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A PRÁTICA DO FUTSAL CONTRIBUINDO PARA REDUZIR A INDISCIPLINA ESCOLAR
SILVA, Jorge Ribeiro1 Professor da SEED – PR - Educação Física
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo relatar o processo de implementação na Escola, no primeiro semestre de 2009, da proposta de Intervenção Pedagógica elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/SEED, turma 2008/2009. O programa de atividades intitulado “A prática do futsal contribuindo para reduzir a indisciplina escolar” procurou identificar os sentidos e os significados da prática do futsal na escola e com sua aplicação, apoiada em referencial teórico que discute aspectos afetos à indisciplina escolar, propô-lo como elemento minimizador do grande índice de indisciplina que marca o ambiente escolar, principalmente no ensino fundamental. Em consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais, o referencial teórico utilizado caracteriza e conceitua o futsal e a questão da disciplina/indisciplina. O programa de atividades desenvolvido proporcionou ao educando a busca orientada de conhecimentos no sentido de melhorar a compreensão sobre a vida individual e social realizando ações como cidadão consciente compreendendo que, evitando a indisciplina escolar, poderá evitar ou minimizar a violência que, quase sempre, é conseqüente. Pôde-se confirmar que a educação pelo esporte apresenta potencialidades como eficiente caminho para estimular a consciência sociocultural do indivíduo, resgatar valores e estimular ações que contribuem para a coletividade.
“Palavras-chave”: Disciplina. Indisciplina. Esporte. Futsal.
1 Agradecimentos:- A Deus por ter me dado a oportunidade de aprender, ensinar e ampliar meus conhecimentos.- À Família e aos amigos, pelo incentivo e apoio nos momentos difíceis.- Aos Coordenadores, Professores e Funcionários do PDE/UEM pela dedicação e carinho durante o Curso.- Ao Orientador Prof. Dr. Dourivaldo Teixeira, pelas orientações precisas e de qualidade, ampliando assim, meus conhecimentos científicos na área da Educação Física.
RESUMEN
El presente artículo tiene como objetivo relatar el proceso de implementación en la escuela, en el primer semestre de 2009, de la propuesta de Intervención Pedagógica elaborada durante el Programa de Desarrollo Educacional – PDE/SEED, pandilla 2008/2009. El programa de actividades intitulado “La práctica del futsal contribuyendo para reducir la indisciplina escolar” intentó identificar los sentidos y los significados de la práctica del futsal en la escuela y, con su aplicación apoyada en el referencial teórico que discute aspectos referentes a la indisciplina escolar, proponerlo como elemento minimizador del gran índice de indisciplina que marca el ambiente escolar, principalmente en la enseñanza fundamental. En consonancia con las Directrices Curriculares Estaduales, el referencial teórico utilizado caracteriza y conceptua el futsal y la cuestión de la disciplina/indisciplina. El programa de actividades desarrollado proporcionó al educando la búsqueda orientada de conocimientos en el sentido de mejorar la comprensión sobre la vida individual y social realizando acciones como ciudadano consciente comprendiendo que, evitando la indisciplina escolar, podrá evitar o minimizar la violencia que, casi siempre, es consecuente. Se pudo confirmar que la educación por el deporte presenta potencialidades como eficiente camino para estimular la consciencia sociocultural del individuo, resgatar valores y estimular acciones que contribuyen para la colectividad.
“Palabras -llave”: Disciplina. Indisciplina. Deporte. Futsal
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo relatar como ocorreu a implementação na
Escola, no primeiro semestre de 2009, da proposta de Intervenção Pedagógica
elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE/SEED2, turma 2008/2009, intitulada “A prática do futsal contribuindo para
reduzir a indisciplina escolar”.
Há, em nossos dias, muitas discussões sobre fatos, atitudes e comportamentos
de alunos, professores e comunidade no interior das escolas remetendo à
relação dos temas disciplina/indisciplina e o rendimento escolar do educando.
Autores como Aquino (1996), Vergés; Sana (2004), Vasconcellos (2004), La
Taille; Pedro-Silva; Justo (2005), entre outros, vem dedicando estudos ora mais
amplos ora mais específico no sentido de trazer esclarecimentos para a
temática, mas isso não diminui o pânico que, normalmente, é colocado à 2 Secretaria de Estado da Educação do Paraná.
comunidade escolar e a sociedade em geral devido a massiva divulgação pelos
meios de comunicação.
Tendo como base este referencial teórico sobre o tema disciplina/indisciplina e
contemplando elementos da especificidade da modalidade de futsal como um
conteúdo estruturante da Educação Física3 propusemos um programa de
atividades almejando unir o útil ao agradável. A modalidade de futsal é uma
das mais aceitas e requisitadas tanto por meninos quanto por meninas no meio
escolar. Deste modo entendemos que praticando uma atividade prazerosa
como futsal, bem orientada pelo professor de Educação Física, os alunos
poderão com suas ações, atitudes, comportamentos diminuir o índice de
indisciplina escolar.
Procurando contribuir com a formação integral do sujeito/educando o programa
de atividades, em síntese, parte do entendimento de que estando este sujeito
envolvido com atividades teóricas e práticas do futsal, orientado por um
professor de Educação Física, poderá usar os conhecimentos auferidos na
escola para sua formação geral como cidadão, desenvolvendo hábitos
saudáveis, contribuindo com harmonia no interior do ambiente escolar,
evitando assim, a ociosidade que poderá conduzir às drogas e potencialmente
à violência.
O programa de atividades foi desenvolvido no período de 15 abril a 13 de junho
de 2009 tendo como objetivo geral contribuir com a melhoria das relações
interpessoais no ambiente escolar e, marcadamente, diminuir o índice de
indisciplina dos alunos. A estrutura organizacional do programa será
apresentada mais especificamente no item 2.4 deste artigo.
3 Conforme as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica da SEED-PR.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1- Disciplina e Indisciplina Escolar
Para a abordagem de um tema carregado de complexidade torna-se
necessário de início um retorno a pensamentos, conceitos e definições já a
muito colocados, mas que ainda podem contribuir de forma importante com os
objetivos aqui estabelecidos, neste sentido, citamos o filosofo Kant (apud
AQUINO, 1996, p.10), quando este diz que “a disciplina é condição necessária
para arrancar o homem de sua condição natural selvagem”, educar o homem
para ser homem sem redimir de sua condição animal. Aquino (1996), também,
identifica em Piaget a aposta na “autodisciplina não imposta de fora, mas
inspirada pela busca pessoal de equilíbrio” (p.11). Na perspectiva de Aquino o
tema disciplina/indisciplina é tratado pelas dimensões da moralidade e da
vergonha.
Podemos abstrair que nesta perspectiva a tese central é a de que a indisciplina
na escola é, entre outros fatores, decorrência do enfraquecimento do vínculo
entre moralidade e sentimento de vergonha. Neste contexto, do entendimento,
da conscientização e do autogoverno poderia nascer uma estabilidade
disciplinar mais consciente, equilibrada e trazendo maior segurança
proporcionaria, paradoxalmente, maior liberdade na vida em sociedade.Valorizando a história deste fenômeno pensamos ser interessante mostrar as
conclusões feitas por Aquino (1996) sobre as “recomendações disciplinares”
propostas por Braune no início do Século Passado (1922). Aquino percebe que
as normas e correções, detalhadas e rígidas, compreendendo ações,
movimentos e comportamentos dentro e fora da sala de aula podem ser
sintetizadas como
[...] necessárias principalmente no que tange ao controle e ordenação do corpo e da fala. O silêncio nas aulas é absoluto e, fora delas, contido. Os movimentos corporais, por sua vez, são completamente esquadrinhados: sentados em sala, e em filas fora dela (AQUINO, 1996, p. 43).
Podemos ver que o controle do corpo e da fala era importante, assim o silêncio
nas salas deveria ser mantido a todo custo e no pátio e corredores,
evidenciado. Com uma ordem que demandava ficar sentado em sala de aula e
em filas e colunas fora dela, a disciplina era mantida sob castigos e ameaças,
portanto com o sacrifício do corpo. Este quadro caracteriza, segundo Aquino
(1996), uma reação anacrônica estabelecida entre um “novo sujeito histórico” e
a escola como “velhas formas institucionais cristalizadas” (p. 45), denotando a
tentativa de rompimento potencializando uma transição institucional.
