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Abril 2007

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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios

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4 CIDADE, Abril de 2007

Abril, 2007Número 12

www.revistacidade.com.br

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16

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Capa: Alessandro Pascolato - Classe STAR -5º colocado na Seletiva Pré-Olímpica 2007Foto de Majo / Filmers 9900

São Pedro da Aldeia

Começou a corrida

Oito nomes estão na disputa para saber quemserá candidato a prefeito em São Pedro daAldeia

Cabo Frio promove acessibilidade

Turismo

Alta estação o ano inteiro

Cabo Frio investe para diminuir a diferençaentre verão e inverno

Arraial do Cabo

Sucupira Fluminense

Disputas pessoais, mandos, desmandos edenúncias marcam a história política de Arraialdo Cabo

Cabo Frio

Desenhista da natureza

Artesão transforma plantas em arte nas ruas deCabo Frio

Arte solidária

Artistas doam obras para primeiro LeilãoBeneficente de Artes e Antiguidades

Armação dos Búzios

Pedido embargo do Breezes

Petrobras e presidente da Ompetro

reunidos

São Pedro da Aldeia

Uma nova Câmara em São Pedro

Novo presidente decreta corte nos gastos paraalcançar economia de mais de 50%

Tamoios

Rumo à Independência?

Apresentado na Alerj Projeto de Lei pedindo aemancipação de Tamoios, Segundo Distrito deCabo Frio

9

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25

28Capa

Búzios na raia

Na Seletiva PréOlímpica 2007de Búzios,desabafos econsciênciaambiental dosque precisam danatureza para darcontinuidade aoesporte da Vela

Política

Fala Governador

“Quero ser lembrado comoalguém que melhorou asaúde, a educação e asegurança da população”

Meio Ambiente

Embargado

Construção da AvenidaLitorânea, em Cabo Frio,sofre embargo do IPHAN

Responsabilidade Social

Esperança na

ponta dos pés

Alunos do Balé naComunidade seequilibram para driblar afalta de oportunidades erealizar seus sonhos

Cultura

A vida pelos livros

3640

38

44

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5CIDADE, Abril de 2007

Mar

coni

Cas

tro

M a r c o s d a R o c h a M e n d e s

ENTR

EVISTA

SMarcos da Rocha Mendes

Prefeito de Cabo Frio

eu nome é Marcos da Rocha

Mendes, mas todos o chamam

de Marquinho Mendes. Filho

do ex-funcionário da Álcalis,

Wilson Mendes, político de grande

tradição e prestígio na cidade de

Cabo frio e um dos fundadores do

Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), no

ano de 1945.

Marquinho entrou para a política sob

influência do pai, que concorreu, em

1962, à prefeitura de Cabo Frio, sen-

do derrotado, para mais tarde ser

eleito deputado estadual.

Médico ortopedista por forma-

ção, em 1992 foi eleito verea-

dor em Cabo Frio pelo PDT,

mas em 1996 mudou de par-

tido para concorrer pelo

PSDB, ao lado de Alair

Corrêa, a vice-prefeito da

cidade, por dois mandatos,

até que em 2004 foi eleito

prefeito da cidade, agora

pelo PMDB. A experiência

como médico o levou a

adotar um olhar mais

humanista sobre a admi-

nistração pública. Bom

ouvinte, gosta de distri-

buir responsabilidades e

não centraliza decisões.

Niete Martinez

O candidato éMarquinho Mendes,com o apoio deAlair Correa

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6 CIDADE, Abril de 2007

M a r c o s d a R o c h a M e n d e s

ENTR

EVISTA

Como está sendo administrar Cabo Frio,

depois de 8 anos como vice. Ficou mais

fácil?

Eu me preparei para este momento. Euiniciei a minha vida pública como todomundo deveria iniciar. Comecei como ve-reador, fui presidente da Câmara, fui vice-prefeito, fui deputado estadual e hoje eusou prefeito. Todos esses cargos que euexerci, que o povo me deu, eu digo que foium aprendizado, para que eu pudesse che-gar ao Executivo com experiência. E hojeeu me sinto com uma experiência muitogrande, e é por essa razão que estamos fa-zendo o governo que estamos fazendo, coma aceitação popular, que as pesquisas têmdemonstrado. Devido a essa experiênciaadquirida nesses anos no Legis-lativo e também do Executivo,como vice-prefeito, hoje nós temosum conhecimento muito grande damáquina administrativa Isso foiimportante, mas quero afirmar quea avaliação positiva do meu gover-no não se deve só a isso. Eu querodeixar bem claro que nós temosuma equipe de trabalho, pois nãose governa sozinho. Eu não con-seguiria fazer nada sozinho.

O senhor tem dois irmãos em

cargos de decisão na prefeitura.

Como é essa relação familiar

dentro da administração pública?

São dois excelentes secretári-os, como os demais. Eu acho queadministrar é saber escolher, e naspastas principais, nas secretariasque consideramos – não desmere-cendo as demais, mas algumas têmmaior importância que outras – nósescolhemos pessoas de nossa con-fiança total. Não significa que ou-tras pessoas não o sejam. E nossosirmãos, e eu não me arrependo detê-los nomeado, vêm desenvolven-do um excelente trabalho. Eu ques-tiono, muitas vezes, a questão donepotismo. As pessoas falam, colocar ir-mãos, primos. Eu sou a favor, desde quesejam pessoas de confiança e competen-tes, elas têm que participar. Assim, nós te-mos dois irmãos que participam ativamentedo governo, são competentes e têm de-monstrado isso no dia-a-dia

Seu governo adotou postura diferente da

antiga administração, dando mais ênfase

ao cidadão do que a obras. Por quê?

Eu diria que a obra tem que existir, co-mo está existindo. São obras em todos oslugares do município, em todos os bairros.Em dois anos nós já realizamos muito.Mas, o mais importante é que, primeiro,elas são realizadas com qualidade, e se-gundo, o cidadão precisa ser favorecido porelas, por isso é “a cidade para o cidadão”.Todas as ações têm que favorecer o cida-dão, por isso colocamos esse slogan. O ci-dadão tem que ter prioridade não só nasobras, mas em todas as ações.

Cabo Frio está vendo surgir nas ruas e

praças uma nova identidade visual. Quem

está pensando a nova estrutura urbana da

cidade dentro da sua administração?

A mudança não é apenas visual, mastambém na forma de administrar. Eu façouma administração democrática. Eu ouço.Não sou ditador e não sou dono da verda-de. Eu divido responsabilidades e ouço.Ouço as Associações de Moradores, ossecretários, as comunidades, os vereado-res, e é dessa forma que estamos crescen-do e fazendo uma administração diferen-te. Nós temos vários secretários, todosmuito competentes. Essas pessoas têm de-

senvolvido os projetos que o prefeito en-caminha de uma forma muito carinhosa,com muito amor. Eu cobro qualidade. Temque ser! Eu cobro a qualidade e o desen-volvimento do projeto, e o tempero, eu digoque o tempero, para que as obras tenham aqualidade das que estamos realizando, nãobasta fazer a obra, tem que colocar o cari-nho e o amor. Esse é que é o tempero.

Como o senhor vê a questão da preservação

ambiental, com a chegada dos grandes

empreendimentos, como a Reserva Peró. É

possível preservar e crescer ao mesmo

tempo?

É possível, e nós vamos demonstrarisso. Estamos crescendo e, ao mesmo tem-

po, valorizando e preservando omeio ambiente. Nunca se investiutanto em meio ambiente comoestamos fazendo. A Reserva Peró éum mega empreendimento que serárevolucionário na questão da gera-ção de emprego e tenho certeza quevamos ter esse empreendimento semagredir o meio ambiente. Então, épossível ter os grandes empreendi-mentos, preservando o meio ambi-ente.

Qual a sua visão para a cidade de

Cabo Frio? Fala-se em aumento de

gabarito.

Enquanto eu for prefeito nãohaverá alteração de gabarito. Para ofuturo eu não posso responder. Ofato da manutenção do gabarito jásignifica que nós queremos mantera cidade como ela é. A manutençãosignifica que queremos fazer comque a cidade cresça respeitando oque ela foi no passado. Então nósdevemos manter o gabarito comoestá hoje por respeito à nossa cida-de e seus moradores. Exceto no quediga respeito à rede hoteleira, quenós precisamos incentivar.

Como fazer para melhorar a rede hoteleira e

incentivar o turismo?

As ações de turismo não são isoladas.Elas se completam. Não se pode ter umbom parque hoteleiro e não ter acesso àcidade, como também não adianta ter umexcelente acesso sem um parque hotelei-ro. Então as coisas têm que vir ao mesmotempo. O que o governo tem feito é provo-car um Turismo de qualidade no objetivode atrair hotéis, investimentos. Porque nin-

Ric

ardo

Val

le

Eu me sentiria honrado em ter o apoiode Paulo César na minha candidatura

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7CIDADE, Abril de 2007

guém quer colocar um hotel numa cidadeque não receba turistas para gastar. Hajavista o Club Méd que está vindo, e outrosque virão. Então, nós pensamos em mudarisso trabalhando tudo ao mesmo tempo:acesso fácil, aeroporto, estrada, uma cida-de limpa e organizada, um bom calendáriode eventos e uma boa rede hoteleira.

Como ficam as pequenas pousadas com a

chegada dos grandes hotéis?

Não há competição, eu não vejo assim.O mega hotel traz o seu turista, que nemsempre fica no dele. Numa cidade comoCabo Frio que vive de sol e mar, muito maisque de outra atração, tem espaço para todoempreendimento que seja qualificado, nãoprecisa ser cinco estrelas, aliás nós até nãobuscamos isso. Um hotel de padrão mé-dio, de padrão quatro estrelas, é um hotelque nos interessa muito. Mas há espaçopara todo um mix de hotéis, porque CaboFrio é uma cidade com vários atrativos, etem promovido a busca de um Turismoqualificado. O que nós temos discutidomuito, dentro da resposta conceitual decomo nosso governo vê isso, é que nósentendemos o Turismo como uma ativida-de econômica, e sendo uma atividade eco-nômica, nós queremos atrair pessoas quevenham gastar dinheiro aqui, para geraremprego aqui, para gerar renda para aspessoas que moram aqui. Essa é a nossagrande meta, e nós estamos conseguindo.

Ambientalistas reclamam da pouca verba

destinada para a secretaria de Meio

Ambiente, apenas 500 mil para este ano. O

que se pode fazer com esse valor?

Nós temos feito muito pelo meio am-biente. Não é pouco dinheiro, essa verba éapenas para o funcionamento da secreta-ria. Os projetos são financiados pela secre-taria de Obras. O exemplo maior é o Dor-

mitório das Garças. Só ali, foram gastosum milhão e trezentos mil reais.

O senhor está satisfeito com o sistema

escolar do município?

Temos uma pesquisa do IBOPE , quepesquisou todo o setor educacional, umapesquisa qualitativa, e detectamos que oensino em nossa cidade é de ótima quali-dade. Nós hoje damos uniforme, seguroescolar, transporte gratuito. E além da ver-ba federal, ainda investimos para comple-mentação da merenda escolar. O maior or-çamento da prefeitura é a Educação. Oi-tenta milhões só na Educação. Nós cons-truímos oito grandes novas escolas. Cadaescola , um milhão e meio de reais.

E a informatização nas escolas?

Todas as escolas serão informatizadasneste ano de 2007.

Seu grupo político é o mesmo do deputado

Alair Corrêa? Existe algum acordo formal

para a próxima eleição, ou pode haver

disputa entre o senhor e ele para saber

quem é o candidato?

Nosso grupo é o mesmo e nós temosum acordo em favor de Cabo Frio. O can-didato sou eu, com o apoio do deputadoAlair Corrêa. Alair vai ser meu cabo elei-toral, e nós vamos ser candidato a prefeitoano que vem, com o apoio de Alair, e va-mos vencer a eleição.

O deputado sempre afirma que o candidato

será aquele que estiver melhor na pesquisa.

O senhor confirma?

Eu tenho certeza absoluta que o pre-

PapiPress

Todas as escolas serãoinformatizadas neste ano de 2007

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8 CIDADE, Abril de 2007

feito Marquinho Mendes tem a prioridadena candidatura e está fazendo um excelen-te governo. O candidato é Marquinho Men-des, com o apoio de Alair Correa.

Fala-se em um acordo entre o senhor e

Paulo César da Guia, virtual candidato a

prefeito nas próximas eleições. O que existe

de verdade nisso?

Eu me sentiria honrado em ter o apoiode Paulo César na minha candidatura, por-que como eu, é um cabo-friense que quero melhor para Cabo Frio e eu me sentiriamuito honrado em ter o seu apoio na mi-nha candidatura ano que vem. Torço mui-to para que isso aconteça.

Áreas da Praia do Forte, sofrerem

intervenção dos órgãos ambientais. Como o

senhor vê a atuação desses órgãos, e o que

vai acontecer nesses locais?

As áreas estão cercadas e nós já esta-mos fazendo o replantio, na Duna já se vêo resultado. Ao lado, nós temos um gran-de projeto para aquela área do Lido, masestá parado. Museu, restaurante, praça, ummega-projeto.

A Av. Litorânea é um projeto antigo que tem

esbarrado justamente em questões ambientais.

Seu governo pretende realizar a obra?

Sim, mas está embargada pelo Iphan.Eu não diria que os ambientalistas estãoengessando Cabo Frio, na realidade nãoestão colaborando. E eu preciso que elespensem na nossa cidade, porque ninguémama mais a cidade do que eu. Então, eunão vou fazer nada quer venha a prejudi-car Cabo Frio.

A prefeitura de Cabo Frio já está pensando

no fim da receita gerada pelos royalteis do

petróleo?

Não só Cabo frio, mas todos os muni-cípios que estão temporariamente contan-do com essa receita, precisam trabalharpara o futuro, e a prefeitura de Cabo Frio,está pensando nisso, investindo, gerando

oportunidades de emprego. Estamos fazen-do investimentos na estrutura turística. Agente não pode pensar em outra indústriaque não seja o Turismo.

Como atrair e manter grandes investidores

preservando o meio ambiente?

Tem dois tipos de investidor. O que vempara fazer um empreendimento e vai em-

M a r c o s d a R o c h a M e n d e s

ENTR

EVISTA

bora, e os que vêm para ficar. Esse investi-dor que vem para ficar, por exemplo, naárea do aeroporto, são empresas que vãose desenvolver ali, que vão, não só geraremprego, mas ficar aqui e, de repente, in-vestir mais na cidade. E tem os investido-res que são sazonais. O cara que vem, fazum empreendimento, acabou, vendeu e vaiembora. Quanto à preservação, nós temosque nos preocupar, mas é preciso avaliarmelhor essas questões. Nós temos, infeliz-mente, um aterro sanitário que já deveriaestar pronto, e porque foi descoberta a pos-sibilidade de existir um sítio arqueológicono local, em Campos Novos, está parado.Já estamos há três anos tentando encon-trar outro lugar e não conseguimos. Euacho que precisa haver uma avaliação doque é realmente um sítio arqueológico in-teressante, que mereça um estudo, um in-vestimento. E outros que não tão nobres.Porque se você for procurar pela cidadesempre vai encontrar um osso de alguémque morreu há um trilhão de anos atrás,então fica difícil. Se cada caquinho de barroque encontrar, achar que é um vaso pré-histórico, não vai mais ter lugar para cons-truir.

Diariamente pessoas formam filas na

prefeitura a procura de emprego, como

resolver isso?

Infelizmente não podemos resolver oproblema de todos. Cabo Frio é um imã depobreza. É a capital da Região dos Lagose para cá vem gente de todo lugar. Não te-mos condição de dar emprego para todomundo. Só vamos atender esse povo, cri-ando desenvolvimento na área de Turismo,que é a melhor forma de criar emprego emCabo Frio. Não existe outra saída. Não éuma solução rápida, é uma solução lenta,mas é a única solução.

