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1 A QUESTÃO SOCIAL DA MORADIA EM TRÊS RIOS E SUAS IMPLICAÇÕES NO CENÁRIO BRASILEIRO Adriana Avelar 1 Walber Gevu 2 Érica Guerra 3 RESUMO: Este estudo tem por objetivo abordar o problema da moradia na sociedade brasileira, mais especificamente no município de Três Rios, através da experiência e práxis profissional na área técnica-social no programa Habitacional da Secretaria de Interesse e Promoção Social do mencionado município. Abordar-se o histórico processo da questão da moradia no país e como este tem se refletivo contemporaneamente, principalmente, no que tange ao modo como vem sendo enfrentada. Pretende ainda, discutir as ações desenvolvidas e utilizadas pelas sucessivas gestões municipais, a fim de promover a implantação de projetos habitacionais vinculados ao Governo Federal. Ainda, ressalta a importância da valorização do protagonismo e dimensão política dos sujeitos sociais que residem nestes espaços contemplados pelos projetos habitacionais, destacando a importância da regularização fundiária e a democracia participativa. PALAVRAS-CHAVE: Direito à Moradia; Política Habitacional; Três Rios. INTRODUÇÃO O direito à moradia 4 está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, desde 1948. No Brasil, está preconizado no artigo 6º da Constituição Federal de 1988. Porém, somente no ano de 2000, por meio de uma emenda constitucional nº 26, a habitação adequada tornou-se presente no rol dos direitos sociais. É possível observar que o legislador (constituinte derivado reformador) se viu na obrigação de resguardar dos direitos mais inerentes à própria dignidade humana: a moradia. A moradia digna não é apenas ter uma casa para morar. Esta mesma moradia deve contar com infraestrutura básica, como acesso à tratamento de esgoto e saneamento básico, bem como sua localização espacial não colocar em risco a vida de seus habitantes. 1 Adriana Avelar Alves. Graduanda em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro- UFRRJ/ITR. Email: [email protected] 2 Walber da Silva Gevu. Graduando em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro- UFRRJ/ITR. 3 Érica Guerra da Silva. Professora Assistente II, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro- UFRRJ/ITR. Orientadora da pesquisa. 4 Alguns autores trabalham com a diferença entre Moradia (gênero) e Habitação (espécie), porém, neste trabalho, adotaremos essas expressões, numa perspectiva epistemológica, como sinônimas, tendo como base que, no que tange à gestão pública, a problemática referente à moradia é concebida como habitação.

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1

A QUESTÃO SOCIAL DA MORADIA EM TRÊS RIOS E SUAS IMPLICAÇÕES

NO CENÁRIO BRASILEIRO

Adriana Avelar1

Walber Gevu2

Érica Guerra3

RESUMO: Este estudo tem por objetivo abordar o problema da moradia na sociedade

brasileira, mais especificamente no município de Três Rios, através da experiência e práxis

profissional na área técnica-social no programa Habitacional da Secretaria de Interesse e

Promoção Social do mencionado município. Abordar-se o histórico processo da questão da

moradia no país e como este tem se refletivo contemporaneamente, principalmente, no que

tange ao modo como vem sendo enfrentada. Pretende ainda, discutir as ações

desenvolvidas e utilizadas pelas sucessivas gestões municipais, a fim de promover a

implantação de projetos habitacionais vinculados ao Governo Federal. Ainda, ressalta a

importância da valorização do protagonismo e dimensão política dos sujeitos sociais que

residem nestes espaços contemplados pelos projetos habitacionais, destacando a

importância da regularização fundiária e a democracia participativa.

PALAVRAS-CHAVE: Direito à Moradia; Política Habitacional; Três Rios.

INTRODUÇÃO

O direito à moradia4 está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos,

desde 1948.

No Brasil, está preconizado no artigo 6º da Constituição Federal de 1988. Porém,

somente no ano de 2000, por meio de uma emenda constitucional nº 26, a habitação

adequada tornou-se presente no rol dos direitos sociais. É possível observar que o

legislador (constituinte derivado reformador) se viu na obrigação de resguardar dos direitos

mais inerentes à própria dignidade humana: a moradia.

