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DORA ALICE BELAVENUTTI MARTINS DA SILVA A MÍDIA A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO: A REVISTA NOVA ESCOLA MARÍLIA 2009

A MÍDIA A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO: A REVISTA NOVA ESCOLA · 1 DORA ALICE BELAVENUTTI MARTINS DA SILVA A MÍDIA A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO: A REVISTA NOVA ESCOLA Dissertação apresentada

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DORA ALICE BELAVENUTTI MARTINS DA SILVA

A MÍDIA A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO: A REVISTA NOVA ESCOLA

MARÍLIA 2009

 

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DORA ALICE BELAVENUTTI MARTINS DA SILVA

A MÍDIA A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO: A REVISTA NOVA ESCOLA

Dissertação apresentada à Universidade de Marília (UNIMAR), para a obtenção do Título de Mestre em Comunicação, Área de Concentração Mídia e Cultura.

Orientadora: Profa. Dra. Elêusis Mírian Camocardi

MARÍLIA 2009

 

Silva, Dora Alice Belavenutti Martins da. S586m A mídia a serviço da educação: a revista Nova Escola./ Dora Alice Belavenutti Martins da Silva -- Marília: UNIMAR, 2009. 116f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Faculdade de Comuni- cação e Educação, Universidade de Marília, Marília, 2009. 1. Mídia 2. Mídia Segmentada 3. Educação 4. Políticas Públicas 5. Revista Nova Escola 6. Discursos e Gêneros Jornalísticos 7. Pro- fessor-Leitor I. Silva, Dora Alice Belavenutti Martins da II. A mídia a serviço da educação: a Revista Nova Escola. CDD -- 302.23

 

 

 

Universidade de Marília – UNIMAR Reitor Dr. Márcio Mesquita Serva

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Pró-Reitora Profa. Dra. Suely Fadul Villibor Flory

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Coordenadora: Profa. Dra. Rosângela Marçolla

Área de Concentração: Mídia e Cultura

Orientadora: Profa. Dra. Elêusis Mírian Camocardi

 

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UNIVERSIDADE DE MARÍLIA – UNIMAR

NOTAS DA BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

DORA ALICE BELAVENUTTI MARTINS DA SILVA

A MÍDIA A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO: A REVISTA NOVA ESCOLA

Data da Defesa: ___/___/___

Banca Examinadora Prof. Dr. Avaliação: _______________________ Assinatura: ______________ Prof. Dr. Avaliação: _______________________ Assinatura: ______________ Prof. Dr. Avaliação: _______________________ Assinatura: ______________

 

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Para Vitor Hugo, Pedro Henrique e Bruno Ricardo

 

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que indica meus caminhos.

À Professora Elêusis Mírian Camocardi, pela presença em dois momentos de minha formação.

À Professora Andréia Labegalini, pelas experiências passadas sobre o ensino superior.

À Professora Rosângela Marçola, pelos esclarecimentos sobre a instigante área da Comunicação.

À Professora Suely Flory pelas orientações sobre o curso.

À Cesira, bibliotecária da UNIMAR, que foi prestativa com as minhas buscas e devoluções.

Ao Auro, bilbiotecário da Faculdade de Filosofia e Ciências - UNESP/Assis, que me ajudou nesses anos de visitas.

Ao Professor Cleomenes José Santana, pela compreensão diante dos meus afastamentos das funções de supervisão.

Às colegas da Supervisão, Ana Márcia, Cecília, Elianeth, Leide, Maria Amélia, Maria Júlia, Maria Sylvia, Rita, Rosenei, Rosemary, Ruthy e a Luciana, obrigada por me representarem no trabalho durante meus afastamentos.

Ao meu pai, Pedro Belavenutti, que bem de perto, como sempre, me ajudou a dar mais um passo.

À minha mãe, Maria Poletto, pela dedicação e paciência! E meu avô, Mário Poletto, que deixou comigo o gosto pelos estudos e pela poesia.

Ao meu marido, pelo apoio interminável nesses anos todos.

Ao nono, à nona e a titia, pelos exemplos de vida e persistência.

Aos meus amigos, pelas sintonias perfeitas.

À minha família, pela presença em todas as ocasiões.

À prima Sylvia, que me visitou nas tardes de escrita e me incentivou.

À Secretaria de Estado de Educação, pela bolsa de estudos concedida.

 

6

Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a

apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo.

Michel Foucault

 

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SILVA, D. A. B. M. da. A Mídia a serviço da Educação: a revista Nova Escola. 2009. 116 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade de Marília, Marília, 2009.

RESUMO

A dissertação trata de pesquisa histórica, com base nas fontes bibliográficas e documentais, sobre como as mudanças na Educação são institucionalizados pela revista Nova Escola, no período de 1998 a 2008. Inicialmente discutem-se os saberes ideológicos propagados por essa revista, mídia impressa segmentada, junto ao professor-leitor, decorrente da concepção da política educacional do país. A revista conta com subsídios do Governo Federal, garantindo distribuição gratuita às escolas públicas brasileiras e é considerada um veículo de divulgação das políticas educacionais e de práticas pedagógicas aprovadas pelos órgãos governamentais. Em paralelo, discute-se a Nova Escola como texto jornalístico e, com base nas referências apontadas por José Marques de Melo e Luiz Beltrão, entre outros, destacam-se os Gêneros Jornalísticos como instrumentos especializados na construção do professor-leitor, o que possibilita à revista a eficiente divulgação das políticas públicas. O período escolhido desta pesquisa justifica-se por expressar um momento de intensas mudanças educacionais instituídas pelas reformas oficiais a partir da LDBEN, da implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), do Plano Nacional de Educação. Assim, o periódico é visto como objeto cultural, instituidor de mudanças e posturas político-pedagógicas, cujo discurso jornalístico favorece a materialização no grupo docente. Torna-se possível constatar como os métodos e saberes almejados pelo poder são implantados na prática do professor-leitor via mídia impressa.

Palavras-chave: Mídia segmentada; Educação; Políticas Públicas; Revista Nova Escola; Discursos e Gêneros Jornalísticos; Professor-leitor.

 

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SILVA, D. A. B. M. da. Media in service to Education: the Magazine Nova Escola. 2009. 116 p. Dissertation (Master in Communication) – Universidade de Marília, Marília, 2009.

ABSTRACT

The work deals with literature and documentary about the changes in education are propagated through the journalistic discourse in the magazine Nova Escola (1998-2008). Initially discusses ideological knowledge propagated by this magazine, with teachers-leaders, due to design country's educational policy. The magazine has the Federal government subsidies, ensuring free distribution to public schools in Brazil and is considered a vehicle for the dissemination of educational policies and teaching practices adopted by government. In parallel, the Nova Escola as journalistic and, based on the references noted by José Marques de Melo and Luiz Beltrão, among others, stand out as a Journalistic Genre specialized instruments in the construction of the teacher-reader, which allows to review the efficient dissemination of public policies. The selected period of this research is justified by expressing a moment of intense educational changes introduced by the reforms from the official LDBEN, implementation of the National Curriculum Parameters (PCN), the National Education Plan. Thus, the journal is seen as a cultural object, a founder of changes and political and educational positions, which promotes journalistic discourse materialization group teaching. It is possible to see that the methods and knowledge pursued for power are deployed in the practice of teacher-reader via the printed media.

Keywords: Media targeted; Education; Public Policy; Nova Escola Magazine; Speeches and Journalistic Genre; Teacher-reader.

 

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Divulgação da revista: contatos com o leitor - emails 31

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Projetos de Comunicação/Formação/Capacitação do MEC 19

Quadro 2 - Formas de contato com o leitor - e-mails 33

Quadro 3 - Formas de contatos com o leitor - convite para entrevista - online 34

Quadro 4 - Reportagens em vídeo 56

Quadro 5 - Exemplos de equivalências entre Nova Escola e Educação 89

 

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

1 A EDUCAÇÃO BRASILEIRA 16

1.1 Breve Apresentação dos Recursos para a Divulgação das Idéias - as revistas pedagógicas 16

2 A REVISTA NOVA ESCOLA 22

2.1 Revista Nova Escola: mídia impressa segmentada 22

3 GÊNEROS E DISCURSOS JORNALÍSTICOS NA NOVA ESCOLA 26

3.1 Os Gêneros no Jornalismo 26

3.2 Contatos com o Leitor 28

3.3 Discursos Jornalísticos na Nova Escola 38

3.4 O Gênero Interpretativo: Reportagem de capa 52

3.5 O Gênero Informativo: Entrevista 64

3.6 Gênero Opinativo: Carta/Editorial 73

4 ANÁLISE DOS TEXTOS JORNALÍSTICOS DA REVISTA NOVA ESCOLA 89 4.1 Discurso e Evolução dos Gêneros 89

CONSIDERAÇÕES FINAIS 96

REFERÊNCIAS 100

 

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INTRODUÇÃO

Esta dissertação examina a revista Nova Escola1 como um instrumento para a

institucionalização e propagação de políticas educacionais junto a um conjunto de

medidas que ocorreram nesta última década - 1998 a 2008.

Depois de delimitar o período de dez anos de publicação da revista, fomos

até a biblioteca da Unesp de Assis e da Unimar para localizar o maior número

possível de exemplares impressos, pois o acervo das escolas visitadas

apresentavam apenas os últimos anos.

Esse detalhe nos levou a pesquisa das publicações online. De 2007 a início

de 2008, ainda era possível buscar as edições anteriores da revista através desse

recurso. Havia todas as edições relativas ao período pesquisado e conseguimos

selecionar as seções que nos interessavam. Recortamos os títulos das

reportagens de capa, dos editoriais e, das entrevistas, salvamos praticamente

todas elas para facilitar as visitas. Quando, no início de 2009 retornamos para

outras buscas e confirmações, a editora tinha reorganizado o site e agora apenas

as edições de 2006 para cá são possíveis de serem consultadas via online.

Ficamos com os recortes das buscas dos anos anteriores e exemplares impressos

conseguidos.

Portanto, para a realização do trabalho, foram visitados os exemplares

impressos e online da revista, bem como os documentos legais sobre as medidas

educacionais ocorridas na década mencionada, procurando resgatar como a Nova

Escola adequou-se às ideologias e práticas sugeridas. Parte-se do pressuposto de

que a revista faz parte de uma série de instrumentos utilizados para a

institucionalização das propostas para a Educação, referendadas e aprovadas pelos

organismos de financiamento internacionais.

Os organismos aqui pesados são o Banco Mundial, constituído pelo BIRD

(Banco Internacional de Desenvolvimento), a IFC (Corporação Financeira

Internacional), a AMGI (Agência Multilateral de Garantia de Investimento) e o CIADI

                                                            1  A Nova Escola foi criada em setembro de 1985 e é editada pela Fundação Victor Civita, entidade

sem fins lucrativos mantida pelo Grupo Abril. Sua periodicidade é mensal, sendo que três números, coincidentes com os períodos de férias escolares, contemplam dois meses (janeiro/fevereiro, junho/julho e novembro/dezembro).

 

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(Centro Internacional para a Arbitragem de Disputas sobre Investimentos)

(GPEARI..., 2009).

Segundo José Corragio (1996), o Banco Mundial determina uma série de

medidas que servem para reformais educacionais internacionais, por isso, as

medidas de reforma na educação brasileira são resultados também de uma política

econômica mundial que cobra resultados e que define as estratégias a serem

implantadas nas políticas educativas.

Neste sentido, as publicações da revista Nova Escola e as reformas

educacionais que ocorrem no período desta última década no Brasil, fazem parte de

um conjunto coeso de alternativas a serviço da propagação dessas medidas

necessárias para o cumprimento de metas e programas estabelecidos a nível

estadual e federal, cobradas por investimentos financeiros internacionais.

A cada ano, as medidas em destaque se reproduzem nos textos que circulam

em todo país, com o objetivo de confirmação e atualização da educação desejada.

Importante destacar a consideração de Torres (1996, p. 146), quando diz que

conhecer de perto estes processos ajudaria no sentido de tomar consciência de que, em várias destas frentes, hoje vistas como inovadoras e como um passo adiante, os países em desenvolvimento estão indo enquanto os desenvolvidos já estão voltando.

Esta dissertação procurou investigar a evolução da revista Nova Escola

apontada acima junto às reformas educacionais ocorridas no Brasil durante esta

última década, um recorte importante, pois parte da LDBEN e da decorrente

Reforma Educacional, quando são apresentados os princípios pedagógicos através

dos Parâmetros Curriculares Nacionais, e demais medidas, lançados em 1998.

A metodologia de abordagem será de uma perspectiva histórico-comparativa,

pois quando se

[...] opta pela pesquisa histórica, ou seja, pela constituição de um objeto assentado num tempo e/ou espaço passado, necessita obter certas informações e conhecimentos a respeito do momento histórico escolhido para o desenvolvimento da pesquisa. (LABEGALINI, 2007 apud MACHADO, p. 97).

Como bem destacam Lopes e Galvão (2001, p. 94) a respeito da exploração e

análise de documento, dizendo que é preciso “[...] antes de mais nada o pesquisador

 

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invente um método que melhor funcione para explorar cada documento e, ao mesmo

tempo, o conjunto dos documentos”. Nesse sentido, tomamos os textos da revista

Nova Escola, representantes de cada um dos anos pesquisados, e de seções da

revista que fazem parte de gêneros diversos.

Ressalta ainda Labegalini (apud MACHADO, 2007, p. 97), “a investigação, em

uma pesquisa histórica – inclusive em educação – ocorre a partir de perguntas feitas

com relação ao passado”. Assim, verificando esses documentos, questionamos:

como a Nova Escola acompanhou as mudanças educacionais nesta última década?

Houve alteração do perfil inicial da revista para atender as reformas ocorridas na

Educação?

E ainda, a revista Nova Escola, enquanto mídia segmentada, pode ser

considerada um instrumento para a institucionalização dessas novas propostas

educacionais? Como a especificidade do texto jornalístico: reportagem, entrevista,

editorial/carta, garantem a construção do professor-leitor e da institucionalização de

uma prática recomendada?

As fontes documentais consultadas foram as publicações da revista Nova

Escola, do período de 1998 a 2008, totalizando em torno de 90 exemplares, e

selecionadas as seções correspondentes a reportagens de capa, entrevistas,

cartas/editoriais. Os textos selecionados da revista são tomados como

representativos de ações e práticas recomendadas pelo momento político-

educacional.

Foram consultadas ainda as reformas educacionais desta última década, e

feitas as correspondências entre as publicações e as propostas educacionais em

andamento nas escolas públicas de 1998 a 2008. Para isso, procuramos estabelecer

quadros demonstrativos das equivalências entre as publicações da revista e as

reformas oficiais estabelecidas, cujo objetivo é o de antecipar a visão de parceria

entre mídia e educação, efetivamente ressaltada nesta dissertação.

A partir de tais problematizações, partimos da constatação da revista Nova

Escola representativa da mídia impressa segmentada, utilizada para a

institucionalização de idéias e medidas educacionais. A seguir, fazemos análise do

discurso jornalístico de que se constituem os textos da revista, cujos estudos podem

demonstrar o poder da mídia para disseminar e formar a opiniões.

No capítulo 1, traçamos uma breve retomada dos recursos utilizados para

divulgação das propostas educacionais no Brasil, em especial das revistas

pedagógicas, dos quais participa a revista Nova Escola, objeto desta dissertação.

 

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No capítulo 2, resgatamos as características da revista Nova Escola como

mídia impressa segmentada e, a seguir, discutimos o poder da mídia na propagação

e acompanhamento de idéias na educação brasileira. Analisamos as adequações da

revista para atender ao desenvolvimento das propostas educacionais no período de

1998 a 2008.

No capítulo 3, são discutidos os Gêneros Jornalísticos e discursos

correspondentes da revista Nova Escola, embora se reconheça que os textos

jornalísticos possuam o caráter da intertextualidade, visto que: “Cada enunciado é

pleno de ecos e ressonâncias de outros enunciados com os quais está ligado pela

identidade da esfera de comunicação discursiva” (BAKHTIN, 2003, p. 297). Por isso,

uma classificação estanque nem sempre representa a possibilidade única de

classificação um texto jornalístico. No entanto, para direcionar os trabalhos junto às

seções da revista, estabelecemos o seguinte: gênero interpretativo: a reportagem de

capa, gênero informativo: entrevista e gênero opinativo: carta ao leitor, que na

revista Nova Escola encontra-se no espaço do editorial.

Neste capítulo 3, Gênero e Discursos Jornalísticos na Nova Escola,

colocamos inicialmente a questão do leitor, enquanto fator essencial para a

construção dos textos publicados. Depois, desenvolvemos capítulos secundários

para cada gênero e discutimos como os textos acompanham cronologicamente e

retratam as medidas educacionais.

O objetivo das inúmeras citações colhidas na revista e a inclusão delas nessa

dissertação, justifica-se por ilustrar o potencial existente dos temas educacionais

presentes no discurso jornalístico para a institucionalização das mudanças que

ocorreram na educação brasileira, conforme delimitamos , nesta última década.

Após a abordagem dos gêneros e respectivos textos ilustrativos, discutimos

no último capítulo 4, Análise dos Gêneros na Nova Escola e evolução do discurso

que se processa, justamente, para atender a evolução da revista junto aos

mecanismos de persuasão do leitor para as idéias educacionais vigentes.

O trabalho justifica-se por fazer um resgate histórico- comparativo entre as

propostas educacionais e a mídia impressa segmentada – a revista Nova Escola e,

especialmente por analisar o discurso jornalístico como instrumento eficaz de

divulgação de idéias e de formação de leitores.

 

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Nas considerações finais, apresento reflexões sobre a intenção desta

dissertação em inserir-se junto a outros trabalhos de pesquisa sobre a relevância da

mídia impressa segmentada – Nova Escola – para a institucionalização das políticas

públicas e poder contribuir para estudos futuros.

 

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1 A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

1.1 Breve Apresentação dos Recursos para a Divulgação das Idéias – as revistas pedagógicas

A imprensa é, provavelmente, o local que facilita um melhor

conhecimento das realidades educativas, uma vez que aqui se manifestaram, de um ou do outro modo, o conjunto de problemas desta área. É difícil imaginar um meio mais útil para compreender as relações entre a teoria e a prática, entre os projetos e as realidades, entre a tradição e a inovação. São as características próprias da imprensa (a proximidade em relação ao acontecimento, o caráter fugaz e polêmico, a vontade de intervir na realidade) que lhe conferem esse estatuto único e insubstituível como fonte para o estudo histórico e sociológico e da pedagogia. (NÓVOA, 2002, p. 31).

A multiplicidade de informações que caracterizam esta última década

impulsionou uma série de medidas governamentais no sentido de adequar a escola

às exigências sócio-culturais e às demandas da tecnologia. A partir da nova Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996

- LDB, visíveis investimentos tem sido realizados nas escolas, tanto em relação à

capacitação de recursos humanos quanto de recursos físicos para a oferta de

educação de qualidade, entendida aqui como adequada à preparação dos jovens

para o mercado competitivo e exigente.

As tecnologias de informação (TICs), presentes enquanto favorecedoras da

educação de qualidade, marcam consideravelmente o quotidiano das escolas e os

recursos para a formação de professores. Os equipamentos como vídeo, softwares e

computadores tomam parte da vida do professor consideravelmente nesta última

década. Na edição de março de 1998 a capa da revista Nova Escola já previa: Já

não há mais futuro para o analfabeto digital Quem não souber se movimentar na

Internet ou achar que possuir bons conhecimentos é decorar informações terá

dificuldades em conseguir até empregos modestos.

Além disso, na década de 90, as mídias são utilizadas para a divulgação e

implementação de novas propostas na educação, como o uso da TV e mídia

impressa. Exemplos são os programas de formação de professores como o de

 

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Formação Continuada, uma das medidas que caracterizam a “Década da

Educação”.

Particularmente, com o Governo de Fernando Henrique Cardoso, algumas

questões são direcionadas para o aperfeiçoamento dos recursos midiáticos nas

escolas: criação do Sistema Nacional de Educação a Distância; instalação de TV

nas escolas com o “objetivo de preparar os professores para eles ensinarem

melhor”; distribuição de 58 milhões de livros didáticos de melhor qualidade;

avaliação de mérito das escolas; reforma curricular; Referenciais Curriculares para

Formação de Professores (1999), no Parecer nº 115/99 que criou os Institutos

Superiores de Educação.

A partir de 2001 (Diretrizes Curriculares para a Formação Inicial de

Professores para a Educação Básica em Nível Superior), surgiram e tiveram pouca

duração os institutos superiores destinados à formação de professores em cursos

normais superiores (IES), substituídos pelos Cursos Superiores de Pedagogia, em

cumprimento a determinação de organismos de financiamentos internacionais. Uma

das estratégias utilizadas foi a educação a distância que vai de encontro às

iniciativas do MEC, como o Programa Setorial de Educação. São utilizados rádio e

televisão com o intuito de apoiar os programas para erradicação do analfabetismo,

qualificação profissional e melhoria da qualidade de ensino, exemplo o programa de

Radiodifusão Educativa sob a responsabilidade da Fundação Roquette Pinto, cuja

abrangência é de todo território nacional, e se distribui através do Sistema Nacional

de Radiodifusão Educativa-SINRED, composta, na época, por 27 emissoras de TV,

21 emissoras de rádio e 110 retransmissoras de TV.

Neste momento, foi criado também o Grupo de Trabalho Interministerial, para

viabilizar a utilização do satélite em educação: A Televisão Educativa destinado à

capacitação de professores de 1ª à 4ª série do ensino fundamental e alunos do

último ano do curso de formação de professores. Foi utilizada a emissão via satélite

de um canal aberto, permitindo um processo interativo, em âmbito nacional, de

professores especialistas, orientadores de aprendizagem e cursistas:

A implantação de um canal de tevê, via satélite, voltado exclusivamente

para o atendimento à escola, com 100% da programação dedicada à melhoria da qualidade do ensino, é parte fundamental desse esforço. Necessariamente, irá ensejar novas formas de gestão escolar e induzir novos parâmetros de eficiência e de controle de qualidade. (BRASIL, 1997a, p. 7).

 

18

O Programa TV Escola implantado em 1995 faz parte dos recursos da mídia

educativa e tem sido utilizados para a formação continuada, valorização e

aperfeiçoamento dos professores. Além disso, outros programas são exemplos de

mídia educativa: PROINFO (Programa Nacional de Informática na Educação) e

PROFORMAÇÃO (Programa de Formação de Professores) – desenvolvidos pela

Secretaria de Educação a Distância (SEED) do MEC, criada em 1996.

De acordo com informações do Ministério, até o ano 2000 o PROINFO

apresentava os seguintes números: 105 mil computadores, dos quais 100 mil

destinados a 6 mil escolas e 5 mil aos NTEs; 223 NTEs, espalhados por todo o País;

27 programas estaduais em andamento; 1.419 professores multiplicadores, 6.600

técnicos de suporte e 25 mil professores capacitados; 7,5 milhões de alunos

beneficiados (BRASIL, 2000a, p. 23).

O ano de 2000 aparece marcado por recursos tecnológicos que abrem

espaço para o contexto da Educação contemporânea, adequada-se ao mundo

tecnológico digital: o uso da internet, dos softwares didáticos e do hipertexto para a

capacitação docente e para a divulgação das novas idéias.

Nessa década, outros recursos fazem parte do cotidiano escolar: a televisão,

internet, jornais, revistas, vídeo, fotografia e cinema (data Show e DVDs) e

microcomputadores, tanto para capacitação dos professores quanto para a

divulgação e propagação de novas idéias.

Os últimos anos apresentam recursos jamais imaginados na área da

educação: videoconferência, teleconferência, ferramentas de gestão e ambientes

colaborativos que permitem aos participantes a interação real com especialistas e

demais colegas. A ampliação da infra-estrutura dessas redes tem permitido um

avanço significativo na qualidade de educação brasileira, como também servem de

instrumentos para a propagação de concepções e ideologias políticas da educação.

Destaca-se ainda um outro programa de formação universitária, o PEC - Programa

Formação Universitária, que tem sido dinâmico para o aperfeiçoamento docente.

A educação brasileira busca aliar a tecnologia à educação para alcançar a

almejada qualidade de ensino. Vários projetos se encontram em desenvolvimento.

De acordo com o MEC – Ministério de Educação e Cultura, são esses os principais

projetos de educação, que se utilizam de mídias:

 

 

19

Quadro 1 - Projetos de Comunicação/Formação/Capacitação do MEC

• Banco Internacional de Objetos Educacionais

• CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

• Educação Superior - Cursos e Instituições

• Inep - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

• Pilotos do Projeto Uca

• Portal Domínio Público

• Portal Mundo Acadêmico

• Portal Periódicos (CAPES)

• Rede Interativa Virtual de Educação - RIVED

• Reuni - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais Brasileiras

• Salto para o Futuro

• Seednet

• Sesu Web - Revista Eletrônica de Educação Superior

• TV Escola - Ao vivo

• WebEduc - O Portal de Conteúdos Educacionais do Mec

Fonte: PORTAL..., 2008.

Algumas editoras se destacam por estabelecer publicações a públicos, como

a Editora Abril que vem sendo pioneira no Brasil por focar o consumidor e trabalhar

com as mídias segmentadas, especialistas em concretizar vínculos estreitos com a

Educação.

Dentre mídias segmentadas, destacamos as revistas pedagógicas pois

segundo Nóvoa (2002, p. 31), a imprensa permite compreender as relações entre

“teoria e prática, entre projetos e realidades, entre tradição e a inovação”, cujas

características permitem a proximidade em relação ao acontecimento, conferindo-lhe

o poder de diálogo com os momentos históricos da educação.

A imprensa pedagógica congrega formas de interação com o leitor, de forma

que o diálogo entre os dois permite a institucionalização de saberes e idéias que se

encontram latentes no contexto cronológico em que ocorrem. Pode-se dizer que as

revistas pedagógicas apresentam-se como dispositivos da governabilidade, cujos

discursos encontram-se vinculados à perspectiva econômica, política, social e

cultural vigentes. Procuramos mostrar como são incorporados nos discursos dessas

 

20

mídias, práticas e ideologias presentes nas relações de poder neoliberais que se

produzem como verdades e circulam interagindo com seus leitores.

Neste sentido, entende-se que as revistas são instrumentos que servem para

a articulação e divulgação de práticas educativas, e se organizam enquanto textos

que problematizam e orientam como deve ser a educação nas escolas. Possuem

duplo potencial, pois além dos textos informativos que permitem a atualização de

conteúdos, podem oferecer estudos, concepções e práticas articuladas às políticas

educacionais sugeridas pelas reformas políticas, que se desenvolvem junto às

edições.

Segundo Bastos (2002, p. 49), as revistas possibilitam “avaliar a política das

organizações, as preocupações sociais, os antagonismos e filiações ideológicas, as

práticas educativas”. Importante destacar que a imprensa pedagógica torna-se fonte

de investigação para análise das medidas que ocorreram na educação ou que se

encontram em perfeita sistematização junto a seu público.

Resgatando a questão histórica das revistas na educação, Nóvoa (2002,

p. 11) coloca que o periódico “permite apreender discursos que articulam práticas e

teorias que se situam no nível macro do sistema mas também no plano micro da

experiência concreta”. Sem dúvida, a presença do professor na revista pedagógica,

enquanto leitor que interage e participa da criação dos textos, a circulação de

informações sobre as teorias e práticas pedagógicas e a divulgação de novas

propostas fazem dos periódicos um campo rico para a solidificação de idéias.

