrito dentro dele para sentir o gosto e verificarse essa atitude tem ou poderá ter aplicação prática em seucontexto de vida (p. 49).
Partindo deste contexto com as experiências vividas nas escolas vimos que o
uso da biblioteca fica muito a desejar, até mesmo muito das vezes livros guardado a sete
chaves distante do uso dos alunos.
Vimos que para muitos alunos, a escola é lugar onde a criança tem maior
contato com os livros, ressaltando que hoje as crianças estão mais voltadas para a
8/20/2019 A Linguagem Escrita Como Representação Da Oralidade Nas Series Iniciais Do Ensino
http://slidepdf.com/reader/full/a-linguagem-escrita-como-representacao-da-oralidade-nas-series-iniciais-do 6/7
8/20/2019 A Linguagem Escrita Como Representação Da Oralidade Nas Series Iniciais Do Ensino
http://slidepdf.com/reader/full/a-linguagem-escrita-como-representacao-da-oralidade-nas-series-iniciais-do 7/7
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o bá-bé-bi-bó-bu. São Paulo: Scipione,1998.
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. Trad. Horácio Gonçales (et al.)25ª ed. atual. São Paulo: Cortez, 2008.
FRANCHI, Carlos. “Linguagem – atividade constitutiva”. Cadernos de Estudos Lingüísticos, n. 22, Campinas, 1992, pp. 9-39.
GERALDI, J.W. Práticas de produção na escola. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2002.
HOFMANN, J. M. L. Avaliar para Promover: as setas do caminho. 2ª ed. PortoAlegre: Mediação, 2002.
LEITE, Sérgio Antônio da Silva. (org.) Alfabetização e Letramento: Contribuições para as práticas pedagógicas. Campinas: Komedi: Arte Escrita, 2001.
LEMLE, Miriam. Guia Teórico do Alfabetizador. 15ª ed. São Paulo: Ática, 2001.
FRANCHI, C. Linguagem: atividade constitutiva. Cadernos de Estudos L ingüísticos ,Campinas, n. 22, 1992.
SANDRONI, Laura; MACHADO, Luiz Raul. A criança e o livro. Rio de Janeiro: Ed.
Ática, 1998.
SILVA, Ademar . Alfabeti zação: a escr ita espontânea / – 2ª edição. São Paulo:Contexto, 1994.
SILVA, Ezequiel Theodoro. Elementos da pedagogia da leitura. Rio de Janeiro.Martins Fontes, 1988.
WEISZ, Telma; SANCHEZ, Ana. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. 2ª. ed.São Paulo :Ática ,2003.