A moradia digna não é apenas ter uma casa para morar. Esta mesma moradia deve contar

com infraestrutura básica, como acesso à tratamento de esgoto e saneamento básico, bem como

sua localização espacial não colocar em risco a vida de seus habitantes.

1 Adriana Avelar Alves. Graduanda em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-

UFRRJ/ITR. Email: [email protected] 2 Walber da Silva Gevu. Graduando em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-

UFRRJ/ITR. 3 Érica Guerra da Silva. Professora Assistente II, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-

UFRRJ/ITR. Orientadora da pesquisa. 4 Alguns autores trabalham com a diferença entre Moradia (gênero) e Habitação (espécie), porém, neste

trabalho, adotaremos essas expressões, numa perspectiva epistemológica, como sinônimas, tendo como

base que, no que tange à gestão pública, a problemática referente à moradia é concebida como habitação.

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O direito à moradia digna promove a efetivação de tantos outros direitos sociais

previstos no texto Constitucional. Nas palavras de Raquel Rolnik, relatora especial da

ONU para o Direito à Moradia Adequada, “a moradia é a porta de entrada de entrada para

todos os outros direitos”5e, por isso, se primazia sua importância no ordenamento

brasileiro, de modo a assegurar e legitimar uma vida digna.

No contexto brasileiro, com estrutura federativa composta por 5.564 municípios,

segundo dados do IBGE, o município de Três Rios se destaca pelo crescimento demográfico

contando já com 77.503 habitantes. Desta feita, os problemas habitacionais têm se agravado,

fenômeno típico de cidades que apresentam um considerável desenvolvimento urbano e

industrial, e esse inchaço urbano acarreta diretamente nas questões de moradia, haja vista a

cidade não dispor de muitas áreas geograficamente seguras e habitáveis, bem como pelo baixo

poder aquisitivo da população que não possui acesso às moradias dignas.

Para tanto, este trabalho apresenta-se da seguinte forma: no item 2 estuda-se o

processo histórico e todo o contexto presente quanto à questão da moradia no Brasil. No

item 3, analisa-se a questão da moradia, via políticas habitacionais no município de Três

Rios – RJ. E no item 4 faz-se críticas às políticas de habitação na cidade em questão no

presente trabalho.

Por fim, com relação à sistemática da investigação, trata-se de pesquisa do tipo

bibliográfico-documental qualitativa, orientada pelo modelo crítico dialético, sendo que,

após uma primeira etapa de observação dos parâmetros gerais, foi realizada uma análise e

classificação dos fatos para que fosse apresentada uma hipótese que soluciona o problema

e uma proposta de inovação na forma de se pensar sobre o assunto.

Assim, discutir essa questão social e suas nuances se faz mister na sociedade

brasileira, tão marcada pela exclusão e desigualdade social no contexto habitacional.

Descortinando o histórico processo da questão da moradia no Brasil

A promoção e universalização dos direitos humanos se constituem em uma tarefa

complexa, que é desafiada por inúmeros elementos políticos, econômicos e culturais. O

5 ROLNIK, Raquel. BRASIL - Eventos esportivos sob crítica. Lançamento do dossiê Megaeventos e

Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro. Disponível em:

<http://www.brpress.net/index.php?option=com_content&view=article&id=7096:brasil-eventos-

esportivos-sob-critica&catid=57:brasil&Itemid=97>. Acesso em: 16 dez. 2013.

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modelo de organização socioeconômica vigente convive com níveis elevados de

desigualdade e de exclusão. Nesse sentido, entre as ações centrais postas para as políticas

públicas na área de Direitos Humanos, figuram a necessidade de articular a universalidade

do conceito de direitos humanos com a diversidade cultural e, sobretudo, efetivar a

universalização dos direitos em associação com a superação das desigualdades.

Diante desse cenário, a universalização do direito à habitação passa

necessariamente por diretrizes que promovam a inclusão de segmentos historicamente

excluídos.

Para assegurar a universalização dos direitos humanos, através da execução de

políticas públicas de habitação, faz-se necessário conceber o direito à moradia muito mais

do que ter somente uma casa. A realização dos direitos humanos dessa área deve respeitar

e garantir o acesso a direitos sociais e viabilizar um desenvolvimento urbano saudável e

planejado.