Seguindo, em relação ao papel da revista pedagógica na história da educação

brasileira, encontramos vários exemplos como o estudo de Biccas (2008) que fala

sobre a publicação da Revista do Ensino de Minas Gerais, no período de 1925 a

1940, enquanto instrumento para levar adiante as reformas de ensino de Francisco

Campos:

Mas, também, a publicação configura-se como um mediador atrativo,

moderno e de grande potencial para a introdução de hábitos de leitura como uma intenção específica de atualização e adequação dos conteúdos e comportamentos às linhas gerais da política proposta. (BICCAS; CARVALHO, 2000, p. 77).

Pode-se dizer que as publicações das revistas pedagógicas são veículos

eficientes para concluir os mecanismos existentes que dão sustentação ao modelo

de educação previsto pelas reformas educacionais. Uma grande parte aborda

 

21

conceitos e ideologias latentes no contexto dos leitores, tornando-os parte do

processo de construção dos textos e de sua própria história profissional.

As revistas segmentadas possuem uma configuração cujos espaços atendem

cada vez mais os objetivos que se encontram integrados às teorias educacionais e

ideologias que marcam a história de cada período, pois são veículos capazes de

conectarem o professor-leitor às práticas educativas e concepções em

desenvolvimento.

 

22

2 A REVISTA NOVA ESCOLA

2.1 Revista Nova Escola: mídia impressa segmentada

A mídia impressa segmentada direciona-se a um público específico e se

organiza para atender a sua história. A segmentação da mídia para um público

define-se a partir dos objetivos da editora que por sua vez atende aos interesses

implícitos daqueles que nela investem.

Observa-se que as segmentações das publicações, no Brasil, ocorrem com

mais intensidade nesta última década e marcaram mudanças no mercado

publicitário, pois segundo pesquisas percebe-se maior obtenção de recursos através

dos anúncios direcionados.

Acrescenta-se também o atendimento ao perfil do consumidor, o que torna a

mídia impressa segmentada um investimento interessante para as editoras que se

beneficiam através de parcerias e patrocinadores. A linguagem direcionada permite

o alcance eficaz com os consumidores e a interação cada vez maiores.

A homogeneização, conseguida pela utilização de uma linguagem

representativa de grupos de pessoas, possibilita maior credibilidade com a

informação e, com certeza, rápida assimilação de idéias.

A linha editorial das revistas segmentadas oferece aos leitores a conduta para

a leitura dos textos que serão oferecidos. Há uma prévia preparação para o

conteúdo que será desenvolvido através dos títulos sugestivos e das chamadas para

os conteúdos interiores.

A revista pedagógica é uma expressão desse recurso, uma forma de

organização cuja linguagem e repertório informacional atende especificamente a um

público. Trata da informação na perspectiva vertical, enquanto o seu público articula

em processo de horizontal por conseguir maior abrangência sobre o contexto vivido.

Na revista há um código hegemônico que subsidia um outro compatível com a

cultura dos leitores, o que permite a interatividade entre ambos.Para atender a um

segmento específico, as revistas pedagógicas lançam mão de um conjunto de

palavras ou de léxico, cujas significações se referem ao contexto educacional.

 

23

De acordo com Vilas Boas (1996, p. 71) as revistas podem ser divididas em

três grupos estilísticos: as ilustradas, as especializadas e as de informação-geral. As

especializadas, ou segmentadas, obedecem a uma periodização e certo padrão de

apresentação. Permitem que o leitor se identifique com as palavras e demais

ilustrações, imagens e textos que tratam de temas de interesse profissional.

As editoras conseguem atingir o público alvo, quando se estabelecem

objetivos periódicos numa única direção de interação: “É na revista, geralmente

mensal, que de fato se conhece cada leitor, sabe-se exatamente com quem está

falando” (SCALZO, 2004, p. 15).

As revistas segmentadas permitem a interatividade de uma forma de

identificação com o leitor, permitindo que haja uma perfeita sintonia entre os

assuntos publicados e os desejados pelos leitores.

As editoras que trabalham com esse tipo de publicação, procuram atingir o

público-alvo, marcando os assuntos de relevância e de interesse para um grupo

social específico. Certamente o público leitor, fiel à sua revista, responderá aos

temas através da aceitação e manutenção das práticas e idéias apontadas, o que

garante sua efetiva permanência e continuidade.

A revista Nova Escola aparece no cenário da Educação brasileira a partir de

1986, patrocinada pela Editora Abril e pelo governo federal, destaca-se por

conseguir hegemonia na área de revistas educacionais e de manter um permanente

diálogo com o leitor. De acordo com especialistas em revistas segmentadas, as

empresas buscam atingir rapidamente os “targets”, alvos corretos e ao falar

diretamente com o consumidor garantem a eficiência esperada na comunicação, e é

exatamente essa dinâmica que encontramos nas publicações da revista Nova

Escola.

Neste período, a revista Nova Escola, estabelece diálogo com o interlocutor –

o professor-leitor e a partir dele constrói os textos junto a um processo político de

educação, estabelecido pelo governo. Trata-se de um veículo de divulgação e

legitimação das propostas educacionais vivenciadas por professores e demais

envolvidos na educação brasileira. A partir do patrocínio da revista pelo governo de

Fernando Henrique Cardoso, a Nova Escola é distribuída gratuitamente através da

FNDE (Fundo de Desenvolvimento da Educação).

Assim, desenvolve um discurso para estabelecer cultura no país, aliada às

intenções do governo para consolidar as mudanças pretendidas. Os argumentos

 

24

construídos permitem condicionar o interlocutor a assumir determinadas posturas ou

a persuadi-lo a ter representações sobre o mundo e a sociedade.

A Nova Escola, enquanto mídia segmentada, busca acompanhar a evolução

das propostas educacionais. Na década de 90, durante o governo de Fernando

Henrique, notamos uma reorganização da revista no sentido de atender às

demandas das novas tecnologias da informação e comunicação, decorrente do

período de reforma educacional, momento também vivenciado pelo mundo

empresarial.

Houve uma preocupação da revista em publicar as novas propostas

educacionais da época, as cobranças da sociedade para o atendimento a um novo

paradigma de educação, integrada aos recursos tecnológicos.

A partir do ano de 1996, após a aprovação da Lei 9392/96, a revista assume

um novo perfil, atendendo ao seu público, busca incluir nas leituras dos professores

as medidas recentes de inovação educacional: ênfase nas novas tecnologias, TV

Escola, Parâmetros Curriculares e o Fundo de Valorização do Magistério. A proposta

anunciada para o ano 2000, busca a continuidade de informações e dos elementos

que devem nortear as discussões na educação para o próximo milênio: educação de

qualidade e formação do professor.

Ilustrando com Gatti Júnior e Pessanha (2005, p. 78), apresentamos as

definições sobre a cultura educacional, uma proposta consistente na revista Nova

Escola, ao atender a todas as reformas e medidas na Educação:

Um conjunto de teorias, princípios ou critérios, normas e práticas sedimentados ao largo do tempo no seio das instituições educativas. Trata-se de modos de pensar e atuar que proporcionam estratégias e pautas para organizar e levar a classe, e a interagir com os companheiros e com outros membros da comunidade educativa, e a integrar-se à vida cotidiana do centro docente. [...] Um conjunto de ‘normas’ que define conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de ‘práticas’ que permite a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos; normas e práticas coordenadas com finalidades que podem variar segundo as épocas (finalidades religiosas, sociopolíticas ou simplesmente de socialização). [...] O conjunto de significados, expectativas e comportamentos compartilhados por um determinado grupo social, o qual facilita e ordena, limita e potencia os intercâmbios sociais, as produções e realizações individuais e coletivas dentro de um marco espacial e temporal determinado.

A estrutura da revista Nova Escola, enquanto mídia segmentada segue uma

normatização de critérios para a sua publicação. Há um conjunto de elementos que

 

25

integram na organização da revista para atender ao público do professor-leitor. Tais

elementos e idéias fazem parte da cultura educacional e se estabelecem num

determinado tempo. A cada momento, a revista se reconstitui para atender ao perfil

de seu público, oferecendo-lhe atualidade em seus textos.

O discurso jornalístico utilizado pela mídia impressa segmentada funciona

como ferramenta eficiente no sentido de manter aberto o canal de popularidade com

o público segmentado, atingindo com profissionalismo a atenção e a continuidade de

consultas mensais.

 

26

3 GÊNEROS E DISCURSOS JORNALÍSTICOS NA NOVA ESCOLA

3.1 Os Gêneros no Jornalismo

A produção em gêneros no jornalismo surge no Brasil através das análises do

professor Luiz Beltrão, que tem sido referência bibliográfica em pesquisas e estudos

sobre a mídia impressa. Destaca-se por defender a atividade jornalística enquanto

campo social e científico, apresentando os trabalhos “Jornalismo Opinativo,

Jornalismo Interpretativo: ideologia e técnica” e “Iniciação à Filosofia do Jornalismo”,

todos fundamentam-se na natureza contextual e cultural dos fatos.

Os trabalhos pesquisados sobre a categoria de gêneros jornalísticos apontam

para constatação de que os textos jornalísticos trazem opiniões comuns quanto ao

fenômeno de sua textualização. Junto com Luiz Beltrão, encontram-se Martinez

Alberto (1991) e José Marques de Melo (1985) que consideram determinantes

alguns critérios para a classificação: intencionalidade do texto; estrutura; modos de

escrita; natureza do tema e interferências culturais.

Os autores buscam basear-se na relação do texto com a realidade, e

consideram fundamental o contrato do jornalista com a especificidade da

comunidade que representa e o discurso enquanto prática social. Além disso, a

intencionalidade do autor em responder a um contexto econômico e político, passa a

determinar também a produção.

Há muitos elementos que aproximam os gêneros e ao mesmo tempo os

distanciam, o que equivale a dizer da transitoriedade de classificações estanques,

em razão da textura discursiva dos textos e da intertextualidade possível.

Com isso posto a classificação dos gêneros apontada nesta dissertação não

desconsidera observações dos estudiosos do jornalismo que, tendenciosos a

análises do discurso, apóiam-se para a classificação, por exemplo, nos esquemas

narrativos e argumentativos do texto, ou na questão da objetividade/subjetividade,

intencionalidade/não intencionalidade, ou passam para a finalidade do texto.

Para esse estudo, foi observado o critério “funcional”. De acordo com

Marques de Melo (1994, p. 59), Beltrão sugere uma separação dos gêneros

 

27

segundo as funções que desempenham junto ao público. Sugerimos aceitar a

classificação dos dois autores, com a ressalva definida por Beltrão, de admitir a

reportagem como gênero Interpretativo.

Como já comentado, importa considerar a relação do texto com o leitor, do

texto e leitor à mídia, a técnica jornalística e o desempenho junto ao público.

Destacamos a fala de Marques de Melo (1994, p. 59) sobre a classificação de

Beltrão: “Nesse sentido, categoriza de acordo com as tendências que marcaram o

movimento peculiar da atividade jornalística, acompanhando as mutações

tecnológicas e socioculturais que marcam a sociedade”.

Nas revistas, a questão dos gêneros jornalísticos obedece ao mesmo suporte

que relatamos. A presença da editora e a preocupação em manter os leitores

informados e assíduos tornam o exemplar um veículo de consumo parecido com as

publicações jornalísticas. Cuidados com o título, subtítulo interferem cada vez mais

na elaboração dos textos, tendo em vista um público que pouco tempo dispõe para

leituras demoradas, assim muitos textos passam o tema central da informação via

títulos e subtítulos.

Pensando na revista, enquanto mídia segmentada, observa-se complexidade

de parceiros: de um lado os jornalistas representantes da instância de produção; e

de outro os receptores – os leitores que precisam ser atendidos e informados.Por

isso, as informações são produtos de inúmeras interferências: o leitor, receptor

especial da edição e alvo ou ponto de chegada da produção jornalística, sem a qual

a instituição não sobrevive, e o contexto de produção, definido pela editora e

interesses corporativos.

Os elementos como tempo e espaço também se enquadram no contrato de

produção e são determinantes na evolução das publicações, como das revistas

segmentadas que procuram atender ao público em tempo real. Como afirma

Traquina (1999, p. 174) a atualidade “constitui o coração da atividade

jornalística[...]”. Os fatos expressam ao presente, à própria atualidade. Por isso,

entendemos que os textos de gêneros jornalísticos acompanham o percurso

temporal em que se desenvolvem as informações. Referem-se ao momento

contemporâneo, ao contexto e tempo histórico em que em estão envolvidos o

jornalista e o leitor.

A credibilidade conseguida a partir das informações e da linguagem utilizada

garante a permanência da revista junto ao leitor. Nas publicações de revistas, há

 

28

textos que se institucionalizam por serem repetitivos junto às edições. Tais textos

acabam por apresentar uma configuração permanente e nos permite dizer que são

exemplos de produções estáveis e correspondentes um gêneros jornalístico.

Os textos aqui pensados como exemplo do Gênero Informativo possuem um

caráter coletivo, pois possibilita um contato com o social, com opiniões exteriores ao

leitor, mas que servem de suporte para a compreensão dos fatos ou de idéias de

seu interesse. São as entrevistas, textos sugestivos que carregam inúmeras

informações e congregam dados fundamentais para a construção do saber científico,

pois, na maioria das vezes, apresentam personagens ou representantes de um

conhecimento científico. Na revistas pedagógicas, as entrevistas funcionam como

um meio eficaz de propagação das concepções científicas em Educação.

Os representativos do gênero Interpretativo, as reportagens de capa,

possuem uma grande carga de intencionalidade, permitindo ao leitor antever as

possíveis ocorrências que serão desenvolvidas e defendidas ao longo da edição da

revista. Consideram-se Interpretativos os textos que, sem mencionar abertamente

tudo, oferecem caminhos para desvendar os detalhes e destaques da atualidade. As

reportagens de capa das revistas segmentadas, fazem um resgate minucioso dos

assuntos da pauta através das chamadas de capa que se organizam através dos

títulos, subtítulos – elementos pré-textuais que resumem os temas em destaque da

edição.

O gênero Opinativo permite recursos ainda maiores sobre os temas, pois

explicitamente atribuem valores aos fatos, e compreendem o direcionamento

ideológico e reflexivo sobre os assuntos.Os editoriais das revistas demonstram essa

constituição, a de emitir uma dimensão particular do dados em destaque.

3.2 Contatos com o Leitor

De acordo com Mouillaud e Porto (1997, p. 38) a informação “é o que é

possível e que é legítimo mostrar, mas também o que devemos saber, o que está

marcado para ser percebido”. Em se tratando de uma publicação como a revista, os

textos jornalísticos que a compõem também se organizam num discurso incisivo de

informações acopladas a temas de interesses comuns e do poder estabelecido pelas

 

29

relações políticas interessadas. Assim, no interior da revista, ocorre a simbiose entre

leitor e jornalista – o redator, de forma que haja uma mediação e identidades de

significados.

A questão que se coloca é esta: perceber que há um discurso permanente

entre o professor-leitor e a Nova Escola, pois o discurso apresentado mostra campo

de palavras que combinam perfeitamente com o gosto e expectativa do grupo e

procura atender a esse público de forma a conectar parcerias, estabelecer trocas de

sentidos e estreitar relacionamentos:

Sempre que escrevo esta "carta", penso como é gostoso trabalhar em

NOVA ESCOLA. Revejo as reportagens que estão prontas e me ponho a lembrar as aventuras pelas quais passamos para produzir a edição. E nunca faltam boas histórias envolvendo os jornalistas e designers que fazem a maior e melhor publicação sobre educação do país. Pois é de todos esses companheiros maravilhosos (bons amigos e excelentes colegas) que eu vou falar agora.

Quando começávamos a preparar esta revista que você tem em mãos, foi anunciada a abertura de inscrições para a segunda turma do projeto Plantando Cidadania, que leva funcionários do Grupo Abril a desenvolver um trabalho voluntário sobre Educação Ambiental em escolas públicas municipais de São Paulo, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica. Três pessoas da nossa equipe – o redator-chefe, Ferdinando Casagrande; o diagramador Vilmar Oliveira e o responsável pelo atendimento ao leitor, Jardel Teixeira – já estavam envolvidas no programa, com muito entusiasmo. (GROSSI, 2002e).

A revista,com data de lançamento em 1986, intenciona contribuir para a

melhoria da qualidade do Ensino Fundamental, prioritariamente das escolas públicas

com menos recursos. As publicações agora online garantem uma repercussão

extensa e ilimitada quanto ao número de leitores-professores que interagem com a

revista. Coloca-se mensalmente à disposição do público leitor uma série de

informações e práticas pedagógicas das mais recentes e recomendadas pelo grupo,

e cujas receitas sendo aproveitadas reservam a certeza da qualidade de ensino, tão

almejada pelos governos federal e estadual.

A divulgação da revista insere-se em propagandas por emails, semanalmente,

convidando professores para a aquisição que se destaca por um valor bastante

acessível, subsidiado pelo governo, e promete oferecer material de qualidade. Os

atuais recursos tecnológicos estão bem presentes no cotidiano dos professores e

são utilizados para estabelecer os contatos:

 

30

 

31

Observações: • Oferta válida até 21/11/2008 e para pagamento com cartão de crédito ou por débito em conta. • Você receberá o primeiro exemplar em até 3 semanas. • Se preferir, faça seu pedido por telefone. Ligue para 0800-7754770 e, na Grande São Paulo, 3347-2121. • Ao ligar, informe o código de oferta JZ6E. • O brinde será enviado 35 dias após o pagamento da 1ª parcela. • Reservamo-nos o direito de corrigir eventuais erros de divulgação neste e-mail marketing.

Fonte: Editora Abril, 2008

Figura 1 - Divulgação da revista: contatos com o leitor-emails

 

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O presente objeto de pesquisa – a revista Nova Escola – diz ser um veículo

de fácil acesso e de altíssima aprovação, oferecendo ao professor oportunidades de

leitura e de recursos metodológicos para o ensino fundamental e médio.

Inicialmente, sem o recurso comum dos emails, as chamadas semanais para

que o professor se tornasse assinante e leitor freqüente, eram realizados contatos

através de distribuição gratuita nas escolas, aproximando o leitor do objeto que,

gratuitamente, fazia parte das bibliotecas e mesas dos professores das escolas

estaduais em todo o Brasil, com a possibilidade de levar para casa.

Um argumento como este fortalecia o trabalho do professor e seu

reconhecimento perante o grupo, já que também em casa, preocupava-se com as

atividades que ministrava para seus alunos. Entre esse e outros argumentos, o

periódico e o professor ganhavam espaço na escola.

Desde o início, em 1998, por exemplo, nas páginas da seção Sala dos

Professores, visualizamos depoimentos interessantes em que a voz do leitor se

apresenta atendida de forma justa, indicando que o periódico é inteiramente

transparente no que se refere à opinião de todos, deixando que a confiabilidade seja

reconhecida:

Disciplina A revista de junho trouxe ótimas matérias. Mas a que me levou a uma leitura mais profunda foi “Essa menina é uma fera...”. Deparo-me diariamente com alunos indisciplinados, sem saber como lidar com o problema. Vocês me mostraram caminhos e soluções para construir uma classe mais harmoniosa. Marelene Maria Tabosa, Caruaru, PE. (TABOSA, 1998).

Embora goste muito da Nova Escola e tenha achado úteis os conselhos para tratar com alunos sem disciplina, acho que vocês não deviam ter exposto tanto a criança que aparece na reportagem “Essa menina é uma fera...”. E muito menos tê-la comparado a um animal selvagem, como sugere o título da matéria. Maria Augusta Mello. (MELLO, 1998).

Nas edições que se seguiram, a atenção ao leitor é sempre repensada e,

retomando a questão do editorial, há uma notável progressão que estabelece uma

aproximação cada vez maior junto ao leitor, ampliando sua importância na escolha

do vocabulário; vejamos: Carta ao Leitor, Caro Professor, Caro Educador. Note-se

que no substantivo leitor a generalidade do termo não acontece quando ficamos

diante de professor e educador. Se no primeiro supõe-se um leitor qualquer, no

 

33

segundo isso não ocorre, pois a chamada atinge exatamente seu alvo: o sujeito da

sala de aula, e o terceiro o define enquanto ser maior porque o coloca junto a uma

missão que extrapola o ensinar: educar.

E ainda, refletindo sobre esse processo, dizemos que há, progressividade, no

tratamento com o leitor, uma progressiva valoração do destinatário, porque a

significação da palavra educador confere relevância junto a um contexto

educacional, como também se adéqua ao atual projeto político-pedagógico em

andamento nas escolas brasileiras.

O que se observa são cuidados repetitivos em agradar o leitor, permitindo

contratos entre leitor-revista-educação, de forma que se estabeleçam as políticas

educacionais vigentes e se concretizem nos discursos do periódico e na prática do

professor.

Hoje, além das chamadas para que o professor se torne assinante, o

periódico coloca-se disposto a estabelecer contatos diretos com os professores de

uma forma carinhosa e atenta, aproximando os vínculos e estabelecendo uma

convivência fraterna. Aproveita para indicar palestras disponíveis on-line:

Quadro 2 - Formas de contato com o leitor – e-mails

De: Nova Escola Abril [email protected] Para: [email protected] Data 14 de outubro de 2008 16:40 Assunto: Nova Escola - Atendimento ao Leitor Dora, Agradecemos seu contato com a revista NOVA ESCOLA. Sua manifestação é um importante e valioso estímulo para os jornalistas e designers que fazem a revista. São leitores como você, interessados em melhorar a educação do nosso país, que nos fazem estar sempre em busca do novo. Obrigada por sua mensagem. Por favor, mantenha contato. Sugestões, opiniões e dúvidas são bem-vindas. Um abraço, Marina C. Simeoni Atendimento ao Leitor Revista NOVA ESCOLA Tel.: 0800-703-2055 E-mail: [email protected]

Assista a um bate-papo com Telma Weisz, maior especialista em Alfabetização do país. víde://revistaescola.abril.com.br/vídeo�ídia/pag_video/víd_video_275827.shtml

 

34

AVISO LEGAL: Esta mensagem e arquivo(s) podem conter informações confidenciais e/ou legalmente protegidas. Caso tenha recebido por engano, favor devolvê-la ao remetente e eliminá-la do seu sistema, não divulgando ou utilizando a totalidade ou parte desta mensagem ou dos documentos a ela anexados. LEGAL NOTICE: This message and attached document(s) may contain information of confidential nature and/orlegally protected. If you have received this message by mistake, please reply to the sender, eliminate it from your system and do not disclose or use this message or the attached documents, in whole or in part.

Fonte: A Autora

Com o intuito de conhecer o perfil do leitor, cria entrevistas para dinamizar a

interação de uma forma ainda mais próxima, pois a partir do compartilhamento de

afinidades se promovam os princípios da comunicação-ação.

Quadro 3 - Formas de contatos com o leitor – convite para entrevista – online

De: Nova Escola Abril [email protected] Para: [email protected] Data 02 de outubro de 2008 16:40 Assunto: Nova Escola - Atendimento ao Leitor

Dora,

Para a equipe de NOVA ESCOLA é muito importante conhecer a opinião dos educadores sobre o conteúdo apresentado na revista e sobre a realidade da Educação em geral. Por isso, a revista está organizando um grupo de leitores e gostaria de convidá-lo a participar dele. Percebo que seu relacionamento com NOVA ESCOLA é bastante próximo, seja por meio de telefonemas, cartas, e-mails ou comentários publicados em nosso site, e desenvolver um contato cada vez mais estreito com você nos ajudará a fazer uma publicação melhor. Caso aceite este convite, você irá receber uma enquete mensal durante um ano (inclusive nos meses de férias escolares) com, no máximo, cinco perguntas. Seu compromisso será respondê-la e reenviá-la para mim em 15 dias. As enquetes serão remetidas sempre na última semana de cada mês (exceto em dezembro, por causa das festas). Dessa forma, você terá tempo para ler a edição que chega às bancas nas primeiras semanas do mês. Suas respostas não serão publicadas na revista: servirão unicamente para diagnósticos da redação - por isso mesmo é importantíssimo que, ao responder às questões, você indique os pontos que não lhe agradaram ou que foram abordados de modo superficial, por exemplo. Por favor, entre em contato até 6 de outubro informando se aceita participar. A primeira enquete será realizada já em outubro. Estou à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas.

Marina Simeoni Atendimento ao Leitor Revista NOVA ESCOLA Tel.: 0800-703-2055 E-mail: [email protected]

 

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Assista a um bate-papo com Telma Weisz, maior especialista em Alfabetização do país. http://revistaescola.abril.com.br/multimidia/pag_video/gal_video_275827.shtml Respeite o Meio Ambiente. Imprima somente o necessário. Planeta Sustentável - O futuro a gente faz AGORA. www.planetasustentavel.com.br

Fonte: A Autora

No mesmo quadro, além da interação, observa-se que há convites para

assistir apresentações sobre temas em pauta no momento, como a de Telma Weiz

sobre Alfabetização.

Mesmo não tendo acesso a internet, grande parte dos professores recebem

convites de participação como assinantes nas escolas, e como os exemplares

chegam gratuitamente, o acesso às informações divulgadas pela revista de práticas

“que deram certo” permite contato direto com o grupo de professores.

É consenso de que as idéias de educação e de práticas pedagógicas

divulgadas atendam às expectativas da classe dos professores e vem de encontro

aos seus anseios, às suas verdades e aos planos e projetos de vida que almejam.

Ter o nome na revista em artigos ou em outras esferas de participação confirma para

o professor a qualidade de representante competente de seu grupo, pois, junto a ele,

no mesmo espaço, aparecem escritores e grandes pensadores da Educação.

As propostas curriculares embutidas junto às práticas sugeridas e os

discursos estabelecidos na revista reforçam o atendimento, em tempo recorde as

Leis Decretos, Deliberações, Indicações que se fazem presentes em nível federal e

estadual. Trata-se de um periódico a serviço da disseminação e implantação da

legislação vigente, tornando o professor conhecedor de seu papel e das

expectativas que lhe são conferidas neste contexto educacional.

O discurso mostra-se permeado pelas propostas curriculares do ano em vigor,

e definem o trajeto a ser percorrido em cada componente curricular, direciona o

trabalho em sala de aula e destaca as competências e habilidades a serem

desenvolvidas em atividades com nos alunos Neste sentido, utiliza-se do discurso

jornalístico para a difusão do currículo apresentado pelas políticas públicas. Assim, ao verificar os textos jornalísticos da revista, podem-se detectar as

mudanças curriculares e de postura cobradas, trazendo à tona formas de trabalho

aprovadas e concepções ideológicas de sustentação.

 

36

Nota-se, portanto, que o periódico estabelece parcerias entre os saberes

ideológicos presentes no discurso das publicações e as políticas públicas. A atenção

focada especialmente nas seções da revista: Reportagem de Capa e Entrevistas;

Carta ao Leitor, Caro Professor e Caro Educador, respectivamente, discurso

interpretativo, informativo e dos últimos opinativo, sugerem uma amostra dos

reflexos da política educacional vigente direcionada a concretizar opiniões nos

leitores que fazem parte de um contexto específico.

