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a historia da literatura e suas epocas.
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MÓDULO LITERATURA
Simbolismo
A partir de 1881, na França, poetas, pintores, dramaturgos e escritores em geral,
influenciados pelo misticismo advindo do grande intercâmbio com as artes, pensamento e
religiões orientais - procuram refletir em suas produções a atmosfera presente nas viagens
a que se dedicavam.
Marcadamente individualista e místico, foi com desdém apelidado de "decadentismo" -
clara alusão à decadência dos valores estéticos então vigentes e a uma certa afetação que
neles deixava a sua marca. Em 1886 um manifesto trouxe a denominação que viria marcar
definitivamente os adeptos desta corrente:simbolismo.
O Simbolismo foi um movimento literário que surgiu na França, no final do século XIX,
em oposição ao Naturalismo, ao Naturalismo e ao Positivismo da época.
A partir de 1881, na França, poetas, pintores, dramaturgos e escritores em geral,
influenciados pelo misticismo advindo do grande intercâmbio com as artes, pensamento e
religiões orientais - procuram refletir em suas produções a atmosfera presente nas viagens
a que se dedicavam.
Marcadamente individualista e místico, foi, com desdém, apelidado de "decadentismo" -
clara alusão à decadência dos valores estéticos então vigentes e a uma certa afetação que
neles deixava a sua marca. Em 1886 um manifesto trouxe a denominação que viria marcar
definitivamente os adeptos desta corrente: simbolismo.
Já na literatura, o simbolismo tem início no Brasil em 1893 com a publicação de dois
livros: Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambos de Cruz e Sousa. Estende-se até o ano
de 1922, data da Semana da Arte Moderna.
O início do simbolismo não pode, no entanto, ser identificado com o termino da escola
antecedente, Realismo. Na realidade, no final do século XIX e início do século XX três
tendências caminhavam paralelas: O Realismo e suas manifestações (romance realista,
romance naturalista e poesia parnasiana); O simbolismo, situado à margem da literatura
acadêmica época; e o pré-Modernismo, com o aparecimento de alguns autores preocupado
em denunciar a realidade brasileira, como Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro
Lobato, entre outros.
As principais características dessa tendência são: subjetivismo, musicalidade,
transcendentalismo, ênfase em temas místicos, imaginários; desconsideração das questões
sociais; produção de obras e arte baseadas na intuição, descartando a lógica e a razão.
Os principais escritores desse movimento são Eugênio de Castro, Cruz e Souza, Alphonsus
de Guimaraens, entre outros.
O precursor do Simbolismo foi o poeta francês Charles Baudelaire.
Subjetivismo
Os simbolistas terão maior interesse pelo particular e individual do que pela visão mais
geral. A visão objetiva da realidade não desperta mais interesse, e sim está focalizada sob o
ponto de vista de um único indivíduo. Dessa forma, é uma poesia que se opõe à poética
parnasiana e se reaproxima da estética romântica, porém mais do que voltar-se para o
coração, os simbolistas procuram o mais profundo do "eu", buscam o inconsciente, o
sonho.
Musicalidade
A musicalidade é uma das características mais destacadas da estética simbolista, segundo o
ensinamento de um dos mestres do simbolismo francês, Paul Verlaine, que em seu poema
"Art Poétique", afirma: "De la musique avant toute chose..." (" A música antes de mais
nada...") Para conseguir aproximação da poesia com a música, os simbolistas lançaram
mão de alguns recursos, como por exemplo a aliteração, que consiste na repetição
sistemática de um mesmo fonema consonantal, e a assonância, caracterizada pela
repetição de fonemas vocálicos.
Transcendentalismo
Um dos princípios básicos dos simbolistas era sugerir através das palavras sem nomear
objetivamente os elementos da realidade. Ênfase no imaginário e na fantasia. Para
interpretar a realidade, os simbolistas se valem da intuição e não da razão ou da lógica.
Preferem o vago, o indefinido ou impreciso. O fato de preferirem as
palavras névoa, neblina, e palavras do genêro, transmite a idéia de uma Obsessão pelo
branco (outra característica do simbolismo) como podemos observar no poema de Cruz e
Sousa:
"Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas
vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras..."
Dado esse poema de Cruz e Sousa, percebe-se claramente uma obsessão pelo branco,
sendo relatado com grande constância no simbolismo.
Literatura do simbolismo
Os temas são místicos, espirituais, ocultos. Abusa-se da sinestesia, sensação produzida
pela interpenetração de órgãos sensoriais: "cheiro doce" ou "grito vermelho",
das aliterações (repetição de letras ou sílabas numa mesma oração: "Na messe que
estremece") e das assonâncias, repetição fônica das vogais: repetição da vogal "e" no
mesmo exemplo de aliteração, tornando os textos poéticos simbolistas profundamente
musicais.
O Simbolismo em Portugal liga-se às atividades das revistas Os Insubmissos e Boêmia
Nova, fundadas por estudantes de Coimbra, entre eles Eugênio de Castro, que ao publicar
um volume de versos intitulado Oaristos, instaurou essa nova estética em Portugal.
Contudo, o consolidador estará, a esse tempo, residindo verdadeiramente no Oriente -
trata-se do poeta Camilo Pessanha, venerado pelos jovens poetas que irão constituir a
chamada Geração Orpheu.O movimento simbolista durou aproximadamente até 1915,
altura em que se iniciou o Modernismo.
Escritores simbolistas
Pode-se dizer que o precursor do movimento, na França, foi o poeta francês Charles
Baudelaire com "As Flores do Mal", ainda em 1857.
Mas só em 1881 a nova manifestação é rotulada, com o nome decadentismo, substituído
por Simbolismo em manifesto publicado em 1886. Espalhando-se pela Europa, é na
França, porém, que tem seus expoentes, como Paul Verlaine, Arthur Rimbaud e Stéphane
Mallarmé.
Portugal
Os nomes de maior destaque no Simbolismo português são: Camilo Pessanha, António
Nobre, Augusto Gil e Eugénio de Castro Brasil.
No Brasil, dois grandes poetas destacaram-se dentro do movimento simbolista: Cruz e
Sousa, e Alphonsus de Guimaraens. No primeiro, a angústia de sua condição, reflete-se no
comentário de Manuel Bandeira: "Não há (na literatura brasileira) gritos mais
dilacerantes, suspiros mais profundos do que os seus".
São também escritores que merecem atenção: Raul de Leoni, Emiliano Perneta, Da Costa e
Silva, Dário Veloso, Arthur de Salles, Ernãni Rosas, Petion de Villar, Marcelo
Gama, Maranhão Sobrinho, Saturnino de Meireles, Pedro Kikerry, Alceu
Wamosy, Eduardo Guimarães, Gilka Machado e Onestaldo de Penafort.
Arcadismo
O Arcadismo constitui-se em uma forma de literatura mais simples, opondo-se aos
exageros e rebuscamentos do Barroco, expresso pela frase "Inutilia truncat . Os temas
também são simples e comuns aos seres humanos, como o amor, a morte, o casamento,
a solidão. As situações mais freqüentes apresentam um pastor abandonado pela amada,
triste e queixoso. É a "Aurea mediocritas" ("mediocridade áurea"), que simboliza a
valorização das coisas cotidianas, focalizadas pela razão.
Os autores retornam aos modelos clássicos da Antiguidade greco-latina e
aos renascentistas, razão pela qual o movimento é também conhecido como neoclássico.
Os seus autores acreditavam que a Arte era uma cópia da natureza, refletida através da
tradição clássica. Por isso a presença da mitologia pagã, além do recurso a frases latinas.
Inspirados na frase do escritor latino Horácio "Fugere urbem" ("fugir da cidade"), e
imbuídos da teoria do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau, os autores árcades
voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do "locus
amoenus", do refúgio ameno em oposição aos centros urbanos dominados pelo Antigo
Regime, pelo Absolutismo monárquico.
Cumpre salientar que essa busca configurava apenas um estado de espírito, uma posição
política e ideológica, uma vez que esses autores viviam nos centros urbanos e, burgueses
que eram, ali mantinham os seus interesses econômicos. Por isso justifica falar-se em
"fingimento poético" no arcadismo fato que transparece no uso dos pseudônimos pastoris.
Além disso, diante da efemeridade da vida, defendem o "Carpe diem", pelo qual o pastor,
ciente da brevidade do tempo, convida a sua pastora a gozar o momento presente.
Quanto à forma, usavam muitas vezes sonetos com versos decassílabos, rima optativa e a
tradição da poesia épica.
Outras características importantes são:
� Valorização da vida no campo (bucolismo)
� Crítica a vida nos centros urbanos
� Objetividade
� Idealização da mulher amada
O Arcadismo em Portugal
O clima de renovação atingiu fortemente também Portugal que, no começo do século
XVIII, passava pelo período final de sua reestruturação econômica, política e cultural.
Durante o reinado de João V de Portugal (1707-1750) percebe-se, no país, uma certa
abertura intelectual e política, como por exemplo a licença concedida à Congregação do
Oratório para ministrar ensino, até então privilégio da Companhia de Jesus.
Em 1746, Luís António Verney, inspirado nas idéias dos racionalistas franceses, publica as
cartas que compõem o seu "Verdadeiro Método de Estudar", obra em que critica o ensino
tradicional e propõe reformas que visam a colocar a cultura portuguesa a par com a do
resto da Europa.
Caberá, entretanto, ao marquês de Pombal, ministro de José I de Portugal (1750-1777),
concretizar essas aspirações. Agindo com plena autonomia de poderes, o despotismo
esclarecido de Pombal operou verdadeira transformação nos rumos da cultura portuguesa:
� expulsou os jesuítas em 1759, o que enfraqueceu bastante a influência religiosa no
campo cultural;
� incentivou os estudos científicos;
� reformou o ensino e,
� apesar de manter um sistema de censura, afrouxou muito a repressão que era
exercida pelo Santo Ofício (a Inquisição).
Em Portugal, o Arcadismo iniciou-se oficialmente em 1756, com a fundação da “Arcádia
Lusitana”, entidade em que se reuniam intelectuais e artistas para discutirem Arte.
A “Arcádia Lusitana” tinha por lema a frase latina "Inutilia truncat" ("acabe-se com as
inutilidades"), que vai caracterizar todo o movimento no país. Visavam com isto erradicar
os exageros, o rebuscamento, e a extravagância preconizados pelo Barroco, retornando a
uma literatura simples.
O Arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII, razão por que
também é denominada como Setecentismo ou neoclassicismo. O nome "Arcadismo" é uma
referência à Arcádia, região bucólica do Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal de
inspiração poética.
A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo o que lhe diz
respeito. Por essa razão muitos poetas do Arcadismo adotaram pseudônimos de pastores
gregos ou latinos. Caracteriza-se ainda pelo recurso a esquemas rítmicos mais graciosos.
Numa perspectiva mais ampla, expressa a crítica da burguesia aos abusos da nobreza e
do clero praticados no Antigo Regime.