Os direitos humanos, no seu contexto mais simples e abstrato, porém intenso que é

o “direito de ter direitos”, abrangendo não somente às proteções inerentes ao ser humano e

ao seu “direito de ser gente”, sustentam-se na percepção de que somos iguais em nossa

integralidade e em nossos direitos, e somos diferentes em nossas singularidades. Portanto,

o valor da equidade – tanto como princípio e processo de compreensão e tratamento da

pluralidade, quanto princípio e processo de enfrentamento e desconstrução das

desigualdades – precisa ser considerado pelas políticas públicas em nosso país.

Conforme preconiza o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2006)

“uma concepção contemporânea de direitos humanos incorpora os conceitos de cidadania

democrática, cidadania ativa e cidadania planetária, por sua vez inspiradas em valores

humanistas e embasadas nos princípios da liberdade, da igualdade e da equidade e da

diversidade”.6

Para romper com as desigualdades sociais que marcam as condições de vida dos

grupos historicamente excluídos, sobretudo aqueles que não têm moradia, e que são

pertencentes às camadas mais desfavorecidas economicamente, é necessário reconhecer a

pluralidade que marca a sociedade brasileira em suas diversas dimensões – étnico-racial,

6 Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Secretaria Especial dos Direitos Humanos /

Presidência da República. Ministério da Educação. Ministério da Justiça.

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de gênero, classe social, região, cultura, religião, orientação sexual, identidade de gênero,

geração e deficiência – sem perder de vista suas particularidades. Apreender tais

dimensões é requisito incontornável para a construção dos direitos humanos e de uma

efetiva política de habitação.

Luana Motta aduz:

A questão da habitação pode ser considerada, na atualidade, um dos principais

problemas sociais urbanos do Brasil. Numa perspectiva que concebe o problema da

moradia integrado à questão do direito à cidade, é possível perceber que as

reivindicações em relação à habitação emergem sob várias facetas: solução para os

graves problemas de infraestrutura (saneamento, asfaltamento, etc.), construção de

moradias para atender ao número alarmante de famílias sem casa própria e

questionamento das obras de urbanização em áreas periféricas e favelas.7

A questão social da habitação não é contemporânea e alguns recortes históricos são

necessários para entender a problemática.

Remonta desde o fim do século XIX, pois o fim da escravidão fez com que a

população negra fosse retirada do campo e migrasse para a cidade, quando se começa a

observar a crise populacional quanto à inchação nas cidades, em relação ao espaço urbano

e, simultaneamente, também se observou a “estrutura habitacional” gerada a partir da

formulação das favelas e todas as suas problemáticas em nível de moradia.

Concomitantemente, imigrantes europeus chegaram ao Brasil para trabalhar no campo e

também na nascente indústria brasileira.

Estes fatores provocaram o aumento da população nas cidades. Já do início do

século XX até a década de 1930, observou-se que diversas cidades brasileiras tiveram o

problema da habitação agravado, com o poder público atuando de maneira pontual e

ineficiente. Somente a partir do fim da década de 1930, quando a industrialização e a

urbanização do país ganham novo impulso com a Revolução de 30, é que começa a se

esboçar uma política para a habitação.

No período populista foi a criação da Fundação da Casa Popular (FCP) o registro

mais marcante de tentativa de solução para a questão habitacional, que, apesar dos

resultados modestos, foi o primeiro órgão nacional criado para prover residências para a

7 MOTTA, Luana Dias. A questão da habitação no Brasil: políticas públicas, conflitos urbanos e o direito

à Cidade.[2011]. Disponível em:

<http:/conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br/geral/anexos/txt_analitico/MOTTA_Luana_A_questao_da_hab

itacao_no_Brasil.pdf>. Acesso em: 21 out. 2013.

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população pobre. A FCP foi criada em 1946 e apesar de ter recebido diversas funções

relacionadas à política urbana em geral, essa fundação se tornou inoperável, devido ao

acúmulo de atribuições, à falta de recursos e de força política, somadas à ausência de

respaldo legal. Em 1952, o governo federal reduziu as atribuições da FCP.

