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A Saga de um Novo Ocaso
A Saga de um Novo Ocaso A peça contém 32 Personagens divididas em 23 pequenas
cenas e esquetes. Podendo ser encenado com no mínimo 10
Atores. A Trilha Sonora é feita somente de músicas
Instrumentadas. O cenário terá uma grande estrutura
simbolizando uma faixada de prédio. Uma Cabine Telefônica, e
um poste sinalizando a direção do metrô.
Cena 1 – Cotidiana Rotineira
Barulho de trem, e de trânsito. Uma fila de pessoas viradas pra
plateia. Fingindo movimentação de metrô. Pessoas apertadas, gente
dormindo, uns lendo jornal, um ouvindo musica, gente observando,
sorrindo , chorando, resmungando. Gente bem vestida, sujas,
pessoas se cumprimentando, vendendo balas.
Música 1 – Vinheta de Trem
Em fila na sequencia da esquerda para a direita estão em cena Dona
Fátima, seu Henri, Dona Socorro, as crianças Pedro e Abel, Paola,
Conrado e Charles, e mais alguns figurantes. Em alguns momentos
acontecem uns solavancos e todos se movimentam igualmente.
Todos falam olhando para a plateia, não interação entre si.
Música 2 – Encontros e Despedidas Instrumental Maria Rita ao
fundo.
Dona Fátima – A sirigaita do 42 já está aqui se engraçando pro Seu
Henri, antes mesmo da mulher moribunda dele ter falecido.
Vagabunda. (pausa)
Henri – Senhor me perdoe pelo adultério. Mas minha mulher já está
nas ultimas. O que faço? Estou tão perdido. Seria pecado eu cometer
adultério mesmo com ela já desenganada? Estou com tanta saudade
de ouvir a voz daquela garota. Será que hoje eu ligo pra ela? (pausa)
A Saga de um Novo Ocaso
Socorro – Coitado do seu Henri. Já quase viúvo, e ai um coroa
enxutão. Desperdício! Acho que hoje farei uma torta e o levarei em
casa. (Solavanco) (olha pro filho) Abel, venha pra cá! Segure-se para
não cair.
Abel – Mas eu estou brincando mãe.
Socorro – Não quero se suje brincando junto desse moleque. Venha!
Pedro – Deixe ele brincar comigo?
Fátima – Que história é essa Pedro? Venha aqui!
Pedro – Tchau Abel, nos encontramos à tarde. (Abel dá com a mão e
vai pra junto da mãe, Pedro vai pra junto de Dona Fátima). (pausa)
Paola – (Sorrindo) É Hoje! Finalmente o encontrarei. (admirada)
Nossa esperei tanto tempo por isso! O que eu falarei? Será que ele
irá gostar de mim? (o trem dá um solavanco, todos pulam, alguns se
empurram estressados). (pausa)
Conrado – Por que tanta gente mal humorada nesse trem e nas ruas
logo cedo? Quanto estresse, tristeza e depressão. Será que ninguém
já sorriu hoje? Deu um abraço ou já deu algum bom dia a alguém?
(ele olha Abel e Pedro, rir). Por isso que eu fico com a pureza da
resposta das crianças. Pelo menos elas ainda são inocentes. (pausa)
Charles – Oh meu amigo, onde será que você está? Penso que está
passando fome ou frio. Que saudade. Eu garanto que irei te encontrar
nem que eu rode o mundo inteiro.
O trem para, pessoas descem do metrô andam de um lado a outro,
algumas apressadas, uns param pra pedir informação, outros pra
tomar café. Gentes se despedem. Até que todos saem aos poucos de
cena. (fade out)
Cena 2 – Solidão
Entra em cena um homem sem pressa, angustiado. Ele anda e para
em um foco do palco. Do outro lado em um outro foco, Cintia com as
malas se encontra com Rey, eles fica frente-a-frente.
Música 3 – Lithium Instrumental ao fundo
A Saga de um Novo Ocaso
Música 4 – Sirene de Trem
Rey – Você vai mesmo?
Cintia – Eu preciso.
Rey – Mas é por quanto tempo?
Cintia – Não sei talvez 2, 3, 4 anos.
Rey – E eu?
Cintia – Eu não sei.
Rey – Não significou nada? (virados para a plateia)
Cintia – Foi à coisa mais maravilhosa que me aconteceu.
Rey – E por que agora foge?
Cintia – Não veja dessa forma!
Rey – Por favor, fica.
Cintia – Não me peça isso! (pausa)
Rey – Eu vou com você! (voltando-se para frente-a-frente)
Cintia – Por favor, não seja bobo.
Rey – Sério! Só você dizer que sim!
Cintia – Melhor não! (pausa)
Rey – Então só peço para onde você estiver não se esquecer de mim.
