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1 GUILHERME ALVES DE OLIVEIRA A MULHER NO AMBIENTE DE TRABALHO ASSIS 2018

A MULHER NO AMBIENTE DE TRABALHO · 2020. 11. 19. · mulheres no país. A proposta de Zetkin, segundo os registros que se têm hoje, propunha uma jornada anual de manifestações

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GUILHERME ALVES DE OLIVEIRA

A MULHER NO AMBIENTE DE TRABALHO

ASSIS

2018

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GUILHERME ALVES DE OLIVEIRA

A MULHER NO AMBIENTE DE TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) exposto junto ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis (IMESA), como requisito para o Curso de Graduação. Segue a comissão examinadora:

Orientador: Leonardo de Gênova

Área de Concentração: Direito do Trabalho

Assis

2018

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FICHA CATALOGRÁFICA

OLIVEIRA, Guilherme Alves A Mulher no Ambiente de Trabalho/ Guilherme Alves de Oliveira. Fundação Educacional do Município de Assis – FEMA, Assis, 2018. 42p. Orientador: Leonardo de Gênova. 1. Discriminação. 2. Mulher. 3. Proteção-Mulher

CDD: 342.655 Biblioteca da FEMA

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A MULHER NO AMBIENTE DE TRABALHO

GUILHERME ALVES DE OLIVEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) exposto junto ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis (IMESA), como requisito para o Curso de Graduação. Segue a comissão examinadora:

Orientador: Leonardo de Gênova

Examinador: Fernando Antônio Soares de Sá Junior

Assis

2018

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Dedicatória

Dedico este trabalho ao meu pai Milton de

Oliveira, minha mãe Lucia Alves (em memória),

minha esposa, e aos meus irmãos pelo apoio e

confiança que em mim depositaram.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer em primeiro lugar a Deus, e pela sua constante presença

em minha vida.

Ao professor e orientador Leonardo de Gênova pelas dúvidas sanadas na

execução do trabalho.

Ao meu pai Milton de Oliveira, e os meus irmãos Anderson Alves, Talita Alves

de Oliveira e Tatiane de Oliveira Vincoleto, mas em especial a minha eterna mãe

Lucia Alves que já não está mais entre nós.

Á minha esposa Tamoni Prado dos Santos que nunca me deixou desanimar e

aos amigos e parentes que sempre me apoiaram.

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RESUMO

O objetivo é fazer uma breve demonstração do trabalho e dos direitos das

mulheres na relação de emprego no decorrer do tempo, demonstrando a evolução

das suas conquistas. A discussão é muito recorrente na esfera trabalhista, aonde as

mulheres vêm conquistando a sua igualdade em relação ao homem. Elas

demonstraram uma competitividade igual, ou até superior aos homens em todos os

ramos do trabalho. A mulher ao se revelar no mercado de trabalho não agradou

muita gente, chegando ao ponto a serem discriminadas, dessa forma através da

Consolidação das Leis do Trabalho a sua proteção aumentou.

Palavras chave: Discriminação, Mulher, Proteção

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ABSTRACT

The objective is to give a brief demonstration of women's work and rights in

the employment relationship over time, demonstrating the progress of their

achievements. The discussion is very recurrent in the labor sphere, where women

have been winning their equality in relation to men. They have shown equal or even

superior competitiveness to men in all fields of work. The woman in revealing herself

in the job market did not please many people, getting to the point of being

discriminated against, so through the Consolidation of Labor Laws her protection

increased.

Keywords: Discrimination, Woman, Protection

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SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................................... 10

2. História do Direito da Mulher no Trabalho ................................................................ 11

2.1. Contrato de Trabalho ..........................................................................................................14

2.2. Empregador .........................................................................................................................15

2.3. Empregado ..........................................................................................................................16

2.4. Princípios do Direito do Trabalho ......................................................................................17

2.5. Princípio da proteção ..........................................................................................................17

2.6. Princípio in dúbio pro operário ...........................................................................................18

2.7. Princípio da condição mais benéfica .................................................................................19

2.8. Princípio da Igualdade ........................................................................................................19

2.9. Princípio da Proteção do Mercado de Trabalho da Mulher.............................................21

2.10. Princípio da não Discriminação .......................................................................................22

3. Evolução no Direito da Mulher ...................................................................................... 24

3.1. Proteções do Direito da Mulher .........................................................................................25

3.2. Salário Maternidade ............................................................................................................26

3.3. Licença Maternidade ..........................................................................................................27

3.4. Garantia Provisória no Emprego .......................................................................................29

4. Discriminação da Mulher na relação de Emprego ....................................................... 31

4.1. As formas de Discriminação ..............................................................................................31

4.2. As Práticas de Discriminação ............................................................................................32

4.3. Diferenças Salariais ............................................................................................................33

4.4. Analise de Dados ................................................................................................................34

4.4.1. Mulher estuda mais, trabalha mais e ganha menos do que o homem ...................34

4.4.2. Mais horas de trabalho, menos remuneração ...........................................................34

4.4.3. Mulheres têm maior escolarização .............................................................................36

4.5. Jurisprudência .....................................................................................................................37

5. Conclusão ...................................................................................................................... 39

6. Referência ...................................................................................................................... 40

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1. Introdução

O objetivo é fazer uma breve demonstração do trabalho e dos direitos das

mulheres na relação de emprego no decorrer do tempo, demonstrando a evolução

das suas conquistas. A discussão é muito recorrente na esfera trabalhista, aonde as

mulheres vêm conquistando a sua igualdade em relação ao homem.

Cada capítulo apresenta um resumo, que menciona a sua história de

coragem, e de batalhas que sofreram para conquistar os seus direitos, nunca

desistindo de correr atrás dos seus objetivos, que é trabalhar, ter igualdade e

respeito.

No primeiro capítulo contaremos uma breve história das suas conquistas, e

sobre os seus direitos, e os principais princípios que tem em vista a sua proteção.

No segundo capítulo trata-se da sua evolução na história e dos seus direitos,

e principais proteções, como o salário e a licença maternidade, e as garantias no

emprego.