O contrato temático entre as publicações e o leitor fica claro no

desenvolvimento dos assuntos, assim como a presença das mudanças sugeridas

pelos órgãos governamentais, que se mostram nas páginas da revista através dos

depoimentos dos professores e teorias pedagógicas.

Os textos expressos no periódico, impresso ou online, são veículos de

expressivas marcas na produção de significados para a prática do professor. A

revista passa a fazer parte da história da educação, uma vez que segue

criteriosamente os momentos e acontecimentos relevantes do contexto educacional.

Observa-se que as mudanças ocorridas na prática do professor são as

estabelecidas pelas políticas educacionais desenhadas e refletidas no periódico para

atingir os novos resultados. Tais resultados são pensados através dos contatos

realizados com o leitor, na freqüência das leituras e nas sugestões de projetos

indicados para serem desenvolvidos nas escolas.

O contato inicial com o professor aparece nas intenções iniciais da revista,

declarado pela a Fundação Abril, responsável pela revista:

Revista Nova Escola Lançada em março de 1986, é a maior revista de

educação do Brasil e a principal iniciativa da Fundação Victor Civita: seu objetivo é contribuir para a melhoria do ensino fundamental, divulgando informações que contribuam diretamente para a formação e o aperfeiçoamento profissional dos professores.

Com a revista Nova Escola, os professores têm acesso às novidades da área e às experiências dos maiores especialistas em educação do Brasil e do exterior. Encontram idéias para aulas, entram em contato com novas teorias e sistemas didáticos, aprendem a confeccionar material pedagógico de maneira simples e de baixo custo além de ter um espaço para mostrar trabalho, talento e competência. (PUBLIABRIL, 2008).

Há vários exemplos da fidelidade da revistas junto aos temas educacionais

em andamento, efetivando-se enquanto responsável por propagá-los aos seus

leitores:

 

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[...] O silêncio e a fragmentação das tarefas saem de cena para dar espaço à comunicação e à interatividade, onde o savoir-faire e o ambiente subjetivo do indivíduo entram em cena. Aspectos antes desconsiderados, tais como os componentes cognitivos e os componentes sócio-afetivos passam a ser valorizados na formação e no exercício do trabalhador. Novos conhecimentos e habilidades são exigidos, visto que a otimização das atividades utiliza novas formas de organização do processo produtivo e novas tecnologias. (SIMIONATO, 2003).

Junto às iniciativas governamentais, a revista sugere, paralelamente, a

confirmação de uma série de iniciativas no sentido de promover um ensino

atualizado e de qualidade:

Quando você observa seus alunos e avalia quanto cada um já sabe antes de introduzir um novo conceito em sala de aula está colocando em prática, mesmo sem se dar conta, as idéias de vários pesquisadores. Muitas atitudes que parecem apenas bom senso foram, ao longo dos anos, objeto de estudo de gente como Emilia Ferreiro, Célestin Freinet, Paulo Freire, Howard Gardner, Jean Piaget e Lev Vygotsky. Apesar de seus trabalhos não coincidirem em muitos aspectos, em outros tantos eles se complementam. “Todos partem do princípio de que é preciso compreender a ação do sujeito no processo de aquisição do conhecimento”, sintetiza a pedagoga Maria Tereza Perez Soares, uma das coordenadoras gerais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 1ª a 8ª série. (PELLEGRINE, 2001a).

Assim, as propostas contam com o apoio de autores que são citados pelo

periódico e sempre relembrados, cujas teorias se reproduzem um discurso pautado

por termos e princípios pedagógicos coerentes com a política educacional que

representam.

O professor-leitor, assim definido nesta dissertação, é abordado de uma

forma direta, através do discurso de qualquer um dos gêneros utilizados, tanto

informativo, interpretativo, quanto opinativo.Fica claro o objetivo da revista em

relação ao professor-leitor:

A Fundação Victor Civita coloca-se enquanto uma entidade sem fins

lucrativos, “voltada ao aperfeiçoamento do professor brasileiro”. (grifo nosso). A sua criação pelo grupo Abril, em 1985, vincula-se a uma intenção de colaborar com a melhoria da qualidade da Educação Básica – Educação infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio através do aprimoramento da prática docente e de sua condição humana. Coloca a missão de contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica no Brasil e para a formação de novas gerações de leitores, por meio da qualificação do educador da escola pública, com vistas a desenvolver com mais competência suas atividades em sala de aula. (PUBLIABRIL, 2008).

 

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O periódico disponibiliza material como planos de aula, material de pesquisa

científica, banco de arquivos que abrange todas as disciplinas, de forma que permite

aos professores um instrumento atualizado de consultas:

Com a revista Nova Escola, os professores têm acesso às novidades da área e às experiências dos maiores especialistas em educação do Brasil e do exterior. Encontram idéias para aulas, entram em contato com novas teorias e sistemas didáticos, aprendem a confeccionar material pedagógico de maneira simples e de baixo custo além de ter um espaço para mostrar trabalho, talento e competência. (FUNDAÇÃO..., 2008).

Os contatos assim definidos com o público, cria vínculos e constrói

credibilidade junto ao professor- leitor, transformando a revista numa espécie de

objeto de consulta, conferindo-lhe poderes e autoridade. O professor-leitor mostra-se

recíproco, oferecendo ao periódico, depoimentos de “propostas que deram certo”, ou

de ações que promoveram a melhoria da qualidade de ensino.

3.3 Discursos Jornalísticos na Nova Escola

Segundo Bronckart (1999, p. 103), “a apropriação dos gêneros é um

mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades

comunicativas humanas”. Para que haja uma efetiva interação entre os

interlocutores de diferentes tipos de textos torna-se imprescindível que se considere

também diferentes situações de interlocução.

FREITAS (2002) aponta uma classificação para os gêneros do campo

jornalístico: retórico opinativa, retórico-informativa e retórico-interpretativa;

equivalendo a seguinte correspondência: opinativa – visa a emissão de juízo de

valor por parte do leitor, a retórico-informativa – visa tomada do receptor enquanto

objetivo central da informação, e a última, a retórico-interpretativa enquanto agente

da informação da realidade.

Por este caminho, entendemos a relevância dos gêneros de caráter midiático

para a obtenção da imagem possível da realidade e de interação com o público leitor

como agente participante de sua construção. O primeiro grupo, centrado no retórico

opinativo diz respeito ao que Marques de Melo (2003a) nomeia como apenas

 

39

opinativos que são: editorial, comentário, artigo, resenha, crítica, coluna, crônica,

caricatura e carta.

Seguindo, o retórico-informativo e o retórico interpretativo, podem ser

correspondentes aos gêneros apontados pelo autor acima, enquanto gêneros

informativos que enfatizam a perspectiva do leitor-receptor para torná-lo atualizado.

Pode-se sugerir a seguinte correspondência que, segundo Marques de Melo (2006),

correspondem aos informativos: nota, notícia, entrevista, reportagem, serviço e

enquete. Porém, consideramos que a reportagem apresenta um perfil diferenciado,

como já destacou Beltrão (apud MARQUES DE MELO, 1994, p. 59), traços de um

gênero interpretativo- reportagem em profundidade, destacamos que há mais que

um informação dos fatos, há uma certa avaliação e chamada de atenção para o que

acontece.

Convém recordar que um traço fundamental da interpretação jornalística, para

configurar a existência de uma categoria autônoma da imprensa diária, é o exercício

da “informação em profundidade”, conforme a lição de Copple, Neale. Un nuevo

concepto de periodismo - reportajes interpretativas. México, Editorial Pax - Mexico,

1968) (MARQUES DE MELO, 2006).

Na revista Nova Escola, encontramos amostras dos Gêneros: Informativo,

Interpretativo e Opinativo. Trata-se de um trabalho jornalístico completo, pois nele

encontramos várias amostras com qualidade discursiva e de impressão

inquestionáveis. Focaremos as reportagens de capa, que participam em destaque

da capa. Tais reportagens ilustradas pela capa da revista possuem grande carga de

sugestão e funcionam como suporte ideológico na publicação. Delas migram outros

subtemas que compõe o contexto geral do exemplar. Diante dessa especificidade,

consideramos a reportagem de capa enquanto gênero interpretativo, conferindo ao

texto opiniões antecipado sobre os fatos.

Segundo Brandão (2000, p. 180) “uma abordagem que privilegie a interação

deve conhecer tipos diferentes de textos, com diferentes formas de textualização,

visando a diferentes situações de interlocução”. Havendo assim, certa

correspondência entre as situações apresentadas no impresso e o cotidiano, a

interação entre leitor e texto torna-se bem presente e se constitui em um mecanismo

de persuasão direcionada ao leitor assíduo, pois: “O leitor é responsável pela

passagem da virtualidade à existência do próprio jornal, que, como matriz, dá ao

 

40

leitor o seu formato, mas só é real a partir da completude do ato da comunicação, ou

seja, da recepção pelo seu destinatário” (CAMOCARDI; FLORY, 2003, p. 124).

Ainda sobre a especificidade do leitor do texto jornalístico, as autoras

destacam citação de Mouillaud (1997 apud CAMOCARDI; FLORY, 2003, p. 174):

Não se trata aqui, do leitor do eleitorado, de um assunto dotado de determinantes sociais, culturais, psicológicos, etc., mas daquele que chamamos de “o leitor visado” (E. Wolff), leitor implícito (W. Iser), leitor “virtual”, leitor modelo (U. Eco), leitor “ideal” ou de arquileitor (M. Riffaterre) na teoria da crítica literária, de “destinatário” no campo da comunicação: uma figura inscrita em filigrama no corpo do jornal.

Cada gênero traz consigo um discurso especial, embora participante de

mesmo contexto, difere do outro pela sua forma peculiar de abordagem dos fatos,

pelas estratégias lingüísticas, cujos enunciados se articulam e emitem uma

textualidade que lhe é própria, acrescentando ainda os pigmentos do receptor, que o

colore e o torna vivo perante a realidade. Camocardi e Flory (2003, p. 125)

completam:

No entanto, em todo e qualquer texto jornalístico ou não, há sempre um produtor e um receptor, em que um emissor se utiliza de procedimentos argumentativos, recursos de lógica e conhecimentos lingüísticos, para conseguir levar seu leitor a crer no que transmite o texto ou a vir a realizar ou fazer o que é por ele proposto.

Todo esse processo de conquista do leitor, de tentativa de convencimento e

pactualidade, podemos encontrar no discurso da Nova Escola, que a cada página

se veste de procedimentos argumentativos, capazes de induzir ou conduzir o

professor-leitor às sugestões que acredita.

A visível reciprocidade do discurso político educacional vigente e o publicado

na revista é foco de atenções e de avaliações, pois nota-se um processo de

afunilamento de parcerias existentes entre mídia e educação na trajetória dos dois

discursos: revista Nova Escola e Educação. Mesmo em se tratando de um periódico

de publicação empresarial não estatal, pode-se estabelecer que a escolha dos

gêneros e temas sugere preocupação em compor um conjunto argumentativo que

concretiza o fazer do professor, de acordo com a legalidade e conteúdos

programáticos indicados pelas políticas públicas.

 

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A Reportagem de Capa e a Carta ao Leitor, Editorial da revista, apresentam

discursos diferentes, cada um inserido num gênero específico, porém pontuais em

apresentar ao público eficientes mecanismos de persuasão da mídia, o primeiro

através da informação e do background dos acontecimentos, com o objetivo de

divulgar, estabelecer trocas e atualizações e ao mesmo tempo emitir interpretação

das medidas educacionais sugeridas; o outro de traduzir ideologias educacionais

relevantes para a implantação de políticas públicas emergentes, chamando o leitor

para a participação.

O Editorial, de discurso opinativo, atém-se a persuadir mesmo o leitor de uma

forma tão amável e respeitosa que ambos, leitor e redator, passam a sentir-se parte

de um mesmo contexto e de obrigações recíprocas, próximas, familiares, pois, tanto

um quanto o outro, podem compreender as entrelinhas do sugerido e do que deve

ser seguido... Há uma sutil confabularização entre os arranjos argumentativos, uma

marcante sintonia entre público-receptor e discurso.

Tomamos anteriormente a questão da retórica para classificação do discurso

jornalístico porque, como sabemos, há uma tradicional ênfase persuasiva nos

discursos que tentam convencer o leitor da relevância dos temas e propostas junto

ao público específico.

Da retórica podemos também partir para a persuasão, onde “o orador deve

preencher as condições mínimas de credibilidade, mostrar-se sensato, sincero e

simpático” (REBOUL, 1998, p. 48). Assim, o caráter persuasivo da retórica combina

com os argumentos afetivos, fortalecendo a confiança do leitor em relação ao discurso

apresentado: “Em resumo, a retórica é uma ‘aplicação’ da dialética, no sentido de que

a utiliza como instrumento intelectual de persuasão. Mas instrumento que não a

dispensa de modo algum dos instrumentos afetivos” (REBOUL, 1998, p. 37).

Assim, o discurso jornalístico é um instrumento utilizado como espaço para

opinião e informação na revista, promovendo a ação comunicativa e obedecendo à

linha editorial. Segundo Marques de Melo (2008):

O jornalismo como qualquer ação comunicativa, está emprenhado de um ponto de vista... vamos dizer, de uma opinião nesse sentido genérico. Quando estou falando de opinião e informação, opinião é um juízo de valor, que tem que ser necessariamente criterioso. Todas as notícias são editorializadas. Pode ter a noticia ali, com o que, quem quando onde e porquê, mas o título já te diz que está sendo direcionada. Porque, na verdade, ela obedece à linha editorial do jornal, da televisão, do rádio. Então, acho que o falso paradigma é esse.

 

42

Qualquer gênero jornalístico, portanto, possui caráter argumentativo que faz

parte de qualquer gênero, já que todos os gêneros jornalísticos resultam de uma

linha editorial e de um ponto de vista, além de atender a um público específico, o

que lhe confere ainda mais seu caráter persuasivo. Quando procura o atendimento a

um público configura-se para oferecer a estrutura e seleção desejada, dando-lhe a

feição que lhe e inspira confiança e aceitação como verdade. Ao considerarmos a publicação de uma revista, encontramos sempre

presentes duas autoridades, como toda atividade jornalística:

[...] a de definir quais os acontecimentos mais importantes e hierarquizar a informação; e a de opinar, conferindo juízo de valor, compreendido, em geral, como uma ação individual e ou de um núcleo da indústria jornalística (empresa, jornalista, colaborador e leitor). (SEIXAS, 2006).

[...] O jornal tem o dever de exercitar a opinião: ela é que valoriza e engrandece a atividade profissional, pois, quando expressa com honestidade e dignidade, com a reta intenção de orientar o leitor, sem tergiversar ou violentar a sacralidade das ocorrências, se torna fator importante na opção da comunidade pelo mais seguro caminho à obtenção do bem-estar e da harmonia do corpo social. (BELTRÃO, 1980, p. 14).

De fato, é possível constatar o caráter político e social em todas as

publicações de forma que, além da dimensão particular de cada articulista junto à

sua editora, há também a expressão crítica da sociedade em que se insere,

cumprindo a função social da atividade jornalística.

Mesmo em se tratando de uma revista, temos as reportagens de cunho

interpretativo, que se mostram bem próximas às características de expressão e

interpretação da realidade, cujo discurso revela uma posição ideológica, uma

postura de confirmação ou de ojeriza diante dos fatos, inserido num contexto

histórico e social:

Nesse sentido, Bakhtin (1992) afirma que os gêneros discursivos podem ser entendidos como uma forma característica de enunciação em que a palavra acaba por assumir uma profunda relação entre o significado das palavras e a realidade, o momento em que são empregadas, ou seja, o momento sócio-histórico de sua produção. (MODRO, 2008, p. 71).

Assim, podemos dizer que a construção do gênero discursivo pressupõe

expressar um conteúdo temático que atenda a uma necessidade de comunicação,

“nas quais há uma profunda relação entre significado das palavras e a realidade, o

 

43

momento em que são empregadas, ou seja, o momento sócio-histórico de sua

produção” (MODRO, 2008, p. 71). A partir desse instrumento apropria-se de poder

para intervir ou confirmar uma realidade, de forma que os envolvidos se sintam

inteiramente atores e co responsáveis pela cena.

Ao tomar os gêneros de discurso presentes na Nova Escola, seja a

reportagem – Reportagem de Capa, sejam os editoriais representados pelas Cartas

ao Leitor, percebe-se que em ambos os discursos aflora familiaridade e identificação

entre leitor e texto, chegando a lhe uma chamada profissional, pois a aproximação

permite que o discurso seja direto, sem rodeios:

E aqui entra a terceira e última razão. A do “para o que eu ganho, já faço muito”. Para esse motivo não há conforto, apenas uma questão: enquanto a briga salarial continua, que tal tentar melhorar seu trabalho para ele ser mais prazeroso e menos frustrante. Afinal, por que nos encantamos hoje com experiências inovadoras, que não fazem mais nada do que dar conseqüências concretas às propostas formuladas há cerca de um século. Por que vemos nelas a possibilidade de mudar para melhorar nossa prática, e assim sermos mais felizes, mesmo quando o salário ainda não é merecido! (MELLO, 2005b).

Note algumas palavras-chave do discurso que são marcas de reciprocidade

entre locutor e receptor: trabalho prazeroso, menos frustrante, briga salarial,

experiências inovadoras, melhorar nossa prática. Atentando para a coerência

discursiva, é interessante observar certa ambigüidade que parte da reflexão sobre

experiências e propostas já formuladas. Em relação ao interpretativo, há também

inúmeros momentos claros dessa interação produtor-leitor e de reciprocidade. Pode-

se imaginar a cena do leitor em permanente diálogo com o texto:

Ao terminar de ler esta reportagem, você nunca mais verá o governo como a única fonte de recursos para manter o ensino – embora continue sendo a principal, provavelmente por muito tempo ainda. As empresas, esperamos, também deixarão de ser vistas apenas como um lugar para batalhar um computador para os alunos ou um saco de cimento para consertar os buracos da quadra. Afinal, vem do setor privado um conceito que está enriquecendo o ensino brasileiro – o das parcerias. Grandes ou pequenas, nacionais ou multinacionais, as empresas estão atuando mais diretamente junto às escolas, das mais diversas maneiras. Podem, sim, pagar a pintura ou o conserto do muro, quando a verba do Estado não for suficiente. Podem também doar computadores [...]. (FIORAVANTE; BENCINI, 1998, grifo nosso).

Interessante observar a informalidade no pronome de tratamento utilizado

“você” e a carga semântica de outras palavras como: você nunca mais verá o

 

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governo como a única fonte de recursos para manter o ensino. A intencionalidade

discursiva é clara: o governo não é a única opção para gerar recursos, há outras

opções a quem o gestor das escolas “devem ou podem” recorrer. Num momento de

implantação do discurso da LDB, causa estranheza comentar falta de recursos nas

escolas estaduais. Porém, adequado às novas propostas que se colocam ao

educador para que, tomando consciência de sua situação e do contexto em que se

insere, possa inovar buscar alternativas e a melhoria de qualidade de ensino.

Nos próximos anos de publicação, as intencionalidades discursivas

permanecem mais intensas e diretas, tanto no sentido ideológico quanto de

apresentar encaminhamentos para que se concretizem as parcerias entre leitor e

periódico:

Neste mês do professor, você tem nas mãos (e aqui no site) uma NOVA ESCOLA muito especial. A começar (no caso da revista) pelo número de páginas: 84. São quase 53 de material editorial e mais de 31 de publicidade prova de que aumenta o interesse das empresas e da sociedade pela educação e de que fazemos uma revista atraente para leitores e anunciantes. Especialíssimas também são as reportagens que recheiam tantas páginas. De cara, uma saborosa entrevista com o sociólogo italiano Domenico De Masi. Em seguida, um ensaio fotográfico com imagens de mestres e alunos feitas por craques das lentes, como Sebastião Salgado e Pedro Martinelli(*). No Caderno de Atividades, sugestões para comemorar o Dia do Professor e, na seção "Era uma vez" um belíssimo texto de Tatiana Belinky(*) em homenagem à "mais nobre e fundamental das profissões". A celebração continua com os finalistas do Prêmio Victor Civita 2000. São 27 professores nota 10 que concorrem à maior premiação do Brasil nessa área. A festa, marcada para 10 de outubro, será exibida pela TV Cultura e pelas emissoras educativas no dia 14 à noite. Não perca! (GROSSI, 2000a).

As parcerias ficam cada vez mais afuniladas, estabelecendo vínculos e

aproximações intensas entre ambos: um atendimento impresso e online capaz de

enriquecer a vida diária do professor junto a seus alunos:

“É uma responsabilidade e um prazer assumir esse canal direto com o leitor” (grifo nosso), diz Jardel, um paulistano que viveu 10 de seus 40 anos em Santos e trabalha no Grupo Abril desde 1997. Atuou em várias áreas de atendimento e está acostumado a receber críticas, comentários e sugestões de pauta por telefone, e-mail, carta e fax. Realidade que todos na redação se esforçam para colocar mensalmente nas páginas da revista. Nesta edição, a repórter Priscila Ramalho mostra como fazer para levar o dia-a-dia dos alunos para dentro da sala de aula (quantas vezes você já ouviu essa frase, não?). (GROSSI, 2002b).

O leitor se estabelece a cada uma das publicações, como se fosse

construindo os textos através do compartilhamento de informações e práticas

 

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colocadas como eficientes e eficazes, atingindo uma clientela diversa e ao mesmo

tempo unívoca em apreciações e idéias:

Do Norte, mais precisamente de Guaraí, no Tocantins, a repórter Priscila

Ramalho trouxe a história de um colégio que dá sentido prático à palavra solidariedade. E Paulo Araújo esteve em Vitória entrevistando os criadores de um premiado trabalho de Educação Infantil que mistura oralidade com pintinhos e galinhas.

Agora em maio, pelo terceiro ano consecutivo, a redação ruma para uma série de viagens muito especiais. Dentro do projeto Caminhos do Brasil, 23 funcionários de NOVA ESCOLA, entre jornalistas e artistas gráficos, mais nossa secretária, passarão por todos os Estados do país (além do Distrito Federal) pesquisando de que forma as escolas usam computadores para melhorar a qualidade do ensino. Os relatos estarão disponíveis no Site do Professor a partir do dia 13. Não perca! (GROSSI, 2002b).

Os momentos de discurso direto com o leitor são freqüentes, confirmam a

interação e o esforço em estreitar as identificações para que a comunicação seja

perfeita, garantindo a disseminação das propostas que progressivamente se infiltram

no trabalho diário do professor. Para isso, a revista não se esquece também de

premiar os exemplos da classe que representa através do concurso Professor Nota

10, o prêmio ainda é voltada para professores da rede pública ou privada, de

educação infantil e de 1ª a 8ª séries do ensino fundamental. A iniciativa elege as

melhores experiências brasileiras de ensino de diversas disciplinas um grande aliado

das iniciativas para incentivar projetos e práticas bem sucedidas:

Todo dia, perto de 2 milhões de professores saem de casa dispostos a

construir o Brasil. Levam o melhor de si para a sala de aula e não poupam esforços para transmitir a seus alunos conteúdos relevantes, experiências de vida enriquecedoras, histórias que os ajudem a descobrir o significado da palavra cidadania. No entanto, esse maravilhoso trabalho nem sempre é reconhecido como deve. No dia 8 de outubro, tive a chance de, mais uma vez, participar de uma festa digna da grandeza dessa obra.

Em sua quinta edição, o Prêmio Victor Civita Professor Nota 10 mostrou que é indispensável valorizar os nossos professores. Este ano foram 12 mulheres no papel de representantes de uma classe profissional. Todas são nota 10. Ou melhor, nota 100, nota 1000. Conforme o regulamento da premiação, só uma seria eleita a professora do ano. E a escolhida foi uma pernambucana de 25 anos que nasceu, cresceu e passou a lecionar na pequena Carnaíba, no coração do sertão. Virou alfabetizadora e conquistou o júri com um projeto que usa cantigas para ensinar a ler e escrever. (GROSSI, 2002d).

A cada ano são aperfeiçoadas as formas de contato com o professor e,

progressivamente, percebe-se um discurso cada vez mais incisivo, companheiro e

solidário, permeado de um discurso incentivador e motivador:

 

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CARO PROFESSOR Cada vez mais perto de você. Fazer revistas é um grande barato.

Entrevistar pessoas, observar sua realidade, conhecer histórias – e contar tudo na forma de textos, fotos e ilustrações. Sim, essa é a melhor parte. Saber que existe alguém que espera todo mês pelas novidades – e lê o que é produzido na redação. Para descobrir se estamos no caminho certo, só há um caminho: ouvir você, leitor, compreender o que tem a dizer – e o que quer encontrar em nossas páginas.

Para aperfeiçoar essa percepção, desde março nos reunimos mensalmente com um grupo de professores em São Paulo. Conversando com eles, enxergamos melhor como é o cotidiano desses profissionais e quais são seus anseios. Em julho fizemos uma pesquisa com assinantes de sete capitais, em todas as regiões do país, sobre hábitos e valores de quem vive o dia-a-dia da escola. (GROSSI, 2003).

O discurso se vale de uma oratória convincente, os argumentos são

conduzidos e apresentados até que o professor-leitor, diante deles, sinta-se

inteiramente parte de um contexto resultado do trabalho que realiza diariamente:

Esta edição da revista é dedicada a todos os professores que estão voltando

a estudar. Os números impressionam: no Brasil inteiro, são quase 200 mil

profissionais, todos já trabalhando na sala de aula, todos desempenhando suas

funções e todos voltando por sentirem necessidade de se atualizar, de trocar

experiências com colegas e adquirir novos saberes.

Emilia Ferreiro, Paulo Freire, Célestin Freinet, Lev Vygotsky e Howard Gardner, que "estrelaram" a capa de janeiro/fevereiro de 2001. Aquela reportagem, escrita pela editora especial Denise Pellegrini, tornou-se a campeã de vendas nos 16 anos e meio de história da revista, com exatos 41527 exemplares comprados em bancas.

Ao voltar ao tema, agora apresentando o que há de inovador em termos de princípios pedagógicos e didáticos, acreditamos atender a um anseio dos nossos quase 2 milhões de professores, que estão cada vez mais conscientes de que só conhecendo a teoria é possível melhorar a prática em sala de aula.

O que não significa que tenhamos deixado de lado as experiências bem-sucedidas de quem está no "chão da escola". Ao contrário. No Caderno de Atividades, oferecemos este mês seis ótimas sugestões, de Matemática, Educação Infantil, Arte, Informática, Ciências e História. São casos do Brasil inteiro, como o que a editora Paola Gentile trouxe de Presidente Figueiredo, a 330 quilômetros de Manaus. Finalmente, uma surpresa: um encarte sobre Ensino Médio produzido pelo editor especial Ricardo Prado. Boa leitura! (GROSSI, 2002a).

A partir de março de 2006, o editorial conclama o Professor como Educador,

neste momento o foco passa a ser trabalho do professor. Em linhas gerais, o que se

pretende é exatamente oferecer tudo – resposta para tudo- o que o educador

precisa para obter resultados com seus alunos:

 

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E cheia de planos para renovar nossas páginas e torná-las ainda mais úteis para você. Uma das novidades que já estamos preparando é um especial inteirinho sobre Educação Infantil. Ele terá tudo o que é preciso saber sobre os primeiros anos de escolaridade e muitas sugestões de atividades para fazer com as crianças – e chega às bancas junto com nossa próxima edição, no dia 3 de abril. Não perca! (GROSSI, 2006a).

