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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ EVANILDA DOMINGOS DOS SANTOS SILVA A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA FORMAÇÃO DA CEB’S NA COMUNIDADE DO BUGRE NO MUNICÍPIO DE IPORÁ IPORÁ - GO 2010 EVANILDA DOMINGOS DOS SANTOS SILVA

A Participação Feminina Na Formação Da Ceb’s Na Comunidade Do Bugre No Município de Iporá

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ

EVANILDA DOMINGOS DOS SANTOS SILVA

A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA FORMAÇÃO DA CEB’S NA COMUNIDADE

DO BUGRE NO MUNICÍPIO DE IPORÁ

IPORÁ - GO

2010

EVANILDA DOMINGOS DOS SANTOS SILVA

1

A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA FORMAÇÃO DA CEB’S NA COMUNIDADE

NO BUGRE DO MUNICÍPIO DE IPORÁ

Monografia apresentada à coordenação doCurso de Geografia, da Universidade Estadualde Goiás – UnU Iporá, como requisito parcialpara a obtenção do título de licenciatura emGeografia.

Orientador: Prof Leonardo Venicius Parreira Proto.

IPORÁ - GO

2010

2

A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA FORMAÇÃO DA CEB’S NA COMUNIDADE NOBUGRE NO MUNICÍPIO DE IPORÁ

Monografia apresentada à cordenação doCurso de Geografia, da Universidade Estadualde Goiás – UnU Iporá, como requisito parcialpara a obtenção do título de licenciatura emGeografia.

Orientador: Prof Leonardo Venicius Parreira Proto.

______________________________________________

Prof. Leonardo Venicius Parreira Proto

(Orientador)

_________________________________________

Prof.

________________________________________

Prof.

3

Dedico ao meu esposo, filhos, meus pais, sogro e sogra, todos os

parentes, amigos e aos meus professores, pela dedicação e

compreensão. E em especial a Deus que me ajudou a concluir mais

essa etapa de minha vida, e todos que torceram por mim.

4

Agradeço a Deus por ter me proporcionado vida saúde

para completar mais esta jornada de minha vida, pois com certeza sua

benção sempre esteve comigo em todos os momentos difíceis ou

fáceis.

Ao meu esposo, filhos, pais, irmãos e parentes que

entenderam a minha ausência, incentivando-me sempre nos momentos

difíceis.

Ao meu professor e orientador Leonardo Venícios, pela

sua dedicação e compreensão com seu jeito sábio de ensinar, sendo

uma fonte de inspiração na pesquisa deste trabalho.

A todos os professores que no decorrer do curso me

transmitiram seus conhecimentos e experiência, que com certeza me

guiaram nesta nova fase de minha vida, o meu agradecimento e

respeito.

Aos colegas que chegaram até o final do curso. Sei que no

inicio tudo parecia difícil, mas que com muito esforço, dedicação e

objetivo de cumprir fomos vencedores. Valeu, pois a luta de todos foi

uma motivação a mais para chegarmos ao final.

5

O preço

Por tanto tempo vivido

em total submissão,

a mulher pagou bem caro

a sua libertação:

tem jornada de trabalho

mas sem remuneração,

férias, décimo – terceiro

nem direito a promoção.

Não podendo recusar

tão “grande e nobre missão”

o dia começa cedo

com tudo em sua mão.

Deixar a casa arrumada

sempre, foi obrigação,

as crianças na escola

depois do leite e do pão.

Se atrasa ao trabalho

é mais uma confusão,

o chefe nem quer saber

se tem ou não tem razão:

- Para se igualar ao homem

tem que ser na condição

de cumprir bem direitinho

os horários, a função.

Muitas vezes seus problemas

lhe cortam concentração

casa, criança, marido,

ou alguma frustração...

não é fácil “desligar”

para fazer a petição.

Redige, assina, carimba,

remete pra outra seção. [...]Cora Coralina

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RESUMO

O presente trabalho fundamenta-se no tema A Participação Feminina na formaçãoda Comunidade eclesiais de base na comunidade do Bugre do município de Iporá-GO, e têmpor objetivo resgatar e valorizar a história local dessa comunidade que vêm se perdendo aolongo do tempo. Enfatizando o papel de luta das mulheres dessa comunidade que colaborarampara a formação da mesma. Discutindo a participação dos gêneros dentro de um territóriodelimitado que é uma comunidade rural, percebendo as conquistas que as mulheres vêmobtendo ao longo do tempo nos variados espaço social, econômico e religioso, constatando arealidade para uma melhor compreensão, com base em referenciais teóricos que abordam oassunto discutido, oferecendo um melhor embasamento para a pesquisa.

PALAVAS-CHAVE: Gênero, Mulheres, CEB’s, Comunidade rural do

Bugre-Iporá-GO.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................08

1 - A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS PAPÉIS DAS MULHERES NO GÊNERO E NA RELIGIÃO ...............................................................................................................091.1 - Conceito de gênero........................................................................................................091.2- O masculino e o feminino como referenciais de valores...............................................111.3 - Gênero e Religião..........................................................................................................152- A ATUAÇÃO DAS MULHERES NAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE .......................................................................................................162.1- A formação das CEB’s.................................................................................................162.2- A participação das mulheres na CEB’s........................................................................182.3- A valorização social das mulheres e a luta pela a terra................................................193- A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA CONSTRUÇÃO E FORMAÇÃO DA CEB’S DO BUGRE..........................................................................213.1- O Surgimento da comunidade do Bugre........................................................................21

3.2- Os fatores de influência para o surgimento da comunidade do Bugre..........................23

3.3- O processo da construção da Capela do Bugre e a organização da comunidade..........25

3.4- A participação das mulheres de CEB’s na comunidade do Bugre.................................27

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................30

REFERÊNCIAS...................................................................................................................31

8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico de conclusão de curso visa mostrar a

importância do estudo sobre a participação das mulheres na formação da comunidade rural do

Bugre, levando em conta a influência dos ideais da Comunidade Eclesiais de Base (CEB’s) e

sua forte influência na vida dos moradores dessa comunidade contribuindo para a produção

deste trabalho.

Dentro de uma lógica de organização pretende-se abordar no primeiro capítulo o

embasamento teórico que vem dar sustentação a pesquisa, buscando nas leituras aprofundar

conceitos fundamentais para compreender a ligação de um termo com o outro dando

fundamentação ao objeto de estudo da pesquisa, partindo da analise e interpretação de alguns

autores.

O segundo capítulo pretende fazer uma análise da influência das CEB’s

(Comunidade Eclesiais de Base) na Igreja Católica e a abertura que esse movimento provocou

dentro da Igreja Católica aqui no Brasil tendo fé e vida como princípios no desenvolver do

trabalho missionário de leigos e leigas, abrindo as portas da igreja para o surgimento de

inúmeras lideranças populares de movimentos e pastorais, sendo que as mulheres é o grande

destaque desse novo jeito de ser igreja proposta a partir da Conferência de Medelín em 1968.

Já o terceiro capítulo aborda o objeto de estudo da pesquisa que consiste na

formação da comunidade Nossa Senhora Mãe de Deus no Bugre e a participação feminina no

incentivo da formação da mesma. A comunidade rural está preocupada com a melhoria da

qualidade de vida da população da comunidade, sem deixar de a experiência religiosa de

comunidade.

Nesse contexto observaremos os avanços das mulheres ao longo do tempo no

espaço social e religiosos, entre muitos aspectos relutantes a ser conquistados na sociedade.

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CAPÍTULO I

A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS PAPÉIS DAS MULHERES NO GÊNERO E NA RELIGIÃO

1.1- Conceito de gênero

Para muitos, a palavra “gênero” remete diretamente a masculino e feminino, ou

seja, o homem e a mulher, o macho e a fêmea, mas alem dessa classificação, esta palavra pode

abranger diversos sentidos como; raça, classe, ordem, estilo, qualidade, etc. E através desses

referenciais articulam o surgimento de nossas identidades, que é origem e identificação

enquanto ser humano. A relação de gênero ao longo dos séculos vem progredindo aos poucos,

desde a época da colonização do Brasil, devido às tecnologias e outros fatores que

contribuíram para não estagnar os avanços que teve inicio há vários séculos anteriores.

A palavra “gênero”, desde a década de 1970, tem sido o termo usado para teorizar aquestão da diferença sexual. Foi inicialmente, utilizado pelas feministas americanas,sendo numerosas as suas contribuições. A ênfase no caráter fundamentalmentesocial das distinções baseados no sexo, afastando o fantasma da naturalização; Aprecisão emprestada à idéia de assimetria e de hierarquia nas relações entre homense mulheres incorporando a dimensão das relações de poder. (SOLHET, 2006, p. 38).

Segundo Castro (2003, p. 553) “O conceito de gênero consiste em ampliar o

debate para as relações sociais”, existente no mundo onde prevalece à discriminação social

entre homens e mulheres o estudo das questões envolvendo a diferença de gênero entre

masculino e feminino, uma ampliação para essa superação de desigualdades pela sociedade

onde o homem e a mulher têm por base comportamental viver em harmonia não competindo

entre si. Não necessitando desse universo tão dividido entre homens e mulheres, tendo a

mulher desde sua infância, convivido com tantos preconceitos da sociedade em geral, onde se

sente a discriminação, na maioria das vezes, por parte dos próprios pais que acabam

confessando que preferiam ter um filho homem que uma menina em casa.

Assim a passividade que caracterizará essencialmente a mulher “feminina” é umtraço que se desenvolve nela, desde os primeiros anos de vida. Mas é um erro que setrata de um dado biológico: na verdade, é um destino que lhe é imposto por seuseducadores e pela a sociedade. A imensa possibilidade do menino esta em que suamaneira de existir par outrem o encoraja a por se para si. Ele faz aprendizado de suaexistência como livre movimento para o mundo. (BEAUVOIR, 1967, p. 21).

O fato de que o homem e a mulher dependem um do outro para viver, leva a

compreensão da multiplicidade histórica e cultural existente, referindo aos padrões culturais

10

de qualidade e conduta quando na percepção do corpo e daquilo que é um homem ou uma

mulher.

Percebe-se um vínculo fundamental entre o gênero de um individuo e suas

particularidades biológicas, assim definindo esse indivíduo como masculino ou feminino.

Poder ver e ser visto como homem ou mulher, podendo participar de um grupo de homens ou

mulheres, das crianças também como, meninos e meninas, ocorre desde os primeiros anos de

vida e durante a adolescência.

O conceito de gênero diz respeito ao conjunto das representações sociais e culturaisconstruídas a partir da diferença biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeitoao atributo anatômico, no conceito de gênero toma-se o desenvolvimento das noçõesde “masculino” e “feminino”, como construção social. (BRASIL, apud, PEREIRA,2000, p. 144).

O gênero tem na sua forma de adotar a relação entre ambos os sexos, essas formassão identidades homogeneizantes, com isso delimitando fronteiras, abrindo espaços àsmultiplicidades, culturais entre homens e mulheres.

Com essa grande mistura de culturas que os gêneros possuem interligam uns comos outros, a cada dia que se passa o ser humano vai conquistando outros espaços, ondepossam sentir melhor, adotando sua cultura ou se apropriando dela.

Outro fator que está em constante discussão nas relações entre os gêneros é amasculinidade e a feminilidade, como cada ser, seja homem ou mulher, possam se manifestarno meio da sociedade, não importando sua diferenciação sexual.