Quero está sempre em seus pensamentos. Dia e noite, dia-após-dia.
Cintia – Pode deixar.
Rey – Quero por um momento pensar que você pensa em mim.
Promete?
Cintia – Prometo.
Sirene de trem.
A Saga de um Novo Ocaso
Cintia – Preciso ir. Tome como lembrança. (ela entrega um lenço a
ele, do outro lado, o outro homem tira um lenço do bolso e dá um
longo cheiro, ela corre ao trem dando tchau).
Cintia – Sinto muito! É a vida!
Rey – Me dê um abraço. (Mas ela só torna dar tchau)
Rey – Eu vou te esperar.
Cintia – Não se incomode!
Rey – (o homem vai até Rey e fica também de frente com Cintia e
grita junto com o Rey) Cintia! Eu te amo! Eu vou te esperar. Sempre
estarei.
Em seguida Rey sai por um lado, o homem fica um tempo e sai por
outro lado. (fade out)
Cena 3 – Assalto
Lidia entra em cena andando, quando de repente é abordada por
Roberto que se se aproxima por trás dela. Anuncia-lhe o assalto.
Música 5 – Adele Set Fire To The Rain Instrumental ao fundo
Roberto – (Com agressividade) Anda e não olha para trás!
(Lidia estaca, paralisada assustada)
Roberto – (Mais Agressivo) Você ta surda por acaso? Eu falei pra
andar e não olhar! Anda!
Lidia – (Caminhando lentamente quase sendo empurrada por
Roberto) para onde você está me levando moço? Eu te dou tudo que
você quiser, mas não faz nada comigo não...
Roberto – (Ainda agressivo) Fica quieta dona. Se a dona colaborar
não vai acontecer nada, mas se quiser me fazer de otário eu te
mostro quem é que manda.
(Lidia assustada quase não se move)
A Saga de um Novo Ocaso
Roberto – (Empurrando-a) vamos dona! Tá achando que eu estou
de brincadeira? Vai tirando a carteira, o dinheiro, o relógio.
Ela vai tirando as coisas aos poucos, com dificuldade. (Eles se olham;
pausa; silêncio).
Roberto – (abaixando lentamente a arma) Você?!
(Aos poucos se aproximando)
Lidia – Roberto?!
Roberto – Eu te procurei tanto... Esperei tanto por esse encontro
novamente.
Lidia – Faz tanto tempo.
Roberto – 20 anos.
Lidia – Eu nunca te esqueci...
Roberto – (tocando o rosto de Lidia) Que bom que você está aqui de
novo. Agora não vou te perder de novo!
(pausa longa eles vão se aproximando)
Lidia – (Adquirindo um ar indiferente) Desculpe você deve está me
confundindo com alguém, eu não me lembro de você... (Entregando o
relógio na mão dele). (sai)
(Roberto fica parado olhando, ela para o meio do caminho olha pra
trás, e torna continuar o caminho). (Fade out)
Cena 4 – Amor Distante
Uma moça sai do prédio, segurando uma carta, senta-se na escada e
ler.
Entram três homens fardados de exército, eles fazem exercícios,
enquanto um fala para a plateia.
Música 6 – Fort Minor Where’d You Go Instrumental ao fundo
Oscar – Oi minha Aurora da manhã, espero que essa carta chegue a
suas mãos. Primeiramente quero dizer que eu te amo, mando aqui
A Saga de um Novo Ocaso
minhas lembranças pra matar meu desejo, já faz muito tempo que
não nos vemos, estou morrendo de saudade de você. (fazendo
exercícios com os outros)
Aqui as coisas estão cada vez piores! Treinamentos puxados, homens
feridos e a esperança de eu não voltar só aumenta. Vamos entrar em
batalha logo mais, queria não te preocupar. Mas nem sempre os
soldados voltam vivos. É fato! Tenho medo de nunca te rever. Mas
não quero pensar nisso, nem correr esse risco.
(voltando-se a plateia)
Às vezes eu paro e fico recordando nosso namoro. Nunca te disse
isso, mas eu adoro quando você sorrir quando fica sem graça. Gosto
do jeito que você morde os lábios quando está aprontando algo. E de
quando seus olhos brilham cada vez que eu dizia que te amava.
Aperta meu peito sempre que eu me lembro do momento em que te
contei que viria a batalha e você caiu no choro. Eu também chorei no
caminho pela estrada, mas o que podia fazer? Não tive muita
escolha. Espero que nunca perca a esperança, que na Aurora da
manhã, lembre-se de mim, e no Ocaso da tarde continue a me
esperar, porque no crepúsculo da noite vou continuar aqui com o
pensamento em você. Eu acredito que isso tudo um dia vai acabar, e
estaremos juntos novamente em breve. Estou ansioso esperando
pela sua carta com desenhos de corações e beijos marcados, dizendo
que não aguenta de saudade e que um dia virá me buscar aqui. Saiba
que te amo muito. Oscar
Ela leva a carta de encontro ao peito. Suspira e volta pra dentro.