Adicionalmente os burgueses cultuam o mito do homem natural em oposição ao homem
corrompido pela sociedade, conceito originalmente expresso por Jean-Jacques Rousseau,
na figura do “bom selvagem”.
O Arcadismo constitui-se em uma forma de literatura mais simples, opondo-se aos
exageros e rebuscamentos do Barroco.
Os autores retornam aos modelos clássicos da Antiguidade greco-latina e
aos renascentistas, razão pela qual o movimento é também conhecido como neoclássico.
Os seus autores acreditavam que a Arte era uma cópia da natureza, refletida através da
tradição clássica. Por isso a presença da mitologia pagã, além do recurso a frases latinas.
Inspirados na frase do escritor latino Horácio "Fugere urbem" ("fugir da cidade"), e
imbuídos da teoria do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau, os autores árcades
voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do "locus
amoenus", do refúgio ameno em oposição aos centros urbanos dominados pelo Antigo
Regime, pelo Absolutismo monárquico.
Além disso, diante da efemeridade da vida, defendem o "Carpe diem", pelo qual o pastor,
ciente da brevidade do tempo, convida a sua pastora a aproveitar o momento presente.
Outras características importantes são: valorização da vida no campo (bucolismo), crítica a
vida nos centros urbanos, objetividade, idealização da mulher amada.
O Arcadismo no Brasil
No Brasil, vive-se o momento histórico da decadência do ciclo da mineração e da
transferência do centro político do Nordeste (Salvador, na Bahia) para o Rio de Janeiro.
Aqui o marco inaugural do Arcadismo deu-se em 1768 com a fundação da “Arcádia
Ultramarina”, em Vila Rica, e a publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da
Costa. Embora não chegue a constituir um grupo nos moldes das arcádias europeias,
constituem a primeira geração literária brasileira.
Nesta colônia portuguesa, as idéias iluministas vieram ao encontro dos sentimentos e
anseios nativistas, com maior repercussão em Vila Rica, centro econômico mais
importante à época, em função da mineração. A figura do “bom selvagem” de Rousseau
dará origem, na colônia, ao chamado Nativismo. O acontecimento político mais importante
será a Inconfidência Mineira, tentativa mal-sucedida de libertar a província das Minas
Gerais do domínio colonial português. A politização do movimento apresentou-se através
dos poetas árcades brasileiros, participantes da Conjuração.
A chamada "Escola Setecentista" desenvolve-se até 1808 com a chegada da Família Real ao
Rio de Janeiro, que com suas medidas político-administrativas, permitiu a introdução do
pensamento pré-romântico no Brasil.
Entre as características do movimento no Brasil, destacam-se a introdução de paisagens
tropicais, como em Caramuru, valorização da história colonial, o início do nacionalismo e
da luta pela independência e a colocação da colônia como centro das atenções.
Vinicius de Moraes
Marcus Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, filho de
Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e
Lídia Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia
(1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde
iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto, onde já demonstrava interesse
em escrever poesias.[3] Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para
a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, em Botafogo, para
terminar o curso primário.[4]
Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde
passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos mais
tarde, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer
suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos.[5] Em 1929, concluiu o
ginásio e no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje integrada
à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Na chamada "Faculdade do Catete",
conheceu e tornou-se amigo do romancista Otavio Faria, que o incentivou na vocação
literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.
Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da
Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do
Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford.
Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã".
Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos
Bancários.
No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações
Exteriores (MRE). Em 1943, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946,
assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do
pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no
campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na
casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.
No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado
compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco
O poeta estava em Portugal, a dar uma série de espetáculos, alguns com Chico
Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o
afastamento foi o seu comportamento boêmio que o impedia de cumprir as suas funções.
Vinícius foi anistiado (post-mortem)pela Justiça em 1998. Em 2006, foi oficialmente
reintegrado na carreira diplomática. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em
Fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe"
do Ministério dos Negócios Estrangeiros - o equivalente a embaixador, que é o cargo mais
alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial do dia 22.06.2010 e
recebeu o número 12.265.[6]
Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro "Orfeu da Conceição", em
25 de setembro de 1956. Além da diplomacia, do teatro e dos livros, sua carreira musical
começou a deslanchar em meados da década de 1950 - época em que conheceu Tom
Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram
gravadas por inúmeros artistas. Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período
áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram
firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.
Nos anos 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius
seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.
Na noite de 8 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do
álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na
madrugada do dia 9 de julho, Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na
banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou
e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve
tempo e Vinicius de Moraes morreu pela manhã.
O começo
No fim dos anos 1920, Vinicius de Moraes produziu letras para dez canções gravadas -
nove delas parcerias com os Irmãos Tapajós. Seu primeiro registro como letrista veio
em 1928, quando compôs (com Haroldo) "Loira ou Morena", gravado em 1932 pela dupla
de irmãos. Vinicius teve publicado seu primeiro livro de poemas, O Caminho para a
Distância, em 1933, e lançou outros livros de poemas nessa década. Foram também
gravadas outras canções de sua autoria, como "Dor de uma Saudade" (composta
com Joaquim Medina), gravada em 1933 por João Petra de Barros e Joaquim Medina, "O
Beijo Que Você Não Quis Dar" (composta com Haroldo Tapajós) e "Canção da Noite"
(composta com Paulo Tapajós), ambas gravadas em 1933 pelos Irmãos Tapajós e também
"Canção para Alguém" (composta com Haroldo Tapajós), gravada pelos mesmos um ano
depois.
Ainda na década de 1930, Vinicius de Moraes estabeleceu amizade com os poetas Manuel
Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Em sua fase considerada mística, ele
recebeu o Prêmio Felipe D'Oliveira pelo livro Forma e Exegese, de 1935. No ano seguinte,
lançou o livro Ariana, a Mulher.
Declarava-se partidário do Integralismo, partido brasileiro de orientação fascista.[7]
Mudança de fase
Nos anos 1940, suas obras literárias foram marcadas por versos em linguagem mais
simples, sensual e, por vezes, carregados de temas sociais. Vinicius de Moraes publicou os
livros Cinco Elegias(1943), que marcou esta nova fase, e Poemas, Sonetos e
Baladas (1946); obra ilustrada com 22 desenhos de Carlos Leão. Atuando
como jornalista e crítico de cinema em diversos jornais, Vinicius lançou em 1947, com Alex
Vianny, a revista Filme. Dois anos depois, publicou em Barcelona o livro Pátria Minha.
De volta ao Brasil no início dos anos 1950, após servir ao Itamaraty nos Estados Unidos,
Vinicius começou a trabalhar no jornal Última Hora, exercendo funções burocráticas na
sede do Ministério das Relações Exteriores.
Em 1953, Aracy de Almeida gravou "Quando Tu Passas Por Mim", primeiro samba de sua
autoria. Escrita com Antônio Maria, a canção foi dedicado à esposa Tati de Moraes e
marcava também o fim do seu casamento. Ainda naquele ano, Vinícus foi para Paris como
segundo secretário da embaixada brasileira. Aracy de Almeida também gravou "Dobrado
de Amor a São Paulo" (outra parceria com Antônio Maria), em 1954.
Em 1954, Vinícius publica sua coletânea de poemas, Antologia Poética,[8][9] mesmo ano
que publica sua peça teatral Orfeu da Conceição, premiada no concurso do IV Centenário
de São Paulo e publicada na revista "Anhembi". Dois anos depois, quando Vinicius buscava
alguém para musicar a peça, e aceitou a sugestão do amigo Lúcio Rangel para trabalhar
com um jovem pianista, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, que na época tinha
29 anos e vivia da venda de músicas e arranjos nos inferninhos de Copacabana.[10]
Do encontro entre Vinícius e Tom nasceria uma das mais fecundas parcerias da música
brasileira, que a marcaria definitivamente. Os dois compuseram a trilha sonora, que
incluía "Lamento no Morro", "Se Todos Fossem Iguais A Você", "Um Nome de
Mulher", "Mulher Sempre Mulher" e "Eu e Você" e foram lançadas em disco por Roberto
Paiva, Luiz Bonfá e Orquestra]]. A peça estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Além destas canções, a dupla Vinicius e Tom compuseram, entre outros clássicos, "A
Felicidade", "Chega de Saudade", "Eu sei que vou te amar", "Garota de
Ipanema", "Insensatez"', entre outras belas canções.
Entre 1957 a 1958, o diretor de cinema francês Marcel Camus filmou "Orfeu do
Carnaval" no Rio de Janeiro, filme este que recebeu o nome de Orfeu Negro. Vinicius
compôs para o filme "A Felicidade" e "O Nosso Amor". Um ano depois, o filme seria
contemplado com a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes e o Oscar de Melhor
Filme Estrangeiro.
Em 1957, o poeta teve sua carreira diplomática transferida para Montevidéu, onde
permaneceu por três anos.
O ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música
brasileira, a Bossa Nova. A pedra fundamental do movimento veio com o álbum "Canção
do Amor Demais", gravado pela cantora Elizeth Cardoso. Além da faixa-título, o antológico
LP contava ainda com outras canções de autoria da dupla Vinicius e Tom,
como "Luciana", "Estrada Branca", "Outra Vez" e"Chega de Saudade", em interpretações
vocais intimistas.
"Chega de Saudade" foi uma canção fundamental daquela novo movimento, especialmente
porque o álbum de Elizeth contou com a participação de um jovem violonista, que com seu
inovador modo de tocar o violão, caracterizado por uma nova batida, marcaria
definitivamente a bossa nova e a tornaria famosa no mundo inteiro a partir dali. O nome
deste violonista é João Gilberto. A importância do disco "Canção do Amor Demais" é
tamanha que ele é tido como referência por muitos artistas como Chico Buarque e Caetano
Veloso.
Várias das composições de Vinicius foram gravadas na metade final daquela década por
outros artistas. Joel de Almeida gravou "Loura ou Morena" (1956). No ano seguinte, Aracy
de Almeida gravou"Bom Dia, Tristeza" (composta com Adoniran Barbosa), Tito
Madi gravou "Se Todos Fossem Iguais A Você", Bill Farr gravou "Eu Não Existo Sem
Você", Agnaldo Rayol gravou "Serenata do Adeus" e Albertinho Fortuna gravou "Eu Sei
Que Vou Te Amar". "O Nosso Amor" e "A Felicidade" foram duas das canções mais
lançadas no final daquela década. A primeira foi gravada por Lueli Figueiró eDiana
Montez, ambas em 1959. Já a segunda foi lançada por Lueli Figueiró, Lenita
Bruno, Agostinho dos Santos e João Gilberto.
Servindo ao Itamaraty em Montevidéu desde 1957, Vinicius de Moraes deixaria a
embaixada brasileira no Uruguai somente em 1960. Suas canções continuaram sendo
gravadas por muitos artistas no início dos anos 1960. Foram lançadas "Janelas
Abertas" (composta com Tom Jobim), por Jandira Gonçalves, e "Bate Coração",
(composta com Antônio Maria), por Marianna Porto de Aragão, cantora cultuada na época
como um das vozes mais poderosas de toda uma geração de cantoras.