[...] O ser mulher se define num contexto de relações sociais e a identidade femininaé, portanto, permanentemente reabalada, esta em constante movimento. Enquantoproduto complexo de relações sociais, a definição identitária feminina se dáintimamente ligada a construção da masculinidade, arranjando uma ligaçãocomplementar e ao mesmo tempo opcional. (SILVA, 2003, p. 34).

O conceito de gênero constitui uma abordagem humana da diferenciação sexual

individual entre homem e mulher na sociedade constituindo uma classificação oposta do sexo

incorporado a uma visão de mundo. Essa concepção de gênero surge como análise de marcos

temáticos ligados a uma questão conceitual baseando nas relações existentes, onde seu estudo

é visto como um território favorável as novas discursões abrangentes procurando explicar a

11

persistência das desigualdades entre mulheres e homens abrindo espaço para crítica

proporcionando uma ampliação das visões de mundo propiciando um maior conhecimento

sobre o assunto.

Interligando este conceito com a questão de cidadania de direitos e deveres de

todo homem e toda mulher adequando-os ao espaço e tempo da discussão das desigualdades

sociais que envolvem os conflitos existentes entre os gêneros masculino e feminino e das

relações pertinentes aos conflitos gerados pela prepotência masculina em dominar o sexo

oposto, querendo manter a submissão das mulheres.

1.2- O masculino e o feminino como referenciais de valores

O ser masculino é visto como o animal dominante na espécie humana, o

progenitor que está acima da mulher e da natureza em todos os aspectos. Essa mentalidade

machista ainda existe em pleno século XXI, apesar de todas as conquistas que as mulheres

obtiveram nos últimos tempos, ainda existe antes de conhecer, o preconceito em relação à

capacidade feminina de exercer a condição de mulher.

Até a metade do século XX, ao nascerem crianças de ambos os sexos, quando

eram meninas já se via com o olhar totalmente diferente do menino. Porém a menina tinha

que aprender a cuidar da casa, e a mãe por obrigação deveria ensinar todos os deveres que sua

filha (ou filhas) tivesse que fazer dentro do lar. (SALESS FERREIRA, 2002).

Uma das grandes conquistas do sexo feminino foi o direito de votar, o primeiro

país foi nos Estados Unidos da América que as mulheres obtiveram essa conquista, foi no ano

de 1869, usaram de muita garra e dedicação para conseguirem este direito, regalia que até

então só os homens possuíam.

No Brasil não foi diferente, as mulheres também conseguiram esse direito, porém

décadas mais tarde, em 24 de fevereiro de 1932. Com isso puderam exercer a cidadania, e

principalmente mostrar ao mundo que apesar de serem consideradas o sexo frágil da espécie

humana, (no sentido de trabalhar mais nos serviços domésticos, ou seja, nos serviços menos

pesados), são fortes e determinadas o bastante para conseguir o seu lugar na sociedade.

Portanto, o único objetivo das mulheres eram ser esposas e mães, não tendo como

objetivo o mercado de trabalho. Sendo assim, cabia ao homem o papel de trabalhar e manter o

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sustento de sua família em suas necessidades básicas como alimentação, moradia, educação,

saúde e lazer.

Assim era responsabilidade do marido garantir os recursos financeiros para

manter sua família, já a mulher era responsável pela criação e educação dos filhos, cuidar dos

afazeres domésticos e da família, ficando sempre dependente do homem para cobrir as suas

despesas pessoais e familiares.

As conquistas que as mulheres vêm conseguindo adquirir ao longo dos anos,

mostram que elas estão evoluindo, porém tirando o mito daquela feminilidade imposta desde

séculos passados, com isso podendo viver com uma condição melhor na sociedade em geral e,

assim ter o seu direito de ser livre e poder gozar dessa liberdade. Através dessas conquistas as

mulheres estão sendo mais valorizadas no mercado de trabalho e, em sua vida profissional de

modo universal. (BEAUVOIR, 1967).

A mulher ao longo do século XX em suas lutas por direitos iguais entre homem e

mulher garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada pela ONU

(Organização das Nações Unidas) e, 1948 garantem que:

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas derazão e consciência e devem agir umas com as outras em espírito de fraternidade.(BRASIL, apud, PEREIRA, 2010).

Através da busca incessante das mulheres no reconhecimento e igualdade de seus

direitos perante a sociedade machista, é criado por elas próprias e transmitido na educação de

seus filhos os conceitos ideológicos do predomínio do poder masculino. O que Simone

Beauvoir afirma: “[...] a mulher é escrava da sua própria situação [...]” BEAUVOIR, 1970,

p.02) de submissão ao homem em todos os níveis sociais.

[...] A mulher antes da idade, ela conhece cedo demais os limites que essaespecificação impõe ao ser humano; chega adulta à adolescência, o que dá à suahistoria um caráter singular. A menina sobrecarregada de tarefas pode serprematuramente escrava, condenada a existência sem alegria. (BEAUVOIR, 1967,p. 27).

Através da psicologia pode-se perceber como as crianças se manifestam desde o

seu nascimento ate se tornar adulta, podendo acompanhar o desenvolvimento através de

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pesquisas feitas por psicólogos1. Os psicólogos analisam como cada sexo se manifesta em seu

desenvolvimento, tanto o masculino quanto o feminino tem as mesmas sensações, ate por

aproximadamente aos seus doze anos.

Desta fase em diante, ambos os sexos já começam a se manifestarem de forma

diferenciada aparecendo o narcisismo nas meninas mais cedo, outro fato é que nas meninas

podem diferenciar dos meninos de varias maneiras, no seu jeito de brincar, de caricia, de falar

entro outros.

A mulher enquanto ser humano tem a capacidade e dignidade de sobressair no

mercado de trabalho, e com isso produzir a sua própria existência. “As mulheres trabalhadoras

que, desafiando os preconceitos e os limites culturais, conquistaram seus direitos”. (COSTA,

2003, p. 574).

Para conseguirem seus direitos, as mulheres reivindicaram, manifestaram, através

de sindicatos e grupos sociais feministas. E com toda essa luta pode se perceber que o

aumento das mulheres no mercado de trabalho vem crescendo significadamente em todo

mundo. Assim como o homem, a mulher também está indo cada vez mais em busca de

qualificação profissional, para se obter uma melhor remuneração salarial.

Com essa crescente participação feminina ocorrendo no mercado de trabalho,

pode se perceber outra situação, que vem crescendo bastante entre os gêneros, é grande a

quantidade de famílias que estão sendo chefiadas por mulheres. “Conforme dados

demográficos do IBJE (2000), as famílias chefiadas por mulheres representam 27,9% dos

domicílios brasileiros.” (MENDES, 2002, p. 1090).

Isso tem sido cada dia mais natural, pois as mulheres estão deixando de ser

submissas às regras sociais, que eram de ser mãe e dona de casa, buscando conquistar seu

lugar e espaço na sociedade.

Contudo o salário da mulher é menor do que o do homem, porém elas lutam por

essa igualdade salarial.

A mulher sai para trabalhar fora de casa para ajudar no sustento da família, por

que só o salário do esposo é insuficiente para manter a despesa familiar. “No Brasil, em 10

1 Na discussão utilizada na disciplina Psicologia da Educação, ministrada pela professora Maria das DoresPsicóloga da Universidade Estadual de Goiás, Unidade de Iporá, no ano de 2007.

14

anos, a participação das mulheres no mercado de trabalho cresceu de 42,0% para 47,9%,

dados de 2008”. Acesso em: 19 de julho de 2010.

No decorrer desses dez anos pode-se perceber que houve um acréscimo de 5,2%,

das mulheres no mercado de trabalho, portanto, a cada ano que passa, elas estão conquistando

cada vez mais o mercado de trabalho, podendo até se igualar e em alguns casos até mesmo

superar os homens.

[...] Apesar da participação das mulheres no mercado de trabalho ser consideradoum avanço da condição feminina, não pode desconsiderar que elas, alem decontinuarem ganhando menos do que os homens e de estarem em setores e atividademenos qualificada, nem sempre ingressam no mercado de trabalho por uma questãoautonomia ou independência, mas também por uma questão de sobrevivência [...].(MENDES, 2002, p. 1098).

As mulheres com menor remuneração salarial também lutam pelos seus direitos,

porém, as vezes não tem oportunidades de estarem em setores de serviços da alta classe.

Portanto, elas trabalham de forma com que o sistema e a própria sociedade exige. Sendo esses

trabalhos de forma mais alienadas, devido o crescimento do capitalismo, a mão-de-obra tende

a crescer, precisando de uma grande demanda de pessoas. E assim ficando com os trabalhos

nos espaços menos favorecidos, como em condição de trabalho subumano.

Já os indivíduos do sexo masculino sempre tiveram a frente dominando o espaço

de trabalho nos setores públicos e privados, cumprindo com o seu papel na sociedade

enquanto componente desses setores. Mas com o passar dos séculos esses paradigmas entre as

relações de trabalho abordando os gêneros vem mudando beneficiando as mulheres, através

de manifestações que, segundo Colombora (1995) “as relações de gênero e as relações de

poder entre homens e mulheres estão imersas em todas as manifestações da sociedade”.

Notamos que as mulheres, desde o final do século XIX no Brasil, continuam

lutando por seus direitos em meio a sociedade, outras lutas feministas é pelo direito público e

privado, de estar ativamente nos meios políticos em igualdades com os homens, isso ainda

esta longe de acontecer, mas elas não deixaram de lutar por seus direitos.

“A valorização da experiência como escola de vida, da práxis política como

experiência que legitima a formação profissional” (CAVALCANTE, 2002, p. 1176) a mulher

vem colaborando para uma valorização da mesma no meio político, tendo hoje em dia até

15

uma porcentagem especifica das vagas públicas dos cargos políticos destinados à mulher

como forma de equiparar ao homem.

Dentro dessa perspectiva pode perceber que é necessário analisar quais são os

papéis a desempenhar os homens e mulheres na construção do território do gênero na

sociedade e na religião.

1.3- Gênero e Religião

Gênero e religião é um assunto relevante e sempre discutido entre os seres

humanos, não importando seus grupos étnicos. Portanto ao falar do gênero feminino na

religião, é interessante notar que as mulheres vêm conquistando seu espaço também no meio

religioso, seja em qualquer lugar onde participam da vida religiosa.

A Igreja Católica Apostólica Romana é uma instituição religiosa e de caráter

social, que ainda tem um vinculo patriarcal, que vem sendo marcado ao longo dos séculos ate

os dias atuais. Podendo ser vista como uma instituição onde o predomínio da igualdade entre

os gêneros de ambas as partes, dentro da Igreja Católica ainda está longe da igualdade entre o

masculino e o feminino, devido o poder hierárquico masculino dentro da Igreja Católica nas

mãos dos ministros ordenados, trazendo consigo limitações que impedem essa igualdade dos

gêneros.

Não se pode esquecer que esses valores, ritos e costumes que encontramos dentro

da Igreja Católica Apostólica Romana são transmitidos pela tradição. “Não se pode esquecer,

entretanto, que este é um valor cujos fundamentos se encontram na própria tradição católica.