Nós entendemos o Turismocomo uma atividade econômica

Enquanto eu for prefeito nãohaverá alteração de gabarito

Pap

iPre

ss

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9CIDADE, Abril de 2007

á três eleições consecutivas (1996,2000 e 2004) a população de SãoPedro da Aldeia assiste a uma disputa

eleitoral polarizada entre o atual chefe doExecutivo Paulo Lobo e o ex-prefeito Car-lindo Filho. Esse embate, no entanto, apósa reeleição de Paulo Lobo, não se repetiráem 2008, abrindo, pela primeira vez, emmais de dez anos, um leque de opções aoeleitor aldeense. Até agora, já são oito pré-candidatos, sendo que alguns admitemabrir mão de suas candidaturas em prol deoutro mais bem colocado nas pesquisas,caso de Carlindo e do também ex-prefeitoIédio Rosa.

Renato Silveira

Fotos Cesar Valente

O desgaste natural de mais de seis anosno poder da atual administração, somadoao fato de ser bastante conhecido da popu-lação, vem fazendo com que Carlindo Fi-lho, o Carlindinho (sem partido) como éconhecido na cidade, largue na frente naspesquisas internas (não registradas). O ex-prefeito encara o fato com naturalidade, eafirma que seu maior trunfo é a maturida-de.

“Levando em conta que administreiSão Pedro (Carlindo foi prefeito entre 1996e 2000) com um orçamento de R$ 12 mi-lhões e hoje a cidade conta com quase R$80 milhões, posso dizer que não houve atal falta de sucesso apregoada pelos meusadversários. Cometi erros, como todo mun-do, mas agora estou mais maduro e pronto

pra voltar a administrar a minha cidade,priorizando o desenvolvimento econômi-co, social, cultural e político”, afirmou,lembrando que terá no deputado federalAlair Corrêa e no governador Sérgio Ca-bral Filho, bons aliados.

Mas a candidatura de Carlindo podebalançar diante de um acordo com o ex-prefeito e ex-deputado Iédio Rosa (tambémsem partido). Ambos vêm afirmando queabrem mão de suas candidaturas em nomedo outro, caso não estejam bem nas pes-quisas.

Iédio afirma que lançou sua pré-candi-datura por estar decepcionado com PauloLobo, a quem apoiou na última eleição, eque até há bem pouco tempo, vinha parti-cipando das reuniões políticas de seu gru-

COMEÇOUA CORRIDA

Oito nomes estão nadisputa para saberquem será candidatoa prefeito em SãoPedro da Aldeia

S ã o P e d r o d a A l d e i a

Cel

so G

abri

el

Vista áera do centro de

São Pedro da Aldeia / RJ

9CIDADE, Abril de 2007

H

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10 CIDADE, Abril de 2007

po. Para ele, o atual prefeito jogava para aplatéia quando falava das dívidas herda-das do governo Carlindo, pois realizoumuito mais no primeiro mandato que nosegundo.

“Dá pra concluir que quem deixou dí-vidas foi ele para ele mesmo. O cara temmedo de abrir o hospital, que já está pron-to, não valoriza o servidor, parece que temmedo de administrar. O servidor será, comcerteza, minha prioridade”, disse ele.

Candidata pela terceira vez ao gover-no municipal, Sandra Coelho, a Sandra deBadú (também sem partido), aposta na sen-sibilidade feminina para disputar a eleição.Acostumada a fazer campanhas sem mui-tos recursos, acredita que a criatividaderesolve os problemas financeiros, tanto dacidade quanto da disputa eleitoral.

“A mulher é mãe, e só ela tem a capa-cidade de administrar a cidade com o cui-dado que ela merece. A questão social aquié complicada, o povo precisa de Saúde, E-ducação, transporte coletivo, estamos semônibus ainda, precisamos resgatar nossosvalores culturais, o turismo de qualidade”,aflige-se.

Disputa pelo apoio do prefeito

Na complicada disputa interna parasaber quem será o candidato apoiado peloatual prefeito, o vice nos dois mandatosde Paulo Lobo, Edmilson Bittencourt(PMDB), acredita ser o mais capacitadodevido à sua larga experiência no Legisla-tivo e Executivo.

“Fui vereador por três mandatos, vice-prefeito em dois, mas não é só isso. Posso

afirmar, sem medo de errar, que fui o viceque mais trabalhou na história de São Pedroda Aldeia. Além disso, tenho excelentesrelacionamentos nos Governos Federal eEstadual. Acho que com isso me credenciopara ser um bom prefeito para minha cida-de”, acredita.

O atual presidente da Câmara Aldeense,Cláudio Vasque Chumbinho (PSDB), maisconhecido pelo último sobrenome, embo-ra esteja na linha dos aliados do prefeito,afirma que sua candidatura é irreversível,e que poderá sim, ser a terceira via sonha-da por uma boa parte dos eleitores.

“Já estou com meu grupo organizandoa campanha, com diversas reuniões acon-tecendo quinzenalmente. Em pouco tem-po, já recebi o prêmio da Fundação Jusce-lino Kubistchek como o vereador mais atu-

S ã o P e d r o d a A l d e i a

Sou um nome

da nova geração

e minha

candidatura está

aí para ficar

Acho que a cidade

precisa de um

choque de gestão,

e estou pronto

para esse desafio

Carlindo Filho

Carlindinho

Francisco Marcos Moreira Pinto

Marquinho da Trecu’s

Cláudio Vasque Chumbinho Hildegardo Milagres

Cometi erros, como

todo mundo, mas

agora estou mais

maduro e pronto pra

voltar a administrar a

minha cidade

Nossas

prioridades são o

funcionalismo

público, a Saúde

e a Educação

10 CIDADE, Abril de 2007

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ante do município, e na presidência daCâmara, diminuí uma série de gastos, o quejá pode ser sentidos por todos. Sou umnome da nova geração e minha candidatu-ra está aí para ficar”, aposta.

Outro nome bastante cogitado para apróxima eleição é o do ex-secretário deObras Hildegardo Milagres (PMDB). Suaexperiência em sucessivas administrações,como a dos ex-prefeitos Dárcio Leão, IédioRosa, do atual Paulo Lobo e dois manda-tos como vereador, segundo ele, são seustrunfos na disputa eleitoral.

“É claro que gostaria do apoio do go-verno, mas minha candidatura independedisso. Tenho certeza de que sou tecnica-mente o mais bem preparado, conheço osproblemas e as virtudes de São Pedro comoninguém. Acho que a cidade precisa de um

choque de gestão, e estou pronto para essedesafio”, afirmou.

O ex-presidente da Câmara, FranciscoMarcos Moreira Pinto (PSB), o Marquinhoda Trecu’s aposta na boa votação nas últi-mas eleições, quando candidatou-se a umavaga na Assembléia Legislativa e obteve20% dos votos válidos em São Pedro daAldeia, para obter a vaga de candidato comapoio governamental. Mas afirma tambémnão abrir mão de sua candidatura.

“Tenho chances reais de vitória, a últi-ma eleição e as pesquisas mostram isso.Vamos em breve começar as reuniões detrabalho, que terão o nome “São Pedro énosso”, onde lançaremos a plataforma paragovernar São Pedro. Nossas prioridadessão o funcionalismo público, a Saúde e aEducação”, garante.

O ex-secretário de Saúde EdmundoRamos (PT), embora na oposição, tam-bém pleiteia sua candidatura. Sua situa-ção jurídica é complicada, pois é primode primeiro grau do prefeito, e a Lei daReeleição prevê impedimento neste ca-so. A situação está sendo discutida nopartido.

“A situação jurídica quem vai resol-ver é a Justiça. Caso não possa mesmo sercandidato, estamos discutindo o nome deJosué Lima, uma liderança do Bairro SãoJoão, e eu seria seu vice. O fato é que te-nho vontade de ser prefeito de São Pedro,cidade onde nasci, trabalhei como médi-co, fui vereador, secretário de Saúde, e te-nho projetos democráticos para a melhoriada qualidade de vida da população” decla-ra.

O cara tem medo de

abrir o hospital, que

já está pronto, não

valoriza o servidor,

parece que tem medo

de administrar

A mulher é mãe,

e só ela tem a

capacidade de

administrar a cidade

com o cuidado que

ela merece

Posso afirmar, sem

medo de errar, que

fui o vice que mais

trabalhou na

história de São

Pedro da Aldeia

Tenho vontade de

ser prefeito de

São Pedro, cidade

onde nasci

Iédio Rosa Edmilson Bittencourt Sandra Coelho

Sandra de Badú

Edmundo Ramos

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12 CIDADE, Abril de 2007

O senhor anunciou que após o carnaval se

pronunciaria sobre candidatura à sucessão.

Alguma decisão nesse sentido?

Ainda não. Estamos aguardando umconsenso entre os pré-candidatos para umadefinição que possa reunir as forças pro-gressistas de São Pedro da Aldeia. Uma vezestabelecido o consenso, o candidato es-colhido terá todo o apoio do grupo parainiciar sua caminhada.

Embora não haja pesquisas divulgadas,

sabemos que há um favoritismo do nome do

ex-prefeito Carlindo Filho, um notório

adversário político do seu grupo. Alguma

estratégia para mudar esse quadro?

Como aconteceu na última eleição, nos-so povo saberá avaliar as propostas e pro-jetos para São Pedro da Aldeia. Quem co-nhece o candidato da oposição já viu essefilme e sabe bem título: “O seu passadocondena”. Não foi por acaso que uma pes-

Estamos

aguardando um

consenso entre os

pré-candidatos

para uma

definição que

possa reunir as

forças

progressistas

quisa da Revista Isto É, em 2000, indicouo ex-prefeito como o segundo pior prefei-to do Estado do Rio de Janeiro.

O ex-prefeito Iédio Rosa está anunciando

alinhamento com Carlindo. Houve alguma

espécie de rompimento com ele?

Nas reuniões do grupo, Iédio semprefoi considerado um pré-candidato com óti-mas chances. Suas declarações na impren-sa, de que ele prefere ser um secretário deCarlindo, nos surpreendeu. A opção foimuito precoce e uma decisão exclusivadele.

Há um desgaste natural de sua

administração após mais de 6 anos de

mandato. Como pretende reverter esse

quadro até 2008?

Estamos definindo os últimos projetospara iniciarmos a divulgação de nossasações. São Pedro é quase tão grande quan-to Cabo Frio, tem a metade da população eum orçamento sete vezes menor, por con-ta dos royalties de Petróleo. Não sobraquase nada para investir em propaganda,porém, obras não faltam para mostrar à po-pulação. Em breve, faremos ações deconscientização e divulgação desse traba-lho que a prefeitura realiza fazendo umaSão Pedro da Aldeia cada dia melhor.

Paulo Lobo

ainda indeciso

S ã o P e d r o d a A l d e i a

Prefeito Paulo Lobo

Oprefeito Paulo Lobo Ainda não de-

cidiu a quem dar apoio na eleição

de 2008. Com uma série de pré-

candidatos e alguns trunfos na maga, o

ex-prefeito falou com exclusividade à CI-

DADE sobre eleição, apoios e outros te-

mas.

12 CIDADE, Abril de 2007

Marconi Castro

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13CIDADE, Abril de 2007

omo parte da Campanha Municipalde Acessibilidade, que tem o obje-tivo dar visibilidade à causa da pes-

soa portadora de deficiência na socieda-de em geral, a prefeitura de Cabo Frioatravés das secretarias de Educação, Pro-moção Social e Saúde, realizou, no dia21 de março, no Teatro Municipal,a pa-lestra “Acessibilidade aos Espaços Ur-banos e Arquitetônicos”.

Participou como palestrante ReginaCohen, que é arquiteta, cadeirante, dou-tora em Psicologia de Comunidade eEcologia Social e coordenadora do Nú-cleo Pró-Acesso da UFRJ. Também fa-lou sobre o assunto a professora CristianeRose de Siqueira Duarte – arquiteta edoutora em Geografia pela UFRJ.

Regina Cohen conheceu os princi-pais espaços públicos de Cabo Frio, en-tre eles o píer de passageiros de transa-tlânticos e a sede da Prefeitura, onde foiinstalado recentemente um elevador ex-clusivo para pessoas com deficiências.

Regina Cohen é considerada uma dasmaiores referências nacionais sobre o as-sunto, tendo regressado recentemente deuma temporada de 20 dias nos EUA mi-nistrando palestras sobre o tema. A As-sociação de Arquitetos e Engenheiros deCabo Frio, a Associação Comercial, a

Associação dos Construtores e o Sindica-to dos Comerciantes estiveram presentesao evento.

Segundo os especialistas, “O que carac-teriza uma pessoa com deficiência não é afalta de visão, de audição, de um braço oude uma perna ou uma estrutura mental dife-

rente, nem somente falhas no andar ou noficar de pé que se traduzem em dificulda-des. A pessoa com deficiência também éaquela que se encontra desarmada diantede situações da vida cotidiana” .

Dr Antônio Pedro,

Professora Cristiane Rose,

Dr José Roberto Rocha,

Regina Cohen e Paulo Massa

Secom / Cabo Frio

Cabo Frio promoveacessibilidade

C

I N B O X

Secom / Cabo Frio

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14 CIDADE, Abril de 2007

C a r t a s

Cartas para o Editor

Praia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015

E-mail:[email protected]

Publicação MensalNSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: [email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

Editor de TextoGustavo [email protected]

ReportagensCristiane ZotichGraciele SoaresJuliana VieiraRenato SilveiraCristiane OliveiraOctávio Perelló

FotografiasCesar ValenteFilmers 9900Marconi CastroPapiPress

ColunistaOctávio Perelló

Produção GráficaAlexandre da [email protected]

ComercialPatrícia CardinotTel: (22) [email protected]

Armação dos BúziosÂngela BarrosoTels: (22) 2620-8960 / [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfica e Editora S.A

Tiragem5.000 exemplares

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, IguabaGrande, São Pedro da Aldeia, CaboFrio, Arraial do Cabo, Búzios, Riodas Ostras, Casimiro de Abreu,Macaé, Rio de Janeiro e Brasília.

Os artigos assinados são deresponsabilidade de seus autores.

www.revistacidade.com.brAbril, 2007

PARABÉNS A TODOS QUE PARTICIPAMda organização dessa maravilhosa revista. Asmatérias são excelentes e tudo na revista éde muito bom gosto. Tenho grande interessede morar em Cabo Frio e trabalhar comvocês. Então tomei a liberdade de enviar omeu currículo, já visto que estou terminandoo meu curso de comunicação Social (Jorna-lismo) em junho. Um abraço a vocês.Agnaldo Silva(por e-mail)

NO DIA 29 DE MARÇO, AQUI, NA IGRE-ja Brasileira, Diocese de Cabo Frio comosede e na Região dos Lagos, como forum dereconhecimento, vamos realizar o 1º Encon-tro Interdiocesano, bispos e padres da Re-gião Sudeste, do Brasil, tratando, setorizada-mente, da releitura dos estatuto da Igreja Bra-sileira, face o XIX Concílio Nacional, emBrasília, no mês de junho de 2007.Razão pela qual, precisamos de mostrar umjornal de vanguarda desta cidade, e já quesou seu leitor e simpatizante, para tal, preci-samos de 30 exemplares, como brinde, paraassim divulgar esta visão e perspectiva da re-gião.Paz e Bem!Dom Alvaro Rosa(Bispo de Cabo Frio da ICAB - 17 Municí-pios Fluminenses)

AO CONHECER A REVISTA CIDADE,pude constatar que vocês estão fazendo umtrabalho de muita competência e profissiona-lismo.Sou Bibliotecária do CEM Professora MarliCapp em Cabo Frio, que recebe este exem-plar e gostaria de parabenizá-los por essa dia-gramação com conteúdos tão importantespreoculpados em esclarecer o que o públicoprecisa saber.Beatriz Vasconcellos(Bia [email protected])

ATENDE OS REQUISITOS CITADOS EMmeu texto /“Só chefes, nenhum índio”/, pu-blicado nesta revista na edição de fevereiro,tendo um secretário-excutivo vitalício, o Dr.Firmino, rapaz competente e esforçado, masque, na entrevista, por telefone, repete o quevem dizendo há uns 10 anos. O Consórcio éalgo esquisito, nem legal nem legítimo, situ-ando-se entre os poderes municipal e esta-dual, não previsto na Constituição. Aodescrevê-lo como um grupo(?), ONG(?), sejalá o que for, que \“Cumpre o seu papel aoconseguir articular e fazer com que as insti-tuições encarregadas apliquem recursos in-tegrando os projetos em prol de um resulta-do comum, sem que qualquer desses recur-sos tenha que passar pelo Consórcio\”, infe-re-se que essa articulação envolve os pode-res executivo e legislativo municipais, órgãosestaduais e federais. É poderoso.Ernesto Lindgren(Palmeiras - Cabo Frio/RJ)

COMO A REVISTA CIDADE SEMPREtem matérias educativas e tem ajudado mui-ta gente com os trabalhos na escola, eu que-ria sugerir fazer uma sobre a história do salaqui na Região dos Lagos. Como foi que co-meçou tudo e porque está acabando.Jefferson Valentim(estudante - por e-mail)

MORO EM JUIZ DE FORA E COMPREIa Revista Cidade aí em Cabo Frio. Gostei de-mais das matérias e vou fazer uma assinatu-ra para sempre ficar sabendo das novidades.Por que vocês não fazem uma reportagemcom as pessoas de Juiz de Fora que passamas férias e feriados aí em Cabo Frio? Já tembastante gente que conhece a revista e todomundo vai adorar. Parabéns e continuem as-sim para sempre!Joana Pimenta(Prefessora - Juiz de Fora/MG)

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15CIDADE, Abril de 2007

ficialmente o verão terminou no últi-mo dia vinte de março, mas na práti-ca, pelo menos em Cabo Frio, comer-

ciantes afirmam: não existe mais diferen-ça entre a baixa e alta temporada. Segun-do eles, os investimentos feitos no setorde Turismo têm diminuído a diferença en-tre as temporadas, levando tranqüilidadeaos empresários da cidade, que agora con-seguem lucrar o ano inteiro.

