Upload
marcos-queiroz
View
35
Download
2
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Uma exegese de Mateus 6.1-18
Citation preview
OBRAS DE JUSTIÇA Mateus 6.1-18
Texto Áureo: “Tenham o cuidado de não praticar suas obras de justiça diante dos
outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma
recompensa do Pai celestial” (Mateus 6.1).
INTRODUÇÃO:
O “Sermão do Monte” é uma obra riquíssima no seu conteúdo e não somente
em seu conteúdo, mas no que diz a respeito de “ética, moral e espiritualidade
cristã”. Nossa consideração sobre o “Sermão do Monte” começa pela “análise e
divisão” do seu conteúdo. Também podemos perceber que aqui, em Mateus 6,
chegamos a uma nova seção.
A primeira seção (5:3-12) contém as bem-aventuranças - a descrição do
crente conforme ele é.
Na seção seguinte (5:13-16), descobrimos como é que esse crente fora
assim descrito, reage ao mundo, e também como o mundo reage diante
dele.
A terceira seção (5:17-48) aborda a relação entre o crente e a lei de Deus.
Essa seção oferece-nos uma “exposição positiva da lei”, contrastando-a com
o falso ensino dos “escribas e fariseus”. E termina com aquela extraordinária
“exortação” do versículo final: "Portanto, sede vos perfeitos como perfeito é o vosso
Pai Celeste".
Chegamos agora a uma “seção” inteiramente nova, que envolve a totalidade
do sexto capítulo de Mateus. Encontramos aqui aquilo que poderíamos chamar de
“quadro de um crente”, o qual vive sua vida neste mundo, na presença de Deus,
em ativa submissão ao Senhor e em completa dependência a Ele.
MATEUS 6 passa em revista a “nossa vida como um todo”, considerando-a
segundo dois (02) aspectos principais. Trata-se de algo verdadeiramente
admirável, pois, em última análise, a vida do crente neste mundo tem dois lados,
ambos os quais são aqui ventilados.
1. O PRIMEIRO ASPECTO é tratado nos versículos 1 a 18; e cobre aquilo
que poderíamos intitular de nossa vida religiosa, a cultura e a nutrição da alma, a
nossa piedade, a nossa adoração, o quadro, completo de nossa vida religiosa, bem
como tudo quanto diz respeito, diretamente, ao nosso relacionamento com o
Senhor. Naturalmente, porém, esse não é o único elemento da vida do crente nesse
mundo. O crente é “relembrado que não pertence a este mundo. Não obstante, é
filho de Deus e cidadão de um reino que não pode ser visto como realidade
material. O crente é apenas um viajante, forasteiro, um peregrino neste mundo.
Todavia, não é um indivíduo mundano, e nem pertence ao mundo, conforme sucede
às demais pessoas; mas acha-se dentro de um relacionamento com Deus que não
tem igual. O crente ando com Deus, mas mesmo assim o crente está sujeito às
imposições do mundo”.
2. SEGUNDO ASPECTO - nos versículos 19 até ao fim desse capítulo;
refere-se ao crente em sua relação para com a vida em geral, não tanto como um
indivíduo puramente religioso, e, sim, como alguém que está sujeito “as pedradas e
flechadas da ultrajante sorte”, como uma pessoa que precisa preocupar-se com
alimentação, com vestuário e abrigo, como um homem talvez tenha esposa e filhos,
dos quais precisa cuidar, e que, por essas mesmas razões, está sujeito àquilo que,
nas Escrituras, é denominado de “as cousas do mundo” (1Coríntios 7:34).
Essas são as duas grandes divisões deste capítulo de Mateus 6: aquela
porção estritamente religiosa, que envolve a vida cristã; e a porção mundana.
Ambos esses aspectos são tomados por nossa Senhor e ventilados com pormenores
bastante consideráveis. Em outras palavras, é vital que o crente seja dono de ideias
absolutamente claras a respeito dessas questões, e também que receba instruções
sobre ambos os aspectos.
Não existe falácia maior do que imaginar que no momento em que um
homem se converte, tornando-se crente, todos os seus problemas são prontamente
solucionados e todas as suas dificuldades desaparecem. A vida cristã é repleta de
dificuldades, de precipícios e de armadilhas.
Ao começarmos a examinar essa primeira sessão, descobrimos que o
primeiro versículo (v.1) serve de introdução à mensagem contida nos versículos 2
a 18. De fato, causa-nos profunda admiração o arranjo do Sermão do Monte.
“Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes
vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai Celeste. ”
Aqui Jesus anuncia o “princípio geral”, o fundamento que governa a vida
religiosa do crente. Tendo feito isso, Jesus prossegue, oferecendo-nos três
ilustrações desse princípio, que envolvem as questões – alguns elementos
essenciais do caráter cristão e como essência deve fazer parte da vida do crente:
Da doação de esmolas,
Da oração e do jejum. Então em último lugar;
Jesus refere-se à totalidade da vida e da pratica religiosa do crente.