Avançando um pouco mais podemos ver que na época da ditadura militar no
poder, a disciplina foi bem rígida, qualquer ato indisciplinar era castigado com
sansões disciplinares também muito rígidas. O setor educacional, como não
poderia deixar de ser, na época seguiu a mesma filosofia dos militares.
Mas como já vencemos estes tempos podemos dizer que, na
contemporaneidade, cabe à escola propiciar aos alunos o sentido das coisas e
dos valores, o aluno deverá pensar criticamente, para poder produzir com mais
desenvoltura e ser mais útil à sociedade. Para isso o professor tem que
dominar os conteúdos que ministra para poder ter autonomia e domínio de
classe, contribuindo com a minimização da indisciplina em sala de aula.
Em nossa experiência como docente podemos sentir, assim como Vergés;
Sana (2004), que a indisciplina tem dificultado o processo de ensino-
aprendizagem e colocado os professores em situações difíceis. Para Aquino
(1996, p. 40) não é o fato do fenômeno da indisciplina causar grande impacto
que o torna relevante teoricamente, pelo contrário, para este estudioso o
número de obras contemplando está problemática é ainda pequeno. Este fato
contribui para dificultar ainda mais a abordagem do tema.
A obscuridade que ainda marca este tema permite que façamos uso de nossa
experiência docente na afirmação de que o problema da indisciplina está na
escola em geral, não importando o nível socioeconômico da população
envolvida. Neste sentido, se faz necessário, uma parceria entre a escola e
família para se tentar amenizar a situação. Para isso, devemos considerar que
as regras estabelecidas em casa não podem oscilar, tem que haver uma
constância, para que a criança se organize na escola, caso contrário a mesma
fica perdida no ambiente escolar, propiciando assim atitudes de indisciplina.
Neste sentido Lobo (1997, p. 73) coloca que “sem limites claros, firmes a
criança fica insegura, tanto física quanto emocionalmente, sentindo-se
desamparada e até abandonada”. Estes aspectos do mau encaminhamento
das questões que envolvem a indisciplina do educando, marcadamente uma
dinâmica familiar inadequada, prejudica o bom desenvolvimento da criança.
Em decorrência ou não da má organização e estabelecimento de regras de
relacionamentos e comportamentos mais bem definidas e consolidadas advêm,
no limite da tolerância, o problema das ameaças e agressões físicas utilizadas
pelos pais. Com relação a este tema vale citar que, segundo Piaget citado em
De Vries (1998 apud VERGÉS; SANA, 2004, p. 65), “a coerção socializa
apenas superficialmente o comportamento e, na verdade, reforça a tendência
da criança para depender do controle dos outros”.
A importância das rotinas e dos limites é fundamental para o desenvolvimento
das crianças. Lobo (1997 apud VERGÉS; SANA, 2004, p. 65), nos adverte que
“os limites são de importância fundamental na educação, porque eles influem
diretamente no desenvolvimento da personalidade, estabelecendo o
comportamento das crianças e facilitando sua socialização”. Neste sentido, De
La Taille (1996 apud VERGÉS; SANA, 2004, p. 65), indica que “as crianças
precisam adquirir regras que impliquem valores e formas de conduta e estas
somente podem vir de seus educadores, pais ou professores”.
Em relação às punições usadas pelos pais para educar seus filhos, muitos pais
alegam que apanharam quando crianças e não se prejudicaram por isso. Ledo
engano, pois, considerando Lobo (1997 apud VERGÉS; SANA, 2004, p. 68), as
“crianças que levam palmadas sentem-se desamparadas, humilhadas,
submetidas à forca. Mas quando crescem, geralmente esquecem e, por sua
vez, vão bater nos seus filhos”. Infelizmente nos dias de hoje, os pais estão
com muita dificuldade para impor limites aos seus filhos, muitas vezes para
compensar a educação rígida que tiveram quando crianças. Com isso, houve
uma abertura muito grande, digamos, dois extremos, de um lado a educação
tradicional, rotulada como rígida e de outro lado a educação considerada
moderna, com muitos paparicos e presentes.
Com a experiência de vários anos de magistério, notamos que com esse
procedimento, as crianças perderam o senso da disciplina e do respeito, pois
as mesmas acham que podem tudo, inclusive desrespeitar os próprios pais e
os professores e acharem que isso é uma atitude normal, o que infelizmente já
está considerado um ato comum em nosso meio. Diante desse quadro, ficou
muito difícil para os pais, escola e professores terem um controle da
indisciplina.
Visto a complexidade do tema buscamos, em Ferreira (1986, p. 938), o sentido
literal do termo na tentativa de maior esclarecimento. Este autor define
indisciplina como o “procedimento, ato ou dito contrário à disciplina;
desobediência; desordem; rebelião”. Com base em Ferreira, podemos afirmar
que o aluno que comete um ato de indisciplina está sendo um aluno
desobediente, desordeiro e rebelde, perante as normas estabelecidas. Sendo
assim, esse aluno indisciplinado necessita ser punido, conforme o Regimento
Interno da Escola, corrigindo assim, sua transgressão disciplinar, para que com
isso a escola mantenha o controle da disciplina.
Mas isso não é tão objetivo ou simples assim, é o que nos mostra Rego (1996)
ao afirmar que
O próprio conceito de indisciplina, como toda criação cultural não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas, numa mesma sociedade nas diversas classes sociais, nas diferentes instituições e até mesmo dentro de uma mesma camada social ou organismo. Também no plano individual, a palavra indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito e do contexto em que forem aplicadas (REGO, 1996 apud VERGÉS; SANA, 2004, p. 26-27).
Podemos afirmar a partir de nossas vivências e respaldados em nossos
estudos que a indisciplina se constitui um entrave na educação atual. Nossos
estudos mostram a complexidade do tema e nossa experiência de vida como
estudante e posteriormente como professor, faz detectar problemas sérios no
tocante a indisciplina escolar. Antes os alunos tinham muito respeito para com
o professor e para com os outros, haja vista que quando chegava alguém na
sala de aula, todos os alunos ficavam em pé, em sinal de respeito para com o
visitante. Hoje se o professor não se cuidar, ele poderá ser empurrado ou até
mesmo pisoteado pelos alunos em sala de aula, isso é o reflexo da inversão de
valores, tirando totalmente a autoridade do professor e dando mais abertura
para os alunos, e com isso eles não têm limites. Sendo assim, o problema
indisciplinar fica bem acentuado.
Segundo o filósofo e sociólogo chileno, Casassus (2008 apud RATIEK 2008,
p.30) “Para vencer a indisciplina é preciso examinar quais emoções das
crianças a escola ainda não compreendeu”. Quando os estudantes se sentem
aceitos na forma que são tendem a relaxar propiciando assim melhor
aprendizado. O professor tem que propiciar atividades motivantes para diminuir
a indisciplina, por sua vez, a escola tem que procurar entender as emoções da
criança.
O problema da indisciplina já vem se arrastando por muito tempo no interior
das escolas. Segundo Aquino (1996, p.67) “estamos em outro tempo e
precisamos estabelecer outras relações”. É importante considerar o aluno em
relação ao seu meio e momento histórico em que vive.
O professor consegue se impor perante a classe, a partir do momento que ele
domina os conteúdos a serem ministrados e aplica estratégias eficientes para
ensiná-los. Criticando o momento atual de nossa educação Vichessi traz o
psicólogo austríaco, Alfred Adler (apud VICHESSI 2009, p.79) que no início do
Século XX já dizia que “a Educação só se reduz ao ato de o aluno transcrever
o que está no caderno do professor sem que nada passe pela cabeça de
ambos” apontando a importância de maior teor crítico no processo educativo.
Desconsiderando a participação do aluno como protagonista em sua formação
o resultado é o tédio, e a pessoa desanimada, sai à procura de algo mais
interessante para fazer. A escola é o local do conhecimento, porém se faz
necessário deixar espaço para a ação mental dos alunos. Havendo um
envolvimento institucional (escola), com certeza o ambiente tornar-se-á mais
prazeroso, reduzindo satisfatoriamente a indisciplina.