(Fade out)
Cena 5 – Adultério
Um homem sai do prédio, vai até uma cabine telefônica pública e faz
uma ligação, vinheta de telefone. Aparece uma garota só de sutiã ao
telefone na janela.
Música 7 – Vinheta Telefone
Música 8 – Desafinado Tom Jobim Instrumental ao fundo
A Saga de um Novo Ocaso
Alice – Alô?
Henri – Oi, sou eu!
Alice – Olá! Tudo bem? Pensei que não fosse me ligar mais.
Henri – Estive ocupado.
Alice – E vai continuar se escondendo de mim?
Henri – Por enquanto sim!
Alice – Ainda não sei como achou meu numero.
Henri – Lista telefônica! Foi por engano que liguei na sua casa e falei
com você na primeira vez.
Alice – Eu já estava com saudade da sua voz. Queria saber se você é
tão bonito quanto parece no telefone.
Henri – Nunca reclamaram!
Alice – Posso te ver? Por favor, deixa?
Henri – Desculpe, por enquanto não.
Alice – Por quê? Estou cansada disso!
Henri – Perdoe-me. Mas algumas coisas me impedem!
Alice – O que? Por exemplo?
Henri – Sua idade!
Alice – Mas eu já tenho 16!
Henri – E tão linda!
Alice – Como sabe? Já me viu?
Henri – Talvez, só de passagem!
Alice – Venha aqui em casa, estou sem a parte debaixo!
Henri – Melhor parar!
Alice – Eu ainda não sei seu nome!
A Saga de um Novo Ocaso
Henri – Dimas! Meu nome é Dimas!
Alice – Dimas, por que não vem aqui? Estou com dificuldade com o
sutiã.
Henri – Não posso!
Alice – Dimas! Estou tão carente hoje!
Henri – Melhor parar Alice! Preciso desligar. Beijo.
Alice – Não! (Ele desliga e sai da cabine, ela suspira, logo o olha)
Bom dia Seu Henri tudo bem?
Henri – Tudo ótimo e você Alice?
Alice – Estou bem sim, e Dona Margarida já está melhor do Câncer?
Henri – Estável. Mas estamos quase desenganados.
Alice – Só não vou visita-los agora, pois estou esperando uma
pessoa retornar uma ligação. (Margarida aparece em uma janela de
camisola).
Margarida – Henri! Oi Alice! Henri cadê o comprimido que foi
comprar querido?
Henri – Não achei amor.
Margarida – Então suba pra ficar comigo!
Henri – Sim, amor!
Alice – Melhoras Dona Margarida.
Margarida – Obrigada querida.
As duas entram e Henri entra no prédio.
Encontro 6 – Casual
Sirene de Metrô. Um casal fingem segurar, e movimentar-se no
metrô.
Música 9 – Vinheta de Trem
A Saga de um Novo Ocaso
Ricardo – Oi tudo bem?
Cléo – Oi. Tudo.
Ricardo – Coincidência nos encontrar de novo não acha?
Cléo – Sim!
Ricardo – Fiquei lembrando, foi engraçado o jeito que nos
conhecemos, rs o trem deu um solavanco grande que você veio parar
em meu colo.
Cléo – Pois é.
Ricardo – Você não fala muito né?
Cléo – É que ainda não nos conhecemos.
Ricardo - Estive pensando nisso, poderíamos nos conhecer. Eu ainda
não sei seu nome.
Cléo – Cléo!
Ricardo – Bonito nome.
Cléo – Obrigada! (pausa)
Ricardo – Não quer saber o meu?
Cléo – Pode ser!
Ricardo – Sou Ricardo.
Ela sorri.
Ricardo – Desculpe a indiscrição, é comprometida?
Ela não responde, olha no relógio.
Ricardo – Vai descer na mesma parada de ontem?
Cléo – Sim.
Ricardo – Se quiser posso te acompanhar.
Cléo – Não! Não precisa.
A Saga de um Novo Ocaso
Ricardo – Faço questão.
Cléo – Não! (Um grande solavanco, a faz esbarrar-se junto do corpo
de Ricardo, ela assustasse e rapidamente volta).
Ricardo – Parece que tem medo de mim.
Cléo – Desculpe, tenho que ir. (e sai apressada)
Ricardo – Mas essa não é a sua estação. (Ele espera mais um pouco,
e sai pelo outro lado).
