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Publicação de distribuição gratuita e exclusiva neste Congresso | www.spoftalmologia.pt ACEDA à VERSãO DIGITAL EDIçãO DIáRIA 5 D e z e m b r o | s e x t a - f e i r a CONTRIBUTOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS PARA UM CONGRESSO DE EXCELêNCIA A direção da SPO – nesta fotografia representada pelo Prof. Paulo Torres (à direita), presidente, e pela Dr.ª Isabel Prieto, secretária-geral – empenhou-se em trazer a este Congresso oradores de referência nas respetivas áreas. Os preletores das conferências que marcaram o dia de ontem são disso exemplo. O Dr. Francesco Carones (à esquerda), de Itália, falou sobre a importância do feedback do doente na cirurgia refrativa; o Prof. Boris Malyugin, da Rússia, abordou os desafios de operar pupilas pequenas; e o português Prof. António Marinho refletiu sobre o desi- derato de alcançar a emetropia Pág.4-5

a r i e f a t x Contributos naCionais e internaCionais ... · «interface vitreorretiniana: a ocriplasmina funciona?» ... Marinho, diretor do Serviço de Oftalmologia do Hospital

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Edição diária

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Contributos naCionais e internaCionais para um Congresso de exCelênCia

A direção da SPO – nesta fotografia representada pelo Prof. Paulo Torres (à direita), presidente, e pela Dr.ª Isabel Prieto, secretária-geral – empenhou-se

em trazer a este Congresso oradores de referência nas respetivas áreas. Os preletores das conferências que marcaram o dia de ontem são disso exemplo. O

Dr. Francesco Carones (à esquerda), de Itália, falou sobre a importância do feedback do doente na cirurgia refrativa; o Prof. Boris Malyugin, da Rússia, abordou os desafios

de operar pupilas pequenas; e o português Prof. António Marinho refletiu sobre o desi-derato de alcançar a emetropia Pág.4-5

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Tendo-se revelado uma iniciativa de sucesso, o curso «Angiografia diag-

nóstica em Consulta Geral de Oftalmo- logia» regressou ontem à 57.ª edição deste Congresso. «A direção da SPO de-cidiu repetir os cursos com melhor ava-liação em 2013, dando oportunidade a outros de poderem participar», explica o Prof. Carlos Marques Neves, oftalmolo-gista no Centro Hospitalar Lisboa Norte/ /Hospital de Santa Maria, e coordenador deste curso com o Dr. Joaquim Canelas e a Dr.ª Sara Vaz-Pereira.

Esta formação visou o update de conhe-cimentos sobre observação, interpre- tação e decisão diagnóstica, com base em exames angiográficos. Adotado o formato de «seminário interativo», o curso recorreu à apresentação e discussão «de casos clínicos elucidativos, o que acentuou a sua componente prática, essencial para uma correta avaliação e diagnóstico do doente», frisa Carlos Marques Neves.

Formação em angiograFia diagnóstica

dr. Joaquim prates Canelas, dr.ª sara Vaz pereira e prof. Carlos marques neves

Munido desses exemplos da prática clínica, este curso de nível médio/avan-çado abordou «as principais patolo- gias da componente vascular da reti- na», como a neuropatia diabética, a de-generescência macular da idade e as alterações vasculares da retina, através de um modelo de apresentação tripartida. «Cada palestrante abordou um des-tes três grandes capítulos», explica o coordenador.

Além de ser uma oportunidade para atualizar conhecimentos, esta ação permitiu familiarizar os oftalmologistas que se interes-sam pelas patologias da retina com as dire-trizes internacionais sobre diagnóstico e terapêutica. Carlos Marques Neves conclui: «À luz das últimas revisões das guidelines europeias, a angiografia fluoresceínica man-tém-se como o gold standard para a avalia-ção terapêutica e diagnóstica das patolo- gias vasculares da retina.» ana rita lúcio

No seguimento do estudo Microplas-min for Intravitreous-traction Rele-

ase Without Surgical Treatment (MIVI--TRUST), a ocriplasmina, um derivado truncado da plasmina com atividade enzi-mática vitreolítica, foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) como terapêutica das trações vitreomaculares focais, inferiores a 1 500 micras, quando acompanhadas de perturbações visuais e em situações de buraco macular inferior a 400 micras.

Esta terapêutica fragmenta a laminina e a fibronectina, que são responsáveis pela aderência do vítreo cortical à retina, e causa liquefação do vítreo. No MIVI-

desempenho da ocriplasmina na interFace vitreorretiniana-TRUST, verificou-se uma taxa global de resolução da tração vitreomacular focal em 26,5% dos doentes, e de encerra-mento de buracos maculares em 40,6%, aos 28 dias.

No Serviço de Oftalmologia que dirijo, utilizámos a ocriplasmina em 11 doentes, neste ano. Obtivemos libertação total da tração vitreomacular em quatro deles e libertação parcial em um, logo, um resul-tado positivo de 45,3%. Em outros centros europeus e nos EUA, as percentagens variam entre 26,5% e 80%, portanto, há muito a fazer, nomeadamente ao nível da melhor seleção dos doentes. Devemos considerar quatro critérios para terapêu- tica com ocriplasmina: idade inferior a 65 anos, inexistência de membranas epir-retinianas maculares, aderência macular inferior ou igual a 1 500 micras, doentes fáquicos e buracos maculares inferiores ou iguais a 250 micras.

Entre as reflexões que partilhei na pa-lestra (ver caixa), uma relaciona-se com vitrectomias a que submeti dois doentes, depois de a ocriplasmina durante quatro meses não ter funcionado. Concluí que estes doentes apresentavam vitreosquísis

e penso que este fármaco dificilmente terá efeito nestes casos. Este é, aliás, um tema que julgo nunca ter sido abordado objeti-vamente em nenhum estudo.

orador na palestra de abertura das sessões «interface vitreorretiniana: a ocriplasmina funciona?»

ConClusõEs • A nossa primeira experiência com ocriplasmina demonstrou um efeito anatómico e funcional significativo em muitos casos;• O refluxo não está relacionado com o produto que se injeta;• A ocriplasmina não resulta na maioria dos casos de trações vitreomaculares associadas a mem-branas epirretinianas;• A quantidade de ocriplasmina inje-tada tem influência nos resultados?;• O tratamento com esta substância não é adequado para buracos maculares superiores a 250 micras, pois o seu encerramento ocorre numa pequena percentagem de casos• Este fármaco dificilmente surte efeito em doentes com vitreosquísis;• O Ultrahigh resolution OCT imaging será no futuro um importante instru-mento para o estudo da interface vitreorretiniana e, provavelmente, permitirá uma melhor seleção dos doentes a tratar;• A ocriplasmina é segura e eficaz em casos selecionados.

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dr. daVid martinsdiretor do serviço de oftalmologia do Centro Hospitalar de setúbal

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curso sobre endoFtalmites pós-cirúrgicas

Pelo facto de ter suscitado bastante interesse no Congresso de 2013, a

formação sobre endoftalmites pós-cirúrgi-cas voltou a integrar o programa científi-co deste ano. A necessidade de atualizar conhecimentos sobre esta complicação também se deve ao facto de ser «uma ma-téria difícil e complexa», como a define a Dr.ª Manuela Bernardo, responsável pela Consulta de Inflamação Ocular do Serviço de Oftalmologia do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, na Amadora, e coor-denadora deste curso realizado ontem, juntamente com a Dr.ª Susana Teixeira, responsável pelo Departamento de Retina Médica e Cirúrgica do mesmo Serviço.

De acordo com Manuela Bernardo, «a endoftalmite é a complicação pós-cirúr-gica mais temida pelos oftalmologistas, sobretudo porque pode implicar a perda de visão». Manifestando-se, por vezes, de forma imprevista, esta complicação «pode surgir após qualquer cirurgia oftalmológica». Não obstante, para evitar que se desenvolvam endoftalmites, há

que ter em conta que «cada cirurgia tem as suas particularidades, tanto a nível de prevenção, como de resolução das infe-ções», acrescenta Susana Teixeira.