Para a educadora da Faculdade de Educação da Unicamp, Aragão (2009 apud
VICHESSI 2009, p.79), “As crianças não enxergam a utilidade de um regimento
ou dos famosos combinados que não se sustentam. Elas não sentem a
necessidade de respeitá-los e acabam até se voltando contra essas normas”.
Realmente é difícil de administrar normas pré-estabelecidas e convenções
(combinados/contratos), pois as convenções variam de escola para escola e
até mesmo no interior das mesmas. O ideal, é que se predomine o diálogo sem
dar trégua à mentira, pois com a mentira o professor perde a autoridade e o
aluno perde a confiança do professor, dificultando assim o bom andamento da
aula. É necessário que o professor explique aos alunos o motivo, a importância
e o respeito às regras pré-estabelecidas, proporcionando um ambiente de
disciplina.
Em relação aos conflitos, eles jamais vão deixar de existir, principalmente no
meio escolar. Saber administrá-los fará com que você consiga um ambiente
mais satisfatório para trabalhar melhor. Explicar esse tema às crianças é tarefa
do professor.
Conforme afirma a psicóloga do Departamento de Psicologia da Unicamp
(TOGNETTA apud VICHESSI 2009, p.80) “Esperar que os pequenos, de modo
espontâneo, saibam se portar perante os colegas e os educadores é um
engano. É abrir mão de um dever docente”. A expectativa de que a formação
moral deva ser prioritariamente feita pela família não pode tirar o compromisso
da escola nesta questão. Nesta linha de entendimento a educadora Áurea de
Oliveira (apud VICHESSI 2009, p.80), do Departamento de Educação da
UNESP, coloca que ”Não se trata de destituí-la dessa tarefa, mas é preciso
enxergar o espaço escolar como propício para a vivência de relações
interpessoais”. É considerando esta potencialidade do espaço escolar que
nossa proposta de um programa de atividades a partir da modalidade futsal,
que possui como característica principal a quase totalidade de aceitação por
alunos e alunas das 5ªs e 6ªs séries do ensino fundamental, poderá trazer os
resultados esperados quanto à minimização da indisciplina escolar.
Indisciplina como resolver?
Como equilibrar de maneira justa a reação dos envolvidos, alunos, professores
e comunidade interna da escola, diante de um problema disciplinar. Um
encaminhamento possível é o sugerido pela educadora da Universidade de
Franca (UNIFRAN) Vicentin (2009 apud MOÇO, 2009, p. 85)
O ideal é respirar, tentar se controlar e reconhecer que o embate pertence aos envolvidos. No caso de uma discussão mais quente entre a garotada, o caminho é relatar o que você viu com linguagem descritiva e ouvir as partes. Peça que todos contem como se sentiram e por que discutiram. Isso demonstra respeito pelos valores de cada um.
Para não cair num autoritarismo arcaico o professor deve conquistar autoridade
com o saber e o respeito ao aluno, ele (professor) deve ter conhecimentos
sobre a aprendizagem (como ela acontece), planejando suas aulas, além de ter
domínio sobre os conteúdos a serem ministrados. Afirma a educadora da
Universidade do Oeste de Santa Catarina, campus de Joaçaba Trevisol (2009
apud MOÇO, 2009, p.86) que “É preciso diversificar a metodologia, pois
interagimos com alunos conectados com ao mundo por diferentes redes e
ferramentas”. A participação se faz necessário com mais ênfase de todos em
situações desafiadoras, visando obter a participação efetiva, protagonista por
parte de cada aluno.
Uma das causas da indisciplina é a falta de perspectivas de um futuro
promissor. Aqui precisamos quebrar a lógica historicamente construída de que
o conhecimento serve para sermos “alguém na vida” e caminharmos no sentido
colocado por Vasconcellos (2004) quando aponta para um “sentido novo” para
a busca do conhecimento. O autor traz a necessidade de entendermos de
forma mais ampla a busca do conhecimento, pois este deve ser buscado para
“ajudar a necessária transformação estrutural da sociedade; os alunos, desde
cedo, precisam ser orientados nesta direção”. Neste sentido, questiona
colocando que
Muitos professores dizem, com razão, que os alunos não sabem o que estão fazendo ali. Ótimo, contatarem um fato e daí? Não caberia a eles tentarem ajudar o aluno a encontra um sentido par o estudo?
Precisamos ter coragem e assumir este sentido radical da escola e do conhecimento: a transformação! (VASCONCELLOS, 2004, p. 72).
Considerando este autor, podemos colocar, não como solução, mas, como um
apoio, o sentido de articulação entre o tripé: compreensão de nosso mundo,
fruição do que foi historicamente construído pela humanidade, e,
necessariamente, a transformação deste mundo.
Neste sentido, apesar dos alunos terem, a cada dia, mais obscurecidas suas
aspirações e objetivos escolares devemos manter, com base em Vasconcellos
uma visão mais realista quanto às potencialidades da escola junto ao educando
e educador. Diz este autor
A verdade, porém, está no fato de que a ação educacional, a relação professor-aluno, é algo construído e reconstruído continuamente, da mesma forma que todas as outras relações sociais, a relação pedagógica não é algo que existe fora da vontade humana. São os homens metamorfoseados de professor e de alunos que a recriam a todo minuto sob o peso milenar da tradição herdada, subvertida pela ânsia sempre presente de avançar e de transformar (VASCONCELLOS, 2004, p. 35).
Nossa proposta, focando o futsal em relação à problemática da educação não
vê uma solução cabal do problema da indisciplina escolar, mas tentará formar
na frente de batalha na tentativa de amenizar esta realidade que, como já
mostramos, encontra-se impactante.
2.2. A Educação Física
As primeiras práticas corporais surgiram na Europa. A ginástica veio para o
desenvolvimento da saúde e a formação moral dos cidadãos, baseando-se nos
conhecimentos médicos e na instrução física militar. O objetivo dessa prática
corporal era aplicar exercícios com o intuito de aprimorar as capacidades e
habilidades como a força, a destreza, a agilidade e a resistência, além de
almejar a formação do caráter, da autodisciplina, de hábitos higiênicos, do
respeito à hierarquia e do sentimento patriótico.
Uma nova ordem econômica, política e social se deu, devido a medicina.
Sendo assim, havia a necessidade de um novo homem, para enfrentar a
realidade posta no momento. Novas políticas educacionais surgiram com a
proclamação da República.
Podemos nos reportar desse fato, com a explanação de Machado (2000)
afirmando que
O século XIX foi o século que difundiu a instrução pública e Rui Barbosa foi influenciado pelas discussões de sua época. Tanto que, empenhado num projeto de modernização do país, interessou-se pela criação de um sistema nacional de ensino – gratuito, obrigatório e laico, desde o jardim de infância até a universidade. Para elaboração do seu projeto buscou inspiração em países onde a escola pública estava sendo difundida, procurando demonstrar os benefícios alcançados com a sua criação. Para fundamentar sua análise recorreu às estatísticas escolares, livros, métodos, mostrando que a educação, nesses países, revelava-se alavanca de desenvolvimento. Suas ideias acerca desta questão estão claramente redigidas nos seus famosos pareceres sobre educação (MACHADO, 2000 apud DCEs – SEED, 2009, p. 38).
Como apresenta as DCEs (SEED-PR, 2009, p. 39), Rui Barbosa em 1822,
“emitiu o parecer nº 224, sobre a Reforma Leôncio de Carvalho, decreto nº
7.247, de 19 de abril de 1879, de Instrução Pública”.
A partir de 1929, a disciplina de Educação Física tornou-se obrigatória nas
instituições de ensino para crianças a partir de 6 anos de idade e para ambos
os sexos, por meio de um anteprojeto publicado pelo então Ministro da Guerra,
General Nestor Sezefredo Passos .
Conforme Leandro (2000)
Propõe também a criação do Conselho Superior de Educação Física com o objetivo de centralizar, coordenar e fiscalizar as atividades referentes ao Desporto e à Educação Física no país e também a elaboração do Método Nacional de Educação Física (LEANDRO, 2002 Apud DCEs – SEED, 2009. p. 39).