Já no último capitulo iremos discutir a problemática que é sobre o ambiente de

trabalho e as discriminações, junto com as suas formas e práticas, e as diferenças

salariais que acontecem até hoje.

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2. História do Direito da Mulher no Trabalho

A mulher durante toda a história foi tratada de forma diferenciada, e

preconceituosa. Em um breve resumo conheceremos a sua história ao longo do

tempo.

Na década de 1970, o ano de 1975 foi designado pela ONU como o Ano

Internacional da Mulher e o dia 8 de março foi adotado como o Dia Internacional da

Mulher pelas Nações Unidas, tendo como objetivo lembrar as conquistas sociais,

políticas e econômicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas,

linguísticas, culturais, econômicas ou políticas.

Para muitos, o 8 de março é apenas um dia para dar flores e fazer

homenagens às mulheres. Diferentemente de diversas outras datas comemorativas,

esta não foi criada pelo comércio.

Se hoje a data é lembrada como um pedido de igualdade de gênero e com

protestos ao redor do mundo, no passado nasceu principalmente de uma raiz

trabalhista.

Foram às mulheres das fábricas nos Estados Unidos e em alguns países da

Europa que começaram uma campanha dentro do movimento socialista para

reivindicar seus direitos — as condições de trabalho delas eram ainda piores do que

as dos homens à época.

A origem da data escolhida para celebrar as mulheres têm algumas

explicações históricas. No Brasil, é muito comum relacioná-la ao incêndio ocorrido

em 25 de março de 1911 na Companhia de Blusas Triangle, quando 146

trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens (a maioria judia).

No entanto, há registros anteriores a essa data que trazem referências à

reivindicação de mulheres para que houvesse um momento dedicado às suas

causas dentro do movimento de trabalhadores.

Se fosse possível fazer uma linha do tempo dos primeiros “dias das mulheres”

que surgiram no mundo, ela começaria possivelmente com a grande passeata das

mulheres em 26 de fevereiro de 1909, em Nova York.

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Naquele dia, cerca de 15 mil mulheres marcharam nas ruas da cidade por

melhores condições de trabalho — na época, as jornadas para elas poderiam chegar

às 16h por dia, seis dias por semana e, não raro, incluíam também os domingos. Ali

teria sido celebrado pela primeira vez o “Dia Nacional da Mulher”.

Enquanto isso, na Europa também crescia o movimento nas fábricas. Em

agosto de 1910, a alemã Clara Zetkin propôs em reunião da Segunda Conferência

Internacional das Mulheres Socialistas a criação de uma jornada de manifestações.

“Não era uma questão de data específica. Ela fez declarações na

Internacional Socialista com uma proposta para que houvesse um momento do

movimento sindical e socialista dedicado à questão das mulheres”, explicou à BBC

Brasil a socióloga Eva Blay, uma das pioneiras nos estudos sobre os direitos das

mulheres no país.

A proposta de Zetkin, segundo os registros que se têm hoje, propunha uma

jornada anual de manifestações das mulheres pela igualdade de direitos, sem

exatamente determinar uma data. O primeiro dia oficial da mulher seria celebrado,

então, em 19 de março de 1911.

Em 1917, houve um marco ainda mais forte daquele que viria a ser o 8 de

março. Naquele dia, um grupo de operárias saiu às ruas para se manifestar contra a

fome e a Primeira Guerra Mundial, movimento que seria o pontapé inicial da

Revolução Russa.

O protesto aconteceu em 23 de fevereiro pelo antigo calendário russo — 8 de

março no calendário gregoriano, que os soviéticos adotariam em 1918 e é utilizado

pela maioria dos países do mundo hoje.

Após a revolução bolchevique, a data foi oficializada entre os soviéticos como

celebração da “mulher heroica e trabalhadora”.

O chamado “Dia Internacional da Mulher” só foi oficializado em 1975, ano que

a ONU intitulou de “Ano Internacional da Mulher” para lembrar suas conquistas

políticas e sociais.

“Já faz mais de cem anos que isso foi levantado e é bom nos continuarmos

reclamando, porque os problemas persistem. Historicamente, isso é fundamental”.

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No mundo inteiro, a data ainda é comemorada, mas ao longo do tempo

ganhou um aspecto “comercial” em muitos lugares.

O dia 8 de março é considerado feriado nacional em vários países, como a

própria Rússia, onde as vendas nas floriculturas se multiplicam nos dias que

antecedem a data, já que homens costumam presentear as mulheres com flores na

ocasião.

Na China, as mulheres chegam a ter metade do dia de folga no 8 de março,

conforme é recomendado pelo governo, mas nem todas as empresas seguem essa

prática.

Já nos Estados Unidos, o mês de março é um mês histórico de marchas das

mulheres.

No Brasil, a data também é “comemorada” com protestos em todas as

principais cidades do país, com reivindicações sobre igualdade salarial e protestos

contra a criminalização do aborto e a violência contra a mulher.

“O que evoluiu é que hoje as pessoas conseguem falar sobre os problemas.

Antes, se escondia isso. Tudo ficava entre quatro paredes. Antes, esses problemas

eram mais aceitos, hoje não”.

Suas principais conquistas ao logo do tempo, por mulheres que entraram para

a história.

Na Constituição de 1824 nem mencionava a participação da mulher na

sociedade.

Na Constituição da República 1889 a mulher era citada quando se referia à

filiação ilegítima, mostrando a falta de importância da mulher.

No Século XIX as mulheres se organizaram para conquistar mais espaço na

educação e no trabalho.

A primeira advogada do país surgiu em 1898, e se chamava Myrtes de

Campos.

No ano de 1880, a dentista Isabel Dillon evocou na Justiça a aplicação da Lei

Saraiva que garantia ao detentor de títulos o direito de votar.

Em 1894 foi promulgado em Santos/SP o direito ao voto, mas foi derrubada.

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No ano de 1917, as mulheres começaram a trabalhar no serviço público.

A primeira prefeita é eleita em 1928 em Lages/RN.

O voto feminino se torna direito nacional em 1932. Eleita em 33, Carlota de

Queiroz é a primeira deputada federal e participa da Assembleia Nacional

Constituinte.