Neste curso, cada orador abordou o aparecimento desta complicação em diferentes tipos de cirurgia: catarata (Dr.ª Manuela Bernardo), glaucoma (Dr. Paulo Kaku), vitrectomia (Dr. João Nascimento), traumatismo (Dr.ª Susana Teixeira) e ainda injeções intravítreas (Dr.as Filomena Silva e Graça Pires).

Para Susana Teixeira, «abordar a im- portância das endoftalmites e consoli-dar os conhecimentos já existentes foi fundamental», nomeadamente à luz das novas recomendações internacio-nais. «Recentemente, foram revistas

e atualizadas algumas guidelines eu-ropeias, sendo que as principais novi-dades, em termos de prevenção, pren-dem-se com a cirurgia associada às cataratas e às injeções intravítreas.»

Nesta formação, prevenir foi mesmo a palavra de ordem entre formadores e formandos. «É necessário inves-tir mais na sensibilização, sobretudo dos oftalmologistas mais novos, por-que alguns gestos podem parecer pouco importantes, mas fazer, de-pois, toda a diferença na prevenção das endoftalmites», salienta Manuela Bernardo. Além das medidas preven-tivas, a importância de uma atuação imediata também esteve em destaque neste curso. ana rita lúcio

dr.ª susana teixeira dr.ª manuela bernardo

Inspirando-se nas viagens do explorador veneziano Marco Polo, o Prof. António

Marinho, diretor do Serviço de Oftalmologia do Hospital da Arrábida, guiou ontem os congressistas numa «Busca da emetropia». A história da cirurgia refrativa e os desafios que se colocam atualmente nesta área esti-veram em foco na sua conferência.

A viagem começou com as primeiras in-cisões radiais nas superfícies anteriores e

viagem em busca da emetropia

prof. antónio marinHo

posteriores da córnea, rea-lizadas na década de 1930, no Japão, com o objetivo de resolver o problema da mio-pia nos militares. Em 1974, com a reinvenção da que-ratotomia radial, «tudo pa-recia fácil», referiu e espe- cialista. Os resultados eram bons nos míopes baixos, e aceitáveis tanto nos míopes altos como nos doentes com astigmatismo, a curto prazo. No entanto, a cirur-gia refrativa incisional aca-baria por ser abandonada,

pois era pouco previsível e passível de dar origem a regressões.

Outro marco da história da cirurgia refrativa foi o aparecimento da querato-tomia fotorrefrativa (PRK, na sigla em inglês), uma técnica «simples de realizar, mas que causava dor, haze e regressão em ametropias altas». Seguiu-se o LASIK (laser-assisted in situ keratomileusis), uma técnica promissora, desenvolvida

em 1990, que não causa dor e proporcio-na uma recuperação rápida. No entanto, esta técnica também tem limitações, no-meadamente o facto de implicar que se-jam respeitadas a espessura, a curvatura e a topografia da córnea. Segundo António Marinho, o LASIK deve ser o standard de tratamento para casos de miopia até -5.00, hiperopia até +3.00 e astigmatismo até +/-5.00, se o leito estromal residual for de, no mínimo, 300 micras e se a curva-tura final estiver entre 36 e 48 graus.

Também as lentes fáquicas demonstra-ram ter limitações importantes. «A seleção dos doentes e das lentes deve ser cuidado-sa, a cirurgia deve ser perfeita e o doente deve ser seguido ao longo de toda a vida», sublinhou António Marinho. Apesar dos avanços das técnicas, a presbiopia perma-nece como um problema difícil de resolver. Segundo o orador, «o presby-LASIK ainda não é considerado uma técnica confiável, as lentes acomodativas não funcionam e as lentes multifocais são, atualmente, a melhor solução para grupos selecionados de doentes». luís garcia

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Doentes com pupilas pequenas são um desafio para a cirurgia de cataratas.

As complicações ocorrem, especialmente, durante a cirurgia de facoemulsificação. Es-tas complicações incluem aumento do risco de lesão da íris, hemorragia, prolapso devi-do a uma ou mais feridas, rotura da cápsula anterior, dificuldade de aspiração do córtex, bem como dificuldade com o posiciona-mento e alinhamento da lente intraocular no saco capsular.

Trabalhar com uma pupila com menos de 4.0 mm é um desafio técnico. Além disso, o diâmetro-padrão da pupila reco-mendado para uma cirurgia às cataratas por femtossegundo é de 5.0 mm, o que faz com que as pupilas pequenas constituam uma contraindicação formal para este tipo de técnica.

Os doentes com síndrome de íris flácida intraoperatória (IFIS, na sigla em inglês) poderão apresentar constrição progressiva pupilar durante a cirurgia, o que aumenta significativamente a hipótese de um pro-

O sucesso de qualquer cirurgia refra-tiva pode ser avaliado por vários ín-

dices ou resultados clínicos. A acuidade com melhor correção, a refração, a inde-pendência dos óculos, a taxa de compli-cações e os efeitos colaterais são apenas alguns exemplos. A avaliação da satisfa-ção do doente é, em última análise, uma dos meios mais importantes para avaliar a cirurgia refrativa.

De modo a averiguar a satisfação dos doentes, foi desenvolvido um questioná-

o desaFio de operar pupilas pequenas

importância do Feedback dos doentes na cirugia reFrativa

lapso da íris. Nestes casos, é utilizada uma abordagem por etapas para aumentar e manter o tamanho da pupila. Este fator melhora a visibilidade e diminui o risco de complicações como a IFIS.

O primeiro passo será utilizar fármacos midriáticos intracamerulares. Se a injeção intracamerular não produzir midríase sufi-ciente, prossegue-se com viscodilatação, libertação de sinequias posteriores, caso existam, e técnicas de alongamento da pupila, se apropriado. Ao utilizar um dispo-sitivo viscoadaptativo oftálmico (OVD, na sigla em inglês), o cirurgião deve ter em consideração que, normalmente, este tipo de substância viscocirúrgica não fica na câ-mara anterior durante a totalidade do pro-cedimento cirúrgico. Diminuir as taxas dos parâmetros fluídicos e de aspiração ajuda a reduzir a taxa de aspiração do OVD e dimi-nui a hipótese da aspiração da íris através da agulha de facoemulsificação.

Há vários dispositivos de expansão das pupilas disponíveis, como ganchos de

rio online para ser preenchido antes da cirurgia e três meses após. Trata-se de um questionário simples, de fácil compre-ensão e composto por seis perguntas. A primeira delas abrange 14 situações de visão-padrão para todas as distâncias (de «intermediário» a «perto»), com o obje- tivo de avaliar o uso de óculos através de cinco níveis (de «sempre» a «nunca»). A segunda e a terceira questões destinam- -se a avaliar a qualidade da visão em duas condições diferentes de luz, através de cinco níveis. As questões quatro e seis exploram a satisfação do doente e o poder de referência.

Este questionário foi preenchido por mais de 500 doentes, submetidos a dife- rentes procedimentos cirúrgicos refra-tivos, e os dados que obtivemos foram muito interessantes e úteis. Entre os diferentes procedimentos que temos dis-poníveis, e que nos permitem alcançar os mesmos resultados, conseguimos

metal ou plástico e anéis de íris. O anel Malyugin foi desenvolvido para proporcio- nar aos cirurgiões um dispositivo de confian-ça e de fácil utilização, expandindo a pupila até 7.0 mm e protegendo a íris de lesões. Este anel mantém a pupila dilatada e com um contacto mínimo com a íris, em compa-ração com outros tipos de anéis da córnea, o que reduz a fricção e torna a deterioração do esfíncter da íris menos provável.

identificar aquele que é mais satisfatório para os doentes. Uma informação fun- damental e que nos permitiu afinar as op-ções cirúrgicas que temos ao nosso dispor.

Este feedback também foi muito útil para o processo informativo e educacional de novos doentes. Estes confirmaram que os resultados do questionário foram um excelente guia para a tomada de deter- minadas decisões, bem como para com-preenderem o que poderiam esperar do procedimento cirúrgico a que iriam ser sujeitos. Desde que iniciámos este proto-colo, verificámos um aumento de 18% no número de consultas de cirurgia refrativa, e um aumento de 35% na taxa de conver-são para a cirurgia.