Presidente da Associação Comercial deCabo Frio, Adelício José dos Santos infor-mou que nos últimos anos o movimentona baixa estação melhorou bastante. “Mar-ço sempre foi um mês muito fraco, mashoje temos um movimento ótimo. Tenhonotado que, nos fins de semana, restauran-tes estão lotados, com filas na porta. Issoporque o longo período entre os verões estádiminuindo, sendo amenizado”, explica.

O secretário de Turismo, Gustavo Be-ranger também pensa o mesmo. “Realmen-te não existe mais essa diferença porqueestamos trabalhando nosso calendário deeventos de outra maneira. No primeiro se-mestre temos vários eventos, e estamosdefinindo o mês de maio como o Mês daTerceira Idade. No segundo semestre já te-mos eventos consagrados como a FestaPortuguesa, o Festival Internacional deDança e a partir deste ano, a Mostra deFilmes”.

Para Gustavo, a diversificação das ati-vidades apresentadas no calendário con-tribuem para que Cabo Frio seja uma ci-dade com movimento durante todo o ano,e não mais apenas no verão. “Não temoscomo acabar totalmente com esta diferen-ça, mas ela pode e está diminuindo”. Comoexemplo, ele citou a Disney. “Nos mesesde junho, junho e agosto, que é verão nosEstados Unidos, a Disney está lotada, comfilas quilométricas, mas nas outras épocasdo ano o movimento continua existindo,mas em proporções bem menores”.

Alta estaçãoo ano inteiroCabo Frio investe para diminuir a diferençaentre verão e invernoCristiane Zotich Na carona do aeroporto

Ainda segundo o secretário de Turis-mo, “além do novo calendário de eventos,Cabo Frio vai diminuir ainda mais essadiferença entre baixa e alta temporada coma reinauguração do Aeroporto, prevista pa-ra o final de março”. Gustavo lembra quea ampliação da pista permitirá novos vôos,que diminuirão distâncias hoje considera-das grandes porque só podem ser feitas decarro ou ônibus. “Quem mora em Brasíliaou São Paulo, por exemplo, não pode vir aCabo Frio num fim de semana porque seperde muito tempo de carro ou ônibus.Com o Aeroporto essa distância diminuimuito. Em uma hora, quem mora em SãoPaulo estará aqui, e em uma hora e meiaquem mora em Brasília. Então, isso nospermitirá diminuir, ainda mais, essa dife-rença entre baixa e alta temporada, porquea cidade terá visitantes o ano todo”.

GUSTAVO BERANGER

Secretário de Turismo de Cabo Frio

Não temos como acabartotalmente com esta diferença, masela pode e está diminuindo

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T u r i s m o

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“Quero ser lembrado como alguém que melhorou a saúde, a educaçãoe a segurança da população”

Governador

Sérgio Cabral Filho

Div

ulga

ção

FALA GOVERNADORJuliana Vieira

os 43 anos Sérgio Cabral Filho é eleito Governador do

Estado do Rio de Janeiro com 5.129.064 votos. Sua his-

tória na política começou cedo quando em 1982 assu-

miu o posto de articulador da campanha de seu pai, o tam-

bém jornalista Sérgio Cabral, que disputava uma vaga na

Câmara dos Vereadores da cidade do Rio de Janeiro. Cinco

anos depois ocupou o primeiro posto na vida pública, o de

diretor de operações da TurisRio, a companhia de turismo do

Governo do Estado.

Em 1990, quando tinha apenas 27 anos, Sérgio Cabral Filho

disputou sua primeira eleição e se tornou deputado estadual

pelo PSDB com 12 mil votos. Em 1994 foi reeleito, desta vez

com 168 mil votos. O trabalho na ALERJ - Assembléia

Legislativa do Estado do Rio de Janeiro - se transformou na

melhor vitrine para Cabral que no mesmo ano foi eleito pre-

sidente da ALERJ pela primeira vez.

Em 1996, disputou a Prefeitura da capital, mas foi derrotado

no segundo turno por Luiz Paulo Conde, seu atual secretário

de Cultura. Quatro anos mais tarde, já em 1998, ele é reeleito

deputado estadual e conquista também o título de maior vo-

tação de um deputado estadual desde 1975 com nada mais,

nada menos que 380 mil votos. Na época ficou conhecido

também como o político mais votado do Brasil. Mais uma vez

se manteve no cargo mais poderoso da Assembléia Legislativa

que é a presidência.

Do Palácio Tiradentes - sede da ALERJ - ele seguiu para o Sena-

do Federal em Brasília quando em 2002 foi eleito senador da

República pelo Estado do Rio de Janeiro superando por cerca

de um milhão de votos o então senador Marcelo Crivella. Ca-

sado com a advogada Adriana Ancelmo e pai de cinco filhos, o

governador Sérgio Cabral Filho conversou com CIDADE em

sua residência oficial, o Palácio Laranjeiras, e falou sobre a pre-

sença de municípios fluminenses na lista dos mais violentos do

Brasil, sobre drogas e sobre os desejos para o futuro.

A

P o l í t i c a

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Qualquer policialenvolvido com ilegalidadee com criminosos serábanido e será processadopara ser preso porque ébandido também

Bot

elho

Recentemente foi divulgada uma lista dos 50

municípios mais violentos do Brasil para jovens de 15

a 24 anos, como o senhor avalia a presença de cidades

fluminenses neste mapa da violência?

Este é um tema que vem preocupando o Governodesde o primeiro dia de trabalho. Nós temos que fa-zer ações permanentes e o que são ações permanen-tes? É a construção de delegacias dignas e o aumen-to do efetivo nas ruas.

Macaé, por exemplo, viveu momentos de terror devido

à violência. O que a população macaense pode esperar

de ação do Governo Estadual?

Infelizmente nos últimos anos o Governo do Es-tado e a Prefeitura de Macaé não se falaram, masisso acabou. Estamos em diálogo permanente paramelhorar a qualidade de vida de uma cidade tão im-portante como Macaé. O acontecimento (referindo-se à Operação Morpheu da Polícia Federal em Macaé)foi muito positivo porque nós acabamos com um la-boratório de cocaína. Eu posso garantir, sem maio-res detalhes que faremos operações muito importan-tes em Macaé. A população macaense conta com oGoverno do Estado, nós vamos trabalhar em conjun-to. Estamos a apenas dois meses no governo e infe-lizmente este é um problema que vem se avolumandonos últimos anos, mas nós vamos resolver. Eu possodar garantia à população que nós vamos resolver esteproblema em Macaé.

Um assunto que vem causando muita polêmica foi a

sua declaração em relação às drogas leves, o senhor

acredita que com a legalização da maconha a

violência possa diminuir?

Este não é um assunto apenas do Rio de Janeiro enem do Brasil. O que eu fiz como homem públicofoi provocar um debate para a gente fazer uma análi-se. Eu, por exemplo, sou pai e como pai, não queroque um filho meu use drogas. O que eu quero é que apopulação, sobretudo as autoridades até internacio-nais, comecem a fazer uma reflexão se está valendoa pena esse grau de proibição porque o que isso pro-voca é a luta pela venda. Se houvesse junto da proi-bição o final do consumo, maravilha, mas não é ver-dade. Proíbe-se o consumo de drogas mas infelizmente ainda háum grande contingente de pessoas que mesmo sabendo que asdrogas matam, elas continuam querendo usar. Nos Estados Uni-dos, na década de 30, proibiram o consumo de álcool porque oálcool também mata, o álcool também é uma droga . Os ameri-canos dizem que o que aconteceu foi a criação do Al Capone,das máfias, da corrupção na polícia, da morte de pessoas inocen-tes. Então o fato é que nós temos que discutir isso mas não só ospolíticos, as autoridades da ciência, da saúde, da psiquiatria, daneurologia. Discutir esse assunto e verificar uma solução porqueesse modelo que os Estados Unidos lideram, da proibição abso-luta, tem matado milhões de pessoas a bala. Por exemplo, no Riode Janeiro o consumo de drogas pesadas matou 585 pessoas noano passado e no entanto a briga pelo comércio da droga, queenvolve a compra de armas clandestinas, mata milhares de jo-vens no Rio de Janeiro.

Mas o Rio de Janeiro também está muito associado à participação

de policiais no tráfico.

Qualquer policial envolvido com ilegalidade e com crimino-

sos será banido e será processado para ser preso porque é bandi-do também. Nós temos é que prestigiar os bons policiais que é agrande maioria da corporação, tanto na polícia civil quanto napolícia militar. A grande maioria é de gente séria, de gente ho-nesta, de gente trabalhadora que quer fazer o bem para a comu-nidade. Aquele que não presta tem que ser afastado da polícia eresponder criminalmente por isso.

Que mensagem o senhor deixaria, neste momento, para os

cidadãos do interior do Estado do Rio de Janeiro? Em especial para

Macaé, apontada como uma das cidades mais violentas do país?

Que a partir do nosso governo Macaé tem governo . Um go-verno parceiro, um governo amigo que vai trabalhar em conjun-to . Nós vamos trabalhar juntos, é como se diz, a solução é muitatranspiração para que a gente possa ter um bom resultado.

Como o senhor deseja ser lembrado ao fim do seu mandato como

Governador do Estado do Rio de Janeiro?

Como alguém que melhorou a saúde, a educação e a segu-rança da população. Eu acho que esses são os três princípiosbásicos do poder público para fazer o bem da população.

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PRAINHA

Arraial do Cabo / RJ

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e o escritor Dias Gomes ainda fossevivo, certamente criaria uma novelainspirada na história política de Arraial

do Cabo. Autor de um clássico da teledra-maturgia – O Bem Amado (1973) -, ele nar-rava a estória de uma cidade fictícia dointerior da Bahia (Sucupira) onde o pre-feito (Odorico Paraguaçu) fazia de tudopara inaugurar o cemitério municipal. EmArraial, Dias contaria outra versão: a his-tória real de um decreto assinado pelo pre-feito Henrique Melman (PDT), em 2006,que proibia qualquer tipo de morte na ci-dade por falta de vaga no cemitério. O cu-rioso documento ainda determinava paga-mento de multa a quem desobedecesse àlei.

Além disso, o enredo dessa nova Sucu-pira da Região dos Lagos, emancipada deCabo Frio em 1985, e com população esti-

SUCUPIRAFLUMINENSEDisputas pessoais, mandos, desmandos e denúnciasmarcam a história política de Arraial do Cabo

Cristiane Zotich mada em 26.842 habitantes (IBGE/2006),seria recheado de muitas intrigas e confu-sões, com direito à escândalos e ocorrên-cias policiais; acusações de pedofilia con-tra funcionários do governo, e até mesmoarmações políticas para antecipar a elei-ção da nova presidência da Câmara numatentativa frustrada de garantir a cassaçãodo prefeito. E a partir daí, a confusão é cadavez maior.

Tudo o que qualquer pessoa pode acharimpossível de acontecer num cenário po-lítico, acontece em Arraial do Cabo. A maisrecente confusão aconteceu quando o pre-feito Henrique Melman (PDT), anunciouque precisaria se ausentar da cidade poralguns dias para tratamento de saúde nosEstados Unidos. Sem vice-prefeito desdeque José Bonifácio deixou o governo paraficar alguns meses na Assembléia Legisla-tiva, assumindo uma vaga de suplente,Melman não teve outra opção a não ser

entregar a cidade nas mãos deWalter Félix Cardoso Júnior(sem partido), o Piolho, vereadorque até meados do ano era dabancada do governo, mas mudoude lado, segundo colegas doLegislativo, através de uma ma-nobra para garantir a cadeira depresidente da Câmara.

Quando se ausentou da cida-de, no dia dezesseis de feverei-ro, Henrique Melman tinha nogoverno duzentos e vinte cargoscomissionados. “Mas todos, semexceção, foram demitidos cincodias depois pelo então prefeitoPiolho, durante ponto facultati-vo na cidade. Todos pensavamque retornariam aos seus setoresno dia vinte e seis, mas forampegos de surpresa”, comentou oprefeito cabista.

Piolho contesta

Mas, Piolho tem apresenta-do outra versão dos fatos na im-prensa. “Não demiti ninguém.Foram os funcionários públicosque pediram exoneração numtotal de dezessete secretários equase trezentos cargos comis-sionados”. Segundo ele, apenaso secretário de Fazenda e o res-ponsável pelo setor de Informá-tica foram demitidos “porquenão quiseram passar para a novaadministração a senha que dá

acesso às informações oficiais da Prefei-tura nos computadores”. Em todas as en-trevistas que concedeu, Piolho considerouestranho, ainda, o fato de “ninguém ter pe-dido exoneração no Porto do Forno, por-que lá está a galinha de ovos de ouro”.

Com a exoneração dos secretários ecargos comissionados, Piolho teria anun-ciado aumento salarial de dez por centopara os servidores do município. “Sem es-ses cargos, sobrará dinheiro em caixa paraconceder este aumento”, defendeu. Mas oprefeito Henrique Melman deu outra ver-são. Segundo ele, “não houve sobra nenhu-ma de dinheiro porque ele gastou mais decem mil reais em eventos, e o rombo só nãofoi maior porque voltei antes do tempo: meuretorno estava previsto para o dia 20 de mar-ço, mas cheguei na cidade no dia 5”.

Melman ainda acusa Piolho de ter des-perdiçado dinheiro público. “Foram gas-tos com propaganda e esporte, além de ter

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WALTER FÉLIX CARDOSO JÚNIOR PIOLHO

Os fornecedores confirmaram queforam proibidos de forneceralimentos para as escolas até o diavinte de março

A r r a i a l d o C a b o

Arq

uivo coisa que mereça atuação jurídica. Temos

que agir com bastante cautela”, comentou.Sérgio informou que a secretaria de

Fazenda já iniciou um levantamento mi-nucioso de todos os gastos realizados nacidade durante a curta passagem de Pio-lho pelo governo. “Com relação ao aumen-to salarial anunciado por ele, não temosnada a fazer porque, de fato, ele não acon-teceu: ficou só no alarde. Sobre o paga-mento da empresa de lixo, recebemos duasfaturas: uma no valor normal de R$ 49 mile outra de R$ 42 mil, que embora tenhasido atestada pelo então secretário de Obrase Serviços Públicos de Piolho, o senhorJamil, não foi paga, e não será, até que sejacomprovado se houve algum tipo de tra-balho extra que justifique esse pagamen-to”.