Diante disso, o regime militar, aproveitou o momento favorável da história para
introduzir seus métodos no ensino de Educação Física nas escolas brasileiras.
Também nessa época surgiram: a criação do “Regulamento da Instrução Física
Militar” (Método Francês), em 1921; a obrigatoriedade da prática da ginástica
nas instituições de ensino, em 1929; a adoção oficial do método Frânces, em
1931, no ensino secundário; a criação da Escola de Educação Física do
Exército, em 1933, a criação da Escola Nacional de Educação Física e
Desportos da Universidade do Brasil, em 1939.
Nesse período, a legitimidade da Educação Física nas escolas brasileiras se
deu com o método ginástico francês que estava fortemente amparado nos
conhecimentos da anatomia e da fisiologia, com forte influência do positivismo,
ou seja, um conhecimento científico considerado superior a outras formas de
conhecimento, com o objetivo de um projeto de modernização do país.
No período pós ditadura militar, as bases de sustentação da Educação Física
nas escolas se enfraqueceram sobremaneira. No meio pedagógico a Educação
Física assim como outras disciplinas impostas pelo regime militar como a
Organização Social e Política Brasileira e Estudos de Problemas Brasileiros
eram vistas com desconfiança, ou seja, como ranços da ditadura militar.
Posteriormente, com o destino da educação já nas mãos dos educadores (?), a
Educação Física passou a ser questionada nos currículos escolares. No início
da década de 80, os professores de Educação Física tinham que lutar pela
legitimidade da disciplina, pois a sua legalidade estava ameaçada. Após um
período muita turbulência, a nova Lei de Diretrizes e Bases (1988 – 1996).
Conforme Caparróz (2001), a Educação Física foi definida na LDB como
componente curricular obrigatório.
Baseado em Caparróz (2001), verificamos algumas razões para que a
Educação Física fosse inserida no currículo escolar. A correlação com a
Medicina, enfocando o movimento como fator primordial para promover e
manter a saúde, contrariando assim, o entendimento anterior dominante de que
o movimento provocaria desgaste. Essa fundamentação esta amparada no
discurso médico do século XVIII, que enfatiza a influência da instituição médica
no surgimento da Educação Física na Europa e particularmente na Alemanha.
A Educação Física vai sendo considerada importante instrumento da promoção
da saúde do povo. Mediante o exposto, surgem alguns movimentos que vieram
ajudar a Educação Física, como, por exemplo, a famosa polícia médica, as
campanhas sanitárias, o movimento higienista e a Educação Física, ou seja, a
educação corporal com vistas à saúde também no ambiente escolar.
A educação do corpo que inicialmente era através da ginástica, com o tempo
incorporando o esporte. A Educação Física também era uma forma de garantir
a produtividade no trabalho, sendo administrada como uma preparação para o
trabalho.
Na década de 60, houve a campanha do Esporte para Todos, com o objetivo
de diminuir os custos com a saúde da população. O Esporte para todos não
tinha exigência técnica e sim objetiva à massificação da população.
O esporte por sua vez, devido a legitimidade social e a importância política que
alcançou, tornou-se sustentador da importância da Educação Física
Enfatiza Tenroller (2006) Educação Física é uma prática pedagógica
sistematizada que abrange um amplo complexo processo de ações. Ela poderá
ser educacional ou não. No meio escolar ela poderá enfatizar, por exemplo, o
esporte como o futebol, o futsal, o handebol, o basquetebol, o voleibol, o judô,
etc... No meio extra-escolar seus objetivos são a profilaxia (prevenção de
doenças), competitiva, ocupação de tempo livre, lazer, etc...Em toda ação da
Educação Física é necessário a pedagogia, tanto no meio escolar como no
meio extra escolar. Por exemplo, planejamento de um treino, certamente
necessita de uma pedagogia, ou seja, uma previsão de objetivos bem
elaborados para serem atingidos.
Afirma Hurtado (1987 Apud TENROLLER, 2006, p. 30) que a educação física,
(...) quaisquer que sejam suas funções, corresponde a uma atividade muscular controlada, regida por normas, pricípios, métodos e objetivos bem definidos que vão desde o movimento morfofuncional do organismo infanto-juvenil até a manutenção do equilíbrio homeostático do indivíduo adulto e a readaptação orgânico-funcional do indivíduo doente ou deficiente físico. (...) serve de maneira decisiva e vital para a educação do indivíduo.
A Educação Física no ensino fundamental
As Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física apontam para os
Conteúdos Estruturantes que organizam os campos de estudos da disciplina.
Os Conteúdos Estruturantes respeitam o histórico de conhecimento que cada
aluno traz consigo de sua própria cultura, fundamental para o processo ensino/
aprendizagem.
A Educação Física e seu objeto de ensino/estudo, a Cultura Corporal, podem
enriquecer os conteúdos com experiências corporais diversas, priorizando a
cultura de cada comunidade.
Os Conteúdos Estruturantes propostos para a Educação Física na Educação
Básica são: Esporte; Jogos e brincadeiras; Ginástica; Lutas e Dança. Os
conteúdos básicos para o ensino fundamental que a equipe disciplinar do
Departamento de Educação Básica (DEB) elencou a partir de discussões com
todos os professores do Estado do Paraná nos eventos de formação
continuada ocorridos ao longo de 2007 e 2008 (DEB Itinerante). O acesso a
esses conhecimentos é direito do aluno na fase de escolarização e é
responsabilidade do professor ministrá-los. Os conteúdos básicos deverão
constar no Plano de Trabalho Docente do professor, que por sua vez, é o lugar
da criação pedagógica do professor, onde os conteúdos receberão abordagens
contextualizadas históricas, social e politicamente, enfocando para os alunos
as suas realidades regionais, culturais e econômicas, contribuindo com a sua
formação cidadã. O plano de trabalho docente é o currículo em ação, sendo a
expressão singular e de autoria de cada professor, construído nas discussões
coletivas com seus pares.
Fazer uma ligação esclarecendo que vai apresentar uma adaptação da tabela
dos conteúdos básicos da 6ª serie, apresentada nas DCEs (SEED-PR, 2008, p.
85)
A seguir, apresentamos uma adaptação do quadro dos conteúdos básicos da
6ª série, apresentada pelas DCEs – SEED-PR (p. 85), dando ênfase ao
conteúdo Esporte, em virtude deste estudo versar sobre a prática do futsal.
Quadro 1 – Conteúdos básicos da 6ª série Conteúdos
estruturantesConteúdos
básicosAbordagem Teórico-
metodológicaAvaliação
EsporteColetivos
Individuais
Estudar a origem dos diferentes esportes e mudanças ocorridas com os mesmos, no decorrer da história.Aprender as regras e os elementos básicos do esporte.Vivência dos fundamentos das diversas modalidades esportivas.Compreender, por meio de discussões que provoquem a reflexão, o sentido da competição esportiva.
Espera-se que o aluno possa conhecer a difusão e diferença de cada esporte, relacionando-as com as mudanças do contexto histórico brasileiro.Reconhecer e se apropriar dos fundamentos básicos dos diferentes esportes.Conhecimento das noções básicas das regras das diferentes manifestações esportivas.
Os conteúdos apresentados são de suma importância para as aulas de
educação física, pois nos fornece um suporte didático pedagógico muito bom
para planejarmos aulas de qualidade para nossos alunos. O conteúdo esporte
nos dá uma panorâmica teórico-prática sobre várias modalidades esportivas
coletivas e individuais como, por exemplo, o futsal, ora aqui sendo pesquisado,
o handebol, o basquetebol, o voleibol, o atletismo, etc...O conteúdo jogos e
brincadeiras, nos propiciam a oportunidade de resgatarmos várias brincadeiras
e joguinhos de outras gerações, que muitas vezes levam a criança à
criatividade, como por exemplo construir seus próprios brinquedos, levando-as
à valorizá-los melhor. O conteúdo dança, propicia aos alunos o conhecimento
da dança no seu aspecto histórico e levá-lo à prática conforme a cultura local,
dando ênfase às danças folclóricas. O conteúdo ginástica, nos permite abordar
a parte histórica da ginástica, como também darmos conhecimento aos alunos
sobre vários tipos de ginástica, como, por exemplo, a gisnástica calistênica, a
ginástica geral, a ginástica rítmica e resgatando a ginástica circense. Por fim, o
conteúdo lutas, muito importante para o aluno, no sentido de levá-lo a conhecer
vários tipos de lutas, dando ênfase à capoeira, por ser da nossa cultura e o
judô, por ser um esporte olímpico, dando ênfase aos seus fundamento, não
esquecendo da parte lúdica.