Neste mesmo ano, o editorial dizia: Caro Educador e em seguida, fazendo

parte do mesmo título estendia para Carta do Editor, enfatizando a idéia de que se

tratava de um documento representativo da publicação da revista, da sua

intencionalidade e propósitos, e mais, se dirigia para um público totalmente

específico:

Esta NOVA ESCOLA tem uma novidade muito especial: a seção Na

Dúvida? Pergunte. Coordenada pelo editor Ricardo Falzetta, ela chega para responder a todo tipo de questão, tanto de temas específicos das diversas disciplinas quanto de aspectos pedagógicos, didáticos e de comportamento na sala de aula. A cada mês, uma das explicações vem acompanhada de um infográfico (aquele tipo de ilustração que mistura imagem e texto para tornar o conteúdo mais completo e fácil de entender). Para começar, apresentamos os princípios científicos por trás do funcionamento de uma geladeira.

E, como esta é uma edição dupla (junho e julho), é claro que há muito mais para ler. Na reportagem de capa, a editora Paola Gentile mostra por que a parceria entre escola e família é grande aliada da aprendizagem. Aqui você encontra o jeito certo de preparar seu trabalho para o Prêmio Victor Civita Educador Nota 10, conhece as idéias de Bertrand Russell na seção Grandes Pensadores, que será tema de nossa nova edição especial, confere os benefícios do trabalho corporal para as crianças da Educação Infantil, fica sabendo como ajudar a combater o trabalho infantil, descobre as vantagens (e os problemas) da escola de tempo integral – e muito mais. (GROSSI, 2006b, grifo nosso)

As próximas edições estabelecem aproximações cada vez mais claras em

relação à participação na educação do país. Os editoriais falam abertamente sobre a

participação do periódico nas mudanças político-sociais que são propostas para a

Educação. Agora não se trata de convite para leitura, mas da certeza de que o

periódico faz parte dos instrumentos utilizados pelos professores no seu dia-a-dia:

Nos últimos meses, NOVA ESCOLA tem trazido reportagens mais

ligadas a políticas públicas na área da Educação. Em outubro do ano passado, apresentamos os resultados da Prova Brasil.Na edição de janeiro/fevereiro deste ano, mostramos as escolas que haviam obtido as melhores notas nesse teste. Em abril, um levantamento inédito, realizado com as secretarias estaduais e municipais de Educação, revelou as enormes diferenças na realidade dos professores no país. [...]

O “pacote” se completa comum a análise dos principais pontos do PDE (pág. 26) e comentários de especialistas sobre como viabilizá-los e por que

 

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eles são bons (ou ruins). Tudo isso porque acreditamos que só com educadores interessados nos temas que afetam seu dia-a-dia conseguiremos dar o grande salto de qualidade com que todos tanto sonhamos. (GROSSI, 2007c, grifo nosso).

Fica bem evidente a preocupação da revista junto aos temas educacionais e

na divulgação de novas medidas para serem reconhecidas junto aos profissionais

das escolas e de setores sociais que também se interessam pela Educação do país:

No mês passado, escrevi aqui que a Educação está no centro da pauta dos debates políticos e sociais em nosso país. E nós temos orgulho de ser parte desse processo. Um dos jeitos de medir isso é o interesse de outros setores pelo tema. E a revista que você tem em mãos é prova de que esse interesse é cada vez maior. Temos nesta edição mais de 40 páginas de anúncios, um recorde histórico. São editoras, empresas de informática e de diversos outros campos que querem falar com professores, diretores e coordenadores – e sabem que o melhor jeito de atingir esse público é por meio desta revista. (GROSSI, 2007b, grifo nosso).

O discurso aberto e sincero compromete o leitor a esforçar-se para conseguir,

ou pelo menos tentar, mudar a situação apresentada. Há uma chamada para efetivar

um ensino de qualidade e de resultados com índices melhores apresentados. A

revista anuncia que as práticas sugeridas foram testadas, portanto de efetiva

eficácia:

É consenso no país que nossa Educação vai mal. E é consenso também que o maior nó que precisamos desatar é a dificuldade que temos para alfabetizar as crianças logo no primeiro ano de escolaridade. Os números oficiais mostram que 16% dos estudantes são reprovados anualmente (sem contar os que, no sistema de ciclos, seguem em frente para ter mais tempo de aprender). Além disso, números do Saeb mostram que 18% dos alunos chegam à 4a série sem dominar os princípios básicos da escrita e da leitura. (GROSSI, 2007a).

A preocupação em atingir integralmente os leitores permanece quando é

consenso de que haja a urgência em alfabetizar de acordo com os levantamentos

realizados. O enfrentamento dos problemas detectados soa como prerrogativa de

que não se pode mais adiar situações e que todos devem assumir o compromisso

em prol da Educação de Qualidade. A preocupação em atingir a todos é apontada

pelo próprio periódico:

 

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Qual o jeito certo de apresentar as reportagens de forma a impactar o que é feito por todos os que nos lêem? À medida que as semanas passavam, muitas respostas surgiram. Em sua décima edição, o prêmio Victor Civita atingiu um novo patamar de qualidade. (GROSSI, 2007e, grifo nosso).

Permanece também a insistência em estabelecer vínculos com o leitor ,

inaugurando uma abrangência ainda maior da revista e estabelecendo

compromissos na valorização do Educador :

E, ao mesmo tempo, aumentar o volume de conteúdo que você recebe. Esse novo patamar tem número: a partir de agora, são no mínimo 65 páginas editoriais todo mês (há um ano e meio, tínhamos em média apenas 45 páginas com reportagens, artigos, entrevistas etc., de um total de 68). Essas páginas a mais trazem, como sempre, a qualidade a que nossos leitores se acostumaram em mais de 20 anos Neste mês, recomendo especialmente a leitura da reportagem de capa, produzida por Paulo Araújo, e os dois primeiros textos sobre os professores vencedores do Prêmio Victor Civita de 2007. (GROSSI, 2008b).

De acordo com o periódico, a revelação das pesquisas sobre a Educação

permite aos professores e co-responsáveis compreender de que forma devem atuar

junto às escolas e como cada localidade deve tecer seu plano anual de ação. O ano

de 2008 traz uma série de possibilidades iniciadas por um discurso plenamente

consciente da necessidade de medidas e cobrança de resultados, apontadas por

inúmeras pesquisas e avaliações externas: Saeb, Saresp, IDESP, Prova Brasil,

traçadas dentro de uma mesma lógica e aferição de resultados:

Precisamos mostrar a todos, e principalmente aos que não tiveram Educação de qualidade, que eles precisam acompanhar de perto a aprendizagem dos filhos e que só ter escola para todos não basta. Da mesma forma, os empresários e as lideranças sindicais, comunitárias e políticas precisam empunhar a bandeira da Educação. Só quando toda a sociedade estiver consciente de que a Educação é um valor muito importante, conseguiremos, num espaço relativamente curto de tempo, mudar o cenário comum a essas redes. (HADDAD, 2008).

Tais preocupações culminam no Plano de Aceleração do Crescimento

divulgado pela Revista na mesma entrevista com Fernando Haddad. O título da

entrevista anuncia a grandiosidade das intenções:

O país precisa acordar para a importância da Educação. Assim que foi divulgado, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) recebeu um apelido: PAC da Educação, em referência ao Plano de

 

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Aceleração do Crescimento, anunciado pelo governo federal “Em entrevista exclusiva, o ministro diz que o PDE é o primeiro plano que leva em conta a questão da qualidade e defende a valorização dos professores (com mais Formação e melhores salários) como única forma de garantir um ensino decente para todos”. (HADDAD, 2007, grifo nosso).

O discurso reconhece para os leitores a situação da Educação do país e, em

seguida, coloca como será desenvolvido o plano e quais as metas a serem

atingidas. Durante a mesma entrevista, questões básicas são elencadas de forma

que o professor se familiarize com elas e se aproprie das mudanças sugeridas:

Apesar das críticas (em sua maioria pontuais), o programa foi bem recebido em quase todos os setores. Desde então, só aumenta a expectativa em relação às ações que serão tomadas. “Antes, tínhamos um Estado à procura de um plano. Agora temos um plano”, diz o ministro da Educação, Fernando Haddad, que dedicou quatro meses à análise, à discussão e à redação das diretrizes da Educação Básica para a próxima década. O bacharelado em Direito lhe deu a desenvoltura para produzir pessoalmente o texto legal. Sua decisão de soltar os detalhes do pacote pouco a pouco está ajudando a fazer com que todos se familiarizem com o projeto, entendam o tamanho do buraco em que nossa Educação está enfiada e se preparem para cobrar resultados. Até porque as metas definidas pelo Ministério da Educação (MEC) são ousadas (leia mais na reportagem da pág. 26): da criação do piso salarial para o magistério a investimentos pesados em formação (parceria da Universidade Aberta do Brasil com instituições de ensino superior). (HADDAD, 2007, grifo nosso).

As publicações referentes ao ano de 2008 apresentam-se inseridas num

contexto de levantamento de resultados conseguidos pelas avaliações externas,

como Prova Brasil, Saeb, Saresp, entre outras. Os dados mostram a situação

indesejável em que a educação do país se encontra. As propostas do governo

federal recaem sobre a necessidade de mudar os resultados apresentados e para

isso a Nova Escola aponta, através de entrevista, as metas para esse ano:

É consenso no país que nossa Educação vai mal. E é consenso também que o maior nó que precisamos desatar é a dificuldade que temos para alfabetizar as crianças logo no primeiro ano de escolaridade. Os números oficiais mostram que 16% dos estudantes são reprovados anualmente (sem contar os que, no sistema de ciclos, seguem em frente para ter mais tempo de aprender). Além disso, números do Saeb mostram que 18% dos alunos chegam à 4a série sem dominar os princípios básicos da escrita e da leitura. (GROSSI, 2007a).

O texto apresentado faz parte do Gênero opinativo, pois enfatiza o Ensino

Fundamental da Educação Básica, argumentando junto ao professor-leitor, a

 

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urgência de mudança de sua prática, algo que pode ser conseguido lendo as

páginas do periódico onde constam exemplos metodológicos testados e aprovados. O cuidado com o professor-leitor é interminável na redação e produção dos

textos. As edições abordam os assuntos em destaque na Educação do país, num

discurso altamente sugestivo para a prática do professor. Os assuntos de cada

edição se completam, ora por um chamado às novidades nas reportagens de capa,

ora para as reflexões nos editoriais, ora para exemplos de uma prática aprovada e

produtiva nas entrevistas.

As publicações do ano de 2008 destacam questões que denunciam urgência

em mudar os resultados da Educação do país, principalmente no sentido de atender

à Educação Básica e incluir a todos em uma Educação de qualidade.

Os gêneros e discursos apresentados na revista Nova Escola mostram-se em

perfeita equivalência de funcionalidade, pois tem objetivos comuns: informar e

convencer o professor-leitor sobre temas educacionais propostos pelas políticas

públicas. As informações encontram-se nas entrevistas com personagens de

participação relevante no contexto educacional.

A maior parte dos educadores, filósofos e pensadores da educação dos

últimos anos e que deram apoio às propostas educacionais, tiveram expressiva

participação na seção Entrevista da Nova Escola. Nos capítulos seguintes, traremos

desta constatação através do resgate de cada ano.

Nos Editoriais, há uma avaliação do assunto que aparece na capa e que é

tratado em relevância. Assinado pelo Diretor de Redação do exemplar, o texto

mostra o valor do assunto da reportagem de capa, argumenta o fato inserido no

contexto educacional e convida sutilmente o leitor para apreciar a edição. O discurso

dos editorias concentra grande carga opinativa e apreciativa dos temas abordados,

portanto se insere no gênero Opinativo.

Quanto às Reportagens de Capa, considerada do gênero Interpretativo,

desde as primeiras reportagens do ano de 1998, percebe-se um cuidado em

resgatar o fato com detalhes, encaminhando o leitor para a interpretação que se

desenvolve junto às informações.

Antecipada nos Editorias, a pauta ganha força na edição, pois as explicações

orientam a compreensão dos fatos, seguindo a linha da visão que

editora/jornalista/ideologia política intencionam passar.

 

52

3.4 O Gênero Interpretativo: Reportagem de capa

Pensar sobre o gênero interpretativo pressupõe incluir um referencial: a

classificação de muitos jornalistas atuais que, como Beltrão, considera a reportagem

“em profundidade” correspondente ao gênero Interpretativo.

A reportagem de capa traz as informações de uma forma sutil e permite

ampliar ainda mais a extensão significativa dos acontecimentos junto à Educação do

país, através do parecer e interpretação do jornalista que resume a visão também da

Editora e patrocinadores. Portanto não se trata de uma visão unívoca dos

acontecimentos, mas uma somatória de valores. O fato de a reportagem se ocupar

da informação, parece também ser sentida pelo Manual de Redação e Estilo da

Folha de S. Paulo (MARTINS FILHO, 1997) quando diz: “[...] requer extenso e

minucioso levantamento de informações. Pode aprofundar um fato recém-noticiado

ou revelar um fato com ampla documentação e riqueza de detalhes”. Tal definição

confirma a especialidade ou sutileza da reportagem que não fica no superficial do

fato, ou na fiel exatidão do mesmo, mas o trabalha com cuidado, revelando-o nas

minúcias e possibilidades.

Na revista Nova Escola as Reportagens de Capa funcionam como chamadas

da revista através dos títulos e subtítulos. Procuram provocar o leitor para ler as

demais informações, mantendo-o curiosos para a ordem temática estabelecida no

periódico.

As reportagens criam impacto e provocam no professor-leitor a disposição

para seguir a pauta e conhecer os assuntos, como observa Melo (1994, p. 84): “Uma

matéria que aparece na primeira página de um jornal ou tem chamada na capa de

uma revista, ou ainda merece um flash na apresentação dos radio jornais ou

telejornais, sem dúvida provoca maior impacto. E exerce maior influência”.

As ilustrações das capas do periódico já foram objeto em análises semióticas,

cujos estudos em teses de mestrado são referência em relação a observações das

“rupturas e mudanças significativas” ocorridas na educação e estampadas pela revista

através das diversas linguagens utilizadas nas chamadas reportagens de capas.

Destaca-se, deste modo, que a revista tem sido objeto de pesquisa de muitos

profissionais cujos objetivos se enquadram no refletir sobre um instrumento da mídia

enquanto divulgador e propagador das questões político-educacionais.

 

53

Também nas publicações das revistas, as unidades informativas passam por

uma avaliação resultante da cobertura da pauta, cobertura, copidesque e fontes que

tecnicamente são responsáveis pelo filtro ideológico no processo de produção

jornalística. Segundo Melo (1994, p. 75-76) “O papel de peneira

informativo/ideológica desempenado pela pauta completa-se com o acionamento do

sistema de cobertura, através do qual o jornal ou revista espalha suas antenas para

detectar os fatos a serem noticiados”.

Durante o 6º Forum Nacional de Professores do Jornalismo (2003, Natal, Rio

Grande do Norte), Marques de Melo colocou que o jornalismo opinativo é o gênero

que não pressupõe, especificamente, uma habilidade do jornalista, pois o único

espaço privativo do jornalista profissional é o jornalismo informativo. O jornalismo

informativo aparece enquanto um texto trabalhado profissionalmente, onde se

moldam os fatos e se estabelecem formas, claramente definidas.. As reportagens de

capa possuem mais que informação carrega uma carga de significação maior dentro

do contexto da revista.

As manchetes de capa intencionam primeiramente seduzir o leitor para a

aquisição do exemplar, para isso, apresenta relato ampliado de um acontecimento

através das ferramentas do texto publicitário como imagens e recursos gráficos.

As reportagens iniciais da Nova Escola, apresentadas entre os anos de 98 a

2000, apresentam manchetes que acompanham a trajetória das iniciativas

governamentais para a Educação Nacional, por exemplo: a inclusão digital iniciada

em projeto do ano de 98: “Já não há mais futuro para o Analfabeto Digital”; as

parcerias cobradas das empresas e das escolas com as empresas, para

investimentos na educação do país, atendendo à LDB: “Alianças que realizam

sonhos”; investimentos na carreira do professor, também decorrente da nova LDB

que prevê prazo de Ensino Superior para todos os professores: “É hora de cuidar de

sua carreira”; dentre outros que se encontram presentes.

As reportagens acima citadas ilustram o ano de 98 na medida em que

abordam as principais iniciativas tomadas pelo governo federal em relação às

escolas públicas. As questões básicas para o ano de 98 são: investimento na

carreira do professor e busca de parcerias por parte dos gestores das escolas.

Nas reportagens desse ano de 1998, a estrutura do texto obedece a fórmulas

relativamente estáveis na revista, que, com certeza pretende estabelecer interações,

familiaridade entre o professor-leitor e o jornalista. O emprego dessa forma de

 

54

apresentação do texto indica que além da técnica o jornalista emprega um conjunto

de regras comuns a um contexto de sociedade. Isso equivale a dizer que a estrutura

iniciada continua depois nos anos seguintes como um modelo aceito pelo público.

Geralmente iniciam questionando os assuntos, chamando atenção do

professor-leitor para a reflexão e a para real situação da educação, confirmada por

pesquisas realizadas por órgãos governamentais:

Em que níveis de ensino estarão as melhores oportunidades de trabalho para o professor nos próximos anos? Quais as áreas do conhecimento em que faltam docentes qualificados? Como se caracteriza o profissional valorizado pelos bons colégios? Essas são algumas das perguntas a que Nova Escola responde nesta reportagem, que mostra como o mercado de trabalho está mudando. Nos últimos anos a educação vem ganhando importância cada vez maior. Aumenta o número de alunos em sala de aula, surgem postos de trabalho no magistério. “A expansão no sistema educacional é enorme”, atesta Maria Helena Guimarães Castro, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC). (PELLEGRINE, 1998).

No ano de 99 repete o tema parcerias enquanto alternativa para solução de

vários problemas educacionais, como a inclusão, que é citado novamente pelo

periódico como recomendação do MEC, através de reportagem de capa Inclusão:

qualidade para todos:

MEC recomenda dois tipos de parcerias: com as Universidades e com as Ongs (Organizações não governamentais). Ambas oferecem consultores e especialistas para ensinar ao professor como lidar com o aluno especial. As APAES, por exemplo, costumam enviar seus profissionais para treinar professores de escolas regulares em processo de inclusão. Entre as Ongs envolvidas na capacitação, destacam-se também a AACD, as sociedades Pestalozzi e a FENEIS (Federação Nacional dos Surdos). (JOVER, 1999).

A partir de 2000, as questões educacionais são ampliadas por um discurso

que garante maior atenção e preocupação do organismo social a que pertencem. O

discurso jornalístico vale-se de termos informais e estranhos até então dos textos

publicados, o que chama atenção do professor-leitor: “Vergonha nacional. A

repetência é o maior problema da educação brasileira, mas parece que pouco se faz

para combatê-la. Conheça algumas experiências bem-sucedidas” (BENCINI, 2000).

Assim, o objetivo é claro: urge mudança de práticas e inúmeros temas

sugerem maneiras diferentes de ensinar com propostas que garantem a eficácia do

aprendizado. O discurso indica uma série de medidas e soluções para os problemas

 

55

apresentados e as reportagens de capa funcionam como estratégia para suscitar o

interesse do seu público: professor-leitor.

Além disso, são introduzidos conceitos apresentados pelas novas propostas

pedagógicas, conferindo às reportagens atualidade e espírito inovador. Na

reportagem de capa de setembro, por exemplo, o destaque é para práticas bem

sucedidas ditas como “receitas eficazes” e válidas quando o desafio se refere a

conseguir que os alunos avancem em relação a competências e habilidades

individuais: “Para aprender e (desenvolver Competências): Tudo o que você precisa

conhecer sobre o assunto mais falado no mundo da educação nos dias de hoje – e

como fazer para entender e pôr em prática esse novo jeito de ensinar” (ALENCAR;

PRADO, 2000).

De 2000 a 2005, os temas explorados estão articulados às propostas do MEC e iniciativas governamentais. Em 2001, a alfabetização aparece em destaque nos temas das reportagens de capa, em especial para atender à necessidade colocada para o país, com ênfase, a alfabetização de letramento:

Infelizmente, essa não é a rotina nas escolas brasileiras. De modo geral, o que mais se vê é a preocupação de fazer os estudantes decodificarem a língua. E só. Muitas agem assim por acreditar que, num passe de mágica, todos se tornem capazes de compreender os textos de um livro de Ciências Naturais ou de descobrir o melhor jeito de localizar um endereço no mapa. "Isso é um erro", resume Magda Soares, professora da Faculdade de Educação e membro do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais. "Não é porque os processos de alfabetização e de letramento são diferentes que devem ser sucessivos. O ideal é alfabetizar letrando. (PELLEGRINE, 2001b).

Nesse mesmo ano o periódico dá início às reportagens entrevistas em vídeo, um acervo online considerável e de qualidade para pesquisas, cujas entrevistas incluem nomes mentores de reformas e propostas educacionais:

 

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Quadro 4 - Reportagens em vídeo

Reportagens online (vídeos) • Reportagem sobre Emilia Ferreiro, publicada em outubro de 1989 • Reportagem sobre Freinet, publicada em maio de 1996 • Reportagem sobre Piaget, publicada em agosto de 1996 • Reportagem sobre Vygotsky, publicada em dezembro de 1996 • Reportagem sobre Paulo Freire, publicada em junho de 1997 • Reportagem sobre Howard Gardner, publicada em setembro de 1997 • Ponto para a escola democrática (sobre o trabalho desenvolvido pelo professor Ulisses

Araújo) • Íntegra da entrevista com Jean-Marie Dolle (texto para download) • Íntegra da entrevista com Claudia Santa Rosa (texto para download) • Íntegra da entrevista com Elaine Moura (texto para download) Fonte: REPORTAGENS..., 2008.

Os anos posteriores são mostrados pelas reportagens com preocupações em relação ao novo milênio: investir nos conhecimentos dos professores. As reportagens trazem para o conteúdo da revista os grandes pensadores da Educação, garantindo assim, ao professor-leitor um aprofundamento das teorias que direcionam as mudanças recomendadas:

Nas próximas páginas, vamos apresentar um pouco do trabalho intelectual que eles propõem. Em comum, todos carregam o fato de ser "autores de sucesso". Seu prestígio reside, em boa parte, nos livros publicados sobre temas pontuais. Diferentemente dos grandes papas da educação, como Jean Piaget, Paulo Freire ou Emilia Ferreiro, esses autores de vanguarda não têm a pretensão de fazer descobertas geniais. O "negócio" deles é reprocessar idéias já largamente difundidas (e aceitas) e apresentá-las numa linguagem fácil, objetiva e coerente com as necessidades atuais. (MARAGON; LIM, 2002, p.?).

Junto aos textos, a política educacional vê a necessidade de mudar o sentido

das avaliações, ver o momento como oportunidade para aprender. Na edição de

janeiro de 2003, assim é colocada a idéia:

Quem procura um médico está em busca de pelo menos duas coisas,

um diagnóstico e um remédio para seus males. Imagine sair do consultório segurando nas mãos, em vez da receita, um boletim. Estado geral de saúde nota 6, e ponto final. Doente nenhum se contentaria com isso. E os alunos que recebem apenas uma nota no final de um bimestre, será que não se sentem igualmente insatisfeitos? Se a escola existe para ensinar, de que vale uma avaliação que só confirma "a doença", sem identificá-la ou mostrar sua cura?

 

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Assim como o médico, que ouve o relato de sintomas, examina o doente e analisa radiografias, você também tem à disposição diversos recursos que podem ajudar a diagnosticar problemas de sua turma. É preciso, no entanto, prescrever o remédio. "A avaliação escolar, hoje, só faz sentido se tiver o intuito de buscar caminhos para a melhor aprendizagem", afirma a consultora Jussara Hoffmann. (PELLEGRINE, 2003b).

Como demonstramos, as reportagens não apenas publicam os fatos, mas

também informam com dados de pesquisas reconhecidas e com o apoio na

legislação, contribuindo, assim, para a formação atualizada do professor:

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em

1996, determina que a avaliação seja contínua e cumulativa e que os aspectos qualitativos prevaleçam sobre os quantitativos. Da mesma forma, os resultados obtidos pelos estudantes ao longo do ano escolar devem ser mais valorizados que a nota da prova final.

"Essa nova forma de avaliar põe em questão não apenas um projeto educacional, mas uma mudança social", afirma Sandra Maria Zákia Lian Sousa, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. "A mudança não é apenas técnica, mas também política." Tudo porque a avaliação formativa serve a um projeto de sociedade pautado pela cooperação e pela inclusão, em lugar da competição e da exclusão. Uma sociedade em que todos tenham o direito de aprender. (PELLEGRINE, 2003b).

O fato das reportagens também se comprometerem com a divulgação e

implementação das políticas públicas educacionais, traz à estrutura do texto um

esforço contínuo para títulos e subtítulos, cujo objetivo é conferir atenção redobrada

do professor-leitor. Os anos posteriores possuem essa característica e nas capas

aparecem: “Qualidade em Cheque” Os ciclos são acusados de ter piorado o ensino.

Na verdade, serviram para expor o drama da repetência e mostrar que a escola não

garante que todos aprendam (março de 2003), “Tesouro a explorar” As avaliações

mostram que os alunos aprendem mais quando têm a oportunidade de conviver com

os livros na escola. Ajudá-los a descobrir esse mundo é muito divertido e

enriquecedor (maio de 2003), Diversidade Cultural - Escolas que são a Nossa Cara

Conheça aqui algumas comunidades que estão resgatando sua história e usando a

própria cultura como fonte de conhecimento (setembro de 2003).

Os textos são carregados de informações e pesquisas, garantindo uma análise

cuidada e minuciosa dos temas. Neste sentido, a classificação dos gêneros

jornalísticos por Beltrão (apud MELO, 1994, p. 59): “Jornalismo Interpretativo - 5.

Reportagem em Profundidade”, atende bem as especificidades discursivas das

reportagens que se seguem, pois concentram reflexões interpretativas sobre os fatos:

 

58

Afinal, os ciclos pioram a qualidade do ensino? As pesquisas realizadas até agora indicam que não. Exames como o Sistema de Avaliação da Educação Básica e o Sistema de Avaliação da Rede Estadual de São Paulo (Saresp) mostram que quase não há diferença no desempenho de alunos de ciclos ou séries. Em São Paulo, 81% estão na chamada progressão continuada e as notas do Saresp de 2001 foram melhores que as de 1997, quando a rede ainda era seriada.

Na verdade, o regime de ciclos rompeu com o círculo vicioso da repetência. Antes o estudante não aprendia e ficava retido. Agora a escola tem a responsabilidade de ensinar sem deixar ninguém para trás. O que veio à tona foi a discussão sobre a qualidade. "Antes esse menino que chega à 8ª série sem saber ler nem escrever estaria na 1ª série, aos 14 anos, completamente desajustado ao lado de crianças de 7 anos", analisa Elba de Sá Barreto, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. "O ciclo trouxe problemas, não resolveu todos, mas acima de tudo fez com que perdêssemos a inocência. Não dá mais para tolerar a multirrepetência nas séries iniciais." Vitor Paro, seu colega na USP, acrescenta:

"Ruim não é ficar na escola, é não aprender. Quando se criticam os ciclos argumentando que é preciso evitar que o jovem passe de ano sem saber, apresenta-se um dos mais importantes argumentos em favor dos ciclos. A culpa pela repetência não é do aluno, mas da escola, que não ensinou”. (PRADO, 2003).