Em 1934 a mulher passa a ter direitos políticos.

A constituição deu às mulheres a conquista o primeiro tratamento diferencial,

a licença-maternidade. O texto foi um marco fundamental na luta pela igualdade de

gênero.

A Constituição de 67 estabeleceu a diminuição do tempo de serviço para a

aposentadoria feminina.

Nos anos 60, surge a pílula anticoncepcional, que foi um marco e uma

libertação para as mulheres.

A Carta Magna de 88 menciona a igualdade perante a lei e reafirma a

igualdade de direitos e obrigações de homens e mulheres como a licença

maternidade e paternidade, e proibição de diferenças salariais, e a proteção no

trabalho, e estabilidade à gestante, e a diferença na aposentadoria, que são

constitucionalizados como garantias fundamentais.

Na família, a união estável, e a isonomia conjugal, divórcio, princípio da

paternidade responsável são protegidas no ambiente familiar, de toda e qualquer

forma de violência.

Ainda as mulheres enfrentam jornada dupla de trabalho, e sofrem

discriminação e violência.

As mulheres são maioria nas eleições e são mal remuneradas, apesar de

pesquisas apontarem que são mais escolarizadas, sendo discriminadas nos

esportes, mesmo sendo maioria nas participações esportivas internacionais.

2.1. Contrato de Trabalho

Antigamente chamado com “locação de serviço”, e hoje pode ser chamado

como contrato de trabalho ou relação de emprego.

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A CLT traz em seu texto o conceito de contrato de trabalho que é um contrato

individual que firma um acordo expresso correspondente à relação de emprego que

diz o seguinte:

Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso,

correspondente à relação de emprego.

Megano conceitua o contrato de trabalho como o negócio jurídico pelo qual

uma pessoa física se obriga, mediante renumeração, a prestar serviços, não

eventuais, a outra pessoa ou entidade, sob a direção de qualquer das últimas.

O direito Individual do trabalho é uma parte do Direito do Trabalho que estuda

o contrato individual seguindo suas regras ou norma a ele aplicadas; não é

considerado um ramo autônomo, mas sim uma de suas divisões (MARTINS, 2006,

p. 79).

Sendo assim o contrato de trabalho é o ato jurídico que cria relação de

emprego. Gerando desde o início direito e obrigações para o empregador e o

empregado.

Segundo Sergio Pinto Martins “Todo contrato de trabalho é uma relação de

trabalho, mas sempre a relação de trabalho é um contrato de trabalho, pois, pode

envolver o trabalho autônomo, eventual etc.” (MARTINS, 2006, p.82).

2.2. Empregador

A CLT conceitua que empregador é uma empresa individual ou coletiva, que

assumi riscos da atividade econômica, e admite, e assalaria e dirige a prestação

pessoal de serviços.

O artigo 2º da CLT diz o seguinte:

Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,

assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a

prestação pessoal de serviço.

§1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de

emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as

associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que

admitirem trabalhadores como empregados.

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Antigamente chamado como ‘patrão, patrono’, hoje consagrado como

empregador.

Para ser empregador tem alguns requisitos como: a sociedade de fato,

sociedade irregular, sociedade inscrita na junta comercial ou no cartório de registro

de títulos e documentos, e não precisa necessariamente ter personalidade jurídica.

Pode se afirmar que empregador é toda pessoa que possui empregado.

2.3. Empregado

É uma pessoa física que trabalha de forma subordinada e de modo não

eventual para outro de quem recebe seu salário.

O artigo 3° da consolidação das leis do trabalho diz o seguinte:

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de

natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante

salário.

Dessa forma pode se afirmar que para ser empregado tem que ter alguns

requisitos como ser: pessoa física, subordinada, ter habitualidade, prestar serviço e

receber salário.

Ter capacidade civil para trabalhar como o artigo 3° e 5º do código civil que

diz o seguinte:

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da

vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa

fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Dessa forma conclui-se que o empregado é uma pessoa física que utiliza do

seu esforço em proveito de outro no caso o empregador, prestando serviço de

natureza não eventual.

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2.4. Princípios do Direito do Trabalho

A CLT, em seu artigo 8º, vem consagrar a função integrativa dos princípios

gerais do direito ao salientar sua aplicação somente para casos em que há omissão

legal ou contratual, ou situações em que deva orientar a compreensão (MARTINS,

2007, p.60).

Os princípios gerais do direito são aplicáveis em nosso âmbito por força do

artigo 8° da CLT que diz o seguinte:

Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de

disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela

jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas

gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo

com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que

nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse

público.

Sendo assim como a equidade e a analogia, os princípios completam o

ordenamento jurídico em suas lacunas.

A função do princípio são várias como ser informadora, normativa e

interpretativa.

Segundo Sergio Pinto Martins (2007, p.60): “... os princípios são as

proposições básicas que fundamentam a ciência, e para o Direito, o princípio é o seu

fundamento, a base que irá informar e inspirar as normas jurídicas”.

2.5. Princípio da proteção

Esse princípio visou à necessidade de uma compensação diante da

superioridade econômica do empregador sobre o emprego, dando ao empregado

uma superioridade jurídica.

Segundo Maurício Gordinho Delgado (2006, p.197).

O Princípio da proteção informa que o Direito do Trabalho estrutura seu

interior. Com suas regras, institutos, princípios e presunções próprias uma

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teia de proteção à parte hipossuficiente na relação empregatícia, o obreiro,

visando retificar (ou atenuar), no plano jurídico, o desequilíbrio inerente ao

plano fático do contrato de trabalho.

A CLT no seu artigo 620º diz o seguinte:

Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho

sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de

trabalho.

Visando proteger o trabalhador, em relação à hierarquia das normas jurídicas,

no direito do trabalho, tendo várias normas, deve se observar a que for mais

favorável (MARTINS, 2007, p.44).

2.6. Princípio in dúbio pro operário

Esse princípio aplica-se a regra mais favorável ao trabalhador.