No ano seguinte, Vinicius registrou pela primeira vez sua voz, em um álbum contendo os
sambas "Água de Beber" e "Lamento no Morro", novamente parcerias com Tom Jobim. O
poeta teria também um novo parceiro naquele período, o cantor, compositor e
violonista Carlos Lyra. Com ele, Vinicius iria compor clássicos como "Você e Eu", "Coisa
Mais Linda" "A Primeira Namorada" e "Nada Como Te Amar". Ainda em 1961, o "Teatro
Santa Rosa" foi inaugurado no Rio de Janeiro com "Procura-se uma rosa", peça de autoria
de Vinicius, Pedro Bloch e Gláucio Gil - filmada depois pelo cinema italiano com o nome de
"Una Rosa per Tutti" (o longa-metragem foi rodado no Rio e estrelado por Cláudia
Cardinale).
Em 1962, a Banda do Corpo de Bombeiros fluminense gravou "Serenata do Adeus", um
ano após gravarem "Rancho das Flores", marcha-rancho com versos do poeta sobre tema
de "Jesus, Alegria dos Homens", de Johann Sebastian Bach. Ainda naquele ano,
enquanto "Canção da Eterna Despedida" (composta com Tom Jobim) "Em Noite de
Luar" (composta com Ary Barroso) foram gravadas por Orlando Silva e Ângela Maria,
respectivamente, Vinicius de Moraes publicou três livros: "Antologia Poética", "Procura-se
Uma Rosa" e "Para Viver Um Grande Amor".
Com Pixinguinha, compôs a trilha sonora do filme "Sol sobre a Lama", de Alex Vianny,
escrevendo as letras para os chorinhos "Lamento" e "Mundo Melhor". Também naquele
período, nasceu a parceria com o compositor e violonista Baden Powell. Desta, resultariam
inúmeros sucessos, como "Apelo", "Canção de Amor", "Canto de
Ossanha", "Formosa", "Mulher Carioca" "Paz", "Pra Que Chorar", "Samba da
Bênção", "Samba Em Prelúdio", "Só Por Amor", "Tem Dó", "Tempo Feliz", entre outras.
Em agosto de 1962, com Tom Jobim, João Gilberto e o grupo Os Cariocas, Vinicius de
Moraes participou de "Encontro", um dos mais importantes concertos da bossa nova e
realizado na boate "Au Bon Gourmet", no Rio de Janeiro. Neste show, foram lançadas
clássicos da música popular brasileira como "Ela é Carioca", "Garota de
Ipanema", "Insensatez", "Samba do Avião" e "Só Danço Samba". Naquela mesma casa
noturna foi montada "Pobre Menina Rica", mais uma peça do poeta, cuja trilha sonora
trazia canções como "Sabe Você", "Primavera" e "Samba do Carioca" (lançando a
cantora Nara Leão), ambas parcerias com Carlos Lyra. Ainda naquele ano, Vinicius
comporia com Lyra "Marcha da Quarta-feira de Cinzas" e a bela "Minha Namorada".
Várias daquelas seriam gravadas em 1963. Jorge Goulart gravou "Marcha da Quarta-feira
de Cinzas", Elizeth Cardoso gravou "Mulher Carioca" e "Menino Travesso" (composta
com Moacir Santos),Elza Soares gravou "Só Danço Samba", Pery Ribeiro e o Tamba
Trio gravaram "Garota de Ipanema" e Jair Rodrigues gravou "O Morro Não Tem
Vez" (composta com Tom Jobim).
Naquele mesmo período, Vinicius de Moraes lançou com a atriz Odete Lara seu primeiro
álbum: "Vinicius e Odete Lara". Com arranjos e regência do poeta Moacir Santos, o LP
continha canções da parceria com Baden Powell, como "Berimbau", "Mulher
Carioca", "Samba em Prelúdio" e "Só por Amor", entre outras. Ainda em 1963, o selo
Copacabana lançou o álbum "Elizeth Interpreta Vinicius", contendo as parcerias do
poetinha com Baden Powell, Moacir Santos (e arranjos deste), Nilo Queiroz e Vadico.
Em 1964, Vinicius retornou ao Brasil e logo se apresentou na boate "Zum Zum", ao lado
de Dorival Caymmi, Quarteto em Cy e o Conjunto de Oscar Castro Neves. O concerto teve
grande repercussão nos meios artísticos e foi lançado em LP pelo selo Elenco, contendo
composições como "Bom-dia, Amigo" (parceria com Baden Powell), "Carta ao Tom", "Dia
da Criação" e "Minha Namorada"(parcerias com Carlos Lyra), e "Adalgiza", "…Das
Rosas", "História de Pescadores" e "Saudades da Bahia" (parcerias com o cantor,
compositor e violonista Dorival Caymmi).
Duas canções de Vinicius de Moraes concorreram, em 1965, o "I Festival Nacional de
Música Popular Brasileira" (da extinta TV Excelsior). "Arrastão" (composta com Edu
Lobo), defendida por Elis Regina, ficou com o primeiro lugar, e "Valsa do Amor que Não
Vem" (parceria com Baden Powell), defendida por Elizeth Cardoso, ficou com o segundo
lugar. Também com o arranjador, cantor e instrumentista Edu Lobo, Vinicius
compôs "Zambi" e "Canção do Amanhecer" - canções que se engajaram no clima de
protesto da época e foram apresentadas em projetos do Centro Popular de Cultura
da União Nacional dos Estudantes (UNE). Por um breve período, Vinicius foi designado
para trabalhar na delegação do Brasil junto à Unesco, na Europa. O poeta também
trabalhou com o diretor Leon Hirszman no roteiro do filme "Garota de Ipanema", voltou a
se apresentar no Zum Zum com Dorival Caymmi e lançou o livro "Cordélia e o Peregrino".
Ainda em 1965, o Teatro Municipal de São Paulo foi o palco de uma homenagem para o
poetinha, com o show "Vinicius: Poesia e Canção", espetáculo que contou com a
participação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (sob a regência do
maestro Diogo Pacheco). As composições apresentadas receberam arranjos dos maestros
Guerra Peixe, Radamés Gnattali, Luís Eça, Gaya e Luís Chaves e contou com intérpretes
com Carlos Lyra, Edu Lobo, Suzana de Morais, Francis Hime, Paulo Autran, Cyro
Monteiro e Baden Powell. Quando o poeta terminou a apresentação de "Se Todos Fossem
Iguais A Você", a platéia respondeu com dez minutos ininterruptos de aplausos.
Em 1966, foi lançado o álbum "Os Afro-Sambas", com suas composições em parceria com
Baden Powell. Constam do repertório do disco "Canto de Ossanha", "Canto de
Xangô", "Canto de Iemanjá"e "Lamento de Exu", entre outras, além da participação de
Powell tocando violão. Naquele mesmo período, Vinicius participou do concerto "Pois É",
no Teatro Opinião, , ao lado de Maria Bethânia eGilberto Gil. No espetáculo dirigido pelo
arranjador, compositor, maestro e pianista Francis Hime, o público carioca conheceu pela
primeira vez as canções de Gilberto Gil. Ainda naquele ano, o poetinha lançou o livro de
crônicas "Para Uma Menina Com Uma Flor" e também foi convidado a participar do júri
do Festival de Cannes. Na ocasião, descobriu que sua canção "Samba da Bênção"havia
sido utilizada, sem os devidos créditos, na trilha sonora do filme "Um Homem e Uma
Mulher", do diretor francês Claude Lelouch, vencedor do festival. Após uma ameaça de
processo, a obra de Lelouch creditou a canção de Vinicius. O ano de 1967 marcou a
estréia do filme "Garota de Ipanema", baseado no sucesso homônimo de Vínicius. É a
canção brasileira mais conhecida no mundo depois de "Aquarela do Brasil" (de Ary
Barroso). Ainda naquele período, o poetinha organizou um festival de artes em Ouro
Preto e excursionou para a Argentina e o Uruguai.
Modernismo
Chama-se genericamente modernismo (ou movimento modernista) o conjunto
de movimentos culturais, escolas e estilos que permearam as artes e o design da primeira
metade do século XX. Apesar de ser possível encontrar pontos de convergência entre os
vários movimentos, eles em geral se diferenciam e até mesmo se antagonizam.
Encaixam-se nesta classificação a literatura,
a arquitetura, design, pintura, escultura, teatro e a música modernas.
O movimento moderno baseou-se na ideia de que as formas "tradicionais" das artes
plásticas, literatura, design, organização social e da vida cotidiana tornaram-se
ultrapassadas, e que se fazia fundamental deixá-las de lado e criar no lugar uma
nova cultura. Esta constatação apoiou a ideia de reexaminar cada aspecto da existência, do
comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que seriam as "marcas antigas" e substituí-
las por novas formas, e possivelmente melhores, de se chegar ao "progresso". Em essência,
o movimento moderno argumentava que as novas realidades do século XX eram
permanentes e iminentes, e que as pessoas deveriam se adaptar a suas visões de mundo a
fim de aceitar que o que era novo era também bom e belo.
A palavra moderno também é utilizada em contraponto ao que é ultrapassado. Neste
sentido, ela é sinônimo de contemporâneo, embora, do ponto de vista histórico-
cultural, moderno econtemporâneo abranjam contextos bastante diversos.
No Brasil, os principais artifícios do movimento modernista não se opunham a toda
realização artística anterior a deles. A grande batalha se colocava contra ao passadismo, ou
seja, tudo aquilo que impedisse a criação livre. Pode-se, assim, dizer que a proposta
modernista era de uma ruptura estética quase completa com o engrossamento da arte
encontrado nas escolas anteriores e de uma ampliação dos horizontes dessa arte antes
delimitada pelos padrões acadêmicos. Em paralelo à ruptura, não se pode negar o desejo
dos escritores em conhecer e explorar o passado como fonte de criação, não como norma
para se criar. Como manifestações desse desejo por ruptura, que ao mesmo tempo
respeitavam obras da tradição literária, temos o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, o livro
Macunaíma, o retrato de brasileiros através das influências cubistas de Tarsila do Amaral,
o livro Casa Grande & Senzala, dentre inúmeros outros. Revistas da época também se
dedicaram ao tema, tais como Estética, Klaxon e Antropofagia, que foram meios de
comunicação entre o movimento, os artistas e a sociedade.
A primeira metade do século XIX na Europa foi marcada por uma série de guerras e
revoluções turbulentas, as quais gradualmente traduziram-se em um conjunto de
doutrinas atualmente identificadas com o movimento romântico, focado na experiência
individual subjetiva, na supremacia da Natureza como um tema padrão na arte, meios de
expressão revolucionários ou radicais e na liberdade do indivíduo. Em meados da metade
do século, entretanto, uma síntese destas idéias e formas de governo estáveis surgiram.
Chamada de vários nomes, esta síntese baseava-se na idéia de que o que era "real"
dominou o que era subjetivo. Exemplificada pela realpolitik de Otto von Bismarck, idéias
filosóficas como o positivismo e normas culturais agora descritas pela palavra vitoriano.