Nesse ano de 2003, não só a questão dos Ciclos foi intensamente abordada e

discutida, como também a implantação das propostas difundidas pelos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs). Importante destacar as reflexões que são postas

sobre o tema:

O processo de globalização exige o desenvolvimento de meios de transporte cada vez mais rápidos. Para isso é necessário construir estradas e aeroportos. Essas estruturas de apoio, por sua vez, alteram profundamente toda a região à sua volta. O tema, já deu para perceber, é essencial quando se busca compreender as transformações no espaço geográfico. E é exatamente sob essa perspectiva como transformadores do espaço que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) propõem que seja estudado (leia o quadro abaixo). [...]

Comunicação: do real ao virtual. O grande marco da revolução tecnológica na área das comunicações é a internet. Com ela tornou-se possível a transferência instantânea de dados entre qualquer parte do planeta. "Vivemos num mundo onde tudo é online, em tempo real, e onde as noções de tempo e espaço mudam rapidamente", analisa Michéle Tancman Cândido da Silva, coordenadora do curso de Geografia da Universidade Salgado de Oliveira, no Rio de Janeiro. Esse fenômeno muda a relação das pessoas com os lugares e dos lugares entre si; altera os hábitos culturais e as relações sociais e econômicas. Cria empregos, formas de estudar e atitudes. Faz surgir, sobretudo, um novo espaço: o ciberespaço. (RAMALHO, 2003).

Ainda nesse ano de 2003, o Editorial da revista do mês de Outubro “Obrigada

Professor”, assinada pela Diretora Executiva Guiomar Namo de Melo, enaltece a

figura do professor que volta a estudar, coincidindo, como sempre, com a

 

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reportagem de capa “Estudar faz bem para sua carreira”, uma divulgação das

propostas do governo Federal como medida para melhorar a Educação do país: a

formação do professor:

Por outro lado, pela Lei 10.172/2001 do Plano Nacional de Educação, até 2011 "70% dos professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental devem possuir formação específica de nível superior". A meta deverá ser garantida por um "programa conjunto da União, dos Estados e Municípios". "A política do ministério é perseguir o objetivo de que todos os professores tenham nível superior, mas gradualmente", diz a secretária de Educação Infantil e Fundamental do MEC, Maria José Feres. Aproximar-se dessa meta é uma das finalidades do Sistema Nacional de Formação Continuada e Certificação de Professores, lançado em junho pelo governo federal Por enquanto o novo sistema incidirá apenas sobre a educação continuada, prevendo a concessão de bolsas de incentivo depois da realização de um exame de certificação, não obrigatório, que avaliará "carências e necessidades" dos docentes de 1ª a 4ª série. O exame de certificação está previsto para janeiro. Para ser completo esse exame deverá também ser aplicado para a formação inicial, nos alunos que estão concluindo cursos de formação de professores em nível médio ou superior. (FERRARI, 2003).

Em 2004, vem em destaque a Educação Indígena, alternativas para atender as

especificidades de cada região brasileira, uma proposta para valorizar a cultura local:

Depois de séculos nas mãos dos “brancos”, a educação indígena agora está sob o comando das aldeias. E a cultura local não se perderá mais na sala de aula. [...] E para o país, enfim, a colação de grau é um retrato fiel das mudanças que estão ocorrendo no ensino indígena nas últimas décadas. Hoje, a escola garante a manutenção das tradições e serve como ponte para o mundo fora da aldeia. (BENCINI, 2004).

Os resultados da inclusão são amplamente divulgados pelo periódico como

uma conquista em parceria com as medidas tomadas pelo governo Federal:

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não deixam dúvidas de que o movimento de inclusão no Brasil é irreversível.

O crescimento não acontece por acaso. A Constituição Brasileira de 1988 garante o acesso ao Ensino Fundamental regular a todas as crianças e adolescentes, sem exceção. E deixa claro que a criança com necessidade educacional especial deve receber atendimento especializado complementar, de preferência dentro da escola. A inclusão ganhou reforços com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, e com a Convenção da Guatemala, de 2001. Esta última proíbe qualquer tipo de diferenciação, exclusão ou restrição baseada na deficiência das pessoas. Sendo assim, mantê-las fora do ensino regular é considerado exclusão – e crime.

O debate constante, a divulgação de experiências bem-sucedidas e a conscientização crescente sobre o que dizem as leis têm se refletido positivamente nas estatísticas educacionais. O número de matrículas dessas crianças em escolas e classes especiais caiu: passou de 87%, em 1998, para 65,6%, em 2004. Apesar do avanço, a maioria continua sem ter

 

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seus direitos garantidos. "Nem os pais dessas crianças podem mantê-las em casa ou apenas em escola especial", afirma Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, procuradora da República. "Entendida a lei, a discussão deve ser sobre a qualidade da educação para todos, e não só para crianças com deficiência. A inclusão faz parte de um grande movimento pela melhoria do ensino", afirma Cláudia Dutra Pereira, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação. O primeiro passo para que isso aconteça é olhar a educação de um outro jeito. (CAVALCANTE, 2005).

Nos anos posteriores, a preocupação do governo federal em aprimorar as

ações para a melhoria da qualidade de ensino, introduz uma série de medidas

empresarias, tais como planejamento e metas e objetivos a partir de resultados

obtidos pelas avaliações externas. Seria o início de medidas necessárias tendo em

vista a seguinte situação:

Todas as escolas brasileiras deveriam alcançar a nota máxima de desempenho na Prova Brasil - 350 em Língua Portuguesa e 375 em Matemática. O Ciep 279 Professora Guiomar Gonçalves Neves, em Trajano de Moraes, a 185 quilômetros do Rio de Janeiro, chegou perto. Tirou primeiro lugar em Língua Portuguesa e segundo em Matemática (veja as notas abaixo) na prova para a 4a série. Não é a primeira vez que o Ciep 279 se destaca. Na avaliação de qualidade do ensino realizada pela rede estadual no ano passado, a escola ficou entre as 35 melhores. O segredo? Ensinar. (FERRARI, 2006).

As próximas reportagens seguem a mesma estrutura que comentamos,

porém o discurso apresenta-se cada vez mais afunilado, no sentido de expressar ao

professor-leitor um cenário numericamente indesejável e a necessidade urgente de

mudanças. As palavras agora colocadas são diretas e insistentes:

O ano de 2006 ainda não acabou para quem se debruçou sobre as notas da Prova Brasil. O mal-estar gerado pela publicação dos resultados, em junho do ano passado, ainda não foi digerido pela parcela da população que se preocupa, de fato, com os rumos da Educação. Só uma análise minuciosa dos números e uma ampla discussão podem ser capazes de desenhar um 2007 e um futuro melhores para o Brasil. "Nenhuma pesquisa educacional faz sentido se não produzir mudanças", afirma Jorge Werthein, doutor em Educação pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e assessor especial da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). A Prova Brasil foi criada com o propósito de refinar a avaliação da Educação Básica, feita pelo Ministério da Educação desde a década de 1990. Com essa mudança, o Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) passou a ser composto de duas provas nacionais: a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc). A primeira é o próprio Saeb, um teste realizado por amostragem nas redes de ensino, com foco na gestão dos sistemas educacionais. A segunda é a Prova Brasil, uma avaliação de caráter universal que pretende atingir todas as escolas. (DIDONÉ et al., 2007).

 

61

O que aparece no ano de 2007 reforça o sentido da educação planejada,

específica para cada escola, a partir de planilhas e resultados, cujo objetivo é de

mudança no sistema educacional. As reportagens seguem as indicações do governo

federal e afirmam categoricamente a participação da Revista junto às políticas

públicas:

O Brasil acordou para o fato de que a Educação é importante e cada vez mais a sociedade percebe que a sonhada revolução pela qualidade só será possível se você, dentro da sala de aula, mudar a realidade de seus alunos. Levantamento inédito realizado por NOVA ESCOLA sobre a organização dos sistemas educacionais estaduais e municipais mostra por que essa tarefa é tão complexa. (GUIMARÃES; FARIA, 2007).

A partir do cenário da educação brasileira apresentado em 2007, o ano de

2008 implementa ações mais intensas decorrentes da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB) e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). O

planejamento reforça a política de planejamento, próximo às teorias empresariais, o

título da reportagem que inicia o ano é incisivo: Para fugir da improvisação, veja

como estabelecer objetivo. Apresenta como ilustração uma bússola no sentido de

nortear as atividades anuais, indicando os caminhos. As propostas são inquisitórias:

seguir as instruções e fazer um planejamento eficaz nas escolas, que dê conta de

traçar metas e objetivos capazes de melhorar a atuação de todos. A citada

reportagem confirma as propostas do MEC:

“O currículo é um instrumento que deve levar em conta as diversas possibilidades de aprendizagem não só no que concerne à seleção de metas e conteúdos, mas também na maneira de planejar as atividades”, resume o psicólogo espanhol César Coll, professor da Universidade de Barcelona e um dos maiores especialistas no assunto. Além disso, diz ele, o documento precisa ser revisto permanentemente para acompanhar os anseios da sociedade em relação à Educação das crianças. “São orientações que devem ser vistas como uma bússola que norteia os passos da Educação do país, de cada rede de ensino e de cada professor”, complementa Elvira Souza Lima, consultora do Ministério da Educação (MEC) e pesquisadora do desenvolvimento humano. Luiz Carlos Freitas, coordenador do Laboratório de avaliação da Universidade Estadual de Campinas, destaca outro aspecto fundamental: só com essas orientações definidas, é possível avaliar se a Educação como um todo está no rumo certo, ainda mais nos dias de hoje, em que muitos países (o nosso incluído) participam de testes nacionais (como a Prova Brasil) e globais (como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o PISA). (MARAGON, 2008).

Algumas questões também são retomadas, como a inclusão, que recebe uma

nova avaliação nas páginas da revista:

 

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A batalha continua, mas agora acompanhada de outra tão importante quanto: garantir a aprendizagem. Não basta acolher e promover a interação social. É preciso ensinar – aliás, como a própria legislação prevê desde 1988, quando a Constituição foi aprovada. No lugar de focar o atendimento clínico, segregando os alunos, a orientação correta é dar apoio aos professores regentes e permitir que eles e seus colegas especialistas trabalhem cada vez mais em conjunto. Para tanto, obviamente, as redes devem estruturar-se de forma diferente – e também aqui a boa notícia é que diversos municípios e estados já estão se organizando para tornar isso realidade. “Oferecer Educação de qualidade significa fazer adaptações físicas e pedagógicas”, diz a psicopedagoga Daniela Alonso, consultora na área de inclusão e selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. “Cabe ao professor reconhecer essa nova função e brigar pelos recursos necessários”. (GURGEL, 2007).

As frases que compõem os títulos e subtítulos das reportagens seguintes focalizam corretamente a atuação do professor, que aparece como sendo um dos maiores responsáveis pela qualidade de ensino. O periódico seguinte destaca a reportagem com um título bem direcionado: Remédios para o professor e a Educação:

O alívio para problemas como estresse e dores musculares – as maiores causas de afastamento da sala de aula – está nos mesmos fatores que garantem um ensino de qualidade. Nos casos mais sérios, os sintomas acabam afastando os profissionais da sala de aula. No estado de São Paulo a maior rede do país, com 250 mil professores, são registradas 30 mil faltas por dia. Só em 2006 foram quase 140 mil licenças médicas, com duração média de 33 dias. O custo anual para o governo estadual chega a 235 milhões de reais – correspondente ao valor a ser destinado pelo Ministério da Educação (MEC) para construir, mobiliar e equipar 330 escolas de Educação Infantil em 2008. (POLATO, 2008).

A Educação Infantil ganha espaço no periódico nesse ano de 2008, especialmente sobre a importância dessa etapa de escolaridade para a formação da criança e na qualidade que vem sendo oferecida no país:

Esses conhecimentos vêm sendo divulgados desde que a Educação

Infantil começou a ganhar importância, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, que considerou essa etapa do ensino parte da Educação Básica. Mas falta muito para que esses saberes sejam incorporados à rotina de todas as escolas e, mais ainda, para que toda criança de até 6 anos tenha garantida sua vaga.

O Plano Nacional de Educação tem como meta para o início de 2011 o atendimento de 50% dos pequenos de até 3 anos e de 80% para a faixa de 4 a 6. "Por enquanto, não há planos de universalizar a Educação Infantil ou um grande aumento de vagas. O maior desafio atualmente é buscar a igualdade de estrutura e qualidade oferecidas", diz Rita Coelho, coordenadora geral da Educação Infantil do Ministério da Educação. Nesse sentido, estão sendo preparados para 2009 os Indicadores de Qualidade da Educação Infantil, documento para auto-avaliação de cada instituição, que trará referências sobre o que é necessário ser oferecido nesse nível. (GURGEL, 2008).

 

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Nessa mesma reportagem a revista destaca a formação do professor como

fator determinante pela má qualidade de ensino do país. Novas propostas do

governo federal são debatidas nas universidades cuja temática é a formação

inadequada do professor. O periódico destaca a preocupação:

“A origem do fracasso e do insucesso escolar” De todos os fatores que influenciam a qualidade da escola, o professor é, sem dúvida, o mais importante. Por isso, a formação (inicial e continuada) faz tanta diferença – para o bem e para o mal. No Brasil, infelizmente, para o mal. Há um ano, NOVA ESCOLA publicou o resultado de uma pesquisa que mostrava que 64% dos educadores brasileiros avaliam o curso em que se graduaram como excelente ou muito bom, mas 49% dizem que esse mesmo curso não os preparou para a realidade da sala de aula. Ou seja, não é tão bom quanto deveria – afinal, a finalidade do trabalho docente é justamente ensinar. Para entender melhor essa questão, foi encomendada uma nova pesquisa, dessa vez à Fundação Carlos Chagas. A análise de 71 currículos de cursos oferecidos por instituições de ensino públicas e particulares de todo o Brasil aponta para um descompasso preocupante entre o que as faculdades de Pedagogia oferecem aos futuros professores e a realidade encontrada por eles nas escolas. (GURGEL, 2008).

O discurso do professor soa vazio, de acordo com o periódico, visto que a

prática não corresponde com a fala. A reportagem aborda o professor-leitor de uma

forma inédita, colocando sobre ele uma carga intensa de responsabilidades e ao

mesmo tempo o intima a rever a sua prática:

A fala dos educadores brasileiros nunca esteve tão afiada. Conceitos

importantes da Pedagogia e as práticas de sala de aula mais valorizadas hoje estão na ponta da língua e ajudam a definir o trabalho docente. Não é preciso estar entre grandes mestres para ouvir citações de Paulo Freire (1921-1997), como a importância de "focar a realidade do aluno" durante o planejamento, ou sobre o construtivismo – a necessidade de "levantar o conhecimento prévio" da turma.

No entanto, conforme a conversa avança, percebe-se que, na média, ela está calcada num discurso vazio (tal qual as palavras nos balões que ilustram esta reportagem). O resultado é a transformação de idéias consagradas – como formar cidadãos – em jargões que perderam o significado original. Esse conceito, difundido com a redemocratização do país, relacionava-se à necessidade de as pessoas terem um preparo que lhes permitisse atuar na sociedade – incluído aí saber ler e escrever e os demais conteúdos do currículo [...]

Diante disso, a proposta desta reportagem é contribuir para colocar um fim nesse blablablá da Educação, ajudando a deixar as frases-prontas de lado e a se aprofundar no verdadeiro significado das idéias por trás delas – a princípio, tão ricas. Selecionamos dez expressões populares no Magistério atualmente e mostramos de onde elas provêm, seu sentido original e como foram distorcidas (leia o destaque à direita e os demais nas próximas páginas). Essa leitura é apenas um ponto de partida para o desafio, que requer muito estudo. Mas o fim do discurso vazio certamente virá acompanhado de um impacto positivo na qualidade das aulas. (MOÇO; MAURO; VICHESSE, 2008, grifo nosso).

 

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As reportagens de capa colocam o professor-leitor num contexto de trabalho

onde a preparação se torna fundamental e aponta duas urgências: a formação e

através dela um ensino de qualidade e as mudanças necessárias para a sociedade.

Cabe ao professor preparar-se para a responsabilidade de formar pessoas aptas a

atuar na sociedade.

O discurso é direto: “a proposta desta reportagem é contribuir para colocar um

fim nesse blábláblá da Educação”, evidenciando que a revista acompanha fielmente

as propostas de mudanças e utiliza-se do discurso jornalístico, uma linguagem

persuasiva de intensa carga semântica para atingir o professo-leitor.

3.5 O Gênero Informativo: Entrevista

Os jornais e as revistas têm o defeito de atuar monocordicamente, reproduzindo quase de forma exclusiva o discurso do poder. A tradição elitista da nossa imprensa privilegia historicamente as fontes ligadas ao meio político, econômico ou cultural, transformando-as em interlocutores freqüentes dos repórteres que cultivam a entrevista como formato jornalístico. (MARQUES DE MELO, 2003a, p. 128).

De acordo com Marques de Melo (1994, p. 131), as entrevistas correspondem

a “um relato que privilegia um ou mais protagonistas do acontecer, possibilitando-

lhes um contato direto com a coletividade”. Disso deduzimos a especialidade do

periódico no tratamento com o público que representa: o professor-leitor.

As entrevistas pontuadas no período de 1998 a 2008 trazem para o leitor-

professor autoridades que fundamentam as reformas de ensino ou apresentam as

ideologias do governo federal em relação às medidas tomadas e propostas a serem

implantadas nas escolas públicas.

A estrutura apresentada nas entrevistas é permanente. Há explicações iniciais

sobre a seriedade e importância do entrevistado e em seguida, as questões são

cuidadosamente elaboradas, garantindo que o assunto possa ter os esclarecimentos

necessários. Segundo Marques de Melo (2003a, p. 129):

Dentre os formatos jornalísticos que integram o gênero informativo, no âmbito da mídia impressa, a entrevista é o único que reúne a um só tempo intenção dialógica e função mediadora.

 

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[...] Está justamente no diálogo com os protagonistas dos fatos (não apenas com as fontes) a singularidade da entrevista jornalística.

As entrevistas selecionadas do ano 2000 acompanham também as iniciativas

do governo federal e abordam as propostas, de forma que fica confirmado

legalmente o discurso político-pedagógico do periódico:

Primeiro, a reforma que altera a estrutura do currículo e fixa os Parâmetros Curriculares Nacionais. Segundo, a expansão do Ensino Médio. O governo federal quer ajudar os Estados com um projeto financiado pelo BID, pelo qual repassaremos recursos para investir em laboratórios, em bibliotecas, em computadores, equipando as escolas para atender essa demanda. Terceiro, a avaliação, feita pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Além disso, estamos também estudando algum mecanismo financeiro, semelhante ao Fundef, mas que está ainda numa etapa preliminar e seria restrito aos Estados de menor índice de desenvolvimento. (CASAGRANDE, 2000).

Junto aos discursos legais, o periódico leva o professor-leitor a conhecer os

autores que deram consistência às teorias, dente as quais se destacam:

Philippe Perrenoud< A abordagem por competências é uma maneira de levar a sério um problema antigo, o de transferir conhecimentos. Em geral, a escola se preocupa mais com ingredientes de certas competências e menos em colocá-las em sinergia nas situações complexas. Durante a escolaridade básica, aprende-se a ler, escrever, contar, mas também a raciocinar, explicar, resumir, observar, comparar, desenhar e dúzias de outras capacidades gerais. Assimilam-se conhecimentos disciplinares, como Matemática, História, Ciências, Geografia etc. Mas a escola não tem a preocupação de ligar esses recursos a situações da vida. Quando se pergunta por que se ensina isso ou aquilo, a justificativa é geralmente baseada nas exigências da seqüência do curso: ensina-se a contar para resolver problemas; aprende-se gramática para redigir um texto. Quando se faz referência à vida, apresenta-se um lado muito global: aprende-se para se tornar um cidadão, para se virar na vida, ter um bom trabalho, cuidar da saúde. A transferência e a mobilização das capacidades e dos conhecimentos não caem do céu. É preciso trabalhá-las e treiná-las, e isso exige tempo, etapas didáticas e situações apropriadas, que hoje não existem. (PERRENOUD, 2000).

Sara Paín< A única maneira de fazer o sistema escolar funcionar é graduar o que se ensina. Passo a passo. É a melhor forma de o professor avaliar seus alunos e saber se eles realmente aprenderam. A cada semana, a cada mês, é preciso saber quantos dominam tudo o que foi proposto, quantos avançaram 80%, quantos ainda estão em 30% ou 10%. Do contrário, nada funciona. Ao passar uma criança da 1a para a 2a série sem que ela domine os conceitos necessários, estamos promovendo um absurdo. Se essa criança só aprendeu 60% dos conteúdos, ela tem de começar o ano seguinte pelos 40% que ficaram faltando. Por isso, essa evolução tem de ser muito clara e transparente. Todas as escolas deveriam ter controles simples e objetivos da evolução de cada disciplina. Uma boa solução é definir metas (na forma de exercícios ou conceitos, tanto faz) e aplicá-las. Numa determinada série, o

 

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estudante precisa fazer sessenta exercícios, por exemplo. Se ele chegou até o 39, tem de começar o ano seguinte pelo de número 40, certo? É absurdo imaginar que ele possa começar pelo número 1 da próxima série sem ter aprendido dez, quinze ou vinte dos objetivos propostos para a série anterior. Na minha opinião, não se deve aprovar ou reprovar, mas dizer: tal aluno chegou até aqui. No ano seguinte, começa do próximo passo. Nunca como se todos os alunos fossem iguais. (PAIN, 2000).

As entrevistas com a psicolinguista argentina, Emília Ferreiro, garantem a

implantação do construtivismo e o desenvolvimento de outra prática de ensinar e

alfabetizar:

Emilia< Certa vez um editor brasileiro me acusou de estar arruinando o negócio de cartilhas, e parece que ele tinha razão. Se tenho mesmo relação com a queda na produção desses livros, estou muito orgulhosa. Eles eram de péssima qualidade, horríveis, assustadores. Eram pura bobagem. Apesar disso, há vinte anos parecia um sacrilégio, no Brasil, dizer que a família silábica não era a melhor maneira de trabalhar. Tenho a impressão de que isso mudou e de que esse é um caminho sem volta. Para ensinar a ler e escrever é necessário utilizar diferentes materiais. Um livro só não basta. É preciso utilizar livro, revista, jornal, calendário, agenda, caderno, um conjunto de superfícies sobre as quais se escreve. A maneira como um jornal é redigido não é a mesma que se encontra num livro de Geografia ou História. (FERREIRO, 2001).

A abordagem de Pedro Demo na entrevista realizada pelo periódico retrata

preocupação constante em estar sempre atualizada em relação às teorias

pedagógicas vigentes:

NOVA ESCOLA> Por que o senhor usa o termo reconstrutivismo, em vez do construtivismo proposto por Jean Piaget? Pedro Demo< Porque as pessoas sempre recriam algum conhecimento. Ele é criado sobre algo que já existe. Nós não podemos colocar o conhecimento dentro da cabeça do aluno, pois o processo informativo se dá de dentro para fora. O professor deveria ter, na verdade, uma função de motivação, de estímulo, de avaliação e de orientação. E, se estamos falando em reconstrutivismo, é preciso fazer uma crítica à aula que é meramente expositiva, que nada mais é que um café velho passado para a frente. (DEMO, 2001).

Ruben Alves participa da edição do ano de 2002 e destaca propostas que

intensificam a atuação do professor enquanto motivador para o aprendizado, cujas

práticas permitem ao aluno aprender de forma que o conteúdo seja significativo para

a vida:

Alves< Essa coisa que eu contei do sujeito que prestava atenção na lasca do prato e não no sabor da comida é verdade. Tem uma pessoa aqui em Campinas cujo esporte preferido é escrever longas cartas para os cronistas

 

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de jornal corrigindo os erros de português. Para mim, a questão da grafia certa ou errada é acidental. Penso como o Patativa do Assaré, que diz: "Eu acho melhor falar errado dizendo a coisa certa do que falar certo dizendo a coisa errada". A grande preocupação de quem educa deve ser o aluno, não a disciplina. E ele deve estar atento não às palavras, mas ao movimento do pensamento da criança. Mas esse negócio de prestar atenção no vôo do pensamento me leva a outra questão. Nossas autoridades educacionais acham que vão melhorar a qualidade do ensino com cursos de capacitação que, sistematicamente, dão mais conhecimento para os professores. O que é preciso mudar é a cabeça deles. Nietzsche, meu filósofo favorito, dizia que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. Ou seja, o educador é parte de uma tarefa mágica, capaz de encantar crianças e adolescentes, o que é bem diferente de simplesmente dar aula. Dar aula é só dar alguma coisa. Ensinar é muito mais fascinante. (ALVES, 2002).

Ainda em 2002, não se pode deixar de retratar a entrevista com Isabel

Alarcão, cuja fala a respeito do “professor reflexivo” é disseminada em todas as

escolas.Para a autora, a escola deve propiciar espaços que produzam o saber e o

aluno seja o aprendente. Cabe ao professor estar sempre em constante formação,

numa escola que incentive a reflexão e, segundo a autora, esses profissionais

devem “atuar enquanto estruturadores e animadores da aprendizagem”:

Dizer que o professor precisa refletir sobre seu trabalho não é mais novidade. É possível até afirmar que virou moda, como outras que volta e meia se espalham no meio educacional. Justamente por isso, um perigo, na opinião da educadora portuguesa Isabel Alarcão. Muito comentada mas pouco compreendida, essa idéia pode, segundo ela, se transformar num discurso vazio. "Ser reflexivo é muito mais do que descrever o que foi feito em sala de aula", alerta. O tema chama a atenção de Isabel desde o início da década de 1990, quando conheceu os estudos do americano Donald Schön. Ele defende que os profissionais façam o questionamento sobre situações práticas como base de sua formação. "Só assim nos tornamos capazes de enfrentar situações novas e de tomar decisões apropriadas." Doutora em Educação pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra, e vice-reitora da Universidade de Aveiro, em Portugal, ela se dedica à formação docente desde 1974. A seguir, os principais trechos da entrevista que concedeu a NOVA ESCOLA em São Paulo. NOVA ESCOLA> Quem é o professor reflexivo? Isabel Alarcão< É aquele que pensa no que faz, que é comprometido com a profissão e se sente autônomo, capaz de tomar decisões e ter opiniões. Ele é, sobretudo, uma pessoa que atende aos contextos em que trabalha, os interpreta e adapta a própria atuação a eles. Os contextos educacionais são extremamente complexos e não há um igual a outro. Eu posso ser obrigado a, numa mesma escola e até numa mesma turma, utilizar práticas diferentes de acordo com o grupo. Portanto, se eu não tiver capacidade de analisar, vou me tornar um tecnocrata. (ALARCÃO, 2002).