Cena 7 – Prisão Social
Em uma praça entra uma empresaria ao celular, do outro lado vem
um andarilho fazendo umas anotações. Os dois se trombam de
frente.
Música 10 – Smile Michal Jackson Instrumental ao fundo
Sofia – O que é isso? Você não olha por onde anda?
Homero – Desculpe!
Sofia – Só isso? Desculpas é o suficiente?
Homero – O que mais quer que eu faça?
Sofia – Isso é bem do seu tipo mesmo.
Homero – Que tipo?
Sofia – Do tipo arrogante e sem higiene.
Homero – Você não me conhece pra está falando. (mostrando as
roupas) Isso aqui não me define! Sou muito mais que um terno e
uma posição social.
Sofia – Eu não estou nenhum pouco interessada no que te define.
Homero – Mas é claro que não! (ela sai e ele continua) E quem igual
a você está? Eu também já fui assim! Amarrado a essa prisão social.
Sofia – Ahãm, sei. (com desdém)
A Saga de um Novo Ocaso
Homero – Eu já fiz parte dessa massa de pessoas cotidianas que
vivem para os outros, nunca para si.
Sofia – Nem sei por que estou te dando ouvidos. Estou atrasada.
Homero – Esse é o problema, as pessoas não se escutam mais,
estão sempre atrasadas, estão presas pela própria rotina que acabam
cegas para os próprios defeitos.
Sofia – E você acha que está alheio disso?
Homero – Eu posso dizer que me libertei.
Sofia – Deixa eu adivinhar, no dia que cansou largou tudo e foi viver
assim sozinho.
Homero – E é isso que você precisa! De um tempo para você.
Sofia – Faça-me o favor rapaz, eu não largaria minha vida para virar
uma moradora de rua.
Homero – Você não entende! Não entende que há escolhas? E quem
as escolhe é você!
Sofia – É você que não entende! Tenho uma ótima vida. Não trocaria
isso por uma opção incerta.
Homero – Você pensa igual a todos. Tudo isso faz parte de um
processo. Quando compreende a loucura que vive, quer fugir, só não
sabe como.
Sofia – E essa foi a sua solução?
Homero – Olhe pra mim, o que você ver?
Sofia – Vejo um homem sujo, que julga-se certo pelo simples fato de
não trabalhar e viver uma vida miserável.
Homero – De fato posso ser um homem sujo, mas não sou só isso.
Eu sou um homem que busca algo, algo mais concreto, uma resposta
pra tudo isso. Uma resposta pra vida!
Sofia – Desculpe não estou interessada em ouvir esses
ensinamentos. (sai).
A Saga de um Novo Ocaso
Homero – Ah está sim, sabe por quê? Por que busca a mesma coisa,
só tem medo de arriscar, é uma mulher cansada, mas ainda
dominada pelo tempo e pelo sistema.
Sofia – Você não sabe nada do que está falando!
Homero – Eu sei que não existe mais respeito entre as pessoas.
Essa sociedade na qual você está correndo atrasada te prende pra
seguir os conceitos que ela impõe, e você é uma tola que é guiada
por um cabresto induzida ao consumo. As pessoas perderam o
sentido da vida. Ninguém mais sabe o que é viver!
Sofia – E pra mudar isso, eu teria que morar na rua? (irônica)
Homero – Não! (agressivo) Você não entende. Tem que achar sua
própria forma! Esse foi meu rumo.
Sofia – Não estou entendendo mais. Preciso ir. (sai)
Homero – É claro que sim. (ela anda uns passos) Sabe o que eu
vejo? Uma mulher cansada, com medo de arriscar pela simples
posição social. Realmente você não está entendendo. Continua mais
uma no meio deles.
Sofia – Nós sempre seremos mais um. Precisamos disso.
Homero – Errado! Eu já tomei um novo rumo, eu já mudei! Estou
buscando uma resposta pra vida. Pra você a mudança vai demorar
muito a acontecer.
Sofia – Falar é fácil!
Homero – Exato! Falar é fácil, e por que não agir, já que é a pior
parte?
Sofia – Por que não é algo tão simples assim. (ela sai)
Homero – Vá, não quero mais atrapalhar seu tempo precioso!
Ela caminha devagar, para olha pra trás e torna caminhar para
frente.
Cena 8 – Descoberta
A Saga de um Novo Ocaso
Entra uma moça sozinha, com um papel na mão procurando um
endereço. Finge tocar a campainha. Durante o discurso ela tem umas
pequenas pausas. Para a plateia. (Fade out)
Música 11 – Campainha Ding Dong
Música 12 – I Look To You Whitney Houston Instrumental
Oi, por favor, o senhor Paulo Gustavo Linhares?
