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A teoria da justiça de John Rawls 33 Sociedade em Debate, Pelotas, 5(2): 33-49, agosto/1999 ARTIGO A TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS: pressupostos de um neo-contratualismo hipotético* RESUMO: O artigo apresenta a teoria da justiça distributiva de John Rawls, interligando seus conceitos centrais como: véu de ignorância, situação original, justiça eqüitativa, justiça distributiva, senso de justiça, contrato... É apontada a necessidade de buscar os limites dessa teoria, contrastando-a tanto com as posições de um pensador clássico – Rousseau – quanto com as de um contemporâneo – C. B. Macpherson. PALAVRAS-CHAVE: Contratualismo, Justiça, Filosofia Política Caso me respondam que a sociedade é constituída de tal modo que cada homem lucra auxiliando os outros, replicarei que isso seria muito bom se ele não lucrasse mais ainda prejudicando-os. (Jean-Jacques Rousseau) 1. Considerações iniciais O mundo contemporâneo permanece à procura de filosofias que possam aprimorar as relações humanas e políticas. Temas como demo- cracia, liberdade e justiça são amplamente discutidos – e isto é sintomá- tico – sem que, contudo, cheguemos a um patamar de condições dignas para as classes menos favorecidas da sociedade. Na verdade, a participa- ção política e o efetivo reconhecimento de todos os homens como cidadãos livres ainda não são uma realidade no mundo contemporâneo. Neiva Afonso Oliveira** * O presente artigo – apresentado como conclusão da disciplina “Ética e Política: indivíduo, sociedade e Estado”, na PUCRS – insere-se no contexto de uma pesquisa mais ampla que trata das relações entre o pensamento de Rousseau e o debate contemporâneo no campo da Filosofia Política. ** Graduada em Filosofia pela Universidade Católica de Pelotas. Mestranda em Filoso- fia na PUCRS. E-mail: [email protected]

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    33Sociedade em Debate, Pelotas, 5(2): 33-49, agosto/1999

    ARTIGO

    A TEORIA DA JUSTIA DE JOHN RAWLS:pressupostos de um neo-contratualismo hipottico*

    RESUMO: O artigo apresenta a teoria da justia distributiva de John Rawls, interligandoseus conceitos centrais como: vu de ignorncia, situao original, justia eqitativa,justia distributiva, senso de justia, contrato... apontada a necessidade de buscar oslimites dessa teoria, contrastando-a tanto com as posies de um pensador clssico Rousseau quanto com as de um contemporneo C. B. Macpherson.PALAVRAS-CHAVE: Contratualismo, Justia, Filosofia Poltica

    Caso me respondam que a sociedade constituda de tal modoque cada homem lucra auxiliando os outros,replicarei que isso seria muito bomse ele no lucrasse mais ainda prejudicando-os.

    (Jean-Jacques Rousseau)

    1. Consideraes iniciais

    O mundo contemporneo permanece procura de filosofias quepossam aprimorar as relaes humanas e polticas. Temas como demo-cracia, liberdade e justia so amplamente discutidos e isto sintom-tico sem que, contudo, cheguemos a um patamar de condies dignaspara as classes menos favorecidas da sociedade. Na verdade, a participa-o poltica e o efetivo reconhecimento de todos os homens comocidados livres ainda no so uma realidade no mundo contemporneo.

    Neiva Afonso Oliveira**

    * O presente artigo apresentado como concluso da disciplina tica e Poltica:indivduo, sociedade e Estado, na PUCRS insere-se no contexto de uma pesquisamais ampla que trata das relaes entre o pensamento de Rousseau e o debatecontemporneo no campo da Filosofia Poltica.

    ** Graduada em Filosofia pela Universidade Catlica de Pelotas. Mestranda em Filoso-fia na PUCRS. E-mail: [email protected]

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    Idias de pensadores clssicos bem como teorias contemporneas sorecidivamente chamadas baila, na esperana de fundamentarmos rela-es que possam oferecer-nos padres de convivncia tico-poltica quelevem o ser humano conquista da verdadeira cidadania.

    No momento em que temas como liberalismo e democracia estoem discusso, torna-se necessrio que analisemos a teoria da justiadistributiva, de John Rawls, enquanto configura-se como mais umaalternativa de interpretao possvel das relaes estabelecidas peloshomens em sociedade.

    Nesse trabalho, queremos delinear o pensamento de Rawls, cote-jando-o com teorias contratualistas clssicas, mais especialmente comRousseau, e apontar para o que poderia ser pensado como um paradoxo,pois, mesmo em se tratando de dois contratualistas, as vises de Rousseaue Rawls diferem principalmente no aspecto econmico das relaessociais. Rawls, terico liberal, elabora suas propostas e alternativasdentro dos marcos permitidos pelo liberalismo; j Rousseau, crtico doliberalismo, antevendo o que s haveria de concretizar-se no futuro,condenava o capitalismo emergente e a explorao do homem pelohomem.