A Proposta Pedagógica Curricular apresentada a seguir tem como objetivo
principal, auxiliar os professores no momento da elaboração do planejamento e
do plano de trabalho docente.
Enfocamos a Proposta Pedagógica Curricular do Ensino Fundamental da
Secretaria de Estado da Educação (SEED-PR, 2008), que nos reporta à
metodologia histórico-crítica, apontando as seguintes estratégias de ensino:
- Prática social: é uma preparação/mobilização do aluno para a
construção do conhecimento escolar.
- Problematização: é um momento que a prática social é posta em
questão, levando em consideração o conteúdo a ser trabalhado e as exigências
sociais de aplicação deste conhecimento.
- Instrumentalização: é o caminho por meio do qual o conteúdo
sistematizado é posto a disposição dos alunos para que o assimilem e o
recriem, e ao incorporá-lo transformem-no em instrumento de construção
pessoal e profissional.
- Catarse: é a fase em que o educando sistematiza e manifesta o que
assimilou dos conteúdos e métodos de trabalho utilizados.
- Retorno à prática social: é o ponto de chegada do processo
pedagógico na perspectiva histórico-crítica, ou seja, o professor e aluno
modificam-se intelectualmente e qualitativamente em relação às suas
concepções sobre o conteúdo que construíram.
Esse movimento dessas estratégias de ensino é bem interessante, pois na
prática social, o aluno inicialmente se prepara para receber o conhecimento,
posteriormente na problematização, a prática social é posta, respeitando o
conteúdo a ser trabalhado amarrado com os costumes da comunidade, na
catarse é o momento em que o aluno assimilou o conhecimento e finalmente o
retorno à prática social é o momento culminante, onde tanto o aluno como o
professor se idealizam concomitantemente, modificando-se intelectualmente
em relação ao conteúdo construído por ambos.
Kunz (2006) considera quatro concepções básicas em que a Educação Física
vem sendo trabalhada nas escolas. A primeira é a concepção Biológica-
Funcional, que prioriza o exercício físico, tendo como função, o
condicionamento físico dos alunos. A segunda é a concepção de Formativo-
Recreativa, visando a formação da personalidade e das habilidades motoras
gerais para melhor adaptação no meio social em que se está inserido, também
tem a função de organizar o seu tempo livre. A terceira concepção é a Técnico-
Esportiva, com a finalidade de descobrir talentos esportivos. A quarta
concepção é a Crítico-Emancipadora que busca alcançar através do
movimento humano, o desenvolvimento de competências como a autonomia, a
competência social e a competência objetiva, que significa a instrumentalização
específica da disciplina. O conteúdo pricipal do trabalho pedagógico da
Educação Física Escolar, é o movimento humano.
Caparróz (2001), cita que a escola pública está falida. O que dizer então da
Educação Física? A matéria “Renovação nas quadras” da Revista Nova
Escola, de agosto de 2000, traz alguns tópicos de aulas de Educação Física,
onde algumas atividades enfocam uma Educação Física renovada que se
insere na proposta da teoria da escola nova.
2.3. Esporte
No início do século XIX, a sociedade capitalista desenvolvia-se com a divisão
do trabalho, ou seja, esforço físico x intelecto. Dessa divisão do trabalho surge
a divisão de classes: a dirigente (elite) e a classe dos trabalhadores. Essas
classes sociais tinham uma atividade em comum, que era o esporte. Este para
cada classe social tinha significados e objetivos diferentes. Para a elite o
esporte distraia seus filhos, que só estudavam. Para os trabalhadores, o
esporte estava ligado as suas raízes culturais. A elite considerava vulgar o
esporte praticado pelos trabalhadores, impondo-lhe novas regras. Na época, as
grandes indústrias estavam crescendo bastante, diante disso começaram a
surgir as desigualdades sociais. Diante desse quadro, as revoltas, resistências
e manifestações eram freqüentes, desestabilizando a ordem vigente. A
padronização do esporte, com regras rígidas, sem restrições, contribuiu para a
desmobilização dos trabalhadores. O esporte foi utilizado como estratégia
educativa para neutralizar as lutas sociais.
A difusão mundial da prática desportiva, porém, não foi imediata. A dimensão social alcançada pelo esporte, atualmente, contou com importantes fatores, tais como: o surgimento de novas escolas para a classe média e redução de jornada de trabalho: formação de clubes esportivos: esporte como fator de contenção da classe trabalhadora: os jogos olímpicos como expressão máxima do fenômeno esportivo (ASSIS, 2001 apud SEED-PR, 2007. p. 13).
No nosso entender, no início do século XIX, o esporte surgiu como forma de o
sistema político (o poder) vigente na época, controlar as massas, de um lado a
elite e de outro lado a classe trabalhadora, pois praticando e/ou acompanhando
o esporte, a massa evitava ou não tinha tempo para discutir outros assuntos
como os de interesse político e no caso dos trabalhadores, quase que não
tinham tempo para lutar pelas suas reivindicações trabalhistas, pois estavam
motivados e envolvidos com o esporte. Sabemos que o esporte é saudável e
propicia ao cidadão uma vida social adequada e também ajuda a projeção do
país a nível mundial, mas é necessário que nos policiemos para que o
interesse em demasia pelo esporte não torne o cidadão uma pessoa alienada
às suas ações críticas, deixando de ser consciente e livre. Tudo na vida tem o
seu valor e a sua importância, desde que seja com moderação, assim sendo o
esporte é salutar, desde que não interfira negativamente em outras atividades
do cidadão. O esporte é recomendável desde que seja monitorado e/ou
ministrado por um profissional da área, um professor de educação física e/ou
um técnico desportivo.
Futebol, ópio do povo: A ideologia das massas
“Esporte é Saúde”, “Esporte é Energia”, “Esporte é Integração Nacional”. Tudo verdade e tudo mentira. (...) Claro que o esporte ajuda a integração nacional, mas a atenção demasiada aos pés do jogador e do couro da vaca dá desintegração nacional, pois o homem se aposenta de ser consciente e livre (...)”. (NADAL, 1978 apud SEED-PR, 2007. p. 19).
Nadal, esta se referindo a que tipo de consciência? Ópio é um analgésico muito
forte e faz o cérebro funcionar lentamente, contaminando a consciência crítica
do homem.
Karl Marx (1818 – 1883), importante pensador da história da humanidade,
conceitua ideologia a partir da luta de classes.
Segundo MARX:
Com efeito, cada nova classe que toma o lugar da que dominava antes dela é obrigada, para alcançar os fins a que se propõe, a apresentar seus interesses como sendo o interesse comum de todos os membros da sociedade, isto é, para expressar isso mesmo em termos ideais: é obrigada a emprestar às suas idéias a forma de universalidade, a apresentá-las como sendo as únicas racionais, as únicas universalmente válidas. (MARX, 1987 apud SEED-PR, 2007, p.20).
Assim, os dominantes apresentam suas idéias como leis, perseguindo quem as
infringir. A ditadura militar vivida pelo Brasil, é um exemplo disso. Na década de
70 para neutralizar a oposição ao regime, o governo faz uso de vários
instrumentos de coerção. Para amenizar as crises que o governo vinha
enfrentando, o presidente Médici (1969 – 1974) lançou mão do futebol para
neutralizar a população diante da crise econômica, dando total apoio à Seleção
Brasileira de Futebol de 1970, inclusive indo pessoalmente aos estádios para
assistir jogos da seleção, que por sua vez foi tri campeã mundial. O povo ao
invés de ir para as ruas fazer manifestações pelos seus direitos trabalhistas,
ficava em casa torcendo pela seleção brasileira numa “corrente pra frente”,
como diz a música de Miguel Gustavo, “Pra frente Brasil”.