Havendo dúvida, verifica-se quem tem o ônus da prova no caso concreto de

acordo com o artigo 373° do CPC e 818° da CLT que diz o seguinte:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo

do direito do autor.

Art. 818. O ônus da prova incumbe:

I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou

extintivo do direito do reclamante.

Esse princípio aconselha a quem for interpretar escolher entre duas ou mais

interpretações viáveis, a mais favorável ao trabalhador, desde que não afronte a

nítida manifestação do legislador, nem se trate de matéria proibitória (ARAÚJO,

2003, p.183).

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2.7. Princípio da condição mais benéfica

Quando duas ou mais normas dispuserem sobre o mesmo tipo de direito,

aplica-se a que mais favorecer o trabalhador.

O artigo 5°, XXXVI da CF diz o seguinte:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a

coisa julgada;

Segundo Martins, esse princípio determina a prevalência das condições mais

vantajosas para o trabalhador, expressa no contrato de trabalho ou regulamentado

na empresa (MATINS, 2007, p.63).

A CLT traz em seu texto no artigo 468º a determinação desse princípio que

diz o seguinte:

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita à alteração das

respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que

não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de

nulidade da cláusula infringente desta garantia.

§1o Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador

para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente

ocupado, deixando o exercício de função de confiança.

2.8. Princípio da Igualdade

É declarado pela generalidade dos sistemas jurídicos e proclamado pela

Declaração Universal dos Direitos do Homem no seu artigo 23°, que diz o seguinte:

Artigo23°

1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, as

condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o

desemprego.

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2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual

remuneração por igual trabalho.

3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e

satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência

compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se

necessário, outros meios de proteção social.

4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar

para proteção de seus interesses.

A Constituição Federal traz no seu artigo 5°, I o texto que diz o seguinte:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos

desta Constituição;

Segundo Rodriguez (2000, p.443), vários são os nomes para tratar da

desigualdade. Um exemplo da desigualdade é a questão do salário entre os sexos,

contudo, as distinções do sexo e seus problemas vão além da questão do salário.

A CLT no artigo 373-A traz a especificação da mulher no contexto laboral que

diz o seguinte:

Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as

distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas

especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado:

I - publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao

sexo, à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da

atividade a ser exercida, pública e notoriamente, assim o exigir;

II - recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão

de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a

natureza da atividade seja notória e publicamente incompatível;

III - considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável

determinante para fins de remuneração, formação profissional e

oportunidades de ascensão profissional;

IV - exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de

esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego;

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V - impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos para deferimento de

inscrição ou aprovação em concursos, em empresas privadas, em razão de

sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez;

VI - proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas

ou funcionárias.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não obsta a adoção de medidas

temporárias que visem ao estabelecimento das políticas de igualdade entre

homens e mulheres, em particular as que se destinam a corrigir as

distorções que afetam a formação profissional, o acesso ao emprego e as

condições gerais de trabalho da mulher.

2.9. Princípio da Proteção do Mercado de Trabalho da Mulher

Esse princípio traz considerações especificas as mulheres e está previsto no

artigo 7º, XX da Constituição Federal que diz o seguinte:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que

visem à melhoria de sua condição social:

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos

específicos, nos termos da lei;

E o decreto 4.377/02 trata sobre a eliminação de todas as formas de

discriminação contra a mulher, no seu artigo 11º, alíneas a, b, c, d, e, f, ficando o

estado responsável por fiscalizar e adotar medidas que elimine a discriminação,

esse artigo diz o seguinte:

Artigo 11º

1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas para eliminar

a discriminação contra a mulher na esfera do emprego a fim de assegurar,

em condições de igualdade entre homens e mulheres, os mesmos direitos,

em particular:

a) O direito ao trabalho como direito inalienável de todo ser humano;

b) O direito às mesmas oportunidades de emprego, inclusive a aplicação

dos mesmos critérios de seleção em questões de emprego;

c) O direito de escolher livremente profissão e emprego, o direito à

promoção e à estabilidade no emprego e a todos os benefícios e outras

condições de serviço, e o direito ao acesso à formação e à atualização

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profissionais, incluindo aprendizagem, formação profissional superior e

treinamento periódico;

d) O direito a igual remuneração, inclusive benefícios, e igualdade de

tratamento relativa a um trabalho de igual valor, assim como igualdade de

tratamento com respeito à avaliação da qualidade do trabalho;

e) O direito à seguridade social, em particular em casos de aposentadoria,

desemprego, doença, invalidez, velhice ou outra incapacidade para

trabalhar, bem como o direito de férias pagas;

f) O direito à proteção da saúde e à segurança nas condições de trabalho,

inclusive a salvaguarda da função de reprodução.

2.10. Princípio da não Discriminação

E vedado à discriminação sem distinção de qualquer espécie, cor, sexo,

língua, religião, opinião, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer

outra condição.

Amauri Mascaro Nascimento menciona que o trabalhador tem direitos

fundamentais como: direito de personalidade, proteção contra discriminação, direito

à igualdade, à dignidade, indenização por dano moral, proteção contra assédio

moral e sexual, e a defesa da vida e integridade física.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos no seu artigo 1º e 7° dizem o

seguinte:

Artigo1º

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.

São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos

outros com espírito de fraternidade.

Artigo7º

Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual

proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer

discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer

incitamento a tal discriminação.

A proteção ao princípio da não discriminação não fica restrita à constituição

federal. O legislador, visando dar maior amplitude e delimitação ao tema, atuou na

confecção de vários dispositivos legais, alguns de caráter geral, outros com

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direcionamento mais preciso, visando complementar o texto constitucional

(MARTINS, 2007, p.476).

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3. Evolução no Direito da Mulher

Neste capítulo, vamos estudar o trabalho da mulher, em uma breve evolução

dos seus direitos e proteções, como o salarial, proteção à maternidade, e suas

garantias.

O trabalho da mulher foi muito utilizado, por que elas aceitavam salários

baixos em relação aos homens e aceitavam longas jornadas de trabalho por dia em

condições precárias, para manter seu emprego (CARVALHO, 1991, p. 222).