Em 1964, a FCP foi extinta, sendo criado o Plano Nacional de Habitação, o

primeiro grande plano do governo militar. Para além das ações diretamente relacionadas à

habitação, o Plano buscava a dinamização da economia, o desenvolvimento do país

(geração de empregos, fortalecimento do setor da construção civil etc.) e, sobretudo,

controlar as massas, garantindo a estabilidade social.

Ainda nesse período tem-se a implantação do Banco Nacional de Habitação (BNH),

que se torna o principal órgão da política habitacional e urbana do país. Prioritariamente,

ele deveria orientar, disciplinar e controlar o Sistema Financeiro de Habitação (SFH), para

promover a construção e a aquisição de casa própria, especialmente pelas classes de menor

renda.

A trajetória do SFH e do BNH não foi linear. O que se vê de início foi a de

implantação e expansão do BNH e das COHABs (Conjuntos Habitacionais), com um

considerável financiamento de moradias para o mercado popular. Logo em seguida,

passado algum tempo de vigência desses programas, observa-se um esvaziamento e uma

crise do SFH, sobretudo devido à perda do dinamismo das COHABs (Conjuntos

Habitacionais), que se tornavam financeiramente frágeis devido à inadimplência causada,

principalmente, pela perda do poder de compra do salário mínimo, situação que atingia

seus principais mutuários, oriundos das camadas pobres. Isso fez com que os

financiamentos passassem a ser, cada vez mais, destinados às famílias de classe média,

uma vez que os juros para essa camada eram mais altos e o índice de inadimplência, se

comparado como das classes mais pobres, era menor. Assim, o que houve a seguir foi um

revigoramento das COHABs (Conjuntos Habitacionais), com aumento do número de

moradias produzidas, contudo, a maioria destinada à classe média.

Assim, tem-se a crise financeira do SFH, culminando na extinção do BNH, que

transfere para a Caixa Econômica Federal suas funções, continuando na atualidade

responsável por gerir programas sociais de intervenções habitacionais. De todo modo, o

SNH financiou cerca de quatro milhões de moradias durante sua vigência, número bastante

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expressivo para a realidade do nosso país se comparado a outros considerados

desenvolvidos. Porém, os investimentos atingiram predominantemente a classe média

emergente, alijando da política de financiamento da casa própria os trabalhadores que

recebiam menos de um salário mínimo. Do total de moradias produzidas, apenas uma

parcela considerada insuficiente foi destinada ao mercado popular.

Com a Constituição de 1988 e a reforma do Estado, o processo de descentralização,

um dos pontos principais do modelo proposto, ganha base para se efetivar. Dentro do

processo de descentralização se estabelece uma redefinição de competências, passando a

ser atribuição dos Estados e Municípios a gestão dos programas sociais, e dentre eles o de

habitação, seja por iniciativa própria, seja por adesão a algum programa proposto por outro

nível de governo, seja por imposição Constitucional (Emenda Constitucional nº 26, de 14

de fevereiro de 2000, que altera a redação do art. 6° da Constituição Federal).

Dos governos que seguem tivemos o PAIH (Plano de Ação Imediata para a

Habitação), que propunha o financiamento de 245 mil habitações em 180 dias, mas não

cumpriu suas metas. Houve também a criação dos Programas Habitar Brasil e Morar

Município, que tinham como objetivo financiar a construção de moradias para população

de baixa renda, a serem construídas em regime de ajuda mútua. Todavia, esses Programas

tinham uma padronização excessiva e muitas exigências legais, o que impedia muitos

municípios de captarem os recursos disponibilizados. Ou seja, mais uma vez a

problemática tratada com pontualidade, sem trazer resultados efetivos e de longo prazo, e

principalmente, sem atingir a população economicamente desfavorecida e excluída.

Restou como alternativa para as famílias pobres as favelas e os loteamentos

clandestinos das periferias das capitais e das cidades das regiões metropolitanas. Problema

que se arrasta até a atualidade.

Contudo, não há que se falar somente em pontos negativos e não efetividade das

políticas públicas voltadas para habitação, pois a partir do ano 2000 este cenário no país

passa por intensas transformações.

