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MÓDULO LITERATURA Simbolismo A partir de 1881, na França, poetas, pintores, dramaturgos e escritores em geral, influenciados pelo misticismo advindo do grande intercâmbio com as artes, pensamento e religiões orientais - procuram refletir em suas produções a atmosfera presente nas viagens a que se dedicavam. Marcadamente individualista e místico, foi com desdém apelidado de "decadentismo" - clara alusão à decadência dos valores estéticos então vigentes e a uma certa afetação que neles deixava a sua marca. Em 1886 um manifesto trouxe a denominação que viria marcar definitivamente os adeptos desta corrente:simbolismo. O Simbolismo foi um movimento literário que surgiu na França, no final do século XIX, em oposição ao Naturalismo, ao Naturalismo e ao Positivismo da época. A partir de 1881, na França, poetas, pintores, dramaturgos e escritores em geral, influenciados pelo misticismo advindo do grande intercâmbio com as artes, pensamento e religiões orientais - procuram refletir em suas produções a atmosfera presente nas viagens a que se dedicavam. Marcadamente individualista e místico, foi, com desdém, apelidado de "decadentismo" - clara alusão à decadência dos valores estéticos então vigentes e a uma certa afetação que neles deixava a sua marca. Em 1886 um manifesto trouxe a denominação que viria marcar definitivamente os adeptos desta corrente: simbolismo. Já na literatura, o simbolismo tem início no Brasil em 1893 com a publicação de dois livros: Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambos de Cruz e Sousa. Estende-se até o ano de 1922, data da Semana da Arte Moderna. O início do simbolismo não pode, no entanto, ser identificado com o termino da escola antecedente, Realismo. Na realidade, no final do século XIX e início do século XX três tendências caminhavam paralelas: O Realismo e suas manifestações (romance realista, romance naturalista e poesia parnasiana); O simbolismo, situado à margem da literatura acadêmica época; e o pré-Modernismo, com o aparecimento de alguns autores preocupado em denunciar a realidade brasileira, como Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato, entre outros.

A Literatura

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a historia da literatura e suas epocas.

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Page 1: A Literatura

MÓDULO LITERATURA

Simbolismo

A partir de 1881, na França, poetas, pintores, dramaturgos e escritores em geral,

influenciados pelo misticismo advindo do grande intercâmbio com as artes, pensamento e

religiões orientais - procuram refletir em suas produções a atmosfera presente nas viagens

a que se dedicavam.

Marcadamente individualista e místico, foi com desdém apelidado de "decadentismo" -

clara alusão à decadência dos valores estéticos então vigentes e a uma certa afetação que

neles deixava a sua marca. Em 1886 um manifesto trouxe a denominação que viria marcar

definitivamente os adeptos desta corrente:simbolismo.

O Simbolismo foi um movimento literário que surgiu na França, no final do século XIX,

em oposição ao Naturalismo, ao Naturalismo e ao Positivismo da época.

A partir de 1881, na França, poetas, pintores, dramaturgos e escritores em geral,

influenciados pelo misticismo advindo do grande intercâmbio com as artes, pensamento e

religiões orientais - procuram refletir em suas produções a atmosfera presente nas viagens

a que se dedicavam.

Marcadamente individualista e místico, foi, com desdém, apelidado de "decadentismo" -

clara alusão à decadência dos valores estéticos então vigentes e a uma certa afetação que

neles deixava a sua marca. Em 1886 um manifesto trouxe a denominação que viria marcar

definitivamente os adeptos desta corrente: simbolismo.

Já na literatura, o simbolismo tem início no Brasil em 1893 com a publicação de dois

livros: Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambos de Cruz e Sousa. Estende-se até o ano

de 1922, data da Semana da Arte Moderna.

O início do simbolismo não pode, no entanto, ser identificado com o termino da escola

antecedente, Realismo. Na realidade, no final do século XIX e início do século XX três

tendências caminhavam paralelas: O Realismo e suas manifestações (romance realista,

romance naturalista e poesia parnasiana); O simbolismo, situado à margem da literatura

acadêmica época; e o pré-Modernismo, com o aparecimento de alguns autores preocupado

em denunciar a realidade brasileira, como Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro

Lobato, entre outros.

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As principais características dessa tendência são: subjetivismo, musicalidade,

transcendentalismo, ênfase em temas místicos, imaginários; desconsideração das questões

sociais; produção de obras e arte baseadas na intuição, descartando a lógica e a razão.

Os principais escritores desse movimento são Eugênio de Castro, Cruz e Souza, Alphonsus

de Guimaraens, entre outros.

O precursor do Simbolismo foi o poeta francês Charles Baudelaire.

Subjetivismo

Os simbolistas terão maior interesse pelo particular e individual do que pela visão mais

geral. A visão objetiva da realidade não desperta mais interesse, e sim está focalizada sob o

ponto de vista de um único indivíduo. Dessa forma, é uma poesia que se opõe à poética

parnasiana e se reaproxima da estética romântica, porém mais do que voltar-se para o

coração, os simbolistas procuram o mais profundo do "eu", buscam o inconsciente, o

sonho.

Musicalidade

A musicalidade é uma das características mais destacadas da estética simbolista, segundo o

ensinamento de um dos mestres do simbolismo francês, Paul Verlaine, que em seu poema

"Art Poétique", afirma: "De la musique avant toute chose..." (" A música antes de mais

nada...") Para conseguir aproximação da poesia com a música, os simbolistas lançaram

mão de alguns recursos, como por exemplo a aliteração, que consiste na repetição

sistemática de um mesmo fonema consonantal, e a assonância, caracterizada pela

repetição de fonemas vocálicos.

Transcendentalismo

Um dos princípios básicos dos simbolistas era sugerir através das palavras sem nomear

objetivamente os elementos da realidade. Ênfase no imaginário e na fantasia. Para

interpretar a realidade, os simbolistas se valem da intuição e não da razão ou da lógica.

Preferem o vago, o indefinido ou impreciso. O fato de preferirem as

palavras névoa, neblina, e palavras do genêro, transmite a idéia de uma Obsessão pelo

branco (outra característica do simbolismo) como podemos observar no poema de Cruz e

Sousa:

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"Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas

vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras..."

Dado esse poema de Cruz e Sousa, percebe-se claramente uma obsessão pelo branco,

sendo relatado com grande constância no simbolismo.

Literatura do simbolismo

Os temas são místicos, espirituais, ocultos. Abusa-se da sinestesia, sensação produzida

pela interpenetração de órgãos sensoriais: "cheiro doce" ou "grito vermelho",

das aliterações (repetição de letras ou sílabas numa mesma oração: "Na messe que

estremece") e das assonâncias, repetição fônica das vogais: repetição da vogal "e" no

mesmo exemplo de aliteração, tornando os textos poéticos simbolistas profundamente

musicais.

O Simbolismo em Portugal liga-se às atividades das revistas Os Insubmissos e Boêmia

Nova, fundadas por estudantes de Coimbra, entre eles Eugênio de Castro, que ao publicar

um volume de versos intitulado Oaristos, instaurou essa nova estética em Portugal.

Contudo, o consolidador estará, a esse tempo, residindo verdadeiramente no Oriente -

trata-se do poeta Camilo Pessanha, venerado pelos jovens poetas que irão constituir a

chamada Geração Orpheu.O movimento simbolista durou aproximadamente até 1915,

altura em que se iniciou o Modernismo.

Escritores simbolistas

Pode-se dizer que o precursor do movimento, na França, foi o poeta francês Charles

Baudelaire com "As Flores do Mal", ainda em 1857.

Mas só em 1881 a nova manifestação é rotulada, com o nome decadentismo, substituído

por Simbolismo em manifesto publicado em 1886. Espalhando-se pela Europa, é na

França, porém, que tem seus expoentes, como Paul Verlaine, Arthur Rimbaud e Stéphane

Mallarmé.

Portugal

Os nomes de maior destaque no Simbolismo português são: Camilo Pessanha, António

Nobre, Augusto Gil e Eugénio de Castro Brasil.

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No Brasil, dois grandes poetas destacaram-se dentro do movimento simbolista: Cruz e

Sousa, e Alphonsus de Guimaraens. No primeiro, a angústia de sua condição, reflete-se no

comentário de Manuel Bandeira: "Não há (na literatura brasileira) gritos mais

dilacerantes, suspiros mais profundos do que os seus".

São também escritores que merecem atenção: Raul de Leoni, Emiliano Perneta, Da Costa e

Silva, Dário Veloso, Arthur de Salles, Ernãni Rosas, Petion de Villar, Marcelo

Gama, Maranhão Sobrinho, Saturnino de Meireles, Pedro Kikerry, Alceu

Wamosy, Eduardo Guimarães, Gilka Machado e Onestaldo de Penafort.

Arcadismo

O Arcadismo constitui-se em uma forma de literatura mais simples, opondo-se aos

exageros e rebuscamentos do Barroco, expresso pela frase "Inutilia truncat . Os temas

também são simples e comuns aos seres humanos, como o amor, a morte, o casamento,

a solidão. As situações mais freqüentes apresentam um pastor abandonado pela amada,

triste e queixoso. É a "Aurea mediocritas" ("mediocridade áurea"), que simboliza a

valorização das coisas cotidianas, focalizadas pela razão.

Os autores retornam aos modelos clássicos da Antiguidade greco-latina e

aos renascentistas, razão pela qual o movimento é também conhecido como neoclássico.

Os seus autores acreditavam que a Arte era uma cópia da natureza, refletida através da

tradição clássica. Por isso a presença da mitologia pagã, além do recurso a frases latinas.

Inspirados na frase do escritor latino Horácio "Fugere urbem" ("fugir da cidade"), e

imbuídos da teoria do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau, os autores árcades

voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do "locus

amoenus", do refúgio ameno em oposição aos centros urbanos dominados pelo Antigo

Regime, pelo Absolutismo monárquico.

Cumpre salientar que essa busca configurava apenas um estado de espírito, uma posição

política e ideológica, uma vez que esses autores viviam nos centros urbanos e, burgueses

que eram, ali mantinham os seus interesses econômicos. Por isso justifica falar-se em

"fingimento poético" no arcadismo fato que transparece no uso dos pseudônimos pastoris.

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Além disso, diante da efemeridade da vida, defendem o "Carpe diem", pelo qual o pastor,

ciente da brevidade do tempo, convida a sua pastora a gozar o momento presente.

Quanto à forma, usavam muitas vezes sonetos com versos decassílabos, rima optativa e a

tradição da poesia épica.

Outras características importantes são:

� Valorização da vida no campo (bucolismo)

� Crítica a vida nos centros urbanos

� Objetividade

� Idealização da mulher amada

O Arcadismo em Portugal

O clima de renovação atingiu fortemente também Portugal que, no começo do século

XVIII, passava pelo período final de sua reestruturação econômica, política e cultural.

Durante o reinado de João V de Portugal (1707-1750) percebe-se, no país, uma certa

abertura intelectual e política, como por exemplo a licença concedida à Congregação do

Oratório para ministrar ensino, até então privilégio da Companhia de Jesus.

Em 1746, Luís António Verney, inspirado nas idéias dos racionalistas franceses, publica as

cartas que compõem o seu "Verdadeiro Método de Estudar", obra em que critica o ensino

tradicional e propõe reformas que visam a colocar a cultura portuguesa a par com a do

resto da Europa.