Elas que antes ficava em casa, cuidando de seus afazeres domésticos,

passaram a se tornar um braço da indústria, aumentando o desemprego entre os

homens, por um salário mais baixo, diminuindo a média de todos (JOÃO, 1957, p.

56).

Ela sempre contribuiu, tanto nas tarefas de casa, como no amparo das

crianças, e do marido, com atividades econômicas em campo ou na cidade. Afinal, a

mulher, segundo os romanos, era para o homem consortium omnis vitae que quer

dizer a empresa de toda vida (CARVALHO, 1991, p. 225).

A mulher trabalhava na terra, tratava do rebanho, confeccionava utensílios

domésticos e tecidos para fazer suas roupas, além de cuidar da casa e dos filhos.

Na Roma antiga, as mulheres confeccionavam as roupas do exército.

Sergio Pinto Martins dizia que, nessa época, “o trabalho era considerado um

castigo. Os nobres não trabalhavam” (2007, p. 4).

Antes da Revolução Industrial, a produção de produtos e mercadorias era

essencialmente manual e caracterizada pelo artesanato, as máquinas utilizadas

eram simples, o que impossibilitava a produção em larga escala.

Durante o século XVIII, a sociedade então foi fortemente impactada pela

Revolução. Uma fase histórica marcada pela substituição do trabalho artesanal e

pela introdução das máquinas industriais como mão de obra. O período foi marcado

pela necessidade do sistema capitalista em intensificar o lucro e a consequência

disso foram às condições precárias de trabalho.

Naquele período, a mão de obra feminina era considerada mais barata do que

a masculina, pois, sua capacidade produtiva era menor que a realizada pelos

homens. Como o Estado não intercedia nas relações de trabalho, elas passaram a

ser exploradas, não possuíam condições de trabalho seguro, trabalhavam em

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jornadas superiores há 15 horas sem descanso, em ambientes sem condições de

higiene, executando funções bem além de suas forças.

Como afirma Sidnei Máximo João: “Voltado para o lucro, o novo sistema de

produção buscava o barateamento da mão de obra. Desvalorizada, desqualificada e

considerada inferior, a força de trabalho de mulheres e menores podia ser explorada

em grande escala, a preços inferiores àqueles pagos ao trabalhador adulto e do

sexo masculino”.

Esse período também fez com que os homens tivessem sua mão de obra

desvalorizada, visto que as mulheres passaram a ser mais procuradas pelo mercado

de trabalho. Isso fez com que a taxa de desemprego aumentasse muito e que os

homens passassem a se submeter a qualquer trabalho. As condições de trabalho

eram péssimas para ambos os sexos. O sistema capitalista naquela fase explorou

ao máximo a classe trabalhadora.

As máquinas foram aos poucos substituindo a mão de obra do trabalhador. A

sociedade passou a enfrentar uma intensa crise. Foi aí que surgiu a necessidade de

um ramo que protegesse os trabalhadores de uma forma geral.

3.1. Proteções do Direito da Mulher

Em busca do equilíbrio da atividade exercida pelo homem, e a mulher a CLT,

trouxe em seus artigos a proteção do trabalho desempenhado pela mulher.

A partir da Constituição Federal de 1988, as mulheres passaram, a ter

igualdade de direitos em relação ao homem no seu artigo 5º que diz o seguinte:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos

desta Constituição;

A evolução não parou por aí o art. 7º da CF diz o seguinte:

Art.7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que

visem à melhoria de sua condição social:

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XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de

critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

Dessa forma a mulher terá direito aos mesmos salários que os homens

exercendo o mesmo trabalho, a CLT no seu artigo 461º diz o seguinte:

Art. 461º. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado

ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial,

corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou

idade.

A jornada de trabalho da mulher é idêntica à do homem, 44 horas semanais e

o máx. de 8 horas diárias, quando a lei não fixar jornadas inferiores, não em razão

do sexo, mas em razão da natureza do trabalho (DELGADO, 2006, p. 875).

A mulher tem estado presente nas novas leis que visam à igualdade, o

exemplo disso são os direitos conquistados que são vitórias de lutas.

Os Principais direitos da Mulher no Contrato de Trabalho como o salário

maternidade, licença maternidade e suas garantias no emprego será discutida logo

mais.

3.2. Salário Maternidade

O salário maternidade é um benefício pago pela Previdência Social que

garante auxílio financeiro às mães no período inicial depois da chegada do filho. O

objetivo é ajudar na complementação da renda de mulheres que precisam se afastar

de suas funções profissionais por causa do nascimento ou da adoção de uma

criança.

O salário ou auxílio-maternidade é garantido em casos de parto (antecipado

ou não), de aborto não criminoso e de adoção. Mães de bebês natimortos também

têm direito ao benefício.

Para solicitar o pagamento, é preciso que a mãe se encaixe na categoria de

“segurada” do INSS. Ou seja, é necessário que ela contribua mensalmente para a

Previdência Social. Assim, desempregadas, empregadas domésticas, contribuintes

individuais, trabalhadoras facultativas e seguradas especiais também podem solicitar

o salário-maternidade.

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A lei que discute o direito do salário maternidade é a lei 8.861, de 25 de março

de 1994 que no seu artigo 39° e seguinte diz o seguinte:

Art. 39º

Parágrafo único. Para a segurada especial fica garantida a concessão do

salário-maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove

o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12

(doze) meses imediatamente anteriores ao do início do benefício.

Art.71. O salário-maternidade é devido à segurada empregada, à

trabalhadora avulsa, à empregada doméstica e à segurada especial,

observado o disposto no parágrafo único do art. 39 desta lei, durante 120

(cento e vinte) dias, com início no período entre 28 (vinte e oito) dias antes

do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições

previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade.

Parágrafo único. A segurada especial e a empregada doméstica podem

requerer o salário-maternidade até 90 (noventa) dias após o parto.

Art.73. O salário-maternidade será pago diretamente pela Previdência

Social a empregada doméstica, em valor correspondente ao do seu último

salário de contribuição, e à segurada especial, no valor de 1 (um) salário

mínimo, observado o disposto no regulamento desta lei.