Fundamental para esta síntese, no entanto, foi a importância de instituições, noções
comuns e quadros de referência. Estes inspiraram-se em normas religiosas encontradas
no Cristianismo, normas científicas da física clássica e doutrinas que pregavam a
percepção da realidade básica externa através de um ponto de vista objetivo. Críticos e
historiadores rotulam este conjunto de doutrinas como Realismo, apesar deste termo não
ser universal. Na filosofia, os movimentos positivista e racionalista estabeleceram uma
valorização da razão e do sistema.
Contra estas correntes estavam uma série de idéias. Algumas delas eram continuações
diretas das escolas de pensamento românticas. Notáveis eram os movimentos bucólicos e
revivalistas nas artes plásticas e na poesia (por exemplo, a Irmandade pré-rafaelita e a
filosofia de John Ruskin). O Racionalismo também manifestou respostas do anti-
racionalismo na filosofia. Em particular, a visão dialética de Hegel da civilização e da
história gerou respostas deFriedrich Nietzsche e Søren Kierkegaard, principal precursor
do Existencialismo. Adicionalmente, Sigmund Freud ofereceu uma visão dos estados
subjetivos que envolviam uma mente subconsciente repleta de impulsos primários e
restrições contra balançantes, e Carl Jung combinaria a doutrina de Freud com uma crença
na essência natural para estipular um inconsciente coletivo que era repleto de tipologias
básicas que a mente consciente enfrentou ou assumiu. Todas estas reações individuais
juntas, porém, ofereceram um desafio a quaisquer idéias confortáveis de certeza derivada
da civilização, da história ou da razão pura.
Duas escolas originadas na França gerariam um impacto particular. A primeira seria
o Impressionismo, a partir de 1872, uma escola de pintura que inicialmente preocupou-se
com o trabalho feito ao ar livre, ao invés dos estúdios. Argumentava-se que o ser humano
não via objetos, mas a própria luz refletida pelos objetos. O movimento reuniu
simpatizantes e, apesar de divisões internas entre seus principais membros, tornou-se cada
vez mais influente. Foi originalmente rejeitado pelas mais importantes exposições
comerciais do período - o governo patrocinava o Salon de Paris (Napoleão III viria a criar
o Salon des rejects, que expôs todas as pinturas rejeitadas pelo Paris Salon). Enquanto
muitas obras seguiam estilos padrão, mas por artistas inferiores, o trabalho
de Manet atraiu tremenda atenção e abriu as portas do mercado da arte para o movimento.
A segunda escola seria o Simbolismo, marcado pela crença de que a linguagem é um meio
de expressão simbólico em sua natureza, e que a poesia e a prosa deveriam seguir
quaisquer conexões que as curvas sonoras e a textura das palavras pudessem criar. Tendo
suas raízes em Flores do Mal, de Baudelaire, publicado em 1857,
poetas Rimbaud, Lautreamónt e Stéphane Mallarmé seriam de particular importância para
o que aconteceria dali a frente.
Ao mesmo tempo, forças sociais, políticas e econômicas estavam trabalhando de forma a
eventualmente serem usadas como base para uma forma radicalmente diferente de arte e
pensamento.
Encabeçando este processo estava a industrialização, que produziu obras como a Torre
Eiffel, que superou todas as limitações anteriores que determinavam o quão alto um
edifício poderia ser e ao mesmo tempo possibilitava um ambiente para a vida urbana
notadamente diferente dos anteriores. As misérias da urbanização industrial e as
possibilidades criadas pelo exame científico das disciplinas seriam cruciais na série de
mudanças que abalariam a civilização européia, que, naquele momento, considerava-se
tendo uma linha de desenvolvimento contínua e evolutiva desde a Renascença.
A marca das mudanças que ocorriam pode ser encontrada na forma como tantas ciências e
artes são descritas em suas formas anteriores ao século XX pelo rótulo "clássico", incluindo
a física clássica, a economia clássica e o ballet clássico.
O advento do moderno (1890-1910)
Em princípio, o movimento pode ser descrito genericamente como uma rejeição
da tradição e uma tendência a encarar problemas sob uma nova perspectiva baseada em
idéias e técnicas atuais. DaíGustav Mahler considerar a si próprio um compositor
"moderno" e Gustave Flaubert ter proferido sua famosa frase "É essencial ser
absolutamente moderno nos seus gostos". A aversão à tradição pelos impressionistas faz
destes um dos primeiros movimentos artísticos a serem vistos, em retrospectiva, como
"moderno". Na literatura, o movimento simbolista teria uma grande influência no
desenvolvimento do Modernismo, devido ao seu foco na sensação. Filosoficamente, a
quebra com a tradição por Nietzsche e Freud provê um embasamento chave do movimento
que estaria por vir: começar de novo de princípios primários, abandonando as definições e
sistemas prévios. Esta tendência do movimento em geral conviveu com as normas de
representação do fim do século XIX; frequentemente seus praticantes consideravam-se
mais reformadores do que revolucionários.
Começando na década de 1890 e com força bastante grande daí em diante, uma linha de
pensamento passou a defender que era necessário deixar completamente de lado as
normas prévias, e ao invés de meramente revisitar o conhecimento passado à luz das
técnicas atuais, seria preciso implantar mudanças mais drásticas. Cada vez mais presente
integração entre a combustão interna e a industrialização; e o advento das ciências
sociais na política pública. Nos primeiros quinze anos do século XX, uma série de
escritores, pensadores e artistas fizeram a ruptura com os meios tradicionais de se
organizar a literatura, a pintura, a música - novamente, em paralelo às mudanças nos
métodos organizacionais de outros campos. O argumento era o de que se a natureza da
realidade mesma estava em questão, e as suas restrições, as atividades humanas até então
comuns estavam mudando, então a arte também deveria mudar.
Artistas
Alguns marcos são a música de Arnold Schoenberg, as experiências pictóricas
de Kandinsky que culminariam na fundação do grupo Der blaue Reiter em Munique e o
advento do cubismo através do trabalho de Picasso e Georges Braque em 1908 e dos
manifestos de Guillaume Apollinaire, além, é claro, do Expressionismo inspirado em Van
Gogh e do Futurismo.
Bastante influentes nesta onda de modernidade estavam as teorias de Freud, o qual
argumentava que a mente tinha uma estrutura básica e fundamental, e que a experiência
subjetiva era baseada na relação entre as partes da mente. Toda a realidade subjetiva era
baseada, de acordo com as idéias freudianas, na representação de instintos e reações
básicas, através dos quais o mundo exterior era percebido. Isto representou uma ruptura
com o passado, quando se acreditava que a realidade externa e absoluta poderia
impressionar ela própria o indivíduo, como dizia por exemplo, a doutrina databula
rasa de John Locke.
Entretanto, o movimento moderno não era meramente definido pela sua vanguarda mas
também pela linha reformista aplicada às normas artísticas prévias. Esta procura pela
simplificação do discurso é encontrada no trabalho de Joseph Conrad. Nota-se em Mário
de Andrade, com suas restrições à Poesia Pau-Brasil que não o tornam absolutamente um
vanguardista. As conseqüências das comunicações modernas, dos novos meios de
transporte e do desenvolvimento científico mais rápido começaram a se mostrar na
arquitetura mais barata de se construir e menos ornamentada, e na redação literária, mais
curta, clara e fácil de ler. O advento do cinema e das "figuras em movimento" na primeira
década do século XX possibilitaram ao movimento moderno uma estética que era única, e
novamente, criaram uma conexão direta com a necessidade percebida de se estender à
tradição "progressiva" do fim do século XX, mesmo que isto entrasse em conflito com as
normas estabelecidas.
A tentativa de reproduzir o movimento das imagens com palavras surgiu primeiramente
com o Futurismo de Marinetti, na Itália, que publicou o primeiro manifesto no ano de
1909. Baseados nas experiências de Serguei Einseinstein no cinema, os cubo-futristas
russos, como Vladimir Maiakovski conseguiram subsequentemente concretizar esta
intenção dos primeiros futuristas.
Após o Futurismo, surgem várias vanguardas na literatura e na poesia, como
o Expressionismo e o Cubismo, importados das artes plásticas, o Dadaísmo e
o Surrealismo, a partir da relação com a estética de escritores e poetas da segunda metade
do século XIX, com suas novas formas de explorar a psique humana e com a linguagem
verbal.
No entanto, muito influenciada pelas idéias do futurismo, surge também uma linha do
movimento moderno que rompeu com o passado ainda a partir da primeira década do
século XX de forma mais branda que as vanguardas, e tentou redefinir as várias formas de
arte de uma maneira menos radical. Seguindo esta linha mais branda vieram escritores de
língua inglesa como Virginia Woolf, James Joyce(que depois tornou-se mais radical e mais
próximo das vanguardas), T.S. Eliot, Ezra Pound (com ideias claramente próximas ao
futurismo), Wallace Stevens, Joseph Conrad, Marcel Proust,Gertrude Stein, Wyndham
Lewis, Hilda Doolittle, Marianne Moore, Franz Kafka e Jane Austen. Compositores
como Arnold Schönberg e Igor Stravinsky representaram o moderno na música. Artistas
como Picasso, Matisse, Mondrian, os surrealistas, entre outros, o representaram nas artes
plásticas, enquanto arquitetos como Le Corbusier, Mies van der Rohe, Walter
Gropius e Frank Lloyd Wrighttrouxeram as ideias modernas para a vida urbana cotidiana.
Muitas figuras fora do modernismo nas artes foram influenciadas pelas idéias artísticas,
por exemplo John Maynard Keynes era amigo deVirginia Woolf e outros escritores
do grupo de Bloomsbury.
Cruz e Souza
Filho dos negros alforriados Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da
Conceição[1], João da Cruz desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu
ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa - de quem adotou o nome de família,
Sousa. A esposa de Guilherme Xavier de Sousa, Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa,
não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João.
Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com
quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais.
Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito
racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Lagunapor ser negro. Em 1885 lançou o
primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi
para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do
Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em fevereiro de 1893,
publica Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto,Broquéis (poesia), dando início
ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se
com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos
prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura.
Morte
Faleceu a 19 de março de 1898 no município mineiro de Antônio Carlos, num povoado
chamado Estação do Sítio, para onde fora transportado às pressas vencido
pela tuberculose. Teve o seu corpo transportado para o Rio de Janeiro em
um vagão destinado ao transporte de cavalos. Ao chegar, foi sepultado no Cemitério de São
Francisco Xavier por seus amigos, dentre eles José do Patrocínio, onde permaneceu até
2007, quando seus restos mortais foram então acolhidos no Museu Histórico de Santa
Catarina - Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis.
Cruz e Sousa é um dos patronos da Academia Catarinense de Letras, representando a
cadeira número 15.
Análise da obra
Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações),
pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo
apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca. É certo que encontram-se
inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez,
à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus
versos.
No aspecto de influências do simbolismo, nota-se uma amálgama que conflui águas
do satanismo de Baudelaire ao espiritualismo (e dentro desse, ideias budistas e espíritas)
ligados tanto a tendências estéticas vigentes como a fases na vida do autor.