Em 2001, a Lei Federal n° 10.257conhecida como Estatuto das Cidades, foi

aprovada que, em linhas gerais, tem como objetivo fornecer suporte jurídico mais

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consistente às estratégias e processos de planejamento urbano8 garantindo a função social

da propriedade, o planejamento participativo nas políticas urbanas e o acesso universal à

cidade.9 Destaca-se que essa lei propõe “que a descentralização e a democratização

caminhem juntas para garantir a plena legitimidade social dos processos de planejamento

urbano [...] e gestão de cidades.”10

Sobre a questão da habitação, o Estatuto reforçou

instrumentos para garantia da função social da propriedade e da regularização fundiária,

tais como imposto sobre propriedade imobiliária urbana progressivo, desapropriação com

títulos da dívida pública, usucapião urbano, concessão especial para fins de moradia,

demarcação de zonas especiais de interesse social etc. Esta lei representa um grande

avanço na perspectiva de se enxergar de maneira globalizada e integralizada o problema da

habitação no país.

O governo do presidente Lula (2003-2010) continuou a linha de mudanças nesse

quadro com a criação do Ministério das Cidades, que passa a ser o órgão responsável pela

Política de Desenvolvimento Urbano e, dentro dela, pela Política Setorial de Habitação.

Integram o Ministério das Cidades: a Secretaria Nacional de Habitação, a Secretaria

Nacional de Programas Urbanos, a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental e a

Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana. Há uma contínua ratificação de

que a Política de Habitação se inscreve dentro da concepção de desenvolvimento urbano

integrado, no qual a habitação não se restringe a casa, pois incorpora o direito à

infraestrutura, saneamento ambiental, mobilidade e transporte coletivo, equipamentos e

serviços urbanos e sociais, buscando garantir direito à cidade.

Houve a aprovação da lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005, que dispõe sobre o

Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo Nacional de

Habitação de Interesse Social – FNHIS e institui o Conselho Gestor do FNHIS. Assim, o

que se observa é um grande avanço na integração do ordenamento jurídico com os

programas sociais para que estes pudessem ser garantidos e legitimados por lei.

8 FERNANDES, Edésio. Do código civil ao Estatuto da Cidade: algumas notas sobre a trajetória do Direito

Urbanístico no Brasil. In. VALENÇA, Marcio (org.). Cidade (i)legal. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008. p.

43-62. 9 MORAES, Lúcia; DAYRELL, Marcelo. Direito Humano à moradia e terra urbana. Curitiba, 2008.

[Cartilha]. 10

FERNANDES, Edésio. Ob. cit. p. 44.

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Três Rios no Cenário Habitacional do País

Três Rios é um município do Estado do Rio de Janeiro. Sua população urbana

aferida em 2010 pelo censo é de 77.503 habitantes. A cidade, antes chamada de Entre-

Rios, foi elevada à categoria de município em 1938, chamando-se Três Rios. Já se

destacou pela industrialização principalmente no ramo ferroviário e de alimentos.

A cidade vem acompanhando a fase de crescimento econômico pela qual passa o

país e tem uma privilegiada localização geográfica que permite o rápido acesso às

principais estradas do país. Contudo, todo crescimento socioeconômico traz implicações

como crescimento urbano desordenado, vulnerabilidades sociais, cujos desdobramentos

refletem em questões de saúde, habitação, emprego, educação, entre outras questões

sociais não efetivamente alcançadas pelas políticas públicas.

Com a aprovação pelo Conselho Nacional das Cidades da Lei no 11.124, de 16 de junho

de 2005, instituiu o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS e criou o Fundo

Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS, bem como o seu Conselho Gestor. O Fundo

tem o objetivo de centralizar e gerenciar os recursos orçamentários destinados à implementação

das políticas habitacionais direcionadas à população de menor renda.

O município de Três Rios foi contemplado com os recursos e assim iniciou o

processo de elaboração do Plano Local de Habitação de Interesse Social desde o ano de

2006. Este plano consolida o planejamento da ação municipal referente à questão

habitacional, e tem previsão de 10 anos para uma satisfatória intervenção na questão

habitacional do município.