Em conclusão, esta abordagem siste-mática para avaliar o feedback dos doen-tes, após a cirurgia refrativa, permitiu-nos melhorar a eficiência da nossa prática, perceber melhor a satisfação dos doentes e aumentar o recurso à cirurgia.

preletor da conferência «small pupils: does size really matter»

preletor da conferência «The value of patient’s feedback in refractive surgery»

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dr. franCesCo Caronesdiretor médico do Centro oftalmológico Carones, em milão, itália

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prof. boris malyugindiretor-geral adjunto do s. fyodorov eye microsurgery federal state institution, em moscovo, rússia

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Na palestra de abertura das sessões da tarde de ontem, o Dr. Pedro

Candelária, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central/Hospital de São José, elencou as questões mais frequentes sobre a patologia da córnea. «DMEK (descemet’s membrane endo-thelial keratoplasty) ou DSAEK (des-cemet’s stripping automated endothe-lial keraplasty)?»; «Que critérios usar para saber se o queratocone está a evoluir ou não?»; «O que fazer primeiro: cross-linking e depois anéis ou anéis intracor-neanos e só depois o crosslinking?»

Sobre a primeira questão, o especialista não tem dúvidas de que o DMEK é me-lhor, mas tem uma curva de aprendizagem mais longa. E há outro problema, no curto prazo: «Gastam-se muito mais córneas ao fazer um DMEK, porque é mais fácil correr mal quando se tira o endotélio da córnea, o que, num país onde não existem córneas

perguntas Frequentes sobre patologia da córnea

dr. pedro Candelária

com fartura, pode ser controverso», indica Pedro Candelária. E acrescenta: «Se calhar, num país como o nosso, que não tem muita experiência, o DSAEK é melhor, mas temos de reconhecer que o DMEK é a cirurgia do futuro.»

Quanto aos critérios de avaliação do queratocone, este oftalmologista afirma que «são multifatoriais, devendo-se avaliar a acuidade visual e toda a parte clínica e não basear as decisões só num exame». Relativamente ao crosslinking, Pedro Candelária recomenda: «Pela experiên-cia que temos no nosso Serviço e mesmo internacionalmente, não se deve fazer cros-slinking a todos os doentes com querato-cone, mas somente nos mais jovens (ado-lescentes) e nas fases iniciais da patologia.»

Em casos muito avançados, o efeito do crosslinking «é muito imprevisível». Assim, perante um adolescente com queratocone em fase inicial, «deve-se

travar a sua evolução, fazendo cross-linking, e só depois aplicar os anéis». Nos idosos, «não faz sentido utilizar o cross-linking». Em crianças, o especialista acon-selha esta técnica, desde que se tomem algumas precauções. Cláudia azevedo

papel do laser na era anti-vegF

A relevância da utilização do laser no tratamento da retinopatia diabética

deu o mote ao «Almoço com a Sociedade Portuguesa Interdisciplinar do Laser Mé-dico (SPILM)», realizado ontem. O «pra-to forte» foi o debate em torno do papel que pode ser reclamado pelo laser, num momento em que tem sido dada prima-zia às terapêuticas baseadas nos fatores antiangiogénicos anti-VEGF (sigla em in-glês para fator de crescimento endotelial vascular).

«Na era anti-VEGF, parece que o laser caiu em desgraça», menciona o Dr. José Henriques, presidente da SPILM e um

drs. marco medeiros, rita gentil, José Henriques, João figueira e Vítor ágoas

dos moderadores da sessão. É certo que, «como demonstram os ensaios clínicos para tratar o edema macular diabético [EMD], a terapêutica anti-VEGF tem me-lhores resultados, quando comparadas com o laser clássico em monoterapia», reconhece o especialista.

No entanto, «o laser continua a ser muito importante no tratamento do EMD focal e da retinopatia diabética [RD] pro-liferativa, no controlo da isquemia retinia-na periférica e na preparação e durante a cirurgia de vitrectomia». Além disso, «os novos lasers “amigos da mácula” têm um papel muito interessante no tra-

tamento do EMD, como rejuvenesce- dores das células do epitélio pigmenta-do da retina». Finalmente, há que ter em conta que o laser atua como «coad-juvante dos anti-VEGF e corticoides, em combinação terapêutica».

«Com o advento de novas terapêuticas farmacológicas e de dispositivos de liber-tação lenta, o papel do laser tem sido pro-gressivamente reformulado», acrescenta o Dr. Marco Medeiros, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central e coordenador desta sessão. Face ao «caráter crónico e recorrente da retino-patia diabética» e aos constrangimentos económicos atuais, é importante ter «uma visão holística com a otimização dos vários algoritmos terapêuticos dispo-níveis», defende este oftalmologista.

Neste contexto, «o laser tem e con-tinuará a ter um papel preponderante na RD, nomeadamente na abordagem racio-nal de indução e manutenção de uma terapêutica combinada». A esse respei-to, Marco Medeiros destaca também «o aparecimento de novas modalidades de laser menos agressivas e mais incisivas, que vieram potenciar ainda mais a apli-cabilidade clínica desta ferramenta ímpar e contribuir para uma terapêutica da RD mais sustentável». ana rita lúcio

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novas tecnologias no cálculo das lentes intraoculares

O cálculo do poder dióptrico e a seleção adequada da lente intraocular (LIO)

estão entre as ferramentas mais importantes da cirurgia de catarata na atualidade. No cur-so que decorreu ontem, sob a coordenação da Prof.ª Filomena Ribeiro, oftalmologista no Hospital da Luz, em Lisboa, vários especia-listas falaram sobre a evolução tecnológica no cálculo das LIO e a sua aplicabilidade na prática clínica.

Esta formação foi organizada na continui-dade do curso «Biometria premium para lentes premium», realizado no Congresso do ano passado. À semelhança da edição anterior, esta formação também contou com

«Realçar a importância do diagnósti-co precoce, do encaminhamento

atempado e do tratamento adequado das principais patologias vitreorretinianas, no sentido de se obterem os melhores resul-tados, pondo em evidência as gravosas consequências quando tais pressupostos não são cumpridos.» De acordo com o Dr. João Neves Martins, coordenador do

atualização em patologias vitreorretinianas

Grupo Português de Retina-Vítreo da SPO e um dos moderadores, estes foram os principais objetivos da sessão «Retina after lunch», que decorreu ontem.

Num ambiente interativo, as apresenta-ções de vários especialistas foram claras e objetivas, deixando espaço para per-guntas e discussão dos temas apresen-tados (ver caixa). Segundo João Neves Martins, as problemáticas analisadas «são das mais atuais e importantes na

uma parte prática, com a apresentação de exemplos clínicos dos requisitos biométricos e do cálculo da lente nos casos complicados.

Destinado a todos os que se dedicam à cirurgia de catarata e implanto-refrativa, este curso foi pensado com o objetivo de «me-lhorar os resultados no cálculo da lente a implantar», refere Filomena Ribeiro. «A evo-lução tem sido tão grande nesta área que os cirurgiões acabam por perder o contacto com todas as novas tecnologias. É funda-mental fazer uma atualização das técnicas nestas reuniões científicas», sublinha.

Enquanto a primeira parte deste cur-so incidiu sobre as novas tecnologias de

cálculo das LIO, a segunda parte abordou os casos clínicos mais complicados. As primeiras intervenções ficaram a cargo de Filomena Ribeiro, que apresentou as evoluções mais importantes das fórmu-las de cálculo e as novas metodologias que implicam o uso do traçado de raios. Em seguida, intervieram a Prof.ª Maria Angeles del Buey (Saragoça, Espanha) e a Prof.ª Susana Marcos (Salamanca, Es-panha) sobre a aberrometria intraoperató-ria do OCT 3D e o futuro do cálculo da LIO.

Já a última parte do curso, mais prá-tica, contou com a participação de espe-cialistas portugueses e estrangeiros, que apontaram as técnicas cirúrgicas ade-quadas para resolver os casos clínicos mais complicados. Foram apresentados exemplos práticos relativos às altas ame-tropias, ao astigmatismo e aos casos pós--cirurgia refrativa da córnea.