Outro ponto que, segundo Sérgio Luis,está sendo analisado, são os gastos de Pio-lho com publicidade. “Todas essas denún-cias que o então prefeito apresentou na te-levisão também foram encaminhadas porele ao Ministério Público, que instaurouinquérito administrativo. Já tive um primei-ro contato com o promotor Murilo Bus-tamante, que está investigando tudo: tantoMelman como Piolho, porque a adminis-tração pública é uma só. O que ele quersaber é se houve algum abuso por parte deMelman, ou excesso no alardeio por partedo Piolho. Se a Justiça entender que hou-ve excessos por parte do presidente daCâmara, acredito que ele seja obrigado,sim, a devolver aos cofres o dinheiro gas-to com essa publicidade, que ainda nãosabemos quanto custou aos cofres públi-cos”. Se tudo der certo, Sérgio Luis acre-dita que em trinta dias o Ministério Públi-co se pronuncie sobre o caso.

O advogado de Piolho, identificadoapenas como Sérgio, também foi insisten-temente procurado pela reportagem deCIDADE, mas não foi localizado.

praticamente dobrado o pagamento da fir-ma que recolhe o lixo na cidade. Em ape-nas 15 dias, voltamos atrás em dois anos”.Com o retorno de Melman, todos os car-gos nomeados por Piolho foram exonera-dos, e os secretários que haviam deixado aprefeitura junto com os funcionários co-missionados ligados ao governo, foram re-nomeados.

Outro escândalo que surgiu através doepisódio, foi a denúncia feita por Piolho arespeito da falta da merenda escolar, quenão estaria sendo entregue pelos fornece-dores. “A merenda foi licitada e compradaem três estabelecimentos comerciais. Osfornecedores confirmaram que foram proi-bidos de fornecer alimentos para as esco-las até o dia vinte de março”, afirmou. Maspara Melman, isso não passa de mais umaarmação do presidente da Câmara. “Essapessoa conseguiu, em quinze dias, fazeruma calamidade na cidade. Nunca, em seisanos de governo, faltou merenda nas es-colas de Arraial, e tenho documentos quecomprovam isso”.

Apesar de toda essa confusão, Melman,que deve se ausentar novamente do gover-no apenas daqui a um ano e meio para re-alização de novos exames médicos, diz quenão pretende tomar nenhuma medida le-gal contra o vereador, “mas vou comuni-car ao Tribunal de Contas todas essas irre-gularidades praticadas por ele. O que acon-teceu serviu para mostrar ao povo de Ar-raial o que será a cidade se na próxima elei-ção derem a vitória para Andinho, primode Piolho, e verdadeiro prefeito por trásdas cortinas durante este curto período”.

Advogado do prefeito Henrique Mel-man, Sérgio Luis da Silva Santos, disse queainda é muito cedo para saber se será ne-cessário adotar qualquer tipo de medidalegal contra o presidente da Câmara ca-bista. “Estamos em fase de verificação dosfatos para saber se ele, de fato, fez alguma

HENRIQUE MELMAN

Em apenas 15 dias, voltamosatrás em dois anos

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Desenhistada natureza

Quem visita hoje a Praia do Forte e compara com fo-

tos de tempos atrás, vai notar que alguma coisa está

diferente na paisagem. Ela está mais verde. Plantas

nativas da região como jacarés, agaves, ipoméias,

saião, babosa, bromélias entre outras, dão um novo

colorido a um dos principais cartões postais da cidade.

Artesão transforma plantas emarte nas ruas de Cabo Frio

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GLAUCO BRASIL

Cristiane Zotich

C a b o F r i o

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responsável por isso é o artesão Glau-co Brasil. Amante da natureza, Glaucoé funcionário da Secaf, uma autarquia

do governo de Cabo Frio, e atua no setorde Parques e Jardins. Além de fazer belasgravuras em couro, ele também é um exí-mio desenhista da natureza.

Glauco é paulista de nascimento - “nas-ci em Presidente Prudente” -, e há trinta ecinco anos atua como profissional na áreade artesanato, fazendo pirogravura (dese-nhos em couro). Ele é fundador da FeiraHippie de Ipanema (1968), e descobriua paixão pelo paisagismo quando mo-rou numa colônia japonesa, em SãoPaulo, aos doze anos de idade. “Naverdade descobri o artesanato e o paisa-gismo ao mesmo tempo. Minha mãedava aulas de Português para os Nisseis(filhos de japoneses), e com isso vivimuito do cotidiano deles. Aprendi aarte deles, a cultivar plantas, fazerbonsais e iquebanas, e também jar-dins”.

Nos anos setenta, Glauco descobriuCabo Frio, e caminhando pela cidadefez dois grandes amigos: AntonioGastão e Teodoro. Com os dois, o pai-sagista descobriu a riqueza da cidade.“Teodoro vendia orquídeas na feiraonde funciona hoje a feirinha hippie,na Praia do Forte. E com ele conhecias restingas de Cabo Frio, lugares ondehavia cobras, brejos, nascentes deágua”. Nesses passeios com Teodoro,Glauco também conheceu árvores na-tivas da região. “Pegávamos sementese jogávamos pelos cantos fazendomudas de cambuínha, guriri , um tipode palmeira que dá fruto e que tem emgrande quantidade na estrada para Arraialdo Cabo”, conta.

No ano de 1996 Glauco Brasil foi cha-mado pelo então prefeito Alair Corrêa paratrabalhar com paisagismo. “No primeiroano de governo tivemos muito trabalhopara limpar a cidade, os terrenos baldios,tudo. Só depois começamos a plantar. Eeu era muito amigo de Márcio (Corrêa, fi-lho de Alair, morto em acidente de carrohá quase três anos), que me pedia para co-locar na cidade plantas que atraíssem pas-sarinhos, como uma forma de homenage-ar o avô dele, Zé Curica, pai de JusethCorrêa, mulher de Alair. E aí criamos oprojeto do trevo da Joaquim Nogueira comtudo o que existe na restinga: cambuínha,bajuru, araçá, aroeira, pitanga, pitanga baia,gabiroba, todos os oito tipos de bromélias

GLAUCO BRASIL

As amendoeiras podem ser podadaspara que não fiquem com a raiz tãogrande. É como se fosse um bonsai

existentes na região, pau-brasil, ipês ama-relos e brancos, algodão da restinga e maisum monte de espécies nativas”.

Em defesa das amendoeiras

Outro projeto parecido desenvolvidopor Glauco, através da Secaf, foi o jardimque até pouco tempo existia em frente àAuto Viação 1001, na Avenida Teixeira eSouza. “Quando a secretaria de Planeja-mento começou a executar a obra de urba-nização da Avenida Júlia Kubitschek, não

sam problemas. As raízes também sãograndes, e quebram as calçadas e prejudi-cam toda a parte de drenagem, que teveque ser refeita nesta obra de urbanizaçãodo local”.

Mas nenhum desses argumentos apre-sentados parece convencer Glauco de quea retirada dessas árvores foi a solução ide-al. “As amendoeiras podem ser podadaspara que não fiquem com a raiz tão gran-de. É como se fosse um bonsai. Não erapreciso destruí-las. E as folhas são exce-

lente como adubo. Toda hora passa opessoal da varrição e cata as folhas.Elas podem ser reaproveitadas. Só es-pero que no lugar dessas amendoeirassejam colocadas plantas nativas comoIpês, por exemplo”.

Nova cara para a Litorânea

O mais recente projeto desenvol-vido por Glauco através do setor deParques e Jardins, é o paisagismo daAvenida Litorânea. “Estamos com 95%do projeto pronto. Algumas plantas queforam retiradas do canteiro em frentea 1001 foram levadas para a Litorâ-nea”. Segundo Glauco, no local estásendo feito trabalho de recuperação ex-terna de um quilômetro de dunas commais de 35 mil mudas diversas. “Sãolantanas, bouganvilles, bromélias,ipoméias, cactos, jacarés, pau-brasil,ipês...”

Aliás, o investimento em arboriza-ção é um trabalho que Glauco faz ques-tão de destacar no governo municipal.“Quando se plantam essas espécies na-tivas, se resgata a história da cidade.

O guriri, por exemplo, nós comemos ape-nas a carne externa. Mas os sambaquianos(pessoas que viveram no litoral há mais decinco mil anos) quebravam a casca e tam-bém comiam o fruto de dentro”.

Desde o governo Alair Corrêa, o pai-sagista lembra que foram plantadas emCabo Frio “mais de um milhão de mudaspor toda a cidade. Está tudo documentadopela Rede Globo, Rede Record, TV Cultu-ra, que acompanharam muitos desses tra-balhos desenvolvidos na cidade. No Mor-ro do Telégrafo foram mais de 30 mil mu-das que já começam a florescer. No Jar-dim Excelsior plantamos muitos ipês e írisde restinga. A secretaria de Meio Ambien-te também está começando a trabalhar vol-tada para isso. Então, a política de arbo-rização da cidade caminha na direção cer-ta, dentro do possível”.

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sei por que mandaram retirar o projetopaisagístico do local. Então fui lá com mi-nha equipe e retirei mais de 300 plantas,uma delas que foi plantada a pedido deCarlos Alberto Galvão – o Catuca – comohomenagem à Victorino Carriço: um bou-ganville roxo que nunca deixou de florir.O restante foi plantado por mim e ZéCurica em homenagem à Teodoro”.

Glauco também afirmou não entendero motivo que levou à secretaria de Plane-jamento de Cabo Frio a retirar as amendo-eiras que ficavam no canteiro central des-ta mesma avenida. Segundo o secretáriode Obras, Carlos Santana, as árvores fo-ram retiradas porque prejudicavam a dre-nagem. “As amendoeiras dão sombra mui-to boa, mas não são ideais para área urba-na. Quando as folhas caem, por seremmuito grandes, elas vedam os ralos e cau-

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Praia do Forte:

em busca do verde

e da sombra

Amendoeiras da praça da

rodoviária em Cabo Frio. Sombra

generosa e podas inteligentes

Av Júlia Kubitscheck:

opção por paisagismo que

não privilegia áreas de sombra

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novar é uma constante atitude nas ar-tes. Não fugindo à regra, vinte artistasdoaram obras para o 1º. Leilão de Ar-

tes e Antiguidades de Cabo Frio, eventode caráter filantrópico, beneficente aoprojeto OMDA – Obra Missionária deApoio. O leilão será realizado na Chari-tas – Casa de Cultura José de Dome, nodia 26 de abril, às 19 horas. Para a oca-sião virá, como voluntário, um renomadoleiloeiro do Rio de Janeiro. A intençãodo evento é arrecadar fundos para aju-dar na construção da sede do OMDA naEstrada Velha de Búzios, onde serão ofe-recidos, entre outras atividades, cursosprofissionalizantes para jovens carentes,em especial os oriundos da Creche TiaMaria.

No dia 25 de abril o público já pode-rá conhecer as obras em exposição no

Arte solidária

LÉLIA PARANHOS

Coordenadora do Projeto ONDA

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Artistas doam obras para primeiro LeilãoBeneficente de Artes e AntiguidadesOctavio Perelló

O Leilão de Artes e Antiguidades be-neficente ao Projeto OMDA conta como empenho das coordenadoras LéliaParanhos e Lílian Campos e de persona-lidades como Marina Massari, JoelmaFidalgo, Nilza Michelot, Ligia Calvo,Gustavo Machado, entre outros. Compreocupações humanitárias em suas ati-vidades, o Projeto OMDA contabilizainúmeras ações em prol das comunida-des carentes da região, levando apoio amuitas famílias.

Charitas. Os artistas participantes são IvanMorini, Gladis Reveillou, Regina Dutra,Dora Portugal, Virgílio Castro, Tereza MacLeon, Carlos Mendonça, Tiíta Machado,Foureaux e Cássia, Josafá, Lair Gago (inmemoriam), Jorge Cerqueira, Roberto Pes-sôa, Mauro Guedes, Jurandir, Paulo Pley,Paula Zibemberg, Beth Michel, ViníciusSantiago, Maria Bandeira, que doaram pin-turas e esculturas de sua safra. Peças deantiguidades, como mobiliário e objetos dedecoração, também foram doados.

A classe artística tem tradição em apoioa causas importantes. O genial pintor espa-nhol Pablo Picasso marcou a década de 1940com a pomba branca que ilustrava o layoutda Campanha pela Paz. Em Cabo Frio,Carlos Scliar, outro genial pintor que parti-cipou de ações semelhantes em vários con-tinentes, dedicou-se a ajudar movimentossociais que se preocupavam com a preser-vação do patrimônio cultural e ambiental.

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Pedido embargo do BreezesNiete Martinez

Fotos PapiPress

Ministério Público (MP) Tutela Co-letiva Núcleo de Cabo Frio ajuizouação civil pública contra a Fundação

Estadual de Engenharia do Meio Ambien-te (FEEMA), a Plarcon Engenharia S.A eoutros proprietários de unidades do lotea-mento Nova Geribá, situado em Tucuns,Búzios.

Os promotores de Justiça, Murilo Bus-tamante e Denise da Silva Vidal pedem aimediata paralisação das obras e vendas doempreendimento SuperClubs Breezes,além da proibição do início de obras nosdemais lotes do empreendimento.

Com base em informações e dados apu-rados em 1999 e 2006, os promotores con-cluíram que as licenças ambientais foramconcedidas irregularmente pela Feema. Se-gundo o MP, a Feema não atendeu a deter-minação legal que exige a preservação per-manente da vegetação de restinga fixadorade dunas, assim como os princípios bási-cos de responsabilidade ambiental. A anu-lação dos atos de concessão das licençasde instalação no loteamento inviabilizaria,assim, a implantação de outros empreen-dimentos em seus respectivos lotes, inclu-indo-se aí o lote destinado ao resort SuperClubs Breezes Búzios, que se encontra emfase de instalação.

Segundo os promotores, o fato do ór-gão ambiental não ter levado em conside-ração a caracterização ambiental do local

Obras em

ritmo acelerado

durante o processo de licenciamento, as-sim como a ausência de explicação paraisso, justificam a anulação das licenças.

A ação inclui, além da Feema e da Plar-con Engenharia, o Município de Búzios,as empresas Sernambiguara Imóveis Ltda,Marsol Empreendimentos E ParticipaçõesS.A, Dumila Empreendimentos e Partici-pações Ltda., Quinze De Maio Incorpora-ção Imobiliária Ltda., San José Imobiliá-

ria Ltda., e as pessoas físicas de MiguelAlberto Goldin, José Antônio VerbicárioCarim, Ângela Avellar Coelho de Souza,Maria Cristina Pinto Filipecki, EduardoSeabra Fagundes, Humberto GrangeiroSchmidt, Miriam Fernandez Diniz, Afon-so Eurico Kuernez, Ricardo BarcellosSobral e Roberto Zanotta.

Juiz visita canteiro de obras

O Juiz da Comarca de Búzios, JoãoCarlos Corrêa, fez uma visita às obras doempreendimento, percorrendo toda a área

da obra. O magistrado foi acompanhadopor engenheiros que esclareceram as di-versas indagações acerca do funcionamen-to do canteiro de obras, e dos processos depreservação da vegetação nativa existenteno local.

Os construtores afirmaram ao Juiz queárea próxima às dunas, hoje cercada e jáem processo de construção, já estava ex-tremamente degrada, e que o acesso à praianão está sendo impedido, por que as cer-cas instaladas no local são de fácil remo-ção.

FEEMA notifica empreendimento

A Fundação Estadual de Engenharia doMeio Ambiente notificou a empresa Mar-sol Empreendimentos e Participações S.A,responsável pela construção da obra pordescumprimento da restrição 25 da Licen-ça de Instalação – LI Nº FE011386.