O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL É DECLARADO NO PRIMEIRO VERSÍCULO
“Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens”
1. PROBLEMA DE TRADUÇÕES DIFERENCIADAS
Quanto a esse particular, não há que duvidar que existe “características
particulares” quanto as versões. Já no início já encontramos problemas de
traduções diferenciadas. A diferença consiste em “questões literárias do texto”: O
Texto Crítico ou Minoritário e o Textus Receptus – Versão atualizada e versão
corrigida.
A “Versão Atualizada” neste ponto é superior a Versão Corrigida, na qual se
lê: “Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens...” Deveria ser:
“Guardai-vos de exercer a vossa justiça (ou se você preferir, vossa piedade) diante
dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão
junto de vossa Pai Celeste” (Mateus 6:1).
Mas essa diferença, não passa de uma “variante textual” que figura nos
manuscritos antigos - No processo da cópia de texto ocorrem “variações”
voluntárias ou involuntária por parte de quem o copia, por isso a crítica textual
objetiva restitui ao texto a genuinidade.
Sem dúvida, a melhor tradução é a última (Versão Corrigida), pois todos os
bons comentadores são unânimes no seu parecer de que este vocábulo deveria ser
entendido como “justiça”, e não como “esmolas”. As esmolas são apenas uma
ilustração particular, ao passo que, neste primeiro versículo nosso Senhor
interessava-se por firmar um princípio geral. O princípio geral é este: “Guardai-vos
de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles.
Doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai celestial”.
O texto “Crítico (Minoritário) ” grego traz o termo dikaisu,nh “dikaisýne”
enquanto o texto “Receptus" traz o termo grego elehmosu,nh “eleemosyne”. O
“Minoritário” conhecido como Texto Crítico é o texto do Novo Testamento
conforme os procedimentos da “crítica textual”. O Textus Receptus, (Texto
Recebido) é uma série de impressões, em grego, do Novo Testamento, que serviu
de base para diversas traduções dos séculos XVI ao XIX, como a Bíblia de Lutero, a
Bíblia Rei James e para a maioria das traduções do Novo Testamento da Reforma
Protestante, inclusive a tradução portuguesa por Almeida.
A tradução do ”Texto Crítico” (minoritário) traduz da seguinte forma: “Guardai-vos
de exercer a vossa ”justiça” diante dos homens, com o fim de serdes vistos por
eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai Celeste”. Usando o termo
dikaiosu,nh: (dikaisýne) “justiça”. Enquanto “Receptus” traduz da seguinte forma:
“Guardai-vos de fazer a vossa “caridade” diante dos homens, para serdes
vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. ”.
Usando o termo grego: elehmosu,nh: (eleemosyne) “caridade ou esmola”. Dentro
do “Texto Crítico” que iremos fazer o nosso estudo.
2. A DIMENSÃO DA JUSTIÇA RELIGIOSA - Obras de justiça
A primeira coisa que Jesus faz é uma “advertência”, uma exortação
concernente a “pratica da obra de justiça” – quer dizer que devemos ter precaução,
cautela quando praticamos qualquer tipo obras de justiça. O termo grego
prose,cw: (prosécho) intitula-se com o seguinte significado: “prestar atenção
naquilo que você está fazendo” – Observem as suas ações quando praticardes
qualquer tipo de ação piedosa.
Assim como os fariseus nós temos uma tendência que querer fazer com que
todas as coisas se convergem em nós – queremos centralizar tudo que fazemos
com o objetivo único – sermos visto pelas pessoas” - Jesus fez essa “advertência”
em comparação com os atos de justiça dos fariseus e escribas – (Mateus 23).
No capítulo anterior no 5:20 Ele diz que a justiça do cristão é o princípio
fundamental a pratica das obras de justiça, que “essa pratica de justiça” deve
superior à justiça dos escribas e fariseus na aceitação de todas as implicações da
lei de Deus, sem esquivar-se de coisa alguma e sem criar limites artificiais. A
justiça do cristão é uma justiça sem limites. Deve ter liberdade de penetrar
além dos nossos atos e palavras, até o nosso coração, pensamentos e motivações,
e deve nos dirigir até mesmo nessas partes escondidas e secretas. Jesus sai da
“justiça moral” no capítulo 5 para a sua “justiça religiosa". É importante
reconhecer que, de acordo com Jesus Cristo, a "justiça" tem estas duas dimensões:
A dimensão da justiça Moral; e A dimensão da justiça Religiosa.