A seguir citarei dois conceitos de esporte, baseado em dois autores. Godoy
(1992), cita o Prof. MANOEL JOSÉ GOMES TUBINO, indica:
“O Esporte no Brasil, para efeito de legislação, deve ser considerado como atividade predominantemente física que enfatiza o caráter formativo-educacional, participativo e competitivo, seja obedecendo à regras pré-estabelecidas ou respeitando normas, respectivamente em condições formais ou não formais.E que para efeito de entendimento e em função da indicação acima, deva ser entendido na abrangência das seguintes manifestações: esporte-educação, esporte-participação, esporte-performance: devendo ser concebidas como forma de exercício do direito de todos a prática esportiva.” (UMA NOVA POLÍTICA PARA O DESPORTO BRASILEIRO”, 1985, p. 18)
Segundo Tenroller (2006), a partir da “Carta Internacional de Educação Física e
Desportos”, de 1979, o conceito de esporte torna-se muito mais amplo,
caracterizando também atividades como o xadrez, o bilhar e outros jogos de
salão, entendidas como esportes intelectivos. Existem muitas classificações de
esporte, entre as quais se podem citar esportes olímpicos, esportes de
tradição não olímpica, artes marciais, esportes de aventura ou desafio,
esportes de relação com a natureza, esportes de identidade cultural e esportes
de expressão corporal.
Na Constituição do Brasil de 1988, no artigo 217, está expresso que esporte é
prioridade educacional, um “direito de todos”, esporte é saúde, educação e
vida: esporte é confraternização entre os povos: esporte suspende guerras:
esporte une culturas e povos.
Segundo Gutmann (1979 apud BRACHT, 2005, p.14), o esporte assumiu suas
características básicas: competição, rendimento físico-técnico, record,
racionalização e cientificização do treinamento.
Autores como Eichberg (1979 apud BRACHT, 2005, p.14) e Rigauer (1969
apud BRACHT, 2005, p.14) entendem que alguns princípios que passaram a
reger a sociedade capitalista industrial acabaram sendo incorporados pelo
esporte.
Conforme Bracht (2005), no Brasil, a Comissão de Reformulação do Esporte
Brasileiro, instituída pelo presidente José Sarney, em 1985, sugeriu, e foi sendo
amplamente aceita inclusive incorporada pela Constituição Federal de 1988,
diferenciar o conceito de esporte em três manifestações: a) desporto-
performance, b) desporto-participação e c) desporto-educação.
O esporte ramificou-se em duas vertentes: a) esporte de alto rendimento ou
espetáculo; esporte enquanto atividade de laser. Utilizaremos a expressão
“esporte espetáculo”, complementando a expressão “alto rendimento” porque
entendemos que esta abriga a característica central dessa manifestação hoje,
que é a transformação do esporte em mercadoria veiculada pelos meios de
comunicação de massa, como é o caso da Rede Globo de Televisão.
Conforme Digel (1986 apud BRACHT, 2005, p.17), o esporte de rendimento ou
espetáculo constitui hoje um sistema que pode ser resumido nos seguintes
pontos:
- Possui um aparato para a procura de talentos normalmente financiados pelo Estado. Além disso, este aparato promove o desenvolvimento tecnológico, com o desenvolvimento de aparelhos para a utilização ótima do “material humano”; - Possui um pequeno número de atletas que tem o esporte como principal ocupação; - possui uma massa consumidora que financia parte do esporte-espetáculo; - os meios de comunicação de massa são coorganizadores do esporte-espetáculo; - possui um sistema de gratificação que varia em função do sistema político-societal (que faz parte de uma sociedade)
Diante dessa realidade surgem os clubes esportivos e as empresas esportivas,
transformando o esporte em mercadoria com fins lucrativos, sendo assim, uma
prática do sistema capitalista.
Por outro lado o esporte mesmo, enquanto atividade de laser, com motivos
ligados à saúde, ao prazer e à sociabilidade poderá também ter um cunho
capitalista, quando terceirizadas por clubes e escolinhas de futebol, futsal e
outras modalidades.
É necessário a proposição do esporte educacional visando a integração social,
respeitando as seguintes fases: planejamento, desenvolvimento e evolução das
atividades: a motricidade, oferecendo a possibilidade de uma aprendizagem
motora contextualizada que garanta condições de análise crítica-reflexiva sem
nenhum tipo de discriminação, pois como diz Freitas (1994 apud TEIXEIRA,
2001, p.88) “a união de dois indivíduos e a associação de suas forças
aumentam o seu poder e, por conseguinte, o seu direito. E quanto mais
indivíduos formem a aliança, mais todos em conjunto terão direitos”.
Para a professora Vera Lúcia Menezes Costa, citado em (TUBINO, 1992 apud
TEIXEIRA, 2001, p.88-89),
O Desporto Educacional é responsabilidade pública assegurada pelo Estado, dentro ou fora da escola, tem como finalidade democratizar e gerar cultura através de modalidades motrizes de expressão de personalidade do indivíduo em ação, desenvolvendo este indivíduo uma estrutura de relações sociais recíprocas e com a natureza, a sua formação corporal e as próprias potencialidades, preparando-o para o lazer e o exercício crítico da cidadania, evitando a seletividade, segregação social e hiper-competitividade, com vistas a uma sociedade, livremente organizada, cooperativa e solidária.
Sabemos muito bem que o esporte competitivo, que visa resultados (esporte de
alto rendimento) na maioria das vezes excluindo pessoas que precisam ser
inseridas na sociedade. É o caso das crianças que têm dificuldades motoras,
as crianças gordinhas, as crianças tímidas, etc. Daí justifica-se dar ênfase ao
Desporto Educacional que realmente tem o objetivo de agregar e educar as
crianças para serem cidadãos conscientes em uma sociedade mais justa e
igualitária, evitando assim a temerosa seletividade (a famosa peneirada), que
muitas vezes por vários motivos não são escolhidos realmente os melhores,
deixando as crianças não selecionadas frustradas e muitas vezes perdendo a
motivação para o esporte, sendo que em alguns casos tornam-se um indivíduo
indisciplinado e revoltado com tudo, propenso a cair na violência.
Para evitar todos esses dissabores para os alunos e para os professores,
também, necessário se faz explicarmos e ministrarmos brincadeiras, jogos e
esportes, justificando, as diferenças e as correlações existente entre ambas.
A brincadeira consiste em uma atividade espontânea, voluntária, sem regras
fixas, que propicie prazer e diversão.
O jogo é uma atividade com as mesmas características da brincadeira com
regras fixas, ausente no universo da pura brincadeira. O jogo pode ser dividido
em jogos não competitivos e jogos competitivos.
O esporte incorpora elementos do jogo, mas vai além dele. O esporte é jogo
também, mas possui outras características que não encontramos no jogo,
como por exemplo: a organização em grande escala, o elemento da disputa
física e o da competição (HELAL, 1990 apud TEIXEIRA, 2001, p.93)
Diante dessa correlação entre brincadeira, jogo e esporte, o aluno ficará mais
consciente, mais preparado e em condições de escolher em qual atividade irá
participar.
Devido ao fato do futsal ser muito praticado no Brasil e ser bem aceito na
comunidade escolar, faremos um breve estudo sobre o mesmo.
2.4. Futsal
2.4.1. Origem e evolução
Pelada – Palavra do vocabulário popular brasileiro, que denomina e qualifica o
futebol jogado em normas e regras adaptadas para uma variedade de locais
ruas, praias, quadras, campos de terra, etc.. As “peladas” constituem um
ambiente rico e fértil para o desenvolvimento e a evolução espontânea do
jogador de futebol e Futsal brasileiro.
É fundamental citar que “Ao buscar a origem de uma modalidade esportiva é
necessário distinguir sua parte prática e recreativa de sua parte organizacional
e administrativa” (TOLUSSI, 1982, p. ).
Falar de Brasil e Uruguai, na origem do Futsal, já é indicativo de versões
opostas. Relatos e publicações históricas não permitem saber, precisamente,
em qual desses dois países a modalidade foi gerada, revezando-se quanto ao
seu nascimento. (FONSECA, 2007, p.20).