Remontando as origens, é possível descobrir na Bíblia, já no Antigo Testamento, referencias a

essa questão” (BINGEMER, apud, RIBEIRO, 2003, p.226) de um modelo ideal igualitário

entre homens e mulheres no discurso eclesial dentro da própria Igreja, que ainda é tido como

utópico em pleno século XXI. Tanto que nota-se a pouca participação feminina nas decisões

da igreja e a falta de incentivo também por parte dos membros integrantes das autarquias

religiosas.

16

CAPITULO II

A ATUAÇÃO DAS MULHERES NAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE.

2.1- A formação das CEB’s O surgimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) começou a se formar

dentro da Igreja Católica a partir da conferência de Medelilin2 onde a Igreja Católica adquiriu

uma nova forma de agir e participar de leigos, considerando a fé e a vida como o principal

fator de ação dos leigos, padres, bispos e diáconos no desenvolvimento do trabalho da ação

missionária junto aos menos favorecidos na busca da melhoria da qualidade de vida da

população carente.As CEB’s se formaram a partir de “pequenos grupos de cristãos de setores

populares que se reuniam para momentos de oração e de celebração de sua fé, mas também de

reflexão sobre seus problemas concretos de trabalho, saúde, educação, direitos humanos, etc.

(SOUZA, 2001,p.81).”No Brasil, até meados da década de 1960, a Igreja Católica tinha uma ligação

muito grande com o Estado, atendendo assim os interesses da burguesia, deixando as pessoas

marginalizadas praticamente sem vínculo com a Igreja.A partir dos anos 1960 isso começou a mudar, devido às conferências que foram

acontecendo no mundo como, de Medellin em 1968, e a de Puebla em 1979. Foi devido a

essas conferências que as CEB’s surgiram, com o intuito de ajudar a libertar os povos

oprimidos e os menos favorecidos, porque havia uma grande desigualdade social, que a maior

parte da população da América-Latina, vivia naquele momento.Segundo SOUZA(2004), vinte anos depois do regime militar (1964-1985) houve

ações de organização através da CNBB que é a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,

que foi criada em 1952 por D. Hélder Câmara, através dela houve um slogan “a voz dos sem

voz”. Com o fim do regime militar a CNBB criaram a Comissão da Pastoral da Terra (CPT) e

o Conselho Indigenista Missionária (CIMI), com isso fundaram a pastoral da juventude.Mas o que mais destacou foram as Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), como

diz Souza, “a presença decisiva foram das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), que

2 Conferência de Medelín na Colômbia. Essa conferência teve a presença de bispos de toda a América - Latinaque abordaram durante esse encontro a situação vivida e os problemas sociais enfrentados pela Igreja Católica naAmérica – Latina, dando certa continuidade ao Concílio Vaticano II e influenciado o trabalho das futurasConferências como Puebla, São Domingo s e Aparecida para a melhor compreensão da realidade vivida dentroda Igreja Católica

17

foram brotando em diferentes igrejas locais (Vitória, Goiás, Crateús e, logo depois, na

periferia de São Paulo)”. (SOUZA, 2004, p.81).As CEB’s expandiram em todo território brasileiro em função da população

menos favorecida e devido às dificuldades que esse povo tinha, então a partir do momento

que a Igreja Católica teve essa visão para com os pobres, ela acabou criando vários órgãos

como, CNBB, CPT, CIMI entre outros, que passaram a ajudar os oprimidos, tanto nas zonas

urbanas, quanto nas zonas rurais, podendo abranger toda população que dela necessita.As CEB’s são organizados através de grupos de pessoas, não importando com a

quantidade, para fazer suas celebrações nos domingos, em suas pequenas comunidades e

capelas, tanto urbana quanto rural, com a iniciativa de pessoas do próprio local, padres ou

bispos. “As primeiras surgiram por volta de 1960, em Nísia Floresta, arquidiocese de Natal”.

(BETTO, 1985, p. 16).Nas décadas de 1970 e 1980, as CEB’s espalharam-se por todo o Brasil,

construindo pequenas capelas, nas periferias das cidades e nas zonas rurais através de padres e

leigos que levavam a palavra de Deus e ação evangelizadora (pastoral) para os povos,

principalmente nas zonas rurais, devido à falta de acesso dos religiosos para com as

comunidades rurais.As pessoas que participavam das CEB’s são, as classes populares, os assalariados,

os trabalhadores rurais, as donas-de-casa, entre outros, nas CEB’s, é um lugar onde os

oprimidos se sentem acolhidos, podendo-se reunir e fazer suas celebrações ou cultos a Deus.

São Comunidades, porque reúnem pessoas que tem a mesma fé pertence a mesmaIgreja e moram na mesma região. Motivadas pela fé, essas pessoas vivem umacomum-união em torno de seus problemas de sobrevivência, de moradia, de lutaspor melhores condições de vida e de anseios e esperanças libertadoras. São eclesiais,porque congregadas na Igreja, como núcleos básicos de comunidade de fé. São debase, porque integradas por pessoas que trabalham com as próprias mãos, as classespopulares [...] (BETTO, 1985, p. 17).

Devido a Igreja, em meados da década dos anos de 1980, estar mais próxima das

pessoas, com o intuito de ajudá-los, percebe-se um interesse muito grande da população, com

isso ela consegue aproximar mais as pessoas uns dos outros, tanto para manifestações sociais,

como para fazer suas celebrações. Desde o surgimento das CEB’s, que há uma participação

maior das mulheres nesses encontros, ou seja, as mulheres sempre foram mais presentes em

suas paróquias.

2.2 - A participação das mulheres na CEB’s

18

As mulheres têm um papel importante nas paróquias ou nas comunidades, não

importando onde esta localizada a igreja. A participação feminina toma frente de quase tudo

dentro de uma comunidade como, curso de cântico, catequese, pastoral vocacional, entre

outros movimentos e pastorais, enfim tudo que é organizado nas comunidades ou na paróquia.Outro fator importante é que as mulheres se destacam com a sua participação nas

comunidades, em prol de estarem sempre colaborando com a Igreja, e também pela

responsabilidade da lida da cozinha, que sempre ficou por conta das mesmas. Principalmente

em reuniões, congressos, encontros, que são realizados na própria paróquia. “Elas sempre são

maioria nas comunidades e no serviço, mas continuam subordinadas aos Clérigos”. (SOUZA,

2004, p.90).Mesmo estando no século XXI, as mulheres ainda são subordinadas há uma

distância entre a teoria e a prática. Portanto quando são realizados os Encontros Interclesiais

das CEB’s, são discutidos a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Sendo que na

pratica as mulheres estão reivindicando sempre seu espaço na vida comunitária, para então

conseguir conquistar essa igualdade de participação alcançando seus objetivos diretamente

dentro da sua própria comunidade, seja rural ou urbana.As mulheres no seu engajamento na vida comunitária desempenham o papel de

agente de pastoral na acolhida e na construção da comunidade, onde todos possam viver em

uma comunidade tendo em comuns os mesmos ideais. “A partir da metade dos anos 70, as

Comunidades Eclesiais de Base, também se transformaram em espaço de resistência na luta

pela terra” (NOVAES, 2002, p. 220), e as mulheres estavam presente nesse meio junto aos

homens na linha de frente, impulsionadas pelo ideal das CEB’s na construção de uma

sociedade mais justa e igualitária para todos sejam os moradores das comunidades urbanas ou

rurais.

2.3 - A valorização social das mulheres e a luta pela a terra.

As mulheres começaram a destacar no espaço rural através das lutas da Reforma

Agrária, que a partir dos “anãos 1950 e 1960 a Reforma Agrária foi vista como uma das

reformas de Base” (NOVAES, 2002, p. 216).Com a luta da Reforma Agrária no campo, as mulheres junto com seus esposos,

reivindicavam melhoria na qualidade de vida para suas famílias. Através das manifestações

que vieram ocorrendo desde o século XX, algumas mulheres se destacaram como Elizabeth

Teixeira, Margarida Maria Alves e Diolinda Alves de Sousa.Essas mulheres foram fortes e determinadas, a luta delas começou na década de

1960 do século XX e permanece até os dias atuais. As mesmas foram noticia no cenário

19

nacional, pelas suas determinações, na busca pela melhoria da condição social da população

rural. Elizabeth como Margarida, vinha de família de pequenos comerciantes e também

trabalhava a terra, já Diolinda vinha de uma família de dois meeiros3.O que fez essas mulheres se destacarem foi justamente os movimentos sindicais,

para terem mais força para lutarem por seus ideais, ou seja, pelo direito de igualdade entre os

sexos, e também teve o apoio da Igreja Católica, como Margarida, que “nos anos 60 ela

entrou para o sindicato, influenciada pelos padres de seu município” (NOVAES, 2002, p.

222).A partir do momento que as mulheres começam a liderar as lutas dos movimentos

sociais, como ambas que foram citadas, elas começam a ganhar espaço no meio político, e

essa participação “se tornou uma peça chave no incentivo a atuação feminina na esfera

pública” (PINHEIRO, 2007, p. 455) essa participação feminina no cenário público e político

no Brasil, veio preencher uma lacuna vazia existente deixado pela desigualdade social de uma

sociedade tradicionalista de supremacia machista. Neste contexto, percebe-se que as mulheres

e os homens têm as mesmas capacidades, ambos lutam pela melhoria da sociedade em que se

vive onde, a interferência do gênero independente de ser masculino ou feminino. Todos

contribuem para a participação comunitária dos leigos(as), advindos dos movimentos de

CEB’s na construção física e social de suas comunidades, sejam elas rurais ou urbanas em

busca de recursos necessários para a melhoria da qualidade de vida da população. Essa valorização social que os movimentos feministas vêm conquistando ao longo

do tempo veio das inúmeras lutas sociais no campo e na cidade pela igualdade dos direitos

humanos, sendo que se façam exercer esses direitos a todas as mulheres, não importando que

elas vivam no campo ou na cidade, contribuindo para o processo de construção e formação

das comunidades rurais e também da participação feminina no processo de formação das

mesmas.

3 Meeiros-Aqueles que plantam em terreno alheio, repartindo o resultado das plantações com o dono das terras.

20

CAPITULO III

A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA CONSTRUÇÃO E FORMAÇÃO DA

CEB’S DO BUGRE.

3.1 – O Surgimento da comunidade do Brugre

A comunidade rural do Bugre, está localizada a cerca de 14 km da cidade de

Iporá-GO, situada a longitude oeste de 51°14’09” e a latitude sul de 16°27’31” na região do

Oeste Goiano, os dados populacionais não foi possível devido a contagem da população ser

feita por uma delimitação territorial, e não comunidade por comunidade. A mesma foi

fundada no ano de 1988, a partir de círculos bíblicos e da estruturação da CEB’s na paróquia

de Iporá. Foi incentivada por Nair de Araújo e apoiada por Pe. Wiro4 que “se deu através da

4 Gerardys Adrianus Wan Wliet (Pe Wiro), veio, para o Brasil em 1956 e para Goiás em dezembro de 1958. Chegou na diocese de São Luiz de Montes Belos em janeiro de 1959, e na cidade de Iporá em 07 de janeiro de 1964. Seu primeiro passo foi conhecer toda estrutura da comunidade. Pe Wiro, sempre teve bom relacionamento com as comunidades, urbanas e rurais, pois sempre preocupou com o bom relacionamento entre todos,

21

necessidade espiritual daquele povo, que até então não tinha contato direto com a palavra de

Deus”5, onde se utilizou do espaço físico doado por D. Rita Sobrinho de Queiroz, para a

construção da escola e do templo da Igreja.Em meio a varias reuniões e encontros que acontecia na escola, com participação

bem ativa dos moradores da comunidade, era uma novidade que estava chegando naquela

região do Bugre, como em tantas outras pelo Brasil a fora, bem no período que as CEB’s

“foram brotando em diferentes igrejas locais (Vitoria, Goiás, Crateús e, logo depois, na

periferia de São Paulo)”. (Souza, 2004, p.82).Pode-se perceber a grande participação das pessoas no surgimento das CEB’s

principalmente das zonas rurais onde a população passava anos e anos sem participar de uma

celebração feita pelo padre, ou seja, uma celebração religiosa ou missa.