«Tentámos fazer um ponto de situa-ção da evolução da biometria, apon-tando os caminhos evolutivos que têm surgido nesta área e as soluções mais adequadas para os casos clínicos di-fíceis», conclui Filomena Ribeiro. sofia Cardoso

• Degenerescência macular da idade (DMI) exsudativa• Esquemas de tratamento na DMI: quando parar?• Oclusões venosas e edema macu-lar diabético• Endoftalmites• Tração vitreomacular• Membranas epirretinianas• Hemovítreos• Hemorragias pré e subretinianas• Vitrectomia pediátrica

temas abordados

o dr. Wagner Zacharias foi um dos participantes no curso coordenado pela prof.ª filomena ribeiro. foram também oradores o prof. José salgado borges e as dr.as maria angeles del buey e susana marcos

drs. João figueira, Vítor ágoas, João neves martins e Carl Claes (no púlpito)

prática clínica e em que a precocidade no diagnóstico/referenciação/tratamento é fundamental».

Para este moderador, o facto de as opções terapêuticas não serem consen-suais em muitas destas patologias con-tribui para uma maior discussão entre os oftalmologistas que se dedicam mais à área da retina, algo «salutar para fomen-tar uma maior partilha de conhecimentos e experiências». marisa teixeira

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casos pediátricos «comuns e desaFiadores»

Na sessão «60 minutos com a Oftalmo-logia Pediátrica», que decorreu ontem,

foram abordados diversos casos clínicos, desde os mais simples aos mais comple-xos e desafiadores. O objetivo, segundo o Dr. Paulo Vale, coordenador do Grupo Por-tuguês de Oftalmologia Pediátrica e Estra-bismo da SPO e um dos moderadores, foi «promover a discussão, de modo a partilhar a experiência de cada Serviço de Oftalmo-logia e/ou especialista sobre as diferentes formas de chegar a um diagnóstico correto».

Partindo sempre de casos clínicos con-cretos, «foram abordados desde simples defeitos refrativos, até aos casos mais complexos e desafiadores, como o caso da criança com queixa de hipovisão ape-nas para longe (espasmo da acomoda-ção), ou apenas para perto (insuficiência da mesma)», descreve o especialista.

No que respeita aos casos mais sim-ples, foi discutida a necessidade da pres-crição ótica, bem como do tratamento dos diversos tipos de ambliopia. O dilema entre a exérese cirúrgica e o tratamento

conservador em patologias frequentes na criança, como os chalázios múltiplos, foi outro dos temas em foco. A mo- derar a sessão estiveram também a Dr.ª Alcina Toscano, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central, e o Dr. Augusto Magalhães, oftalmologista no Centro Hospitalar de São João, no Porto.

Numa sessão estruturada em apresenta-ção de casos clínicos e perguntas frequen-tes, foram discutidos temas como o colo-boma coriorretiniano, com investigação do envolvimento multissistémico e o follow-up oftalmológico; procedimento a ter perante um dacriocistocelo neonatal; quando recor-

rer à cirurgia numa exotropia intermitente. A distinção clínica entre um papiledema e um pseudopapiledema na criança também ocu-pou uma parte importante da sessão, com o intuito de identificar os meios mais adequa-dos para chegar ao diagnóstico correto.

O debate foi aberto à Oftalmologia ge-ral e a outras subespecialidades. «Os te-mas discutidos interessam não só a quem se dedica especificamente à Oftalmologia Pediátrica, mas também ao oftalmologista geral ou com outras áreas de interesse, que necessariamente não deixa de obser- var crianças com patologias comuns», justifica Paulo Vale. sofia Cardoso

drs. paulo Vale, alcina toscano e augusto magalhães (moderadores)

Este foi o tema da Conferência SOE [European Society of Ophtalmology] do

Jovem Investigador, proferida ontem pelo Dr. Vasco Miranda, oftalmologista no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo Antó-nio. O orador falou sobre o que são agentes

agentes biológicos nas uveítes pediátricas

dr. VasCo miranda

biológicos e porque estão a mudar o para-digma do tratamento da inflamação, nome-adamente a nível ocular. «Os biológicos são um grupo relativamente novo de fármacos, com uma década de utilização, mais dirigi-dos para tratar a inflamação, com menos efeitos laterais e com maior eficácia do que outros agentes terapêuticos», explicou.

Muitos destes agentes ainda estão em estudo, mas já têm uma década de expe-riência, «com excelentes resultados». No âmbito da Oftalmologia, os medicamentos biológicos «estão lentamente a mudar a for-ma de tratar as uveítes pediátricas, um caso especial, porque são raras e é muito compli-cado fazer estudos científicos para testar e aprovar medicamentos nas crianças».

Segundo Vasco Miranda, «prevê-se que, durante muito tempo, o tratamento das uve-ítes pediátricas seja uma indicação off-label dos biológicos». E adverte: «É preciso ter muito cuidado ao iniciar terapêuticas off-label nesta idade extremamente suscetí-vel. Mas, por outro lado, também é importante não privar as crianças de um tratamento que

pode ser extremamente benéfico. Há um equilíbrio muito delicado a ter quando se aplicam estes tratamentos novos e com poucos anos de seguimento em crianças.»

O conferencista falou também da experi-ência do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António, onde existe uma consulta especificamente dedicada às uveítes pediá-tricas, em colaboração com a Reumatologia Pediátrica, na qual «um grupo significativo de crianças» faz tratamento com agentes bioló-gicos. «Temos um equipamento que permite medir, de forma quantitativa, informação no segmento anterior do olho. Isto significa que permite medir, de forma muito objetiva, a efi-cácia do tratamento», relatou Vasco Miranda.

Este oftalmologista apresentou também a investigação que está atualmente a desenvolver no âmbito do tratamento das uveítes pediátricas com agentes biológi-cos. Os resultados, diz, «são excelentes», mas a grande questão reside em «determi-nar qual a menor dose possível e durante quanto tempo se pode fazer o tratamento sem efeitos laterais». Cláudia azevedo

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história da cirurgia oFtalmológica revisitada

Na sessão que ontem antecedeu a inauguração oficial do Congresso, foram revisitados «pedaços» da história da ci-rurgia oftalmológica. Intitulada «Apren-der com o passado para olhar o futuro», esta sessão contou com a participação de oftalmologistas de diferentes gerações. Os Profs. Joaquim Torres e Paulo Torres (pai e filho), a Dr.ª Isabel Prieto e o Dr. João Eurico Lisboa, acompanhado pelo filho, Dr. João Lisboa, e pela neta, Dr.ª Maria Lisboa intervieram nesta sessão.

Os momentos mais marcantes da his-tória da cirurgia da catarata, do glaucoma e da transplantação corneana foram re-cordados. Joaquim Torres lembrou que, na altura em que começou a exercer, «a córnea era intocável». Já Paulo Torres

sublinhou que, «em 1958, se fez o primei-ro transplante de córnea em Portugal».

Da época em que se formou, João Eu-rico Lisboa lembra-se de falarem de um cirurgião francês que dizia não existir técnica mais perfeita do que esta esta: «Metia-se uma faca de um lado ao outro e abria-se a córnea; alguns conseguiam meter um retalho de conjuntiva.» Além

deste exemplo, o oftalmologista que já passou a barreira dos 90 anos disse que, «no tempo do Dr. Gama Pinto, o doen-te chegava a ficar com um penso ocu-lar durante uma semana à espera que cicatrizasse».

Por sua vez, a Dr.ª Isabel Prieto alertou para a importância de as novas gerações de oftalmologistas conhecerem as expe-riências e as dificuldades do passado. «O conhecimento das técnicas antigas e das experiências passadas fornecem ensina-mentos, que tanto podem ser adaptados à prática clínica atual, como podem con-tribuir para o desenvolvimento de técni-cas atuais e futuras.»