Caberá, entretanto, ao marquês de Pombal, ministro de José I de Portugal (1750-1777),

concretizar essas aspirações. Agindo com plena autonomia de poderes, o despotismo

esclarecido de Pombal operou verdadeira transformação nos rumos da cultura portuguesa:

� expulsou os jesuítas em 1759, o que enfraqueceu bastante a influência religiosa no

campo cultural;

� incentivou os estudos científicos;

� reformou o ensino e,

� apesar de manter um sistema de censura, afrouxou muito a repressão que era

exercida pelo Santo Ofício (a Inquisição).

Em Portugal, o Arcadismo iniciou-se oficialmente em 1756, com a fundação da “Arcádia

Lusitana”, entidade em que se reuniam intelectuais e artistas para discutirem Arte.

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A “Arcádia Lusitana” tinha por lema a frase latina "Inutilia truncat" ("acabe-se com as

inutilidades"), que vai caracterizar todo o movimento no país. Visavam com isto erradicar

os exageros, o rebuscamento, e a extravagância preconizados pelo Barroco, retornando a

uma literatura simples.

O Arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII, razão por que

também é denominada como Setecentismo ou neoclassicismo. O nome "Arcadismo" é uma

referência à Arcádia, região bucólica do Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal de

inspiração poética.

A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo o que lhe diz

respeito. Por essa razão muitos poetas do Arcadismo adotaram pseudônimos de pastores

gregos ou latinos. Caracteriza-se ainda pelo recurso a esquemas rítmicos mais graciosos.

Numa perspectiva mais ampla, expressa a crítica da burguesia aos abusos da nobreza e

do clero praticados no Antigo Regime.

Adicionalmente os burgueses cultuam o mito do homem natural em oposição ao homem

corrompido pela sociedade, conceito originalmente expresso por Jean-Jacques Rousseau,

na figura do “bom selvagem”.

O Arcadismo constitui-se em uma forma de literatura mais simples, opondo-se aos

exageros e rebuscamentos do Barroco.

Os autores retornam aos modelos clássicos da Antiguidade greco-latina e

aos renascentistas, razão pela qual o movimento é também conhecido como neoclássico.

Os seus autores acreditavam que a Arte era uma cópia da natureza, refletida através da

tradição clássica. Por isso a presença da mitologia pagã, além do recurso a frases latinas.

Inspirados na frase do escritor latino Horácio "Fugere urbem" ("fugir da cidade"), e

imbuídos da teoria do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau, os autores árcades

voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do "locus

amoenus", do refúgio ameno em oposição aos centros urbanos dominados pelo Antigo

Regime, pelo Absolutismo monárquico.

Além disso, diante da efemeridade da vida, defendem o "Carpe diem", pelo qual o pastor,

ciente da brevidade do tempo, convida a sua pastora a aproveitar o momento presente.

Outras características importantes são: valorização da vida no campo (bucolismo), crítica a

vida nos centros urbanos, objetividade, idealização da mulher amada.

Page 7: A Literatura

O Arcadismo no Brasil

No Brasil, vive-se o momento histórico da decadência do ciclo da mineração e da

transferência do centro político do Nordeste (Salvador, na Bahia) para o Rio de Janeiro.

Aqui o marco inaugural do Arcadismo deu-se em 1768 com a fundação da “Arcádia

Ultramarina”, em Vila Rica, e a publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da

Costa. Embora não chegue a constituir um grupo nos moldes das arcádias europeias,

constituem a primeira geração literária brasileira.

Nesta colônia portuguesa, as idéias iluministas vieram ao encontro dos sentimentos e

anseios nativistas, com maior repercussão em Vila Rica, centro econômico mais

importante à época, em função da mineração. A figura do “bom selvagem” de Rousseau

dará origem, na colônia, ao chamado Nativismo. O acontecimento político mais importante

será a Inconfidência Mineira, tentativa mal-sucedida de libertar a província das Minas

Gerais do domínio colonial português. A politização do movimento apresentou-se através

dos poetas árcades brasileiros, participantes da Conjuração.

A chamada "Escola Setecentista" desenvolve-se até 1808 com a chegada da Família Real ao

Rio de Janeiro, que com suas medidas político-administrativas, permitiu a introdução do

pensamento pré-romântico no Brasil.

Entre as características do movimento no Brasil, destacam-se a introdução de paisagens

tropicais, como em Caramuru, valorização da história colonial, o início do nacionalismo e

da luta pela independência e a colocação da colônia como centro das atenções.

Vinicius de Moraes

Marcus Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, filho de

Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e

Lídia Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia

(1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde

iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto, onde já demonstrava interesse

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em escrever poesias.[3] Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para

a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, em Botafogo, para

terminar o curso primário.[4]

Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde

passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos mais

tarde, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer

suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos.[5] Em 1929, concluiu o

ginásio e no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje integrada

à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Na chamada "Faculdade do Catete",

conheceu e tornou-se amigo do romancista Otavio Faria, que o incentivou na vocação

literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.

Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da

Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do

Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford.

Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã".

Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos

Bancários.

No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações

Exteriores (MRE). Em 1943, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946,

assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do

pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no

campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na

casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.

No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado

compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco

O poeta estava em Portugal, a dar uma série de espetáculos, alguns com Chico

Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o

afastamento foi o seu comportamento boêmio que o impedia de cumprir as suas funções.

Vinícius foi anistiado (post-mortem)pela Justiça em 1998. Em 2006, foi oficialmente

reintegrado na carreira diplomática. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em

Fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe"

do Ministério dos Negócios Estrangeiros - o equivalente a embaixador, que é o cargo mais

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alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial do dia 22.06.2010 e

recebeu o número 12.265.[6]

Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro "Orfeu da Conceição", em

25 de setembro de 1956. Além da diplomacia, do teatro e dos livros, sua carreira musical

começou a deslanchar em meados da década de 1950 - época em que conheceu Tom

Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram

gravadas por inúmeros artistas. Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período

áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram

firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.

Nos anos 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius

seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.

Na noite de 8 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do

álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na

madrugada do dia 9 de julho, Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na

banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou

e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve

tempo e Vinicius de Moraes morreu pela manhã.

O começo

No fim dos anos 1920, Vinicius de Moraes produziu letras para dez canções gravadas -

nove delas parcerias com os Irmãos Tapajós. Seu primeiro registro como letrista veio

em 1928, quando compôs (com Haroldo) "Loira ou Morena", gravado em 1932 pela dupla

de irmãos. Vinicius teve publicado seu primeiro livro de poemas, O Caminho para a

Distância, em 1933, e lançou outros livros de poemas nessa década. Foram também

gravadas outras canções de sua autoria, como "Dor de uma Saudade" (composta

com Joaquim Medina), gravada em 1933 por João Petra de Barros e Joaquim Medina, "O

Beijo Que Você Não Quis Dar" (composta com Haroldo Tapajós) e "Canção da Noite"

(composta com Paulo Tapajós), ambas gravadas em 1933 pelos Irmãos Tapajós e também

"Canção para Alguém" (composta com Haroldo Tapajós), gravada pelos mesmos um ano

depois.

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Ainda na década de 1930, Vinicius de Moraes estabeleceu amizade com os poetas Manuel

Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Em sua fase considerada mística, ele

recebeu o Prêmio Felipe D'Oliveira pelo livro Forma e Exegese, de 1935. No ano seguinte,

lançou o livro Ariana, a Mulher.

Declarava-se partidário do Integralismo, partido brasileiro de orientação fascista.[7]

Mudança de fase

Nos anos 1940, suas obras literárias foram marcadas por versos em linguagem mais

simples, sensual e, por vezes, carregados de temas sociais. Vinicius de Moraes publicou os

livros Cinco Elegias(1943), que marcou esta nova fase, e Poemas, Sonetos e

Baladas (1946); obra ilustrada com 22 desenhos de Carlos Leão. Atuando

como jornalista e crítico de cinema em diversos jornais, Vinicius lançou em 1947, com Alex

Vianny, a revista Filme. Dois anos depois, publicou em Barcelona o livro Pátria Minha.

De volta ao Brasil no início dos anos 1950, após servir ao Itamaraty nos Estados Unidos,

Vinicius começou a trabalhar no jornal Última Hora, exercendo funções burocráticas na

sede do Ministério das Relações Exteriores.

Em 1953, Aracy de Almeida gravou "Quando Tu Passas Por Mim", primeiro samba de sua

autoria. Escrita com Antônio Maria, a canção foi dedicado à esposa Tati de Moraes e

marcava também o fim do seu casamento. Ainda naquele ano, Vinícus foi para Paris como

segundo secretário da embaixada brasileira. Aracy de Almeida também gravou "Dobrado

de Amor a São Paulo" (outra parceria com Antônio Maria), em 1954.

Em 1954, Vinícius publica sua coletânea de poemas, Antologia Poética,[8][9] mesmo ano

que publica sua peça teatral Orfeu da Conceição, premiada no concurso do IV Centenário

de São Paulo e publicada na revista "Anhembi". Dois anos depois, quando Vinicius buscava

alguém para musicar a peça, e aceitou a sugestão do amigo Lúcio Rangel para trabalhar

com um jovem pianista, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, que na época tinha

29 anos e vivia da venda de músicas e arranjos nos inferninhos de Copacabana.[10]

Do encontro entre Vinícius e Tom nasceria uma das mais fecundas parcerias da música

brasileira, que a marcaria definitivamente. Os dois compuseram a trilha sonora, que

incluía "Lamento no Morro", "Se Todos Fossem Iguais A Você", "Um Nome de

Mulher", "Mulher Sempre Mulher" e "Eu e Você" e foram lançadas em disco por Roberto

Paiva, Luiz Bonfá e Orquestra]]. A peça estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Page 11: A Literatura

Além destas canções, a dupla Vinicius e Tom compuseram, entre outros clássicos, "A

Felicidade", "Chega de Saudade", "Eu sei que vou te amar", "Garota de

Ipanema", "Insensatez"', entre outras belas canções.

Entre 1957 a 1958, o diretor de cinema francês Marcel Camus filmou "Orfeu do

Carnaval" no Rio de Janeiro, filme este que recebeu o nome de Orfeu Negro. Vinicius

compôs para o filme "A Felicidade" e "O Nosso Amor". Um ano depois, o filme seria

contemplado com a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes e o Oscar de Melhor

Filme Estrangeiro.

Em 1957, o poeta teve sua carreira diplomática transferida para Montevidéu, onde

permaneceu por três anos.

O ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música

brasileira, a Bossa Nova. A pedra fundamental do movimento veio com o álbum "Canção

do Amor Demais", gravado pela cantora Elizeth Cardoso. Além da faixa-título, o antológico

LP contava ainda com outras canções de autoria da dupla Vinicius e Tom,

como "Luciana", "Estrada Branca", "Outra Vez" e"Chega de Saudade", em interpretações

vocais intimistas.

"Chega de Saudade" foi uma canção fundamental daquela novo movimento, especialmente

porque o álbum de Elizeth contou com a participação de um jovem violonista, que com seu

inovador modo de tocar o violão, caracterizado por uma nova batida, marcaria

definitivamente a bossa nova e a tornaria famosa no mundo inteiro a partir dali. O nome

deste violonista é João Gilberto. A importância do disco "Canção do Amor Demais" é

tamanha que ele é tido como referência por muitos artistas como Chico Buarque e Caetano

Veloso.