Alphonsus de Guimaraens
Alphonsus Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (Ouro
Preto, 24 de julho de 1870 — Mariana, 15 de julho de1921) foi um escritor brasileiro.
A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcadamente mística e envolvida com
religiosidade católica. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são
profundamente religiosos e sensíveis na medida em que ele explora o sentido da morte,
do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo.
Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação
diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra
é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina que é considerada um anjo,
ou um ser celestial, por isso, Alphonsus de Guimaraens é neo-romântico e simbolista ao
mesmo tempo, já que essas duas escolas possuem características semelhantes.
Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores
simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também
chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do Simbolismo".
Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora
preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas, particularmente a
redondilha maior (terminado em sete sílabas métricas).
Biografia
Filho de Albino da Costa Guimarães, comerciante português, e de Francisca de Paula
Guimarães Alvim, sobrinho do poeta Bernardo de Guimarães.
Guimaraens Matriculou-se em 1887 no curso de engenharia. Um fato marcante em sua
vida foi a perda prematura da prima e noiva Constança, e a morte da moça abalou-o
moralmente e fisicamente.
Foi, em 1891, para São Paulo, onde matricula-se no curso de Direito da Faculdade do Largo
São Francisco, voltou a Minas Gerais e formou-se em direito em 1894, na recém
inaugurada Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais, que na época funcionava em Ouro
Preto. Em São Paulo, colaborou na imprensa e freqüentou a Vila Kyrial, de José de Freitas
Vale, onde se reuniam os jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de Janeiro, conheceu Cruz e
Souza, poeta do qual já admirava e tornou-se amigo pessoal. Também foi juiz substituto e
promotor em Conceição do Serro (MG). No ano de 1897, casa-se com Zenaide de Oliveira.
Posteriormente, no ano de 1899, estreou na literatura com dois volumes de versos:
Septenário das dores de Nossa Senhora e Câmara Ardente, e Dona Mística; ambos de
nítida inspiração simbolista.
Em 1900 passou a exercer a função de jornalista colaborando em "A Gazeta", de São Paulo.
Em 1902 publicou Kyriale, sob o pseudônimo de Alphonsus de Guimaraens; esta obra o
projetou no universo literário, obtendo assim um reconhecimento, ainda que restrito de
alguns raros críticos e amigos mais próximos. Em 1903, os cargos de juizes-substitutos
foram suprimidos pelo governo do estado, consequentemente Alphonsus perdeu também
seu cargo de Juiz, fato que o levou a graves dificuldades financeiras.
Após recusar um posto de destaque no jornal A Gazeta, Alphonsus foi nomeado para a
direção do jornal político Conceição do Serro, onde também colaboraria seu irmão o poeta
Archangelus de Guimaraens , Cruz e Souza e José Severino de Resende. Em 1906, tornou-
se Juiz Municipal de Mariana (do de sua esposa Zenaide de Oliveira, com quem teve 15
filhos, dois dos quais também escritores: João Alphonsus e Alphonsus Guimaraens Filho.
Devido ao período que viveu em Mariana, ficou conhecido como "O Solitário de Mariana",
apesar de ter vivido lá com a mulher e com seus 15 filhos. O apelido foi dado a ele devido
ao estado de isolamento completo em que viveu. Sua vida, nessa época, passou a ser
dedicada basicamente às atividades de juiz e à elaboração de sua obra poética.
Principais Obras de Alphonsus Guimaraens: Setenário das Dores de Nossa
Senhora, Câmara Ardente, Dona Mística, Kyriale, Mendigos, Ismália".
Póstumas Pastoral aos crentes do amor e da morte Escada de Jacó Pulvis Salmos da
noite Poesias Jesus eu sei que ela morreu, Viceja...
Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de
Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um escritor brasileiro, amplamente considerado
como o maior nome da literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros
literários, sendo poeta, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, e crítico
literário. Testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu
o Império e foi um grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época.
Nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, de uma família pobre, mal estudou em
escolas públicas e nunca freqüentou universidade. Os biógrafos notam que, interessado
pela boemia e pela corte, lutou para subir socialmente abastecendo-se de superioridade
intelectual. Para isso, assumiu diversos cargos públicos, passando pelo Ministério da
Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e conseguindo precoce notoriedade em
jornais onde publicava suas primeiras poesias e crônicas. Em sua maturidade, reunido a
colegas próximos, fundou e foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de
Letras,
Sua extensa obra constitui-se de 9 romances e peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas
de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas. Machado o de Assis é considerado o
introdutor do Realismo no Brasil, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás
Cubas (1881). Este romance é posto ao lado de todas suas produções posteriores, Quincas
Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires, ortodoxamente conhecidas
como pertencentes a sua segunda fase, em que nota-se traços de pessimismo e ironia,
embora não haja rompimento de resíduos românticos. Dessa fase, os críticos destacam que
suas melhores obras são as da Trilogia Realista Sua primeira fase literária é constituída de
obras como Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia, onde nota-se
características herdadas do romantismo, ou "convencionalismo", como prefere a crítica
moderna.
Sua obra foi de fundamental importância para as escolas literárias brasileiras do século
XIX e do século XX e surge nos dias de hoje como de grande interesse acadêmico e
público. Influenciou grandes nomes das letras, como Olavo Bilac, Lima
Barreto, Drummond de Andrade, John Barth, Donald Barthelme e outros. Em seu tempo
de vida, alcançou relativa fama e prestígio pelo Brasil, contudo não desfrutou de
popularidade exterior na época. Hoje em dia, por sua inovação e audácia em temas
precoces, é frequentemente visto como o escritor brasileiro de produção sem
precedentes,de modo que, recentemente, seu nome e sua obra têm alcançado diversos
críticos, estudiosos e admiradores do mundo inteiro. Machado de Assis é considerado um
dos grandes gênios da história da literatura, ao lado de autores
comoDante, Shakespeare e Camões.
Primeiros anos
Machado de Assis nasceu no dia 21 de Junho de 1839 no Morro do Livramento,[1] Rio de
Janeiro do Período Regencial, então capital do Império do Brasil Seus pais foram
Francisco José de Assis, um mulato que pintava paredes, e Maria Leopoldina da Câmara
Machado, lavadeira açoriana. Ambos eram agregados da Dona Maria José de Mendonça
Barrozo Pereira, esposa do falecido senador Bento Barroso Pereira, que abrigou seus pais e
os permitiu morar junto com ela. As terras do Livramento eram ocupadas pela chácara da
família de Maria José e já em 1818 o terreno começou a ser loteado de tão imenso que era,
dando origem à rua Nova do Livramento. Maria José tornou-se madrinha do bebê e
Joaquim Alberto de Sousa da Silveira, seu cunhado, tornou-se o padrinho, de modo que os
pais de Machado resolveram homenagear os dois nomeando com seus nomes, Nascera
junto a ele uma irmã, que morreu jovem, aos 4 anos, em 1845. Iniciou seus estudos
numa escola pública da região, mas não mostrou-se interessado por ela.] Ocupava-se
também em celebrar missas, o que lhe fez conhecer o Padre Silveira Sarmento, que,
segundo certos biógrafos, tornou-se seu mentor de latim e amigo.
Morro do Livramento. A seta do canto direito mostra a casa onde Machado provavelmente
nasceu e passou a infância.
Em seu folhetim Casa Velha, publicado de janeiro de 1885 a fevereiro de 1886 na revista
carioca A Estação, e publicado pela primeira vez em livro em 1943 graças à Lúcia Miguel
Pereira, Machado fornece descrição do que seria a casa principal e a capela da chácara do
Livramento: "A casa, cujo lugar e direção não é preciso dizer, tinha entre o povo o nome de
Casa Velha, e era-o realmente: datava dos fins do outro século. Era uma edificação sólida e
vasta, gosto severo, nua de adornos. Eu, desde criança, conhecia-lhe a parte exterior, a
grande varanda da frente, os dois portões enormes, um especial às pessoas da família e às
visitas, e outro destinado ao serviço, às cargas que iam e vinham, às seges, ao gado que saía
a pastar. Além dessas duas entradas, havia, do lado oposto, onde ficava a capela, um
caminho que dava acesso às pessoas da vizinhança, que ali iam ouvir missa aos domingos,
ou rezar a ladainha aos sábados".
Como já citado, a região sofria forte influência da igreja católica, de modo que a vizinhança
frequentava suas missas; a casa era "uma espécie de vila ou fazenda",onde Machado
passou sua infância. Nesta época, José de Alencar tinha apenas 10 anos de idade. Três anos
antes do nascimento de Machado, Domingos José Gonçalves de
Magalhães publicava Suspiros Poéticos e Saudades, obra que trazia os ideais
do Romantismo para a literatura brasileira. Quando Machado tinha apenas um ano de
idade, em 1840, decretava-se a maioridade de D. Pedro II, tema que viria a tratar anos
mais tarde em Dom Casmurro. Ao completar 10 anos, Machado tornou-se órfão de mãe, e
o pai viúvo tão logo perdera a esposa casou-se com Maria Inês da Silva em 18 de junho de
1854, que cuidaria do garoto quando Francisco viesse a morrer um tempo depois.] Segundo
escrevem alguns biógrafos, a madrasta confeccionava doces numa escola reservada para
meninas e Machado teve aulas no mesmo prédio, enquanto à noite estudava língua
francesa com um padeiro imigrante. Certos biógrafos notam seu imenso e precoce
interesse e abstração por livros. Mudou-se com seu pai para o São Cristóvão, na Rua São
Luís de Gonzaga nº48 e logo o pai se casou com sua madrasta Maria Inês.
]Jornais, poemas e óperas
Tudo indica que Machado evitou o subúrbio carioca e procurou a subsistência no centro da
cidade. Com muitos planos e espírito aventureiro, fez algumas amizades e
relacionamentos. Em 1854, publicou seu primeiro soneto, dedicado à "Ilustríssima
Senhora D.P.J.A", assinando como "J. M. M. Assis", no Periódico dos Pobres. No ano
seguinte, passou a freqüentar a livraria do jornalista e tipógrafo Francisco de Paula Brito.
Paula Brito era um humanista e sua livraria, além de vender remédios, chás, fumo de
rolo, porcas e parafusos, também servia como ponto de encontro da sua Sociedade
Petalógica (peta=(ê), s. f. 1. Mentira, patranha). Um tempo mais tarde, Machado se
referiria à Sociedade da seguinte forma: "Lá se discutia de tudo, desde a retirada de um
ministro até a pirueta da dançarina da moda, desde o dó do peito de Tamberlick até os
discursos do Marquês do Paraná".
Imprensa Nacional, c.1880, onde Machado de Assis iniciou seus serviços
como tipógrafo e revisor.
No dia 12 de janeiro de 1855, Brito publicou os poemas "Ela" e "A Palmeira" na Marmota
Fluminense, revista bimensal do livreiro. Estes dois versos, reunidos junto àquele soneto
para a Dona Patronilha, fazem parte da primeira produção literária de Machado de Assis.