Imagem I : mapa das comunidade rurais de Iporá-Go (www.oestegoiano.com.br)

Na comunidade do Bugre não era diferente, vendo a dificuldade daquele povo,

fazendo as celebrações na escola o Pe. Wiro logo percebeu que precisava construir uma

capela, devido o espaço da escola que não estava suportando a quantidade de pessoas, foi,

quando em uma celebração que estava acontecendo naquela comunidade que Pe. Wiro disse

que “vou incluir a comunidade aqui no próximo programa de dinheiro que eu, vou trazer do

exterior, e eu vou construir a capela”6.

independentemente de credo ou religião (Alves, 2004).5 Entrevista concedida por Meirilene Germano de Queiroz no dia 13 de setembro de 2010.6 Entrevista concedida por José Felix no dia 17 de setembro de 2010.

22

Incentivada pelo movimento da CEB’s e sua perspectiva de juntar fé e vida

nota-se uma influencia desse movimento no que tange a formação da comunidade do Bugre,

partindo das reuniões denominadas de círculos bíblicos, que acontecia nas residências dos

moradores daquela região para rezar e discutir as problemáticas sociais que passava aquela e

as demais comunidades rurais e urbanas da cidade, do estado e do país, de uma forma mais

abrangente. Discutindo a realidade social enfrentada por todos na sociedade brasileira onde as

desigualdades econômicas e sociais é sentida principalmente pela população menos

favorecida da sociedade brasileira, dentro desse contexto a partir da conferencia de Medelin

em 1968 em que a Igreja Católica Latino Americana passa a fazer a opção pela defesa dos

pobres e excluídos das camadas sociais.O papel das mulheres dentro do movimento CEB’s é notório na constituição da

historia da mesma é o que nota-se em vários referenciais teóricos que abordam o assunto

como Frei Betto, Leonardo Boff, Clodovil Boff, Regina Reyes Novaes entre tantos outros, em

que a participação feminina é tida como “base de sustentação“ para a expansão desse

movimento eclesial da CEB’s dentro das comunidades católicas “as Comunidades Eclesiais

de Base (CEB’s) que são pequenos grupos organizados em torno de uma paróquia (urbana) ou

capela (rural) por iniciativa de leigos, padres e bispos” (BETTO, 1985, p. 16).Nesse intuito é que surgem as primeiras “iniciativas por parte de D. Nair de

Araújo e apoiada por Pe Wiro”.Obs: principio promover a vida em comunidade.

Uma característica fundamental da CEB’s é o seu compromisso com atransformação da sociedade. As CEB’s não querem ser apenas sinal, mas tambéminstrumentos do Reino. Isso se dá através do engajamento pessoal e / oucomunitário, dos cristãos nas lutas por pequenas melhorias na comunidade, nobairro, na vila, na cidade (ZUGNO, 2008, p. 03).

Partindo desse objetivo da CEB’s em promover a vida em comunidade é que

algumas mulheres dessa nova comunidade que estava surgindo, iniciou-se a formação

concreta da mesma, começando por D. Rita de Queiroz que doou o espaço para a construção

da escola e da capela (Igreja) da comunidade, onde mais tarde sua filha Meirilene de Queiroz

percebendo a necessidade de um local adequado para a espiritualidade do povo daquela região

para transmissão e vivência da palavra de Deus aos moradores rurais dessa comunidade por

sua iniciativa própria foi buscar ajuda com D. Nair de Araújo e Pe. Wiro para construir um

espaço próprio, ou seja, a tão sonhada capela por sua mãe, para as celebrações, missas e

atividades religiosas na região do Bugre.

23

3.2- Os fatores de influência para o surgimento da comunidade do Bugre.

O nascimento da comunidade do Bugre se deu no processo de emancipação dos

movimentos de CEB’s na cidade de Iporá-GO, onde a propagação dos ideais pregados pela

mesma e com forte influência da Teologia da Libertação dentro da Igreja Católica efetivou a

missão de anunciar e vivenciar a palavra de Deus.

Vários fatores contribuíram para o surgimento da comunidade do Bugre, devido

ao grande numero de moradores naquela região.

Quando começou a comunidade a escola ficava cheia, e a nossa capela é maior que ado Pedro e a do Córrego-da-Julia que são duas comunidades próximas da nossa,porque nos era muita gente, hoje somos menos famílias7.

Isso veio contribuir para a edificação de um espaço de um espaço próprio as

necessidades, pois o espaço cedido pelo poder público municipal, que é a escola, que foi

construída se tornou pequena para a aglutinação das pessoas. Para Gomis (1998) a questão da

acessibilidade dessa população rural em ter acesso à cidade era critica devido à situação das

estradas no período de chuva, tornando-as caóticas e precárias, ao trafego das pessoas da zona

rural para a cidade e vice-versa.

Partindo dessa questão da dificuldade de acesso foi que Pe. Wiro junto com D.

Nair de Araújo e Meirilene de Queiroz através de conversas informais com alguns outros

moradores da comunidade viu-se a necessidade de se construir uma capela (igreja) que

atendesse e viesse a sanar esses problemas também visando acolher de uma forma mais

receptiva os moradores e participantes. Em meio às conversas e a ligação que Pe. Wiro tinha

na Holanda que era sua terra natal, ele foi buscar verbas financeiras para construir há tão

sonhada igreja da comunidade do Bugre.

[...] de três em três anos ele tirava férias e ia embora prá lá e quando ele vinha, vinhacom a mão cheia de dólar. Essas capelas em volta aqui, todos foram construída como dinheiro trazido de lá (Holanda), ele construiu vinte e três capelas com o dinheirode lá8.

Outro fator importante nesse período era a situação política e econômica que

estava passando o Brasil no inicio dos anos de 1990, onde as incertezas pairavam sobre a

população brasileira. E nesse momento que novas pessoas começam a entrar e participar de

forma ativa no engajamento da vida comunitária da comunidade do Bugre como o Sr. José

Felix, conhecido popularmente como José Poderoso e sua família, que veio somar novas

7 Entrevista concedida por Rosimeire Queiroz de Douza no dia 2 de outubro de 2010.8 Entrevista concedida por José Felix no dia 17 de setembro de 2010.

24

forças para a comunidade tornando-se uma forte liderança ao lado de Meirilene Queiroz para

o crescimento das atividades realizadas pela comunidade como, as rezas, festas, bailes, jogos

de truco entre outras atividades desenvolvidas na comunidade onde se praticava a agricultura

familiar de produtos agrícolas de subsistência da população dessa comunidade.

Foi com essa ajuda financeira que veio da Holanda de construção e o pagamento

da mão-de-obra dos pedreiros que trabalharam na edificação da capela em parceria coma a

ajuda da comunidade que fornecia à alimentação dos trabalhadores, que vinham da cidade de

Ipora-GO para trabalharem na comunidade do Bugre, “ cada dia uma família dava a comida

dos pedreiros e os ajudantes, a parte financeira era toda por conta do Pe. Wiro, e nós com a

parte da alimentação”9.

Outro fator importante nesse período era a situação política e econômica que

estava passando o Brasil no início dos anos de 1990, onde as incertezas pairavam sobre a

população brasileira. E nesse momento que novas pessoas começam a entrarem e participar de

forma ativa no engajamento da vida comunitária do Bugre como sendo o Sr. José Felix,

conhecido popularmente como José Poderoso e sua família, que veio somar novas forças para

a comunidade tornando-se uma forte liderança ao lado de Meirilene Queiroz para o

crescimento das atividades realizadas pela comunidade como, as rezas, festas, bailes, jogos de

truco entre outras atividades desenvolvidas na comunidade onde se praticava a agricultura

familiar de produtos de subsistência da população desta comunidade.

3.3- O processo da construção da Capela do Bugre e a organização popular da

comunidade.

Em meio à vontade e a necessidade da comunidade do Bugre em construir uma

capela (igreja) em um local especifico e adequado para as celebrações e missas de maneira

confortável para os fieis e que atendesse à comunidade, separando os eventos religiosos das

demais atividades desempenhadas pela comunidade, nota-se que essa comunidade se

organizou e estruturou-se de forma voluntária e independente sem normas, regras ou estatutos

baseando-se apenas no movimento CEB’s na experiência de unir e de promover fé e vida.

Após a chegada de Pe. Wiro da Holanda trazendo recursos financeiros para a

construção da capela da comunidade do Bugre, segundo Meirilene de Queiroz “praticamente

9 Entrevista concedida por José Felix no dia 17 de setembro de 2010.

25

no inicio do ano de 1991 que começou a construção da capela que foi inaugurada no mês de

outubro do mesmo ano”10.

Com o começo da obra de construção da igreja, a comunidade passou por um

período de agito e movimentação na vida cotidiana das famílias moradoras da mesma que

articulavam entre si a melhor forma de fornecer a ajuda de contrapartida da comunidade que

era alimentação dos trabalhadores que ficaram alojados na escola da comunidade.

Essa forma de organização popular da comunidade demonstra q importância do

papel das mulheres no processo da formação e sustentação da comunidade, pois, cabia as

mesmas todas as responsabilidades que ficou a cargo da comunidade, sendo elas que tinham

que pensar e fazer a alimentação dos trabalhadores da obra. Elas se organizavam a

alimentação que era servida, com isso constata-se a participação das mulheres dessa

comunidade como membros ativos na formação da mesma. Para MENDES (2002) “as

mulheres contribuíram e contribuem diretamente para mudanças nas diferentes esferas da

sociedade”, nessa perspectiva as mulheres vêm atuando e melhorando a sua participação

dentro da igreja desempenhando um papel forte na liderança de movimentos e pastorais

contribuindo para as mudanças na sociedade de forma geral, dando uma valorização ao papel

da mulher perante essa nova sociedade que surge.

Em meados do mês de outubro de 1991, após concluir a construção da capela da

comunidade do Bugre, aconteceu à missa inaugural presidida por Pe. Wiro, consagrando essa

igreja a Nossa Senhora Mãe de Deus como padroeira da comunidade onde foi adquirida a

imagem pelo padre. “A escolha da padroeira foi feita pelo Pe. Wiro que deu o nome de Nossa

Senhora Mãe de Deus, e ele mesmo comprou a imagem da santa e a levou para a comunidade

do Bugre”11. Percebe-se a grande participação popular dos moradores dessa comunidade após

construção da igreja e a liderança das mulheres vinda do movimento das CEB’s na mesma.

10 Entrevista concedida por Meirilene de Queiroz no dia 13 de setembro de 2010.11 Entrevista concedida por Meirilene de Queiroz no dia 13 de setembro de 2010.