É o senhor? (Feliz) Desculpe chegar assim, sem mais nem menos,
mas esperei por isso tanto tempo. Nem sei por onde começar. Não
sei se lembra de uma pessoa, mas sou filha de Roberta Sanches. Um
caso seu do passado. Eu sou sua filha! Fruto desse caso que você não
sabia. Minha mãe nunca me escondeu sua identidade. (pausa)
É verdade! Ela teve uma filha com o senhor, mas lhe escondeu. Meu
nome? Paola Sanches. (pausa, ri) todo mundo fala que tenho os olhos
dela. Ela dizia que eu tenho sua boca. (pausa) Sei que é muito
confuso, mas também estou muito feliz, sempre imaginei que esse
momento fosse ser mais difícil. (pausa) Entendo! Imagino que seja
um impacto muito grande saber que tem uma filha de 22 anos. Minha
mãe? (pausa) Minha mãe faleceu faz 5 anos. Não, tudo bem.
Obrigada! Eu adoraria entrar, mas creio que não posso. Minha vó, já
deve está preocupada. Claro que volto com mais tempo. Quero
aproveitar o pai que não conheci. Esse é o melhor dia da minha vida.
Beijo papai. (Ela sai) (Fade Out)
Cena 9 – Ilusão
Música 13 – Last Kiss Instrumental ao fundo
A cena começa com um casal sentado. A mulher está com um belo
vestido de noiva. O homem está sem camiseta, mostrando um
grande ‘curativo’ em seu abdômen.
Lara – Estava pensando, temos que convidar todo mundo de novo,
preparar tudo novamente!
Humberto – Não pense nisso agora, acho que você deveria sair.
Respirar um ar, já está há muito tempo aqui comigo.
A Saga de um Novo Ocaso
Lara – Não meu amor! Vou ficar aqui com você, até se recuperar!
Humberto – Lara, não se preocupe mais com isso, já estou bem!
Lara – Tenho muito medo de te perder!
Humberto – Você sabe que estaremos sempre juntos!
Lara – Promete Humberto? (esticando o dedo mínimo, no qual
Humberto sela com seu dedo o acordo).
Humberto – Prometo!
Lara – Porque você tinha que reagir a um assalto no dia do nosso
casamento? Você poderia ter morrido!
Humberto – Não pense mais nisso Lara, por que não tira esse
vestido? E dá uma volta lá fora?
Lara – Não quero te deixar.
Humberto – Uma hora isso vai ter que acontecer! Não pode ficar
muito tempo aqui.
Lara – Mas e você?
Humberto – Eu ficarei bem!
Lara – Eu não consigo pensar na possibilidade de viver sem você!
Humberto – Estaremos sempre juntos! (Ela o abraça) Vai tomar um
banho!
Lara – Vem comigo?
Humberto – Não posso!
Lara – Eu não vou sem você! Não quero te deixar!
Humberto – Uma hora terá que entender!
Lara – Nós vamos nos casar. E da próxima vez vai dar tudo certo!
Promete que casaremos de novo?
Humberto – Para com isso!
A Saga de um Novo Ocaso
Lara – Para com isso você! Vou ficar aqui! Eu te amo e não vou te
abandonar aqui doente. Você vai ficar bem, ai nós nos casaremos,
teremos um filho depois, e seremos felizes. Promete que vamos nos
casar?
Humberto – Eu prometo está sempre contigo. (Ela o abraça)
Uma mulher bate a porta! (blackout) Foco.
Mulher – Eu vim ver como você estava, (a luz volta em Lara, e
agora ela está abraçada ao travesseiro sozinha) Já que faz uma
semana que você não sai desse quarto e não tira esse vestido desde
que...
Lara – Ele morreu! (pausa) Morreu! (A mulher vem e a abraça).
Mulher – Eu sei, eu sei! (blackout) (Fade Out)
Cena 10 – Insanidade
Cena começa com o Robert chegando à casa da tia. Ela usa um
hobby ou camisola, fuma constantemente. Quando o ver na porta
demostra uma visível felicidade.
Música 14 – La Vi Em Rose
Marilda – Até que enfim! Já estava preocupada, pensei que não
viesse mais! Mas que bom que voltou! Já não aguentava de
saudades.
Robert – Eu também tia! Tudo bem? (dando um beijo no rosto, no
qual ela fecha os olhos e o segura por um tempo).
Marilda – Vamos entre deve está frio ai fora!
Robert – Minha mãe não queria me deixar vir, mas eu falei que eu
estava com saudades.
Ela o puxa pela mão e o leva até uma mesa posicionada com duas
cadeiras e uma garrafa de vinho.
Marilda – Ande tome!