Para maior clareza aos ouvintes quero aqui contextualizar este termo
“justiça” não no sentido estrito “stricto sensus” da palavra, mas sim no sentido lato,
“lato sensus” da palavra. No “sentido lato” do termo, “justiça” é uma “condição”
e esta condição é uma conjuntura, essencialmente determinante para que
possamos viver dentro dos princípios exigido pela lei de Deus – e é essa condição
que nos torna verdadeiramente “filhos” de Deus – é essa condição que sobre nós a
essência da vida de Deus em nós.
Em particular “justiça” é todo ato ou tudo aquilo que praticamos que se
encontra em correspondência (de acordo) com o que é justo ou correto – Um ato
que tem aprovação ou que é aprovado por Deus sem qualquer condenação – de
uma vez que esses atos de justiça são reprovados e condenados por Deus já não é
justiça – Qualquer obra de justiça que praticamos se não tiver procedência e
centralização em Deus, não passa de um “trampo de imundícia” – Isaías 64:6.
Uma das condições essenciais para a vida do crente é viver uma vida
estritamente piedosa. Quando analisamos essas condições do crente descobrimos
que ela pode ser dividida em três segmentos, e somente nesses três:
(a) A maneira de como dou esmolas;
(b) A natureza de minha vida de oração e contato com Deus; e
(c) A maneira pela qual mortifico a carne.
2.1. A MANEIRA DE COMO EU DOU ESMOLAS (Mateus 6.2-4).
Quando Jesus faz as suas considerações capítulo 6, Ele começa a abordar um assunto
muito conhecido dos judeus: a hb'WvT. (Teshuvá), hL'piT. (Tefilá) e
hq'd'c. (Tsedakah) - arrependimento, oração e caridade.
O termo “tsedakah” no sentido literal expressa:
(1) Justiça como atributo de Deus como soberano; aquele que governa e
administra essa justiça;
(2) Justiça como veracidade tanto em ações tanto em palavras;
(3) Justiça como normas de valores morais e éticos que orienta a maneira
humana de agir e de se comportar corretamente.
De acordo com os conceitos judaicos “tsedakah” é a expressão do amor de Deus ao
próximo, uma ação favorável, bondosa, benéfica recheada pela “compaixão – caridade”. A
“Tsedakah – a caridade”, era de habito e de preceito aos Judeus como um dever de modo
particular a pratica da caridade. A “tsedakah” - caridade (esmola), por falta de uma palavra
melhor em português, é frequentemente traduzido como “esmola ou caridade”, muito
embora o significado desse ato é muito mais amplo.
a) DO PONTO DE VISTA JUDAICO: “Tsedakah” que é totalmente diferenciado do
sentido de interpretação de “caridade”. Em geral o conceito de entendimento sobre o termo
“esmola” é de forma totalmente diferente do ponto de vista judaico - as pessoas pensam que
dar esmola é quando eu doo algo a um pobre ou a uma instituição de caridade, portanto,
pensam que estão fazendo um “ato de bondade” para o qual merecem agradecimento – na
verdade o nosso conceito de “esmola” é quando no meu ganho financeiro sobram algumas
moedas, e essa sobra não vai comprometer as minhas responsabilidades financeiras “eu dou”.
Mas a palavra hebraica “Tsedakah” na realidade significa “um ato de justiça“. A
“Tsedakah” é algo que devemos fazer, não somente como um ato de bondade, mas como um
“dever e obrigação”, tal como pagar uma dívida.
O princípio da “tzedakah” é bastante inerente no Judaísmo.
Em primeiro lugar, esse princípio é: Deus é justo, generoso, misericordiosíssimo. Sua
Justiça é Sua generosidade e sua generosidade é a Sua misericórdia e sua misericórdia
é o Seu amor expressado em suas ações.
O termo hebraico “tzedakah – é o mesmo correspondente ao termo grego
“eleemosyne - esmola” é mais que do que um “ato de caridade”, mas é uma:
Expressão de fé piedosa diante do sofrimento do outro;
Viver de modo justo na relação com Deus e com as pessoas;
A “esmola” não pode ser em função da vanglória ou de uma presunção exagerada com
propósitos irreais e enganosos daquele dá esmola, mas deve ser;
Um gesto de solidariedade e justiça - um sentimento que consiste na identificação da
miséria e sofrimento do outro.
Um ato de generosidade, de auxílio a um pobre ou necessitado.
A “Tsedakah” ou a “eleemosyne” não é meramente um ato de caridade: mas é uma
forma de proporciona satisfação a alguém não especificamente aos pobres – mas aqueles que
precisam de algum tipo de ajuda - mesmo aos ricos; com dinheiro, comida ou palavras
reconfortantes, ele cumpre as exigências legalistas!
“Tzedakah” tem origem na palavra “tzedek” (justiça) sendo uma tradução mais precisa
“justiça social”. É a obrigação que todo judeu tinha de doar algo de si. Dentro deste ato de
dever cabia também a doação de trabalho ou conhecimento; e todos os judeus tinham que
cumprir o tzedakah, tanto os ricos quanto os miseráveis e as crianças.