26

Foto 01: A Igreja da Comunidade do Bugre e Pe. Wiro (foto cedida por Tião Alves 2010

3.4- A participação das mulheres de CEB’s na comunidade do Bugre

Com a construção da Igreja para a comunidade do Bugre obteve-se a necessidade

de formar uma equipe de lideres para coordenar e organizar as atividades religiosas e sociais

que seriam desempenhadas pelos moradores da comunidade, com isso após a inauguração da

Igreja, com missas, celebrações, encontros familiares, festa de padroeira, bailes, bingos entre

outras atividades.

Para coordenar essa comunidade foram escolhidos Meirilene de Queiroz e José

Felix (José Poderoso) que permaneceram à frente da mesma por cerca de quatro anos, onde

desempenharam um importante papel da consolidação e autonomia dessa nova comunidade

que surgia. Frente a essa comunidade, Meirilene e José Felix organizaram em parceria com os

demais membros da comunidade, vários eventos religiosos e festas.

Esses encontros, festas e eventos da comunidade contavam sempre com a ajuda e

a participação das mulheres que motivadas pelos ideais da CEB’s participavam de forma mais

27

abrangente na vida comunitária do que os homens. Elas se organizavam para a preparação

desde o inicio até o fim dos encontros, festas e eventos onde as mesmas encaravam os

trabalhos duros e pesados como preparação das comidas, limpeza e decoração da igreja,

arrumação e limpeza do salão, organização dos leiloes que contavam com a ajuda mínima dos

homens da comunidade, pois a maioria deles, só compareciam na hora das festas depois de

tudo preparado, apenas com o intuito de se divertirem.

[...] nos podemos perceber que a maioria dos homens, uns não tem tempo, ocompromisso é pouco e a desculpa vem. E nós mulheres tem mais trabalhos do queeles, inclusive nos finais de semana quando temos os encontros de formação”12.

Tendo em vista as várias dificuldades enfrentadas na preparação das festas e

eventos da comunidade as mulheres eram decididas e persistentes no caminhar da vida

comunitária da comunidade “nois ajuda em tudo, na missa, depois na conzinha a organizar os

leilões, em tudo que for preciso13”, onde os propósitos das comunidades eclesiais de base

davam sustentação na luta dessas mulheres para a solidificação da comunidade do Bugre, pois

foi graças ao desempenho das mulheres que essa comunidade se tornou uma das mais fortes

em representação e participação na paróquia de Iporá.

As mulheres se organizavam em mutirões para preparar os encontros familiares

para rezar o rosário, campanha do Natal em família, campanha da fraternidade, encontros

vocacionais, preparação da comunidade entre outras atividades religiosas e sociais que tinham

na comunidade. Entretanto, com o êxodo rural a comunidade do Bugre perdeu muitos de seus

participantes e a comunidade tem sentido muito a falta que os mesmos faz, devido a pouca

participação que se tem hoje dos moradores da comunidade.

A construção da capela na comunidade do Bugre trouxe muitas expectativas em

atender as necessidades religiosas de todos os moradores em ter uma Igreja tão próxima de

sua casa “da comunidade ter uma capela aqui tão próxima de nós, então, nós tem que

contribuir com o nosso papel de membro desta comunidade”14 incentivar a participação das

famílias moradoras em engajar na vida comunitária para continuar buscando a palavra de

Deus segundo os preceitos da doutrina da Igreja Católica.

12 Entrevista concedida por Ervalina Teixeira do Nascimento no dia 02 de outubro de 2010.13 Entrevista concedida por Lourdes Teles Luiz no dia 02 de outubro de 2010.14 Entrevista concedida por Adelicia Cândida da Silva no dia 02 de outubro de 2010.

28

O período entre 1991 até meados de 1998 compreende-se o auge da participação

popular das pessoas na vivência na comunidade do Bugre. Após esse período constata-se um

declínio da população rural do Bugre devido a diversos fatores sociais, como, emprego e

melhoria na qualidade de vida, com isso vêm provocando o êxodo rural da população para a

cidade, notando-se uma decadência populacional na comunidade.

Percebe-se hoje na comunidade do Bugre apesar de todas as dificuldades

enfrentadas, ainda vêm aumento o numero de pessoas de outras denominações religiosas que

mudaram para a região do Bugre.

Realmente, a verdade é essa, pode se contar quantos membros participa, é muitopouca gente mesmo, principalmente no dia de sexta-feira de celebração, das missassempre da mais um pouquinho, mas a nossa comunidade tá bem fraca.15

Apesar de todos os problemas e contratempos enfrentados as novas lideranças que

foram surgindo, tendo uma predominância feminina, na comunidade busca manter vivo os

ideais de se viver na comunidade e em comunidade, segundo os propósitos da CEB’s, onde o

respeito e a liberdade é parte integrante na vida das pessoas da comunidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

15 Entrevista concedida por Silvana Borges de Queiroz no dia 02 de outubro de 2010.

29

Ao chegar ao termino deste trabalho de conclusão de curso, pode-se concluir que

se trata de uma pesquisa feita sobre a participação feminina e suas contribuições para a

formação de uma comunidade religiosa rural ligada a Igreja Católica na cidade de Iporá-Go.

Essa pesquisa usou fazer um resgate histórico, obtendo valorizar a historia de lutas das

mulheres dessa comunidade, localizada na região do Bugre para formação da mesma e

resgatando essa conquista, que foi fruto de um trabalho minucioso de estudo teórico e

pesquisa de campo na comunidade, restituindo a memória que está sendo perdida estando

sujeita ao desaparecimento total como o decorrer do tempo.

Este trabalho apesar de todas as dificuldades encontradas em não possuir fontes

documentais na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Iporá-GO, sobre a data correta da

inauguração da capela da comunidade, além dos desafios em encontrar fontes dentro de um

contesto histórico social da cidade de Iporá-GO, deparando com uma realidade diferente da

imaginada no inicio do trabalho monográfico, estando sujeitos há limites encontrados na

própria pesquisa, com a certeza que esse trabalho poderá contribui para à valorização e

crescimento da história regional.

É importante destacar que este trabalho é fruto de muito esforço e dedicação em

razão da oportunidade e a satisfação pessoal de realizar, tendo a certeza que o mesmo veio

aprimorar minha formação profissional, adquirindo novos conhecimentos perceptíveis ao

assunto abordado. Estando o mesmo aberto novas pesquisas encima desse trabalho buscando

uma nova forma de interpretação teórica sobre o tema discutido de forma diferenciada da

realizada, contribuindo como fonte de pesquisa para futuros trabalhos acadêmicos.

.

REFERÊNCIAS

30

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31

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32

ANEXOS

33

ENTREVISTA CONCEDIDA POR MEIRILENE GERMANE DE QUEIROZ

Iporá, 13 de setembro de 2010

ASSUNTO: A formação da comunidade e da capela do Bugre

ENTREVISTADORA: Evanilda Domingos dos Santos Silva

ENTREVISTADA: Meirilene Germano de Queiroz

E: Como se deu a formação da comunidade do Bugre?

M: Se deu através da necessidade espiritual daquele povo, que não tinha contato com a

palavra de Deus.

E: E onde as pessoas se reuniam para as celebrações?

M: As pessoas se reuniam na sala de aula da escola daquela região.

E: Teve a iniciativa de algum padre?

M: Teve iniciativa primeira minha, e como eu era professora e sou até hoje e morava na

região, fui incentivada por dona Nair de Araújo e apoiada pelo Padre Wiro.

E: Meirilene, como foi a participação da senhora na formação da comunidade?

M: Eu fui à peça chave na formação desta comunidade, juntamente com os jovens alunos

daquela escola.

E: Meirilene, o que motivou a senhora ajudar na formação dessa comunidade?

34

M: Foi a fé que tenho em Deus e a vontade de levar a palavra de Deus para aquele povo que

não tinha contato com um padre e religiosos que levassem a palavra de Deus até eles.

E: E de quem foi à idéia da construção da capela?

M: Era um sonho nosso daquela região ter uma igreja, onde pudéssemos ouvir a palavra de

Deus, proferida por um padre. E a idéia foi de construir a capela foi do padre Wiro.

E: Meirilene e o espaço era o espaço que foi construído essa capela?

M: O espaço pertencia à senhora Rita Sobrinho de Queiroz que doou o terreno para construir

a escola e uma igreja.

E: Como se deu a construção da capela?

M: A construção se deu com a ajuda dos moradores da comunidade, fornecendo alimento para

os pedreiros que eram pagos pelo padre Wiro.

E: A CEB’s teve influência na comunidade do Bugre?

M: Pode se dizer que sim, pois os primeiros encontros para criação da comunidade foram

dirigidos por pessoas ligadas à CEB’s.

E: E de onde veio à verba para a construção da capela do Bugre?

M: A verba veio da Holanda, por intermédio do padre Wiro.

E: Como se deu a escolha da padroeira da comunidade do Bugre?

M: A escolha da padroeira foi feita pelo Padre Wiro, que deu o nome de Nossa Senhora Mãe

de Deus, ele mesmo comprou a imagem da santa e levou para a comunidade do Bugre.

35

E: Em que ano começou a ser construída a capela?

M: Praticamente no início do ano de 1991, e foi inaugurado no mês de outubro do mesmo

ano.

36

ENTREVISTA CONCEDIDA POR JOSÉ FELIX

Iporá, 17 de setembro de 2010

ASSUNTO: Formação da comunidade e da capela do Bugre

ENTREVISTADORA: Evanilda Domingos dos Santos Silva

ENTREVISTADO: José Felix.

E: Seu José, como se deu a formação da comunidade do Bugre?

J: Olha Evanilda, a formação da comunidade começou com a dona Rita, quando ela deu o

terreno para fazer aquele grupo, deu o terreno maior que era para fazer a igreja também, então

eu fui morar lá, e em um dia a minha esposa me pediu para ir lá na casa da dona Rita fazer

não sei o quê, e cheguei lá eles estavam cascando mandioca e eu pedi uma faca, porque eu

não estava com pressa mesmo, fui cascar mandioca com eles, aí nós conversando e o pessoal

muito satisfeito com minha presença, e eu também satisfeito com aquela gente ali sabe, aí

falei que nós tínhamos de comprar um terreno para nós construirmos uma Igreja, aí a dona

Rita falou que quando deu o terreno para construir o grupo, já deu um terreno maior que era

para fazer o grupo e a Igreja, quando eu fiquei sabendo disso foi só felicidade. Então eu falei

que nós não íamos construir a Igreja primeiro, vamos construir um galpão, porque no galão

nós dançamos, jogamos truque, dentro da Igreja não, é só rezar, e como nós precisamos de

dinheiro para construir, então nós precisamos fazer festa né. Bom, aí o pessoal me ajudou e

nós começamos a construir, e um fato muito interessante, quando aquele galpão já estava com

a parede na posição de telha, à noite veio um vento e derrubou, quando cheguei de manhã,

meu Deus do céu, como pode acontecer uma coisa dessa, mas não tinha outro jeito. Só que dei

muita sorte que depois daquilo, parece que o pessoal animou mais, aí nós demos início na

construção do galpão, você não é de ver que eu ganhei todo o material daquele galpão aqui na

cidade, tudo: tijolo, cimento, madeira, telha, tudo.

37

E: Seu José, e antes de construir a Igreja, onde as pessoas se reuniam para fazer as

celebrações?