    Outrossim, essa exposio da teoria da justia distributiva deRawls pretende ser a introduo a um estudo, mais abrangente e sistem-tico, de confronto de suas posies com as de C. B. Macpherson, crticodo contratualismo.

    2. Elementos centrais do contratualismo de Rawls

    De modo bastante genrico, pode-se afirmar que a teoria da justiade John Rawls, levada a um certo grau de abstrao, desembocaria emteorias contratuais ao estilo de Locke, Rousseau e Kant. Parte, assimcomo estas, de uma situao originria, na qual ... aqueles que secomprometem numa cooperao social escolhem juntos, numa aoconjunta, os princpios que devem atribuir os direitos e deveres bsicose determinar a diviso de benefcios sociais. Os homens devem decidirde antemo como devem regular suas reivindicaes mtuas e qual deveser a carta constitucional de fundao de sua sociedade. (RAWLS, 1997,p.12-3)

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    Assim, homens racionais livres escolheriam uma situao hipot-tica de liberdade eqitativa, sujeitando-se a permanecer sob o que Rawlsdenomina vu de ignorncia. Esta pressuposio de um auto-esqueci-mento voluntrio da prpria objetividade por parte de cada membro dasociedade condio indispensvel para que se possa estabelecer ocontrato social que garantiria que nenhum homem seria favorecido oudesfavorecido, facultando, assim, uma situao de justia como eqida-de. Todos estariam numa situao semelhante e ningum poderia desig-nar princpios para favorecer sua condio particular, tornando, assim, osprincpios frutos de um consenso ou ajuste eqitativo.

    Partindo de uma tal premissa, o contratualismo de Rawls hipo-ttico, conforme Krischke (1993), no sentido de propor uma posiooriginal, em que as partes do contrato teriam total igualdade, devido auma total incerteza e desconhecimento sobre o seu futuro (condiodenominada por Rawls como vu de ignorncia). Nesta pretensaposio originria, justa, que os contratantes optariam pelos princ-pios de eqidade para a distribuio dos bens sociais primrios (comoas liberdades, o poder e a riqueza). E a proposta de Rawls que ... aspessoas na situao inicial escolheriam dois princpios bastante diferen-tes: o primeiro exige a igualdade na atribuio de deveres e direitosbsicos, enquanto o segundo afirma que desigualdades econmicas esociais, por exemplo desigualdades de riqueza e autoridade, so justasapenas se resultam em benefcios compensatrios para cada um, eparticularmente para os membros menos favorecidos da sociedade(RAWLS, 1997, p.16)

    O contrato hipottico de Rawls no , pois, inflexvel como o foraantes o de Rousseau: as partes envolvidas no contrato teriam de optarentre a total igualdade distributiva, ou um gerenciamento da desigualda-de, em compensao aos desfavorecidos. Em sua posio acerca docontrato, Rawls busca descrever aquilo que pessoas racionais desinteres-sadas, desprovidas de preconceitos, mas com um senso de respeitomtuo, deliberariam em condies de igualdade, sob o vu da ignorn-cia da posio original. Assim, o autor conclui que nestas condiesjustas, de total falta de apego s desigualdades histricas e naturais, decompleta incerteza, os contratantes optariam por uma frmula mxi-mnima e planejariam uma distribuio racional dos bens de forma justae prudente, de maneira a garantir para si prprios e para os demais a

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    conquista de, pelo menos, a menor parte possvel de bens disponveis paratodos. Sua descrio da situao originria supe que ... se um homemsoubesse que era rico, ele poderia achar racional defender o princpiode que vrios impostos em favor do bem-estar social fossem considera-dos injustos; se ele soubesse que era pobre, com grande probabilidadeproporia o princpio contrrio. Para representar as restries desejadasimagina-se uma situao na qual todos estejam privados desse tipo deinformao. (RAWLS, 1997, p.21)

    A partir dos pressupostos de Rawls, derivam-se os princpios dajustia que so as suas prescries: primeiro, cada pessoa deve ter umigual direito mais extensa liberdade, compatvel com uma idnticaliberdade para todos; segundo, as desigualdades sociais e econmicasdevem ser administradas de tal modo que sejam supostas em favor davantagem de todos, como ligadas a oportunidades abertas a todos.

    Torna-se claro, a partir da doutrina contratualista de Rawls que oegosmo natural nela seria rejeitado. Os princpios e ordenaes justasdevem ser respeitadas por todos e so coletivamente racionais, na medidaem que a afirmao generalizada do senso de justia um grande bemsocial, firmando a base para a confiana mtua, de que todos, geralmen-te, se beneficiam.