A Saga de um Novo Ocaso
Robert – Não tia, minha mãe disse que eu não posso beber isso, faz
mal!
Marilda – Bobinho, beba é o seu preferido! (dócil)
Robert toma um gole, faz careta e logo cospe em suas próprias
roupas.
Marilda – Não se preocupe querido, eu limpo sua camiseta! Tire-a!
Ela tira a camiseta dele, olha o armário e tira um grande terno maior
que o garoto.
Marilda – Toma veste este!
Robert – Esse era o terno do titio né?
Marilda – Sim! (ajudando-o a vestir-se e olhado admirada) Como
sempre, você fica muito bem nele. Lembra quando o compramos? Foi
quando fomos a Paris!
Robert – Você e o titio já foram a Paris?
Marilda – Sim já faz algum tempo, não recordas?
Robert – Minha mãe falou que o titio foi morar lá em cima com o
papai do céu. Que ele ta feliz. E que um dia todos nós nos
encontraremos com ele. Eu sinto muita falta do titio, e você, sente
falta dele também?
Ela vai até uma radiola velha põe uma musica romântica e vem
deslizando em um ritmo harmonioso.
Marilda – Muita, ele faz muita falta!
Robert – Que música bonita.
Marilda – Você não lembra, é a nossa preferida? Vamos dançar
querido?
Ela o pega pelo braço, e eles passando a dançar.
Robert – A senhora e o titio dançavam muito né?
A Saga de um Novo Ocaso
Marilda – Muito! Dançávamos muito! (Enquanto dançam, ela o
acaricia) Vamos tomar um banho?
Robert – Sim! Posso ir primeiro?
Marilda – Tire sua roupa! (querendo despi-lo, séria)
Robert – Não tia, por favor, minha mãe disse que não posso ficar
pelado na frente das pessoas! É feio.
Marilda – Não se preocupe querido, estamos sós.
Robert – Não tia. Eu tenho vergonha!
Marida – Tira! (passando a mão, em seguida passa a fazer cócegas
no garoto, os dois vão ao chão na brincadeira, o garoto cai na
gargalhada. Marilda empolga-se e passa a acariciar o corpo do
garoto. Ele assusta-se. Ela torna, e sai rapidamente).
Marilda – Quantos anos você tem Robert?
Robert – 13!
Marilda – Cada vez mais, você vai ficando parecido com ele. Seus
traços são os mesmos, seus olhos são iguais! Por que tinha que ser
assim? (Tocando-o quase chorando).
Robert – Tia, não fique triste, quero vê-la feliz.
Marilda – Volta pra mim?
Robert – Tia! (cochichando) Posso falar uma coisa?
Ela acena que sim.
Robert – Minha mãe disse que a senhora mudou depois que o titio
viajou pro céu.
Marilda – Não querido. Sou eu mesma, a Marilda! Não me reconhece
depois de todos esses anos juntos?
Robert – Para tia, por favor! Ela também disse que a senhora está
doente, que se acontecesse alguma coisa, era pra eu voltar pra casa.
Marilda – Nada disso querido. Aceita um café?
A Saga de um Novo Ocaso
Robert – Tia! (uma longa pausa) Eu quero ir pra casa! (Ela vai atrás
dele, mas ele corre)
Marilda – Não, por favor, não de novo!
Robert – Tia eu estou com medo!
Ela baixa a cabeça.
Marilda – É isso que você quer? Pode ir cafajeste, vai!
Robert pega a mochila e vai para a porta.
Robert – Eu volto ta?
Ela senta na cadeira triste. Blackout
Cena 11 – Dançando na Chuva.
Entra cena um homem com um guarda chuva, dançando e cantando.
Durante a música Dona Socorro, Alice e Dona Fátima aparecem
simultaneamente em janelas de 3 andares diferentes. Som de chuva.
Música 15 – Carinhoso Instrumental
Conrado – Ah se tu soubesses como eu sou tão carinhoso
E eu muito, muito te quero.
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem! Vem sentir o calor
Dos lábios meus... à procura dos teus
Vem matar essa paixão
Que me devora o coração
E só assim então...
Serei feliz, bem feliz.
A Saga de um Novo Ocaso
Ao final ele ajoelhasse em frente as janelas. Entra outro homem em
cena também com guarda-chuva. (fade out)
Fred – Conrado meu grande amigo!
Conrado – Fred! Meu camarada! (eles se cumprimentam)
Fred – Que anda fazendo da vida? Continua cantando pela rua?
Conrado – Sempre meu amigo, sempre.
Fred – Venha entre, vamos tomar um café. Saia da chuva.
Os dois entram no prédio. As moças suspiram a janela, em seguida
elas saem simultaneamente.
Cena 12 – Amigo Perdido.