Várias das composições de Vinicius foram gravadas na metade final daquela década por

outros artistas. Joel de Almeida gravou "Loura ou Morena" (1956). No ano seguinte, Aracy

de Almeida gravou"Bom Dia, Tristeza" (composta com Adoniran Barbosa), Tito

Madi gravou "Se Todos Fossem Iguais A Você", Bill Farr gravou "Eu Não Existo Sem

Você", Agnaldo Rayol gravou "Serenata do Adeus" e Albertinho Fortuna gravou "Eu Sei

Que Vou Te Amar". "O Nosso Amor" e "A Felicidade" foram duas das canções mais

lançadas no final daquela década. A primeira foi gravada por Lueli Figueiró eDiana

Montez, ambas em 1959. Já a segunda foi lançada por Lueli Figueiró, Lenita

Bruno, Agostinho dos Santos e João Gilberto.

Page 12: A Literatura

Servindo ao Itamaraty em Montevidéu desde 1957, Vinicius de Moraes deixaria a

embaixada brasileira no Uruguai somente em 1960. Suas canções continuaram sendo

gravadas por muitos artistas no início dos anos 1960. Foram lançadas "Janelas

Abertas" (composta com Tom Jobim), por Jandira Gonçalves, e "Bate Coração",

(composta com Antônio Maria), por Marianna Porto de Aragão, cantora cultuada na época

como um das vozes mais poderosas de toda uma geração de cantoras.

No ano seguinte, Vinicius registrou pela primeira vez sua voz, em um álbum contendo os

sambas "Água de Beber" e "Lamento no Morro", novamente parcerias com Tom Jobim. O

poeta teria também um novo parceiro naquele período, o cantor, compositor e

violonista Carlos Lyra. Com ele, Vinicius iria compor clássicos como "Você e Eu", "Coisa

Mais Linda" "A Primeira Namorada" e "Nada Como Te Amar". Ainda em 1961, o "Teatro

Santa Rosa" foi inaugurado no Rio de Janeiro com "Procura-se uma rosa", peça de autoria

de Vinicius, Pedro Bloch e Gláucio Gil - filmada depois pelo cinema italiano com o nome de

"Una Rosa per Tutti" (o longa-metragem foi rodado no Rio e estrelado por Cláudia

Cardinale).

Em 1962, a Banda do Corpo de Bombeiros fluminense gravou "Serenata do Adeus", um

ano após gravarem "Rancho das Flores", marcha-rancho com versos do poeta sobre tema

de "Jesus, Alegria dos Homens", de Johann Sebastian Bach. Ainda naquele ano,

enquanto "Canção da Eterna Despedida" (composta com Tom Jobim) "Em Noite de

Luar" (composta com Ary Barroso) foram gravadas por Orlando Silva e Ângela Maria,

respectivamente, Vinicius de Moraes publicou três livros: "Antologia Poética", "Procura-se

Uma Rosa" e "Para Viver Um Grande Amor".

Com Pixinguinha, compôs a trilha sonora do filme "Sol sobre a Lama", de Alex Vianny,

escrevendo as letras para os chorinhos "Lamento" e "Mundo Melhor". Também naquele

período, nasceu a parceria com o compositor e violonista Baden Powell. Desta, resultariam

inúmeros sucessos, como "Apelo", "Canção de Amor", "Canto de

Ossanha", "Formosa", "Mulher Carioca" "Paz", "Pra Que Chorar", "Samba da

Bênção", "Samba Em Prelúdio", "Só Por Amor", "Tem Dó", "Tempo Feliz", entre outras.

Em agosto de 1962, com Tom Jobim, João Gilberto e o grupo Os Cariocas, Vinicius de

Moraes participou de "Encontro", um dos mais importantes concertos da bossa nova e

realizado na boate "Au Bon Gourmet", no Rio de Janeiro. Neste show, foram lançadas

clássicos da música popular brasileira como "Ela é Carioca", "Garota de

Ipanema", "Insensatez", "Samba do Avião" e "Só Danço Samba". Naquela mesma casa

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noturna foi montada "Pobre Menina Rica", mais uma peça do poeta, cuja trilha sonora

trazia canções como "Sabe Você", "Primavera" e "Samba do Carioca" (lançando a

cantora Nara Leão), ambas parcerias com Carlos Lyra. Ainda naquele ano, Vinicius

comporia com Lyra "Marcha da Quarta-feira de Cinzas" e a bela "Minha Namorada".

Várias daquelas seriam gravadas em 1963. Jorge Goulart gravou "Marcha da Quarta-feira

de Cinzas", Elizeth Cardoso gravou "Mulher Carioca" e "Menino Travesso" (composta

com Moacir Santos),Elza Soares gravou "Só Danço Samba", Pery Ribeiro e o Tamba

Trio gravaram "Garota de Ipanema" e Jair Rodrigues gravou "O Morro Não Tem

Vez" (composta com Tom Jobim).

Naquele mesmo período, Vinicius de Moraes lançou com a atriz Odete Lara seu primeiro

álbum: "Vinicius e Odete Lara". Com arranjos e regência do poeta Moacir Santos, o LP

continha canções da parceria com Baden Powell, como "Berimbau", "Mulher

Carioca", "Samba em Prelúdio" e "Só por Amor", entre outras. Ainda em 1963, o selo

Copacabana lançou o álbum "Elizeth Interpreta Vinicius", contendo as parcerias do

poetinha com Baden Powell, Moacir Santos (e arranjos deste), Nilo Queiroz e Vadico.

Em 1964, Vinicius retornou ao Brasil e logo se apresentou na boate "Zum Zum", ao lado

de Dorival Caymmi, Quarteto em Cy e o Conjunto de Oscar Castro Neves. O concerto teve

grande repercussão nos meios artísticos e foi lançado em LP pelo selo Elenco, contendo

composições como "Bom-dia, Amigo" (parceria com Baden Powell), "Carta ao Tom", "Dia

da Criação" e "Minha Namorada"(parcerias com Carlos Lyra), e "Adalgiza", "…Das

Rosas", "História de Pescadores" e "Saudades da Bahia" (parcerias com o cantor,

compositor e violonista Dorival Caymmi).

Duas canções de Vinicius de Moraes concorreram, em 1965, o "I Festival Nacional de

Música Popular Brasileira" (da extinta TV Excelsior). "Arrastão" (composta com Edu

Lobo), defendida por Elis Regina, ficou com o primeiro lugar, e "Valsa do Amor que Não

Vem" (parceria com Baden Powell), defendida por Elizeth Cardoso, ficou com o segundo

lugar. Também com o arranjador, cantor e instrumentista Edu Lobo, Vinicius

compôs "Zambi" e "Canção do Amanhecer" - canções que se engajaram no clima de

protesto da época e foram apresentadas em projetos do Centro Popular de Cultura

da União Nacional dos Estudantes (UNE). Por um breve período, Vinicius foi designado

para trabalhar na delegação do Brasil junto à Unesco, na Europa. O poeta também

trabalhou com o diretor Leon Hirszman no roteiro do filme "Garota de Ipanema", voltou a

se apresentar no Zum Zum com Dorival Caymmi e lançou o livro "Cordélia e o Peregrino".

Page 14: A Literatura

Ainda em 1965, o Teatro Municipal de São Paulo foi o palco de uma homenagem para o

poetinha, com o show "Vinicius: Poesia e Canção", espetáculo que contou com a

participação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (sob a regência do

maestro Diogo Pacheco). As composições apresentadas receberam arranjos dos maestros

Guerra Peixe, Radamés Gnattali, Luís Eça, Gaya e Luís Chaves e contou com intérpretes

com Carlos Lyra, Edu Lobo, Suzana de Morais, Francis Hime, Paulo Autran, Cyro

Monteiro e Baden Powell. Quando o poeta terminou a apresentação de "Se Todos Fossem

Iguais A Você", a platéia respondeu com dez minutos ininterruptos de aplausos.

Em 1966, foi lançado o álbum "Os Afro-Sambas", com suas composições em parceria com

Baden Powell. Constam do repertório do disco "Canto de Ossanha", "Canto de

Xangô", "Canto de Iemanjá"e "Lamento de Exu", entre outras, além da participação de

Powell tocando violão. Naquele mesmo período, Vinicius participou do concerto "Pois É",

no Teatro Opinião, , ao lado de Maria Bethânia eGilberto Gil. No espetáculo dirigido pelo

arranjador, compositor, maestro e pianista Francis Hime, o público carioca conheceu pela

primeira vez as canções de Gilberto Gil. Ainda naquele ano, o poetinha lançou o livro de

crônicas "Para Uma Menina Com Uma Flor" e também foi convidado a participar do júri

do Festival de Cannes. Na ocasião, descobriu que sua canção "Samba da Bênção"havia

sido utilizada, sem os devidos créditos, na trilha sonora do filme "Um Homem e Uma

Mulher", do diretor francês Claude Lelouch, vencedor do festival. Após uma ameaça de

processo, a obra de Lelouch creditou a canção de Vinicius. O ano de 1967 marcou a

estréia do filme "Garota de Ipanema", baseado no sucesso homônimo de Vínicius. É a

canção brasileira mais conhecida no mundo depois de "Aquarela do Brasil" (de Ary

Barroso). Ainda naquele período, o poetinha organizou um festival de artes em Ouro

Preto e excursionou para a Argentina e o Uruguai.

Modernismo

Chama-se genericamente modernismo (ou movimento modernista) o conjunto

de movimentos culturais, escolas e estilos que permearam as artes e o design da primeira

metade do século XX. Apesar de ser possível encontrar pontos de convergência entre os

vários movimentos, eles em geral se diferenciam e até mesmo se antagonizam.

Page 15: A Literatura

Encaixam-se nesta classificação a literatura,

a arquitetura, design, pintura, escultura, teatro e a música modernas.

O movimento moderno baseou-se na ideia de que as formas "tradicionais" das artes

plásticas, literatura, design, organização social e da vida cotidiana tornaram-se

ultrapassadas, e que se fazia fundamental deixá-las de lado e criar no lugar uma

nova cultura. Esta constatação apoiou a ideia de reexaminar cada aspecto da existência, do

comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que seriam as "marcas antigas" e substituí-

las por novas formas, e possivelmente melhores, de se chegar ao "progresso". Em essência,

o movimento moderno argumentava que as novas realidades do século XX eram

permanentes e iminentes, e que as pessoas deveriam se adaptar a suas visões de mundo a

fim de aceitar que o que era novo era também bom e belo.

A palavra moderno também é utilizada em contraponto ao que é ultrapassado. Neste

sentido, ela é sinônimo de contemporâneo, embora, do ponto de vista histórico-

cultural, moderno econtemporâneo abranjam contextos bastante diversos.

No Brasil, os principais artifícios do movimento modernista não se opunham a toda

realização artística anterior a deles. A grande batalha se colocava contra ao passadismo, ou

seja, tudo aquilo que impedisse a criação livre. Pode-se, assim, dizer que a proposta

modernista era de uma ruptura estética quase completa com o engrossamento da arte

encontrado nas escolas anteriores e de uma ampliação dos horizontes dessa arte antes

delimitada pelos padrões acadêmicos. Em paralelo à ruptura, não se pode negar o desejo

dos escritores em conhecer e explorar o passado como fonte de criação, não como norma

para se criar. Como manifestações desse desejo por ruptura, que ao mesmo tempo

respeitavam obras da tradição literária, temos o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, o livro

Macunaíma, o retrato de brasileiros através das influências cubistas de Tarsila do Amaral,

o livro Casa Grande & Senzala, dentre inúmeros outros. Revistas da época também se

dedicaram ao tema, tais como Estética, Klaxon e Antropofagia, que foram meios de

comunicação entre o movimento, os artistas e a sociedade.