    Mencionando mecanismos de coero para os indivduos queno observarem os preceitos de busca do bem estar geral, Rawls refere-se a Hobbes (Leviat, caps. 13-18), considerando que ... um podersoberano coercitivo seja sempre necessrio, mesmo quando numa soci-edade bem-ordenada as sanes no sejam severas e talvez nuncaprecisem ser impostas. (RAWLS, 1997, p.263) A existncia de umaparelho penal e eficaz funcionaria como uma garantia nas relaes entreos homens. Porm, Rawls, apesar de citar Hobbes, no apresenta em suateoria os aspectos pessimistas da teoria hobbesiana; antes, opta porenaltecer a capacidade racional e autnoma dos indivduos.

    A teoria contratualista, segundo Rawls, contrariando seus crticos,no uma doutrina estritamente individualista, mas implica na admissode posturas de desinteresse mtuo. Para justificar essa sua tese, Rawlsbusca temas kantianos, como autonomia e lei moral, enquanto expressesda natureza humana de seres racionais livres e iguais; o imperativocategrico, segundo Rawls, tambm tem seus anlogos, assim como aidia de nunca tratar a pessoas como meios. Tendo mo a concepo da

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    justia, a idias de respeito e dignidade humana assumem um significadomais definido: as pessoas possuem uma inviolabilidade fundada najustia, que no pode ser sobrepujada, nem mesmo pelo bem-estar dasociedade como um todo. A teoria da justia fornece uma interpretaodessas idias; no entanto, no se pode partir delas; a Rawls afirma: Noh como evitar as complicaes da posio original, ou de algumaconstruo semelhante, se desejamos que nossas noes de respeito e debase natural da igualdade sejam sistematicamente apresentadas.(RAWLS, 1997, p.653)

    Segundo Rawls, a doutrina contratualista supe que nenhumaexigncia moral decorre da simples existncia de instituies. neces-srio partir da confiana de que as partes cumpriro o acordo, e para queisto realmente acontea, mister que ambas as partes sintam-se compro-metidas com o princpio da eqidade, surgido a partir de preceitos ticos.Esses seriam escolhidos na posio original. Juntamente com os fatosrelevantes das circunstncias imediatas, so esses os critrios que deter-minam nossos deveres e obrigaes. O contrato seria, ento, resultado daconfiana mtua entre indivduos racionais unidos em organizao auto-suficiente a sociedade.

    Como vimos acima, Rawls descreve aquilo que pessoas racionais,com um senso elevado de respeito mtuo, deliberariam em condies deigualdade, sob o vu da ignorncia. A concluso a que Rawls chega a de que os contratantes planejariam uma distribuio justa e prudentedos bens, de maneira a proporcionar para si e para os demais contratanteso acesso pelo menos menor parte possvel dos bens disponveis paratodos. Sua explicao da situao originria prope que as desigualdadesdistributivas so justas quando forem aceitveis por todos os interessa-dos, colocados em condio de igualdade que proporciona a deliberaoracional acerca do direito de todos. Para que essas premissas sejamexeqveis, Rawls aponta para a existncia da institucionalidade demo-crtica que compe o carter descritivo de sua abordagem e o contnuoaperfeioamento das instituies. ... uma sociedade bem-ordenadano apenas quando est planejada para promover o bem de seusmembros mas quando tambm efetivamente regulada por uma concep-o pblica de justia. Isto , trata-se de uma sociedade na qual (1) todosaceitam e sabem que os outros aceitam os mesmos princpios de justia,e (2) as instituies sociais bsicas geralmente satisfazem, e geralmente

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    se sabe que satisfazem, esses princpios. (RAWLS, 1997, p.5)Assim, a concepo de uma posio original, em Rawls, supe a

    legitimidade e a mxima eficincia democrtica da institucionalidadeliberal, num sentido estritamente direcionado garantia da justia comoeqidade.

    Quando analisamos a proposta contratualista de John Rawls, apartir da obra Uma Teoria da Justia ( qual, neste trabalho, nosrestringimos), percebemos que o autor tem sua prpria interpretao doimperativo tico racional kantiano e, em sua trajetria, busca remodel-lo, abrindo espao para uma teoria emprica. Neste sentido, o que oautor pretende que sua teoria permita a seleo dos princpios de justiaem apoio ao mecanismo contratualista. Sua proposta constitui, assim,uma deliberao poltica de autolimitao coletiva no exerccio daliberdade. A idia de liberdade estaria estreitamente ligada noo dejustia eqitativa. Segundo Rawls, os requisitos principais para a conven-o constituinte so os de que ... as liberdades individuais fundamentaise a liberdade de conscincia e a de pensamento sejam protegidas e de queo processo poltico como um todo seja um procedimento justo. Assim, aconstituio estabelece um status comum seguro de cidadania igual eimplementa a justia poltica. (RAWLS, 1997, p.215) Tambm as polti-cas sociais e econmicas devem visar ... maximizar as expectativas alongo prazo dos menos favorecidos, em condies de igualdade eqita-tiva de oportunidades e obedecendo manuteno das liberdadesiguais. (RAWLS, 1997, p.216)