Representando a mais jovem geração de oftalmologistas, Maria Lisboa salien-tou a exigência cada vez maior: «Se por um lado, temos uma acessibilidade enor-me à comunidade científica, o que requer de nós maior rigor, por outro lado, o do-ente é cada vez mais exigente e informa-do.» marisa teixeira e sofia Cardoso

prof. Joaquim torres, dr. João lisboa, dr.ª maria lisboa, dr.ª isabel prieto, prof. boris malyugin, prof. paulo torres (da esq. para a dta.) e dr. João eurico lisboa

Na última parte da sessão, a assistência teve oportunidade de assistir a um vídeo cirúrgico do Prof. Boris Malyugin, um cirurgião russo de renome mundial, conhe-cido pelo desenvolvimento de novos instrumentos e técnicas na área da cirurgia oftalmológica. No vídeo, foi demonstrada a aplicação de uma técnica inovadora de cirurgia da catarata desenvolvida recentemente por este oftalmologista.

inovação em cirurgia da catarata

a «Festa» dos 75 anos da spo

A sessão de abertura oficial do 57.º Congresso Português de Oftalmologia contou com intervenções da Dr.ª Isabel Prieto (secretária-geral da SPO), do Prof. Rui Proença (presidente do Colégio da Especialidade de Oftalmologia da Ordem dos Médicos), do Dr. João

Moura dos Reis (presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Algarve), do Prof. Paulo Torres (presidente da SPO) e do Prof. António Marinho (presidente honorário do Congresso) – na foto da esquerda. Em seguida, os oftalmologistas cantaram os parabéns à SPO, acompanhados pela música de violinos, e brindaram aos seus 75 anos, desejando-lhe um futuro ainda mais promissor. marisa teixeira

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oct em glaucoma – as diFerentes aplicações

Depois do sucesso da primeira edi-ção realizada no Congresso de

2013, o curso «OCT em glaucoma: uma tecnologia, várias aplicações» volta a decorrer. Entre as 9h00 e as 11h00 de hoje, na sala Gemini I, vários especia-listas vão discutir as diferentes apli-cações da tomografia de coerência ótica (OCT, na sigla em inglês) no diag-nóstico e no estudo da progressão do glaucoma.

O curso está dividido em quatro partes. A primeira consiste na descrição dos apa-relhos disponíveis no mercado, com base nas características das bases de dados de cada um. Segue-se uma intervenção sobre o diagnóstico do glaucoma, abordando a utilidade da OCT na tradicional avaliação da camada de fibras nervosas peripapilar e nos

avanços no estudo do nervo ótico e na sua recente aplicação na avaliação das células ganglionares maculares. Na terceira par-te, o Dr. Francisco Goñi, oftalmologista no Hospital de Mollet, em Barcelona, aborda a aplicação da OCT no estudo da progressão do glaucoma. Por fim, serão divulgadas as novas perspetivas em estudo na avaliação do glaucoma com OCT. A discussão de ca-sos práticos encerrará o curso.

A Dr.ª Isabel Lopes-Cardoso, oftalmolo-gista no Hospital de São Sebastião, em

drs. antónio melo, isabel lopes-Cardoso (coordenadora), sérgio estrela e lilianne duarte. ausentes da foto: drs. francisco goñi e Helena prior filipe

Santa Maria da Feira, e coordenadora do curso, frisa que a OCT «é uma tecnologia recente (apareceu nos anos de 1990), mas, na última década, tem evoluído de forma contínua». Com a mudança para a tecnolo-gia spectral domain, este exame «ganhou rapidez de aquisição e uma duplicação da resolução, resultando numa capacidade de análise muito maior das camadas da reti-na e do nervo ótico, o que o torna, neste momento, fundamental no diagnóstico e seguimento do glaucoma». sofia Cardoso

A ectasia progressiva iatrogénica é uma severa complicação pós-cirurgia de cor-

reção visual a laser, com incidência estima-da em torno de 0,5% dos casos de cirurgia LASIK (laser-assisted in situ keratomileusis). Esta complicação ocorre devido a uma fa-lência biomecânica do estroma da córnea, havendo o deslizamento interlamelar e inter-fibrilar do colagénio.

Os fatores de risco para ectasia podem estar relacionados com três situações distintas: 1) anomalias estruturais da cór-nea no pré-operatório, como queratocone (clínico ou subclínico); 2) severo impacto biomecânico da cirurgia e 3) traumatismo contínuo e intenso pós-cirúrgico, como o ato de coçar vigorosamente os olhos, em resposta à conjuntivite alérgica.

Screening avançado do risco de ectasia

A tecnologia de diagnóstico para ca-racterização da córnea no pré-operatório deve ser compreendida pelo cirurgião re-frativo, que tem o desafio diário de identi-ficar casos com alta suscetibilidade para ectasia. Houve uma significativa evolução da topografia (estudo da superfície an-terior) para a tomografia (estudo 3D). A topografia baseada na reflexão dos discos de Plácido é sensível para detetar anor-malidades em doentes com acuidade vi-sual e biomicroscopia normais. No entan-to, devemos entender que a presença de topografia normal não exclui uma elevada suscetibilidade para desenvolver ectasia.

Estudos em olhos com topografia normal de doentes com queratocone no outro olho demonstram maior precisão da tomografia de córnea. Entretanto, os casos de ectasia pós-LASIK com os dados tomográficos do pré-operatório possibilitam os maiores avanços para se caracterizar o risco de ectasia antes de cirurgias refrativas.

Com a câmara Oculus Pentacam, de-senvolvemos o display juntamente com o Prof. Michael Belin, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. Este com-bina as informações da elevação anterior e posterior e da distribuição paquimétrica.

O parâmetro Belin-Ambrósio D (BAD-D) é calculado por análise de regressão para maximizar a capacidade de diagnosticar ectasia. Estudos realizados pelo nosso grupo no Rio de Janeiro, que inclui o oftal-mologista português Dr. Fernando Faria Correia, apontam que o BAD-D maior do que 2,11 é critério de diagnóstico do que-ratocone, com sensibilidade de 99,59% e especificidade de 100%.

Para detetar os casos com topogrofia normal de doentes com queratocone clíni-co no outro olho, 1,22 como coorte fornece 93,62% de sensibilidade e 94,56% de es-pecificidade. Um estudo dos dados do pré--operatório de uma pool internacional, com 23 casos de ectasia pós-LASIK e 266 ca-sos estáveis pós-LASIK, encontrou critério de BAD-D maior do que 1,29, com 87% de sensibilidade e 92,1% de especificidade.

A combinação do BAD-D com a idade e o leito residual possibilita um aumento significativo na performance. Tais dados demonstram que o screening para o risco de ectasia deve combinar as característi-cas da córnea com o impacto da cirurgia, sendo esta a linha de trabalho BrAIN (Bra-zilian Study Group For Artificial Intelligence In Corneal And Ocular Imaging).

orador da palestra de abertura das sessões da manhã, às 8h30, na sala pégaso

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prof. renato ambrósio Jr.Vice-presidente do Conselho brasileiro de oftalmologia

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Luz, em Lisboa. Abordando o tema «Sutura de feridas em cirurgia oculo-plástica», estes dois especialistas vão falar sobre «a escolha dos fios e agu-lhas, as diversas técnicas de sutura contínua ou em pontos separados, os pontos em U e a questão de quando remover as suturas», antecipa Ricardo Dias. marisa teixeira

São várias as doenças que vão estar em discussão neste curso, como a arterite de células gigantes e as suas manifesta-ções oftalmológicas; o papiledema e as suas várias causas; a síndrome de Hor-ner, quando associada à dissecação da carótida; a síndrome do seio cavernoso; a síndrome do ápex da órbita; o acidente vascular cerebral (AVC) com manifesta-ções neuroftalmológicas, nomeadamente as occipitais e do tronco cerebral.

Estas patologias vão ser abordadas por vários oftalmologistas, nomeadamente o Dr. Vítor Leal (Centro Hospitalar de São João, no Porto), a Dr.ª Lígia Ribeiro (Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho), o Dr. João Paulo Cunha (Centro Hospitalar de Lisboa Central/Hospital de Santo António dos Capuchos), o Dr. Filipe Silva (Hospi-tal Beatriz Ângelo, em Loures), o Dr. João Costa (Centro Hospitalar de Lisboa Central/ /Hospital Dona Estefânia) e o Dr. Pedro Fonseca (Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra). A formação conta ainda com a participação da Dr.ª Cláudia Pereira, neuror-radiologista no Centro Hospitalar do Porto/ /Hospital de Santo António. Joana C. lopes

doenças neuroFtalmológicas de urgência

O curso «Neuroftalmologia de urgên-cia» decorre entre 9h00 e as 11h00,

na sala Gemini II, e é coordenado pelas Dr.as Olinda Faria e Dália Meira, respetiva-mente oftalmologistas no Centro Hospitalar de São João, no Porto, e no Centro Hospi-talar de Vila Nova de Gaia/Espinho. Sendo uma novidade nos congressos da SPO, esta formação destina-se «a todos os oftalmolo-gistas e não exclusivamente a internos ou neuroftalmologistas», sublinha Dália Meira.