Aos dezessete anos, foi contratado como aprendiz de tipógrafo e revisor de imprensa
na Imprensa Nacional, onde foi protegido e ajudado por Manuel Antônio de Almeida (que
anos antes havia publicado sua magnum opus Memórias de um Sargento de Milícias), que
o incentivou a seguir a carreira literária.] Machado trabalhou na Imprensa Oficial de 1856 a
1858. No fim deste período, a convite do poeta Francisco Otaviano, passou a colaborar
para o Correio Mercantil, importante jornal da época, escrevendo crônicas e revisando
textos Durante esta época o jovem já freqüentava teatros e outros meios artísticos. Em
novembro de 1859, estreavaPipelet, ópera com libreto de sua autoria baseada em The
Mysteries of Paris de Eugène Sue e com música de Ferrari. Escreveu ele sobre a
apresentação:
"Abre-se segunda-feira, a Ópera Nacional com o Pipelet, ópera em actos, música de
Ferrari, e poesia do Sr. Machado de Assis, meu íntimo amigo, meu alter ego, a quem tenho
muito affecto, mas sobre quem não posso dar opinião nenhuma."
Pipelet não agrada consideravalmente o público e os folhetinistas ignoram-na. Gioacchino
Giannini, que dirigiu a orquestra da ópera, sentiu-se contrariado com a orquestra e
escreveu num artigo: "Não falaremos do desempenho de Pipelet. Isso seria enfadonho,
horrível e espantoso para quem o viu tão regularmente no Teatro de São Pedro." O final da
ópera era melancólico, com o enterro agonizante do personagem Pipelet. Machado de
Assis, em 1859, escreveu que "o desempenho da mesma maneira que o primeiro, fez nutrir
esperança de uma boa companhia de canto." De fato, o jovem nutria interesse na
campanha de construção da Ópera Nacional. No ano seguinte a de Pipelet, produziu um
libreto chamado As Bodas de Joaninha, entretanto sua repercussão foi nula. Anos mais
tarde, registraria a nostalgia do folhetinismo de sua juventude.
OLAVO BILAC
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1865 — Rio de
Janeiro, 28 de dezembro de 1918) foi um jornalista e poeta brasileiro, membro fundador
da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.
Conhecido por sua atenção a literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica,
era republicano e nacionalista; também era defensor do serviço militar obrigatório. Bilac
escreveu a letra do Hino à Bandeira e fez oposição ao governo de Floriano Peixoto. Foi
membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Em 1907, foi eleito
“príncipe dos poetas brasileiros”, pela revista Fon-Fon. Bilac, autor de alguns dos mais
populares poemas brasileiros, é considerado o mais importante de nossos
poetas parnasianos. No entanto, para o crítico João Adolfo Hansen, "o mestre do passado,
do livro de poesia escrito longe do estéril turbilhão da rua, não será o mesmo mestre do
presente, do jornal, a cronicar assuntos cotidianos do Rio, prontinho para intervenções de
Agache e a erradicação da plebe rude, expulsa do centro para os morros"
A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos
econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo
Filho de Brás Martins dos Guimarães Bilac e de Delfina Belmira dos Guimarães Bilac, era
considerado um aluno aplicado, conseguindo, aos 15 anos - antes, portanto, de completar a
idade exigida - autorização especial de ingressar no curso de Medicina na Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro, a gosto do pai e a contra gosto próprio, que era médico da
então Guerra do Paraguai.
Começa a freqüentar as aulas, mas seu trabalho da redação da Gazeta Acadêmica absorve-
o mais do que a sisuda anatomia. Do mesmo modo, no tempo de colégio, deliciara-se com
as viagens que os livros de Júlio Verne lhe ofereciam à fantasia. No menino e no jovem já
se manifestavam as marcas de sua paixão futura: o fascínio poder criador da palavra. Há
relatos que contam que Olavo Bilac não concluiu seu curso de Medicina devido a sua
necrofilia. Bilac segundo algumas fontes, as quais tentam ser abafadas, tinha relações
sexuais com os cadáveres de sua faculdade.
Bilac não concluiu o curso de Medicina e Direito, que freqüentou posteriormente, em São
Paulo. Bilac foi jornalista, poeta, freqüentador de rodas de boêmias e literárias do Rio. Sua
projeção como jornalista e poeta e seu contato com intelectuais e políticos da época
conduziram-o a um cargo público: o de inspetor escolar.
Sua estreia como poeta, nos jornais cariocas, ocorreu com a publicação do soneto "Sesta de
Nero" no jornal Gazeta de Notícias, em agosto de 1884. Recebeu comentários elogiosos
de Artur Azevedo, precedendo dois outros sonetos seus, no Diário de Notícias. No ano
de 1897, Bilac acabou perdendo o controle do seu Serpollet e o bateu contra uma árvore na
Estrada da Tijuca, no Rio de Janeiro - RJ, sendo o primeiro motorista a sofrer um acidente
automobilístico no Brasil.
Aos poucos profissionaliza-se: produz, além de poemas, textos publicitários, crônicas,
livros escolares e poesias satíricas. Visa contar através de seus manuscritos a realidade
presente na sua época. Em 1891, com a dissolução do parlamento e a posse de Floriano
Peixoto, intelectuais perdem seu protetor, dr.Portela, ligado com o primeiro presidente
republicano Deodoro da Fonseca. Fundado O Combate, órgão antiflorianista e a instalação
do estado de sítio, Bilac é preso e passa quatro meses detido na Fortaleza da Laje no Rio
de Janeiro.
O grande amor de Bilac foi Amélia de Oliveira, irmã do poeta Alberto de Oliveira.
Chegaram a ficar noivos, mas o compromisso foi desfeito por oposição de outro irmão da
noiva, desconfiado de que o poeta era um homem sem futuro. Seu segundo noivado fora
ainda menos duradouro, com Maria Selika, filha do violonista Francisco Pereira da Costa.
Viveu só sem constituir família até o fim de seus dias.
Mas, como lendas e mitos amorosos cercam a história de todos os poetas, consta que
Amélia se manteve fiel a ele por toda vida, não se casando e depositando romanticamente
um mecha de seus cabelos no caixão do poeta.
Como não tivera herdeiros, preferiu educar várias gerações de brasileiros escrevendo
diversos livros escolares, ora sozinho, ora com Coelho Neto ou com Manuel Bonfim.
Participação cívica e social
Já consagrado em 1907, o autor do Hino da Bandeira é convidado para liderar o
movimento em prol do serviço militar obrigatório, já matéria de lei desde 1907, mas
apenas discutido em 1915. Bilac se desdobra para convencer os jovens a se alistar.
Já no fim de sua vida, em 1917, Bilac recebe o título de professor honorário
da Universidade de São Paulo. E talvez seja considerado um professor mesmo: dos
contemporâneos, leitores de suas crônicas e ouvintes de sua poesia; dos que se formaram
na leitura de seus livros escolares; de modo geral, dos que até hoje são enfeitiçados por
seus poemas.
É como poeta Bilac se imortalizou. Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pela
revista Fon-Fon em 1907. Juntamente com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, foi a
maior liderança e expressão do Parnasianismo no Brasil, constituindo a chamada Tríade
Parnasiana. A publicação de Poesias, em 1888 rendeu-lhe a consagração. Discurso de
1907
Ao tomar palavra no banquete-homenagem que lhe fora oferecido a 3 de dezembro de
1907, Bilac enfatizaria o fato de ser sua figura representativa de toda uma geração:
" O que estais, como brasileiros, louvando e premiando nesta sala, é o trabalho árduo,
fecundo, revolucionário, corajoso da geração literária a que pertenço, e o papel definido,
preciso, dominante, que essa geração conquistou com o seu labor, para o homem das
letras, no seio da civilização brasileira...
Que fizemos nós? Fizemos isto: transformamos o que era até então um passatempo, um
divertimento, naquilo que é hoje uma profissão, um culto, um sacerdócio: estabelecemos
um preço para nosso trabalho, porque fizemos desse trabalho uma necessidade
primordial da vida moral e da civilização de nossa terra.."
Principais obras
Membros da Academia de Letras; Olavo Bilac encontra-se em pé, o quarto da esquerda
para a direita.
Língua Portuguesa
É soneto constituído de versos decassílabos heróicos (acento tônico ocorrente nas 6ª e 10ª
sílabas poéticas), com rimas opostas, interpoladas ou intercaladas [3].
"No poema Língua Portuguesa, o autor parnasiano Olavo Bilac faz uma abordagem sobre o
histórico da língua portuguesa, tema já tratado por Camões. Este poema inspirou outras
abordagens, como o poema 'Língua', de Gilberto Mendonça Teles e 'Língua', de Caetano
Veloso.
Esta história é contada em quatorze versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos
– um soneto – seguindo as normas clássicas da pontuação e da rima.
Partindo para uma análise semântica do texto literário, observa-se que o poeta, com
a metáfora 'Última flor do Lácio, inculta e bela', refere-se ao fato de que a língua
portuguesa ter sido a última língua neolatina formada a partir do latim vulgar – falado
pelos soldados da região italiana do Lácio.
No segundo verso, há um paradoxo: 'És a um tempo, esplendor e sepultura'. 'Esplendor',
porque uma nova língua estava ascendendo, dando continuidade ao latim. 'Sepultura'
porque, a partir do momento em que a língua portuguesa vai sendo usada e se expandindo,
o latim vai caindo em desuso, 'morrendo'.
No terceiro e quarto verso, 'Ouro nativo, que na ganga impura / A bruta mina entre os
cascalhos vela', o poeta exalta a língua que ainda não foi lapidada pela fala, em comparação
às outras também formadas a partir do latim.
O poeta enfatiza a beleza da língua em suas diversas expressões: oratórias, canções de
ninar, emoções, orações e louvores: 'Amo-te assim, desconhecida e obscura,/ Tuba de alto
clangor, lira singela'. Ao fazer uso da expressão 'O teu aroma/ de virgens cegas e oceano
largo', o autor aponta a relação subjetiva entre o idioma novo, recém-criado, e o 'cheiro
agradável das virgens selvas', caracterizando as florestas brasileiras ainda não exploradas
pelo homem branco. Ele manifesta a maneira pela qual a língua foi trazida ao Brasil –
através do oceano, numa longa viagem de caravela – quando encerra o segundo verso do
terceto.
Ainda expressando o seu amor pelo idioma, agora por meio de um vocativo, 'Amo-te, ó
rude e doloroso idioma', Olavo Bilac alude ao fato de que o idioma ainda precisava ser
moldado e, impor essa língua a outros povos não era um tarefa fácil, pois implicou em
destruir a cultura de outros povos.