Os programas implantados a partir do ano de 2006 tiveram como público alvo

famílias residentes em área de risco e com renda familiar de 00 a 03 salários mínimos. O

programa Habitar Brasil/99 (CEHAB), implantado no ano de 2006, contou com o número

de 50 unidades habitacionais populares localizadas no bairro da Barrinha. Também neste

bairro, no ano de 2007, foi implantado o programa PAC, com a entrega de 100 unidades

habitacionais populares.

No ano de 2009, dando continuidade ao programa habitacional do governo anterior,

elaborou-se o Plano de Trabalho Técnico Social para traçar as diretrizes de construção do

Bairro Cidadão. A intervenção neste bairro conta com o financiamento federal, através do

Programa Minha Casa, Minha Vida.

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Essa proposta de intervenção tem como principais ações a requalificação de áreas

de risco presentes em diversas áreas do município e a melhoria das condições habitacionais

das famílias que hoje residem no bairro conhecido como Habitat, que, após a intervenção

passará a ser chamado de Bairro Cidadão.

A principal meta deste plano é a desocupação das áreas de risco situadas nos bairros

conhecidos como Favelinha, Margem Direita e Cariri, com a remoção e reassentamento

das famílias que lá residem. Há ainda previsão de urbanização das vias, saneamento e

implantação de equipamentos comunitários, tais como postos de saúde, creches, quadras de

esporte e lazer.

A entrega de 89 casas no Bairro Habitat, no ano de 2010, foi destaque da atual

gestão municipal para concretizar o plano Habitacional previsto para o Município. Há

ainda a construção de mais 400 casas com previsão de entrega para dezembro de 2013. O

restante das casas previstas para o programa (784 moradias) têm previsão de entrega até o

final da atual gestão. Dessa forma, pretende este programa habitacional atender 1.273

famílias de baixa renda.

A primeira etapa do processo de seleção das futuras famílias a serem contempladas

pelo Programa Habitacional é feito através do cadastro no programa. Até o mês de abril de

201311

estavam escritas 4.917 famílias, que ao realizar o cadastro foram divididas nas

categorias renda mínima ou área de risco.

A segunda etapa consiste no trabalho de seleção dessas famílias previamente

cadastradas no programa pela Equipe Técnica Social, que avaliará a situação fática de cada

família e assim, conferir e atestar a situação descrita no cadastro. Tal processo se faz mister

para evitar fraudes e outras situações que impeçam a efetiva implantação do programa.

Do papel para a realidade: críticas ao efetivo alcance do programa habitacional no

município de Três Rios

No início deste trabalho, vimos que existem inúmeros dispositivos legais que

regulam a questão da habitação e moradia em nosso país, para que este direito social seja

minimamente garantido e assegurado pelo Estado.

11

Dados do Sistema de Cadastro Habitacional da Secretaria de Promoção e Interesse Social do município de

Três Rios.

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10

Atribuir eficácia aos direitos sociais depende de um conjunto de fatores, que se

relacionam e se interligam. Nas palavras de Vicente de Paulo Barreto:

[...] os direitos sociais encontram fundamento ético na exigência de justiça, na medida

em que são essenciais para a promoção da dignidade da pessoa humana e indispensáveis

para a consolidação do Estado Democrático de Direito. Esse regime, fundado sobre o

princípio democrático, pretende assegurar a inclusão social, o que pressupõe

participação popular e exercício dos direitos de cidadania. A cidadania, em seu conceito

jurídico clássico, estabelece um vínculo jurídico entre o cidadão e o Estado. Esse

vínculo, entretanto, no quadro do Estado Democrático de Direito torna-se mais

abrangente, o cidadão é aquele que goza e detém direitos civis (liberdades individuais) e

políticos (participação política), mas também direitos sociais (trabalho, educação,

habitação, saúde e prestações sociais em tempo de vulnerabilidade).12

Não há que se olvidar que o controle judicial das atividades da Administração Pública é

um pressuposto básico para a concretização do conjunto valorativo expresso no texto

constitucional. O Poder Judiciário deve intervir – em razão da inércia do Estado no sentido de

prestar serviços e políticas essenciais e que “o problema fundamental em relação aos direitos

do homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas sim o de protegê-los.”13