O principal objetivo deste curso con-siste em «relembrar a clínica e a forma de abordagem das patologias neurof-talmológicas de urgência», alertando para o perigo dos diagnósticos não atempados ou errados. «No fundo, que-remos relembrar como se devem abor-dar as patologias e como iniciar o tra-tamento ou a orientação, dependendo do problema em causa», esclarece a coordenadora.

revisão das técnicas de sutura

Entre as 9h00 e as 11h00, a sala Del-fim recebe o curso «Fios e Suturas»,

inserido na série de três sessões forma-tivas que ocupam a manhã de hoje. Inci-dindo sobre as técnicas de sutura, bem como as características dos materiais e instrumentos utilizados, esta formação dirige-se, primordialmente, a internos e recém-especialistas.

«É uma oportunidade para os oftalmo-logistas mais jovens aprenderem como, em casa, podem treinar as suturas em vários materiais especialmente escolhi-dos por se assemelharem aos tecidos do organismo humano.» Quem o assegura é o Dr. Ricardo Dias, oftalmologista no Centro Hospitalar de São João, no Porto, e coordenador deste curso.

Com o intuito de demonstrar, apro-fundar e sistematizar a aplicação práti-ca dos conhecimentos nesta matéria, a formação recai, primeiramente, sobre as características dos materiais e sua ma-nipulação. Na abordagem a este tema ministrado por Ricardo Dias serão apre-

sentadas, de forma didática e sintética, «as principais características das agu-lhas e dos fios mais usados em cirurgia oftalmológica».

A sessão prática conta ainda com o contributo dos Drs. Guilherme Castela e João Cabral, oftalmologistas, respeti-vamente, no Centro Hospitalar e Uni-versitário de Coimbra e no Hospital da

drs. lígia ribeiro, João paulo Cunha, olinda faria (coordenadora), pedro fonseca, dália meira (coordenadora) e João Costa. ausentes da foto: drs. filipe silva, Cláudia pereira e Vítor leal

drs. ricardo dias (coordenador) e guilherme Castela. ausente da foto: dr. João Cabral

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As doenças degenerativas da retinaafetam milhões de pessoas em todo

o mundo e fazem parte de um conjunto de doenças incuráveis que evoluem gra- dualmente para cegueira. A degene-

Após 15 anos de investigação e de-senvolvimento, a Second Sight apre-

sentou o primeiro tratamento aprovado para recuperar parcialmente a visão de pessoas cegas. Trata-se do Argus® II Retinal Prosthesis System, que permite que doentes cegos realizem determina-das tarefas visuais, tais como identi-ficar entradas de portas, orientar-se em passeios e ler palavras grafadas em letras grandes.

Num olho saudável, as células da re-tina, chamadas de fotorrecetores, con-vertem a luz em impulsos eletroquímicos enviados para o cérebro, que, por sua vez, os processa em imagens. Patolo-gias como a retinose pigmentar podem causar cegueira, devido à morte desses mesmos fotorrecetores. A retinose pig-mentar é a doença degenerativa here-ditária da retina mais comum. Uma em cada 5 000 pessoas (aproximadamente 1,5 milhões de pessoas em todo o mun-do) é afetada por este distúrbio metabóli-co progressivo.

terapias genéticas aplicadas às doenças da retina

visão artiFicial com as próteses retinianas argus® ii

rescência macular relacionada com a idade, a retinopatia diabética, a retinite pigmentosa, a coroideremia, a doença de Stargardt, a retinopatia prematura e a doença de Best constituem um sub-grupo de doenças degenerativas da re-tina, nas quais a função fisiológica do epitélio pigmentar da retina (EPR) está afetada.

O nosso grupo de investigação tem um vasto conhecimento das proprieda-des biológicas e funcionais das células do EPR, tanto em condições fisiológicas como patológicas. Temos estudado prin-cipalmente a patogénese da coroidere-mia – uma doença monogenética her-dada pelo cromossoma X e causada por mutações no gene, que codifica para a

O Argus® II Retinal Prosthesis Sys-tem consiste num implante que é inse-rido cirurgicamente na retina. Para os cirurgiões especializados nesta área, o procedimento é simples e dura, ge-ralmente, menos de três horas, sendo realizado sob anestesia geral. Após a cirurgia, o doente pode ter de perma-necer no hospital por mais uma noite. Além do implante retiniano, o doente usa óculos munidos de uma câmara. Um microcomputador, colocado no cinto, processa os sinais emitidos pela câma-ra, enquanto uma antena nos óculos transmite esses mesmos sinais ao im-plante, através de um sistema sem fios. Por seu turno, o implante envia impulsos elétricos ao cérebro, permitindo ao doen-te reconhecer padrões de luz.

Este sistema não substitui comple-tamente a visão natural, pelo que os doentes frequentemente têm de apren-der a interpretar esses padrões de luz. Em sessões de treino realizadas passo a passo, após a cirurgia, os doentes

proteína Rab escolta 1 (REP-1, na sigla em inglês). Produzimos também uma sé-rie de estirpes de ratos que reproduzem a doença humana e que servem de plata-formas para novos estudos sobre patogé-nese e novas terapias.

A minha conferência incidirá sobre o trabalho desenvolvido pelo nosso grupo durante 20 anos, que culminou recen- temente num ensaio clínico para a tera- pia génica em coroideremia. Este en-saio, um dos primeiros a nível mundial sobre a aplicação da terapia génica em doenças da retina, está em fase de fina- lização e tem resultados muito promis-sores. É possível que estas doen- ças sejam curáveis por este meio, num futuro próximo.

aprendem a interpretar esses padrões visuais, recuperando, assim, a visão fun-cional até certo ponto. A visão artificial deve, no entanto, permitir que os doen-tes sejam mais independentes, interajam socialmente de forma mais facilitada e ganhem também maior mobilidade. Inte-grar o sistema Argus® II nas suas vidas quotidianas exige investimento de tempo por parte dos doentes, de modo a que obtenham o máximo benefício visual possível.

preletor da conferência que decorre entre as 11h30 e as 11h55, na sala gemini

preletor da conferência «artificial vision», que decorre entre as 11h55 e aas 12h20, na sala gemini

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prof. miguel seabrafaculdade de Ciências médicas da universidade nova de lisboa

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odr. marCo muradiretor do Centro de retina do Zonnestraal eye Hospital, em amesterdão

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O tema da globalização faz todo o sen-tido no contexto deste Congresso e

da mobilidade de profissionais de saúde que existe atualmente. Afinal, foi Portu-gal que, no século XIV, iniciou o processo de globalização que estamos a viver ago-ra. Por outro lado, no final do século XX, começámos a assistir a uma nova etapa deste processo, que nos traz novos de-safios e oportunidades: a grande mobi-lidade, não só de projetos económicos e comerciais, mas sobretudo de pessoas, e nomeadamente de profissionais de saúde.

Os trabalhos de investigação que estão a ser desenvolvidos no âmbito deste pro-cesso de globalização serão abordados

desaFios da globalização em oFtalmologiadurante a minha conferência. Farei uma apresentação do projeto que a minha equipa de investigação em São Paulo está a desenvolver, em conjunto com o Prasad Eye Institute, da Índia, e a equi-pa liderada pelo Prof. Joaquim Murta, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que tem o apoio da Fundação Champalimaud. Este é exemplo de um projeto transcontinental que tenta juntar as diferentes experiências dos vários países, com o objetivo comum de traba-lhar para a preservação da visão de for-ma integrada.

Na sequência deste projeto, apresen-támos, no passado mês de novembro, um projeto no Brasil, no Estado do Ama-zonas, também apoiado pela Fundação Champalimaud, que envolveu a participa-ção de um grupo de cirurgiões de Portu-gal e da Índia, e que está a desenvolver uma série de trabalhos na área da trans-ferência tecnológica. Todos estes proje-tos são fruto da globalização.