    Na perspectiva do consenso contratual de Rawls, o que o autorprope vem a ser uma sociedade bem-organizada sugerindo que a mesmarealmente acontece na medida em que regulada por uma concepopblica de justia. Esse fato implica que os seus membros tm um desejoforte e geralmente efetivo de nortear suas aes de acordo com ospreceitos de justia. A sociedade bem-organizada perdura ao longo dotempo e sua concepo de justia provavelmente estvel. No negaRawls, entretanto, que possa existir o que ele chama de lei psicolgica,segundo a qual os indivduos agiriam buscando interesses prprios,inviabilizando, assim, um senso efetivo de justia. Neste caso, seria papeldo legislador ideal buscar, persuadindo os indivduos, que os mesmosmaximizem a soma do bem-estar. Lembra Rawls para justificar sua tese:A maioria das doutrinas tradicionais afirma que, pelo menos em certo

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    grau, a natureza humana tal que adquirimos um desejo de agir de formajusta quando vivemos em instituies justas e nos beneficiamos delas.(Rawls, 1997, p.506)

    Na justia como equidade, a posio original de igualdadecorresponde ao estado de natureza na teoria tradicional do contratosocial. A posio originria entendida como uma situao puramentehipottica, caracterizada de modo a conduzir equidade, a uma certaconcepo de justia. Nessa situao, ningum conhece seu lugar nasociedade, a posio de sua classe ou status social. A situao social serjusta ou injusta, dependendo de leis que a definam e ser permeada poracordos totalmente aceitos.

    Para Rawls, entretanto, a escolha de princpios norteadores daao contratual extremamente difcil. No espero que a resposta quevou sugerir seja convincente para todos. Por isso, vale a pena observardesde o incio que a justia como equidade, como outras visescontratualistas, consiste em duas partes: (1) uma interpretao de umasituao inicial e do problema da escolha colocada naquele momento, e(2) um conjunto de princpios que, segundo se procura demonstrar,seriam aceitos consensualmente. (RAWLS, 1997, p.17)

    Parece-nos, neste sentido, que o mrito da terminologiacontratualista de Rawls est em estabelecer correlaes entre os termosjustia como equidade e contrato. A terminologia do contratopermite a idia de que os princpios da justia podem ser concebidoscomo princpios que seriam escolhidos por pessoas racionais e que, porcausa disso, podem ser explicados e justificados; a palavra contratosugere uma diversificao, uma pluralidade e tambm aponta para acondio de que a diviso apropriada de benefcios e encargos ocorra deacordo com princpios aceitveis entre os contratantes.

    Os desdobramentos do neo-contratualismo no sculo XX sorepletos de inovao com relao ao contratualismo de Hobbes, Locke eRousseau. Os contratualistas clssicos consideravam o contrato natu-ral como um dispositivo para regular e superar conflitos insuportveisdo ponto de vista da natureza, em busca de interesses comuns doscidados no estabelecimento da ordem pblica. No entanto, o contratono era, por si s, um meio para negociao ou acordo entre objetivos einteresses diversos ou divergentes. A autonomia dos cidados, expressano contrato, servia, primeiro, para justificar a existncia e a convivncia

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    com as questes das desigualdades existentes na sociedade. Essa foisempre a grande denncia feita pelos crticos da esquerda ao sistemaliberal: o contratualismo clssico tratava de administrar, consensualmente,as desigualdades presentes na sociedade, ao invs de enfrent-las eresolv-las. A proposta de John Rawls, no entanto, de que a idia docontrato pode ser usada para considerar e solucionar os problemas dadesigualdade existente na sociedade.

    Rawls ressalta, entretanto, que sua teoria no completamentecontratualista uma vez que a idia contratualista deve dirigir-se buscade um sistema tico completo, com ingerncia sobre todas as virtudes eno to-somente sobre a justia.