Quando doamos algo a um necessitado:
Não doamos algo que “nos pertence”, mas sim algo que é de Deus; somos
simplesmente seus “mordomos” – por que tudo que temos não é nosso, mas sim de
Deus.
Não se trata de um ato de graça devido à nossa bondade, mas de um “dever” e de
uma “dívida” – somos devedores de Deus. É como se alguém nos desse uma soma em
dinheiro, dizendo: “Tome uma parte para você e distribua o resto entre os pobres. ”
Desfazer-se do dinheiro é como se fora um teste. E, embora sejamos tentados a
repartir o menos possível, Deus nos recompensa generosamente ao darmos Tsedakah
“da Sua conta” e por isso, a Tsedakah é um ótimo investimento, sob qualquer ponto de
vista.
A razão pela qual a “esmola” é tão importante por que reside no fato de que ela
representa o esforço “total” por parte do doador.
b) DO PONTO DE VISTA NO NOVO TESTAMENTO: Saindo do ponto de vista judaico
para o ponte de vista no Novo Testamento: O termo usado no grego é
evulehmosu,nh (eyleemosýne) expressa vários sentidos; mas todas elas tendo a
mesma designação:
b.1) Compaixão; ação benevolente, benignidade ou bondade.
Esta “compaixão” é a expressão da bondade de Deus, a sua inclinação para
tratar bem e generosamente as suas criaturas. Deus é bondoso quando
entre em relação com as suas criaturas, e então tem prazer em suas obras, e
as beneficia.
b.2) Doação; é a ação de doar ou entregar-se, oferecer ou ofertar alguma
coisa a alguém gratuitamente. A expressão de compaixão é vista na sua
ação. Todo ato de Deus em relação ao homem é um ato de “doação” - (João
3.16)
b.3) Esmola – é o resumo de todos os itens anteriores relacionados - é um
ato de benevolência aqueles que estão privados de alguma coisa. A esmola
é uma expressão de amor, afeto, compaixão e beneficência aquele que de
alguma forma carece de uma ajuda.
A palavra "esmola" é derivante do latim caritas (afeto, amor) que tem a sua
origem no vocábulo grego ca,rij (cháris) “graça”. Então, dentro da contextualização
na sua totalidade, o termo “esmola” - é o ato de "caridade" expressado pelo
amor, assim, sendo entendido como um “sentimento ou uma ação altruísta” de
ajudar a alguém “sem busca de qualquer recompensa”.
A pratica da “caridade- esmola” – sendo uma expressão de amor é um
notável indicador de “elevação moral e espiritual” a todos aqueles que a praticam e
uma das práticas que mais caracterizam a “essência da bondade” – Mateus 6.2-4.
O v.2, que traz o termo “esmola” deve ser interpretado como um “ato de
misericórdia ou piedade”. Assim como Deus é “misericordioso e generoso”, da
mesma forma devemos ser “misericordiosos e doadores generosos”.
c) A RESTRIÇÃO DA ESMOLA DOADA
- “Não toques trombetas diante de ti”; - “ignore a tua mão esquerda o que
fazes a tua direita”. Se buscarmos a glória dos homens querendo que o nosso nome
sempre apareça em destaque pelo que fazemos, nenhuma “recompensa”
receberemos de Deus, pois já obtemos o aplauso dos homens.
A forma cristã de contribuir com os necessitados é fazê-lo de forma secreta.
Não transformemos um ato de misericórdia em um ato de vaidade. Não troquemos
o altruísmo pelo egoísmo. Esqueçamos rapidamente dos benefícios que fazemos.
Devemos ficar satisfeitos de termos Deus como a única testemunha de nossas
esmolas, esperando apenas dele a nossa recompensa.
2.2. A ORAÇÃO DO CRISTÃO (Mateus 6.5-6). Jesus mostra a diferença entre a
hipocrisia e a realidade. Ele põe em contraste o motivo das orações e as suas
recompensas.
Jesus disse que os hipócritas “gostam de ficar orando”, a fim de serem vistos
pelos outros. Devemos cuidar para que o farisaísmo não seja representado por nós.
Jesus disse que devemos orar no quarto, não apenas para evitar distrações, mas
para ficarmos a sós com Deus. Ele não está se opondo a oração pública, mas
falando nesse ponto da oração em secreto. A essência de toda oração cristã
consiste em buscar a Deus (Sl 27.4).
Os fariseus são hipócritas quando oram, assim como os gentios ou pagãos
são mecânicos (tagarelas) quando oram repetindo as mesmas coisas (vs. 5-7). Jesus
não está reprovando a repetição na oração, mas o orar dizendo coisas sem
significado. Ele mesmo orou três vezes pelo mesmo motivo no Getsêmani (Mateus
26.44). Paulo também fez isso (2Coríntios 12.8). O que Jesus censurou foi a
“Meditação Transcendental”. Isso também inclui a reza com o rosário. Mas não se
engane. Certamente essa palavra de Jesus é contra a liturgia formal de muitos
cultos.