No último terceto, para finalizar, quando o autor diz: 'Em que da voz materna ouvi: 'meu
filho'!/ E em que Camões chorou, no exílio amargo/ O gênio sem ventura e o amor sem
brilho', ele utiliza uma expressão fora da norma ('meu filho') e refere-se a Camões, quem
consolidou a língua portuguesa no seu célebre livro 'Os Lusíadas', uma epopeia que conta
os feitos grandiosos dos portugueses durante as 'grandes navegações', produzida quando
esteve exilado, aos 17 anos, nas colônias portuguesas da África e da Ásia. Desce exílio,
nasceu 'Os Lusíadas', uma das oitavas epopeias do mundo."
Camilo Pessanha
Tirou o curso de Direito em Coimbra. Procurador Régio em Mirandela (1892), advogado
em Óbidos, em 1894, transfere-se para Macau, onde, durante três anos, foi professor de
Filosofia Elementar no Liceu de Macau, deixando de leccionar por ter sido nomeado,
em 1900, conservador do registro predial em Macau e depois juiz de comarca.
Entre 1894 e 1915 voltou a Portugal algumas vezes, para tratamento de saúde, tendo, numa
delas, sido apresentado a Fernando Pessoa que era, como Mário de Sá-Carneiro, grande
apreciador da sua poesia.
Publicou poemas em várias revistas e jornais, mas seu único livro Clepsidra (1920), foi
publicado sem a sua participação (pois se encontrava emMacau) por Ana de Castro Osório,
a partir de autógrafos e recortes de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de Pessanha
se salvaram do esquecimento. Posteriormente, o filho de Ana de Castro Osório, João de
Castro Osório, ampliou a Clepsidra original, acrescentando-lhe poemas que foram
encontrados. Essas edições saíram em 1945, 1954 e 1969.
Apesar da pequena dimensão da sua obra, é considerado um dos poetas mais importantes
da língua portuguesa. Camilo Pessanha morreu no dia1 de Março de 1926 em Macau.
Características estéticas
Além das características simbolistas que sua obra assume, já bem conhecidas, Camilo
Pessanha antecipa alguns princípios de tendências modernistas.
Camilo Pessanha buscou em Charles Baudelaire, proto-simbolista francês, o termo
“Clepsidra”, que elegeu como título do seu único livro de poemas, praticando uma poética
da sugestão como proposta por Mallarmé, evitando nomear um objeto direta e
imediatamente.
Por outro lado, segundo o pesquisador da Universidade do Porto Luís Adriano Carlos[2], o
seu chamado "metaforismo" entraria no mesmo rol estético do imagismo,
do inteseccionismo e dosurrealismo, buscando as
relações analógicas entre significante e significado por intermédio da clivagem dinâmica
dos dois planos. Junto de sua fragmentação sintática, que segundo a pesquisadora
da Universidade do Minho Maria do Carmo Pinheiro Mendes substitui um mundo
ordenado segundo leis universalmente reconhecidas por um mundo fundado sobre a
ambiguidade, a transitoriedade e a fragmentação[3], podemos encontrar na obra de
Camilo Pessanha, de acordo com os dois autores citados, duas características que
costumam ser mais relacionadas à poesia moderna que ao Simbolismo mais convencional.
Naturalismo
Os romances naturalistas se destacam pela abordagem extremamente aberta do sexo e pelo
uso da linguagem falada. O resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente verdadeiro,
que na época foi considerado até chocante de tão inovador. Ao ler uma obra naturalista,
tem-se a impressão de estar lendo uma obra contemporânea, que acabou de ser escrita. Os
naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da hereditariedade e seu
comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age. A perspectiva evolucionista
de Charles Darwin inspirava os naturalistas, que acreditavam ser a Seleção
Naturalimpulsionadora da transformação das espécies. Assim, predomina nesse tipo de
romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o
erotismo como elementos que compõem a personalidade humana.
Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de modo definitivo a
estética naturalista. Os autores naturalistas criavam narradores oniscientes e impassíveis
para dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como a homossexualidade,
o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando personagens que eram dominados
por seus instintos e desejos, pois viam no comportamento do ser humano traços de sua
natureza animal.
No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Aluísio Azevedo com a obra O mulato,
publicado em 1881, marcou o início do Naturalismo brasileiro, a obra O cortiço, também
de sua autoria, marcou essa tendência.
O francês Émile Zola foi o idealizador do naturalismo e o escritor que mais se identificou
com ele. O romance experimental (1880) é considerado o manifesto literário do
movimento. As leituras de Zola sobre a teoria evolucionista de Darwin (a Origem das
espécies foi publicada em 1859), A filosofia da arte (1865), "um grande estudo fisiológico e
psicológico". O que Claude Bernard tinha desvendado no corpo humano, Zola iria
desvendar na sociedade. A título de curiosidade, conta-se que Zola pouco mais teve que
fazer do que substituir as palavras médico por romancista do livro "Introduction a l'étude
de la médicine experimentale" (Claude Bernard) para poder escrever a sua obra "Le
Roman Expérimental", de 1880. Outras influências fortes sobre seu trabalho, nesse
sentido, seriam a obra de Honoré de Balzac (que havia realizado uma verdadeira
radiografia da sociedade francesa com a série de romances. A comédia humana, concluída
em 1846) e as idéias socialistas em ascensão (OManifesto Comunista de Karl
Marx e Friederich Engels é de 1848). Em 1871, Zola dava início a seu grande projeto, a
série Os Rougon-Macquart. A repercussão na imprensa do êxito de A taverna (1876) levou
Zola a responder à crítica da seguinte forma: "Estou sendo considerado um escritor
democrático, simpatizante do socialismo, mas não gosto de rótulos. Se quiserem me
classificar, digam que sou naturalista. Vocês se espantam com as cores verdadeiras e tristes
que uso para pintar a classe operária, mas elas expressam a realidade. Eu apenas traduzo
em palavras o que vejo; deixo para os moralistas a necessidade de extrair lições. Minha
obra não é publicitária nem representa um partido político. Minha obra representa a
verdade". Em 1880, Nana é lançado e faz grande sucesso. Aborda um tema ousado: a
prostituição de luxo.
Em 1881 Zola lança sua obra-prima Germinal. Para escrevê-lo, o autor não se contentou
com a pesquisa, foi direto à fonte. Passou dois meses trabalhando como mineiro na
extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para se
familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar
um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a umidade dentro da mina, o trabalho
insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo
salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros, por isso sua
narração é tão impactante. A força de Germinal causou enorme repercussão, consagrando
Émile Zola como um dos maiores escritores de todos os tempos.
Realismo
O Realismo na literatura
Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam
retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora
ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram mostrar a face nunca antes
revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo
humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.
Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma objetividade
que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de
forma natural, ou por meio de estórias como Machado de Assis. Se um autor desejasse
criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto para tanto, porém
escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles
julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a ela.
Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever,
analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída
pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas
talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos
humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações.
Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame
Bovary (1857) de Gustave Flaubert. Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave
Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens.
A partir da extinção do tráfico negreiro, em 1850, acelera-se a decadência da economia
cafeeira no Brasil e o país experimenta sua primeira crise depois da Independência. O
contexto social que daí se origina, aliado à leitura de grandes mestres realistas europeus
como Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo, propiciaram o surgimento do Realismo no
Brasil.
Assim, em 1881 Aluísio Azevedo publica O Mulato (primeiro romance naturalista
brasileiro) e Machado de Assis publica Memórias Póstumas de Brás Cubas (primeiro
romance realista do Brasil).
Lembrando que Machado de Assis foi o principal escritor do Realismo no Brasil, suas
principais obras foram: Memórias póstumas de Bras Cubas, Quincas Borba e Dom
Casmurro.
Realismo em Portugal
O Realismo na Literatura surge em Portugal após 1865, devido à Questão Coimbrã e
às Conferências do Casino, como resposta à artificialidade, formalidade e aos exageros
do Romantismo de uma sentimentalidade mórbida. Eça de Queirós é apontado, junto
a Antero de Quental, como o autor que introduz este movimento no país, sendo o romance
social, psicológico e de tese a principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distração e
torna-se meio de crítica a instituições, à hipocrisia burguesa (avareza, inveja, usura), à vida
urbana (tensões sociais, econômicas, políticas) à religião e à sociedade, interessando-se
pela análise social, pela representação da realidade circundante, do sofrimento, da
corrupção e do vício. A escravatura, o racismo e a sexualidade são retratados com uma
linguagem clara e direta.
A primeira manifestação do Realismo em Portugal deu-se inicialmente na Questão
Coimbrã, polemica esta que significou, nas palavras de Teófilo Braga “a dissolução do
Romantismo”. Nela se manifestaram pela primeira vez as novas idéias e o novo gosto de
uma geração que reagia contra o marasmo em que tinha caído o Romantismo.
O segundo episódio verificou-se em 1871 nas Conferências do Casino (ou Conferências
Democráticas do Casino). Nessa nova manifestação da chamada Geração de 70, os
contornos do que seria o Realismo apareceram desenhados com maior nitidez,
especialmente através da conferência realizada por Eça de Queirós intitulada O realismo
como nova expressão da arte. Sob a influência do Cenáculo, e da sua figura central, Antero
de Quental, Eça funde as teorias de Taine, do determinismo social e
da hereditariedade com as posições estético-sociais de Proudhon. Atacando o estado das
letras nacionais e propôs uma nova arte, uma arte revolucionária, que respondesse ao
"espírito dos tempos" (zeitgeist), uma arte que agisse como regeneradora da consciência
social, que pintasse o real sem floreados. Para Eça só uma arte que mostrasse efetivamente
como era a realidade, mesmo que isso implicasse entrar em campos sórdidos, poderia fazer
um diagnóstico do meio social, com vista à sua cura. Assim reagia contra o espírito da arte
pela arte, visando mostrar os problemas morais e assim contribuir para aperfeiçoar a
Humanidade. Com este cientificismo,Eça de Queirós já situava o Realismo na sua posição
extrema de Naturalismo.
Houve reacções: Pinheiro Chagas atacou Eça. Luciano Cordeiro argumentou que ele
próprio já tinha defendido posições parecidas. A implantação efetiva do Realismo dá-se
com a publicação do O Crime do Padre Amaro, seguida, dois anos mais tarde, pelo Primo
Basílio, obras ambas de Eça, que são caracterizadas por métodos de narração e descrição
baseados numa minuciosa observação e análise dos tipos sociais, físicos e psicológicos,
aparecendo os fatores como o meio, a educação e a hereditariedade a determinarem o
caráter moral das personagens. São romances que têm afinidade com os de Émile Zola,
com o intuito de crítica de costumes e de reforma social.
O primeiro desses romances foi acolhido pelos críticos de então com um silêncio
generalizado. O segundo provocou escândalo aberto. E a polemica e a oposição entre
Realismo e Romantismo estala definitivamente. Pinheiro Chagas ataca Eça considerando-o
antipatriota, pelo modo como apresenta a sociedade portuguesa. Chegaram a aparecer
panfletos acusando os realistas de desmoralização das famílias (Carlos Alberto Freire de
Andrade: A escola realista, opúsculo oferecido às mães).