A questão da busca “da “autonomia” das escolas”, incentivada pela Lei de Diretrizes e Bases é tema para a entrevista com Educador argentino que fala sobre o papel cada vez maior da educação e as vantagens e desvantagens dessa nova dimensão:

 

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NE> No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases incentiva a autonomia de escolas e professores. Isso, no entanto, é pouco explorado. Nos outros países da América Latina dá-se o mesmo? Tedesco< Há uma tendência recente, em todos os países, de dar mais autonomia às escolas. Mas é um processo lento, pois implica mudanças profundas. O professor está acostumado a ter autonomia individual, que começa quando ele fecha a porta da sala. Lá dentro ele pode, inclusive, fazer o contrário do que propõem as leis educacionais. Essa cultura empobrece o profissionalismo porque privatiza a responsabilidade pelo resultado. Precisamos incentivar a autonomia institucional. É a escola que deve ser autônoma, não a sala de aula, para que a responsabilidade diante dos resultados seja coletiva. Só que isso é, no fundo, dar autoridade e cobrar responsabilidade pelos resultados. Exige, portanto, um trabalho de capacitação dos professores e formação de equipe, sob risco de resultar num salto no vazio. (TEDESCO, 2002).

O discurso referente a “sequências didáticas” que aparece a partir do final do

ano de 2002, vem destacado na revista através da entrevista com Bernard

Schneuwly:

Suas idéias sobre gêneros e tipos de discurso e linguagem oral estão nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Desde a década de 1980, o psicólogo de 49 anos, doutor em Ciências da Educação, pesquisa como a criança aprende a escrever. Os estudos resultaram na criação de seqüências didáticas para ensino de expressão escrita e oralidade. Os conceitos presentes nesse material didático se difundem aos poucos no Brasil. Schneuwly vem colaborando com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em trabalhos na área e pesquisadores da instituição estão publicando uma coleção com seqüências didáticas inspiradas no modelo suíço. A seguir, os principais trechos da entrevista que ele concedeu a NOVA ESCOLA. NOVA ESCOLA> O que seus estudos propõem de novo no ensino da língua? Bernard Schneuwly< Colocamos a questão da comunicação no centro do ensino da língua materna. Esta é a mudança mais significativa: dar às crianças mais possibilidades de ler, de escrever textos, de aprender gramática e ortografia em função da comunicação. NE> As aulas de gramática devem ser dadas em função dos textos? (SCHNEUWLY, 2002).

Edgar Morin, cuja teoria do pensamento complexo faz parte da nova

pedagogia multidisciplinar, é também convidado a colaborar com o professor-leitor

esclarecendo questões de efetivo interesse:

NOVA ESCOLA>O que é preciso mudar no ensino para que o nosso planeta, ou a nave, entre em órbita? <Um dos principais objetivos da educação é ensinar valores. E esses são incorporados pela criança desde muito cedo. É preciso mostrar a ela como compreender a si mesma para que possa compreender os outros e a humanidade em geral. Os jovens têm de conhecer as particularidades do ser humano e o papel dele na era planetária que vivemos. Por isso a educação ainda não está fazendo sua parte. O sistema educativo não incorpora essas discussões e, pior, fragmenta a realidade, simplifica o complexo, separa o que é inseparável, ignora a multiplicidade e a diversidade. NE>O senhor então é contra a divisão do saber em várias disciplinas? <As disciplinas como estão

 

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estruturadas só servem para isolar os objetos do seu meio e isolar partes de um todo. Eliminam a desordem e as contradições existentes, para dar uma falsa sensação de arrumação. A educação deveria romper com isso mostrando as correlações entre os saberes, a complexidade da vida e dos problemas que hoje existem. Caso contrário, será sempre ineficiente e insuficiente para os cidadãos do futuro. (MORIN, 2003).

A presença do poder público é freqüente na Nova Escola. A publicação das

ações do governo confirma as estratégias e destaca os programas e projetos

decorrentes. Em 2005, a presença do Ministro da Educação vem esclarecer dados

sobre a reforma universitária, que interessa aos professores já que precisa de

formação:

Há pouco mais de um ano à frente do Ministério da Educação (MEC), o advogado Tarso Genro participou no último mês de debates acirrados sobre o anteprojeto de Reforma Universitária e o Programa Universidade para Todos (sistema de cotas nas faculdades particulares). Apesar do espaço ocupado na mídia, ele garante que o Ensino Superior não terá mais atenção do que a Educação Básica: "Ela é estratégica e precisa de investimentos", afirma. Em sua opinião, um dos gargalos da educação é a baixa qualidade do ensino. Por isso, 2005 será dedicado a ações para resolver esse problema, começando pela formação de professores. (GENRO, 2005).

O uso dos resultados das avaliações externas, como indicadores para traçar

metas e melhorar o índice das escolas, está presente desde 2005 com a socióloga

Maria Helena Guimarães, que acredita na possibilidade de reverter o quadro da

situação da educação a partir desses estudos:

Maria Helena hoje é secretária do Bem-Estar Social do Estado de São

Paulo e membro do Programa de Reformas Educativas da América Latina (Preal) – grupo de educadores que tem o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento – onde acompanha as iniciativas para a melhoria da qualidade de ensino em diversos países. Nesta entrevista a ESCOLA, a socióloga indica como é possível usar os resultados das avaliações externas para melhorar a qualidade do ensino.

O fenômeno é recente e envolveu diversos fatores. Nos anos 1970 e 1980, os países desenvolvidos começaram o debate sobre o assunto. Nessa época, os Estados Unidos avaliaram o próprio sistema de ensino duas vezes e ficaram estarrecidos com os péssimos resultados. França e Inglaterra já realizavam suas avaliações, mas nunca houvera tanta repercussão. Os americanos constataram que, além de ruim, a escola reforçava as desigualdades sociais. O assunto foi amplamente debatido na imprensa internacional. Em 1987, o Instituto Internacional de Avaliação da Educação, com sede na Holanda, fez pesquisa em diversos países sobre qualidade de ensino, formação de professores e currículo. Esse foi o embrião do Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes], realizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Diversos governos começaram então a desenvolver o próprio sistema de avaliação. [...] Apesar dos resultados negativos das avaliações

 

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nacionais e internacionais, uma pesquisa recente do Inep mostra que os pais estão contentes com a escola pública. Isso é uma contradição? Não. Os pais estão contentes porque a escola melhorou de fato. Existem vagas para todos, diminuíram a repetência e o tempo médio que o aluno leva para terminar o Ensino Fundamental e o número de concluintes aumentou. Antigamente faltava merenda, material didático, transporte escolar... Mas, quando se leva em consideração o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, ainda temos muito chão para percorrer. Quais são os problemas que a educação brasileira ainda precisa resolver? Acho que existem dois grandes gargalos no sistema de ensino. Um é o turno escolar, pois ainda são poucas as redes com períodos de cinco horas. A maioria oferece três horas e meia ou quatro horas de aula por dia para poder atender em três ou quatro turnos. Outro problema é o absenteísmo do professor. As escolas não dão conta de manter substitutos em número suficiente para ficar no lugar dos que faltam. Ou seja, o aluno fica pouco tempo na escola e ainda corre o risco de não ter aula. O Estado de São Paulo criou uma política importante, que é dar incentivo financeiro para quem não faltar. É um prêmio pela dedicação e pelo compromisso. (GUIMARÃES, 2005).

As entrevistas utilizam-se de questões estruturadas para esclarecer e nortear

os professores em relação às mudanças políticas transcorridas na Educação. Por

isso, a cada nova proposta, constata-se a presença de personalidades que

elaboraram e participaram das formulações teóricas. Importante destacar que os

entrevistados permanecem no cenário por décadas, ocupando outros cargos de

destaque na Educação dos pais, como a Professora acima, Maria Helena Guimarães

que recentemente foi Secretária de Educação de São Paulo.

Délia Lerner, educadora argentina, também participa do debate junto ao

professor-leitor esclarecendo sobre a formação de leitores:

Por que tem sido tão difícil formar leitores na América Latina? DELIA LERNER A dificuldade não se limita a esta ou aquela região. Na América Latina, sobretudo nos setores mais pobres, a tarefa fica muito a cargo da escola, o que a torna mais complexa. Isso porque há muitas tensões vinculadas ao tempo disponível para ensinar e também ao entendimento sobre o que é formar leitores. Tradicionalmente as escolas consideram que o objeto de ensino não é leitura e escrita, mas a língua. Entre esses dois objetivos existem diferenças. Quando se concebe que o tema é a língua, os conteúdos prioritários são os descritivos, principalmente a gramática e a ortografia. Mas, se o objeto fundamental são as práticas de leitura e escrita, a língua passa a ser incluída num assunto maior, em que não é tão fácil determinar a ordem dos conteúdos, como ocorre com a gramática. O processo de formação de leitores deve começar com a alfabetização? DELIA As duas coisas não se distinguem. A participação na cultura escrita deveria começar muito antes de concluída a aprendizagem da própria escrita. As crianças cujos pais lêem histórias para elas ou que presenciam comentários sobre notícias de jornal estão aprendendo muito sobre linguagem escrita. Para isso não faz falta saber ler e escrever no sentido convencional. Ao adotar uma perspectiva global, o conhecimento se aprofunda. (LERNER, 2006).

 

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Há dentre os citados, psicólogos, sociólogos, conhecidos autores que

participam teoricamente da formulação conteudística das mudanças que ocorrem e

que ainda fazem parte da bibliografia utilizada pelos professores, tanto nas escolas

do ensino fundamental e médio, quanto nas universidades.

Algumas questões que provocaram desconforto junto aos professores durante

a implantação, como a questão dos ciclos também são abordadas de uma maneira

bem didática, e servem para que a aceitação venha a se concretizar.

Em maio de 2007, novas medidas e nova participação do Ministro da

Educação nas páginas das entrevistas. A medida envolve diretamente a carreira do

professor, não poderia deixar de ser publicada:

Em entrevista exclusiva, o ministro diz que o PDE é o primeiro plano que leva em conta a questão da qualidade e defende a valorização dos professores (com mais formação e melhores salários) como única forma de garantir um ensino decente para todos. Sua decisão de soltar os detalhes do pacote pouco a pouco está ajudando a fazer com que todos se familiarizem com o projeto, entendam o tamanho do buraco em que nossa Educação está enfiada e se preparem para cobrar resultados. Até porque as metas definidas pelo Ministério da Educação (MEC) são ousadas (leia mais na reportagem da pág. 26): da criação do piso salarial para o magistério a investimentos pesados em formação (parceria da Universidade Aberta do Brasil com instituições de ensino superior), todas as grandes questões estão contempladas. “E a grande vantagem é que estamos propondo poucas mudanças na legislação”, afirma Haddad. “O que realmente importa é fazer valer as leis que já existem e valorizara profissão docente.”

Qual sua opinião sobre a formação de professores? HADDAD Não sou especialista em currículo, mas o grande avanço teórico que tivemos com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) não serviu de nada diante do desastre que veio depois: o que era para ser uma diretriz geral do MEC virou conteúdo dos cursos de formação. Conclusão: um terço do Magistério hoje em serviço foi formado na generalidade teórica dos PCNs e não aprendeu a alfabetizar, a promover o letramento, a ensinar Matemática. É hora de revisá-los – até porque o mundo mudou e a Educação Básica em outras necessidades. É preciso ensinar ao professor o que ensinar e como ensinar. (HADDAD, 2007).

O periódico do ano de 2008, é fundamentalmente um acordar para a situação

da Educação Brasileira. As entrevistas traçam um quadro de preocupação e de

medidas atendendo à especificidade de cada região. Observa-se abertura para os

problemas e ao mesmo tempo uma chamada para que metas sejam cumpridas. O

discurso parte da constatação do quadro geral da Educação para a dedução em

relação ao país- Brasil.

No quadro geral da América Latina, qual é a situação do Brasil? ANA LUIZA Até agora, temos resultados concretos de três frentes. Em relação à

 

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universalização do Ensino fundamental, Argentina, Cuba, Equador, México, Panamá e Peru já alcançaram plenamente aumenta. O Brasil tem alta probabilidade de conseguir isso até 2015, ao lado de Bolívia, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Nicarágua e Venezuela. Já no tocante à alfabetização de adultos, o quadro é mais dramático: estamos na categoria dos que correm o risco de não atingir a meta. Até agora, só Argentina e Cuba conseguiram tal êxito. O mesmo tipo de ameaça aparece no quesito igualdade de sexos no ensino Fundamental e Médio. Só Bolívia, Chile, Equador, Paraguai e Peru têm meninos e meninas em condições de Paridade nas escolas. Portanto, o Brasil ocupa, de forma geral, a categoria intermediária dos países que vêm cumprindo os acordos. O desafio agora é atingir a paridade entre os sexos e combater o analfabetismo de adultos para entrar em 2015 com a lição feita. (ROCHA, 2004, grifo nosso).

Outra participação do Ministro Fernando Haddad encerra o ano de 2008 e

nela afirma que a formação docente é prioridade para o Ministério da Educação -

MEC. A questão da formação do professor, iniciada pela LDB em 96, destaca-se

como prerrogativa para exibir Educação com qualidade nos futuro.

Já destacamos que a estrutura das entrevistas visa antecipar uma série de

informações e, de uma forma incisiva, faz do leitor um professor mais cônscio de seu

papel no cenário educacional. Agora, os dados alarmantes das avaliações externas

indicam o comprometimento do trabalho do professor enquanto fator relevante para

explicar a situação insatisfatória da Educação nacional:

“Dar aula não é nada simples. Talvez seja a atividade mais sofisticada que a espécie humana já concebeu". A afirmação, do ministro Fernando Haddad, justifica a ênfase que o Ministério da Educação (MEC) está dando à formação de professores do Ensino Fundamental. Dos 10 bilhões de reais a mais que o MEC terá no orçamento de 2009 (na comparação com o deste ano), essa será uma área de destaque em investimento. E os cursos de Pedagogia e o Normal Superior foram considerados – ao lado dos de Medicina e Direito – prioritários numa lista de avaliações nacionais de faculdades e universidades. (PELLEGRINE, 2008).

De qualquer forma, a indicação do professor para aprimoramento de suas

práticas requer também uma revisão das condições de trabalho e de material

adequado para que as mudanças ocorram. Há uma série de elementos que

interferem na qualidade de ensino, a ação do professor nos parece ser

conseqüência das anteriores, e não a causa. Há uma conjuntura político-ideológica

que pensa e faz a Educação acontecer, e que também constrói o perfil do professor

para atender a cada mudança desejada.As entrevistas funcionam como documentos

legais, assinados por pessoas que participam do conjunto de pensadores da

Educação pública, atestando a veracidade das ideologias e temas propagados.

 

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3.6 Gênero Opinativo: Carta/Editorial

O Gênero opinativo constitui a expressão da participação de uma equipe

maior que apenas a da empresa produtiva. Além dela, outros elementos se fazem

bem presentes e acomodam-se como as opiniões de parceiros, que cobram a

propagação de idéias e propostas inovadoras junto ao público segmentado. Não se

trata de uma mensagem monolítica, mas de uma produção complexa e sem que

haja a possibilidade de controle total do que se vai divulgar:

A manifestação de opinião no jornalismo contemporâneo não é um fenômeno monolítico. Por mais que a instituição tenha uma orientação definida (posição ideológica ou linha política), em torno da qual pretende que suas mensagens sejam estruturadas, subsiste sempre uma diferenciação opinativa (no sentido de atribuir valor aos acontecimentos). (MELO, 1994, p. 92).

No jornalismo contemporâneo a questão das mensagens jornalísticas

encontra-se também vinculadas a uma realidade captada e condicionada à

perspectiva de diferentes núcleos emissores, pois refletem o dinamismo da

sociedade, inserida em uma conjuntura política nacional.

Assim, a opinião sobre a Educação expressa numa revista é um resultado de

contratos, pois resulta da expressão da empresa que, por sua vez, se relaciona com

órgãos governamentais federais e estaduais, seja através da publicação de

documentos legais ou através dos ideais que implicitamente se encontram

divulgados nas entrelinhas das propostas e práticas exaltadas.

Neste sentido, a revista Nova Escola difunde opiniões aprovadas que

encerram a identidade da empresa e que, somada à identidade do leitor e dos

órgãos governamentais, constitui-se como reprodutora de opiniões selecionadas e

representativas de uma classe social politicamente polida: o professor-leitor. Além

disso, o resultado dessa seleção também apresenta a “ótica através da qual a

empresa jornalística vê o mundo” e, portanto, uma visão convincente de um assunto

sob o prisma da classe a que representa. Isso implica na escolha do que publicar e

no destaque do que se quer fazer com a publicação de cada texto. Trata-se de uma

escolha que atende a um contexto e não necessariamente a uma redação

profissional, daí poder ser de autoria não apenas de jornalistas.

 

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Assim, no jornalismo opinativo há prévia seleção, ou categorização das

mensagens a serem emitidas, tornando-se resultado da expressão que possa

atender a um público e contexto específico:

Todavia a expressão da opinião, não tomada naquele sentido de categorização das mensagens que pretendem explicitamente atribuir aos fatos, mas compreendida como mecanismo de direcionamento ideológico, corporifica-se nos processos jornalísticos através da seleção das incidências observadas no organismo social e que atendem às características de atual e de novo*. Materializa-se através da filtragem que sofrem no processo de difusão, seja através da omissão, seja através da projeção ou redução que experimentam na emissão. (MELO, 1994, p. 69).

Diante disso, vale também destacar a fala de Beltrão (1982) em relação ao

público como “agente ativo” na produção jornalística, o que lhe confere o caráter

determinante na produção dos discursos e de seleção da pauta.

Lembrando que, segundo Bakhtin (2002a), todo discurso se constitui

dialogicamente, observamos que, especialmente no gênero opinativo, a interação

entre leitor e autor se faz de uma forma bastante sutil. Assim é frequente encontrar

uma permanente chamada do periódico para o público a que se destina, numa

relação dialógica entre os sujeitos:

Quer saber por que tanta felicidade na foto aí de cima? Eles respondem

em coro: "Porque NOVA ESCOLA vai além de um simples trabalho, ela nos dá a chance de ajudar pessoas a compreender e resolver uma questão social fundamental no Brasil, que é a educação". (GROSSI, 2000d).

Considerando o aspecto jornalístico do discurso opinativo, os textos que

aparecem na seção Carta ao Leitor, Caro Professor e Caro Educador são exemplos

de discursos em que a familiaridade comunicativa e uma natural empatia entre

emissor e receptor, promovem convencimento e comoção junto à classe que

representa. Assim define José Marques de Melo (1994) sobre os vínculos existentes

entre discursos e direção ideológica presentes nas mensagens jornalísticas:

Entendemos que os meios de comunicação coletiva, através dos quais as mensagens jornalísticas penetram na sociedade, bem como os demais meios de reprodução simbólica, são “aparatos ideológicos”, funcionando se não monologicamente atrelados ao Estado, como se dá a entender Althusser, pelo menos atuando como uma “indústria da consciência”, de acordo com a perspectiva que lhe atribui Enzensberger, influenciando pessoas, comovendo grupos, mobilizando comunidades, dentro das contradições que marcam as sociedades. São, portanto, veículos que se

 

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movem na direção que lhes é dada pelas forças sociais que os controlam e que refletem também as contradições inerentes às estruturas societárias em que existem. (MARQUES DE MELO, 1994, p. 67).

O gênero opinativo difunde uma ideologia através da “seleção de incidências

observadas no organismo social e que atendem às características de atual e de

novo” (MARQUES DE MELO, 1994, p. 69). Nesse aspecto, o editorial acaba sendo

um exemplo de texto que se ocupa desta seleção, divulgando a opinião da

instituição a que representa e, no caso de revistas, intenciona propagar formas

estruturadas de fazer a Educação, por meio das palavras do editor.

Nova Escola, a linha editorial acompanha duas instiuições: as intenções da

revista e da política vigente e orientadora das práticas educacionais. As orientações

presentes mostram as tendências político-pedagógicas para o professor-leitor, busca

dividir preocupações, refletir sobre as atuais necessidades e realizações, incentivar

práticas e engrandecer as medidas educacionais tomadas pelo governo.O efeito é a

busca da parceria, da interação, da cumplicidade entre os envolvidos. Nesse

sentido, afirma Bakthtin (1992a, p. 301):

O querer-dizer do locutor se realiza de tudo na escolha de um gênero discursivo.Essa escolha é determnda em função da especificidade de uma dada esfera de comunicação verbal, das necessidades de uma temática (do objeto de sentido), do conjunto dos parceiros, etc. [...]

Desse modo, podemos constatar que a forma de interação estabelecida no

gênero opinativo da Nova Escola faz com que o leitor se aproprie e internalize um

discurso representativo de sua classe e da própria identidade dela, junto a um

contexto que a constitui. A partir dos conceitos e sugestões propagadas, cabe aos

professores atenderem em discursos estabelecidos.

Atentando para as publicações da Nova Escola, partimos dos primeiros textos

editorias intitulados de Carta ao Leitor, que possuem uma estrutura equivalente a

aquilo que tão bem define Marques de Melo (2006);

O editorial tem uma singularidade. Estruturalmente, reproduz o modelo universal do discurso aristotélico: funcionalmente, orienta-se não como bússola da opinião pública e sim como conversação (ora matreira, ora ostensivamente ameaçadora) com os donos do poder. (MARQUES DE MELO, 2006, p. 70-71).

 

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Assim sendo, o editorial afigura-se como um espaço de contradições. Seu discurso constitui uma teia de articulações políticas e por isso representa um exercício permanente de equilíbrio semântico. Sua vocação é a de conciliar os diferentes interesses que perpassam sua operação cotidiana. (MARQUES DE MELO, 1994, p. 96).

Na Nova Escola há uma simbiose, ou seja, identificação, entre Editorial e

Carta, pois além de ocuparem o mesmo espaço, mesclam características dos dois

gêneros:

Finalmente, a carta tem adquirido matrizes que reproduzem um certo ar de malandragem espraiado na conduta da nossa gente. Trata-se de algo que possui dupla face: do lado do leitor, a tentativa do anonimato; do lado do editor, a sutileza de por na boca do cidadão comum as críticas ou denúncias que, por conveniência, não estão nas páginas da reportagem. (MARQUES DE MELO, 2006, p. 71).

Isto colocado, abordaremos as especificidades encontradas nesses gêneros

que são publicados no espaço do Editorial, trazendo consigo seu gérmen político e

reflexivo; ao mesmo tempo que se intitula ora de Carta ao Professor, ora de Caro

Professor ou Caro Educador, trazendo também críticas ou sugestões de conduta

para o leitor. No ano de 1988, os editoriais aparecem com o título Carta ao Professor,

trazendo novidades, e prescreve medidas para atingir um maior número de

professores, bem como, faz propaganda da nova edição que seria acompanhada de

material para utilização em sala de aula:

• A primeira, que você já percebeu, é que a partir de agora a revista

passará a circular também nos meses de fevereiro – teremos dez edições anuais em vez de nove –, só deixando de circular nos meses de férias, janeiro e julho.

• A segunda é que todos os 612000 exemplares desta edição estão sendo distribuídos gratuitamente aos nossos 150000 assinantes, a 145000 professores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste (que já recebem regularmente Nova Escola do FNDE) e a mais 317000 professores de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal.

• A terceira é que as novas assinaturas e as renovações de assinaturas de Nova Escola, que até aqui custavam 3,50 reais por exemplar, passarão a ser oferecidas por um preço muito menor, abaixo do custo: 10 reais por ano, ou seja, 1 real por exemplar!

• Mais: a partir deste mês, todas as edições de Nova Escola serão acompanhadas de material para utilização em sala de aula. Estamos inaugurando a série com um pôster sobre a vegetação brasileira. (MELLO; FIORE, 1998b).

 

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Iniciava um período de importantes medidas para cumprir as iniciativas da

Fundação Victor Civita: missão determinada por Victor Civita (1907-1990) ao criar a

Fundação que leva o seu nome: colaborar para o aperfeiçoamento dos professores

do ensino fundamental deste país. O compromisso da Fundação combina, como

veremos, com as iniciativas do Governo Federal, no que diz respeito a novas

propostas e encaminhamentos. O discurso é realista e buscam aprimorar a

qualidade de educação, expondo ao professor-leitor os problemas vivenciados;

sugerindo ações, metodologias e conteúdos.

Das práticas sugeridas, a maioria atende as indicações dos Parâmetros

Curriculares Nacionais - PCNs que, de acordo com as recomendações do Governo

Federal e MEC devem ser amplamente seguidos para a melhor qualidade do ensino

público. Os editoriais Carta ao Professor proclamam e sugerem a revista como

material apropriado, de qualidade, para que se efetuem as metodologias e

conteúdos indicados pelas reformas educacionais:

Sem esse reajuste, logo seríamos obrigados a cortar nossos gastos na

própria carne: teríamos de usar um papel de qualidade inferior na impressão da revista; reproduzir uma quantidade menor de fotos e ilustrações ou abdicar da edição de suplementos, como o resumo dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que acompanham gratuitamente cada número. Não queremos abrir mão de nem um milésimo da excelência do conteúdo que oferecemos aos nossos leitores! A revista Nova Escola sempre valerá muito mais do que você desembolsa por ela.

Registre-se ainda que não se encontra, no Brasil e por esse preço, uma revista de qualidade como a que levamos mensalmente aos professores. Qualidade essa que assegura o compromisso do fundador da Abril e da Nova Escola, Victor Civita: colaborar para o aperfeiçoamento dos professores do Ensino Fundamental deste país. E nós acrescentaríamos: pelo menor preço possível! (MELLO; FIORE, 1998a).

O início do ano 1999, a revista coloca-se ao lado dos novos conhecimentos

científicos e para divulgação junto à classe dos professores. O período traz

propostas para a atualização do professor e críticas sobre a um ensino que não

considere as informações verdadeiramente científicas, adepta a modismos e

especulações. O editorial Carta ao Professor quer traduz o compromisso com a

Educação e atualização do professor-leitor:

Por sua natureza, a atividade do educador exige cautela ao incorporar

como verdade as descobertas anunciadas por especialistas. É bom que seja assim. Modismos e especulações não provocam qualquer mal quando vistos em publicações sensacionalistas ou nos programas domingueiros de

 

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TV. São, no entanto, nocivos se entram na sala de aula sem passar pelo crivo rigoroso da Ciência.

Já se sabe, por exemplo, que a ocupação do continente se deu há muito mais tempo do que se imaginava e que nas margens do Rio Amazonas já se fabricava uma sofisticada cerâmica há 7500 anos. São avanços do conhecimento que ainda não se popularizaram, mas, por terem o carimbo abonador da Ciência, podem ser repassadas aos seus alunos.

Este é, tenho certeza, um dos principais compromissos da equipe de Nova Escola com seus leitores: mantê-los atualizados com o que de mais relevante é produzido pelos pesquisadores. Nesta edição, você encontrará também um questionário, que pedimos para ser respondido com toda a franqueza: queremos conhecer sua opinião sobre a nossa revista. Só assim poderemos fazê-la cada vez melhor, adequada às suas necessidades. (FIORE, 1999).

Neste ano de 1999, já são introduzidas algumas questões como a

necessidade de preparar aulas e do professor planejar atividades. O discurso se

pauta dessa necessidade e, para tanto, o editorial menciona a importância desse

detalhe de que se valem as demais profissões no seu cotidiano:

O que se propõe é uma reflexão sobre sua rotina de trabalho. O jornalista tem chance de rever seu erro na edição seguinte. Um advogado sempre pode apelar de uma sentença desfavorável. Mas os professores correm mais riscos: a chance de usufruir um daqueles momentos mágicos em que os alunos abrem os olhos e o coração para o aprendizado pode não se repetir. (MOURÃO, 1999).