    3. O papel da justia

    Segundo Rawls, a justia a virtude primeira das instituiessociais assim como a verdade o dos sistemas de pensamento. Uma teoriadeve ser revisada ou, s vezes, rejeitada, se no for verdadeira; da mesmaforma leis e instituies, por mais eficazes e bem estruturadas que sejam,devem ser reorganizadas ou abolidas se forem injustas. Cada membro dasociedade possui uma inviolabilidade fundamentada na justia quenem o bem-estar da sociedade como um todo pode ignorar. Por isto, ajustia repudia que a perda da liberdade de alguns seja justificada por umbem maior partilhado por todos. Desse modo, no permite a justia queos sacrifcios impostos a uns poucos tenham medida menor que a somamaior das vantagens usufrudas por muitos. Assim, numa sociedade justaas liberdades da cidadania so consideradas inviolveis e os direitosassegurados pela justia no so passveis de negociao poltica ousujeitos ao clculo de interesses sociais. Uma injustia somente seriatolervel quando evitasse uma injustia ainda maior. Para a teoria deRawls, considerando a verdade e a justia como virtudes primeiras daatividade humana, tem-se que so inegociveis ou, como o autor defineindisponveis.

    A sociedade representa, na teoria de Rawls, ... uma associaomais ou menos suficiente de pessoas que em suas relaes mtuasreconhecem certas regras de conduta como obrigatrias e que, namaioria das vezes, agem de acordo com elas. (RAWLS, 1997, p.4) A

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    sociedade representaria um empreendimento corporativo organizadopara a finalidade de concretizao dos objetivos daqueles que delaparticipam. Apesar disso, fazem parte tambm da sociedade o conflito euma identidade de interesses que acontecem quando todos tm apossibilidade de uma vida melhor do que teria qualquer um dos membrosse cada um dependesse de seus prprios esforos e tambm porque aspessoas no so indiferentes no que tange a como os benefcios maioresproduzidos pela participao mtua so distribudos, porque para aobteno de suas metas, cada um prefere uma participao maior a umamenor. Para que esta equao se efetive, exige-se um conjunto deprincpios para escolher entre vrias formas de ordenao social quedeterminam essa diviso de vantagens e para a concretizao de acordosobre as partes distributivas adequadas. Tais princpios seriam os princ-pios da justia social. So eles que designam uma maneira de atribuiode direitos e obrigaes nas chamadas instituies bsicas da sociedadee delimitam a distribuio adequada dos benefcios e encargos dacooperao social.

    A uma sociedade bem-ordenada no basta apenas a obteno dobem-comum de seus membros. Ela dever ser, principalmente, oxigena-da e permeada por uma concepo pblica de justia, que reconhece umponto de vista comum a partir do qual as reivindicaes dos membros dasociedade possam ser julgadas. medida que a tendncia dos homens aoatendimento de seus interesses prprios cresce, tornando-se, assim,necessria a vigilncia de uns sobre os outros, o seu sentido pblico dejustia o item que torna segura a associao de uns para com os outros.Assim, considera Rawls uma concepo de justia como constituindo oeixo principal de uma sociedade humana bem-ordenada.

    Rawls admite, no entanto, que as sociedades so raramente bem-ordenadas em direo justia e seus princpios, ocorrendo, assim,freqentemente, uma disputa entre o que justo e o que injusto. Osmembros da associao discordam sobre quais princpios deveriamdefinir os termos bsicos de sua associao. No entanto, segundo Rawls,apesar dessa sua discordncia, cada um deles tem sua concepo dejustia, ou seja, h o entendimento de que necessitam e esto dispostosa manter uma gama de princpios para atribuio de direitos e deveresbsicos que determine a distribuio adequada e linear dos benefcios eencargos da cooperao social.

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    A viabilidade de uma comunidade humana no depende apenas doconsenso como pr-requisito . H outros tpicos fundamentais como osde coordenao, eficincia e estabilidade. Portanto, as aes dosindivduos devem ser compatveis entre si, seus planos devem embasar-se uns nos outros, levando consecuo de fins sociais de forma eficientee coerente com a justia. Finalmente, o esquema de cooperao socialdeve ser estvel e suas regras devem espontaneamente nortear a ao; nocaso de infraes, h a necessidade de foras estabilizadoras que reagemperante maiores violaes e proporcionam a restaurao da organizaosocial.

    Rawls coloca esses trs itens (coordenao, eficincia e estabi-lidade) subordinados necessidade da existncia de consenso sobre oque justo e o que injusto, considerando a desconfiana e o ressenti-mento, a suspeita e a hostilidade como vcios ameaadores da civilidadee que tentam os homens a agir de maneira que eles, em circunstnciasdiversas, evitariam. Embora no to relevantes quanto noo de justiaque uma comunidade deve ter, esses itens, por vezes, atrapalham naidentificao do conceito de justia e afetam a coordenao, a eficinciae a estabilidade. Neste sentido, Rawls afirma que ... embora a justiatenha uma certa prioridade, sendo a virtude mais importante dasinstituies, ainda verdade que, em condies iguais, uma concepoda justia prefervel a outra quando suas conseqncias mais amplasso mais desejveis. (RAWLS, 1997, p.7)