Art.106. A comprovação do exercício da atividade rural far-se-á pela

apresentação obrigatória da Carteira de Identificação e Contribuição referida

nos §§ 3º e 4º do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e, quando

referentes ao período anterior à vigência desta lei, através de:

3.3. Licença Maternidade

A legislação trabalhista busca proteger a trabalhadora neste período. A

Mulher tem direito a uma licença de 120 dias após o parto. Fica a cargo do

empregador o salário-maternidade, de acordo com a CLT é dever da gestante

comunicar o empregador da data do início do afastamento do emprego, conforme

está previsto no artigo 392º, §1º, CLT que diz o seguinte:

Art. 392º. A empregada gestante tem direito à licença-maternidade de 120

(cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário.

§ 1º A empregada deve, mediante atestado médico, notificar o seu

empregador da data do início do afastamento do emprego, que poderá

ocorrer entre o 28º (vigésimo oitavo) dia antes do parto e ocorrência deste.

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Além de garantido o emprego e a manutenção de seu salário, a gestante

possui outros direitos implementados, principalmente pela Lei 9.799/99 no §4º, I, II,

que diz o seguinte:

§ 4o É garantido à empregada, durante a gravidez, sem prejuízo do salário e

demais direitos:

I - transferência de função, quando as condições de saúde o exigirem,

assegurada a retomada da função anteriormente exercida, logo após o

retorno ao trabalho;

II - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização

de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares.

Os direitos acima são descritos por Leite (2015, p.546) da seguinte maneira:

Os fundamentos da proteção jurídica especial destinada à mulher são de

ordem fisiológica, já que a mulher não é dotada da mesma resistência física

do homem, e social, porque interessa a toda a sociedade a defesa e

proteção da família.

A mulher que adotar ou obtiver guarda judicial, o empregador aqui, deverá ser

comunicado com a apresentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã,

conforme o art.392º-A, da CLT. Desse modo, o direito ao papel de mãe é concedido

tanto ás mães biológicas quanto as que adotam, e as que são guardiãs, o texto

desse artigo diz o seguinte:

Art. 392º-A. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de

adoção de criança ou adolescente será concedida licença-maternidade nos

termos do art. 392 desta Lei.

Nos primeiros seis meses de vida da criança, a mãe terá direito a dois

descansos especiais de meia hora cada, sendo para amamentar o filho, e este

período pode aumentar, a critério da autoridade competente, quando exigir a saúde

da criança, artigo 396º, § 1o diz o seguinte:

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Art. 396º. Para amamentar seu filho, inclusive se advindo de adoção, até

que este complete 6 (seis) meses de idade, a mulher terá direito, durante a

jornada de trabalho, a 2 (dois) descansos especiais de meia hora cada um.

§ 1o Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 (seis) meses poderá

ser dilatado, a critério da autoridade competente.

Em respeito à mulher a constituição trás o seguinte texto relacionado à

gestação que diz o seguinte:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que

visem à melhoria de sua condição social:

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a

duração de cento e vinte dias.

A gestante é assegurada seu salário integral quando a falta for em

decorrência da gravidez.

3.4. Garantia Provisória no Emprego

É assegurada a gestante a garantia provisória do emprego até cinco meses

após o parto, ADTC, artigo 10º, II, “b”. Logo, sendo a dispensa sem justa causa ou

arbitraria, poderá a trabalhadora pleitear reintegração. O Tribunal Superior do

Trabalho (TST) reconhece implicitamente a responsabilidade objetiva do

empregador, como nos traz a Súmula 244, daquela corte (LEITE, 2015. p.551).

Súmula 244 TST - Gestante. Estabilidade provisória. I – O desconhecimento

do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da

indenização decorrente da estabilidade (ADCT, art. 10, II, “b”). II - A garantia

de emprego à gestante só autoriza a reintegração se der durante o período

de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais

direitos correspondentes ao período de estabilidade. III - A empregada

gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art.10, inciso II,

alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na

hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado.

O empregador que demite sua funcionária que está sob amparo da lei acima

mencionada corre o risco de punições. A demissão por parte do empregador não se

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justifica, uma vez que no ato da contratação ele está, mesmo que

inconscientemente, ciente da possibilidade de afastamento de sua empregada no

período após o parto. O direito também é válido para gestantes que estejam no trato

de experiência (MENDES; GODOY JUNIOR, 2013). Por esse motivo a proteção à

gestante, porque há empregadores que preferem a figura masculina em detrimento

da feminina; o que não é justificável e passível de generalizações.

Segundo Sergio Pinto Martins (2009),

No inciso II da súmula 244 do TST ainda continuou entendendo que a

gestante só tem o direito à reintegração se ela estiver em gozo do período

de estabilidade, ou seja, da concepção até 5 (cinco) meses após o parto.

Caso esta venha pleitear este direito “a posteriori’’, ela só fará jus aos

salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. Não

percebendo, assim, a reintegração (MARTINS, 2009, p.175).

Assim, a mulher que estiver em período protegido por lei precisa atentar-se

para o término deste. Desse modo, pouco antes de finalizado, segure-se a ela que

procure os responsáveis competentes para que se atualize em seu cargo anterior.

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4. Discriminação da Mulher na relação de Emprego

A discriminação significa distinguir, diferenciar, separar e é o que acontece

com varias mulheres no seu emprego. Segundo Delgado a discriminação é a

conduta pela qual se nega à pessoa, em face de critério injustamente desqualificam-

te, tratamento compatível com o padrão jurídico assentado para a situação concreta

por ela vivenciada (DELGADO, 2006, p. 779).

A Constituição Federal de 1988 no seu art. 7º, inciso XX diz o seguinte:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que

visem à melhoria de sua condição social:

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos

específicos, nos termos da lei;

Octavio Bueno Magano (1993, p. 482) observa que:

O princípio da não discriminação é hoje dominante, refletindo-se não

apenas no já citado preceito do Estatuto dos trabalhadores, mas também na

eliminação de certas prerrogativas que, no passado, só se conferiam à

mulher e que hoje se atribuem também ao homem, como a de licença para

cuidar de filhos e a de garantia de transferência, condicionada tão somente

à existência de vagas, na hipótese de qualquer dos cônjuges ser designado

para trabalho em local diverso do habitual.