Uma mulher sai de casa, para estender sua roupa na frente do
prédio. Entra um morador de rua com um papel na mão, assobiando
procurando algo.
Charles – Oi perdão. Mas...
Tereza – (Interrompendo-o) Ahh! moço, já passa direto que eu não
tenho nada.
Charles – A senhora nem me escutou direito.
Tereza – E faz diferença? É sempre a mesma coisa! Sempre pedem
algo.
Charles – A senhora está equivocada a meu respeito.
Tereza – Estou ocupada.
Charles – Te peço apenas um segundo.
Tereza – O que você quer? Fala logo, que está me atrapalhando.
Charles – É só pra saber se a senhora viu o Senhor Tom!
Tereza – Como é que eu vou saber quem é esse Tom?
A Saga de um Novo Ocaso
Charles – Senhor Tom, é o meu cachorro! Eu o perdi! E ele estava
doente.
Tereza – Não é de se admirar. (irônica) Não moço! Não vi nenhum
cão. Pode ir.
Charles – Mas, a senhora nem sabe como ele é!
Tereza – Não preciso, eu sei que não vi nenhum.
Charles – Olhe pelo menos esse desenho que fiz dele. (mostrando o
desenho, mas ela não dá à mínima).
Tereza – Não, não vi. Já disse!
Charles – Desculpe incomodá-la então. Boa Tarde.
Tereza – Tudo bem!
(ele sai, ela estende mais uma peça de roupa).
Tereza – Era só o que me faltava! (E entra no prédio).
Cena 13 – Mal de Alzheimer
Cena começa com Sandra entrando em cena, onde já se encontra
Rita deitado em uma cama de hospital, com uma sonda.
Sandra – oi mãe, desculpe não ter vindo semana passada, mas tive
alguns problemas. (beijando-a na testa)
Rita – Por que não me tiram daqui? Estou atrasada.
Sandra – Não mãe, a senhora precisa se tratar. Será que não houve
alguma melhora? Lembra de mim mãe? Sou eu, Sandra.
Rita – Eu tive uma filha chamada Sandra. Ela era linda, assim como
você. Tinha umas bochechas enormes. Mas, ela faleceu aos 13 anos
de idade! Não me lembro do que ela morreu.
Sandra – Não mãe! Estou aqui! Não morri. Sempre estive ao seu
lado. Por que não lembra?
A Saga de um Novo Ocaso
Rita – Onde está a enfermeira que não vai cuidar do meu paciente?
O soro dele já deve está acabando. Me tira preciso tirar a pressão
dele.
Sandra – Mãe, a senhora não tem nenhum paciente. Olha! Eu trouxe
algumas fotos, pra ver se a senhora tem alguma lembrança. Olha
essa (mostrando-a) quando eu tinha 6 anos. Nesse dia me lambuzei
de jabuticaba.
Rita – Desculpe querida, não tenho tempo para isso! Tenho uma vida
a salvar!
Sandra – Mãe para! (estressada) A senhora é uma infeliz que está
em uma cama doente. (pausa). Tia Dora mandou lembranças.
Rita – Dora? Onde está ela? Ela já fez meu café? Preciso sair, hoje
tenho uma cirurgia.
Sandra – Você lembra-se da tia Dora? E do tio Paulo? Lembra-se de
mim mamãe?
Rita – Peça para que Dora prepare o meu café. Estou atrasada para
ir ao hospital, você viu meu bip?
Sandra – Mãe, por favor, já estou cansada! Venho toda semana te
ver, e não tem nenhuma melhora. O mínimo que deveria fazer era
lembrar-se de mim. Estou ficando sem esperança.
Rita – Perdoe, mas não sou sua mãe! Será que você viu meu jaleco?
Sandra – Não! Já chega. Já estou indo. Depois eu volto. (Sai, e
quando esta quase na porta).
Rita – Sandra! É você? (Sandra volta correndo a cama e Rita passa a
mão em seu rosto). Quando tempo não lhe vejo. Como você está
linda!
Sandra – Mãe? Estou aqui! Que bom que a senhora lembrou. Senti
tanta a sua falta. Lembra-se da tia Dora?
Rita – Desculpe! Você é a enfermeira? Pode me acompanhar até a
sala de cirurgia. Estou atrasada.
A Saga de um Novo Ocaso
(A filha olha pausadamente).
Sandra – Eu te amo mãe e estarei sempre aqui! Preciso ir. (beija a
testa da mãe, pega as coisas e sai).
Cena 14 – Do Outro Lado da Vida
Entram em cena um homem vidente e uma mulher.
Música 16 - Unchained Melody (instrumental)
Helena – Tem certeza que aqui é um bom lugar?
Chacal – Sim, confia em mim.