    4. O objeto da justia

    De acordo com a teoria rawlsiana, o objeto primrio da justia aestrutura bsica da sociedade ou mais explicitamente a maneira pela qualas instituies sociais mais importantes distribuem direitos e deveresfundamentais e determinam a diviso de vantagens advindas da coopera-o social. A estrutura bsica da sociedade seria formada pelos elementosseguintes: proteo legal da liberdade de expresso e conscincia,mercados competitivos, a propriedade particular no mbito dos meios deproduo e a famlia monogmica, representando esses elementos obje-tos primrios da justia porque seus efeitos so relevantes e estopresentes desde o incio da formao da sociedade. Segundo Rawls,

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    previsvel que numa estrutura social formada por homens nascidos emcondies diferentes, com interesses difusos, a certa altura, as institui-es privilegiem este ou aquele princpio. a essas desigualdades,supostamente inevitveis na estrutura bsica da sociedade, que os prin-cpios da justia social devem ser aplicados, em primeiro lugar. Essesprincpios regulariam a escolha de uma constituio poltica e os tpicosprincipais do ordenamento social e poltico. A equidade de um sistemasocial depende principal e essencialmente de como so atribudos osdireitos e deveres primeiros e das diferentes oportunidades que existemnos vrios setores da sociedade.

    Para Rawls, esta sua tese parece adequada, inclusive, tradiofilosfica. O sentido mais especfico que Aristteles atribui justia, edo qual derivam as formulaes mais conhecidas da justia, o de evitara pleonexia, isto , evitar que se tire alguma vantagem em benefcioprprio tomando o que pertence a outrem, sua propriedade, sua recom-pensa, seu cargo, e coisas semelhantes, ou recusando a algum o que lhe devido, o cumprimento de uma promessa, o pagamento de uma dvida,a demonstrao do respeito devido, e assim por diante. (RAWLS, 1997,p.11-2)

    Apesar de prever limites para a teoria da justia (1) aspectos damoralidade so deixados de lado e (2) no oferece nenhuma consideraoem relao aos animais e ao restante da natureza , Rawls a acentua comocapaz de transformar nossa perspectiva em relao sociedade, namedida em que realmente efetiva e publicamente reconhecida pelosindivduos.

    Pela teoria da justia de Rawls, o indivduo somente chega etapado contrato, se imbudo do esprito da justia como eqidade, tiverconseguido elaborar, juntamente com seus conscios, o senso de justia.Em uma sociedade bem-organizada, um senso efetivo da justia faz partedo bem dos indivduos, e, assim, as inclinaes instabilidade soracionalmente controladas, se no totalmente eliminadas.

    5. O senso de justia

    Quando estabelece as bases de sua teoria contratualista, Rawlsparte do conceito de uma sociedade bem-organizada e a ela faz refern-

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    cias sempre que quer explicar como os homens relacionam-se entre si, nointuito da busca da justia como equidade. A sociedade bem-organizadaseria a estrutura ideal para a promoo do bem de seus membros, reguladapor uma concepo comum de justia. As pessoas, na posio original,devem supor que os princpios escolhidos so pblicos (e a publicidade,segundo Rawls, caracterstica primordial das teorias contratualistas) e,portanto, elas devem considerar as concepes da justia, tendo em vistaseus presumveis resultados, que sero padres reconhecidos pelo pbli-co em geral.

    Apesar de o critrio da estabilidade no ser decisivo na definiodo que seja a sociedade bem-organizada, Rawls afirma que ela perduraao longo do tempo e sua concepo de justia provavelmente estvel,o que significa que quando as instituies so justas, os indivduos quedelas participam adquirem o senso proporcional de justia e a vontade defazer a sua parte para mant-las.

    Sobre o equilbrio e a estabilidade de uma concepo de justia,Rawls afirma: Nesse contexto, a estabilidade significa que, por maisque mudem as instituies, elas ainda permanecem justas ou aproxima-damente justas, na medida em que so feitos ajustes em vista das novascircunstncias sociais. Os inevitveis desvios em relao justia soefetivamente corrigidos ou mantidos dentre de limites tolerveis porforas internas ao sistema. Entre essas foras, suponho que o senso dejustia partilhado pelos membros da comunidade tem um papel funda-mental. At certo ponto, portanto, os sentimentos morais so necessriospara garantir que a estrutura bsica seja estvel no que se refere justia. (RAWLS, 1997, p.508)

    Os trs princpios (estgios) que regem o bom andamento dasociedade bem-ordenada, segundo a teoria rawlsiana, seriam a moralidadede autoridade, a moralidade de grupo, e, em terceiro lugar, a moralidadede princpios.