Devemos ter muito cuidado com os jargões religiosos quando oramos,
enquanto a mente fica vazia. Enfim, qualquer oração com a boca que não é feita
com o coração, é reprovável. Deus não se deixa enganar pelo muito falar. Ninguém
queira convencer Deus com orações longas. Não devemos fazer isso (vs. 7-8). Não
oramos para informar a Deus de nossas necessidades, pois ele nos conhece
plenamente. Oramos para exercitarmos nossa fé na dependência dele.
Ao contrário da oração dos hipócritas e pagãos, a oração do cristão deve ser
verdadeira. Jesus ensinou a conhecida “oração do Pai-Nosso” como genuíno modelo
da oração cristã. Ela pode ser copiada ou usada como uma forma de orar. A
maneira de orar mostra o conhecimento que temos de Deus. O Deus da Bíblia não
gosta de orações mecânicas. Ele quer ser chamado de Pai, porque é um Deus
pessoal e amoroso. Jesus nos ensina a orar primeiro voltados para os interesses de
Deus (“teu nome…, teu Reino…, tua vontade…”). Só depois devemos dizer (“Dá-
nos…, Perdoa as nossas dívidas…, livra-nos do mal”). Primeiro a glória de Deus,
depois as necessidades do homem.
3. O jejum do cristão (Mt 6.16-18). O jejum é um assunto praticamente ignorado
no meio evangélico hoje. Muitos falam de ação social e oração, mas bem poucos
mencionam o jejum. Os próprios discípulos de Jesus não tinham o costume de jejuar
(Mt 9.14; Lc 5.33).
“16. Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois
eles mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que eles estão
jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena
recompensa. 17. Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto, 18. para que não pareça
aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê em secreto. E seu
Pai, que vê em secreto, o recompensará” (Mt 6.16-18).
Jejum é abster-se total ou parcialmente de alimento, durante períodos de tempo
curtos ou longos. A Bíblia nos ensina e exemplifica a prática do jejum. Jejuar e
humilhar-se são termos equivalentes (Sl 35.13; Is 58.3, 5). O povo de Nínive se
arrependeu e creu no Senhor com quebrantamento e jejum (Jn 3.5). Mas o jejum
não deve ser praticado apenas em ocasiões de arrependimento pelos pecados
passados, mas também na dependência de Deus para a misericórdia futura. Oração
e jejum casam-se bem. Jesus jejuou antes de começar seu ministério público; a
igreja de Antioquia jejuou antes de enviar Paulo e Barnabé para o campo
missionário. Eles próprios jejuaram (Mt 4.1-2; At 13.1-3; 14.23).
O jejum não tem apenas implicações espirituais ou subjetivas. Devemos jejuar,
deixando de comer ou de usar algo para compartilhar com o necessitado. Jó tinha
plena consciência de ter feito isso (Jó 31.16-22). A Bíblia fala desse tipo de jejum (Is
58.5-7). Portanto, temos boas razões bíblicas para jejuar. Seja por arrependimento,
oração, autodisciplina ou por amor solidário.
Nos três assuntos abordados por Jesus, esmolas, oração e jejum, ele quer que nossa
motivação seja agradar a Deus. Os hipócritas mudavam a aparência do rosto para
não serem reconhecidos como normais e chamarem a atenção para si mesmos. Mas
essa seria a única recompensa deles. Mas os discípulos de Jesus devem se manter
normais quando jejuam, sem a necessidade de tornar conhecido de outros o jejum,
apenas de Deus. Ele recompensará essa prática, e isso basta.
Concluindo, fica claro o contraste feito por Jesus entre a piedade dos fariseus e a
piedade do cristão. A primeira é orgulhosa e prepotente, motivada pela recompensa
dos homens. A segunda, é secreta, motivada pela humildade e recompensa de
Deus. Devemos manter sempre a consciência da presença de Deus, para que a
nossa dádiva, a nossa oração e o nosso jejum sejam feitos com sinceridade e
transparência.
--------------
INTRODUÇAO.
A ESMOLA CRISTÃ – Mt 6,2-4
A ajuda ao necessitado é parte integrante da conduta ideal do povo de Deus –
“Nunca faltarão pobres na terra, e por isso dou-te esta ordem: abre tua mão ao teu
irmão necessitado ou pobre que vive em tua terra” (Deuteronômio 15,11). O Salmos
41,1 – “Bem-aventurado é aquele que considera o pobre; o Senhor o livrará no dia
do mal” – apela para o interesse pessoal que se deve ter pelos pobres. Jesus falou
da benção da doação – “Em tudo vos tenho mostrado que assim, trabalhando,
convém acudir os fracos e lembrar-se das palavras do Senhor Jesus, porquanto ele
mesmo disse: É maior felicidade dar que receber!” (At 20,35). Isso implica que o
cristão não pode se esquecer de que ter sido salvo pela graça mediante a fé, e “não
por obras”, não contradiz a verdade de que foi salvo “por boas obras” (Ef 2,8-10).