A primeira metade do século XIX na Europa foi marcada por uma série de guerras e

revoluções turbulentas, as quais gradualmente traduziram-se em um conjunto de

doutrinas atualmente identificadas com o movimento romântico, focado na experiência

individual subjetiva, na supremacia da Natureza como um tema padrão na arte, meios de

expressão revolucionários ou radicais e na liberdade do indivíduo. Em meados da metade

do século, entretanto, uma síntese destas idéias e formas de governo estáveis surgiram.

Page 16: A Literatura

Chamada de vários nomes, esta síntese baseava-se na idéia de que o que era "real"

dominou o que era subjetivo. Exemplificada pela realpolitik de Otto von Bismarck, idéias

filosóficas como o positivismo e normas culturais agora descritas pela palavra vitoriano.

Fundamental para esta síntese, no entanto, foi a importância de instituições, noções

comuns e quadros de referência. Estes inspiraram-se em normas religiosas encontradas

no Cristianismo, normas científicas da física clássica e doutrinas que pregavam a

percepção da realidade básica externa através de um ponto de vista objetivo. Críticos e

historiadores rotulam este conjunto de doutrinas como Realismo, apesar deste termo não

ser universal. Na filosofia, os movimentos positivista e racionalista estabeleceram uma

valorização da razão e do sistema.

Contra estas correntes estavam uma série de idéias. Algumas delas eram continuações

diretas das escolas de pensamento românticas. Notáveis eram os movimentos bucólicos e

revivalistas nas artes plásticas e na poesia (por exemplo, a Irmandade pré-rafaelita e a

filosofia de John Ruskin). O Racionalismo também manifestou respostas do anti-

racionalismo na filosofia. Em particular, a visão dialética de Hegel da civilização e da

história gerou respostas deFriedrich Nietzsche e Søren Kierkegaard, principal precursor

do Existencialismo. Adicionalmente, Sigmund Freud ofereceu uma visão dos estados

subjetivos que envolviam uma mente subconsciente repleta de impulsos primários e

restrições contra balançantes, e Carl Jung combinaria a doutrina de Freud com uma crença

na essência natural para estipular um inconsciente coletivo que era repleto de tipologias

básicas que a mente consciente enfrentou ou assumiu. Todas estas reações individuais

juntas, porém, ofereceram um desafio a quaisquer idéias confortáveis de certeza derivada

da civilização, da história ou da razão pura.

Duas escolas originadas na França gerariam um impacto particular. A primeira seria

o Impressionismo, a partir de 1872, uma escola de pintura que inicialmente preocupou-se

com o trabalho feito ao ar livre, ao invés dos estúdios. Argumentava-se que o ser humano

não via objetos, mas a própria luz refletida pelos objetos. O movimento reuniu

simpatizantes e, apesar de divisões internas entre seus principais membros, tornou-se cada

vez mais influente. Foi originalmente rejeitado pelas mais importantes exposições

comerciais do período - o governo patrocinava o Salon de Paris (Napoleão III viria a criar

o Salon des rejects, que expôs todas as pinturas rejeitadas pelo Paris Salon). Enquanto

muitas obras seguiam estilos padrão, mas por artistas inferiores, o trabalho

de Manet atraiu tremenda atenção e abriu as portas do mercado da arte para o movimento.

Page 17: A Literatura

A segunda escola seria o Simbolismo, marcado pela crença de que a linguagem é um meio

de expressão simbólico em sua natureza, e que a poesia e a prosa deveriam seguir

quaisquer conexões que as curvas sonoras e a textura das palavras pudessem criar. Tendo

suas raízes em Flores do Mal, de Baudelaire, publicado em 1857,

poetas Rimbaud, Lautreamónt e Stéphane Mallarmé seriam de particular importância para

o que aconteceria dali a frente.

Ao mesmo tempo, forças sociais, políticas e econômicas estavam trabalhando de forma a

eventualmente serem usadas como base para uma forma radicalmente diferente de arte e

pensamento.

Encabeçando este processo estava a industrialização, que produziu obras como a Torre

Eiffel, que superou todas as limitações anteriores que determinavam o quão alto um

edifício poderia ser e ao mesmo tempo possibilitava um ambiente para a vida urbana

notadamente diferente dos anteriores. As misérias da urbanização industrial e as

possibilidades criadas pelo exame científico das disciplinas seriam cruciais na série de

mudanças que abalariam a civilização européia, que, naquele momento, considerava-se

tendo uma linha de desenvolvimento contínua e evolutiva desde a Renascença.

A marca das mudanças que ocorriam pode ser encontrada na forma como tantas ciências e

artes são descritas em suas formas anteriores ao século XX pelo rótulo "clássico", incluindo

a física clássica, a economia clássica e o ballet clássico.

O advento do moderno (1890-1910)

Em princípio, o movimento pode ser descrito genericamente como uma rejeição

da tradição e uma tendência a encarar problemas sob uma nova perspectiva baseada em

idéias e técnicas atuais. DaíGustav Mahler considerar a si próprio um compositor

"moderno" e Gustave Flaubert ter proferido sua famosa frase "É essencial ser

absolutamente moderno nos seus gostos". A aversão à tradição pelos impressionistas faz

destes um dos primeiros movimentos artísticos a serem vistos, em retrospectiva, como

"moderno". Na literatura, o movimento simbolista teria uma grande influência no

desenvolvimento do Modernismo, devido ao seu foco na sensação. Filosoficamente, a

quebra com a tradição por Nietzsche e Freud provê um embasamento chave do movimento

que estaria por vir: começar de novo de princípios primários, abandonando as definições e

sistemas prévios. Esta tendência do movimento em geral conviveu com as normas de

representação do fim do século XIX; frequentemente seus praticantes consideravam-se

mais reformadores do que revolucionários.

Page 18: A Literatura

Começando na década de 1890 e com força bastante grande daí em diante, uma linha de

pensamento passou a defender que era necessário deixar completamente de lado as

normas prévias, e ao invés de meramente revisitar o conhecimento passado à luz das

técnicas atuais, seria preciso implantar mudanças mais drásticas. Cada vez mais presente

integração entre a combustão interna e a industrialização; e o advento das ciências

sociais na política pública. Nos primeiros quinze anos do século XX, uma série de

escritores, pensadores e artistas fizeram a ruptura com os meios tradicionais de se

organizar a literatura, a pintura, a música - novamente, em paralelo às mudanças nos

métodos organizacionais de outros campos. O argumento era o de que se a natureza da

realidade mesma estava em questão, e as suas restrições, as atividades humanas até então

comuns estavam mudando, então a arte também deveria mudar.

Artistas

Alguns marcos são a música de Arnold Schoenberg, as experiências pictóricas

de Kandinsky que culminariam na fundação do grupo Der blaue Reiter em Munique e o

advento do cubismo através do trabalho de Picasso e Georges Braque em 1908 e dos

manifestos de Guillaume Apollinaire, além, é claro, do Expressionismo inspirado em Van

Gogh e do Futurismo.

Bastante influentes nesta onda de modernidade estavam as teorias de Freud, o qual

argumentava que a mente tinha uma estrutura básica e fundamental, e que a experiência

subjetiva era baseada na relação entre as partes da mente. Toda a realidade subjetiva era

baseada, de acordo com as idéias freudianas, na representação de instintos e reações

básicas, através dos quais o mundo exterior era percebido. Isto representou uma ruptura

com o passado, quando se acreditava que a realidade externa e absoluta poderia

impressionar ela própria o indivíduo, como dizia por exemplo, a doutrina databula

rasa de John Locke.

Entretanto, o movimento moderno não era meramente definido pela sua vanguarda mas

também pela linha reformista aplicada às normas artísticas prévias. Esta procura pela

simplificação do discurso é encontrada no trabalho de Joseph Conrad. Nota-se em Mário

de Andrade, com suas restrições à Poesia Pau-Brasil que não o tornam absolutamente um

vanguardista. As conseqüências das comunicações modernas, dos novos meios de

Page 19: A Literatura

transporte e do desenvolvimento científico mais rápido começaram a se mostrar na

arquitetura mais barata de se construir e menos ornamentada, e na redação literária, mais

curta, clara e fácil de ler. O advento do cinema e das "figuras em movimento" na primeira

década do século XX possibilitaram ao movimento moderno uma estética que era única, e

novamente, criaram uma conexão direta com a necessidade percebida de se estender à

tradição "progressiva" do fim do século XX, mesmo que isto entrasse em conflito com as

normas estabelecidas.

A tentativa de reproduzir o movimento das imagens com palavras surgiu primeiramente

com o Futurismo de Marinetti, na Itália, que publicou o primeiro manifesto no ano de

1909. Baseados nas experiências de Serguei Einseinstein no cinema, os cubo-futristas

russos, como Vladimir Maiakovski conseguiram subsequentemente concretizar esta

intenção dos primeiros futuristas.

Após o Futurismo, surgem várias vanguardas na literatura e na poesia, como

o Expressionismo e o Cubismo, importados das artes plásticas, o Dadaísmo e

o Surrealismo, a partir da relação com a estética de escritores e poetas da segunda metade

do século XIX, com suas novas formas de explorar a psique humana e com a linguagem

verbal.

No entanto, muito influenciada pelas idéias do futurismo, surge também uma linha do

movimento moderno que rompeu com o passado ainda a partir da primeira década do

século XX de forma mais branda que as vanguardas, e tentou redefinir as várias formas de

arte de uma maneira menos radical. Seguindo esta linha mais branda vieram escritores de

língua inglesa como Virginia Woolf, James Joyce(que depois tornou-se mais radical e mais

próximo das vanguardas), T.S. Eliot, Ezra Pound (com ideias claramente próximas ao

futurismo), Wallace Stevens, Joseph Conrad, Marcel Proust,Gertrude Stein, Wyndham

Lewis, Hilda Doolittle, Marianne Moore, Franz Kafka e Jane Austen. Compositores

como Arnold Schönberg e Igor Stravinsky representaram o moderno na música. Artistas

como Picasso, Matisse, Mondrian, os surrealistas, entre outros, o representaram nas artes

plásticas, enquanto arquitetos como Le Corbusier, Mies van der Rohe, Walter

Gropius e Frank Lloyd Wrighttrouxeram as ideias modernas para a vida urbana cotidiana.

Muitas figuras fora do modernismo nas artes foram influenciadas pelas idéias artísticas,

por exemplo John Maynard Keynes era amigo deVirginia Woolf e outros escritores

do grupo de Bloomsbury.

Page 20: A Literatura

Cruz e Souza

Filho dos negros alforriados Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da

Conceição[1], João da Cruz desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu

ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa - de quem adotou o nome de família,

Sousa. A esposa de Guilherme Xavier de Sousa, Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa,

não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João.

Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com

quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais.

Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito

racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Lagunapor ser negro. Em 1885 lançou o

primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi

para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do

Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em fevereiro de 1893,

publica Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto,Broquéis (poesia), dando início

ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se

com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos

prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura.