J: No grupo, nós nos reuníamos no grupo, aí quando a comunidade começou a se desenvolver,

o padre Wiro ficou sabendo então ele mandou falar comigo que tava escolhendo um dia do

mês para celebrar a missa, então eu fiquei muito satisfeito com aquilo, quando ele chegou

para celebrar, eu fui e chamei a dona Rita, falei para o padre Wiro: olha padre, quando a dona

Rita deu o terreno para fazer o grupo e doou maior, é que era para construir a Igreja né. O

padre ficou numa alegria, ficou muito satisfeito.

E: Seu José teve participação de algum padre na construção da Igreja?

W: Teve, depois que estávamos com o galpão bem adiantado, aí um dia o padre Wiro já

estava celebrando no grupo, ele falou comigo: eu vou incluir a comunidade aqui na verba que

vou trazer da Holanda. Porque você sabe, o padre Wiro de três em três anos ele tirava férias, e

ia embora para lá, e quando ele vinha, vinha com a mão cheia de dólar, essas capelas em volta

aqui todas foram construídas com dinheiro trazido de lá (Holanda), ele construiu vinte e três

capelas com dinheiro trazido de lá, e ele não cobrava dízimo, nós não pagávamos dízimo

depois que a comunidade cresceu aqui, aí numa das últimas viagens dele, ele já estava com a

Cristo Libertador construída, nós assistimos lá uma celebração, ele falou: olha agora o pessoal

lá fechou, disse que nós não somos país de terceiro mundo não, ele mesmo virou e falou que

bom né.

E: Seu José, o que motivou o senhor a ajudar na formação dessa comunidade?

J: Foi o amor que eu tenho na própria comunidade, pelo o amor que eu sempre tive na

comunidade, pela receptividade que eu tive lá, eu nunca tive uma contrariedade no Bugre, só

tive alegria.

E: Seu José, de quem foi a idéia da construção da capela?

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J: O padre Wiro tinha amizade muito grande comigo, aí ele falou: vou incluir a comunidade

aqui no próximo programa de dinheiro que eu vou trazer do exterior, e eu vou construir a

capela. Ali a capela só tem uma participação de calor humano, o resto foi tudo do dinheiro

que ele trouxe da Holanda, e o padre Wiro foi palo arte pra nós.

E: Seu José, o senhor era ministro da eucaristia?

J: Eu fiz o curso lá.

E: E como se deu a construção da capela?

J: Aí quando o padre Wiro me falou que ia incluir a capela na verba que ele ia trazer, então ele

tomou a iniciativa de tudo, ele fez tudo, nós demos uma pequena ajuda de mão de obra,

mesmo assim os profissionais todos eram pago com o dinheiro que ele trazia.

E: Seu José, as CEB’s tiveram influência na comunidade do Bugre?

J: Olha as CEB’s é o seguinte Evanilda, ela tem influência em todo o seguimento da Igreja

católica inclusive a do Bugre.

E: Seu José, de onde veio à verba para a construção da capela do Bugre?

J: Veio da Holanda, trazida pelo padre Wiro, nosso saudoso padre Wiro.

E: E agora quantos anos o senhor tem agora seu José?

J: 84 anos.

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ENTREVISTA CONCEDIDA POR ADELICIA CÂNDIDA DA SILVA

Iporá, 02 de outubro de 2010.

ASSUNTO: A participação feminina nas CEB’s na comunidade rural do Bugre do município

de Iporá.

ENTREVISTADORA: Evanilda Domingos dos Santos Silva

ENTREVISTADA: Adelicia Cândida da Silva

E: D. Adelícia, como é a participação da mulher dentro da igreja Católica?

A: Importante.

E: Porque a senhora acha importante?

A: Eu acho que a mulher sempre está à frente, praticamente em tudo que acontece dentro da

igreja, no entanto a mulher participa mais.

E: D. Adelícia, como a senhora vê a relação das mulheres e as outras pessoas aqui da

comunidade Bugre?

A: Bom

E: Porque é bom?

A: Pelo menos aqui na nossa comunidade a mulher está na frente, não tem nenhum problema

com as outras pessoas, a relação entre ambos são boa.

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E: E como são vistas as mulheres que exercem a liderança na comunidade aqui do Bugre?

A: Especial, porque tudo que ela faz fica bem feito.

E: Como a senhora dentro da comunidade específica aqui do Bugre, qual o papel, ou função

que as mulheres exercem?

A: Todos trabalham juntos.

E: Como assim, que tipo de trabalho?

A: Quando acontece uma festa, todos trabalham cada qual em sua função, as mulheres na

cozinha e limpeza, e os homens nas outras funções que são destinados a eles.

E: D. Adelicia, a mulher está satisfeita com o papel que realiza dentro da comunidade?

A: Eu pelo menos estou satisfeita dentro da comunidade.

E: Em que sentido a senhora está satisfeita?

A: Da comunidade ter uma capela aqui tão próxima de nós, então, nós temos que contribuir

com o nosso papel de membro desta comunidade.

E: E a participação nos encontros, são maiores de homens ou de mulheres?

A: Partes iguais

E: Porque são partes iguais na visão da senhora?

A: Eu acho a participação da população muito pouca aqui na comunidade, no meu ponto de

vista são iguais essa participação, mas apesar que as mulheres estão a frente aqui.

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E: O que as mulheres tem contribuído para melhorar seu desempenho nesta comunidade?

A: Serviços comunitários, ajuda ao próximo e várias outras coisas.

E: E nos dias de festas, quais as funções que elas realizam, quais tipos de serviços são

prestados por elas?

A: Todos os tipos, como limpar a igreja, varrer o pátio e na cozinha também, fazendo

salgados e caldos.

E: As mulheres participam com mais freqüência durante a semana, ou as que são realizadas

mensalmente?

A: Durante a semana.

E: No ponto de vista da senhora porque a participação é maior durante a semana?

A: Nos encontros semanais as mulheres estão mais presentes, no máximo umas cinco ou seis

pessoas.

E: D. Adelicia, pra senhora qual é a importância de participar na comunidade aqui do Bugre?

A: Especial.

E: Porque especial?

A: Porque me sinto que sou mais uma pessoa que não deixa a comunidade acabar, estou

sempre participando dos encontros e das missas.

E: D. Adelicia, a senhora participa sempre dos encontros e das missas?

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A: Sim, me sinto bem estar indo na casa de Deus, agradecendo e louvando o Senhor.

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ENTREVISTA CONCEDIDA POR SILVANA BORGES DE QUEIROZ

Iporá 02 de outubro de 2010

ASSUNTO: A participação feminina nas CEB’s na comunidade rural do Bugre do município

de Iporá

ENTREVISTADORA: Evanilda Domingos dos Santos Silva

ENTREVISTADA: Silvana Borges de Queiroz

E: Silvana, já tem muito tempo que você mora aqui na comunidade do Bugre?

S: Já tem 38 anos.

E: Silvana, então você sabe como foi o começo, a formação da comunidade até os dias de

hoje?

S: Não, não fui uma membra ativa, há poucos anos pra cá que a gente vem participando mais.

E: Silvana, você pode-me falar como começou esta comunidade aqui do Bugre?

S: Eu não sei muita coisa não, mas eu participava aqui e a gente fazia sempre as reuniões

domiciliares né, não tinha a capela ainda, tinha a escola então a gente fazia nela, fazia visita

diariamente, foram um pouco que eu participei, daí uma época eu morei em Goiânia e no

Iporá, depois de casada que eu voltei pra cá.

E: Silvana como você vê a participação da mulher aqui na comunidade do Bugre?

A: A participação poderia dizer que a maioria é das mulheres, a nossa comunidade já está bem

fraca, mas as mulheres participam bastante, mais do que os homens.

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E: Quais as atividades que vocês desenvolvem aqui na comunidade?

S: Temos catequistas, ministro da palavra e é mais as mulheres que tomam conta, o homem

não, tem um ministro também mas sempre é a mulher que faz né.

E: E você sempre participa dos movimentos de CEB’s aqui na paróquia?

S: Não, mas há vários anos já participei de cursos de cânticos, agora já não participo mais.

E: E você participa do coral aqui da comunidade?

S: Participo.

E: E em questão da organização da comunidade, como ela é organizada?

S: Nossa comunidade em termo de organização, eu vou falar pra você, em todas as pesquisas

nossa comunidade tira nota dez, a participação é boa, bem arrumadinha mesma, a organização

da equipe é tudo no papel centavos por centavos, tudo anotado, organizado.

E: Silvana, como são vistas a liderança das mulheres aqui na comunidade?

S: É bem aceita.

E: Quais são os papéis que as mulheres exercem nos dias de festas, elas são ativas, tomam

frente das atividades aqui na comunidade?

S: Tudo é preparado pelas mulheres, os cânticos, a liturgia, a preparação para festa, uma lava

outra passa, outras dão a faxina, três dias antes da festa faz as quitandas, os bolos, aí faz o

movimento para deixar tudo organizado.

E: E a participação do padre da paróquia aqui na comunidade, é boa, ou ele só vem celebrar a

missa e vai embora?

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S: Ele deixa a desejar, que eu me lembre nunca veio não, padre assim fazer visita essas coisas

não, o padre que ficava após a missa na festa era o padre Wiro, todos os dias de missa ele

fazia sua visitinha, nem que seja pra tomar um cafezinho rapidamente, mas ele fazia, agora os

outros não, é só a missa mesmo. E o padre Célio as vezes quando celebrava aqui, ele ficava

um pouco bom da festa, ele tinha um negócio de ficar conversando com as pessoas, agora os

outros não.

E: E seu ponto de vista, o que as mulheres tem contribuído para a melhora aqui da

comunidade?

S: O desempenho tem sido muito pouco, mas ainda ocorre às vezes de fazer alguns

artesanatos.

E: Artesanato é um curso, e da onde vem esse curso?

S: É através do nosso tesoureiro que corre atrás e pede para o sindicato trazer esses cursos

para todas as pessoas da comunidade para estar aprendendo coisas novas.

E: Esse curso tem ligação com a Igreja?

S: Não, o tesoureiro vai à busca, mas, não tem nenhuma ligação com a capela.

E: Silvana, como você vê o número crescente de pessoas indo para outra denominação

religiosa, como Assembléia, aqui na comunidade do Bugre?

S: Realmente, a verdade é essa, pode se contar quantos membros participa, é muita pouca

gente mesmo, principalmente no dia de sexta-feira de celebração, das missas sempre dá mais

um pouquinho, mas nossa comunidade tá bem fraca.

E: Em que sentido você acha que a comunidade está deixando a desejar, devido esse

crescimento de outras denominações?

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S: Está deixando à desejar e muito, a desigualdade, então eu acho que deveria ser buscar mais

o próximo, então eles fazem a parte deles e as pessoas estão indo pra lá.

E: E pra você Silvana, qual é a importância de participar da comunidade?

S: Pra mim é muito gratificante, sempre que posso eu estou lá, eu que tomo conta da faxina,

de zelar da comunidade, e sempre que posso estou lá, da missa eu não gosto de falhar e na

sexta-feira também.

E: Seu trabalho é voluntário ou você recebe um salário?

S: Recebo não como um salário, a gente fazendo a parte da gente.

E: E em questão de infra-estrutura, como é?

S: A infra estrutura não é boa.

E: O que você acha que está faltando para estar trazendo as pessoas de volta para a Igreja

católica aqui do Bugre?

S: A participação mesmo assim, a união uns com os outros, e a desigualdade também está

muito, mas uma hora a gente chega lá, somos poucas pessoas mesmo.