    Trataremos, a seguir, da explicao do que seja cada um dessesestgios, todos os trs advindos de uma referncia e uma juno queRawls faz da tradio freudiana e da tradio racionalista ilustrada porRousseau e Kant e, algumas vezes, por Stuart Mill e, mais atualmente, porPiaget. Este autor, ao descrever as etapas do desenvolvimento cognitivo,partindo do concreto e chegando a construes lgico-formais, parecedescrever uma mesma relao no que diz respeito s etapas de associao

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    propostas por Rawls no que se refere aos estgios (moralidade deautoridade, moralidade de grupo, e moralidade de princpios) pelos quaispassaria o indivduo at a concretizao da situao consensual docontrato. Em se tratando da referncia a Rousseau, parece-nos que os trsestgios da teoria de Rawls tm uma certa congruncia com as etapas dedesenvolvimento da criana, as quais Rousseau trabalha em sua obraEmlio (1762).

    A moralidade de autoridade, nas palavras de Rawls, seria amoralidade da criana. A sucesso de geraes e a necessidade deensinar s crianas atitudes morais (por mais simples que sejam) umadas condies da vida humana. (RAWLS, 1997, p.513) Rawls admite queo senso de justia adquirido gradualmente pelos membros mais jovensda sociedade, assim que crescem.

    O estgio da moralidade de autoridade supe que a estrutura bsicade uma sociedade bem-ordenada inclui a famlia e as crianas, por suavez, estariam sujeitas autoridade legtima de seus pais, autoridade porelas reconhecida medida que resultante do amor e de um esforo porparte da famlia de promover, na criana, uma atitude de incentivo e depromoo e aumento de sua auto-estima. Podemos supor que os paisamam a criana, e, com o tempo, a criana vem a amar seus pais e aconfiar neles. Como ocorre essa mudana? Para responder essa pergun-ta, suponho o seguinte princpio psicolgico: a criana vem a amar seuspais apenas se estes manifestam primeiro o seu amor. Assim, as aes dacriana so inicialmente motivadas por certos instintos e desejos, e seusobjetivos so regulados (se que chegam a s-lo) por um interesseprprio racional (num sentido adequadamente restrito). Embora acriana tenha potencialidade para amar, o seu amor por seus pais umnovo desejo fomentado pelo seu reconhecimento do amor evidente queeles lhe dedicam, e dos benefcios trazidos pelas aes que expressamesse amor. (RAWLS, 1997, p.513-4)

    O segundo estgio do desenvolvimento moral o da moralidade degrupo, que cobre um amplo setor de casos, dependendo do grupo emquesto, podendo abarcar a comunidade nacional como um todo. Assimcomo a moralidade de autoridade, para a criana, consiste, em grandeparte, numa coleo de preceitos, a moralidade de grupo regida pelospadres morais adequados ao papel desempenhado pelo indivduo nasvrias associaes a que pertence. Os padres referem-se a regras ditadas

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    pelo senso comum e tambm aos ajustes necessrios para adequ-las posio de um indivduo. Assim como no primeiro estgio, certas atitudesnaturais se desenvolvem na direo dos pais (eles so a referncia deconduta para a criana), tambm, no segundo estgio, os laos de amizadee confiana crescem entre os parceiros.

    A moralidade de grupo corresponde a vrias modalidades, depen-dendo do grupo e do papel que o indivduo assume e essas modalidadesrepresentam vrios patamares de complexidade, j que todos e noapenas aqueles que assumem uma vida pblica, devem ter pensamentose opinies polticas referentes ao bem comum. O contedo dessamoralidade caracterizado pelas virtudes voltadas para a cooperao:a da justia e eqidade, a da fidelidade e confiana, a da integridade eimparcialidade. Os vcios tpicos so a avidez e a falta de eqidade, adesonestidade e a falsidade, o preconceito e a parcialidade. (RAWLS,1997, p.524)

    O terceiro estgio, segundo Rawls, resultado da assimilao depreceitos morais (primeiro estgio) e do perfeito entendimento do quesignifica a cooperao entre indivduos (segundo estgio). Em umasociedade bem-organizada, os padres de justia eqitativa estabelecemparmetros para que o indivduo perceba como as organizaes sociaisque o representam promovem os seu bem e o daqueles com os quais seassocia. No terceiro estgio, o indivduo (cidado) passa a valorizar oideal de cooperao humana justa. Sobre o terceiro estgio, Rawlsafirma: Uma vez aceita uma moralidade de princpios, entretanto, asatitudes morais deixam de estar unicamente ligadas ao bem-estar e aprovao de indivduos ou grupos especficos, e so moldados por umaconcepo do justo escolhida independentemente dessas contingnci-as. (RAWLS, 1997, p.527)