Morte

Faleceu a 19 de março de 1898 no município mineiro de Antônio Carlos, num povoado

chamado Estação do Sítio, para onde fora transportado às pressas vencido

pela tuberculose. Teve o seu corpo transportado para o Rio de Janeiro em

um vagão destinado ao transporte de cavalos. Ao chegar, foi sepultado no Cemitério de São

Francisco Xavier por seus amigos, dentre eles José do Patrocínio, onde permaneceu até

2007, quando seus restos mortais foram então acolhidos no Museu Histórico de Santa

Catarina - Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis.

Cruz e Sousa é um dos patronos da Academia Catarinense de Letras, representando a

cadeira número 15.

Análise da obra

Page 21: A Literatura

Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações),

pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo

apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca. É certo que encontram-se

inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez,

à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus

versos.

No aspecto de influências do simbolismo, nota-se uma amálgama que conflui águas

do satanismo de Baudelaire ao espiritualismo (e dentro desse, ideias budistas e espíritas)

ligados tanto a tendências estéticas vigentes como a fases na vida do autor.

Alphonsus de Guimaraens

Alphonsus Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (Ouro

Preto, 24 de julho de 1870 — Mariana, 15 de julho de1921) foi um escritor brasileiro.

A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcadamente mística e envolvida com

religiosidade católica. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são

profundamente religiosos e sensíveis na medida em que ele explora o sentido da morte,

do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo.

Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação

diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra

é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina que é considerada um anjo,

ou um ser celestial, por isso, Alphonsus de Guimaraens é neo-romântico e simbolista ao

mesmo tempo, já que essas duas escolas possuem características semelhantes.

Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores

simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também

chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do Simbolismo".

Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora

preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas, particularmente a

redondilha maior (terminado em sete sílabas métricas).

Biografia

Page 22: A Literatura

Filho de Albino da Costa Guimarães, comerciante português, e de Francisca de Paula

Guimarães Alvim, sobrinho do poeta Bernardo de Guimarães.

Guimaraens Matriculou-se em 1887 no curso de engenharia. Um fato marcante em sua

vida foi a perda prematura da prima e noiva Constança, e a morte da moça abalou-o

moralmente e fisicamente.

Foi, em 1891, para São Paulo, onde matricula-se no curso de Direito da Faculdade do Largo

São Francisco, voltou a Minas Gerais e formou-se em direito em 1894, na recém

inaugurada Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais, que na época funcionava em Ouro

Preto. Em São Paulo, colaborou na imprensa e freqüentou a Vila Kyrial, de José de Freitas

Vale, onde se reuniam os jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de Janeiro, conheceu Cruz e

Souza, poeta do qual já admirava e tornou-se amigo pessoal. Também foi juiz substituto e

promotor em Conceição do Serro (MG). No ano de 1897, casa-se com Zenaide de Oliveira.

Posteriormente, no ano de 1899, estreou na literatura com dois volumes de versos:

Septenário das dores de Nossa Senhora e Câmara Ardente, e Dona Mística; ambos de

nítida inspiração simbolista.

Em 1900 passou a exercer a função de jornalista colaborando em "A Gazeta", de São Paulo.

Em 1902 publicou Kyriale, sob o pseudônimo de Alphonsus de Guimaraens; esta obra o

projetou no universo literário, obtendo assim um reconhecimento, ainda que restrito de

alguns raros críticos e amigos mais próximos. Em 1903, os cargos de juizes-substitutos

foram suprimidos pelo governo do estado, consequentemente Alphonsus perdeu também

seu cargo de Juiz, fato que o levou a graves dificuldades financeiras.

Após recusar um posto de destaque no jornal A Gazeta, Alphonsus foi nomeado para a

direção do jornal político Conceição do Serro, onde também colaboraria seu irmão o poeta

Archangelus de Guimaraens , Cruz e Souza e José Severino de Resende. Em 1906, tornou-

se Juiz Municipal de Mariana (do de sua esposa Zenaide de Oliveira, com quem teve 15

filhos, dois dos quais também escritores: João Alphonsus e Alphonsus Guimaraens Filho.

Devido ao período que viveu em Mariana, ficou conhecido como "O Solitário de Mariana",

apesar de ter vivido lá com a mulher e com seus 15 filhos. O apelido foi dado a ele devido

ao estado de isolamento completo em que viveu. Sua vida, nessa época, passou a ser

dedicada basicamente às atividades de juiz e à elaboração de sua obra poética.

Principais Obras de Alphonsus Guimaraens: Setenário das Dores de Nossa

Senhora, Câmara Ardente, Dona Mística, Kyriale, Mendigos, Ismália".

Page 23: A Literatura

Póstumas Pastoral aos crentes do amor e da morte Escada de Jacó Pulvis Salmos da

noite Poesias Jesus eu sei que ela morreu, Viceja...

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de

Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um escritor brasileiro, amplamente considerado

como o maior nome da literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros

literários, sendo poeta, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, e crítico

literário. Testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu

o Império e foi um grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época.

Nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, de uma família pobre, mal estudou em

escolas públicas e nunca freqüentou universidade. Os biógrafos notam que, interessado

pela boemia e pela corte, lutou para subir socialmente abastecendo-se de superioridade

intelectual. Para isso, assumiu diversos cargos públicos, passando pelo Ministério da

Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e conseguindo precoce notoriedade em

jornais onde publicava suas primeiras poesias e crônicas. Em sua maturidade, reunido a

colegas próximos, fundou e foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de

Letras,

Sua extensa obra constitui-se de 9 romances e peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas

de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas. Machado o de Assis é considerado o

introdutor do Realismo no Brasil, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás

Cubas (1881). Este romance é posto ao lado de todas suas produções posteriores, Quincas

Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires, ortodoxamente conhecidas

como pertencentes a sua segunda fase, em que nota-se traços de pessimismo e ironia,

embora não haja rompimento de resíduos românticos. Dessa fase, os críticos destacam que

suas melhores obras são as da Trilogia Realista Sua primeira fase literária é constituída de

obras como Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia, onde nota-se

características herdadas do romantismo, ou "convencionalismo", como prefere a crítica

moderna.

Sua obra foi de fundamental importância para as escolas literárias brasileiras do século

XIX e do século XX e surge nos dias de hoje como de grande interesse acadêmico e

público. Influenciou grandes nomes das letras, como Olavo Bilac, Lima

Page 24: A Literatura

Barreto, Drummond de Andrade, John Barth, Donald Barthelme e outros. Em seu tempo

de vida, alcançou relativa fama e prestígio pelo Brasil, contudo não desfrutou de

popularidade exterior na época. Hoje em dia, por sua inovação e audácia em temas

precoces, é frequentemente visto como o escritor brasileiro de produção sem

precedentes,de modo que, recentemente, seu nome e sua obra têm alcançado diversos

críticos, estudiosos e admiradores do mundo inteiro. Machado de Assis é considerado um

dos grandes gênios da história da literatura, ao lado de autores

comoDante, Shakespeare e Camões.

Primeiros anos

Machado de Assis nasceu no dia 21 de Junho de 1839 no Morro do Livramento,[1] Rio de

Janeiro do Período Regencial, então capital do Império do Brasil Seus pais foram

Francisco José de Assis, um mulato que pintava paredes, e Maria Leopoldina da Câmara

Machado, lavadeira açoriana. Ambos eram agregados da Dona Maria José de Mendonça

Barrozo Pereira, esposa do falecido senador Bento Barroso Pereira, que abrigou seus pais e

os permitiu morar junto com ela. As terras do Livramento eram ocupadas pela chácara da

família de Maria José e já em 1818 o terreno começou a ser loteado de tão imenso que era,

dando origem à rua Nova do Livramento. Maria José tornou-se madrinha do bebê e

Joaquim Alberto de Sousa da Silveira, seu cunhado, tornou-se o padrinho, de modo que os

pais de Machado resolveram homenagear os dois nomeando com seus nomes, Nascera

junto a ele uma irmã, que morreu jovem, aos 4 anos, em 1845. Iniciou seus estudos

numa escola pública da região, mas não mostrou-se interessado por ela.] Ocupava-se

também em celebrar missas, o que lhe fez conhecer o Padre Silveira Sarmento, que,

segundo certos biógrafos, tornou-se seu mentor de latim e amigo.

Morro do Livramento. A seta do canto direito mostra a casa onde Machado provavelmente

nasceu e passou a infância.

Em seu folhetim Casa Velha, publicado de janeiro de 1885 a fevereiro de 1886 na revista

carioca A Estação, e publicado pela primeira vez em livro em 1943 graças à Lúcia Miguel

Pereira, Machado fornece descrição do que seria a casa principal e a capela da chácara do

Livramento: "A casa, cujo lugar e direção não é preciso dizer, tinha entre o povo o nome de

Casa Velha, e era-o realmente: datava dos fins do outro século. Era uma edificação sólida e

vasta, gosto severo, nua de adornos. Eu, desde criança, conhecia-lhe a parte exterior, a

grande varanda da frente, os dois portões enormes, um especial às pessoas da família e às

Page 25: A Literatura

visitas, e outro destinado ao serviço, às cargas que iam e vinham, às seges, ao gado que saía

a pastar. Além dessas duas entradas, havia, do lado oposto, onde ficava a capela, um

caminho que dava acesso às pessoas da vizinhança, que ali iam ouvir missa aos domingos,

ou rezar a ladainha aos sábados".

Como já citado, a região sofria forte influência da igreja católica, de modo que a vizinhança

frequentava suas missas; a casa era "uma espécie de vila ou fazenda",onde Machado

passou sua infância. Nesta época, José de Alencar tinha apenas 10 anos de idade. Três anos

antes do nascimento de Machado, Domingos José Gonçalves de

Magalhães publicava Suspiros Poéticos e Saudades, obra que trazia os ideais

do Romantismo para a literatura brasileira. Quando Machado tinha apenas um ano de

idade, em 1840, decretava-se a maioridade de D. Pedro II, tema que viria a tratar anos

mais tarde em Dom Casmurro. Ao completar 10 anos, Machado tornou-se órfão de mãe, e

o pai viúvo tão logo perdera a esposa casou-se com Maria Inês da Silva em 18 de junho de

1854, que cuidaria do garoto quando Francisco viesse a morrer um tempo depois.] Segundo

escrevem alguns biógrafos, a madrasta confeccionava doces numa escola reservada para

meninas e Machado teve aulas no mesmo prédio, enquanto à noite estudava língua

francesa com um padeiro imigrante. Certos biógrafos notam seu imenso e precoce

interesse e abstração por livros. Mudou-se com seu pai para o São Cristóvão, na Rua São

Luís de Gonzaga nº48 e logo o pai se casou com sua madrasta Maria Inês.

]Jornais, poemas e óperas

Tudo indica que Machado evitou o subúrbio carioca e procurou a subsistência no centro da

cidade. Com muitos planos e espírito aventureiro, fez algumas amizades e

relacionamentos. Em 1854, publicou seu primeiro soneto, dedicado à "Ilustríssima

Senhora D.P.J.A", assinando como "J. M. M. Assis", no Periódico dos Pobres. No ano

seguinte, passou a freqüentar a livraria do jornalista e tipógrafo Francisco de Paula Brito.

Paula Brito era um humanista e sua livraria, além de vender remédios, chás, fumo de

rolo, porcas e parafusos, também servia como ponto de encontro da sua Sociedade

Petalógica (peta=(ê), s. f. 1. Mentira, patranha). Um tempo mais tarde, Machado se

referiria à Sociedade da seguinte forma: "Lá se discutia de tudo, desde a retirada de um

ministro até a pirueta da dançarina da moda, desde o dó do peito de Tamberlick até os

discursos do Marquês do Paraná".