Contudo, apesar do investimento na investigação, a assistência médica ainda não consegue responder adequada- mente às necessidades da sociedade. Na minha conferência, vou mostrar um artigo muito recente de um jornal, que diz que

as famílias portuguesas gastam cada vez mais dinheiro em cuidados de saúde. É preciso refletir sobre este problema e dis-cutir as estratégias que podem ajudar a proporcionar uma Oftalmologia mais mo-derna e eficiente, a um custo que a socie-dade possa pagar.

Quando falamos em tecnologia, ten-demos a pensar em máquinas, mas a tecnologia mais importante é a dos recursos humanos. É fundamental pre- parar as equipas de saúde e, em parti-cular, da Oftalmologia, para que pos-samos ter um número muito maior de pessoas a trabalhar de forma integra-da. Nos últimos 30 anos, o número de doenças que um médico pode tratar aumentou em 80%.

Se até há muito pouco tempo o médico olhava para muitas doenças oftalmológi-cas e considerava que não havia nada para tratá-las, agora já não. O número de profissionais envolvidos no tratamento destas patologias tem de ser muito maior. Atualmente, ainda existe uma carência muito grande de oftalmologistas, em mui-tos países, inclusivamente nos Estados Unidos e em Inglaterra. É preciso refor-mular a distribuição dos recursos huma-nos em Saúde.

preletor da conferência spo/cunha-vaz, que decorre entre as 12h20 e as 13h00, na sala gemini

o essencial sobre anisocória

Na palestra que abre as sessões da tarde, entre as 14h30 e as 14h45,

na sala Pégaso, o Dr. Pedro Fonseca, oftalmologista no Centro Hospitalar e Uni-versitário de Coimbra, vai apresentar o essencial sobre a anisocoria. Durante 15 minutos, serão discutidas as causas mais frequentes e todos os passos fundamen-tais para um diagnóstico correto.

De acordo com este especialista, a grande maioria dos casos de anisocória são «situações benignas e de diagnóstico simples, baseado na história clínica e na observação cuidadosa dos reflexos pupi-lares». «Só em raras situações, poderá ser necessária uma investigação adicio-nal com testes farmacológicos ou exames de neuroimagem.»

Nesta apresentação, serão abordadas as causas mais comuns de anisocória,

distinguindo as situações em que os reflexos fotomotores são simétricos e estão preservados daquelas em que o reflexo se encontra unilateralmente redu- zido ou abolido. Pedro Fonseca apre-sentará ainda um algoritmo diagnóstico prático e os testes farmacológicos que são úteis para a confirmação diagnós- tica. «Este algoritmo pretende enfatizar os aspetos clínicos indispensáveis para o diagnóstico diferencial», justifica o orador.

A palestra encerrará com uma discus-são sobre as raras situações em que os exames imagiológicos são essenciais. Pedro Fonseca antecipa: «Existem ca-sos selecionados, em que os exames de neuroimagem são indispensáveis e serão abordados os tipos de exames que devem ser solicitados nestes casos.» sofia Cardoso dr. pedro fonseCa

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prof. rubens belfort Juniorpresidente da associação paulista para o desenvolvimento da medicina e professor do departamento de oftalmologia da universidade federal de são paulo (brasil)

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uveítes revisitadas em 60 minutos

Ao longo da sessão intitulada «60 minutos com a inflamação ocular»,

que decorre entre as 14h30 e as 15h30, na sala Gemini, vão ser colocadas dez questões que pretendem abarcar os prin-cipais tópicos da abordagem às uveítes. «Trata-se de um tema extenso, portanto, optámos por selecionar as perguntas que

prof. rui proença e dr.ª manuela Carmona (moderadores). ausentes da foto: drs. paulo mesquita marques (moderador), isabel domingues, luís torrão, manuela bernardo, marta guedes, mun faria, olga berens, Vanda nogueira e Vasco miranda

considerámos mais pertinentes neste contexto, que serão respondidas por oftalmologistas de reconhecida compe-tência nesta área», explica a Dr.ª Manuela Carmona, oftalmologista em Lisboa e uma das moderadoras.

Assim, ao longo de uma hora, os con-gressistas podem participar numa ses-

são bastante prática, obtendo respostas objetivas e concisas sobre a abordagem das uveítes. «O cariz prático é, de facto, o principal aspeto da estrutura desta ses-são. Colocaremos dez perguntas, cujas respostas não podem ultrapassar os três minutos, para que, no final de cada uma delas, haja também oportunidade de dis-cutir o assunto com a assistência», acres-centa Manuela Carmona.

Como tratar a toxoplasmose, em que situações se deve suspeitar de uveíte em doentes com tuberculose e os aspetos oftalmológicos que são relevantes nos doentes com VIH (vírus da imunodeficiên-cia humana) vão ser alguns dos assun- tos apresentados. O Dr. Paulo Mesquita Marques (oftalmologista no Centro Hospi-talar do Porto/Hospital de Santo António) e o Prof. Rui Proença (oftalmologista no Hospital de Braga) são os outros dois mo-deradores desta sessão. marisa teixeira

• Leucocoria de lesões simuladoras de retinoblastoma;• Degenerescência macular da idade (DMI) hemorrágica, que pode simular um melanoma no adulto;• Lesões da órbita e da conjuntiva, nomeadamente tumores da glân-dula lacrimal e do tecido conjuntivo.

patologias em destaque

tumores oculares em discussão

Na sessão que decorre entre as 15h30 e as 16h30, na sala Gemini, vários oftal-

mologistas vão apresentar as principais «pistas» para diagnosticar um tumor ocular atempadamente e todos os passos que de-verão seguir para orientar da melhor forma os doentes. Serão destacados os proble-mas diários com os quais os oftalmologis-tas se deparam na abordagem dos diferen-tes casos de oncologia ocular (ver caixa).

«A partir de situações oncológicas es-pecíficas, na criança e no adulto, vamos discutir, em conjunto, os passos mais indicados a seguir e apontar a melhor solução para cada caso», adianta a Dr.ª Maria Araújo, assistente graduada de Oftalmologia no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António, e uma das moderadoras da sessão, a par dos Drs. João Cabral e Guilherme Castela.

O objetivo é gerar uma discussão aber-ta. «Pretendemos partilhar ideias e dúvi-das para, em conjunto, decidirmos qual o melhor caminho em cada situação onco-lógica. Por isso, deverão participar nesta sessão todos os oftalmologistas que te-nham dúvidas para esclarecer, bem como

aqueles que considerem que a sua experi-ência poderá trazer informações pertinen-tes para o debate», elucida a moderadora.

Os vários oradores (Drs. Ana Magriço, António Friande, António Ramalho, Augusto Magalhães, Filipa Ponces, Filipa Rodrigues, João Cabral, Joel Ferreira, Rui Tavares e Sandra Prazeres) são pro-venientes de diferentes zonas do País, o que, na opinião de Maria Araújo, «é fun-damental». E explica: «Muitas vezes, os médicos de hospitais periféricos encami-nham casos de suspeita de lesão ocular para os hospitais centrais, quando essas lesões poderiam ser tratadas mais perto da área de residência do doente, com ga-nho para todos.»

Em suma, esta sessão visa contribuir para a prática clínica em três principais as-petos: o diagnóstico precoce dos tumores

em Cima: drs. rui tavares, filipa ponces, sandra prazeres, guilherme Castela (moderador) e João Cabral (moderador)em baixo: drs. filipa rodrigues, maria araújo (moderadora) e antónio friandeausentes da foto: drs. antónio ramalho, ana magriço, augusto magalhães e Joel ferreira

oculares mais frequentes; uma decisão mais rápida relativamente ao tratamento; e a possibilidade de acompanhamento do doente no hospital mais próximo da sua área de residência. Por isso, todos os oftalmologistas são convidados a assistir e não apenas os que se dedicam à onco-logia ocular. sofia Cardoso

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nadora revela que o objetivo do workshop passa por dotar os participantes de ferra-mentas que os ajudem a veicular as suas mensagens, «para que estas sejam, efeti-vamente, captadas pela audiência».