A partir do ano de 2000, o editorial Caro Professor expõe os objetivos e a

missão da revista em relação aos leitores. O discurso ainda é realista no sentido de

refletir sobre o sistema educacional vigente e resultados conseguidos:

Mostrar a realidade da educação no Brasil e no mundo. Essa é uma das

missões de Nova Escola. Por isso, estamos sempre atentos às novidades, tanto no campo das pesquisas e descobertas pedagógicas quanto no que diz respeito a experiências bem-sucedidas. (GROSSI, 2000e).

Porém, estamos longe, muito longe, de sonhar com um sistema educacional verdadeiramente democrático e com indicadores dos quais possamos nos orgulhar sem ressalvas. Ajudar os professores a compreender esses processos e tentar envolvê-los com a necessidade de liderar as mudanças necessárias é uma das tarefas de Nova Escola. Espero que essas duas reportagens, que começam respectivamente nas páginas 12 e 22, cumpram com essa missão. (GROSSI, 2000c).

Os editoriais dos anos de 2000 a 2005 ainda se ocupam desses aspectos:

introduzir amigavelmente e sutilmente as novas propostas educacionais do país, de

forma a antecipar ou confirmar programas e projetos. Trazem práticas “corretas”

 

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para os docentes aplicarem em sala de aula e buscam as parecerias com as

empresas para subsidiar os investimentos, seria uma nova alternativa de ensino

público. Observe que o discurso apresenta análise crítica da situação, porém o

tratamento dado é de que a educação precisa de parcerias:

O ensino brasileiro está no caminho certo? Existe uma onda de valorização do professor e da escola? A educação está na moda? Foi a partir dessas perguntas que o redator-chefe de Nova Escola, Ferdinando Casagrande, coordenou a reportagem de capa desta edição. Nos 27 Estados repórteres e fotógrafos confrontaram os dados e as avaliações oficiais com a realidade. Qual é a resposta? Temos um rumo definido e ele está, em linhas gerais, bastante correto. Mas ainda falta muito a trilhar para que possamos nos orgulhar de nossos resultados. Como avançar? Aqui parece estar a chave para o sucesso: com a ajuda da sociedade. Os números mostram que tanto empresas quanto a imprensa estão cada vez mais interessadas nas questões educacionais. E talvez esse seja o melhor indicador de que temos futuro. (GROSSI, 2000c).

Nos editoriais desse período, há uma síntese do conteúdo da revista, uma

chamada para a leitura através da exposição dos assuntos, da relevância de cada

um e da utilidade do material para o exercício da profissão:

Neste mês do professor, você tem nas mãos (e aqui no site) uma NOVA

ESCOLA muito especial. A começar (no caso da revista) pelo número de páginas: 84. São quase 53 de material editorial e mais de 31 de publicidade prova de que aumenta o interesse das empresas e da sociedade pela educação e de que fazemos uma revista atraente para leitores e anunciantes.

Especialíssimas também são as reportagens que recheiam tantas páginas. De cara, uma saborosa entrevista com o sociólogo italiano Domenico De Masi. Em seguida, um ensaio fotográfico com imagens de mestres e alunos feitas por craques das lentes, como Sebastião Salgado e Pedro Martinelli (*). No Caderno de Atividades, sugestões para comemorar o Dia do Professor e, na seção "Era uma vez" um belíssimo texto de Tatiana Belinsky (*) em homenagem à "mais nobre e fundamental das profissões". A celebração continua com os finalistas do Prêmio Victor Civita 2000. São 27 professores nota 10 que concorrem à maior premiação do Brasil nessa área. A festa, marcada para 10 de outubro, será exibida pela TV Cultura e pelas emissoras educativas no dia 14 à noite. Não perca! (GROSSI, 2000a).

Tudo é compartilhado com o professor-leitor, inclusive as mudanças da

edição da revista são comentadas e antecipadas pelo editorial, tornando familiar as

iniciativas e justificando ao professor-leitor opões da editora:

Desde o início do ano, NOVA ESCOLA vem passando por uma série de

mudanças, tanto de conteúdo como de visual. No que diz respeito ao texto, o passo-a-passo e as dicas simples foram substituídos por elementos que

 

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fazem você encontrar a melhor forma de adaptar conceitos e sugestões de atividades à sua realidade local e às necessidades dos alunos. [...]

Mas é no visual que as mudanças se apresentam claras, evidentes, surpreendentes. Muitas das fotos cresceram em tamanho e impacto. As ilustrações estão mais informativas.

Os recursos de computação gráfica se tornaram corriqueiros. (GROSSI, 2000 d).

Como todas as seções da revista, o editorial também se ocupa de difundir a

legislação, as implicações pedagógicas decorrentes e preparar o leitor-professor

para uma atuação equivalente às novas propostas educacionais. Serve-se das

frases interrogativas, como um mecanismo de aproximação junto ao leitor, como um

confessionário onde leitor e editor dividem as preocupações:

Você se sente preparado para ensinar? Nunca essa pergunta foi tão pertinente como agora. Depois das ações e investimentos para colocar mais crianças nas escolas, definir mecanismos de avaliação desses alunos e aperfeiçoar o controle sobre a qualidade do livro didático, chegou a vez do professor. O tema da hora é a formação. Como melhorá-la, que diretrizes aprovar para adaptar os cursos normais e as licenciaturas à realidade atual, os caminhos para garantir que todos aprofundem seus conhecimentos – e os futuros profissionais possam fazer faculdades sintonizadas com o que se espera da educação neste novo século.

Esse é o assunto da reportagem de capa desta edição, produzida pela repórter Priscila Ramalho. Nesta mesma edição, você encontra histórias de gente que não poupa esforços para se capacitar, as mudanças na legislação e as expectativas que a sociedade tem em relação ao educador. Como diz o especialista português Antonio Nóvoa na seção Fala Mestre!, é preciso aprender para ensinar. Sempre. (GROSSI, 2001).

Os nomes citados nos textos pedagógicos que fundamentam as novas

práticas são lembrados nos editorias, o que reforça a defesa de que no periódico

todos os textos participam dos mesmos propósitos:

Em nossas páginas, além de sutis e eficientes melhoras no visual, coordenadas pela diretora de arte Tatiana Cardeal (dê uma olhada nas seções Sala dos professores e Navegar é preciso e na matéria sobre Lininalva Queiroz, a grande vencedora do Prêmio Victor Civita), a boa nova é a estréia da coluna A escola como ela é. Julio Groppa Aquino, autor de dez livros e professor de Psicologia da Educação na Universidade de São Paulo, chega para expor e debater questões típicas do cotidiano escolar. "Quero cutucar meus colegas, levantar polêmicas", promete aos que ainda não tiveram o prazer de ler seus textos, assistir a suas palestras ou simplesmente bater um bom papo. (GROSSI, 2002f).

Em janeiro de 2003, de uma forma direta o periódico expõe aos leitores-

professores a parceria confirmada junto às políticas públicas. Diz acompanhar as

 

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mudanças e a necessidade das adequações às novas propostas educacionais. O

discurso ainda é de compartilhamento, mas o termo prática já é introduzido com

destaque:

Acompanhando a evolução do pensamento educacional, resolvemos acabar com o Caderno de atividades separado do restante da revista. O termo atividade foi substituído por prática e esta se transformou numa espécie de tema transversal em nossas páginas. Ou seja, prática e teoria estarão sempre juntas e presentes em todas as reportagens. (MELLO, 2003a).

A edição de setembro de 2003 fortalece os vínculos com o leitor, diz buscar

sintonias ainda maiores junto ao seu público:

Cada vez mais perto de você. Fazer revistas é um grande barato. Entrevistar pessoas, observar sua realidade, conhecer histórias – e contar tudo na forma de textos, fotos e ilustrações. Sim, essa é a melhor parte. Saber que existe alguém que espera todo mês pelas novidades – e lê o que é produzido na redação. Para descobrir se estamos no caminho certo, só há um caminho: ouvir você, leitor, compreender o que tem a dizer – e o que quer encontrar em nossas páginas.

Para aperfeiçoar essa percepção, desde março nos reunimos mensalmente com um grupo de professores em São Paulo. Conversando com eles, enxergamos melhor como é o cotidiano desses profissionais e quais são seus anseios. Em julho fizemos uma pesquisa com assinantes de sete capitais, em todas as regiões do país, sobre hábitos e valores de quem vive o dia-a-dia da escola. (GROSSI, 2003).

O editorial também é o espaço para enaltecer o trabalho do professor, traduzir o

carinho especial que o periódico lhe reserva, uma importante medida de cumplicidade:

Para nós é uma grande emoção testemunhar esse momento. Temos certeza de que essa volta à escola será um grande fator de melhoria da qualidade da educação no Brasil. E, como torcemos tanto por isso ah, como torcemos!, só nos resta dizer uma frase simples, banal, mas que adquire grande significado quando sai do fundo do coração: obrigada, professor! Em nome do Brasil e de todos os brasileiros, obrigada. E parabéns por este mês de outubro dedicado a você. (MELLO, 2003b).

Em algumas edições, o periódico se mostra com editorial poético, voltado a

interagir afetuosamente com o leitor-professor, cuidados especiais da revista com o

seu público. Não tem correspondência total com os editoriais dos jornais, pois, como

comenta Marques de Melo:

Nas revistas, o editorial aparece com mais freqüência nos periódicos culturais ou políticos, pois as revistas de informação geral recorrem às

 

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“cartas dos editores”, mais próximos daquilo que poderíamos chamar de merchandising jornalístico do que de expressões opinativas. (MARQUES DE MELO, 1994, p. 104).

Assim, encontramos textos quase que poéticos, com intenção de tão somente

interagir e conquistar o professor-leitor. Na verdade, trata-se de um momento de

lazer ou um hobby a leitura do período, além do muito que aprende, renovando seus

conhecimentos e\ou suas atividades:

Não importa para onde você vá, viajar é sempre um aprendizado. Eu

acho. Quando a gente viaja, tudo é novo: o lugar, a luz, o cheiro, o jeito de falar das pessoas, a comida... É como redescobrir o mundo, um mundo diferente do nosso, onde até o andar das pessoas na rua traz uma nova informação. E quem vive de ensinar sabe o que isso representa. É caro? Nem sempre. O que importa é que o destino escolhido tenha algo especial para oferecer. Aliás, foi essa a nossa intenção quando pedimos a alguns consultores para indicar seis lugares do Brasil onde as artes, a história, a natureza e a própria cultura merecessem ser vistas de perto e fossem, além de atraentes, capazes de enriquecer a sua bagagem cultural. O resultado está na matéria "Férias! Para ver, passear e aprender".

Dê um mergulho, ou faça um vôo rasante por lá, e divirta-se. Mesmo que não tenha condições de sair este fim de ano, só a leitura já será uma viagem. E, do jeito como o tempo voa, logo as próximas férias estarão aí. Ah, e um bom fim de ano para você! (NOGUEIRA, 2003).

A partir de 2004, os editoriais procuram estabelecer linhas comparativas e

introduzir conceitos de cidadania, tecendo uma esfera democrática de participação

social:

Sua revista deste mês está cheia de história. A história do tempo de Cabral – retratada no quadro A Primeira Missa, de Victor Meirelles – e a história de 20 anos atrás, quando os brasileiros saíram às ruas clamando pelas diretas já. A primeira foi "escrita" em uma imagem e, apesar de ser a mais popular das telas históricas brasileiras, não pode ser chamada de retrato fiel da realidade. Victor nasceu 300 anos depois da Primeira Missa e criou as personagens e a paisagem do quadro seguindo as descrições da carta de Caminha. Mas o pintor tem o grande mérito de ter introduzido a pintura histórica na educação e na criação da consciência nacional. Já a história recente, das diretas já, foi escrita por um povo, com gente de todas as tendências unida em torno do inimigo comum – a ditadura – e não pode ser mais verdadeira. Tanto que até hoje é sentida na pele e nos ouvidos de quem estava lá, no Brasil de 1984. Sua importância? Trazer de volta para nossas mãos a única arma válida para a defesa de uma democracia: o voto. (NOGUEIIRA, 2004).

Guiomar Namo de Mello (2005a) reforça a necessidade do professor adequar

sua prática às demandas da informação e do conhecimento exigidos pelo novo

contexto social:

 

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As sociedades contemporâneas estão tornando a informação acessível a um número cada vez maior de pessoas. A expressão mais avançada desse processo é a internet. Essa tecnologia está provocando uma mudança de paradigma na produção e na divulgação do conhecimento: ele não será mais monopólio das instituições tradicionalmente depositárias.

Nesse contexto, vale a pena pensar no novo papel do professor e da escola, que não são mais as únicas fontes de informação dos jovens. O educador assume agora a função de conectar os conteúdos curriculares com conhecimentos que vêm de fora da escola e de ajudar os alunos a relacionar o aprendizado com o mundo.

Não conseguindo transmitir informações com a mesma velocidade e atratividade da TV ou da internet, a escola deve dedicar-se à função mais nobre de construir um quadro de referência dos saberes científicos, culturais e éticos, dando sentido ao conhecimento e levando-o para a prática. Mestres como John Dewey (1859-1952), Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky (1896-1934) e Célestin Freinet (1896-1966) propuseram isso. Antes deles, Sócrates (469-399 a.C.) já relacionava o saber com a virtude. Talvez a tecnologia da informação possa contribuir para tornar reais utopias pedagógicas tão antigas. [...]

E afinal, não são esses os objetivos que a educação escolar persegue desde Sócrates? A tecnologia da informação pode ser um recurso para atingir essa finalidade tão antiga quanto o mestre de Platão ou mais um instrumento de burocratização e enrijecimento da prática escolar. Depende de nós e de nosso compromisso com a aprendizagem de nossos alunos. (MELLO, 2005a).

O ano de 2006 informa as temáticas das próximas edições, colocando o

professor-leitor ciente das publicações e prevendo, assim, a freqüência da leitura:

NOVA ESCOLA deste mês chega em dose dupla. Além da edição que você tem em mãos, já está nas bancas de todo o país o especial Educação Infantil. Coordenado pela repórter Cristiane Marangon e pela editora de arte Manuela Novais, ele traz mais de 90 sugestões de atividades para desenvolver com crianças de até 5 anos – um material riquíssimo para ser usado não apenas por professores de creches e pré-escolas mas também por todos os que têm filhos nessa faixa etária. Na edição do mês, a reportagem de capa é sobre um tema sempre muito pedido por nossos leitores: educação sexual. A editora Paola Gentile conversou com alguns dos principais especialistas e consultores sobre o tema e revela as melhores maneiras de lidar com essa questão em casa e na escola. Mas tem muito mais: sugestões de atividades de sala de aula de Matemática, Língua Portuguesa, Ciências, Geografia, História, Educação Física e Educação Infantil; novas dicas para você se preparar para o Prêmio Victor Civita – Educador Nota 10; teste para avaliar se os alunos estão enxergando bem; e um dominó de bichos para brincar com as crianças. (GROSSI, 2006c).

Em março de 2006, o editorial muda o título de Caro Professor para Caro

Educador. O texto passa a ser assinado por outro Diretor de Produção Gabriel Pillar

Grossi e a revista inicia uma nova abordagem para a Educação: a formação integral

do aluno, portanto cabe ao educador a difícil tarefa de não apenas ensinar, mas

 

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educar também. O discurso parece mais próximo ainda do professor-leitor, pois há

um valor implícito no adjetivo “Educador”:

Caro educador. Resposta pra tudo. Esta NOVA ESCOLA tem uma novidade muito especial: a seção Na Dúvida? Pergunte. Coordenada pelo editor Ricardo Falzetta, ela chega para responder a todo tipo de questão, tanto de temas específicos das diversas disciplinas quanto de aspectos pedagógicos, didáticos e de comportamento na sala de aula. A cada mês, uma das explicações vem acompanhada de um infográfico (aquele tipo de ilustração que mistura imagem e texto para tornar o conteúdo mais completo e fácil de entender). Para começar, apresentamos os princípios científicos por trás do funcionamento de uma geladeira. E, como esta é uma edição dupla (junho e julho), é claro que há muito mais para ler. Na reportagem de capa, a editora Paola Gentile mostra por que a parceria entre escola e família é grande aliada da aprendizagem. Aqui você encontra o jeito certo de preparar seu trabalho para o Prêmio Victor Civita Educador Nota 10, conhece as idéias de Bertrand Russell na seção Grandes Pensadores, que será tema de nossa nova edição especial, confere os benefícios do trabalho corporal para as crianças da Educação Infantil, fica sabendo como ajudar a combater o trabalho infantil, descobre as vantagens (e os problemas) da escola de tempo integral – e muito mais. (GROSSI, 2006b).

O ano de 2006 apresenta o Prêmio Educador Nota 10, indicando nomes e

apresentando as qualidades que tornaram os profissionais representantes de um

trabalho enaltecedor:

No mês do professor, NOVA ESCOLA traz três verdadeiros presentes para você. Para começar, os dez vencedores do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Durante duas semanas, a redatora-chefe, Denise Pellegrini, o editor Ricardo Falzetta e eu viajamos pelo Brasil para conhecer um pouco mais do trabalho e da vida desses incansáveis batalhadores pela qualidade do ensino, como você pode conferir nos perfis. Qualidade, aliás, é o tema da reportagem de capa desta edição, assinada pela editora Roberta Bencini, com a colaboração do repórter Thiago Minami. Os dois entrevistaram especialistas e mergulharam num mar de números e estatísticas sobre a Educação brasileira para traçar o panorama dos principais problemas que afligem escolas, professores, pais e alunos - e, claro, apresentar soluções para que nos próximos anos o país saia do enorme buraco em que se encontra nessa área tão essencial. Finalmente, eu recomendo fortemente a leitura da reportagem sobre o preconceito contra crianças com deficiências, escrita por Meire Cavalcante, que complementa a edição especial inteiramente dedicada ao tema da inclusão (leia mais abaixo). Meire, uma jovem e combativa repórter, se tornou uma espécie de porta-voz, dentro da redação, da luta por igualdade de condições de ensino em todas as escolas - e, por isso, coordenou toda a produção do especial. Esses três belos trabalhos são a nossa contribuição para tornar este outubro ainda mais especial para você. Como bem diz o colunista Luis Carlos de Menezes, na seção Pense Nisso, "para o professor, tudo!". (GROSSI, 2006d).

As mudanças que caracterizam o ano de 2007 são retratadas pelo editorial do

mês de abril. A partir desse ano, os editorias apresentam um discurso incisivo,

 

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colocam em relevo a vida profissional do professor e a necessidade de revisão de

conceitos, a retomada de rotas e atendimento às iniciativas tomadas por parte do

governo e dos responsáveis pela Educação do país. O editorial apresenta o cenário

atual e a urgência para o professor-leitor a assumir novas posturas. O discurso do

editorial faz observações pertinentes sobre a carreira do professor, sobre o Fundeb -

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, porém não aponta

soluções, aponta para discussões:

No mundo em que vivemos, a pressão por mudança é cada vez maior. E

a Educação não fica de fora. Nos últimos anos, as exigências da sociedade por melhorias no dia-a-dia das escolas cresceram enormemente. E a maior parte dessa cobrança vem recaindo sobre você, professor. Nós, na redação de NOVA ESCOLA, acreditamos que é papel do bom educador estudar sempre e refletir sobre sua prática para garantir que todos os alunos aprendam. O ideal de um ensino de qualidade, porém, não depende só da disposição e da boa vontade de cada mestre dentro da sala de aula.

É justamente para ampliar esse debate que preparamos a reportagem de capa desta edição. Durante três meses, todas as secretarias de Educação estaduais e das capitais (mais o Distrito Federal) foram consultadas para montar um gigantesco painel com a situação atual das redes em nosso país. O resultado, como se pode conferir a partir da página 26, é um panorama dos direitos e deveres dos professores, uma amostra das facilidades e dificuldades enfrentadas diariamente na escola.

Esperamos que esse painel auxilie as autoridades e os parlamentares (envolvidos atualmente em negociações sobre a regulamentação do Fundeb e a criação de um piso salarial e um plano de carreira nacionais) a encontrar soluções que efetivamente ajudem a mudar o quadro educacional em nosso país. Envolva-se nessa discussão você também. E escreva para nós contando suas opiniões sobre esse tema. (GROSSI, 2007f).

O editorial de maio de 2007 é fundamental. Em discurso direto e franco coloca

aos leitores os objetivos do periódico e a atuação junto às políticas públicas. Justifica

o trabalho reforçando a importância da atualização do professor para o exercício

profissional e a melhoria da qualidade de ensino do país. Fica registrada a parceria

entre governo federal e revista Nova Escola neste balanço realizado pelo periódico:

Nos últimos meses, Nova Escola tem trazido reportagens mais ligadas a políticas públicas na área da Educação.(grifo nosso) Em outubro do ano passado, apresentamos os resultados da Prova Brasil. Na edição de janeiro/fevereiro deste ano, mostramos as escolas que haviam obtido as melhores notas nesse teste. Em abril, um levantamento inédito, realizado com as secretarias estaduais e municipais de Educação, revelou as enormes diferenças na realidade dos professores no país. A reportagem inspirou tantos e-mails e comentários no site que voltamos ao tema (leia na pág. 32). Além disso, temos três textos sobre o Plano de Desenvolvimento da Educação, anunciado pelo governo federal no fim de março. Na coluna Pense Nisso (pág. 18), o professor Luis Carlos de Menezes destaca a importância da formação inicial e continuada. Temos também uma raríssima

 

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entrevista exclusiva com o ministro Fernando Haddad. Nela (confira na pág. 20), ele fala à editora Paola Gentile, à vice-presidente da Fundação Victor Civita, Claudia Costin, e a mim sobre os problemas de nossa Educação e, com otimismo, propõe soluções para recuperar na sociedade o lugar de destaque que deveria caber a todos os docentes. O “pacote” se completa com uma análise dos principais pontos do PDE (pág. 26) e comentários de especialistas sobre como viabilizá-los e por que eles são bons (ou ruins). Tudo isso porque acreditamos que só com educadores interessados nos temas que afetam seu dia-a-dia conseguiremos, dar o grande salto de qualidade com que todos tanto sonhamos. (HEIDRICH, 2007).

O discurso dos próximos meses confere ao periódico ainda mais dados que o

constituem como propagador incondicional das práticas pedagógicas

recomendadas. O discurso direto para o professor-leitor coloca-se agora para

debater a má qualidade de ensino decorrente das dificuldades do professor. Não há

mais o tom fabuloso dos anos anteriores. O editorial de agosto de 2007 passa

sutilmente ao professor a responsabilidade em conhecer práticas testadas e

aprovadas, o que poderá, de acordo com a revista, mudar o quadro da Educação do

país:

Assim que o ano letivo começou, ela fez contato com secretarias de Educação e ONGs e montou uma lista com mais de 20 professoras que, regularmente, alfabetizam a classe toda. A repórter Thais Gurgel, então, passou a conversar com essas craques da sala de aula e comprovou que pode até ser difícil, mas está longe de ser impossível a tarefa de ensinar aluno por aluno, sem deixar ninguém para trás. O resultado você confere na página 34, com sugestões de atividades que efetivamente ajudam as crianças a aprender a ler e escrever – testadas e aprovadas por Mariluci Kamisaka, que leciona numa escola estadual na maior favela de São Paulo. (GROSSI, 2007a).

No final de 2007, o editorial revela o grande alcance da mídia escrita, no caso

a revista Nova Escola, quando expõe a repercussão do trabalho a mais um de

milhão de educadores no país:

É uma prova da importância que o tema Educação está adquirindo na sociedade – e o reconhecimento de que a revista é o maior e melhor jeito de falar com mais de 1 milhão de educadores em todo o país. Vale lembrar que, em 2006, tínhamos apenas 68 páginas (no total) por mês e que agora estamos entregando mais do que isso só em páginas para uso didático e de formação, o que é mais um excelente motivo para comemoração neste mês do professor. (GROSSI, 2007d).

Em novembro, a preocupação em manter o professor-leitor sempre ao seu

lado traz para a revista possíveis questionamentos do professor-leitor sobre sua

 

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situação enquanto profissional. Apresenta ainda, outras questões sobre como a

configuração da revista poderia atender plenamente os leitores:

Quem é o professor brasileiro? Como ele se relaciona com a escola, os alunos e a própria profissão? O que esperado futuro? Perguntas como essas dominaram a redação no último mês por três motivos principais: primeiro por causado Prêmio Victor Civita – Educador Nota 10. Mais de 3,3 mil trabalhos foram inscritos neste ano e, é claro, eles formam um verdadeiro panorama da Educação nacional, com altos e baixos, projetos excelentes, dúvidas cruéis e equívocos preocupantes. Depois, com a chegada dos resultados de uma pesquisa inédita (e exclusiva) realizada pela Carta do editor Ibope a pedido de NOVA ESCOLA. Nela, muitas questões, como as citadas, foram apresentadas a profissionais da sala de aula em todas as capitais. E, finalmente, porque (talvez você já tenha notado) decidimos fazer uma grande reforma gráfica em nossas páginas. Cada uma dessas iniciativas gerava novas dúvidas O que fazer para que ainda mais professores nota 10 participem do Prêmio? Como ampliar o debate em torno da melhoria da Educação? Qual o jeito certo de apresentar as reportagens de forma a impactar o que é feito por todos os que nos lêem? À medida que as semanas passavam, muitas respostas surgiram. Em sua décima edição, o Prêmio Victor Civita atingiu um novo patamar de qualidade. (GROSSI, 2007e).

O discurso do ano 2008 parte, portanto, do reconhecimento que a revista

conquistou junto ao público alvo, o que lhe confere um editorial de exaltação e de

animadas intenções. Alguns termos destacam a tentativa de convencimento do

periódico diante dos objetivos da edição:

NOVA ESCOLA passou por uma reformulação gráfica e editorial, fruto da necessidade de atender inquestionavelmente melhor ao nosso público: você, leitor, e também o mercado publicitário, cujo interesse pela revista não pára decrescer. A gerente de publicidade, Sandra Moskovich, e sua estagiária, Fernanda Rocha, vendem mais páginas porque há muita gente preocupada com os rumos da Educação e querendo se comunicar diretamente com um público especial: mais de 1 milhão de professores que lêem NOVA ESCOLA todo mês. (GROSSI, 2008b).

A edição de maio mostra-se consciente de seu papel e convencida da

contribuição que tem realizado a serviço da Educação do país. Há um discurso

linear, objetivo quanto a essa participação nas medidas que organizaram o sistema

de ensino, tornam públicos projetos e práticas notórias diante das políticas

educacionais vigentes:

“[...] uma revista mais organizada visualmente, que valorize as informações, aumentando a legibilidade e a clareza e facilitando a vida do leitor”, diz Manuela, referindo-se à reformulação que foi implementada na edição de novembro. Com ela acreditamos estar cumprindo de forma mais eficiente

 

88

nossa missão de contribuir para a melhoria da Educação em nosso país. Um compromisso que é de todo o time de NOVA ESCOLA. (GROSSI, 2008).