Imprensa Nacional, c.1880, onde Machado de Assis iniciou seus serviços

como tipógrafo e revisor.

Page 26: A Literatura

No dia 12 de janeiro de 1855, Brito publicou os poemas "Ela" e "A Palmeira" na Marmota

Fluminense, revista bimensal do livreiro. Estes dois versos, reunidos junto àquele soneto

para a Dona Patronilha, fazem parte da primeira produção literária de Machado de Assis.

Aos dezessete anos, foi contratado como aprendiz de tipógrafo e revisor de imprensa

na Imprensa Nacional, onde foi protegido e ajudado por Manuel Antônio de Almeida (que

anos antes havia publicado sua magnum opus Memórias de um Sargento de Milícias), que

o incentivou a seguir a carreira literária.] Machado trabalhou na Imprensa Oficial de 1856 a

1858. No fim deste período, a convite do poeta Francisco Otaviano, passou a colaborar

para o Correio Mercantil, importante jornal da época, escrevendo crônicas e revisando

textos Durante esta época o jovem já freqüentava teatros e outros meios artísticos. Em

novembro de 1859, estreavaPipelet, ópera com libreto de sua autoria baseada em The

Mysteries of Paris de Eugène Sue e com música de Ferrari. Escreveu ele sobre a

apresentação:

"Abre-se segunda-feira, a Ópera Nacional com o Pipelet, ópera em actos, música de

Ferrari, e poesia do Sr. Machado de Assis, meu íntimo amigo, meu alter ego, a quem tenho

muito affecto, mas sobre quem não posso dar opinião nenhuma."

Pipelet não agrada consideravalmente o público e os folhetinistas ignoram-na. Gioacchino

Giannini, que dirigiu a orquestra da ópera, sentiu-se contrariado com a orquestra e

escreveu num artigo: "Não falaremos do desempenho de Pipelet. Isso seria enfadonho,

horrível e espantoso para quem o viu tão regularmente no Teatro de São Pedro." O final da

ópera era melancólico, com o enterro agonizante do personagem Pipelet. Machado de

Assis, em 1859, escreveu que "o desempenho da mesma maneira que o primeiro, fez nutrir

esperança de uma boa companhia de canto." De fato, o jovem nutria interesse na

campanha de construção da Ópera Nacional. No ano seguinte a de Pipelet, produziu um

libreto chamado As Bodas de Joaninha, entretanto sua repercussão foi nula. Anos mais

tarde, registraria a nostalgia do folhetinismo de sua juventude.

OLAVO BILAC

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1865 — Rio de

Janeiro, 28 de dezembro de 1918) foi um jornalista e poeta brasileiro, membro fundador

da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.

Page 27: A Literatura

Conhecido por sua atenção a literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica,

era republicano e nacionalista; também era defensor do serviço militar obrigatório. Bilac

escreveu a letra do Hino à Bandeira e fez oposição ao governo de Floriano Peixoto. Foi

membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Em 1907, foi eleito

“príncipe dos poetas brasileiros”, pela revista Fon-Fon. Bilac, autor de alguns dos mais

populares poemas brasileiros, é considerado o mais importante de nossos

poetas parnasianos. No entanto, para o crítico João Adolfo Hansen, "o mestre do passado,

do livro de poesia escrito longe do estéril turbilhão da rua, não será o mesmo mestre do

presente, do jornal, a cronicar assuntos cotidianos do Rio, prontinho para intervenções de

Agache e a erradicação da plebe rude, expulsa do centro para os morros"

A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos

econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo

Filho de Brás Martins dos Guimarães Bilac e de Delfina Belmira dos Guimarães Bilac, era

considerado um aluno aplicado, conseguindo, aos 15 anos - antes, portanto, de completar a

idade exigida - autorização especial de ingressar no curso de Medicina na Faculdade de

Medicina do Rio de Janeiro, a gosto do pai e a contra gosto próprio, que era médico da

então Guerra do Paraguai.

Começa a freqüentar as aulas, mas seu trabalho da redação da Gazeta Acadêmica absorve-

o mais do que a sisuda anatomia. Do mesmo modo, no tempo de colégio, deliciara-se com

as viagens que os livros de Júlio Verne lhe ofereciam à fantasia. No menino e no jovem já

se manifestavam as marcas de sua paixão futura: o fascínio poder criador da palavra. Há

relatos que contam que Olavo Bilac não concluiu seu curso de Medicina devido a sua

necrofilia. Bilac segundo algumas fontes, as quais tentam ser abafadas, tinha relações

sexuais com os cadáveres de sua faculdade.

Bilac não concluiu o curso de Medicina e Direito, que freqüentou posteriormente, em São

Paulo. Bilac foi jornalista, poeta, freqüentador de rodas de boêmias e literárias do Rio. Sua

projeção como jornalista e poeta e seu contato com intelectuais e políticos da época

conduziram-o a um cargo público: o de inspetor escolar.

Sua estreia como poeta, nos jornais cariocas, ocorreu com a publicação do soneto "Sesta de

Nero" no jornal Gazeta de Notícias, em agosto de 1884. Recebeu comentários elogiosos

de Artur Azevedo, precedendo dois outros sonetos seus, no Diário de Notícias. No ano

Page 28: A Literatura

de 1897, Bilac acabou perdendo o controle do seu Serpollet e o bateu contra uma árvore na

Estrada da Tijuca, no Rio de Janeiro - RJ, sendo o primeiro motorista a sofrer um acidente

automobilístico no Brasil.

Aos poucos profissionaliza-se: produz, além de poemas, textos publicitários, crônicas,

livros escolares e poesias satíricas. Visa contar através de seus manuscritos a realidade

presente na sua época. Em 1891, com a dissolução do parlamento e a posse de Floriano

Peixoto, intelectuais perdem seu protetor, dr.Portela, ligado com o primeiro presidente

republicano Deodoro da Fonseca. Fundado O Combate, órgão antiflorianista e a instalação

do estado de sítio, Bilac é preso e passa quatro meses detido na Fortaleza da Laje no Rio

de Janeiro.

O grande amor de Bilac foi Amélia de Oliveira, irmã do poeta Alberto de Oliveira.

Chegaram a ficar noivos, mas o compromisso foi desfeito por oposição de outro irmão da

noiva, desconfiado de que o poeta era um homem sem futuro. Seu segundo noivado fora

ainda menos duradouro, com Maria Selika, filha do violonista Francisco Pereira da Costa.

Viveu só sem constituir família até o fim de seus dias.

Mas, como lendas e mitos amorosos cercam a história de todos os poetas, consta que

Amélia se manteve fiel a ele por toda vida, não se casando e depositando romanticamente

um mecha de seus cabelos no caixão do poeta.

Como não tivera herdeiros, preferiu educar várias gerações de brasileiros escrevendo

diversos livros escolares, ora sozinho, ora com Coelho Neto ou com Manuel Bonfim.

Participação cívica e social

Já consagrado em 1907, o autor do Hino da Bandeira é convidado para liderar o

movimento em prol do serviço militar obrigatório, já matéria de lei desde 1907, mas

apenas discutido em 1915. Bilac se desdobra para convencer os jovens a se alistar.

Já no fim de sua vida, em 1917, Bilac recebe o título de professor honorário

da Universidade de São Paulo. E talvez seja considerado um professor mesmo: dos

contemporâneos, leitores de suas crônicas e ouvintes de sua poesia; dos que se formaram

na leitura de seus livros escolares; de modo geral, dos que até hoje são enfeitiçados por

seus poemas.

Page 29: A Literatura

É como poeta Bilac se imortalizou. Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pela

revista Fon-Fon em 1907. Juntamente com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, foi a

maior liderança e expressão do Parnasianismo no Brasil, constituindo a chamada Tríade

Parnasiana. A publicação de Poesias, em 1888 rendeu-lhe a consagração. Discurso de

1907

Ao tomar palavra no banquete-homenagem que lhe fora oferecido a 3 de dezembro de

1907, Bilac enfatizaria o fato de ser sua figura representativa de toda uma geração:

" O que estais, como brasileiros, louvando e premiando nesta sala, é o trabalho árduo,

fecundo, revolucionário, corajoso da geração literária a que pertenço, e o papel definido,

preciso, dominante, que essa geração conquistou com o seu labor, para o homem das

letras, no seio da civilização brasileira...

Que fizemos nós? Fizemos isto: transformamos o que era até então um passatempo, um

divertimento, naquilo que é hoje uma profissão, um culto, um sacerdócio: estabelecemos

um preço para nosso trabalho, porque fizemos desse trabalho uma necessidade

primordial da vida moral e da civilização de nossa terra.."

Principais obras

Membros da Academia de Letras; Olavo Bilac encontra-se em pé, o quarto da esquerda

para a direita.

Língua Portuguesa

É soneto constituído de versos decassílabos heróicos (acento tônico ocorrente nas 6ª e 10ª

sílabas poéticas), com rimas opostas, interpoladas ou intercaladas [3].

"No poema Língua Portuguesa, o autor parnasiano Olavo Bilac faz uma abordagem sobre o

histórico da língua portuguesa, tema já tratado por Camões. Este poema inspirou outras

abordagens, como o poema 'Língua', de Gilberto Mendonça Teles e 'Língua', de Caetano

Veloso.

Esta história é contada em quatorze versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos

– um soneto – seguindo as normas clássicas da pontuação e da rima.

Page 30: A Literatura

Partindo para uma análise semântica do texto literário, observa-se que o poeta, com

a metáfora 'Última flor do Lácio, inculta e bela', refere-se ao fato de que a língua

portuguesa ter sido a última língua neolatina formada a partir do latim vulgar – falado

pelos soldados da região italiana do Lácio.

No segundo verso, há um paradoxo: 'És a um tempo, esplendor e sepultura'. 'Esplendor',

porque uma nova língua estava ascendendo, dando continuidade ao latim. 'Sepultura'

porque, a partir do momento em que a língua portuguesa vai sendo usada e se expandindo,

o latim vai caindo em desuso, 'morrendo'.

No terceiro e quarto verso, 'Ouro nativo, que na ganga impura / A bruta mina entre os

cascalhos vela', o poeta exalta a língua que ainda não foi lapidada pela fala, em comparação

às outras também formadas a partir do latim.

O poeta enfatiza a beleza da língua em suas diversas expressões: oratórias, canções de

ninar, emoções, orações e louvores: 'Amo-te assim, desconhecida e obscura,/ Tuba de alto

clangor, lira singela'. Ao fazer uso da expressão 'O teu aroma/ de virgens cegas e oceano

largo', o autor aponta a relação subjetiva entre o idioma novo, recém-criado, e o 'cheiro

agradável das virgens selvas', caracterizando as florestas brasileiras ainda não exploradas

pelo homem branco. Ele manifesta a maneira pela qual a língua foi trazida ao Brasil –

através do oceano, numa longa viagem de caravela – quando encerra o segundo verso do

terceto.

Ainda expressando o seu amor pelo idioma, agora por meio de um vocativo, 'Amo-te, ó

rude e doloroso idioma', Olavo Bilac alude ao fato de que o idioma ainda precisava ser

moldado e, impor essa língua a outros povos não era um tarefa fácil, pois implicou em

destruir a cultura de outros povos.