É unânime, na história do Futsal, que a Associação Cristã de Moços-ACM
desempenhou um papel central na sua criação e no seu desenvolvimento, com
seus primeiros passos por meio do futebol de salão no início da década de
1930, na América do Sul, especificamente nas quadras do Brasil e do Uruguai.
Relatos favoreceram a paternidade uruguaia, após uma seqüência de
conquistas da seleção de futebol do Uruguai nas Olimpíadas de Paris (1924) e
Amsterdã (1928) e da vitória na 1ª Copa do Mundo de 1930, desenvolveu-se
pelo país uma fixação de jovens e crianças em jogar futebol.
É fundamental destacar que “O professor e secretário do Departamento de
Menores da Associação Cristã de Jovens de Montevidéu, Juan Carlos Ceriani
Gravies, redigiu as primeiras regras do que foi denominado indoor – football”
(TOLUSSI, 1982; SAMPEDRO, 1997 apud FONSECA, 2007, p.20)
2.4.2. Fundamentos do Futsal
Fundamentos referem-se a particularidades do Futsal. São ações utilizadas
durante o jogo. O passe, o chute, o drible, o domínio, a proteção, a condução e
o controle de bola a marcação, a desmarcação (finta) e antecipação. Se não
fragmentarmos essas ações, perceberemos que são ações que ocorrem
simultaneamente durante um jogo. Durante um jogo, quanto menos “raciocinar”
para agir, melhor (SANTANA, 1996, p.85). Não há como fragmentar uma ação
na dinâmica de um jogo. O ideal é deixar a criança exercitar os fundamentos
com total liberdade, pois um fundamento é a seqüência do outro e com certeza
ela terá mais criatividade e mais prazer em executar os fundamentos. Vivenciar
os fundamentos de forma lúdica em sua totalidade é o essencial para a
iniciação. A atividade precisa ser prazerosa para que a criança participe com
motivação.
Quando a criança sente-se desmotivada e sem interesse pelas atividades, o
professor tem que rever os seus métodos de trabalho, com certeza está
havendo falta de criatividade e sensibilidade por parte do professor. O
professor não precisa se preocupar em criar equipes competitivas, mas sim em
introduzir a criança e o adolescente gradativamente no Futsal. O ideal é ir
proporcionando ao aluno atividades mais lúdicas sem cobrar com muita ênfase
as regras do jogo, deixar o aluno bem a vontade é o segredo, pois ele terá o
tempo certo para colocá-las em prática. Se porventura, algum aluno tiver
dificuldade em algum fundamento, o professor deverá procurar saber
(investigar), qual é a causa daquela deficiência e posteriormente trabalhar com
cautela e calma para sanar tal deficiência com educativos corretos para o caso.
Por exemplo: o aluno tem deficiência no fundamento chute: o aluno ao chutar,
bate sempre em baixo da bola, o que faz com que a mesma tenha uma
trajetória alta; e, ao chutar, não visualiza o gol, mantendo a cabeça baixa.
Levar o aluno a construir o conhecimento sobre dois fatores que devem ser
levados em consideração para um bom chute – nesse caso, bater no meio ou
em cima da bola, que determinará à bola uma trajetória meia-altura ou rasteira;
e visualizar o gol antes de executar o chute, influenciarão na sua ação e farão
com que obtenha êxito. O ideal, é que trabalhemos com a Metodologia da
Participação, onde a participação no processo de ensino-aprendizagem é
coletiva, alunos, pais, comunidade e escola, para que obtenhamos sucesso em
nossas intervenções na escola e ofereçamos aos nossos alunos melhor
qualidade de vida. (SANTANA, 1996, p.137)
As atividades livres do aprender brincando é essencial para a criança avançar
no aprendizado. Segundo (Schiller apud KUNZ, 2003, p.98) “O ser humano
somente é humano quando brinca”. As atividades livres levam a criança a
participar, questionar, criar, respeitando assim suas individualidades, pois
ninguém é igual a ninguém. A metodologia nas atividades não deve ser
autoritária, para evitar a submissão, levando a criança exclusivamente a
obediência. A criança não deve ser submissa, ela deve se emancipar, para
poder participar com mais ênfase na sociedade. A metodologia recomendada é
a Metodologia da Participação, onde todos os envolvidos no processo ensino-
aprendizagem participam, a criança, os pais, a comunidade escolar e os
professores. (SANTANA, 1996, p.135).
2.5. Oportunizando condições de mudança por meio da implementação pedagógica na escola: programa de atividades no futsal
A reeducação da indisciplina escolar será adquirida a médio e ao longo prazo,
pois é um acontecimento que depende de um trabalho bem estruturado e bem
planejado por parte de vários segmentos da sociedade. Essa intervenção
pedagógica na escola foi feita com as 6ªs séries A e B do Colégio Estadual
Bento Mossurunga de Umuarama. Objetivou-se principalmente uma melhora
nas relações interpessoais.
A primeira ação foi a apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica e do
Material Didático à Direção e Equipe Pedagógica do Colégio, com uma
recepção excelente por parte de ambos, pois demonstraram bastante interesse
pelos mesmos. A Equipe Pedagógica enfatizou que essa pesquisa poderá
contribuir sobremaneira para reduzir a indisciplina escolar. Acho que esse
projeto bem monitorado pelo professor, equipe pedagógica e direção, tem tudo
a contribuir para que o aluno não fique na ociosidade, adquirindo assim, o
senso de responsabilidade e disciplina, para que com essas virtudes, esse
aluno torne-se um cidadão de bem, podendo assim ser inserido na sociedade
com êxito.
Na segunda ação foi apresentado o projeto de intervenção e implementação do
programa estruturado a partir de um estudo do Material Didático para a direção
e equipe pedagógica do colégio procurando esclarecer tal proposta.
Na terceira ação foi planejado e definido o cronograma de implementação da
proposta, conjuntamente com a direção e coordenação pedagógica procurando
adequar as demais ações e sub-ações no calendário de aulas das 6ªs “A e B”
foco do programa.
Na quarta ação buscou-se socializar com o corpo docente do colégio os
resultados de meus estudos e apresentar as bases e o cronograma do
programa. Essa ação ocorreu durante uma reunião de planejamento e
replanejamento com todos os professores do colégio, inclusive os colegas de
Educação Física.
Na quinta ação procurei interagir com os demais professores e principalmente
com os meus pares da área de Educação Física, realizando discussões nas
horas atividades dos mesmos e encaminhando os textos que estavam sendo
utilizados no programa. Esta ação foi de extrema importância devido a
colaboração de meus pares, enriquecendo o desenvolvimento das atividades
propostas nas aulas realizadas às 2ª, 3ª e 4ª feiras no período de 15/04 a
03/06/09.
Na sexta ação apresentei o projeto de intervenção aos alunos das 6ªs séries
envolvidas na implementação do programa, procurando prepará-los para o
desenvolvimento do mesmo. Ação muito valorosa para o bom andamento das
atividades planejadas.
A sétima ação foi realizada no período de 15/04 a 03/06/09, sendo essa a
essência do estudo realizado, pois tratou da aplicação do programa de
conteúdos teóricos e atividades práticas planejados inicialmente em 18 aulas,
mas que na realidade foram utilizadas 20 aulas, Inicialmente fiz uma
abordagem sobre o PDE, explicando o objetivo de sua implementação por
parte da SEED. Em seguida, enfatizei a importância de se resgatar certos
valores com referência a nossa educação praticada no cotidiano (dia a dia), no
caso atitudes de boas maneiras como por exemplo: Bom dia! Com licença!
Muito obrigado! Desculpe-me! Posso entrar?, etc...Atitudes essas para com os
seus colegas, seus professores e funcionários da escola, e por que não
também com os seus familiares e no ambiente externo da escola.
Posteriormente fizemos um estudo teórico, com debate e apresentação de
resumo de textos sobre: 1- Indisciplina, 2- Disciplina e Indisciplina Escolar, 3-
Esporte - Futsal enquanto prática esportiva e 4- Futsal – Atividades práticas.