De acordo com o o agente regional daFeema na Baixada Litorânea, Carlos Alber-to Muniz, a construtora responsável pelaobra não teria enviado a licença de insta-lação do chamado bota-fora, que são osentulhos e areia retirados durante a cons-trução.

Carlos Alberto Muniz explicou que osconstrutores aterraram uma pequena lagoaque ficava nos fundos do empreendimen-to, colocando os entulhos e areia no local.Segundo Muniz, os lençóis freáticos exis-tentes na área podem ser prejudicados poresta ação. O não cumprimento da determi-nação, pode resultar em multas e até mes-mo no embargo do empreendimento.

A r m a ç ã o d o s B ú z i o s

O

Ambientalistas

instalaram placas para

proteger as dunas

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26 CIDADE, Abril de 2007

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27CIDADE, Abril de 2007

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28 CIDADE, Abril de 2007

Búzios na raia28 CIDADE, Abril de 2007

Búzios sedia a

Seletiva Pré

Olímpica 2007

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29CIDADE, Abril de 2007

or possuir as mesmas características de Cascais, em Portugal, a FederaçãoBrasileira de Vela e Motor (FBVM) escolheu o Centro Olímpico de Vela doIate Clube de Armação dos Búzios (ICAB), para sediar a Seletiva Pré Olím-

pica de 2007.Com ventos leste/nordeste, com média geral de 15 nós, e média de pico entre

18 e 20, 56 barcos e 75 velejadores competiram entre os dias 04 e 09 de março embusca de uma vaga na Equipe Permanente de Vela Olímpica (EPVO), a verdadei-ra seleção brasileira de Vela, que conta com o apoio financeiro e institucional daFBVM.

Os primeiros colocados representarão, em julho, o Brasil no Campeonato Mun-dial da ISAF (Internacional Sailing Federation) em Portugal, garantindo a parti-cipação dos membros natos da EPVO, nas classes Star e Laser, medalhistas deouro nos últimos Jogos de Atenas.

Todas as regatas previstas no Aviso de Regata foram realizadas para as clas-ses olímpicas: Star (M), Tornado (aberto), Finn (aberto), Laser Standard (M),Laser Radial (F), 470 (M e F), 49er (aberto), RS;X (M e F).

O campeonato apresentou um alto nível técnico, aliado às condições perfei-tas de ventos e ondas, que Búzios sempre tem a oferecer.

A nata dos velejadores brasileiros esteve presente e a única ausência foi domedalhista Torben Grael, que por estar fazendo campanha em Valência, naEspanha, para a America´s Cup, não pôde fazer dupla com seu proeiro MarceloFerreira.

Mas o Brasil não tem apenas um mago na Classe Star. Temos também, AlanAdler, campeão mundial e diretor da Vela Brasil que, com Marcelo Ferreira, ele-vou o nível da disputa ao máximo e só engrandeceu a vitória incontestável dadupla Robert Scheidt e Bruno Prada.

Além de Robert e Bruno, outros velejadores também dominaram de formairrefutável as suas classes e garantiram suas vagas na EPVO. Adriana Kostiw noLaser Radial, Fernanda Oliveira e Isabel Swan no 470 feminino, AlexandreParadeda e Bernardo Arndt no 470 masculino e Patrícia Castro no RS:X femini-no, foram quase perfeitos. No entanto, só um velejador venceu todas as 11 rega-tas da série, Ricardo Winicki – o Bimba - no RS:X. Bimba estava inspirado evelejando no quintal de sua casa mostrou que, quando reclamou do equipamentono Pré Pan do Rio, não foi desculpa para sua classificação. Na flotilha de altíssimonível que contou com seu forte concorrente, Paulo Reis de Ilhabela, DulterManhães e Albert Carvalho de Búzios e, ainda, mais sete velejadores estrangei-ros de peso, Bimba simplesmente arrasou.

Na Laser Standard, Bruno Fontes garantiu sua vaga na EPVO mesmo chegan-do em 2º lugar geral, pois dos 15 barcos que competiram nesta classe, 5 eram deestrangeiros e o sueco Arvid Claeson venceu o campeonato, mas não levou aseletiva.

João Signorini é o nosso representante no Finn e a dupla André Fonseca eRodrigo Duarte, na radical classe 49er.

A Classe Tornado, no velocíssimo multicasco, foi a mais emocionante e difí-cil decisão. A classificação da dupla Bruno Di Bernardi e André Chang chegoujunto com a última rajada de vento. A diferença do somatório de pontos perdidosentre os dois primeiros lugares foi de apenas 1 ponto. 15 para os campeões Brunoe André e, 16 para a dupla vice-campeã Luiz Eduardo Adler e Bruno Bethlem.

C a p a

Na Seletiva Pré Olímpica 2007 deBúzios, desabafos e consciênciaambiental dos que precisam da naturezapara dar continuidade ao esporte da VelaCristiane Oliveira

Fotos Filmers 9900 / Majo

29CIDADE, Abril de 2007

P

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30 CIDADE, Abril de 2007

Reunidos mais uma vez em Búzios, os caciques da Vela mostram sua paixão pela cidade e

também a preocupação com o crescimento acelerado e a falta de cuidado com o meio

ambiente. Mas, quem conta para vocês como foi a Semana Seletiva Pré Olímpica de 2007,

são cinco convidados muito especiais, que falaram com exclusividade para CIDADE. va-

mos dar um bordo juntos? Bons ventos!

O anfitrião do evento, o Comodoro do ICAB,

Alain Joullie desabafa

O ICAB é um clube pequeno, exclusivamente de Vela. Acredito que, o único no Brasil, umavez que todos os outros clubes, além da vela são também de Pesca e/ou de barco a motor. O ICABtem sediado as competições mais importantes da Vela Brasileira e, como todo mundo sabe é oCentro Olímpico de Vela, por ser um local extraordinário e todos os eventos que acontecem aquisão fantásticos. Infelizmente nós não temos o apoio que deveríamos ter da Prefeitura e da Secreta-ria de Esportes. Talvez eles tenham outras prioridades mas, a meu ver a Vela é um fator importantepara o turismo da cidade. Inclusive nós estamos com um grupo grande de velejadores estrangeiros,que estão aqui já há 20 dias treinando com seus técnicos, por causa das condições fantásticas devento. A falta de apoio das autoridades da Prefeitura é muito grande. No ano passado tivemos oevento Match Race de J24 com recursos financeiros do Clube. Este ano de 2007, este mesmoevento está indo para Cabo Frio, com total apoio da Prefeitura de lá. Búzios está perdendo aquiloque já conquistou e as cidades vizinhas que, também possuem raias com condições favoráveis parasediar estes eventos e, além de tudo têm visão e acreditam que vale a pena investir no turismoesportivo estão acolhendo estes eventos, que estamos deixando de realizar por falta de apoio doGoverno atual. Isto é triste! O ICAB durante todos estes anos foi o maior divulgador de Búzios eda melhor raia do Brasil para todo o mundo envolvido com a Vela. Se hoje, tanto os brasileiros quanto os estrangeiros reconhe-cem que somos a melhor raia do Brasil e uma das melhores do mundo falada por todos, isto se deve aos eventos realizados esediados pelo ICAB.

Preservar para velejarC a p a

Pedro Paulo Petersen – velejador, juiz de regata e presidente da Federação de

Vela do Estado do Rio de Janeiro (FEVERJ)

O evento aconteceu em excelentes condições tanto técnicas, quanto de ventos. Búzios continua aser uma das melhores raias do mundo para se velejar. Os velejadores brasileiros são muito capazes etemos ótimos resultados conquistados no exterior. Nós da FEVERJ tentamos dar bastante apoio paraos velejadores do Rio. Eu estou sempre presente nos eventos sediados aqui no ICAB e questiono aparticipação da Prefeitura de Búzios, tanto com apoio financeiro, quanto através da participaçãofísica. Estive durante todos esses dias de Seletiva e nenhuma autoridade local se fez presente. A gentesente falta, porque eu acompanho e vejo outras prefeituras da redondeza, como Cabo Frio e Rio dasOstras apoiando o esporte a Vela e se fazendo presente. Eu não sei quanto aos outros esportes, masem relação a Vela a Prefeitura de Búzios não tem comparecido e gostaríamos que ela chegasse juntocom a gente.

Eu freqüento Búzios há 25 anos e a cidade se transformou muito. Antigamente quando estávamosvelejando e olhávamos do mar para a terra apreciávamos o verde. Ultimamente, a gente vê que ascasas estão invadindo as montanhas, principalmente ali, de João Fernandes até a Brava. Existe umaproliferação muito grande de residências, hotéis e pousadas. Eu vejo que a parte verde já sumiumuito. O Meio Ambiente precisa ser preservado.Eu sei que ainda existem problemas de saneamentobásico e falta de água no verão. Não sei como é o tratamento de esgoto e eu fico preocupado com odesenvolvimento da cidade. Se não for bem planejada vai se tornar uma cidade grande e sem charme.

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31CIDADE, Abril de 2007

Alexandre Paradeda

(Xande), velejador da

Classe 470, campeão da

Seletiva de Búzios 2007

e participante das

últimas duas

olimpíadas – Sydney e

Atenas

Venho paraBúzios com omaior prazer.Estive aqui du-rante toda a se-mana neste pa-raíso para vele-jar, com ondas,ventos excelen-tes, clima quen-te. Acho que to-dos esperavamencontrar essascondições. Fo-mos recepciona-dos com umafesta maravilho-sa no Anexo Bar,no domingo, quepassou a ser onosso point deencontro duran-te toda a semana. Na quinta-feira, fomostodos para lá para comemorar as conquis-tas que realizamos e fomos recebidos commuita alegria e a balada foi ótima. A pri-meira vez que vim para Búzios foi em1989 e de lá para cá a cidade mudou mui-to! Ficávamos sempre aqui na Vila dosPescadores, perto do Clube, era tudo me-nor e mais simples. Hoje o que me cha-ma muita atenção é a quantidade de car-ros circulando, de casas, de hotéis e no-vos empreendimentos que começam a su-focar Búzios. Se as autoridades não to-marem cuidado, essa cidade vai engolireste paraíso!

Walter Bödenner, técnico de Vela

da dupla Torben Grael e Marcelo

Ferreira nos Jogos Olímpicos de

Atenas e, atual coordenador

técnico de vela da FBVM

A cidade de Búzios foi escolhida para sediar a Pré Olím-pica, porque nós vamos no início de julho para Cascais ondeserão selecionadas 75% das vagas para as olimpíadas. Búzi-os tem uma raia parecida com a raia de Cascais em termosde força de vento e tipo de mar.A semana aqui em Búzios foimaravilhosa. As frentes frias anunciadas não subiram e tive-mos condições perfeitas e ideais para velejar.

Na 4ª feira, dia 07/03 tivemos uma reunião com todos osvelejadores e os pontos principais da reunião do CTV (Co-mitê Técnico de Vela), que é um órgão que assessora o pre-

sidente da FBVM, foram: a equipe olímpica, o programa de participação em eventos, o Pan-Americano e sua formatação e, por último o assunto mais polêmico ou que todos esperavammais foi sobre a seletiva para Pequim. Foi discutido abertamente a decisão sobre a Seletivade 2008, que pode ser separada a Classe Star da Laser, para que o Robert Scheidt possaparticipar das duas seletivas nas duas classes.

A primeira vez que vim para Búzios foi há 30 anos atrás e só existiam 4 casas na praia deGeribá.Búzios hoje é uma cidade que está crescendo sem parar e o desenvolvimento estáchegando de forma muito rápida nos últimos anos. Como Búzios é uma península, se faznecessário ter cuidados redobrados para não desenvolver de forma predatória. É preciso teruma boa infra-estrutura, com um bom planejamento e uma consciência ecológica sem agre-dir a parte física da cidade. Na nossa área, dos esportes náuticos, Búzios ainda continua a sero paraíso para a Vela. O que vem mudando é o acesso para se chegar ao clube e ao mar.Como a população aumentou muito, são muitos os comércios, muitas construções novas,quebra-molas, muitos carros, engarrafamentos, desvios de trânsitos e com isso, a cidadefica mais complicada e perde o romantismo que tinha. Em termos de Vela o mar está aí,graças a Deus, ainda maravilhoso e sem poluição. Os estrangeiros que aqui estão velejandoconosco, nos indagaram, por que Búzios não tem uma Semana como SPA, ou Hyéres, setem todas as condições perfeitas para o sucesso do evento? Eu particularmente acho quefalta um sincronismo maior entre ações governamentais, projetos de incentivo ao esporte,porque o turismo esportivo deixa um legado enorme para a cidade. O que eu não entendo éeste turismo de navios que a cidade recebe. Ele vem fica algumas horas, não utiliza osrestaurantes, as pousadas e vai embora e, como eles ancoram perto do ICAB, isso chamamuito a atenção da gente. Na 4ª feira, tinham dois navios e um deles, por sua posição acabounos obrigando a afastar a raia de competição e a colocação das bóias para mais longe. Eufico imaginando o que deve acontecer com as redes dos pescadores e com o fundo do mar jáque as praias do Canto e Armação onde eles ancoram deve ter aproximadamente uns 10m deprofundidade e o calado destes navios deve ter mais ou menos 6 ou 7m, fora a questão doferro quando bate no fundo e a corrente, que deve remover toda a vida marinha que lá existe.As grandes agências de turismo não estão preocupadas com o local. Quando aqui deixar deser um paraíso eles vão descobrir outros locais para levar seus turistas. A idéia de “tudo”pelo desenvolvimento precisa ser repensada!

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Robert, fale sobre a sua decisão em sair da Classe Laser e passar para a

Classe Star?

“Eu que já vinha velejando de Laser há quinze anos, numa campa-nha muito intensa e já conquistei quase todos os objetivos que eu traceipara mim na Classe Laser chegou o momento da transição para outraClasse e, a Classe Star eu velejava ocasionalmente. Inclusive a minhaestréia em campeonato na Star aconteceu aqui em Búzios em 1998.Então, paralelamente a Laser, eu vinha competindo na Star.Em 2006 euoptei em fazer a mudança e fazer a campanha toda na Europa de Star.Nos tivemos um ano muito bom. Fomos vice-campeões mundiais evários resultados expressivos na Europa e a decisão foi natural, paratentar a vaga para as Olimpíadas de Pequim na Star.

Na Classe Laser eu ainda competi este ano no Pré Pan-Americano econquistei a vaga para o Pan do Rio. Eu ainda tenho motivação e von-tade para ir defender o Brasil em busca de mais uma medalha. Noentanto, o meu maior objetivo, o meu foco agora é me preparar bempara a Seletiva Pré Olímpica de 2008 e conquistar a vaga para ir defen-der o Brasil nas Olimpíadas de Pequim”.

Como foi a escolha do seu timoneiro, o Bruno Prada, que velejava na

Classe Finn?

O Bruno acima de tudo é um grande amigo. Nós já competimosjuntos desde garotos na Classe Optimist. Depois velejamos durante 15anos, cada um na sua classe. Eu acho que ele tem um perfil para vele-jarmos juntos. Ele tem um biótipo certo para um proeiro de Star, é umapessoa muito determinada e motivada e está afim de trabalhar duro.

Como foi esta Seletiva em Búzios com a participação de sete barcos na

Classe Star e você e o Bruno competindo diretamente contra os veteranos

e campeões Alan Adler e Marcelo Ferreira?

Nós viemos para Búzios sabendo que iríamos ter uma disputa mui-to acirrada principalmente contra o Alan e o Marcelo, porque é umadupla muito experiente. Nos dois primeiros dias foi muito difícil e nósficamos empatados e depois que o vento aumentou nós conseguimosvencer as regatas finais com uma boa margem e, isto mostra que estamosvelejando em bom nível, porque superar uma dupla dessas não é fácil.Eu e o Bruno conquistamos muita confiança da maneira como veleja-mos aqui.