No último terceto, para finalizar, quando o autor diz: 'Em que da voz materna ouvi: 'meu

filho'!/ E em que Camões chorou, no exílio amargo/ O gênio sem ventura e o amor sem

brilho', ele utiliza uma expressão fora da norma ('meu filho') e refere-se a Camões, quem

consolidou a língua portuguesa no seu célebre livro 'Os Lusíadas', uma epopeia que conta

os feitos grandiosos dos portugueses durante as 'grandes navegações', produzida quando

esteve exilado, aos 17 anos, nas colônias portuguesas da África e da Ásia. Desce exílio,

nasceu 'Os Lusíadas', uma das oitavas epopeias do mundo."

Camilo Pessanha

Page 31: A Literatura

Tirou o curso de Direito em Coimbra. Procurador Régio em Mirandela (1892), advogado

em Óbidos, em 1894, transfere-se para Macau, onde, durante três anos, foi professor de

Filosofia Elementar no Liceu de Macau, deixando de leccionar por ter sido nomeado,

em 1900, conservador do registro predial em Macau e depois juiz de comarca.

Entre 1894 e 1915 voltou a Portugal algumas vezes, para tratamento de saúde, tendo, numa

delas, sido apresentado a Fernando Pessoa que era, como Mário de Sá-Carneiro, grande

apreciador da sua poesia.

Publicou poemas em várias revistas e jornais, mas seu único livro Clepsidra (1920), foi

publicado sem a sua participação (pois se encontrava emMacau) por Ana de Castro Osório,

a partir de autógrafos e recortes de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de Pessanha

se salvaram do esquecimento. Posteriormente, o filho de Ana de Castro Osório, João de

Castro Osório, ampliou a Clepsidra original, acrescentando-lhe poemas que foram

encontrados. Essas edições saíram em 1945, 1954 e 1969.

Apesar da pequena dimensão da sua obra, é considerado um dos poetas mais importantes

da língua portuguesa. Camilo Pessanha morreu no dia1 de Março de 1926 em Macau.

Características estéticas

Além das características simbolistas que sua obra assume, já bem conhecidas, Camilo

Pessanha antecipa alguns princípios de tendências modernistas.

Camilo Pessanha buscou em Charles Baudelaire, proto-simbolista francês, o termo

“Clepsidra”, que elegeu como título do seu único livro de poemas, praticando uma poética

da sugestão como proposta por Mallarmé, evitando nomear um objeto direta e

imediatamente.

Por outro lado, segundo o pesquisador da Universidade do Porto Luís Adriano Carlos[2], o

seu chamado "metaforismo" entraria no mesmo rol estético do imagismo,

do inteseccionismo e dosurrealismo, buscando as

relações analógicas entre significante e significado por intermédio da clivagem dinâmica

dos dois planos. Junto de sua fragmentação sintática, que segundo a pesquisadora

da Universidade do Minho Maria do Carmo Pinheiro Mendes substitui um mundo

ordenado segundo leis universalmente reconhecidas por um mundo fundado sobre a

ambiguidade, a transitoriedade e a fragmentação[3], podemos encontrar na obra de

Page 32: A Literatura

Camilo Pessanha, de acordo com os dois autores citados, duas características que

costumam ser mais relacionadas à poesia moderna que ao Simbolismo mais convencional.

Naturalismo

Os romances naturalistas se destacam pela abordagem extremamente aberta do sexo e pelo

uso da linguagem falada. O resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente verdadeiro,

que na época foi considerado até chocante de tão inovador. Ao ler uma obra naturalista,

tem-se a impressão de estar lendo uma obra contemporânea, que acabou de ser escrita. Os

naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da hereditariedade e seu

comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age. A perspectiva evolucionista

de Charles Darwin inspirava os naturalistas, que acreditavam ser a Seleção

Naturalimpulsionadora da transformação das espécies. Assim, predomina nesse tipo de

romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o

erotismo como elementos que compõem a personalidade humana.

Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de modo definitivo a

estética naturalista. Os autores naturalistas criavam narradores oniscientes e impassíveis

para dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como a homossexualidade,

o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando personagens que eram dominados

por seus instintos e desejos, pois viam no comportamento do ser humano traços de sua

natureza animal.

No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Aluísio Azevedo com a obra O mulato,

publicado em 1881, marcou o início do Naturalismo brasileiro, a obra O cortiço, também

de sua autoria, marcou essa tendência.

O francês Émile Zola foi o idealizador do naturalismo e o escritor que mais se identificou

com ele. O romance experimental (1880) é considerado o manifesto literário do

movimento. As leituras de Zola sobre a teoria evolucionista de Darwin (a Origem das

espécies foi publicada em 1859), A filosofia da arte (1865), "um grande estudo fisiológico e

psicológico". O que Claude Bernard tinha desvendado no corpo humano, Zola iria

desvendar na sociedade. A título de curiosidade, conta-se que Zola pouco mais teve que

fazer do que substituir as palavras médico por romancista do livro "Introduction a l'étude

Page 33: A Literatura

de la médicine experimentale" (Claude Bernard) para poder escrever a sua obra "Le

Roman Expérimental", de 1880. Outras influências fortes sobre seu trabalho, nesse

sentido, seriam a obra de Honoré de Balzac (que havia realizado uma verdadeira

radiografia da sociedade francesa com a série de romances. A comédia humana, concluída

em 1846) e as idéias socialistas em ascensão (OManifesto Comunista de Karl

Marx e Friederich Engels é de 1848). Em 1871, Zola dava início a seu grande projeto, a

série Os Rougon-Macquart. A repercussão na imprensa do êxito de A taverna (1876) levou

Zola a responder à crítica da seguinte forma: "Estou sendo considerado um escritor

democrático, simpatizante do socialismo, mas não gosto de rótulos. Se quiserem me

classificar, digam que sou naturalista. Vocês se espantam com as cores verdadeiras e tristes

que uso para pintar a classe operária, mas elas expressam a realidade. Eu apenas traduzo

em palavras o que vejo; deixo para os moralistas a necessidade de extrair lições. Minha

obra não é publicitária nem representa um partido político. Minha obra representa a

verdade". Em 1880, Nana é lançado e faz grande sucesso. Aborda um tema ousado: a

prostituição de luxo.

Em 1881 Zola lança sua obra-prima Germinal. Para escrevê-lo, o autor não se contentou

com a pesquisa, foi direto à fonte. Passou dois meses trabalhando como mineiro na

extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para se

familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar

um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a umidade dentro da mina, o trabalho

insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo

salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros, por isso sua

narração é tão impactante. A força de Germinal causou enorme repercussão, consagrando

Émile Zola como um dos maiores escritores de todos os tempos.

Realismo

O Realismo na literatura

Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam

retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora

Page 34: A Literatura

ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram mostrar a face nunca antes

revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo

humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.

Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma objetividade

que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de

forma natural, ou por meio de estórias como Machado de Assis. Se um autor desejasse

criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto para tanto, porém

escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles

julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a ela.

Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever,

analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída

pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas

talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos

humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações.

Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame

Bovary (1857) de Gustave Flaubert. Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave

Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens.

A partir da extinção do tráfico negreiro, em 1850, acelera-se a decadência da economia

cafeeira no Brasil e o país experimenta sua primeira crise depois da Independência. O

contexto social que daí se origina, aliado à leitura de grandes mestres realistas europeus

como Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo, propiciaram o surgimento do Realismo no

Brasil.

Assim, em 1881 Aluísio Azevedo publica O Mulato (primeiro romance naturalista

brasileiro) e Machado de Assis publica Memórias Póstumas de Brás Cubas (primeiro

romance realista do Brasil).

Lembrando que Machado de Assis foi o principal escritor do Realismo no Brasil, suas

principais obras foram: Memórias póstumas de Bras Cubas, Quincas Borba e Dom

Casmurro.

Realismo em Portugal

Page 35: A Literatura

O Realismo na Literatura surge em Portugal após 1865, devido à Questão Coimbrã e

às Conferências do Casino, como resposta à artificialidade, formalidade e aos exageros

do Romantismo de uma sentimentalidade mórbida. Eça de Queirós é apontado, junto

a Antero de Quental, como o autor que introduz este movimento no país, sendo o romance

social, psicológico e de tese a principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distração e

torna-se meio de crítica a instituições, à hipocrisia burguesa (avareza, inveja, usura), à vida

urbana (tensões sociais, econômicas, políticas) à religião e à sociedade, interessando-se

pela análise social, pela representação da realidade circundante, do sofrimento, da

corrupção e do vício. A escravatura, o racismo e a sexualidade são retratados com uma

linguagem clara e direta.

A primeira manifestação do Realismo em Portugal deu-se inicialmente na Questão

Coimbrã, polemica esta que significou, nas palavras de Teófilo Braga “a dissolução do

Romantismo”. Nela se manifestaram pela primeira vez as novas idéias e o novo gosto de

uma geração que reagia contra o marasmo em que tinha caído o Romantismo.

O segundo episódio verificou-se em 1871 nas Conferências do Casino (ou Conferências

Democráticas do Casino). Nessa nova manifestação da chamada Geração de 70, os

contornos do que seria o Realismo apareceram desenhados com maior nitidez,

especialmente através da conferência realizada por Eça de Queirós intitulada O realismo

como nova expressão da arte. Sob a influência do Cenáculo, e da sua figura central, Antero

de Quental, Eça funde as teorias de Taine, do determinismo social e

da hereditariedade com as posições estético-sociais de Proudhon. Atacando o estado das

letras nacionais e propôs uma nova arte, uma arte revolucionária, que respondesse ao

"espírito dos tempos" (zeitgeist), uma arte que agisse como regeneradora da consciência

social, que pintasse o real sem floreados. Para Eça só uma arte que mostrasse efetivamente

como era a realidade, mesmo que isso implicasse entrar em campos sórdidos, poderia fazer

um diagnóstico do meio social, com vista à sua cura. Assim reagia contra o espírito da arte

pela arte, visando mostrar os problemas morais e assim contribuir para aperfeiçoar a

Humanidade. Com este cientificismo,Eça de Queirós já situava o Realismo na sua posição

extrema de Naturalismo.

Houve reacções: Pinheiro Chagas atacou Eça. Luciano Cordeiro argumentou que ele

próprio já tinha defendido posições parecidas. A implantação efetiva do Realismo dá-se

com a publicação do O Crime do Padre Amaro, seguida, dois anos mais tarde, pelo Primo

Basílio, obras ambas de Eça, que são caracterizadas por métodos de narração e descrição

Page 36: A Literatura

baseados numa minuciosa observação e análise dos tipos sociais, físicos e psicológicos,

aparecendo os fatores como o meio, a educação e a hereditariedade a determinarem o

caráter moral das personagens. São romances que têm afinidade com os de Émile Zola,

com o intuito de crítica de costumes e de reforma social.

O primeiro desses romances foi acolhido pelos críticos de então com um silêncio

generalizado. O segundo provocou escândalo aberto. E a polemica e a oposição entre

Realismo e Romantismo estala definitivamente. Pinheiro Chagas ataca Eça considerando-o

antipatriota, pelo modo como apresenta a sociedade portuguesa. Chegaram a aparecer

panfletos acusando os realistas de desmoralização das famílias (Carlos Alberto Freire de

Andrade: A escola realista, opúsculo oferecido às mães).