Helena – É que nunca fiz isso antes.
Chacal – Sente-se! Já está começando. (entra um rapaz e fica logo
atrás de Chacal). (Começa Música) Ele já está aqui.
Helena – Amor, você está ai?
Chacal – (Estremecendo) Oi Hel.
Helena – Amor, sim sou eu. Como você está? Que saudade.
Chacal – Estou melhor do que antes Hel.
Helena baixa a cabeça.
Chacal – Mas porque ficou triste? Sinto sua falta, mas agora estou
em outro plano.
Helena – E a promessa das 7 vidas.
Chacal – Você tem mais 6 pela frente, conseguiu se livrar do
acidente.
Helena – Mas você não.
Chacal – Razões da vida.
Helena – Mas por que, sinto tanta a sua falta.
A Saga de um Novo Ocaso
Chacal – Você acostuma! Mas o que prometi, cumprirei. Estarei
sempre cuidando de ti. O tempo todo.
Helena – Não aguento mais, me dói ver seu travesseiro vazio.
Chacal – Detalhes, Helena. Mas preciso lhe falar que essa será a
única vez entraremos em contato!
Helena – Por quê? Quero sempre que puder falar contigo.
Chacal – Não posso! As coisas não são assim.
Helena – Não sei até quando vou aguentar! Tem dias que me
desespero.
Chacal – Vai aguentar até o dia que aceitar! Não é fácil, mas é
preciso!
Helena – Quero me encontrar com você onde quer que você esteja.
Chacal – Não seja boba Hel, seja paciente. Vá viver sua vida e
depois nos encontraremos. Pense nisso depois. Há muita vida ai fora!
Helena – Sem você não é vida!
Chacal – A vida está em você, basta se aceitar e acostumar!
Helena – Pensa que é fácil, eu perdi o homem da minha vida!
Chacal – Perdeu não! Estarei sempre aqui. (Chacal põe a mão sobre
o peito de Helena). Preciso ir.
Helena – Não! Por favor!
Chacal – Sinto muito.
Helena – Me dá um ultimo beijo?
O homem sai de cena. (Fade out)
Chacal – (estremecendo) Ele já foi. Conseguiu contato?
Helena – Sim!
Chacal – Valeu a pena?
A Saga de um Novo Ocaso
Helena – Muito! Foi uma das melhores experiências da minha vida.
Obrigada.
Ela paga Chacal e saem de cena.
Cena 15 – Inocência
Música 17 – Se Essa Rua Fosse Minha Instrumental ao fundo.
Duas crianças se encontram do colégio, e antes de entrar eles jogam
bola. Em uma das janelas aparece uma mulher que grita.
Fatima – Pedro! Já pra casa!
Pedro – Mas, mãe eu estou brincando com o Abel.
Fatima – Eu já disse que não quero que brinque com filho da
desclassificada do 42.
Pedro – Mas mãe, eu gosto do Abel.
Fatima – Quem se importa? Entra logo!
Nessa hora entra Socorro com umas compras.
Socorro – Abel! Vamos entrar, já disse que não quero que brinque
com esse garoto.
Abel – Mas, mãe o Pedro não fez nada demais.
Socorro – Não quero saber! Vamos!
Fatima – Qual é o problema Socorro? Meu filho por acaso é uma má
companhia?
Socorro – Olha aqui! Eu só não quero que meu filho ande com filhos
de fofoqueiras.
Os garotos se encontram novamente
e vão jogar bola de gude, enquanto elas discutem.
Fatima – Fofoqueira é? Pelo menos não ando trazendo um homem
diferente toda semana em casa.
A Saga de um Novo Ocaso
Socorro – A senhora cuide da sua vida.
Fatima – Vagabunda! Desclassificada!
Socorro – Só não vou ai quebrar a tua cara Fatima, por que não
quero sujar minhas mãos.
Fatima – Não sobe por que é uma frouxa!
Socorro – Linguaruda! Abel, vamos!
Abel – Mãe o Pedro me chamou pra almoçar na casa dele eu posso
ir?
Pedro – Ele pode mãe? (gritando para a mãe na janela)
As Duas– É claro que não!
Fatima – Sobe já Pedro, vai levar uma surra por não me escutar.
Socorro – Vamos Abel, está de castigo sem televisão!
Os dois garotos se abraçam e se despedem. E todos entram. E
Fátima da janela. (Fade out)
Continua...
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Detalhe: Depois de mostrar todas as maravilhas e todos caminhos
para o ser humano e animais de hábitos diurno, o Sol, Astro Rei,
conhecido pelos egípcios como deus RÁ, mergulha no horizonte para acordar os que adormeceram com sua ausência. Esses momentos do
mergulho no Horizonte chamaram de OCASO.