Daniella Dias, promotora de justiça leciona:

Dotar de efetividade os direitos sociais, com destaque para a moradia digna e todos os

valores subjacentes à expressão, pressupõe o necessário controle judicial, dadas as

omissões da Administração Pública para implementar políticas públicas que

possibilitem condições de vida sadia, com segurança e infraestrutura básica, como

suprimento de água e saneamento básico.14

Para Ingo W. Sarlet:

[...] sem um lugar adequado para proteger a si próprio e a sua família contra as intempéries,

sem um local para gozar de sua intimidade e privacidade, enfim, de um espaço essencial

para viver com um mínimo de saúde e bem estar, certamente a pessoa não terá assegurada a

sua dignidade, aliás, a depender das circunstâncias, por vezes não terá sequer assegurado o

direito à própria existência física, e, portanto, o seu direito à vida.15

12

BARRETO, Vicente de Paulo. Reflexões sobre os direitos sociais. In: SARLET, Ingo Wolfgang (Org.).

Direitos fundamentais sociais: estudos de direito constitucional e internacional comparado. Rio de

Janeiro: Renovar, 2003, p. 133-134. 13

BOBBIO, Noberto. A Era dos direitos. Tradução: Regina Lira. 2°Tiragem. Rio de Janeiro: Elsevier,

2004, p. 24. 14

DIAS, Daniela. O Direito à moradia digna e a eficácia dos Direitos Fundamentais Sociais. Ministério Público do

Estado do RS. Porto Alegre – RS: Revista Eletrônica do CEAF. Vol. 1, n.1, out.2011/jan. 2012. 15

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 6 ed. Porto Alegre: Livraria do

Advogado, 2006, 42-62.

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11

Analisando não a realidade brasileira como um todo, pois isto não seria possível

neste trabalho, mas apenas a realidade do município de Três Rios, há uma nítida

discrepância entre o que se pretende assegurar e o que precisa ser assegurado em termos de

políticas públicas de habitação.

O programa habitacional pretende atender 1273 famílias em situação de

vulnerabilidade social e ambiental. Porém, já conta com quase 5 mil inscritos até o mês de

abril de 2013, o que representa um déficit de 3.642 famílias que deixarão de ser atendidas.

E o cenário local não difere do que já foi noticiado em rede nacional em termos de alcance

do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Ainda que a proposta do programa prime pela reorganização do espaço urbano, e

sua aderência à Política Habitacional viabilize o atendimento às famílias de baixíssima

renda, por meio de mecanismos que permitem que um segmento carente dos créditos

convencionais possa adquirir moradias dignas, sem asfixiar o orçamento doméstico, carece

de um alcance efetivo e pleno, na medida em que os governos locais não conseguem

implantá-lo de modo que um número efetivamente significativo seja contemplado pelo

programa e saia de condições habitacionais precárias, do ponto de vista estrutural ou

fitossanitário, bem como de risco ambiental.

Contudo, é questionável se não há uma apropriação do uso de verbas públicas para

promoção eleitoral, bem como vantagens econômicas exorbitantes para as construtoras ligadas

ao programa. Não raro são os escândalos nos meios de comunicação com denúncias de

superfaturamento das obras, e não bastasse isso, prédios com estrutura física tão ruins a ponto de

terem que ser demolidos após a finalização por colocar em risco a vida de quem ali pudesse

habitar. Ou seja, o programa quando gerido pelo poder local tem apresentado graves

desvirtuamentos que só prejudicam o cidadão que precisa ter seu direito garantido.

Pertinente é a crítica feita pela arquiteta e urbanista Ermínia Maricato quando diz:

A competência constitucional para formular e operar a política urbana é municipal. O

foco das críticas e pressões deve ser dirigido à Câmara e executivos municipais,

marcados, crescentemente, pela prática clientelista ou pela lógica dos financiamentos de

campanha. Do Governo Federal devemos cobrar que o pacote não privilegie a classe

média (como sempre!) em vez da baixa renda (0 a 3 SM) responsável por 84% do

déficit habitacional.16

16

MARICATO, Ermínia. Habitação e Cidade. Série Espaço & Debate. 3 ed. São Paulo: Atual, 1997.