As decisões tomadas pela CTV da FBVM em reunião na última 4ª feira,

juntamente com todos os atletas das Classes Olímpicas foram favoráveis

para você?

Essa é uma situação bastante polêmica porque, se separam as eli-

C a p a

Robert Scheidt, velejador,MULTI-CAMPEÃOSão tantos seus títulos que, se aqui foremdescritos precisaremos de uma páginainteira. Robert falou com exclusividade paraCIDADE. Acompanhe a entrevista concedidaà Cristiane Oliveira:

EXCLUSIVO

ROBERT SCHEIDT

É importante que aspessoas tenhamconsciência que um lugarassim, com essa natureza,precisa ter certos cuidadosespeciais

32 CIDADE, Abril de 2007

Page 33: Abril 2007

minatórias, obviamente as pessoas vão achar que foi para me dar umachance, para eu me classificar para a Laser. Eu deixei bem claro paratodos que o meu objetivo e campanha são para a Classe Star e eu nãovou voltar atrás. Agora, se optarem por separar a eliminatória para po-der eventualmente, se eu não me classificar na Star e poder pelo menoscompetir na Laser para tentar me classificar, eu acho que, para os JogosOlímpicos o Brasil tem que mandar a sua melhor equipe. Se naquelemomento eu for o melhor velejador eu vou, se não for eu não vou. Adecisão eu deixei na mão deles. Para mim, se decidirem fazer tudojunto, eu nem penso mais nisso e faço a minha campanha pensando sóna Star. Agora, se separarem obviamente, que, se eu não me classificareu vou tentar na Laser.

Você é um atleta exemplar, disciplinado, que cuida do seu corpo, mente e

alimentação. Treina muito e tem o apelido de alemão nem tanto por ser

louro e pela sua ascendência mas, mais por sua determinação. Em época

de regata não sai para festas, dorme cedo e é um exemplo a ser seguido

por nossas crianças. Como você vê a reação da “Família Vela” caso você

venha se classificar em 2008 retirando a vaga dos bi-campeões olímpicos

Torben e Marcelo, quando somente uma equipe pode ir disputar os Jogos

Olímpicos?

Eu vejo a Vela hoje como um esporte muito mais profissional eorganizado. Na minha primeira olimpíada, em 1996, somente o Torbene o Lars viviam da Vela e eram profissionais. Hoje em dia, você vêmuito mais velejadores vivendo da Vela, como o Bimba, o Xande, oAndré Fonseca, a Fernanda Oliveira, o Joca, a continuidade do Torbene do Marcelo Ferreira, o meu caso, tem muito mais gente hoje se dedi-cando muito para conquistar os objetivos e, isso é muito saudável! Láfora os 20 melhores do mundo de cada Classe só fazem isso, só sededicam ao esporte. Então, é importante que aqui no Brasil se crie essaestrutura, com velejadores profissionais, porque só assim teremoschances de disputar lá fora e conquistar medalhas para nosso país.

Como você vê a intervenção do COB na FBVM?

Eu acho que a mudança de gestão na FBVM foi um ótimo passo. Agestão antiga já estava há muito tempo na Federação. Não foi uma mágestão, mas chegou o tempo de mudar. O Lars e o Alan são pessoascorretas para estarem neste posto e eles vão acrescentar muito para aVela nacional. Eu já senti nesta reunião que o diálogo entre osvelejadores e os diretores da Federação foi muito franco e aberto e, elessão excelentes velejadores e conhecem o lado do atleta. A intervençãofoi uma maneira de não respaldar a questão de dívidas da Federação. OCOB felizmente aceitou essa intervenção e indicou o Carlos LuizMartins, que foi presidente da Varig, pessoa de altíssimo nível e a ges-tão esportiva continua na mão de quem realmente entende que é o LarsGrael, o Alan Adler e o Walter Bödenner.

Robert, me fale como você vê Búzios.

Búzios para mim é um paraíso e um local que precisa ser muitobem cuidado e preservado. É importante que as pessoas tenham cons-ciência que um lugar assim, com essa natureza, precisa ter certos cui-dados especiais. Eu também tenho uma preocupação muito grande comIlha Bela, que é um lugar que eu freqüento desde criança e, que temuma natureza privilegiada como Búzios. Muitas vezes a gente vê que oturismo, o crescimento e o mercado imobiliário acabam prejudicandoas questões ambientais dessas cidades. O crescimento e desenvolvi-mento de uma cidade são normais? Sim! Mas este crescimento deveser muito bem pensado e planejado para não prejudicar a natureza enão deixar perder o que hoje ela tem de melhor!

33CIDADE, Abril de 2007

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34 CIDADE, Abril de 2007

anoel Vieira, chefe pelo EscritórioTécnico do IPHAN em Cabo Frio ex-plicou que a Avenbida será liberada

tão logo sejam atendidas as exigências doIphan e Inepac (Instituto Estadual do Patri-mônio Cultural). Acompanhe a entrevistaconcedida à CIDADE:

Por que a Avenida Litorânea foi

embargada?

No dia 15 fevereiro, a fiscalização doEscritório Técnico do IPHAN em CaboFrio observou intervenções na Área Tom-bada da Praia do Forte, em área adjacenteao trecho da Rua 14 que se encontra com aRJ-140 (pista para Arraial do Cabo), taiscomo serviços de terraplanagem (promo-vidos por pá mecânica), lançamentos demateriais (areia, manilhas) por caminhõese acerto de terreno para instalação de meio-fio. Todas estas intervenções se desenvol-veram no interior da referida área tomba-da sem a anuência de qualquer dos órgãoscompetentes (IPHAN, IBAMA, INEPAC,Secretaria de Meio Ambiente), causando

Niete Martinez / Fotos PapiPress

impactos paisagísticos e ambientais ao lo-cal.

Os referidos órgãos foram informadose o INEPAC também expediu ofício à Pre-feitura Municipal solicitando a paralisaçãodos serviços em execução. Elaboramos umrelatório com registro fotográfico sobre ainfração cometida, que disponibilizamos àrevista e a todo o público interessado.

Os serviços que seriam realizados uni-camente na Rua 14 aconteceram quase queexclusivamente no interior da área tomba-da. Deixamos claro que obviamente nun-ca fomos desfavoráveis ao asfaltamento esaneamento da Rua 14, mas sim às ativi-dades que estavam sendo desenvolvidosnaquele trecho da área tombada da Praiado Forte, relativa ao Conjunto Paisagísticode Cabo Frio.

Depois de estabelecermos um diálogocom a Prefeitura, ficou combinado que paraa suspensão do embargo os limites da áreatombada da Praia do Forte neste trechodeverão ser cercados para evitar novosóbices e que, de forma alguma, a área tom-

Construção da Avenida Litorânea, em

Planejada para ser a meca do novo setor hoteleiro que se pretende implantar em Cabo Frio, onde se prevê até o

aumento de gabarito para doze andares, para atender e atrair o segmento, a Avenida Litorânea ainda não saiu do

papel, e na sua primeira tentativa para isso, foi embargada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional).

O traçado, que pretende ligar a Praia do Forte à RJ 140 (estrada para Arraial do Cabo), atravessa o Parque das

Dunas, uma APP (Área de Preservação Permanente), que não pode sofrer intervenção, segundo legislação Federal.

MANOEL VIEIRA - Iphan Cabo Frio

O projeto da Av Litorânea deveráser aprovado tão logo se cumpramas exigências recentementeapresentadas em conjunto com oINEPAC à Prefeitura Municipal

M e i o A m b i e n t e

PARQUE DAS DUNAS

Cabo Frio/RJ

M

Page 35: Abril 2007

35CIDADE, Abril de 2007

bada sofrerá novas intervenções sem a au-torização dos órgãos competentes.

O prefeito de Cabo Frio afirma que os

ambientalistas não estão colaborando com

a cidade, pois a Av. Litorânea será um

enorme benefício e está parada por causa

do Iphan. Como o Instituto vê essa

afirmação?

Primeiramente, cabe esclarecer que oIPHAN é um órgão do Governo Federalque protege o patrimônio nacional e, comotal, não pode ser considerado como ‘am-bientalista’. Porém, em nada nos ofendetal afirmação, pois ambientalista significaaquele que se ocupa em preservar no pre-sente os recursos naturais necessários paraa garantia da sustentabilidade das geraçõesfuturas, que é uma ocupação fundamentalem qualquer tema atual.

Sobre a Avenida Litorânea, a afirma-ção nos surpreende na medida em que oprojeto deverá ser aprovado tão logo secumpram as exigências recentemente apre-sentadas em conjunto com o INEPAC àPrefeitura Municipal. Segundo informa-ções obtidas em recente reunião com aSecretária Rosane Vieira Vargas, da Secre-taria de Planejamento e DesenvolvimentoUrbano, responsável pelo projeto, as mo-dificações solicitadas para o cumprimentodas exigências já estão sendo providenci-adas. Fui pessoalmente àquela Secretariae coloquei-me à disposição para colaborarno que for possível.

Por outro lado, a Prefeitura não temcolaborado com o patrimônio na cidade. A

Canteiro de obras

está paralizado

reparação dos danos causados à Capela deNossa Senhora da Guia (que foi pintadacom tinta plástica pela Prefeitura, quandodeveria ter sido caiada) [1]; o restauro daspedras sulcadas do Morro da Guia (quesofreram aplicação de nata de cimento so-bre a sua superfície e laterais pela Prefei-tura)[2]; a remoção do mastro instalado aolado da mesma Capela (que compromete asua visibilidade)[3], o cumprimento doacordo de retirada das invasões de terraspúblicas ao redor do Convento de NossaSenhora dos Anjos[4] e a elaboração doPlano Diretor da Praia do Forte (em aten-ção a Recomendação dos Ministérios Pú-blicos) [5], já foram solicitados diversasvezes e nunca foram atendidos. Aproveitoa oportunidade para informar que recebe-mos no dia 22 de março a denúncia de queum setor da Prefeitura pintou de branco oMarco Histórico da Sesmaria de São Ben-to, situado em frente ao Hotel Porto Velei-ro.

Quais as exigências o Instituto está fazendo

para liberar a Avenida?

O parecer conjunto do IPHAN eINEPAC possui algumas exigências, den-tre as quais gostaria de destacar:

Detalhamento das medidas preventivase mitigadoras que serão adotadas para pro-teger a área tombada no período de prepara-ção dos terrenos, terraplenagens, movimen-to de terras, remoção de vegetação, etc;

Apresentação de projeto de recompo-sição paisagística da vegetação nativa, aolongo da faixa de areia, em toda extensão

da avenida como prioridade à sua implan-tação;

Definição de áreas de estacionamen-to para moradores e usuários junto aos lo-tes, considerando a facilitação do acessoaos moradores dos imóveis sem prejudi-car o livre trânsito através da ampliaçãodas calçadas junto aos lotes, sempre quepossível;

Apresentação do projeto executivo de-talhado do traçado viário e da urbanizaçãoda avenida, com as respectivas interven-ções (rampas, acessos, pontos de embar-que e desembarque, tratamento paisagís-tico e equipamentos), devidamente espe-cificadas e indicadas em planta arquitetôni-ca, em escala adequada;

Definição dos usos, destinações, equi-pamentos e tratamento paisagístico, comrespectivos projetos detalhados das áreascriadas resultantes dos afastamentos do tra-çado existente;

Modificação dos deques de acesso àorla marítima, evitando tráfego de veícu-los, e recomposição paisagística;

Elaboração de Programa de fiscaliza-ção intensiva desse trecho da Praia do For-te.

Remanejamento de praça projetadapara a altura da Avenida Vereador ManuelAntunes para os terrenos remanescentesdos lotes cortados pela abertura da novaavenida, considerando previamente a trans-formação destes em áreas públicas.

Toda a área de tutela dos órgãos depatrimônio atingida pelo projeto permane-cerá tombada após a urbanização.

Cabo Frio, sofre embargo do IPHAN

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36 CIDADE, Abril de 2007

A VIDA PELOS LIVROSudo começou com o cumprimento dodestino comum a muitos nordestinos:mais um retirante, em busca de opor-

tunidades, rumava em direção ao sudeste.O rapaz predestinado a ser garçom ou peãode obra sobreviveu como bibliopola, istoé, vendedor de livros. Figura constante nosagitos dos baixos Gávea e Leblon, no Riode Janeiro, Antonio Irivaldo Lira Pinto sediferenciava dos conterrâneos circulandopor todos os bares e restaurantes possíveis.Saldo das andanças: vendia cerca de trintalivros por noite, de autores importantescomo Dante, Machado de Assis, Euclidesda Cunha.

A vida de comprador e revendedor delivros do sobralense teve início em 1982,ano em que chegou ao Rio, vindo de For-taleza, e durou até 1989. No trajeto entre oCeará e o Rio de Janeiro, Lira chegou aparticipar da Feira Nacional do Livro, emVitória, Espírito Santo. Na efervescênciada abertura democrática participou, den-tre outros eventos literários, de alguns mo-vimentos de poesia marginal. Segundo opróprio, o livro lhe foi uma oportunidadede vida.

Sina bate à porta principal

e mantém outra aberta

Ciente da equação do sonho com a re-alidade, a sina que tentara evitar se apre-sentou como sobrevida ao amante dos li-

vros que sempre fora. As experiências embares e restaurantes cariocas levaram-no aBúzios em 1992 para trabalhar no restau-rante Satyricom. E não é com menos inte-resse que Lira relata estes quinze anoscomo garçom e barman.

“Tornei-me um profissional, preparocento e trinta e cinco tipos de drinques.” –afirma com a mesma convicção dos trintalivros por noite. “O Pró Vida existe por-que o trabalho de garçom bancava.” – ga-rante. Seu depoimento sobre a lida atesta aobjetividade a serviço do sonho. Poder so-breviver desta forma permitiu que acalen-tasse generosa bibliomania, ou seja, o gostode acumular livros tinha o propósito de nãoquerê-los somente para si, mas de idealizá-los em bibliotecas que servissem a comu-

T

C u l t u r a

Octavio Perelló

Foto Marconi Castro

Antonio Irivaldo

Lira Pinto

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37CIDADE, Abril de 2007

nidades sem acesso à leitura. Nascia a As-sociação Pró Vida, reconhecida como deutilidade pública municipal em 1999, quefomentou a criação de núcleos de bibliote-cas em vários bairros de Búzios.

Números validam trajetória

de sucesso

Morador de José Gonçalves, bairro ain-da com acentuadas características de re-canto bucólico próximo ao mar, Lira estáconstruindo há seis anos uma casa de trin-ta e nove metros quadrados. Vida modestaque por outro lado revela surpreendentesnúmeros alcançados quanto se trata de con-quistas comunitárias.

Os quarenta livros com que iniciou oprojeto somam no atual acervo de dezeno-ve mil. O registro de público não é nadanormal considerando os parâmetros de in-teresse pela leitura e pesquisa: setenta eoito mil pessoas, das quais cinqüenta milestudantes. Do embrião que fora encubadoem vários endereços itinerantes ou provi-sórios resultam sete bibliotecas em funci-onamento, distribuídas pelo município nos

bairros de Cem Braças, Centro, São José,José Gonçalves, Cruzeiro, Rasa e Vila Ver-de, além da participação na criação da bi-blioteca da Fundação Bem te Ver. Somen-te a biblioteca de Vila Verde, a sétima uni-dade do projeto, possui um acervo de mile quinhentos livros.

“O livro é um instrumento de aberturada consciência do ser humano”, conceituacomo quem pronunciasse uma oração deagradecimento. O livro foi parceiro e deuuma nova realidade à vida de Lira. O livrotem sido a sua grande história de vida. Olivro lhe deu oportunidades.

A oportunidade de tocar projetos

Imbuída da intenção de estimular o há-bito da leitura, a Associação Pró Vida es-teve desde o início envolvida em váriosprojetos. Norteando-se pelo conceito “Omundo é do tamanho que a gente lê e sen-te”, não se rendeu às dificuldades, que sem-pre foram presentes.