O mais importante é que «as informa-ções relevantes possam ser transmitidas e recebidas de um modo mais fluente, sele-tivo e dirigido ao público-alvo», acrescenta Marta Vila Franca. Em função disso, a ses-são incide «tanto ao nível do suporte vi-sual da apresentação, promovendo a ela-boração de slides apelativos e didáticos, como ao nível da atitude do comunicador e da sua oralidade, incluindo a organização dos conceitos e das ideias a transmitir».

Em conclusão, Nuno Gomes reforça que abordar as estratégias de comu- nicação é essencial, visto que, «du-rante a formação dos oftalmologistas, recebe-se pouca informação sobre como realizar e apresentar um trabalho num congresso ou reunião». E acrescen-ta: «Nos últimos anos, o número de tra-balhos apresentados por oftalmologis-tas portugueses, tanto em Portugal como no estrangeiro, tem crescido exponencial-mente. Esta formação visa, assim, tentar fornecer algumas armas para tornar as nossas apresentações mais interessan-tes e apelativas.» ana rita lúcio

WorkShop de comunicação cientíFica interpares

Porque saber comunicar também é uma ciência, o workshop de desen-

volvimento profissional contínuo, que se realiza entre as 14h30 e as 16h30, na sala Neptuno, promove a aquisição, consolida-ção e aperfeiçoamento de competências comunicacionais interpares. Subordinada ao tema «A arte de comunicar: dicas e fer-ramentas», esta formação de cariz marca-damente prático «visa abordar alguns dos aspetos fundamentais da elaboração de uma apresentação científica».

Quem o afirma é o Dr. Nuno Gomes, oftalmologista no Hospital de Braga, incumbido de coordenar a sessão, em conjunto com a Dr.ª Helena Prior Filipe e a

Dr.ª Marta Vila Franca, ambas oftalmo- logistas no Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, em Lisboa. Este work-shop conta ainda com a intervenção da Dr.ª Helena Donato, diretora do Serviço de Documentação e Informação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

De acordo com Helena Prior Filipe, tra-ta-se de «uma oficina de trabalho hands on, em que os participantes podem intera-gir entre si, treinando a aplicação de téc-nicas que promovam o sucesso das suas apresentações científicas». Sublinhando que o êxito, nesta matéria, «depende não só do conteúdo, mas também da forma como este é comunicado», esta coorde-

drs. nuno gomes e Helena prior filipe (moderadores). ausentes na foto: drs. marta Vila franca (moderadora), paulo lopes e Helena donato

uma hora de discussão sobre glaucoma

A sessão «60 minutos com glaucoma», que decorre entre as 17h00 e as

18h00, na sala Gemini, é uma iniciativa do Grupo Português de Glaucoma (GPG) da SPO e tem por objetivo «trazer para a discussão situações da prática clínica oftalmológica, de forma descomplexada e interativa». Assim o garante a Dr.ª Maria da Luz Freitas, oftalmologista no Hospi-tal da Arrábida, no Porto, que é também coordenadora do GPG e moderadora desta sessão.

A moderação está também a cargo do Dr. João Lisboa e do Dr. José Cotta, res- petivamente do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) e do Hospital da Lapa, no Porto. A sessão conta com as intervenções da Dr.ª Manuela Carvalho

(Hospital dos Serviços de Assistência Médico Social do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas), do Dr. Pedro Faria (Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra), do Prof. Luís Abegão Pinto (CHLC) e do Dr. Nuno Lopes (Hospital de Braga).

Nesta hora de discussão e partilha so-bre os hot topics do glaucoma, estarão em análise «a importância da paquimetria, o algoritmo de decisão cirúrgica no glauco-ma primário de ângulo aberto e o algoritmo

em Cima: drs. manuela Carvalho, José Cotta (moderador) e João lisboa (moderador)em baixo: dr. pedro faria, prof. luís abegão pinto, dr. nuno lopes e dr.ª maria da luz freitas (moderadora)

de decisão cirúrgica no encerramento do ângulo», elenca Maria da Luz Freitas. Voltando a sublinhar a interatividade des-tes «60 minutos com glaucoma», a es-pecialista avança que «os casos clínicos serão comentados e moderados por um painel de oftalmologistas experientes em glaucoma». Por seu turno, «a assistên-cia poderá também contribuir ativamente para o debate, participando através do televoto». ana rita lúcio

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cirurgia oculoplástica na paralisia Facial

As técnicas cirúrgicas oculoplásticas realizadas no âmbito da paralisia facial

vão ser revistas no curso que decorre entre as 17h00 e as 18h00, na sala Neptuno. A Dr.ª Sandra Prazeres, coordenadora do Grupo de Oculoplástica e Órbita da SPO e oftalmologista no Centro Hospitalar de Gaia/Espinho, coordena esta formação.

Inicialmente, será feita uma revisão teóri-ca da cirurgia oculoplástica e expostas «téc-nicas cirúrgicas para restabelecer a função protetora das pálpebras e melhorar o aspe-to estético dos doentes», antecipa Sandra Prazeres. O exame clínico, o tratamento mé- dico e a aplicação de toxina botulínica serão os conteúdos abordados por esta oftalmologista. As diferentes técnicas cirúrgi-cas serão apresentadas por mais quatro especialistas de diferentes serviços do País.

A exposição sobre a tarsorrafia ficará a cargo da Dr.ª Mara Ferreira, oftalmologista no Hospital da Luz, em Lisboa. A Dr.ª Sara

Ribeiro, oftalmologista no Centro Hospita-lar de São João, no Porto, falará sobre o peso palpebral, e o Dr. Rui Tavares, oftal-mologista no Hospital de São Teotónio/Vi-seu, sobre a mullerectomia. O ectrópio pa-ralítico será abordado pelo Dr. Guilherme Castela, oftalmologista no Centro Hospita-lar e Universitário de Coimbra.

A cirurgia para a ptose do supracílio será a última apresentada neste curso,

por Sandra Prazeres. Esta especialista sublinha a razão por que deverão os con-gressistas participar neste curso: «É uma excelente oportunidade para rever e atu-alizar conhecimentos no âmbito da cirur-gia oculoplástica na paralisia facial. Serão revistas variadas técnicas cirúrgicas que temos à nossa disposição atualmente, que são essenciais na melhoria funcional e estética desta patologia.» sofia Cardoso

drs. rui tavares, sandra prazeres (coordenadora), sara ribeiro e guilherme Castela. ausente da foto: dr.ª mara ferreira

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posta por Helena Prior Filipe, «assume as lentes de contacto como a causa principal das síndromes de olho seco», explica o coordenador.

Abordando a segunda vertente, Maria João Furtado vai defender que as LC «são um fator adjuvante e concomitante do agra-vamento de outras causas de olho seco». Entre essas outras patologias que podem ser agravadas pela utilização de LC estão «o olho seco evaporativo e por défice de produção», adianta Pedro Rodrigues.

Dirigido «a toda a comunidade de oftal-mologistas», este curso incide sobre situ-ações que aparecem muito frequentemen-te no quotidiano dos oftalmologistas. Em jeito de conclusão, o moderador reforça: «É sistemático verificar que a sintomato-logia do olho seco se manifesta mais pre-cocemente e de forma mais exuberante e limitativa em pessoas que usam habitual- mente lentes de contacto.» ana rita lúcio

atualização sobre contactologia e superFície ocular

O impacto que a utilização de lentes de contacto (LC) tem sobre a su-

perfície ocular é o foco do curso que se realiza entre as 17h00 e as 18h00, na sala Vega. Esta formação debruça-se, especialmente, sobre a «relação entre o uso das lentes de contacto e a síndro-me de olho seco», afirma o Dr. Pedro Rodrigues, oftalmologista na Unidade Local de Saúde de Matosinhos/Hospital Pedro Hispano e coordenador do curso.

Também participam nesta sessão as Dr.as Helena Prior Filipe e Maria João Furtado, oftalmologistas, respetivamente, no Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, em Lisboa, e no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António.

Pedro Rodrigues fará «uma revisão sobre os efeitos das LC na lágrima, na superfície ocular externa e a fisiologia corneana». Este curso colocará ainda em confronto duas vertentes. A primeira, ex-

drs. pedro rodrigues (coordenador), maria João furtado e Helena prior filipe, juntamente com o presidente da spo, prof. paulo torres

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