E: Você está satisfeita com o papel que desempenha dentro da comunidade, ou você acha que

tem que melhorar o seu e das mulheres que participam aqui da comunidade?

S: Com o meu cargo estou satisfeita.

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ENTREVISTA CONCEDIDA POR VIRGILÊ LOURENÇO DE SOUSA FERREIRA

Iporá, 02 de outubro de 2010.

ASSUNTO: A participação feminina nas CEB’s na comunidade rural do Bugre

ENTREVISTADORA: Evanilda Domingos dos Santos Silva

ENTREVISTADA: Virgilê Lourenço de Sousa Ferreira

E: Virgilê, qual é a sua participação aqui na comunidade do Bugre?

V: Uai, eu só participei das coisas que precisa, e ajudo na coordenação.

E: É algum movimento ou pastoral, você participa?

V: Quando a gente era coordenadora participava dos movimentos de coordenação, lá no Iporá

a ser é só isso nós participava, quando tem encontro aqui na igreja eu participo.

E: Você está sempre presente, é uma liderança que vai a frente?

V: É, estou sempre presente, todos os encontros que tem eu estou presente, meu esposo foi

coordenador, então como esposa de coordenador sempre ajuda a coordenar.

E: Qual o período que vocês foram coordenadores?

V: Nossa, faz tanto tempo que nem lembro mais, capaz que tem uns seis anos ou mais, eu até

esqueci, a gente esquece.

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E: O curso que o sindicato rural faz aqui na comunidade tem alguma ligação com os membros

dessa comunidade?

V: É o sindicato que oferece os cursos, mas são pessoas da comunidade que chamam as

pessoas para estarem participando e não pagam pelos cursos, e as pessoas que participam são

de qualquer religião.

E: Virgilê, como você vê a participação do pessoal que mora aqui na comunidade?

V: A maioria que tem na comunidade não é católica, mas os que têm participam com

freqüência.

E: Você acha que aqui dentro da comunidade do Bugre houve um crescimento das religiões

Evangélicas e Protestantes?

V: Se tá crescendo eu não sei, só sei que vem muito de fora, que já é Evangélico pra cá, agora

os daqui passando não, são pessoas de fora que vem.

E: Você acha que tem mais católico ou evangélico?

V: Eu acho que tem mais evangélico aqui na comunidade do Bugre, os que são católicos os

filhos estão casando ou saindo para estudar, com isso fica só um pouquinho.

E: E como é organizada a comunidade aqui do Bugre?

V: Cada um fica responsável por alguma coisa.

E: Vocês têm grupo de liturgia catequese e coral aqui na comunidade?

V: Tem, tem catequista, tem ministro da eucaristia e todo mundo canta.

E: E como você vê a liderança, o papel da mulher aqui na comunidade do Bugre?

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V: Uai, parece que a mulher está sempre na frente, não sei por que a mulher tem mais fé, não

porque a mulher sofre mais.

E: E os homens são solidários, desempenham o seu papel direitinho?

V: os que participam, participa mesmo.

E: E em época de festa de vocês da padroeira, como vocês organizam e preparam a festa

antes?

V: A gente marca pra fazer lanche, limpar salão, todo mundo ajuda, o povo participa mesmo.

E: Vocês fazem a festa e tem a novena, como vocês fazem essa novena?

V: Bom, da padroeira tem a novena, nós já estamos fazendo as novenas e sempre tem leilão,

mas dessa vez nós não estamos fazendo.

E: E as novenas geralmente são feitas nas casas?

V: É nas casas, e cada um leva um lanchinho, pra depois no final fazer uma confraternização,

e os leilões só tem no dia de festa.

E: E como é a renda aqui da comunidade, as pessoas pagam dízimo?

V: A comunidade sobrevive mais com a renda dos leilões, da festa, o dízimo é bem

pouquinho.

E: E você é satisfeito com o seu papel na Igreja, ou acha que deveria contribuir mais?

V: Eu acho que deveria participar mais, não sei se falta fé ou é preguiça mesmo, mas deveria

pegar um cargo pra estar ajudando mais, ser uma pessoa mais firme, correr atrás.

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E: Virgilê, e como você vê a participação da paróquia e do padre aqui na comunidade do

Bugre, eles contribui ou é falha, eles só vem celebrar a missa e vai embora?

V: Não, até que contribui.

E: Você acha que não precisa melhorar nada?

V: Não, era melhor talvez tivesse mais encontro do padre, porque a gente é tão pouco.

E: O padre celebra a missa, e ele visita a comunidade, as pessoas?

V: Uma vez no ano, mas eu não sei, é a turma da carismática e o padre vem fazer visita nas

famílias que menos participa, as pessoas doentes, todo ano e vai num punhado de casa, acho

que umas nove ou doze casas.

E: O que as mulheres têm contribuído para melhorar o desempenho do seu papel na

comunidade:

V: Sempre a gente fala que precisava melhorar, fazer mais curso pra ficar mais entendido, e

pra passar para as pessoas, mas a coragem é pouca.

E: E na época da festa vocês reúnem para você fazem a reza do terço ou lê a Bíblia?

V: Lê a Bíblia, faz reflexão, algum dá testemunho, e o povo participa da reflexão.

E: A que horas são os encontros de vocês?

V: Nós fazemos mais são à noite, 7 h.

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ENTREVISTA CONCEDIDA POR ROSIMEIRE QUEIROZ DE SOUZA

Iporá, 02 de outubro de 2010

ASSUNTO: A participação feminina nas CEB’s na comunidade rural do Bugre no município

de Iporá

ENTREVISTADORA: Evanilda Domingos dos Santos Silva

ENTREVISTADA: Rosimeire Queiroz de Souza

E: Rosimeire, você é filha de D. Rita que doou o terreno para construção da escola, e o que

motivou a sua mãe a fazer essa doação?

R: Uai na época esse terreno já tinha espaço, aí começou a comunidade na escola, aí o padre

Wiro queria construir a capela, aí falou com ela, e ela falou que podia fazer.

E: O padre Wiro foi o incentivador que ajudou na construção dessa comunidade aqui do

Bugre?

R: As pessoas que moravam aqui na época queriam fundar a comunidade, e o padre Wiro deu

o maior apoio, quando começou a comunidade a escola ficava cheia, e a nossa capela é maior

que a do Cedro e a do Córrego-da-Júlia que são duas comunidades próximas a nossa, porque

nós éramos muita gente, hoje somos menos famílias.

E: E como vocês começaram a reunir? Foi a partir do movimento de CEB’s, vocês faziam os

encontros na escola ou nas casas? O que motivavam vocês a fazer isso?

R: Quando iniciou mesmo eu não morava aqui, a Meirilene que mais tomava iniciativa, a

partir de quando eu cheguei aqui ainda era na escola, aí dava aquela vontade de reunir as

famílias né, aí começou por aí.

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E: Tinha algum grupo da paróquia de Iporá que vinha aqui na comunidade?

R: A dona Nair sempre vinha aí ela vinha muito na escola, daí ela e a Meirilene conversando,

tiveram a idéia da comunidade.

E: E como se deu a construção da capela, foi à comunidade que comprou os materiais, como

vocês conseguiram esse recurso financeiro para construir essa capela?

R: O padre Wiro que conseguiu os recursos, então a comunidade entrou com a alimentação,

vamos supor, cada dia uma família dava a comida dos pedreiros e os ajudantes, a parte

financeira era toda por conta do padre Wiro, e nós com a parte da alimentação.

E: Rosimeire, você lembra quando foi construída a capela?

R: Ela foi inaugurada no mês de outubro do ano de 1991.

E: Analisando dessa época de 1991 para hoje (2010), você acha como está à participação,

melhorou, da população que mora aqui ou está mais escassa?

R: Está mais escassa, na época nós éramos muitas famílias, hoje quer ver, que participa lá é

umas cinco ou seis, porque a maioria mudou né, e aí nós somos bem pouco.

E: E a situação das outras denominações religiosas aqui do Bugre, você acha que tem

aumentado?

R: Na época que a nossa igreja começou mesmo o povo ali do João era tudo católico, hoje é

tudo crente.

E: O que você acha é que as nossas celebrações estão sem graça, na mesma mesmice de

sempre ou o tumultuo do dia-a-dia vai desanimando as pessoas?

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R: Eu acho que pode ser.

E: O que você acha que é falha de nossa Paróquia?

R: Eu acho que sim, trazer mais gente né, os cursos de cânticos, já até falei para as meninas lá,

pelo menos assim de vez em quando vir aqui fazer uma reunião né, convidam as pessoas pra

poder estar reunindo, aprendendo novos cânticos, tudo isso ajuda na celebração, é um

incentivo maior. Eu acho que as comunidades estão muito sem o apoio, eles, e que deveriam

apoiar mais a gente, nós já somos poucas pessoas, já muito desmotivadas com isso precisamos

de mais apoio. Uma coisa diferente, um atrativo maior.

E: Rosimeire, como você vê a participação da mulher aqui na comunidade do Bugre?

R: Uai, nós até que somos participativas, o que precisar nós ajudamos, na limpeza do pátio, o

que for preciso.

E: E como vocês organizam, preparam a festa da comunidade da padroeira daqui do Bugre?

R: Uai nós estamos fazendo as novenas e a gente vai preparando, chega nos dias mesmo aí a

gente faz uma programação, chega aquele dia, vamos supor, desde quinta-feira até no sábado

a gente tá arrumando as coisas.

E: E a participação do pessoal de fora, como que comparece?

R: Vem, nossa é muita gente, aí o nosso salão grande se torna pequeno, graças a Deus a

participação é muito grande.

E: Como funciona a parte financeira da comunidade e como ela sobrevive?

R: É do dinheiro da festa, essa agora de outubro é a festa da comunidade, então a gente

arrecada dinheiro pra ir gastando, agora mesmo a comunidade está ajudando uma pessoa aqui

que está precisando de nossa ajuda na construção de sua casa, então já comprou material e

ainda vai ter mais uns gastos.

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E: Então a comunidade presta um serviço social também aqui na comunidade do Bugre?

R: Arram, prestamos sim, não importando a denominação religiosa.

E: O curso que o sindicato rural faz aqui na comunidade tem alguma ligação com os membros

desta comunidade?

R: É um do ex-coordenador da comunidade que corre atrás pra trazer pra ver se incentiva

mais as pessoas a estar interagindo mais uns com os outros, e incentiva a comunidade

aumentar a produtividade.

E: Rosimeire e como você vê a influência das CEB’s, que é comunidades eclesiais de base na

formação dessa comunidade do Bugre?

R: Uai incentivou sim né, porque desde começo da paróquia.

E: E a relação que você vê do apoio do padre da paróquia é bom ou o que ele poderia

melhorar?

R: Poderia melhorar um pouco.

E: O que você acha que ele deveria fazer para melhorar?

R: Eu acho que é incentivar as pessoas aqui na comunidade e os de lá a vir pra reunir com a

gente, pra gente conversar, dar uma palestra, trazer coisas diferentes pra incentivar a

comunidade a reunir mais.

E: E em questão de visita o padre vem participar, interagir com as pessoas da comunidade?

R: Só vem celebrar a missa e vai embora, de primeiro o padre vinha, ficava mais um tempo,

conversava com as pessoas, participava um pouquinho da festa, interagindo com as pessoas

depois ia embora, hoje isso acabou só celebra e vai embora.