Boas obras certamente incluem as esmolas. Mas isso n ao é dar
indiscriminadamente. São palavras do Didaqué (antigo documento cristão): “Que
tua esmola sue em tuas mãos, até saberes a quem dar”.
II. A qualidade de esmola tem muito a ver com a motivação.
Exatamente o contrário do que faziam os escribas e fariseus, que buscavam a gloria
dos homens – “Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não
buscais a glória que é só de Deus?” (Jô 5,44); “Assim preferiram a glória dos
homens àquela que vem de Deus.” (Jô 12,43), Jesus disse que o cristão não deve
dar esmolas com um espírito de auto - gratificação, para engrandecer seu ego. Mas
se Jesus proíbe a busca de louvor dos outros e até de nós mesmos quando damos
esmolas, por que nos incentiva a procurar a recompensa de Deus? Não seria apenas
mudar a forma da vaidade?
a) Ser motivado por recompensa nem sempre está errado.
O próprio Jesus suportou a cruz em troca da alegria que o aguardava:
“Em vez de gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz e está sentado à direita
do trono de Deus.” (Hb 12,2).
Moisés fez uma grande renuncia por causa do galardão de Deus:
“Foi pela fé que Moisés, uma vez crescido, renunciou a ser tido como filho da filha
do faraó, preferindo participar da sorte infeliz do povo de Deus, a fruir dos prazeres
culpáveis e passageiros. Com os olhos fixos na recompensa, considerava os ultrajes
por amor de Cristo como um bem mais precioso que todos os tesouros dos egípcios.
Foi pela fé que deixou o Egito, não temendo a cólera do rei, com tanta segurança
como estivesse vendo o invisível.” (Hb 11,24-27).
E não apenas ele, mas todos os heróis da fé se motivaram na justa recompensa
divina:
“Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário
que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram. Pela fé
na palavra de Deus, Noé foi avisado a respeito de acontecimentos imprevisíveis;
cheio de santo temor, construiu a arca para salvar a sua família. Pela fé ele
condenou o mundo e se tornou o herdeiro da justificação mediante a fé. Foi pela fé
que Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra que devia receber
em herança. E partiu não sabendo para onde ia. Foi pela fé que ele habitou na terra
prometida, como em terra estrangeira, habitando aí em tendas com Isaac e Jacó,
co-herdeiros da mesma promessa. Porque tinha a esperança fixa na cidade
assentada sobre os fundamentos (eternos), cujo arquiteto e construtor é Deus.” (Hb
11,6-10).
Isso tem tudo a ver com cada um de nós:
“Porque teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá
o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no
corpo.” (2 Cor 5,10).
b) Deus não vê como vê o homem.
“Mas o Senhor disse-lhe: Não te deixes impressionar pelo seu belo aspecto, nem
pela sua alta estatura, porque eu o rejeitei. O que o homem vê não é o que importa:
o homem vê a face, mas o Senhor olha o coração.” (1 Sm 16,7).
A natureza da recompensa divina difere da recompensa dos homens. Uma forma de
recompensa é ver o alivio do necessitado por nosso intermédio.
A ORAÇÃO CRISTÃ – Mt 6,5-8
No segundo exemplo da piedade cristã, Jesus novamente chama nossa atenção
para a diferença entre a hipocrisia e a realidade. É interessante a referencia aos
hipócritas quando diz que eles “gostam de orara”. Contudo, a intenção era se
exibirem nos lugares mais públicos como as sinagogas e os cantos das praças. O
problema não estava na postura (em pé) nem na diferença de lugares (sinagogas e
praças), mas na motivação – “serem vistos dos homens”. Apenas oravam de si para
si mesmos:
“O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que
não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o
publicano que está ali.” (Lc 18,11).
A recompensa que recebiam não passava do aplauso dos homens. Esse tipo de
farisaísmo continua vivo ainda hoje.
Em contraste com a hipocrisia exibicionista dos fariseus, Jesus nos chama para a
oração secreta. Imagina-se que ser hipócrita na oração a soas com Deus seria o
cúmulo do fingimento. O quarto referido em Mt 6,6 representa uma despensa onde
se guardavam tesouros. Era um lugar privativo ao administrador da casa. A
implicação é que quando vamos orar em secreto, os tesouros de Deus nos
aguardam, pois essa é a promessa: “Teu pai, que vê em secreto, te recompensará”.
Se não conseguirmos entrar no nosso quarto, fechar a porta e ficar a sós em
comunhão com nosso pai celestial, pergunta-se: De que espécie de cristãos nós
somos?