Camilo Castelo Branco vai parodiar o Realismo com Eusébio Macário(1879) e voltando a
parodiar com A Corja (1880). Mas curiosamente, mesmo através da paródia, Camilo vai
absorver a nova escola, como é nítido na novela A Brasileira de Prazins. (1882).
Entretanto o paladino do Realismo, Eça, vai desorientar os seus seguidores ortodoxos com
a publicação de O Mandarim. O que faz com que Silva Pinto (1848-1911) que tinha exposto
a teoria da escola realista e elogiado Eça num panfleto intitulado Do Realismo na Arte, vai
agora atacar Eça em Realismos, ridicularizando o novo estilo deste. Reis Dâmaso,
na Revista de Estudos Livres vai-se insurgir contra a publicação de O Mandarim acusando
Eça de ter atraiçoado o movimento. Estas acusações não eram infundadas porque de fato
Eça já estava a descolar de um realismo ortodoxo para o seu estilo mais pessoal onde o seu
humor e a sua fantasia se aliam num estilo único.
Desde a implantação do Realismo com a conferência de Eça, o movimento logrou um
núcleo de apoiantes que se desmultiplicaram em explicar e defender o seu credo estético.
Esse núcleo resvalou, em geral, para uma posição mais extremadamente Realista, o
Naturalismo, tornando-se ortodoxo e dogmático. Os defensores dessa posição são José
António dos Reis Dâmaso (1850-1895) e Júlio Lourenço Pinto (1842-1907) autor
da Estética naturalista, que pretendia ser um evangelho do Naturalismo. No entanto esses
dois autores são fracos do ponto de vista literário e totalmente esquecidos hoje em dia.
Aqueles que não enveredaram por posições tão rígidas estão menos esquecidos, como Luís
de Magalhães, que nos deixou O Brasileiro Soares (1886), livro prefaciado por Eça. Outros
nomes são Trindade Coelho, Fialho de Almeida e Teixeira de Queirós.
Por volta de 1890 o Realismo/Naturalismo tinha perdido o seu ímpeto em Portugal.
Em 1893, o próprio Eça o declarava morto nas Notas Contemporâneas: “o homem
experimental, de observação positiva, todo estabelecido sobre documentos, findou (se é
que jamais existiu, a não ser em teoria).
Embora por vezes doutrinariamente fraco e/ou confuso o Realismo em Portugal apresenta-
se por isso mesmo, mais do que um movimento consistente, como uma tendência estética,
um sentir novo, que se opôs ao Idealismo e ao Romantismo. A sua consequência mais
importante foi a introdução em Portugal às influências estrangeiras nos vários domínios do
saber. Alargando as escolhas literárias e renovando um meio literário que estava muito
fechado sobre si mesmo.
Romantismo
O Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas
décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX.
Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o
período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais
na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a
forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de
mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si
mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos
de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e
pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela
emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, à
tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.
O Romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era de
grande rebeldia. Na política, caíam os sistemas de governo despóticos e surgia o
liberalismo político (não confundir com o liberalismo econômico do Século XX). No campo
social imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A Revolução
Francesa é o clímax desse século de oposição.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico antes de
seu nascimento de fato, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta classificação
encaixam-se Francisco Goya e Bocage.
O Romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a Alemanha e na
Inglaterra. Na Alemanha, o Romantismo, teria, inclusive, fundamental importância na
unificação germânica com o movimento Sturm und Drang.
O Romantismo viria a se manifestar de formas bastante variadas nas diferentesartes e
marcaria, sobretudo, a literatura e a música (embora ele só venha a se manifestar
realmente aqui mais tarde do que em outras artes). À medida que a escola foi sendo
explorada, foram surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destes
críticos surgiu o movimento que daria forma ao Realismo.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com
o Primeiro reinado, com a guerra do Paraguai e com a campanha abolicionista.
O romantismo seria dividido em 3 gerações:
1º geração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo,
o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de
outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da colectânea de textos e
documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato
atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa
mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A
mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.
2º geração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto
pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher eraalcançada mas a felicidade não era
atingida.
3º geração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual
denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica
(vide Eça de Queiróz), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que
revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.
Características do Romantismo:
Individualismo
Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano,
abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida por emoções
e sentimentos. O individualismo serve também para uma pessoa individual, sem sequer
critérios omíferos que generalizam o estado.
Subjetivismo
O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião sobre o
mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na primeira pessoa.
Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por um individuo que baseia sua
perspectiva naquilo que as suas sensações captam.
Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções
pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.
O eu é o foco principal do subjetivismo, o eu é egoísta, forma de expressar seus razões.
Idealização
Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suas
características. Dessa forma, a mulher é uma virgem frágil, o índio é um herói nacional, e a
pátria sempre perfeita. Essa característica é marcada por descrições minuciosas e muitos
adjetivos.
Sentimentalismo Exacerbado
Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que essa escola
literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a
desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato
sobre uma vida.
O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só
sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo
relatado.Emoção acima de tudo.
Egocentrismo
Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas românticos
colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os na
obra. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.
Natureza interagindo com o eu lírico
A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momento
narrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas de
passagens, à tempestades, o dias de muito sol. Diferentemente do Arcadismo, por exemplo,
que a natureza é mera paisagem. No Romantismo, a natureza interage com o eu-lírico.A
natureza funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta.
Medievalismo
Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de seu próprio
país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar as
culturas de seu país. Esses poemas se passam em eras medievais e retratavam grandes
guerras e batalhas.
Indianismo
É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para
idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam
como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques
Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o
índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade européia.
Byronismo
Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltado
para vícios, bebida, fumo e sexo, podendo estar representado no personagem ou na própria
vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo,
pelo pessimismo, pela angústia.
Broquéis é o livro de estréia do poeta simbolista, Cruz e Souza.
É composto por 54 poemas, todos marcados com a presença da cor branca, em diferentes
níveis e modelos.
Niilismo é um termo, um conceito filosófico que desvaloriza o sentido, a finalidade, prega
a ausência do “porque”.
Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século
XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo.
Características do Realismo
Veracidade: despreza a imaginação romântica.
Contemporaneidade: descreve a realidade, fala sobre o que está acontecendo de
verdade.
Retrato fiel das personagens: caráter, aspectos negativos da natureza humana.
Gosto pelos detalhes: lentidão na narrativa.
Materialismo do amor: a mulher objeto de prazer/adultério
Denúncia das injustiças sociais: mostra para todos a realidade dos fatos.
Determinismo e relação entre causa e efeito: o realista procurava uma explicação
lógica para as atitudes das personagens, considerando a soma de fatores que justificasse
suas ações. Na literatura naturalista, dava-se ênfase ao instinto, ao meio ambiente e à
hereditariedade como forças determinantes do comportamento dos indivíduos.
Linguagem próxima à realidade: simples, natural, clara e equilibrada.
Trindade Parnasiana:
A poesia parnasiana preocupa-se com a forma e com a objetividade.
Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira formaram a “Trindade Parnasiana”.
Camilo Pessanha:
Além das características simbolistas que sua obra assume, já bem conhecidas, Camilo
Pessanha antecipa alguns princípios de tendências modernistas.
Camilo Pessanha buscou em Charles Baudelaire, proto-simbolista francês, o termo
“Clepsidra”, que elegeu como título do seu único livro de poemas, praticando uma poética
da sugestão como proposta por Mallarmé, evitando nomear um objeto direta e
imediatamente.
Por outro lado, segundo o pesquisador da Universidade do Porto Luís Adriano Carlos[2], o
seu chamado "metaforismo" entraria no mesmo rol estético do imagismo,
do inteseccionismo e do surrealismo, buscando as
relações analógicas entre significante e significado por intermédio da clivagem dinâmica
dos dois planos. Junto de sua fragmentação sintática, que segundo a pesquisadora
da Universidade do Minho Maria do Carmo Pinheiro Mendes substitui um mundo
ordenado segundo leis universalmente reconhecidas por um mundo fundado sobre a
ambiguidade, a transitoriedade e a fragmentação[3], podemos encontrar na obra de
Camilo Pessanha, de acordo com os dois autores citados, duas características que
costumam ser mais relacionadas à poesia moderna que ao Simbolismo mais convencional.
Parnasianismo
Movimento literário que se originou na França, Paris, representou na poesia o espírito
positivista e científico da época, surgindo no século XIX em oposição ao romantismo.
Nasceu com a publicação de uma série de poesias, precedendo de algumas décadas o
simbolismo. O seu nome vem do Monte Parnaso, a montanha que, na mitologia grega era
consagrada a Apolo e às musas, uma vez que os seus autores procuravam recuperar os
valoresestéticos da Antiguidade clássica.
Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de versificação, pelo
preciosismo rítmico e vocabular, pela rima rica e pela preferência por estruturas fixas,
como os sonetos. O emprego da linguagem figurada é reduzido, com a valorização
do exotismo e da mitologia. Os temas preferidos são os fatos históricos, objetos e
paisagens. A descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para
os românticos são a sonoridade das palavras e dos versos. Os autores parnasianos faziam
uma "arte pela arte", pois acreditavam que a arte devia existir por si só, e não por
subterfúgios, como o amor, por exemplo. O primeiro grupo de parnasianos de língua
francesa reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador comum: a
rejeição ao lirismo como credo. Os principais expoentes são Théophile Gautier (1811-
1872), Leconte de Lisle (1818-1894), Théodore de Banville (1823-1891) e José Maria de
Heredia (1842-1905), de origemcubana, Sully Prudhomme (1839-1907). Gautier fica
famoso ao aplicar a frase “arte pela arte” ao movimento.
Modernismo Brasileiro:
O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente
sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX, sobretudo
no campo da literatura e das artes plásticas. Comparado a outros movimentos
modernistas, o brasileiro foi desencadeado tardiamente, na década de 1920. Este foi
resultado, em grande parte, da assimilação de tendências culturais e artísticas lançadas
pelas vanguardas européias no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, tendo
como exemplo do Cubismo e do Futurismo, refletindo, então, na procura da abolição de
todas as regras anteriores e a procura da novidade e da velocidade. Contudo, pode-se dizer
que a assimilação dessas idéias européias deu-se de forma seletiva, rearranjando
elementos artísticos de modo a ajustá-los às singularidades culturais brasileiras.
Considera-se a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, como ponto de
partida do modernismo no Brasil. Porém, nem todos os participantes desse evento eram
modernistas: Graça Aranha, um pré-modernista, por exemplo, foi um dos oradores. Não
sendo dominante desde o início, o modernismo, com o tempo, suplantou os anteriores. Foi
marcado, sobretudo, pela liberdade de estilo e aproximação com a linguagem falada, sendo
os da primeira fase mais radicais em relação a esse marco. Didaticamente, divide-se o
Modernismo em três fases: a primeira fase, mais radical e fortemente oposta a tudo que foi
anterior, cheia de irreverência e escândalo; uma segunda mais amena, que formou grandes
romancistas e poetas; e uma terceira, também chamada Pós-Modernismo por vários
autores, que se opunha de certo modo a primeira e era por isso ridicularizada com o
apelido de neoparnasianismo.