    Assim, de acordo com a coerncia da explicao contratualista, aexistncia de alguns sentimentos morais baseia-se em princpios do justoque seriam escolhidos na posio original, enquanto que os outrossentimentos morais esto relacionados com a idia do bem; na teoriacontratualista , as idias do justo possuem um certo contedo e existe umaexplicao na qual o agir est diretamente relacionado com uma preocu-pao com o bem-estar dos outros indivduos. Neste sentido, Rawlsconfirma que, como conseqncia principal dessa doutrina, est o fato deque os sentimentos morais so uma constante na vida humana assim como

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    as atitudes morais o so. Rawls sugere que haja uma adequao daquelesa estas, no sentido de um convivncia entre ambos. Porm, mesmo queo senso de justia seja o resultado normal de atitudes naturais humanasem uma sociedade bem-organizada, ainda verdade que nossos senti-mentos morais presentes podem ser irracionais e fteis. Entretanto, umadas virtudes de uma sociedade bem-organizada a de que, uma vezeliminada a autoridade arbitrria, os seus membros sofrem muito menoso peso da conscincia opressiva (RAWLS, 1997, p.544)

    Assim, para Rawls, inevitvel a construo de uma civilizaohumana a partir dos pressupostos da teoria da justia, onde as vantagenspara todos sejam reforadas e mantidas. Para esse fim, tambm, convergea teoria de Stuart Mill. O aprimoramento das instituies eliminaria aoposio de interesses e as barreiras e desigualdades que encorajam osindivduos e as classes a ignorar a situao de desvantagem dos seusconscios e as reivindicaes uns dos outros.

    6. Consideraes Finais

    O pensamento de Rawls, como teoria contratualista, desenha asbases para o contrato no sentido de no legitimar o estado de coisassupostamente estabelecido como natural na sociedade; busca, aocontrrio, questionar e transformar a distribuio dos bens sociaisprimrios, sob a inspirao de uma acordo liberal institudo, aberto aoaperfeioamento democrtico. Neste sentido, de acordo com Krischke(1993), Rawls pensa (como Kant pensava) que as condies para estecontrato j esto presentes na sociedade ocidental.

    Apesar de Rawls mencionar, por vrias vezes, a teoria rousseaunianado contrato e dela tomar como plausvel a idia do estado de natureza (oque corresponderia sua situao original), parece-nos que esses doisautores divergem no sentido de que a proposta de Rawls considera normaluma sociedade conflitiva, dividida em classes. Rousseau, segundo Vieira(1997), no propunha a democracia para uma sociedade dividida emclasses.

    Crtico da teoria da justia, Crawford Brough Macpherson (1911-1987) parece, embora no-contratualista, aproximar-se mais da teoria deRousseau, uma vez que combate os ideais individualistas da teoria de

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    Rawls. A principal crtica de Macpherson a Rawls a de que a teoriarawlsiana caminha em direo justificao do individualismo posses-sivo, determinado pelo mercado e afinado com o liberalismo econmi-co.

    Nossa sociedade, queremos salientar, carece mais de elementosticos e polticos que fundamentem as relaes humanas em basesefetivamente solidrias, a partir da valorizao da dignidade humana emenos a partir de relaes de mercado.

    o que faremos em um trabalho posterior: a aproximao deMacpherson com as teorias rousseaunianas, na medida em que Rousseau,crtico do liberalismo, condenava as estruturas opressoras do homempelo homem e teria apenas utilizado as estruturas do contrato paracontrapor suas idias polticas s do ancien rgime.

    7. Referncias Bibliogrficas

    BOBBIO, N., MATTEUCCI, N., PASQUINO, G. Dicionrio de poltica. 2.v. 6.ed.Braslia: Editora Universidade de Braslia, 1994.

    KRISCHKE, Paulo J. (Org.) O Contrato Social ontem e hoje. So Paulo: Cortez, 1993.MACPHERSON, Crawford B. Ascenso e queda da justia econmica e outros

    ensaios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.MANENT, Pierre. Histria intelectual do liberalismo: dez lies. Rio de Janeiro: Imago

    Ed., 1990. (Coleo Tempo e Saber)RAWLS, John. Uma teoria da justia. So Paulo: Martins Fontes, 1997. (Ensino

    Superior)ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade

    entre os homens. In: ARBOUSSE-BASTIDE, Paul & MACHADO, Lourival Gomes(Org.). Rousseau. 3.ed. So Paulo : Abril Cultural, 1983. (Coleo Os Pensadores)

    ____. Do Contrato Social: ou princpios do direito poltico. In: ARBOUSSE-BASTIDE,Paul & MACHADO, Lourival Gomes (Org.). Rousseau. 3.ed. So Paulo: AbrilCultural, 1983. (Coleo Os Pensadores)

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    ________. Emlio; ou, Da educao. 3.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.VIEIRA, Luiz Vicente. A democracia em Rousseau: a recusa dos pressupostos

    liberais. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997. (Filosofia; 52)

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