Entre os anos 2000 e 2004 sustentoufirme o projeto Liberdade da Leitura, queaos sábados levava livros profissionalizan-

tes e de literatura brasileira aos detentosdo município. Lira não esconde o desejode reativá-lo em breve. Para o final de mar-ço anuncia o projeto “Passa na praça que olivro te abraça”, com direito a tenda de lei-tura, luneta, painéis sobre a evolução dohomem na terra, e que rodará em todas aspraças, com o apoio das secretarias de Edu-cação e Cultura.

A prefeitura tem ajudado a Associaçãocom a subvenção de dois mil reais, apro-vada pela Câmara, e com vigência até2009. O aporte financeiro se desdobra eminformatização das bibliotecas e secomplementa com a participação de seisestagiários que trabalham como instruto-res de biblioteca.

Convidado a assumir a superintendên-cia de Cultura do município, Lira topou odesafio e hoje dá expediente cuidando des-tas e outras demandas, como ser responsá-vel pela Feira de Artesanato da Praça San-tos Dumont e elaborar o estatuto que rege-rá a Feira da Praça dos Ossos. Aliás, ossosdo ofício que, seja qual for, parece nãodesviar Lira de dar a vida pelos livros.

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38 CIDADE, Abril de 2007

gerente geral da Unidade de Negóciode Exploração e Produção da Baciade Campos, UN-BC, Carlos Eugenio

Melro Silva da Resurreição recebeu dia 23de março o novo presidente da Organiza-ção dos Municípios Produtores de Petró-leo, Ompetro, o prefeito de Quissamã, Ar-mando Carneiro.

O objetivo da reunião foi apresentar anova gestão da Ompetro e tirar dúvidasquanto à produção de petróleo para os pró-ximos anos. Um dos pontos abordados pelonovo presidente e acordado com a Petro-bras foi o fornecimento do cronograma deparadas programadas de produção das uni-dades para as prefeituras da região, já queas manutenções em plataformas refletemna diminuição do repasse de royalties eparticipações especiais para as prefeituras.

Carlos Eugenio Melro Silva da Resurreição, gerente geral da Unidade de Negócio da Bacia

de Campos, e o presidente da Ompetro, Armando Carneiro, prefeito de Quissamã

Petrobras e presidenteda Ompetro reunidos

“Diante desse cronograma, poderemos nosplanejar e administrar melhor os recursos”,disse Armando Carneiro.

As previsões de produção para 2007 epara os próximos anos também foram as-sunto da pauta e a Petrobras se compro-meteu a entregar para a Ompetro uma pre-visão do perfil de produção futura. O ge-rente geral animou os presentes: “Essa re-gião ainda vai produzir muito petróleo.Nossos netos e bisnetos ainda vão ver aprodução de petróleo na região”, afirmou.

A Petrobras também se prontificou aorganizar, em parceria com a Ompetro, pa-lestras sobre a formação e exploração dopetróleo na região nos municípios deabrangência da Bacia de Campos.

Assessoria de imprensa Petrobrás UN-BC

Divulgação Petrobras

I N B O X

O

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39CIDADE, Abril de 2007

Na fila do Rui

A nomeação do vereador Rui Machado para o

cargo de secretário de Integração Municipal criou

um fato novo na sede da prefeitura de Cabo Frio:

fila na porta do novo secretário.

Segundo Rui, uma das suas funções “é fazer uma

ponte entre o povo e o prefeito. As pessoas vêm

aqui para falar com ele, mas às vezes ele está

ocupado, e eu atendo”, explica. Daí, a fila.

Em forma

O ex-deputado e ex-prefeito de Cabo Frio, José

Bonifácio, mostra a boa forma no calçadão da

Praia das Palmeiras.

Zézinho, como é chamado por todos, está sem

mandato no momento, mas não fora da política.

Trabalha, agora, pelo seu partido, o PDT.

Três mandamentos

Amar a Deus sobre todas as

coisas, ter e ser amigo, e ter

confiança em si próprio.

“São essas três coisas que

mantém a dignidade de um

homem”, diz Tia Maria, com a

autoridade de quem dedica uma

vida inteira à caridade e ao amor

ao próximo.

G e n t e

Fotos: PapiPress

Aniversário Gastronômico

As amigas Maryane Medeiros e Anita Mureb comemoraram o

aniversário conjunto com um verdadeiro circuito gastronômico na

casa de Maryane, nas Palmeiras. Churrasco, mocotó, caldo de feijão,

frios, sanduíches, bolo. Tinha de tudo, bastava procurar pelo jardim.

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40 CIDADE, Abril de 2007

Câmara de São Pedro da Aldeia mu-dou, e segundo os funcionários, paramelhor. Desde primeiro janeiro a Ca-

sa está sob novo comando, do vereadorCláudio Vasques dos Santos, o Chumbinho(PSDB), que entrou para a política pormero acaso, mas hoje é considerado umdos políticos mais atuantes da cidade, se-gundo pesquisa da Fundação JuscelinoKubitschek, que o homenageou no últimodia trinta com a comenda JK.

Casado, pai de três filhos, aos trinta etrês anos Chumbinho acumula uma curtatrajetória política marcada pelo sucesso.“Sou técnico de informática por profissão,e cuidava desta parte na prefeitura até queum amigo me convidou para entrar para oPDT e concorrer como vereador, há doisanos, porque precisava formar legenda.Entrei, e fui eleito vereador com 1.188votos, sendo o segundo mais votado da ci-dade”.

Foram dois anos como vereador, atéque ano passado foi eleito presidente daCasa, sucedendo o vereador Marquinho daTrecu’s. “Estamos há pouco tempo na pre-sidência, mas buscamos fazer o possívelpara melhorar o funcionamento da Câma-ra”, garante ele, que já conseguiu promo-ver economia de mais de cinqüenta porcento nos gastos internos.

Contenção de gastos

Quando assumiu a Presidência, Chum-binho encontrou a conta de telefone novalor médio de cinco mil reais. “Decreta-mos corte geral. A Câmara possuía um pla-no empresa para celular de quatrocentosminutos. Aumentamos para oitocentos, blo-queamos todos os telefones internos, que nãofazem mais ligação para celular. A últimaconta veio mil e oitocentos reais”.

Com combustível o corte também foigrande. “Gastávamos cerca de cinco miltambém. Hoje pagamos mil e trezentos re-ais, mas nossa meta é baixar esse valor ain-da mais. A Câmara tem apenas um carro,

Uma nova Câmara

em São PedroNovo presidente decreta corte nos gastospara alcançar economia de mais de 50%

Cristiane Zotich

Fotos Cesar Valente

S ã o P e d r o d a A l d e i a

“A Casa tem funcionado numa

harmonia muito boa”

Cláudio Vasques dos Santos Chumbinho

Área externa da

Câmara de Vereadores

de São Pedro da Aldeia Plenário da Câmara

A

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41CIDADE, Abril de 2007

funcionado numa harmonia muito boa”.Com um orçamento de apenas R$ 241 mil,Chumbinho economiza para fazer novosinvestimentos. “Fizemos algumas melho-rias na sala de telefonia, que está informa-tizada, mas ainda temos mais pra fazer.Queremos reformar a recepção, pintar afachada da Câmara, criar nosso site e nos-sa Assessoria de Comunicação, uniformi-zar os funcionários e criar crachá de iden-tificação para todos”.

Mudanças agradaram

funcionários

As mudanças foram bem-vindas. Umadas funcionárias mais antigas da Câmara,Adriana Santos informou que muita coisamudou. “Essa nova gestão está muito di-ferente das anteriores. A Casa está mais or-ganizada, e ficou mais fácil trabalhar”, ga-rantiu.

Outra importante mudança feita nestaatual gestão foi a redução da margem deremanejamento do orçamento pela prefei-tura, que antes era de cinqüenta por cento,e hoje é de quinze. “E fora o trabalho depresidente, também continuamos atuandocomo vereador. Este ano aprovamos doisprojetos, a criação de rodízios para farmá-cias 24 horas e do crachá de identificaçãopara todos os funcionários da Prefeituraaldeense, e solicitamos a reabertura do Pro-con na cidade”.

Mas o maior desejo de Chumbinho,como presidente da Casa, “é ver a popula-ção participar das nossas sessões. Estamossempre participando de reuniões em asso-ciações de moradores e outras entidades,mas falta a população e essas mesmas en-tidades participarem das sessões da Câma-ra, toda terça e quinta, a partir das dezesseishoras”, convidou Chumbinho, que atendeno gabinete toda segunda, quarta e sexta.

que é a gás, por medida de economia. E asviagens nos fins de semana estão proibi-das”.

O único problema que está em pendên-cia é a questão da conta de luz. “Existe umcontrato assinado entre a Câmara e a Am-pla que estipula um valor de consumo deenergia. Se ultrapassarmos este valor, a

conta vem três vezes maior. Estamos estu-dando uma forma de contestar esse con-trato, porque a conta, que normalmente vi-ria no valor de três mil, está vindo comoito mil reais”.

Chumbinho afirma que a Casa está fun-cionando plenamente. “Temos recebidoapoio de todos os vereadores, e a Casa tem

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42 CIDADE, Abril de 2007

ao som da música clássica, que os alu-nos dançam e repetem inúmeras ve-zes os mesmos movimentos. A profes-

sora, que é bastante exigente, chama a aten-ção a cada movimento errado. Na peque-na sala onde ensaiam, o que não falta naturma é perseverança. O sonho ali é co-mum a todas: tornar-se uma grande baila-rina, e viajar para vários países, principal-mente a Rússia, local onde se concentramos maiores bailarinos do mundo.

Mas o que essa turma de balé tem dediferente? Para começar, as meninas en-saiam com sapatilhas surradas, as barraspara treinar são poucas e o chão do clube,está quebrado. Elas só têm uniformes gra-ças à contribuição de alguns pais e parcei-ros. A professora ensina balé a duzentosalunos. A maioria não tem condições fi-nanceiras para pagar pelas aulas. A idadevaria entre seis e vinte e oito anos, e naturma só existem quatro homens. Todosintegram o projeto social Balé na Comu-

Graciele Soares nidade, que há quatro anos é coordenadopela professora Ofélia Corvello, que temum sonho: “Só queria ter um local própriopara dar aulas todos os dias, assim o traba-lho cresceria muito mais”, afirma. O pre-sidente do Clube Lions de Cabo Frio, ce-deu o local durante dois dias na semanapara que as aulas aconteçam.

A dança como resgate social

E melhor professora, os alunos não po-deriam ter, Ofélia com mais de sessentaanos, esbanja juventude e disposição. São51 anos de profissão. Ela começou no Te-atro Municipal do Rio de Janeiro e depoisfoi para o Corpo de Baile. Já fez cursos deespecialização nos Estados Unidos, Rússia,França e Itália.

A intenção do seu projeto é formar bai-larinos e ensinar pessoas que queremaprender a dançar, mas não têm dinheiropara pagar as aulas. “Aqui meus alunosaprendem a técnica do balé e mesmo sen-do extremamente exigente, consigo darmuito amor a eles. O projeto muda o com-portamento deles”, diz a professora.

Um exemplo é a aluna Paloma Veigade 13 anos, dançando há três. A mãe nãotinha condições de pagar a aula, então apa-receu a oportunidade que ela não rejeitou.Este ano, Paloma começa a participar deconcursos e, está extremamente empolga-da. “Eu ensaio duas horas por dia, fora oalongamento, não sei se tenho chances,mas esperança é o que eu mais tenho”, diza aluna.

De acordo com a diretora do projeto,para ser bailarina é preciso ter disciplina,força de vontade e, se for magra, tem umavantagem. “A graciosidade é o mais im-portante, a vida é de muitos sacrifícios, aofinal das aulas o corpo está doendo e, àsvezes, os dedos do pés sem unha. Tem queter muita persistência”, brinca a professo-ra.

Promessas

A bailarina Caroline Neves de 14 anos,faz balé há um ano e é apontada como umadas revelações de Cabo Frio. De acordocom a professora, se ela continuar se es-forçando terá muito sucesso. Ofélia tem

Balé na Comunidade em apresentação

durante o Festival do CamarãoEsperançana ponta dos pésAlunos do Balé na Comunidade se equilibram paradriblar a falta de oportunidades e realizar seus sonhos

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43CIDADE, Abril de 2007

Jovens bailarinas

sonham com a famaalunos premiados no Rio de Janeiro,Brasília e Cabo Frio. Um de seus objeti-vos também é revelar talentos. “A espe-rança está aqui nesta sala, nesta geração.O balé é uma dança elitizada, é caro prati-car balé. E o pior é que as autoridades ain-da não acordaram para o quanto a dança éimportante para os jovens”, ressalta.

Já o objetivo de Joyce Liziane, 14 anos,é dançar fora do Brasil. No projeto elaaprendeu que a convivência é o mais im-portante. “Aqui somos muito amigas, ecom a tia Ofélia, eu aprendi a querer omelhor para os outros”.

Gabriela Miranda, 15 anos, participa doprojeto desde o inicio também quer corrermundo. “O ensino aqui é muito rígido,mesmo assim eu nunca desisto. Tia Oféliame ensinou que perseverar e lutar pelo queeu quero, é o mais importante. Quero metornar uma grande bailarina e viajar portodo o mundo”, diz a aluna.

Este não é o primeiro projeto social cri-ado por Ofélia Corvello. Durante quatroanos ela deu aulas de dança a estudantesda Escola Estadual Miguel Couto em CaboFrio. Sua vida sempre girou em torno dadança. “O balé é a arte mais linda de to-das”, conclui Ofélia.

Para participar do projeto, o aluno in-teressado tem que se submeter a um teste.É nele que será avaliado se ele realmentetem talento para a dança.

PROFESSORA OFÉLIA CORVELLO

O projeto muda ocomportamento deles

Mar

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Cas

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Pap

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R e s p o n s a b i l i d a d e S o c i a l

Page 44: Abril 2007

deputado estadual Paulo Ramos(PDT) apresentou no último dia 20de março na ALERJ Assembléia

Legislativa do Estado do Rio de Janeiro- o Projeto de Lei nº 216/2007 solicitan-do ao Governo do Estado a emancipa-ção de Tamoios, hoje Segundo Distritode Cabo Frio. De acordo com o Projeto,“o distrito de Tamoios é responsável por75% dos royalties de petróleo do muni-cípio de Cabo Frio, entretanto muito pou-co é aplicado em benefício do distrito”.

A novidade não vem agradando aosparlamentares da Região, Alair Corrêa(PMDB) já demonstrou sua reprovaçãoao Projeto em um de seus discursos. Se-gundo Alair, às vezes a emancipação nãoacontece a contento da sociedade. “Per-demos para Arraial do Cabo, perdemospara Búzios e se agora perdermos o Se-gundo Distrito, vamos ficar com apenas70 quilômetros quadrados”, disse ele.

O Projeto, que ainda não pode servisualizado pelo site da ALERJ, aindaterá que ser avaliado pelas Comissões

TAMOIOS

Riqueza vem das águas:

pesca e royalties

T a m o i o s

Rumo àIndependência?

Apresentado na Alerj Projeto de Lei pedindo a emancipaçãode Tamoios, Segundo Distrito de Cabo Frio

de Constituição e Justiça e pela Comissãode Assuntos Municipais e de Desenvolvi-mento Regional.

Emancipacionista corrige

declaração

Jorge Mariano Pereira Filho, mais co-nhecido como Jorge Katespero, procuroua revista CIDADE para corrigir as decla-rações publicadas na edição de Março. Se-gundo ele, sua colocação anterior repercu-tiu mal na comunidade, dando a entenderque ele não estaria empenha-do na causa. “Quando come-çamos com o movimento se-paratista, o primeiro passofoi assim, vamos ver se agente consegue chamar aatenção do pessoal de CaboFrio e estamos conseguindo,e também mostrar para a po-pulação que nós temos con-dições de emancipar”

Segundo Jorge o movi-mento chamou a atenção e,a partir daí, a prefeitura co-meçou a trabalhar. “O Dis-

Juliana Vieira / Niete Martinez trito é um verdadeiro canteiro de obrashoje, mas o povo quer é a emancipa-ção”.