Posteriormente foram ministradas as atividades de Futsal na prática , ou sejam,
os seus fundamentos de forma lúdica, propiciando aos alunos a oportunidade
de criarem novas situações de joguinhos , exercitando e assimilando os
fundamentos do futsal. A participação e o empenho dos alunos durante a
implementação foram surpreendentes, pois os mesmos participaram com
bastante entusiasmo e dedicação, atingindo assim os objetivos propostos, ou
sejam: 1- Identificar os conceitos relacionados à Indisciplina e ao Futsal, 2-
Difundir a prática do Futsal no ambiente escolar e 3- Praticar atitudes de
inclusão e solidariedade, amenizando e/ou reduzindo assim a Indisciplina. O
Material Didático produzido e as atividades teóricas ministradas pelo professor
e desenvolvidas pelos alunos, ficaram arquivados com a Equipe Pedagógica do
Colégio. Notamos na 6ª B, que no início da implementação era uma turma mais
indisciplinada, houve um progresso bem acentuado na questão disciplinar e
nas relações interpessoais para com os colegas e para com os professores
também.
2.5.1- Atividades propriamente ditas aplicadas na intervenção e implementação
1) Joguinhos relacionados à infância: bobinho, controle, linha, etc...
2) 2 a 2 um de frente para o outro, praticando o passe e tentando fazer o
gol no outro.
3) Jogos recreativos que envolvam cooperação e solidariedade.
4) Plantar bananeira, com o objetivo de conhecer seu próprio corpo, ou
seja o seu limite.
5) Vivenciar várias formas de movimento como andar, correr, saltitar
com um dos pés, saltitar com os dois pés juntos, saltar, trepar, descer,
agachar, deitar e rolar.
6) Deslocamentos com a bola em qualquer direção, para treinar o
domínio de bola.
7) Exercícios de habilidade motora com bola de futebol - parado, de pé,
chutar a bola; - andando ou correndo, chutar a bola; - chutar a bola sobre um
obstáculo (banco, corda,etc...)ou em direção a um alvo (a baliza, a parede,
etc...). (LISELOTT DIEM, 1981, p.47).
8) Passe interno
- 2 a 2 com uma bola, correndo e passando com a parte lateral do
pé um para o outro (passe interno).
- Individual ir contornando os cones expostos em fileira na quadra,
passando do pé direito para o esquerdo e vice x versa.
- Em fila o professor passará a bola em direção ao aluno e este
chutará para o gol com a parte lateral interna do pé (passe interno).
- Para finalizar um joguinho, porém em duplas com 1 das mãos
amarradas a do companheiro. Executar com 4 duplas – 2 de cada lado.
Obs: um goleiro para cada equipe.
9) Jogos pré-desportivos
- Gol de placa: jogo em que os alunos em duas filas,disputam quem faz o gol
primeiro , fazendo assim um ponto para a sua fila;
- Passe e gol: idem ao gol de placa, porém em duplas;
- Mini-futsal: disputa de 3 contra 3, com o objetivo de fazer o gol.
- Linha.10) Rebatida: basicamente é um jogo de chutes ao gol, onde se pode
jogar individualmente contra outro adversário ou em grupos. O mais utilizado é
o jogo de duplas. Enquanto uma dupla chuta, a outra defende o gol, e há a
possibilidade de “rebatidas”, momentos em que pode haver dribles e disputas
corporais. (TEIXEIRA, 2001, p. 93).
11) Futsal recreativo
Material: quadra de esportes, traves e bola de futsal.
Formação:
Alunos divididos em duas equipes, sentados nas riscas laterais da quadra.
Cada aluno receberá um número. Dois alunos, um de cada equipe, recebem o
mesmo número, posicionados no sentido inverso da quadra, em relação ao
círculo central. Um goleiro para cada equipe.
Desenvolvimento:
O professor diz um número e os alunos que correspondem a esse número
devem correr até o círculo central da quadra, dando início ao jogo. Se o goleiro
defender o chute, reinicia-se o jogo passando a bola para o aluno do seu time.
O aluno que fizer o gol marca um ponto para sua equipe. Se os alunos não
fizerem o gol, a bola volta para o círculo central e o professor chama outro(s)
número(s).
Variações:- Chamar dois números de cada vez, ficando o jogo dois contra dois.
- Chamar três números de cada vez, ficando o jogo três contra três.
12) Atividade com variações
Formação:
Dividir a turma em quatro equipes e colocam-se quatro gols, um em cada canto
da quadra, quadras ou em um amplo espaço físico.
Desenvolvimento:
Primeiro jogam as quatro equipes uma contra outra sem se importar se a bola
vai sair, e uma contra a outra de frente. Posteriormente, joga-se em diagonal
uma contra outra e sempre ao mesmo tempo. Depois pode-se fazer gol onde
quiser, porém sempre protegendo seu gol. Gradativamente, vai se aumentando
o número de bolas no jogo..
13) Jogo do oprimido x opressor
Formação:
Dois grandes grupos, um de um lado da quadra (oprimidos e opressores). Um
goleiro para cada equipe.
Objetivo:
Jogo de futsal.
Desenvolvimento:
1- A equipe dos opressores é quem determina as regras do jogo para a
equipe dos oprimidos, por exemplo: - só podem dar um toque na bola e passá-
la; - só podem fazer gol fora da área; - só podem chutar com a perna esquerda;
- não podem pedir bola.
2- Depois de um tempo delimitado pelo professor, invertem-se os papéis,
os oprimidos passam a ser os opressores e vice versa, com um detalhe,
poderão mudar as regras do jogo ou acrescentar mais algumas, caso o
queiram.
14) Jogo livre, sem regras pré-estabelecidas, com o objetivo de deixar
criança livre para criar e principalmente sentir o prazer de jogar.
15) O fim da divisão entre titulares e reservas; todos são titulares para
valorizar todas as crianças do grupo. Fazer com que as mesmas participem na
mesma intensidade dos treinos e competições e possam, com essa
experiência, amadurecer, desenvolver seus potenciais; (SANTANA, 1996,
p.141).
16) O fim da supervalorização da vitória e da derrota a cada jogo, pois é
preciso perceber a importância de lidar com as diferenças. A criança que
aprende que só a vitória interessa, não saberá, na derrota, valorizar o seu
esforço, a ser solidária com o companheiro e sofrerá muito a cada derrota que
acontecer na sua vida. Ela tem que saber lidar com as nuanças. (SANTANA,
1996, p.141).
17) A valorização nas aulas, do componente lúdico, para haver uma
entrega total da criança se as atividades forem prazerosas. Por isso, o
professor deve criar um ambiente alegre, para que efetivamente a criança seja
ela mesma e, brincando, crie, construa, aprenda e improvise. (SANTANA,
1996, p. 142).
3. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos nesta ação pedagógica foram considerados satisfatórios,
pois, o programa de prática de futsal, aplicado nas 6ªs séries A e B, apresentou
uma boa aceitação por parte dos alunos, equipe pedagógica e direção do
colégio. Os alunos se envolveram de tal maneira que, após o término da
implementação, eles queriam continuar com as atividades desenvolvidas.
Atividades essas, que foram de conteúdos teóricos e atividades práticas de
futsal.
Inicialmente, fizemos uma abordagem sobre o Programa de Desenvolvimento
Educacional, implantado pela Secretaria de Estado da Educação,
posteriormente enfatizamos a importância de resgatar valores referentes à
nossa educação. Finalmente, abordamos conteúdos teóricos com relação à
Disciplina, Indisciplina Escolar, Esporte, Futsal e Atividades práticas de Futsal.
As atividades práticas de Futsal foram ministradas de forma lúdica,
proporcionando aos alunos a liberdade de criarem jogos em forma coletiva, ou
seja, de comum acordo com seus pares. A participação foi surpreendente de
forma positiva, atingindo assim os objetivos propostos pelo programa: objetivo
geral que foi a melhoria das relações interpessoais no ambiente escolar,
amenizando o nível de indisciplina dos alunos. Os objetivos específicos
atingidos foram: identificaram os fundamentos teóricos e conceituais
relacionados à indisciplina e vivenciaram na prática atividades de futsal que
contribuíram para amenizar o quadro de indisciplina escolar
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