A “hipocrisia” era a marca dos fariseus e as “vãs repetições” identificavam os
gentios ou pagãos.
“Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que
julgam que serão ouvidos à força de palavras.” (Mt 6,7).
Jesus não está proibindo repetição nas orações, pois ele não só recomendou como
também praticou.
“Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras.” (Mt 26,44).
O apóstolo Paulo também essa pratica;
“Demais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me
dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do
perigo da vaidade. Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim.” (2 Cor
12,7-8).
O que ele condena é a verbosidade do “muito falar” quando se ora.
“Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que
julgam que serão ouvidos à força de palavras.” (Mt 6,7).
Dizem-nos muitos santos que quando nossa oração se aprofunda, cada vez mais
precisamos de menos palavras. O Deus do cristão não se impressiona com o
volume de palavras e o tempo gasto na oração.
Se Deus sabe do que precisamos antes de orarmos, porque então orar?
“Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho
peçais.” (Mt 6,8).
Os cristãos não oram com a intenção de informar a Deus de suas necessidades,
mas para mostrar confiança e dependência dele.
O JEJUM CRISTÃO – Mt 6,16-18
Muitos cristãos vivem hoje como se Mt 6,16-18 tivesse sido arrancado de suas
Bíblias. Mas não temos nenhuma razão para destacar mais o dar e o orar dop que
jejuar.
I. Quem praticava o jejum?
a) O povo de Israel recebeu a ordem de jejuar uma vez por ano, nos dia da
Expiação (Lv 16,29-31; 23,26-32; Nm 29,7)
b) Depois do cativeiro na babilônia passou-se a praticar quatro jejuns, para
lembrar os dias do exílio (Zc 7,3-5; 8,19).
c) Os fariseus jejuavam duas vezes por semana (Lc 18,12).
d) Os discípulos de João Batista também jejuavam (Mt 9,14; Lc 5,33).
e) O próprio Jesus jejuou antes de começar o seu ministério publico (Mt 4,1-2).
f) A igreja primitiva seguiu o exemplo de Jesus (At 13,1-3; 14,23.
g) Os apóstolos jejuavam (2 Cor 6,5)
II. O jejum é um meio ou um fim em si mesmo?
O jejum não obtém um favor automático de Deus, pois se não for acompanhado de
uma conduta correta, sua prática perde o sentido (Is 58,1-12; Jr 14,11-12). Ele não
deve chamar as atenções para nós mesmos, mas expressar nossa humildade diante
de Deus, que tudo conhece.
III. Que é jejum?
O jejum é a abstenção total ou parcial de alimentos e de água durante períodos de
tempos longos ou curtos, a critério de quem vai jejuar, sempre com razoes
especificas.
IV. Quando o jejum é praticado?
O jejum sempre foi praticado em ocasiões de grandes decisões (2 Cr 20,1-4; Ed
8,21-23; Et 4,16); em momentos de tristezas (1Sm 31,13; Ne 1,4); de
arrependimento (Ne 9,1-2; Jn 3,5-9); e sempre acompanhado de orações (Sl 35,13).
O jejum pode ser individual ou coletivo (2Sm 12,22; Jz 20,26; Jr 1,14).
CONCLUSÃO.
Devemos concluir esta lição lembrando a todos que o Deus da Bíblia odeia a
hipocrisia, pois Ele é o Deus da verdade e da realidade. Mantenhamo-nos
conscientes de que estamos sempre na sua presença, e que a nossa dádiva, a
nossa oração e o nosso jejum devem ser para agradar a Deus.
-------------------------------------
Quando se fala em “piedade”, as pessoas têm uma ideia de comiseração,
compaixão, pena. Mas essa não é a piedade cristã. O grande reformador João
Calvino deu bastante ênfase sobre a piedade em seus escritos. Ele definiu da
seguinte forma:
“A verdadeira “piedade” consiste em um sentimento sincero que ama a Deus
como Pai, ao mesmo tempo em que o teme e o reverencia como Senhor, aceita a
sua justiça e teme ofendê-lo mais do que teme a morte”.
Comentando esse assunto, Joel Beeke escreveu: “Para Calvino, piedade designa
uma atitude própria para com Deus e obediência a Ele. Emanando do conhecimento
de quem Deus é (teologia), a piedade inclui adoração sincera, fé salvadora, temor
filial, submissão e amor reverente. ” - A “piedade” é tão somente tributar a Deus a
glória que lhe pertence.
Quando lemos no Breve Catecismo de Westminster que o fim principal do homem é
glorificar a Deus, esse é o alvo da piedade, e nós o glorificamos cumprindo a sua
própria vontade revelada nas Escrituras. Por isso, apesar de muitos,
imprudentemente, afirmarem o contrário, o estudo da teologia é extremamente
importante para o crescimento na piedade. O homem piedoso anseia por conhecer
mais a Deus e ter mais comunhão com ele; seu mais profundo interesse é Deus e as
coisas de Deus.