O também emancipacionista, profes-sor Ailton Zapariglione, afirma que oDistrito possui todos os requisitos exi-gidos para se emancipar. “Tamoios estáa quarenta e cinco kilômetros de CaboFrio, e para sair de lá para vir a Cabofrio é preciso passar por dentro outromuncípio. Então nós estamos desloca-dos lá”, explica.

Ailton Zapariglione Jorge Katespero

César Valente

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O

44 CIDADE, Abril de 2007

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46 CIDADE, Abril de 2007

m 24 de fevereiro, fiz questão de eli-minar a dúvida que persistia, para po-der responder à indagação da popu-

lação de Cabo Frio: “A poluição do Ca-nal Itajuru, o revolvimento do solo coma construção da Ponte do Ambrósio e asalterações da Laguna de Araruama inter-ferem na Praia do Forte, ou não?”

Obtive a prova cabal dessa interferên-cia com a foto aérea da boca do Canal,mostrando a vazante perturbando com-pletamente a cor da água daquela praia.A força da imagem desfaz a minha dúvi-da e a dos leitores.

Sempre procurei alertar os freqüenta-dores da Praia, em torno do Forte São Ma-teus e nas imediações da Duna Dama Pre-ta, sobre a possível interferência da po-luição, porque a população que procuraaquele canto é de cabo-frienses, que le-vam as crianças, os idosos e seus convi-dados.

Eu, há anos não mergulho ali. Não ésó por desconfiar das análises da água,feitas pelos órgãos competentes, que di-zem que a área está própria para o ba-nho. Tomara fosse o que atestam, poistodos torcem para que as praias se man-tenham limpas. Acontece que, há anos,sobrevôo a região e, do alto, observo apoluição do Canal Itajuru e da Lagunade Araruama, acompanhando o crescen-te manilhamento de esgoto, cujas bocasabrem uma nuvem “diferenciada” ao lon-go das águas do Canal.

Tenho exibido essas imagens, aler-tando que a situação só tem piorado. Ten-tam justificar, tapar o sol com a peneira eaté dizem que não sou técnico no assun-to. Nem precisa. Na imagem, o proble-ma está exposto e o flagrante é incontes-

tável. A lente da máquina capta só a rea-lidade.

A cidade e seus arredores têm perío-dos de superlotação, e o sistema de trata-mento de esgoto não é adequado nem efi-caz. E, há a chuva, que arrasta tudo deruim para dentro da Lagoa, alterando asalinidade da água.

Não acontece só no centro da cidade.Em todas as ocupações do Peró, Ogiva,Boca do Mato, Jacaré, Jardim Esperançae Porto do Carro, o esgoto é canalizadoin-natura diretamente para o Canal. Maisadiante, da Ponta do Ambrósio, até Ara-ruama e Massambaba... tudo igual. Ain-da não há solução. Com a Laguna já po-luída, os banhistas deslocam-se para aspraias do mar aberto. As casas de vera-neio, onde quer que estejam, agora sãoapenas dormitórios.

Para desacelerar o manilhamento deesgoto, uma medida prioritária é cercaros morros e áreas verdes, assim inibindoa ocupação desordenada. De outro lado,é necessária a publicação das análises dabalneabilidade de nossas praias na mídia,dando conhecimento à população, dos de-talhes, senões e poréns, a fim de prote-ger a decisão de cada um de ir ou não àpraia, bem como proteger a saúde dos par-ticipantes da hidroginástica da terceiraidade.

A medida fundamental, no entanto, écada município que recebe petro-royaltypreocupar-se com a correta aplicação dasverbas empenhadas. A própria Petrobrásdeve rigorosamente verificar a destinaçãode cada centavo, para garantir que os per-centuais designados ao meio ambiente se-jam verdadeiramente nele investidos, semsofrer sangrias para festas.

A falsa alegria do carnaval acabou.Esperamos que nossos maiores patrimô-nios - MAR, PRAIAS, DUNAS e ÁRE-AS AINDA VERDES - mereçam aten-ção mais responsável. Do contrário, cho-raremos todos juntos amanhã.

E

A interferênciado Canal Itajuruna Praia do Forte

E r n e s t o G a l i o t t oO P I N I Ã O

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47CIDADE, Abril de 2007

Eis um trecho de uma pequena obra - prima do conto. Trata-se de

O grande deflorador, de Dalton Trevisan (L&PM Pocket, 2002, 104

páginas). Escrita enxuta, histórias aparentemente simplórias, mas

estonteantes em desdobramentos, por vezes de enredo, mas prin-

cipalmente de linguagem. A vida miserável da personagem do conto

que dá título ao livro é descrita com crueza, desde sua origem –

sobrevivente de um ventre que gerara e perdera sete rebentos –,

aos dias atuais de infortúnios de doméstica desempregada e dona

de casa massacrada pelo marido brutamonte, de quem ao fugir

leva na barriga um filho que também não vinga. Não se trata de

narrativa erótica – o título é gancho –, mas tão somente a descri-

ção do Deus que leva tantas vidas de anjinhos humanos. Marca

insólita de um autor peculiar que foge de holofotes e fotografias.

“A mãe estava bem sã. Um dia avisou:

– Logo vou faltar. Se preparem os dois. Cuide do seu

irmão.

Desde menino o irmão bebia.

– A mãe não tem nada.

– A mãe sabe. A morte é uma planta que nasce no

coração.

Naquela manhã a moça acordou cedinho.

– Que dia lindo para lavar roupa.

Pediu a benção para a mãe. Enxada no ombro, foi

para a roça com o irmão. Na volta, a velha estava caída

a par da cama. Água saía dos olhos.”

O grande deflorador

Revelações emocionantes e hilariantes

Humor impagável em narrativa confessional. Afinal, estamos falando da agenda de Mário Prata que se transformou no

livro Minhas mulheres e meus homens (Objetiva, 1999, 252 páginas). Histórias hilariantes e emocionantes são descritas

com indiscrição, mostrando facetas interessantes da vida normal ou não de muita gente importante do mundo das várias

artes. A tia que fumou maconha e jurou que não sentia nada enquanto deu, pela primeira vez, a reparar que os riscos no

teto formavam ondas do mar é uma amostra do que contém o divertido livro. O ex-estudante de economia, ex-bancário,

jornalista e escritor Mário Prata tem fôlego literário que o redime tranquilamente de sua meteórica e conturbada passagem

pela autoria da novela global Bang-Bang. Mesmo porque, no pódio televisivo ele assina sucessos como Estúpido Cupido

e Dona Beija, entre outros.

Humor judaico

Aproveitando a deixa da nota acima, um flanco se abre para Abram Zylbersjztajn e sua genial compilação de piadas. O

livro As melhores piadas do humor judaico (Garamond, 2001, 148 páginas), diverte enquanto alimenta a tradição oral do

chamado povo de Israel. Por vezes bombástico, é capaz de matar muçulmano de rir. Pai do ex-presidente da Agência

Nacional do Petróleo durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, durante anos o autor se dividiu entre

as atividades de comerciante e músico da orquestra sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e uma espécie de

animador cultural piadista nos encontros dentro e fora da comunidade judaica.

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L i v r o sOctávio Perelló

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48 CIDADE, Abril de 2007

R e s u m o

Núcleo da Ascoferj á está funcionando

Foi inaugurado, no dia 15 de março, o NúcleoAscoferj Região dos Lagos. Instalado em Cabo Frio,cidade que abriga o maior número de farmácias edrogarias da Região, o Núcleo vai atender a todas ascidades, de Araruama a Macaé. Na inauguração,estiveram presentes empresários do segmentovarejista farmacêutico e autoridades públicas deCabo Frio, como o sub-secretário de saúde, LuisCarlos de Souza, o secretário de comunicaçãosocial, Ricardo Azevedo, e o presidente daAssociação Comercial, Industrial e Turística, IbisonSilva Júnior. Durante o evento, o presidente daAscoferj (Associação do Comércio Farmacêutico doEstado do Rio de Janeiro), Luis Carlos Marins,apresentou a Associação, destacando os serviços deassessoria jurídica, banco de talentos, cursos epalestras, convênio universitário, entre outros. Parafinalizar, os convidados assistiram à palestra daconsultora Inês Rocha sobre o cenário atual dovarejo farmacêutico. O Núcleo já está emfuncionamento na Rua Antônio Feliciano deAlmeida, 99, sala 108, Edifício Kyriaki, Centro deCabo Frio, de 9 às 16h. Farmácias e drogariasinteressadas em se associar podem ligar para (22)2643-6943.

Luis Carlos Marins (à esquerda), presidente da

Ascoferj, Roberto Lourenço José e Hingreth Linard

Na mesa

Está na mesa do prefeitoMarcos Mendes projeto paraimplantação da primeiraEscola de Esportes Náuticosde Cabo Frio, na Praia dasPalmeiras.O projeto, apresentado pelaASCAFER (AssociaçãoCabo-friense de EsportesRadicais), solicita aconstrução de guarderia parabarcos, instalação de toldos,ligação de energia elétrica eágua.

Point

O Restaurante Salinas Grillvirou point para as cabeçascoroadas da cidade deCabo Frio.Diariamente podem serencontrados almoçando por láos empresários mais descadosda cidade, além deautoridades dos mais diversossegmentos.Boa comida, estacionamentofácil e preço certo são areceita do sucesso.

Teologia Contemporânea

Estão abertas as inscriçõespara o Curso de TeologiaContemporânea, nívelextensão, tratando dosperíodos contemporâneo epós-moderno. O curso éaberto a todos os que apreciamo tema, com ênfase para ocristianismo científico. Asincrições podem ser feitas atéo dia 14 de Abril na Ferlagos,Av. Júlia Kubitscheck, 80, noJardim Flamboyant.

Viviane Massi

PapiPress

Praia das Palmeiras

Cabo Frio/RJ

Recebemos de Deus uma família

com características genéticas que

nos dão a referência da palavra

amor e esse laço consangüíneo é

irreversível e nos ata uns aos ou-

tros na compreensão ou nas dis-

córdias, na alegria ou na dor, mas

continua eterno como tudo que

nos vem de Deus.

Depois, a consciência e a razão

em tempo de escolha, nos mos-

tram a porta do caminho onde

buscar esse oxigênio puro da vida

que são os Amigos; e ao elegê-

los o mundo se amplia e sem mu-

ros, sem pedras no caminho, sem

fronteiras ou distâncias nos torna-

mos parceiros na grande jornada

da vida.

O Amigo é aquele que aplaca

nossa ira, respeita nosso silêncio

e é capaz de cantar uma cantiga

para ninar Gente Grande... É a-

quele que chega sempre de mãos

estendidas na hora da queda...

É aquele que traz o coração intei-

ro e se coloca aos nossos pés para

que sua amizade seja vista de

qualquer ângulo da vida e do tem-

po...

É aquele que “empresta” seus

olhos para chorar nossa dor...

É sinônimo múltiplo de tudo que a

vida tem de melhor...

Amigo é riso e é pranto, é força e

é colo, é ombro e é abraço, é praia

de águas claras, e abrigo das

grandes chuvas, e, no entanto, é

uma palavra tão simples e tão pe-

quena que se compõe apenas de

três vogais e duas consoantes for-

mando o imenso vocábulo que

revalida o sentimento da vida...

M a r i n a M a s s a r i

A r t i g o

AMIGOPalavra Superlativa

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49CIDADE, Abril de 2007

Comunicação

A Secretaria de ApoioParlamentar e a Assessoriade Comunicação daPrefeitura de Iguaba Granderealizaram em Março o ISeminário de Comunicaçãodo município. O Encontrocontou com a participação daprofessora da PUC eUniversidade CariocaCláudia Chaves, uma dasmaiores autoridades na teoriae prática da ComunicaçãoSocial no Rio de Janeiro. Oevento aconteceu no plenárioda Câmara Municipal.

Placas de sinalização

turística

A TurisRio anunciou ainstalação de 141 placas desinalização turística nasregiões Serra Verde Imperiale Região dos Lagos. Ao tododez municípios serãocontemplados: Guapimirim,Nova Friburgo e Petrópolis,Araruama, Armação dosBúzios, Arraial do Cabo,Barra de São João, Cabo Frio,Rio das Ostras e São Pedro daAldeia.As novas placas sãofabricadas com umatecnologia desenvolvidarecentemente pela 3M, eseguem o padrão das jáinstaladas em outras regiõesdo estado.

Encontro de Maçons

Cabo Frio recebeu, pelaprimeira vez, no dia 24 demarço último, um encontro daGrande Loja Maçônica doEstado do Rio de Janeiro. Oevento aconteceu no TamoyoEsporte Clube, e trouxe paraa cidade mais de 1200maçons, incluindorepresentantes dodepartamento feminino damaçonaria e o Grão-Mestre,Waldemar Zveiter.

Dormitório das Garças será aberto ao público

A prefeitura de Cabo Frio anunciou a abertura para visitaçãopública do Parque Dormitório das Garças, à margem daAvenida Wilson Mendes, primeira unidade de conservaçãoambiental do município .Foram investidos perto de seiscentos mil reais na estrutura doParque, para a construção de um auditório com capacidade para40 pessoas, dois banheiros com acessibilidade a deficientesfísicos, uma sala de administração e um pórtico. Foi feita,também, uma passarela de madeira de cerca de 500 metros deextensão, para acesso à Ilha do Rato, que serve de lazer nos finsde semana para as comunidades locais. Um mirante está sendoerguido para permitir que os turistas contemplem, em situaçãoprivilegiada, o ritual de chegada das aves ao Dormitório dasGarças.Os investimentos no parque começaram no primeiro semestrede 2005, com o replantio de 16 mil mudas da planta conhecidapor mangue-negro cujas raízes detêm nas margens detritostrazidos pelo movimento das marés. O trabalho prossegue emparceria com a Fundação Educacional Região dos Lagos, quedesignou nove alunos do curso de biologia para trabalhar narecuperação do mangue.

Mais petróleo

A Unidade de Negócio deExploração e Produção daBacia de Campos (UN-BC)conta, desde o final do mês dejaneiro, com mais umadescoberta: o Campo deMaromba, situado a oeste doCampo de Papa-Terra,atualmente em fase dedesenvolvimento.Descoberto em 2003 e comcomercialidade já declarada àAgência Nacional do Petróleo(ANP), o Campo deMaromba está em lâminad’água de 150 a 170 metrosde profundidade e possuireservatório com três milmetros abaixo do solomarinho. O volumerecuperável existente nasquatro camadas do campoestá em torno de 640milhões de boe (barris deóleo equivalente).O campo será operado emparceria com a empresaChevron, sendo a Petrobrasmajoritária (com 70% doprojeto) e a operadoraresponsável.

10 em Marketing

O empresário Aluisio Chavesde Mendonça Pardal,proprietário da SparrowCenter desvendou osmistérios do marketing:produto, preço, ponto devenda e propaganda são suasquatro armas para dominar aconcorrência. Com apenas 27anos, Pardal já foi destaquena Associação Comercialsendo escolhido o mais jovemempresário da cidade, e quermais.

Hugo Canellas assume

presidência do Consórcio

Ambiental Lagos São João

Prefeitos de 12 municípios,membros de Ong’s e de

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PA entidades do ConsórcioAmbiental IntermunicipalLagos – São João (CILSJ)elegeram na segunda-feira,19/03, a nova presidênciapara o biênio 2007-2008. Oprefeito de Iguaba Grande,Hugo Canellas, foi escolhidopor unanimidade e assumirá oposto ocupado pelo prefeitode São Pedro da Aldeia, PauloLobo, que estava no cargo háquatro anos.Luis Firmino Martins Pereiracontinua à frente dasecretaria-executiva doConsórcio.

Secom ! Marconi Castro

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Júlio César Silveira, 20 anos,

é estudante da Escola Esta-

dual Miguel Couto em Cabo

Frio. Seu talento para o de-

senho foi descoberto pelos

professores da sua escola.

Desenho a lápis21 x 29 cm

aleriaG

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