4.1. As formas de Discriminação

As formas de discriminação podem ser de forma direta ou indireta.

A discriminação direta existe sempre que alguém é sujeito a tratamento

menos favorável do que aquele que é, ou tenha sido, ou venha a ser dada a outra

pessoa em situação comparável.

A discriminação indireta existe sempre que uma disposição, critério ou prática

aparentemente neutra seja, suscetível de colocar alguém, em função de um fator

discriminatório, numa posição de desvantagem comparativamente a outros, a não

ser que essa disposição, critério ou prática seja objetivamente justificado por um fim

legítimo e que os meios para o alcançar sejam adequados e necessários.

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O artigo n.º 25 do Código de Trabalho regula a proibição de discriminação

pela entidade empregadora, onde também se incluiu a discriminação direta e

indireta. Assim:

É proibido à entidade empregadora exercer qualquer discriminação direta e

indireta. Constitui contra ordenação muito grave a violação deste ponto.

Não pode ser praticado qualquer ato de retaliação que prejudique o

trabalhador em consequência de rejeição ou submissão de ato discriminatório. A

violação deste princípio também constitui contra ordenação muito grave.

É considerada discriminação qualquer ordem ou instrução que tenha como

objetivo prejudicar alguém em função de um fator discriminatório.

É abusivo ou outra sanção aplicada alegadamente para punir uma infração.

Não é permitido à entidade empregadora, em circunstância alguma, exigir a

realização ou apresentação de testes ou exames de gravidez. O médico responsável

pelos testes e exames médicos apenas comunica à entidade empregadora se a

trabalhadora está apta ou não para trabalhar.

Quem alega discriminação, deve indicar o trabalhador ou trabalhadores em

relação a quem se sente discriminado. É incumbência da entidade empregadora

provar que a diferença de tratamento não assenta em nenhum fator discriminatório.

Não é considerada discriminação o comportamento baseado em fator

discriminatório que seja requisito justificável e determinante para o exercício da

atividade profissional, tendo em conta a atividade ou o contexto da sua execução.

Não é considerada discriminação a medida legislativa de duração limitada que

beneficia certo grupo, desfavorecido em função de fator discriminatório, com o

objetivo de garantir o exercício, em condições de igualdade, dos direitos previstos na

lei ou corrigir situação de desigualdade em contexto social.

4.2. As Práticas de Discriminação

A ONU aprovou em 1974 uma convenção sobre a eliminação de todas as

formas de discriminação contra a mulher, que foi promulgada pelo decreto nº 89.460,

de 20 de março de 1984. Prevê que os direitos sejam assegurados “em condições

de igualdade entre homens e mulheres” (MARTINS, 2007, p.477).

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A lei nº. 9029, de 13 de abril de 1995, estabeleceram à proibição de exigência

de atestado de gravidez e esterilização.

Para Sergio Pinto Martins (2007, p.478):

... a lei 9029 de 1995 vai desestimular a empresa a contratar mulher, em

função das suas proibições. Quando deveria proteger, irá desproteger a

obreira, impedindo a admissão de trabalhadoras. Aqui está desprestigiando

a contratação de mulheres pelo empregador que não poderá exigir exame

médico da mulher para admiti-la, o que poderá ser interpretado em prejuízo

da própria trabalhadora.

A Constituição Federal de 1988, no caput do art. 5º e no 7º, nos incisos XX e

XXX, eliminou do direito qualquer prática discriminatória contra a mulher.

A convenção da OIT nº 103, foi aprovada pelo Brasil pelo decreto legislativo

n° 20/65 que diz que quando a mulher se ausentar por gravidez é ilegal que seja

dispensada do seu trabalho pelo empregador (MARTINS, 2007, p.590).

4.3. Diferenças Salariais

O percentual do salário feminino em relação ao masculino, em regra, seria

igual, mas não é bem assim, os homens ganham mais entre às mulheres

aumentando o diferencia salarial entre os sexos.

A herança cultural machista e a entrada tardia das mulheres no mercado de

trabalho fizeram com que as mulheres passassem a buscar condições igualitárias a

partir das décadas de 1960 e 1970, que estão entre os fatores que contribuíram para

a desigualdade salarial.

“A igualdade salarial entre homens e mulheres ainda deve levar um bom

tempo para acontecer. Temos visto melhorias e crescimento da ocupação da mulher

no mercado de modo geral, mas ainda vai levar um tempo para que as condições

fiquem efetivamente iguais”.

A mulher ainda perde muito espaço porque algumas empresas acreditam que

ela terá menos disponibilidade para o trabalho por causa da família e da casa.

Por outro lado, ressalta que o mercado está em evolução e diversas

companhias passaram a acompanhar a importância da igualdade entre gêneros. “A

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melhor forma de ajudar a acelerar e engajar esse processo é estimular as empresas

a ter esse comportamento, aderente ao que mercado pede. O mercado e as

pessoas clamam pela igualdade e elas [companhias] precisam responder a isso”.

4.4. Analise de Dados

4.4.1. Mulher estuda mais, trabalha mais e ganha menos do

que o homem

As mulheres trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os

homens, combinando trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de

pessoas. Mesmo assim, e ainda contando com um nível educacional mais alto, elas

ganham, em média, 76,5% do rendimento dos homens. Essas e outras informações

estão no estudo de Estatísticas de Gênero, divulgado pelo IBGE.

4.4.2. Mais horas de trabalho, menos remuneração

Vários fatores contribuem para as diferenças entre homens e mulheres no

mercado de trabalho. Por exemplo, em 2016, as mulheres dedicavam, em média, 18

horas semanais a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, 73% a mais do que

os homens (10,5 horas). Essa diferença chegava a 80% no Nordeste (19 contra

10,5). Isso explica, em parte, a proporção de mulheres ocupadas em trabalhos por

tempo parcial, de até 30 horas semanais, ser o dobro da de homens (28,2% das

mulheres ocupadas, contra 14,1% dos homens).