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E é este mesmo cidadão, que será contemplado pelo programa, que questiona a

localização desses empreendimentos distantes do centro urbano, o que traz implicações

para o mesmo do ponto de vista de transporte público e acesso aos serviços urbanos

básicos (escolas, postos de saúde, entre outros serviços).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O texto constitucional consagra a dignidade humana como princípio estruturante de

nosso sistema jurídico – apresentado, assim, como fundamento do nosso Estado

Democrático de Direito, no art. 1º, III, de nossa Constituição Federal de 1988, - contudo,

são poucos os cidadãos que desfrutam do direito à vida segura e vivem em habitações

dignas. Ressalta-se que a habitação digna é uma das prioridades que a União definiu para a

realização de programas e políticas de desenvolvimento urbano. A nossa Carta Magna

também define como competência de todos os entes da Federação a promoção de

programas de construção de moradias e de melhoria das condições habitacionais e de

saneamento básico (CF, art. 23, IX).

Não obstante, a efetividade das normas constitucionais não depende somente da

produção normativa infraconstitucional, da criação de ordenamentos jurídicos que acabem

por dar densidade aos princípios e diretrizes constitucionais. Requer, sobretudo, que o

Estado busque incessantemente intervir nos processos e modelos econômicos, para criar

mecanismos de diminuição das diferenças e desigualdades sociais. É concebível, isso,

tendo em vista que nosso Estado Brasileiro não se apresenta com a filosofia Estado liberal.

É inegável os resultados até agora produzidos pelo Programa Minha Casa, Minha Vida,

no âmbito nacional, haja vista que já beneficiou mais de 1 milhão de brasileiros com renda

mínima não superior a três salários mínimos. E não há dúvida, de que ter o imóvel próprio é

um desejo que todo cidadão nutre para ter condições mínimas dignas de subsistência.

Porém, em termos de gestão e implantação municipal do programa, muitos entraves

precisam ser vencidos, principalmente no que tange ao baixo número de beneficiados e

qualidade dos imóveis construídos, para que a política pública de habitação não seja

apropriada para uso eleitoreiro e assistencialista. Observa-se que tal situação está presente

no município de Três Rios, haja vista a realidade apresentada no item anterior.

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A democracia participativa é viés legítimo de efetivação do direito à moradia, e uma

importante aliada no combate aos entraves que impedem que esse direito seja assegurado.

Dentro do processo da questão da moradia, a democracia participativa seria

fundamental para que as famílias contempladas nos programas habitacionais tivessem uma

efetiva participação no processo de construção da política habitacional.

O Plano Técnico Social de Trabalho operado pela Caixa Econômica Federal, na

implantação do programa habitacional no município conveniado, preconiza em suas

diretrizes a participação popular não só na forma como o plano será implantado, mas

também na fase de execução.

Destaca-se que o art. 44 da Lei n° 10.257/01 (Estatuto da Cidade), também traz em suas

diretrizes a importância da participação democrática da população no processo decisório. Diz:

No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de que trata a alínea f do inciso III do

art. 4o desta Lei incluirá a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as

propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como

condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.

Assim, resta claro que uma efetiva participação da sociedade como um todo, e

principalmente, das famílias que serão beneficiadas é de suma importância para resguardar

e assegurar um efetivo Estado Democrático de Direito.

Vale destacar nessa discussão a posição do Poder Judiciário, que é nesse momento,

um ator que pode cobrar dos órgãos governamentais a realização de suas respectivas

medidas administrativas, bem como é seu dever o controle judicial da atividade da

Administração Pública, para evitar desvirtuamentos fraudulentos na implantação do

programa, a citar: superfaturamento das obras, utilização eleitoreira do programa, baixo

alcance das metas a serem atingidas, entre outras situações que inviabilizam a real e plena

eficácia do programa, contribuindo para que o direito à moradia digna se torne uma

realidade do município de Três Rios.

REFERÊNCIAS

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(Org.). Direitos fundamentais sociais: estudos de direito constitucional e internacional comparado.

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Disponível em:

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SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 3 ed. rev. atual. e ampl. Porto

Alegre: Livraria do Advogado, 2003.