Quando Paulo escreve a Timóteo 4:7 “exercita-te a ti mesmo em piedade”, Paulo
compara o exercício da piedade com o exercício físico (vs. 8). Este é útil para algo;
aquele, para tudo é benéfico.
Wilian Hendriksen explica essa passagem: O exercício físico, “no melhor dos casos,
promove a saúde, o vigor, a beleza física. Estas coisas são maravilhosas e devem
ser apreciadas”, a piedade, porém, “promove a vida eterna”. Ele continua, “a esfera
em que exercício físico é de proveito é muito mais restrita do que aquela em que a
vida eterna concede sua recompensa”. Outra coisa que podemos depreender do
texto é que a “piedade” é um exercício. Da mesma forma que progredimos em
santificação, progredimos também em “piedade”, e podemos utilizar como meio ou
instrumento para a manifestação da graça e misericórdia de Deus, tais como:
(a) Esmola.
(b) Oração.
(c) Jejum.
Diante de tudo isto, meus irmãos, persigamos a piedade como fim principal em
nossa vida, sabendo que ela para tudo é proveitosa. Dessa forma, Timóteo deveria
ensinar ao povo e, assim, ele seria um bom ministro do evangelho. Dessa forma,
também, nós, poderemos ser testemunhas de Cristo, anunciando sua glória. Que o
Soli Deo Gloria seja não apenas um princípio, mas um desejo em nossos corações.
Que sejamos, realmente, jovens piedosos. Para variar, terminemos com um
comentário de Calvino sobre a passagem em estudo: “Você fará algo de grade valor
se, com todo o seu zelo e habilidade, se dedicar unicamente à piedade. A piedade é
o começo, o meio e o fim do viver cristão. Onde ela é completa, não há falta de
nada… A conclusão é que devemos concentrar-nos, exclusivamente, na piedade,
pois, uma vez que a tenhamos atingido, Deus não exige de nós qualquer outra
coisa”.
-----------------------
O Que a Bíblia Diz sobre a piedade?
O que quer dizer "piedade" no Novo Testamento?
As palavras “piedade, piedoso ou piedosamente” são encontradas mais de 40
vezes no Novo Testamento, e frequentemente são mal-entendidas ou melhor
dizendo são mau interpretada. A nossa palavra “piedade” vem do Latim, e tem
dois sentidos:
1. Amor e respeito às coisas religiosas; religiosidade; devoção.
2. Pena dos males alheios; compaixão, dó, comiseração" (Novo Dicionário
Aurélio).
Na linguagem popular, e muitas vezes no Antigo Testamento, a palavra tem o
segundo sentido e traz a ideia de compaixão. Mas, no Novo Testamento, o sentido
normalmente é o primeiro, ou seja, “devoção a Deus ou respeito às coisas
religiosas”.
Quando você encontra a palavra “piedade” ou “piedoso” na leitura do Novo
Testamento, pense primeiro no sentido de devoção a Deus (temente a Deus) ou às
coisas religiosas, e na santidade. Na maioria dos casos, essas definições vão
comunicar melhor o sentido do original. Vamos ver alguns exemplos:
1 Timóteo 2:10 fala sobre “mulheres que professam ser piedosas”. A palavra grega
aqui é qeose,beia (theosebeia) “professar piedade” ou “fazer profissão de servir a
Deus”, que obviamente inclui Deus (theos) como o objeto da devoção. João 9:31
usa uma forma da mesma palavra qeose,bhj (theosébes), onde é traduzido “teme
a Deus, devoto ou piedoso – Deus como objeto de adoração” .
Outras palavras gregas são traduzidas como “piedade, piedoso e piedosamente,
especialmente a palavra euse,beia (eusébeia) tendo o sentido principal destas
palavras é “louvor, reverência ou devoção”.
Veja como este entendimento esclarece alguns versículos. 2 Timóteo 3:12 diz que
“Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.
” O sentido de mostrar compaixão para com outras pessoas não se encaixa aqui.
Antes, os que demonstram “reverência” a Deus serão oprimidos. 1 Timóteo 3:16 diz
que “grande é o mistério da “piedade”, mas o versículo não fala de sentir dó para
os outros. Fala, sim, dos motivos que temos para adorar a Jesus.
Enquanto os presbíteros devem mostrar compaixão e hospitalidade, a palavra
"piedoso" (gr. hosios) em Tito 1:8 quer dizer santo, puro e devoto a Deus.
A nossa palavra “piedade” descreve os dois grandes mandamentos (Mateus 22:37-
40), mas o sentido mais comum no Novo Testamento enfatiza o primeiro, "Amar a
Deus". Vamos nos esforçar para ser verdadeiramente piedosos.