O editorial do mês seguinte mostra claramente a avaliação da Educação do

país e a dificuldade do professor em sala de aula. As antecipações que são

realizadas no periódico produzem duplo efeito: justificar a baixa qualidade de

educação do país em decorrência de trabalhos insatisfatórios e, ao mesmo tempo,

promover a divulgação de práticas pedagógicas aprovadas, não mais sugerindo,

mas apontando causas constatadas da má qualidade de ensino:

A sensação, ao fim do processo, costuma ser dividida, como se pode conferir na reportagem da página 86: de um lado, a constatação de que a maioria dos professores inscrita tem muita dificuldade em compreender seu verdadeiro papel dentro da sala de aula (o que é mais uma prova da baixa qualidade da Educação brasileira) e, de outro, um conforto de ver que há, sim, muita gente boa preocupada em garantir que todos os alunos aprendam. (GROSSI, 2008c).

O editorial que fecha o ano de 2008 apresenta-se em linguagem ponderada,

buscando tornar o professor-leitor consciente da difícil realidade, porém valorizando-

o nas páginas do periódico. Busca atenuar as declarações anteriores e dividir as

responsabilidades, embora registre que:

O sentimento na redação e na Fundação Victor Civita é de que a responsabilidade de produzir NOVA ESCOLA está cada vez maior. E que essa responsabilidade é o que nos motiva a produzir reportagens, textos, artigos e sugestões de atividades cada vez mais afinados com o que há de mais moderno na Educação – sem perder um pé na nossa (difícil) realidade. É por isso que valorizamos os professores que fazem seu trabalho com qualidade e dedicação (não apenas em nossas páginas mas também no Prêmio Victor Civita – Educador Nota 10). Mas não temos medo de destacar falhas e apontar caminhos para melhorar o ensino oferecido em nossas escolas. (GROSSI, 2008 d).

As linhas discursivas dos editoriais funcionam como um painel de propaganda

de produtos ou marca, como diz José Marques de Melo (1994, p. 104) “mais

próximas daquilo que poderíamos chamar de merchandising jornalístico do que de

expressões opinativas”.

Apesar da situação preocupante em que a Educação é diagnostica pela

revista, ainda assim, o discurso toma todo cuidado em interagir delicadamente com

o professor, deixando transparecer a reciprocidade entre professor-leitor e editor,

Diretor Executivo da revista.

 

89

4 ANÁLISE DOS TEXTOS JORNALÍSTICOS DA REVISTA NOVA ESCOLA

4.1 Discurso e Evolução dos Gêneros

Iniciando pela década de 90, início do Governo Fernando Henrique Cardoso,

a revista Nova Escola adéqua-se às novas tecnologias da informação e

comunicação, atendendo a um novo cotidiano escolar que previa qualidade de

educação, segundo entrevista com o ministro Paulo Renato Souza (março de 1995).

A entrevista conferia uma nova proposta para a educação: atender a um modelo

empresarial exigente, ou seja, tecnológico e inovador.

Nos anos consultados, a cada ano de publicação, o perfil da revista procura

atender às inovações ditadas pelas reformas educacionais. O quadro a seguir

estabelece comparação entre os temas publicados pela revista Nova Escola e temas

desenvolvidos pela Educação no período de 1998 a 2008. O objetivo é nortear a

análise do discurso que faremos a seguir sobre as adequações discursivas que

acontecem nas publicações da revista, em razão das novas propostas educacionais

implementadas na educação de cada ano:

Quadro 5 - Exemplos de equivalências entre Nova Escola e Educação

PERÍODO: 1998 a 2008 NOVA ESCOLA/PUBLICAÇÕES EDUCAÇÃO/TEMAS

1998/2000

• 10 anos da Revista Nova Escola • Lançamento do Prêmio Victor Civita Professor Nota 10 • Lançamento do site NOVA ESCOLA online

www.novaescola.org.br

• Reformas oficiais, estabelecidas pelo Ministério de Educação (MEC) e pelo Programa Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o Fundo de manutenção do Ensino Fundamental de Valorização do Magistério (Fundef); o Programa de Informatização das Escolas (Proinfo); o Sistema de Avaliação da Escola Básica (Saeb) e o programa TV Escola

• LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Nacional), o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) e Plano Nacional de Educação.

(continua) 

 

90

(continuação) 

PERÍODO: 1998 a 2008 NOVA ESCOLA/PUBLICAÇÕES EDUCAÇÃO/TEMAS

1998/2000

• A Prova Brasil foi criada com o propósito de refinar a avaliação da Educação Educação Básica, feita pelo Ministério da Educação desde a década de 1990.

2000

• Entrevistas com Perrenoud • Entrevista com Sara Pain • Prêmio PNBE – Pensamento Nacional das Bases

Empresariais – de Cidadania, Categoria Educação: Prêmio Victor Civita Professor Nota 10

• Textos da Nova Escola: o ministro Paulo Renato Souza explica que, para atingir essas metas, os estudantes precisarão de professores bem formados e a sociedade (entenda-se pais e empresários) terá de participar mais intensamente da educação. (PELLEGRINE, 2000).

• Quem, entre nossos mais de 1,5 milhão de professores, não ouviu falar em competências? (GROSSI, 2000b).

• Expansão do Ensino Médio - ampliar o atendimento do nível fundamental, de modo a dar escola para 95,5% das crianças entre 7 e 14 anos

• Conceito de Competências e Habilidades

2000

• Entrevista com Phillip Perrenoud • Entrevista com Sara Pain • 3º GP Ayrton Senna de Jornalismo, Categoria Destaque

Ayrton Senna de Comunicação Social • Veículo Institucional: revistas NOVA ESCOLA e VEJA na

Sala de Aula

• Competências e habilidades • Ciclos

2001

• Entrevista com Emília Ferreiro - práticas sociais de leitura e de escrita

• Construtivismo • Letramento/Alfabetização • O Programa Nacional de Renda

Mínima vinculada à educação - "Bolsa Escola" é criado pela Medida Provisória 2.140, de 13 de fevereiro de 2001, aprovado pelo Congresso Nacional em 27 de março e sancionado pelo presidente da República, através da Lei 10.219, de 11 de abril de 2001.

2002

• Prêmio UNESCO, Categoria Educação: revista NOVA ESCOLA

• Textos da Revista Nova Escola:Competências e Habildades- No Brasil, seis nomes ganharam especial destaque: o francês Edgar Morin, o suíço Philippe Perrenoud, os espanhóis César Coll e Fernando Hernández, o português António Nóvoa e o colombiano Bernardo Toro. Mas você sabe que teorias e idéias eles. (MARAGON; LIMA, 2002).

• O filósofo francês Pierre Levy resume esse sentimento em seu livro A Inteligência Coletiva(...) E condenar a população à pobreza e à exclusão significa condenar a própria nação ao limbo do mercado. (BENCINI, 2002).

• E condenar a população à pobreza e à exclusão significa condenar a própria nação ao limbo do mercado. (BENCINI, 2002).

• Entrevista com Rubem Alves • Isabel Alarcão • Bernard Schnewly

• Importância de introduzir as ferramentas da informação, construindo conhecimentos que respondem às exigências Globais: apropriação tecnológica.

• É criado o Programa Diversidade na Universidade. Forma-se em Petrópolis, em Pedagogia, pela Universidade Católica de Petrópolis - UCP, a primeira turma de professoras municipais, do Brasil, financiada com recursos do FUNDEF

• Formação de Professores • Escola Aprendente • Sequência Didática

(continua) 

 

 

91

(continuação) 

PERÍODO: 1998 a 2008 NOVA ESCOLA/PUBLICAÇÕES EDUCAÇÃO/TEMAS

2003

• Prêmio Esso de Jornalismo, Categoria Criação Gráfica: reportagem “Gente que constrói o Brasil”, de Tatiana Cardeal e Pedro Motta

• Prêmio Fórum Metropolitano de Segurança Pública: revista NOVA ESCOLA

• Textos da Nova Escola:O que é ser alfabetizado hoje? Considero a alfabetização não um estado, mas um processo

• Entrevista com Emília Ferreiro-(PELLEGRINE, 2003a). • A avaliação somativa é o melhor jeito de listar os alunos

pela quantidade de conhecimentos que eles dominam – como no caso do vestibular ou de outros concursos. A formativa é muito mais adequada ao dia-a-dia da sala de aula. (PELEGRINE, 2003b).

• Por isso, reforça ela, todas as crianças que estão nas escolas especiais têm o direito constitucional de entrar no sistema regular, em turmas condizentes com sua idade. (GUIMARÃES, 2003).

• LETRAMENTO – EMÍLIA FERREIRO • O MEC realiza, desde 2003, o

Programa Brasil Alfabetizado (PBA), voltado para a alfabetização de jovens, adultos e idosos. O programa é uma porta de acesso à cidadania e o despertar do interesse pela elevação da escolaridade. O Brasil Alfabetizado é desenvolvido em todo o território nacional, com o atendimento prioritário a 1.928 municípios que apresentam taxa de analfabetismo igual ou superior a 25%. Desse total, 90% localizam-se na região Nordeste. Esses municípios recebem apoio técnico na implementação das ações do programa, visando garantir a continuidade dos estudos aos alfabetizandos. Podem aderir ao programa, por meio das resoluções específicas publicadas no Diário Oficial da União, estados, municípios e o Distrito Federal.

• -Avaliação Formativa • "A inclusão postula uma reestruturação

do sistema de ensino, como objetivo de fazer com que a escola se torne aberta às diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais", explica Cláudia Dutra, secretária de Educação Especial do MEC.

2004

• Novo layout do site - Prêmio FIP Periodismo para la Tolerância, Categoria Imprensa: Escrita: reportagem “Educação não tem cor”, de Roberta Bencini

• Educação Indígena • "É tarefa do professor ser justo e generoso com sua

turma", afirma Yves de La Taille, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo

• Educação Indígena • Inclusão

2005

• Claudia Costin assume a vice-presidência da Fundação Victor Civita

• Entrevista com Tarso Genro: "A escola era um espaço de igualdade de oportunidades para todos. Gostaria de devolver à escola pública essa característica", afirma. [...]. (GENTILI, 2005).

• Editorial da Revista com Guiomar Namo de Mello: Currículos rigidamente disciplinares serão cada vez mais dissonantes do cotidiano dos estudantes. Unidades de ensino estanques terão de ser substituídas por projetos, para que os alunos coloquem em prática o que aprenderam. (MELLO, 2005a).

• O sistema de cotas nas universidades é uma realidade necessária e igualitária para o país

• Educação de Jovens e Adultos (EJA)

(continuação) 

 

 

92

(conclusão) 

PERÍODO: 1998 a 2008 NOVA ESCOLA/PUBLICAÇÕES EDUCAÇÃO/TEMAS

2005

• Fundação Victor Civita comemora 20 anos • A entrevista realizada com Maria Helena Guimarães

encontra-se neste ano como destaque para a reorganização do sistema de ensino a partir dos dados referendados por avaliações externas: Nos exames seguintes, percebemos que o professor não ensinava direito porque não tinha material de qualidade. Investimos no programa de avaliação do livro didático. (GUIMARÃES, 2005).

• Mudanças Curriculares e organização do sistema de ensino a partir dos dados referendados por avaliações externas

2006

• 20 anos da revista NOVA ESCOLA • Lançamento do Programa”Reescrevendo a Educação” • Lançamento do Projeto Entorno • Professor nota 10 • Lançamento da revista Sala de Aula em parceria com o

Ministério da Educação • Entrevista com Délia Lerner

• Redução do índice de repetência através da democratização do ensino

• Prova Brasil • Práticas de Leitura e Escrita

2007 • Plano de Aceleração do Crescimento divulgado pela

Revista na mesma entrevista com Fernando Haddad. 2007

• Avaliações externas: Saeb, Saresp, Idesp, Prova Brasil

• Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)

2008

• “O desafio agora é atingir a paridade entre os sexos e combater o analfabetismo de adultos para entrar em 2015 com a lição feita”

• “Consultora da Unesco afirma que um dos méritos do Plano de Desenvolvimento Estratégico – PDE, é envolver professores e coordenadores na definição da política educacional”

• Governo quer chegar a 86 mil escolas com banda larga

• Programa Todos pela Educação, cujas metas visam o ano de 2022, o bicentenário da nossa Independência

• PDE – Plano de Desenvolvimento Estratégico

Fonte: A Autora

Delimitamos esse trabalho em analisar algumas seções da revista que

representam abordagens diferentes:

• Gênero Informativo: Entrevista (a partir de fevereiro 2000) e Fala Mestre (março

de 2000 a 2008).

• Gênero Interpretativo: Reportagem de Capa, desta forma colocados: Reportagem

de Capa (1998 a 2008).

• Gênero Opinativo: Carta ao Leitor (1998 a 1999), Caro Professor (2000 a 2006) e

Caro Educador (de 2006 em diante).

Essas seções oferecem referenciais para uma análise educomunicativa,

configurando uma área de grande importância para a pesquisa em comunicação e

em educação.

 

93

O início da década de 90 colocava-se como “Nova Escola – para professores

do 1º Grau - ano IX - nº 78 - setembro de 1994 - R$3,00”. Dirigia-se para os

professores do ensino fundamental, em especial das séries iniciais e seus textos

abordam, na sua maioria, práticas pedagógicas de alfabetização. A reportagem de

capa destacava: “Português – uma proposta democrática de ensino que encanta

crianças e adultos” enfatiza, portanto, a proposta do MEC que nesta década instituía

o Plano de Educação Nacional e previa o fim do analfabetismo no Brasil, portanto

com foco no Ensino Fundamental.

Em 1995, aparece outro dístico, com o mesmo fundamento: “Nova Escola – A

revista do ensino de primeiro grau - ano X - nº 86 - agosto de 1995 - R$3,00”. A

reportagem de capa traz uma manchete inédita: “Computador – Você ainda vai

ensinar com um – fácil de lidar como um eletrodoméstico, ele chega às escolas e só

vai melhorar seu trabalho”.

Após a aprovação da Lei 9392/96, a Nova LDB, a partir de 1998, a revista

Nova Escola procura fundamentar suas propostas junto a um conjunto de medidas

que são implantadas em nossas escolas: Parâmetros Curriculares Nacionais, SAEB

(Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), Fundo de Valorização do

magistério. Neste momento, a Revista identifica-se enquanto “A Revista do Ensino

Fundamental”, portanto equivalente às propostas lançadas pelos documentos legais,

ainda se diz dedicar-se ao ensino fundamental, porém com uma abertura maior de

temas e abrangência, adicionais dos PCNs e explicações sobre as atividades em

sala de aula.

O discurso dos textos jornalísticos desse período, se inserem num conjunto

de medidas decorrentes da Reforma da Educação. Dentre as ações estão:

preparação dos professores, oferecimento de material didático, sistema de avaliação

das escolas e a melhoria da “qualidade de educação”, de acordo com o ministro

Paulo Renato de Souza.

Os textos jornalísticos selecionados desta época e considerados como

Opinativos: Carta ao Leitor (1998 a 1999) são didáticos e se dirigem aos professores

de ensino fundamental. A maioria apresenta um texto simples, de fácil assimilação.

O título, quase sempre composto por uma frase nominal, induz à leitura por

apresentar-se em linguagem conotativa, ilustrada por uma imagem ao lado.

Os textos considerados de gênero Interpretativo, as Reportagens de Capa

desse período, apresentam um título que se encarrega de distribuir outros

 

94

interligados e que se mostram sobre formas de Projetos Didáticos: são várias

páginas bem ilustradas que ensinam práticas bem sucedidas para serem

desenvolvidas em sala de aula.

As entrevistas aparecem na revista no ano 2000. As publicações são bastante

didáticas, visam o professor-leitor de séries iniciais, e se moldam a partir da

legislação vigente, apresentam modelos de práticas bem elementares, cada passo é

bem explicado, trata-se de uma aula para o professor ensinar seguindo receitas.

A partir do ano 2000, a revista ganha novos ares e intitula-se “Nova Escola -

Revista do Professor”. Procura abordar temas de interesse para a formação do

professor. Traduz preocupação em referendar o professor, atualizá-lo e coloca-se

como a “Revista do Professor”, preocupada em estabelecer o vínculo com as

medidas educacionais ditadas pelo governo federal, tais como expansão do Ensino

Médio, Conceito de Competências e Habilidades, Exigências globais na Educação.

Há uma projeção maior para o professor, pois os temas são mais abrangentes

e não se restringem a questões do ensino fundamental apenas. O professor toma

uma dimensão maior dentro da revista, são apresentadas as novas teorias,

propostas e os temas educacionais através de grandes mestres que se destacam no

cenário mundial. O Editorial que inicia o ano de 2001, comemora os 15 anos da

Nova Escola, e destaca o amento do número de páginas e salto da publicação para

“47 milhões de exemplares da NOVA ESCOLA para os quatro cantos do país”

(GROSSI, 2001).

As entrevistas iniciam neste período, do ano 2000, são encarregadas de

trazer para o professor-leitor depoimentos de grandes celebridades que marcaram

ou marcam as novas propostas de ensino e fundamentaram as teorias e práticas

indicadas para o século que se inicia. Aparecem teóricos da educação, professores

e personalidades políticas em evidência colocando para o professor-leitor

esclarecimentos e idéias correlatas às ideologias do momento.

As questões formuladas buscam informações sobre experiências vividas ou

explicações teóricas, caso o entrevistado seja mentor de novas idéias no campo

educacional. Embora as entrevistas se encontrem incluídas no gênero Informativo,

vale dizer que as questões colocadas em uma entrevista trazem implicitamente o

olhar do entrevistador e da imprensa que representa.

As reportagens de capa a partir do ano de 2000, focam basicamente a

formação do professor, pois são inúmeros os temas que se referem a melhoria da

 

95

prática, atualização e capacitação do professor-leitor.Observa-se um discurso mais

realista da profissão de “professor”. Os temas surgem a partir da Reforma

Educacional, decorrente da nova LDB.

Em 2005, o dístico passa a ser “Nova Escola – A Revista de quem educa”, o

que demonstra a mudança de perfil que se espera do professor, atrelado às

reformas educacional propostas pelo governo. A preocupação muda de perspectiva

e passa da formação profissional para o alcance de objetivos e metas, em razão do

reconhecimento dos resultados insatisfatórios, após as provas de avaliação externa

aplicadas nas escolas.

A proposta é a Reorganização do Sistema de Ensino a partir dos dados

referendados pela avaliação externa, redução do índice de repetência e melhoria da

qualidade. Junto a essa nova proposta de resultados, outras como Inclusão, Sistema

de Cotas nas Universidades, Mudanças Curriculares, complementam uma série de

medidas que ditam um novo perfil para os professores e, ao mesmo tempo, cobra

posturas e alcance de metas.

A “Revista de quem Educa”, passa para o professo-leitor uma

responsabilidade direta, maior confere um poder a partir da revista: educar, que está

além de ensinar, trata-se de um verbo amplo, destinado a professores que se

encontram num patamar maior do que apenas ensinar.

Permanece até hoje, a idéia de que a revista Nova Escola é direcionada ao

Educador, em continuidade ao plano de educação voltado à formação do professor e

à melhoria de sua prática em sala de aula. Trata-se de uma revista que, junto às

propostas educacionais, acompanha os discursos, temáticas e ideologias ao longo

da história da educação nacional. A partir do discurso que publica, constrói o seu

público, conferindo-lhe valores e premiando práticas pedagógicas que julga serem

enaltecedoras, são as que definem o Professor Nota 10.

 

96

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As propostas pedagógicas elaboradas pelo sistema de ensino público se

revelam a cada edição da revista Nova Escola. Está presente cada alteração

didática e pedagógica prevista e anunciada pelas políticas públicas que se

estabelecem, se reconstituem e, junto à evolução da revista, acentuam-se a cada

ano, deixando bastante claros os objetivos e ideais dos discursos apresentados.

Com relação ao desenvolvimento da dissertação, inicialmente traçamos um

paralelo entre as publicações temáticas da revista e os temas que,

concomitantemente se desenvolveram na Educação do país. Buscamos resgatar as

publicações que foram feitas e comprovar a equivalência com os discursos legais.

Destacamos com isso a importância da mídia para a propagação das políticas

públicas no Brasil, principalmente da especialidade da revista segmentada Nova

Escola.

Em seguida, abordamos a revista Nova Escola, como mídia segmentada,

construída pelo discurso jornalístico, trazendo à tona um fator importante para ser

observado: o discurso jornalístico utilizado pelas revistas e a eficiência dessa

modalidade textual para atingir e garantir o professor-leitor, assim definido nessa

dissertação.

Da forma como iniciamos o estudo, resgatamos textos de cada gênero

jornalístico da revista: o Opinativo, representado pelos Editoriais; o Interpretativo,

pelas Reportagens de Capa e o Informativo, pelas Entrevistas. Cada gênero

representou oportunidade de trazer à tona o discurso educacional daquele ano,

através de uma modalidade textual utilizada no cotidiano do professor: o discurso

jornalístico – fator altamente relevante para a conquista de seu público.

O percurso da revista Nova Escola junto às políticas públicas, articulado nesta

dissertação em uma perspectiva bibliográfica de caráter investigativo quanto ao seu

corpus, revela, uma parceria freqüente entre propostas educacionais e a evolução

da revista que se adéqua para atender a especificidade do momento. O período de

1998 a 2008, recorte deste estudo, mostra um panorama pontilhado de medidas e

discursos que se nutrem de uma mesma ideologia e perspectiva histórica, dizendo

contribuir para a melhoria da educação nacional.

 

97

As técnicas do texto jornalístico encontram-se presentes no periódico,

favorecendo a divulgação dos temas e a construção de discursos que obedecem a

uma ordem e seqüência cronológica em relação aos objetivos da revista, da editora,

representada pela Fundação Victor Civita, e das políticas públicas que subsidiam o

exemplar.

As propostas de mudanças político-pedagógicas passam pelo crivo do

discurso jornalístico, informativo e opinativo, e se incorporam de mecanismos de

persuasão para atender ao leitor que durante a dissertação ficou definido, por sua

especificidade, de professor-leitor.

O discurso informativo, presente nos textos publicados na seção Entrevista,

buscam evidenciar os fatos ocorridos através de educadores e filósofos que

teorizam, discutem, e direcionam os encaminhamentos das novas concepções

ideológicas. Na Entrevista, as personagens entrevistadas oferecem respostas que

foram cuidadosamente elaboradas e que são articuladas com objetivos da

Educação em vigência daquele ano.

O discurso Interpretativo da Reportagem de Capa antecipa o valor das

informações em destaque na Educação. A forma persuasiva de abordagem dos

fatos motiva o professor-leitor para as demais leituras do exemplar, ou o

aprofundamento sobre o tema desenvolvido. A reportagem permite ao professor-

leitor colher apreciação sobre o assunto, que já está no seu contexto, porém ainda

sem o aprofundamento desejado. A especificidade da seção Reportagem de Capa é

exatamente a de traduzir e aprofundar os temas em destaque para o professor-leitor

conduzi-lo para o olhar desejado da política educacional em desenvolvimento no

país.

O discurso opinativo, presente nos textos publicados no editorial da revista,

cujas seções Carta ao Leitor, Caro Professor e Caro Educador, evidenciam a

trajetória da revista junto à história da Educação do país, mostram propostas de

contatos diferentes. Como avaliado anteriormente, de “leitor” para “educador” há

implicitamente uma proposta de perfil também diferenciada para o professor-leitor,

implicando na ampliação de condutas no trabalho.

No desenvolvimento da dissertação abordamos que as mudanças ocorridas

no discurso da revista Nova Escola atendem aos novos modelos de Educação, e são

sugeridos ao professor-leitor através de um discurso contagiante. Vimos que de

1998 a 2000, o discurso se valia de propostas diretas, decorrentes da nova LDB, e

 

98

apoiava-se em revelar as dificuldades no ensino fundamental e no acesso à escola,

destacava a questão de alfabetizar o maior número de crianças possível, e em

adequar a escola ao contexto tecnológico.

A partir do ano 2000, a revista nutre-se do vigor do novo século, as seções da

revista ganham títulos e discursos modernos, sugerem termos como aulas

motivadoras e ensino de qualidade, busca de parcerias, coincidindo com a era da

informação, exigindo alunos “antenados” para aprender e interpretar imagens e a

enorme quantidade de informação.

De 2005 até 2008, nos deparamos com as demandas da globalização e o

discurso está permeado das palavras como: habilidades, competências, analfabeto

funcional, garantia de qualidade, o que indica uma busca para formação de

profissionais que atendam o mercado competitivo e exigente. Aparecem termos

próximos ao contexto empresarial: atingir metas a partir de índices e resultados

obtidos pelas avaliações externas.

Quanto à interação entre texto e leitor, fica evidente a cumplicidade entre

ambos, pois o atendimento ao professor-leitor é fundamental para a revista, cujos

temas são, por exemplo, do contexto escolar, das ideologias educacionais e da

formação dos professores. No entanto, nem sempre tratados com a devida análise

crítica, pois a tonalidade discursiva tende para a informação e persuasão, e não para

reflexão. Mesmo as últimas publicações que apresentam ocorrências de discurso

crítico e que enfatizam a má qualidade de ensino do país, a tendência é de cobrança

após apresentação de resultados.

Assim, a revista apresenta uma trajetória crescente junto aos temas

educacionais, sendo considerado um objeto de divulgação cultural no contexto do

professor-leitor. Toda ela tem sido objeto de estudo, inclusive de análises semióticas

sobre as capas, que possuem um enorme potencial significativo para o professor-

leitor.

Percebe-se que as idéias disseminadas se produzem a partir de uma parceria

entre os saberes almejados pelo poder e a cultura desejada pela sociedade que

representa. Neste sentido, as práticas discursivas, produzidas nas relações de

poder, são previamente pensadas e elaboradas para serem assumidas pelos

professores-leitores. As receitas que deram certo fazem parte desse arranjo de

fórmulas definidas como fundamentais para o reconhecimento de sujeitos eficazes.

 

99

Por fim, essa dissertação intenciona inserir-se no conjunto de trabalhos onde

se pode verificar a evolução e institucionalização das políticas públicas através de

revistas segmentadas; pois entendemos que tais mídias servem de instrumentos

especializados para propagar ideologias e culturas estabelecidas na Educação

brasileira. Lembramos José Marques de Melo (1994, p. 67):

Entendemos que os meios de comunicação coletiva, através dos quais as mensagens jornalísticas penetram na sociedade, bem como os demais meios de reprodução simbólica, são aparatos ideológicos, funcionando, se não monoliticamente atrelados ao Estado, [...] influenciando pessoas, comovendo grupos, mobilizando comunidades, dentro das contradições que marcam as sociedades. São portanto veículos que se movem na direção que lhes é dada pelas forças sociais que os controlam e que refletem também as contradições inerentes às estruturas societárias em que existem.

Acreditamos que. a leitura das revistas segmentadas merecem cuidados

maiores de seu público leitor, pois a apropriação do conteúdo requer a análise

apurada de seu discurso para que se possa fazer das leituras instrumentos de

efetiva formação.É importante frisar a relevância dos temas abordados como

também observar as estratégias de discurso de que se valem, como se valem e por

que se valem.

Assim, a revista apresenta uma trajetória crescente junto aos temas

educacionais, sendo considerado um objeto de divulgação cultural no contexto do

professor-leitor. Toda ela tem sido objeto de estudo, inclusive análises semióticas

sobre a capa mostram o potencial significativo da revista junto à classe a que se

dirige.

 

100

REFERÊNCIAS

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CASAGRANDE, F. A vez do ensino médio. Nova Escola, São Paulo, edição 113, jun. 2000.

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DIDONÉ, D. et al. O papel da avaliação. Nova Escola, São Paulo, edição 199, fev. 2007. (Reportagem de Capa).

 

101

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