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ENTREVISTA CONCEDIDA POR ERVALINA TEIXEIRA DO NASCIMENTO

Iporá, 02 de outubro de 2010.

ASSUNTO: A participação feminina nas CEB’s na comunidade rural do Bugre do município

de Iporá

ENTREVISTADORA: Evanilda Domingos dos Santos Silva

ENTREVISTADA: Ervalina Teixeira do Nascimento

Ev: Dona Ervalina, a senhora participa a muito tempo aqui da comunidade Bugre?

Er: Sim, já, desde quando eu vim pra cá, mais ou menos em 1996, eu participo.

Ev: E hoje, a senhora desempenha algum papel na comunidade?

Er: Da paróquia estou por fora das coisas, mas aqui na comunidade desempenho, agora

mesmo estou desempenhando a catequese, hoje mesmo estou indo dar um curso para os pais

que vão batizar seus filhos.

Ev: Dona Ervalina, como à senhora vê a participação da população no engajamento da vida

comunitária?

Er: Aqui vejo assim, bem fraco sabe, o pessoal não tem muito compromisso na vida religiosa

sabe, inclusive nós que quer participar da comunidade somos cinco casais, nós temos mais

pessoas que são de religião, mas eu sinto muita falta de compromisso, interesse mesmo.

Ev: Dona Ervalina, como está a infra estrutura da comunidade aqui do Bugre?

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Er: Nossa comunidade é muito, bem servida nesse ponto sabe, porque sobre a infra-estrutura,

por exemplo, você pode perceber lá que a gente é bem estruturada, nossa comunidade muito

boa, bem bonita, bem arrumada, é tudo em ordem, quanto o dinheiro para a manutenção a

gente pega das festas que a gente faz, a gente faz uma festa, até que na nossa comunidade a

gente arrecada muito durante esse período, e sempre a gente tem um dinheirinho em caixa.

Ev: Mais ou menos quanto é o rendimento da festa?

Er: Rende seis mil e quinhentos reais, e dá pra manter muito bem, por isso que a nossa

comunidade tá bonitinha, bem organizada. Enquanto paróquia, nós temos os encontros

durante a semana e uma vez por mês temos a missa, tudo que a gente precisa na paróquia, a

gente é muito bem servido

Ev: E a paróquia em si não cobra a participação de vocês?

Er: Cobra, cobra muito das comunidades, só que como não tem ninguém disponível a nossa

comunidade sempre está ficando.

Ev: Dona Ervalina a senhora sabe me falar como se deu a formação da comunidade aqui do

Bugre?

Er: A comunidade começou com seu José Poderoso e a Meirilene, eu lembro que a Meirilene

me falou que a primeira missa foi celebrada com ajuda da dona Nair Araújo né, e a primeira

missa foi celebrada na escola, pelo o padre Wiro e assim ficou um bom tempo celebrando na

escola, depois que o padre Wiro deu início na construção da capela, e o terreno inclusive foi

doado pela Dona Rita, inclusive o padre José Roberto está cobrando a documentação, mas a

documentação nós não temos, nenhuma comunidade rural tem documento. Nem uma

declaração não tem, nós vamos formular essa declaração em que a Dona Rita está nos doando

através desse documento, porque o terreno está passando de mão em mão, uma hora vai às

vezes chegar alguém que não queira a comunidade.

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Ev: De modo geral, como à senhora vê a participação dentro da Igreja Católica, tanto na

esfera nacional ou regional como aqui no Bugre?

Er: Eu vejo se não fossemos nós Igreja católica às vezes já tinha fechado as portas em vários

lugares, porque eu vejo que a mulher é a peça forte mesmo nas Igrejas, inclusive quando vai

fazer uma formação, qualquer tipo de formação dentro da Igreja, nós podemos perceber que a

maioria somos nós mulheres, porque a maioria dos homens, uns não têm tempo, o

compromisso é pouco e a desculpa vem. E nós mulheres tem muito mais trabalho do que eles,

inclusive nos finais de semana quando nós temos os encontros de formação, e eles às vezes

têm menos ocupação que nós mulheres, e nós estamos lá firmes.

Ev: E como à senhora vê a relação social das mulheres aqui na comunidade do Bugre?

Er: Muito bom graças a Deus, todo mundo é amigo de todo mundo, todos tentam resolver o

problema de todo mundo, a nossa convivência em comunidade é muito boa, graças à Deus a

gente tem uma amizade um quer bem, cumplicidade um pelo o outro.

Ev: Aqui na comunidade a liderança é por mulheres?

Er: É o casal, mas geralmente somos nós que tomamos a frente, aqui em casa por exemplo nós

somos os coordenadores, só quem participa de curso, de reuniões sou eu né, apenas o

tesoureiro que é uma pessoa mais compromissada, ele está sempre trazendo balancetes, lá é

ele mesmo não é a esposa.

Ev: E aqui na comunidade do Bugre vocês desempenham algum trabalho social? Por

exemplo, o do Sindicato Rural realiza, tem uma ligação com a comunidade?

Er: É a comunidade, porque geralmente quem traz esses cursos pra cá é o nosso tesoureiro,

porque ele está lá mais inteirado dos assuntos né, ele vê o quê que dá mais certo pra nós aqui

dentro da comunidade.

Ev: E a comunidade entra com alguma ajuda neste curso?

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Er: Nada, tudo é por conto do sindicato, totalmente de graça.

Ev: A comunidade desenvolve algum projeto social com os menos favorecidos?

Er: A gente ajuda, mas não temos nenhum projeto, é o seguinte, quando tem uma família ou

alguém que ta necessitando de ajuda nós unimos em comunidade, vamos fazer o que a gente

pode, aliás, a gente faz a parte individual, se não der a gente recorre à parte financeira da

comunidade, mas nós primeiro fazemos a nossa parte de tentar ajudar. Inclusive tá fazendo

uma casa ali para uma pessoa da comunidade, nem é da nossa Igreja, mas ela precisa né,

estamos fazendo, então nós fazemos a nossa parte aí se não der, aí nós recorremos à tesouraria

pegando alguma coisa.

Ev: Dona Ervalina, a senhora está satisfeita com o papel que realiza dentro da comunidade?

Er: Eu sou, só sinto não poder fazer mais pela minha comunidade, mas pela minha idade, aliás

eu sou a pessoa mais idosa da comunidade. E sempre eu fico arcando com a maior

responsabilidade, não porque eu quero a gente não pode ficar deixando tudo passar em

branco, como eu já te falei eu sou catequista, e u era ministra da eucaristia agora afastei um

pouco, eu faço a liturgia, eu canto,

coordenação, então tudo, mas o que eu posso fazer pela comunidade eu faço, como eu estou

te falando eu vou dar um curso agora de batismo, só que eu estou muito por fora sabe, eu não

fui participar do curso mais, eu fui duas vezes em São Luiz pra me formar depois fiquei

participando de curso em Iporá. Depois já tem o que, uns seis anos, que eu não participo mais,

como não tem ninguém disponível, um pouquinho que eu sei, eu vou passar né pros pais e os

padrinhos, pra gente não deixar a peteca cair.

Ev: E a participação aqui na comunidade é maior de homens ou de mulheres?

Er: De mulheres, como sempre né, em todos os lugares.

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ENTREVISTA CONCEDIDA POR LOURDES TELES LUIZ

Iporá 02 de outubro de 2010

ASSUNTO: A participação feminina nas CEB’s na comunidade rural do Bugre do município

de Iporá

ENTREVISTADORA: Evanilda Domingos dos Santos Silva

ENTREVISTADA: Lourdes Teles Luiz

E: D. Lourdes como à senhora vê a participação das mulheres especialmente aqui no Bugre?

L: Boa

E: Porque a senhora acha que é boa?

L: Porque todas elas participam, ajuda, por exemplo, se tem que fazer alguma coisa elas

ajudam.

E: E como é a relação das mulheres dessa comunidade do Bugre, com as demais pessoas da

comunidade?

L: Boa, chega até ajudar pessoas de outras religiões.

E: D. Lourdes sabe como se deu a formação antes da igreja?

L: Foi através de D. Nair de Araújo, fazia os encontros daí a gente ia participava e era feito no

grupo, fazia nas casas também, aí o padre Wiro pegou a vir e celebrava a missa. Só sei que

construiu o salão através de ajuda do seu José Poderoso, todo mundo ajudava, um dava o

almoço, o outro dava um saco de cimento, outro trabalhava dando demão depois a igreja foi a

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mesma coisa, assim a gente dava o almoço, cada um dava um dia a comida, e construiu, foi

assim, foi seu José Poderoso que ajudou mais, e aí nós dava uma coisa e também construiu a

capela.

E: Como que foi o pagamento dos pedreiros, se foi voluntário ou vocês juntaram e pagaram?

L: O Pe. Wiro, esse dinheiro foi pra capela, voluntário foi a comida né, voluntário foi a

construção do salão, a capela foi o Pe. Wiro, e o dinheiro veio da Holanda.

E: E como a senhora vê as mulheres exercendo a liderança dentro da igreja aqui no Bugre?

L: Os homens recebem essa liderança bem, até porque eles acham bom as mulheres estarem a

frente

E: E como vocês desenvolvem o trabalho (atividades) aqui na comunidade, é meio a meio, ou

igual entre homens e mulheres, ou as mulheres trabalham mais, ou vice-versa?

L: Me parece que é igual, dias de missa as mulheres trabalha mais, na época da festa é igual.

E: Dentro da comunidade específica aqui do Bugre, quais áreas que as mulheres atuam na

linha de frente?

L: Quase é tudo né que é as mulheres, igual os cânticos.

E: A senhora acha que a participação aqui na comunidade, é maior das mulheres ou dos

homens?

L: É mais das mulheres.

E: A senhora acha que o papel da mulher tem contribuído para o melhor desempenho dessa

comunidade?

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L: Toda vida foi bom.

E: E a estrutura da comunidade, a senhora acha que é boa, mas ou menos, ou poderia ser

melhor?

L: Bom eu acho que ela é boa né, não precisa ser mais ampliada, ela já está grande pela

quantidade de pessoas que participa, já quando foi construída era pequena pelo tanto de gente

que participava.

E: E como a senhora vê a questão de outra religião aqui na comunidade do Bugre?

L: Hoje a maioria das pessoas participa da Assembléia, e a maioria dos católicos mudou,

assim por diante.

E: A comunidade se envolve com alguma atividade social?

L: Ajuda muito pouco, às vezes faz alguma cesta e doa para as pessoas que mais precisam.

E: A senhora exerce algum cargo dentro da Igreja?

L: Não, eu sou leiga, já fui chamada pra ser ministra, geralmente toda vez não dá certo,

porque às vezes minha mãe tá aqui e não é sempre que posso estar saindo.

E: Qual a importância de participar aqui da comunidade?

L: Porque a gente desde quando nasceu, nasceu católico e não tenho vontade de mudar de

religião.

E: E os cursos do Sindicato Rural que é feito aqui no salão da comunidade tem ligação com as

CEB’s ou não?

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L: Acho que tem, devido ser o ex- coordenador que dá providência de estar trazendo pra cá,

pra nós.

E: Nos dias de festas quais as funções que as mulheres realizam, são só na preparação das

comidas ou ajuda também preparar as missas e na organização do evento?

L: Ajuda em tudo, na missa, depois na cozinha, a organizar os leilões e tudo que for preciso.

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