“Em função da carga de afazeres e cuidados, muitas mulheres se sentem

compelidas a buscar ocupações que precisam de uma jornada de trabalho mais

flexível”, explica a coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE,

Barbara Cobo, complementando que “mesmo com trabalhos em tempo parcial, a

mulher ainda trabalha mais. Combinando-se as horas de trabalhos remunerados

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com as de cuidados e afazeres, a mulher trabalha, em média, 54,4 horas semanais,

contra 51,4 dos homens”.

Mesmo trabalhando mais horas, a mulher segue ganhando menos. Apesar de

a diferença entre os rendimentos de homens e mulheres terem diminuído nos

últimos anos, em 2016 elas ainda recebiam o equivalente a 76,5% dos rendimentos

dos homens. Uma combinação de fatores pode explicar essa diferença. Por

exemplo, apenas 37,8% a 39,1% dos cargos gerenciais eram ocupados por

mulheres; essa diferença aumentava com a faixa etária, indo de 43,1% a 43,4% de

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mulheres em cargos de chefia no grupo até 29 anos de idade até 31,3% a 31,8% no

grupo de 60 anos ou mais.

Outros aspectos como a segregação ocupacional e a discriminação salarial

das mulheres no mercado de trabalho, podem contribuir para a diferença de

rendimentos. “Observamos o que se chama de teto de vidro, ou glassceiling”, explica

Barbara Cobo: “A mulher tem a escolarização necessária ao exercício da função,

consegue enxergar até onde poderia ir à carreira, mas se depara com uma ‘barreira

invisível’ que a impede de alcançar seu potencial máximo”. Na categoria de

ocupação com nível superior completo ou maior, a diferença era ainda mais

evidente: as mulheres recebiam 63,4% do rendimento dos homens em 2016.

4.4.3. Mulheres têm maior escolarização

Em 2016, as mulheres de 15 a 17 anos de idade tinham frequência escolar

líquida (proporção de pessoas que frequentam escola no nível de ensino adequado

a sua faixa etária) de 73,5% para o ensino médio, contra 63,2% dos homens. Isso

significa que 36,8% dos homens estavam em situação de atraso escolar. Na

desagregação por cor ou raça, 30,7% das pretas ou pardas de 15 a 17 anos de

idade apresentaram atraso escolar em relação ao ensino médio, em face de 19,9%

das mulheres brancas. Comparando-se gênero e cor ou raça, o atraso escolar das

mulheres brancas estava mais distante do registrado entre os homens pretos ou

pardos (42,7%).

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Essa trajetória escolar desigual, relacionada a papéis de gênero e à entrada

precoce dos homens no mercado de trabalho, faz com que as mulheres tenham

mais nível de instrução. Na faixa dos 25 a 44 anos de idade, 21,5% das mulheres

tinham completado a graduação, contra 15,6% dos homens. Desagregando-se a

população de 25 anos ou mais de idade com ensino superior completo por cor ou

raça, as mulheres brancas estão à frente, com 23,5%, seguidas pelos homens

brancos, com 20,7%.

4.5. Jurisprudência

Segundo o entendimento dos nossos Tribunais seguem a decisão do Tribunal

Superior do Trabalho sobre o recurso de revista.

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Tribunal Superior do Trabalho TST - RECURSO DE REVISTA: RR

2309820135090652

Publicado por Tribunal Superior do Trabalho

Processo: RR 2309820135090652

Órgão Julgador: 6ª Turma

Publicação: DEJT 31/03/2015

Julgamento: 25 de Março de 2015

Relator: Kátia Magalhães Arruda

Ementa

RECURSO DE REVISTA. PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER. INTERVALO

ANTERIOR À PRORROGAÇÃO DA JORNADA. ART. 384 DA CLT. RECEPÇÃO

PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

O art. 384 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Não se trata

aqui de discutir a igualdade de direitos e obrigações entre homens e mulheres. A

mulher não é diferente como força de trabalho, pode desenvolver com habilidade e

competência as atividades a que se dispuser ou que lhe sejam impostas. No

entanto, o legislador procurou ampará-la, concedendo-lhe algumas prerrogativas

voltadas para a proteção da sua fisiologia. Recurso de revista a que se dá

provimento. (TST, 2015, online)

Conforme o entendimento unânime do Tribunal deu se provimento ao recurso

de revista.

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5. Conclusão

O trabalho da mulher sempre foi importante e continua sendo para o

progresso da humanidade, estando presente em todas as épocas.

O seu trabalho sempre foi considerado inferior ao do homem, e com a

revolução Industrial o sofrimento aumentou.

Antigamente quando o machismo era maior, os trabalhos domésticos eram

destinados às esposas junto com os cuidados dos filhos, e sempre foram

desvalorizadas pelo seu trabalho.

E historicamente quando se trabalhava fora de sua casa era para completar a

renda do marido, que ganhava um salário baixo.

Já no final do século os primeiros contemplados com a legislação trabalhista

que visa proteger o trabalhador de forma geral, foi às mulheres em virtude do seu

trabalho que eram explorados.

Os direitos estavam assegurados nas convenções, textos constitucionais, e

nas normas.

Mesmo sem deixar suas tarefas domésticas de lado, sempre foram

importantíssimas para o crescimento do mundo e serão ainda mais, estando nos

setores de atividade econômica e em quase todas as profissões, melhorando as

condições de vida e contribuindo para o progresso.

Este estudo apresenta contribuições para a área, uma vez que os resultados

dialogam com avanços positivos no direito das mulheres no âmbito trabalhista.

Avanços estes acarretados de inquietações sociais e culturais que foram presentes

na história do país.

A legislação trabalhista tem assegurado à proteção física e biológica, dando

atenção, segurança e salubridade, a gestante e na maternidade, proclamando o

princípio da igualdade salarial.

Aos poucos a mulher vai adquirindo consciência do seu papel no Brasil e no

Mundo e da sua importância na economia, passando a exigir seus direitos.

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