Camilo Castelo Branco vai parodiar o Realismo com Eusébio Macário(1879) e voltando a

parodiar com A Corja (1880). Mas curiosamente, mesmo através da paródia, Camilo vai

absorver a nova escola, como é nítido na novela A Brasileira de Prazins. (1882).

Entretanto o paladino do Realismo, Eça, vai desorientar os seus seguidores ortodoxos com

a publicação de O Mandarim. O que faz com que Silva Pinto (1848-1911) que tinha exposto

a teoria da escola realista e elogiado Eça num panfleto intitulado Do Realismo na Arte, vai

agora atacar Eça em Realismos, ridicularizando o novo estilo deste. Reis Dâmaso,

na Revista de Estudos Livres vai-se insurgir contra a publicação de O Mandarim acusando

Eça de ter atraiçoado o movimento. Estas acusações não eram infundadas porque de fato

Eça já estava a descolar de um realismo ortodoxo para o seu estilo mais pessoal onde o seu

humor e a sua fantasia se aliam num estilo único.

Desde a implantação do Realismo com a conferência de Eça, o movimento logrou um

núcleo de apoiantes que se desmultiplicaram em explicar e defender o seu credo estético.

Esse núcleo resvalou, em geral, para uma posição mais extremadamente Realista, o

Naturalismo, tornando-se ortodoxo e dogmático. Os defensores dessa posição são José

António dos Reis Dâmaso (1850-1895) e Júlio Lourenço Pinto (1842-1907) autor

da Estética naturalista, que pretendia ser um evangelho do Naturalismo. No entanto esses

dois autores são fracos do ponto de vista literário e totalmente esquecidos hoje em dia.

Aqueles que não enveredaram por posições tão rígidas estão menos esquecidos, como Luís

de Magalhães, que nos deixou O Brasileiro Soares (1886), livro prefaciado por Eça. Outros

nomes são Trindade Coelho, Fialho de Almeida e Teixeira de Queirós.

Page 37: A Literatura

Por volta de 1890 o Realismo/Naturalismo tinha perdido o seu ímpeto em Portugal.

Em 1893, o próprio Eça o declarava morto nas Notas Contemporâneas: “o homem

experimental, de observação positiva, todo estabelecido sobre documentos, findou (se é

que jamais existiu, a não ser em teoria).

Embora por vezes doutrinariamente fraco e/ou confuso o Realismo em Portugal apresenta-

se por isso mesmo, mais do que um movimento consistente, como uma tendência estética,

um sentir novo, que se opôs ao Idealismo e ao Romantismo. A sua consequência mais

importante foi a introdução em Portugal às influências estrangeiras nos vários domínios do

saber. Alargando as escolhas literárias e renovando um meio literário que estava muito

fechado sobre si mesmo.

Romantismo

O Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas

décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX.

Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o

período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais

na Europa.

Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a

forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de

mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si

mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos

de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e

pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela

emoção e pelo eu.

O termo romântico refere-se ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, à

tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.

O Romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era de

grande rebeldia. Na política, caíam os sistemas de governo despóticos e surgia o

liberalismo político (não confundir com o liberalismo econômico do Século XX). No campo

social imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A Revolução

Francesa é o clímax desse século de oposição.

Page 38: A Literatura

Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico antes de

seu nascimento de fato, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta classificação

encaixam-se Francisco Goya e Bocage.

O Romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a Alemanha e na

Inglaterra. Na Alemanha, o Romantismo, teria, inclusive, fundamental importância na

unificação germânica com o movimento Sturm und Drang.

O Romantismo viria a se manifestar de formas bastante variadas nas diferentesartes e

marcaria, sobretudo, a literatura e a música (embora ele só venha a se manifestar

realmente aqui mais tarde do que em outras artes). À medida que a escola foi sendo

explorada, foram surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destes

críticos surgiu o movimento que daria forma ao Realismo.

No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com

o Primeiro reinado, com a guerra do Paraguai e com a campanha abolicionista.

O romantismo seria dividido em 3 gerações:

1º geração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo,

o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de

outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da colectânea de textos e

documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato

atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa

mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A

mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.

2º geração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto

pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher eraalcançada mas a felicidade não era

atingida.

3º geração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual

denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica

(vide Eça de Queiróz), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que

revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.

Características do Romantismo:

Page 39: A Literatura

Individualismo

Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano,

abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida por emoções

e sentimentos. O individualismo serve também para uma pessoa individual, sem sequer

critérios omíferos que generalizam o estado.

Subjetivismo

O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião sobre o

mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na primeira pessoa.

Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por um individuo que baseia sua

perspectiva naquilo que as suas sensações captam.

Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções

pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.

O eu é o foco principal do subjetivismo, o eu é egoísta, forma de expressar seus razões.

Idealização

Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suas

características. Dessa forma, a mulher é uma virgem frágil, o índio é um herói nacional, e a

pátria sempre perfeita. Essa característica é marcada por descrições minuciosas e muitos

adjetivos.

Sentimentalismo Exacerbado

Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que essa escola

literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a

desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato

sobre uma vida.

O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só

sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo

relatado.Emoção acima de tudo.

Egocentrismo

Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas românticos

colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os na

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obra. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.

Natureza interagindo com o eu lírico

A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momento

narrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas de

passagens, à tempestades, o dias de muito sol. Diferentemente do Arcadismo, por exemplo,

que a natureza é mera paisagem. No Romantismo, a natureza interage com o eu-lírico.A

natureza funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta.

Medievalismo

Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de seu próprio

país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar as

culturas de seu país. Esses poemas se passam em eras medievais e retratavam grandes

guerras e batalhas.

Indianismo

É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para

idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam

como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques

Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o

índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade européia.

Byronismo

Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltado

para vícios, bebida, fumo e sexo, podendo estar representado no personagem ou na própria

vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo,

pelo pessimismo, pela angústia.

Broquéis é o livro de estréia do poeta simbolista, Cruz e Souza.

É composto por 54 poemas, todos marcados com a presença da cor branca, em diferentes

níveis e modelos.

Page 41: A Literatura

Niilismo é um termo, um conceito filosófico que desvaloriza o sentido, a finalidade, prega

a ausência do “porque”.

Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século

XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo.

Características do Realismo

Veracidade: despreza a imaginação romântica.

Contemporaneidade: descreve a realidade, fala sobre o que está acontecendo de

verdade.

Retrato fiel das personagens: caráter, aspectos negativos da natureza humana.

Gosto pelos detalhes: lentidão na narrativa.

Materialismo do amor: a mulher objeto de prazer/adultério

Denúncia das injustiças sociais: mostra para todos a realidade dos fatos.

Determinismo e relação entre causa e efeito: o realista procurava uma explicação

lógica para as atitudes das personagens, considerando a soma de fatores que justificasse

suas ações. Na literatura naturalista, dava-se ênfase ao instinto, ao meio ambiente e à

hereditariedade como forças determinantes do comportamento dos indivíduos.

Linguagem próxima à realidade: simples, natural, clara e equilibrada.

Trindade Parnasiana:

A poesia parnasiana preocupa-se com a forma e com a objetividade.

Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira formaram a “Trindade Parnasiana”.

Camilo Pessanha:

Além das características simbolistas que sua obra assume, já bem conhecidas, Camilo

Pessanha antecipa alguns princípios de tendências modernistas.

Camilo Pessanha buscou em Charles Baudelaire, proto-simbolista francês, o termo

“Clepsidra”, que elegeu como título do seu único livro de poemas, praticando uma poética

Page 42: A Literatura

da sugestão como proposta por Mallarmé, evitando nomear um objeto direta e

imediatamente.

Por outro lado, segundo o pesquisador da Universidade do Porto Luís Adriano Carlos[2], o

seu chamado "metaforismo" entraria no mesmo rol estético do imagismo,

do inteseccionismo e do surrealismo, buscando as

relações analógicas entre significante e significado por intermédio da clivagem dinâmica

dos dois planos. Junto de sua fragmentação sintática, que segundo a pesquisadora

da Universidade do Minho Maria do Carmo Pinheiro Mendes substitui um mundo

ordenado segundo leis universalmente reconhecidas por um mundo fundado sobre a

ambiguidade, a transitoriedade e a fragmentação[3], podemos encontrar na obra de

Camilo Pessanha, de acordo com os dois autores citados, duas características que

costumam ser mais relacionadas à poesia moderna que ao Simbolismo mais convencional.

Parnasianismo

Movimento literário que se originou na França, Paris, representou na poesia o espírito

positivista e científico da época, surgindo no século XIX em oposição ao romantismo.

Nasceu com a publicação de uma série de poesias, precedendo de algumas décadas o

simbolismo. O seu nome vem do Monte Parnaso, a montanha que, na mitologia grega era

consagrada a Apolo e às musas, uma vez que os seus autores procuravam recuperar os

valoresestéticos da Antiguidade clássica.

Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de versificação, pelo

preciosismo rítmico e vocabular, pela rima rica e pela preferência por estruturas fixas,

como os sonetos. O emprego da linguagem figurada é reduzido, com a valorização

do exotismo e da mitologia. Os temas preferidos são os fatos históricos, objetos e

paisagens. A descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para

os românticos são a sonoridade das palavras e dos versos. Os autores parnasianos faziam

uma "arte pela arte", pois acreditavam que a arte devia existir por si só, e não por

subterfúgios, como o amor, por exemplo. O primeiro grupo de parnasianos de língua

francesa reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador comum: a

rejeição ao lirismo como credo. Os principais expoentes são Théophile Gautier (1811-

1872), Leconte de Lisle (1818-1894), Théodore de Banville (1823-1891) e José Maria de

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Heredia (1842-1905), de origemcubana, Sully Prudhomme (1839-1907). Gautier fica

famoso ao aplicar a frase “arte pela arte” ao movimento.

Modernismo Brasileiro:

O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente

sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX, sobretudo

no campo da literatura e das artes plásticas. Comparado a outros movimentos

modernistas, o brasileiro foi desencadeado tardiamente, na década de 1920. Este foi

resultado, em grande parte, da assimilação de tendências culturais e artísticas lançadas

pelas vanguardas européias no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, tendo

como exemplo do Cubismo e do Futurismo, refletindo, então, na procura da abolição de

todas as regras anteriores e a procura da novidade e da velocidade. Contudo, pode-se dizer

que a assimilação dessas idéias européias deu-se de forma seletiva, rearranjando

elementos artísticos de modo a ajustá-los às singularidades culturais brasileiras.

Considera-se a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, como ponto de

partida do modernismo no Brasil. Porém, nem todos os participantes desse evento eram

modernistas: Graça Aranha, um pré-modernista, por exemplo, foi um dos oradores. Não

sendo dominante desde o início, o modernismo, com o tempo, suplantou os anteriores. Foi

marcado, sobretudo, pela liberdade de estilo e aproximação com a linguagem falada, sendo

os da primeira fase mais radicais em relação a esse marco. Didaticamente, divide-se o

Modernismo em três fases: a primeira fase, mais radical e fortemente oposta a tudo que foi

anterior, cheia de irreverência e escândalo; uma segunda mais amena, que formou grandes

romancistas e poetas; e uma terceira, também chamada Pós-Modernismo por vários

autores, que se opunha de certo modo a primeira e era por isso ridicularizada com o

apelido de neoparnasianismo.