24
MARCELO SERAFIM DE SOUZA ADVOGADO - OAB/ES 18.472 ______________________________________________________ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO __ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE VITÓRIA/ES Bem-aventurados os que observam a justiça... (Salmos 106:3) MARTA REGINA FRANCISCO DUART, brasileira, divorciada, do lar, portadora da carteira de identidade nº 1.751.025 SPTC ES, inscrita no CPF/MF sob o nº 055.348.197-58, residente e domiciliada na Rua Professora Plácida Rebello Fraga, nº 14, Bairro Maria Ortiz, CEP: 29070-540, Serra - Estado do Espírito Santo, por seu advogado signatário, com escritório descrito no rodapé da página, onde recebe as intimações e notificações de praxe, vêm a presença de V. Exa., propor a presente AÇÃO INDENIZATÓRIA DECORRENTE DE DANOS MORAIS CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER , com supedâneo nos artigos 186 e 927, ambos do Código Civil/02, combinado com o artigo 6º, incisos VI à VIII da Lei nº 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor), bem como os artigos 461 e 644, ambos do Código de Processo Civil e demais previsões legais em face de HSBC SEGUROS (BRASIL) S.A., inscrita no CNPJ sob o nº 76.538.446/0001-36, situada na Rua Tenente Francisco Rua São Pedro, nº 245 Vitória/ ES www.marceloserafim.jud.adv.br Bairro: Nova Palestina 99778-6930 [email protected]

Ação Indenizatória Marta Duart

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Peça jurídica

Citation preview

MARCELO SERAFIM DE SOUZAADVOGADO - OAB/ES 18.472______________________________________________________

EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO __ JUIZADO ESPECIAL CVEL DE VITRIA/ES

Bem-aventurados os que observam a justia... (Salmos 106:3)

MARTA REGINA FRANCISCO DUART, brasileira, divorciada, do lar, portadora da carteira de identidade n 1.751.025 SPTC ES, inscrita no CPF/MF sob o n 055.348.197-58, residente e domiciliada na Rua Professora Plcida Rebello Fraga, n 14, Bairro Maria Ortiz, CEP: 29070-540, Serra - Estado do Esprito Santo, por seu advogado signatrio, com escritrio descrito no rodap da pgina, onde recebe as intimaes e notificaes de praxe, vm a presena de V. Exa., propor a presente AO INDENIZATRIA DECORRENTE DE DANOS MORAIS CUMULADA COM OBRIGAO DE FAZER, com supedneo nos artigos 186 e 927, ambos do Cdigo Civil/02, combinado com o artigo 6, incisos VI VIII da Lei n 8078/90 (Cdigo de Defesa do Consumidor), bem como os artigos 461 e 644, ambos do Cdigo de Processo Civil e demais previses legais em face de HSBC SEGUROS (BRASIL) S.A., inscrita no CNPJ sob o n 76.538.446/0001-36, situada na Rua Tenente Francisco Ferreira de Souza, 805 Hauer Curitiba PR, CEP: 04.004-902, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

1. DOS FATOS Ab initio, convm destacar que, o filho da requerente, em vida, contratou seguro de vida com a requerida. Convm esthesir que, a requerente a nica beneficiria do seguro objeto da lide. Porm, insta frisar, algum tempo aps aludida contratao, o filho da requerente veio a falecer, conforme atesta certido de bito em anexo. E a partir da verdadeira via crucis teve que enfrentar a requerente para obter acesso ao pagamento do seguro in quaestio a que faz jus.Haja vista, por diversas oportunidades a requerente entrou em contato com a requerida, porm, esta veementemente, e no se sabe o motivo, se nega a pagar a requerente o que lhe devido, nica beneficiaria do seguro objeto da presente demanda, conforme afirmado alhures. Importante mencionar que, a requerente sentiu-se ultrajada com este MALFADADO, DESAFORTUNADO, FUNESTO E NEFASTO ATO DA REQUERIDA, QUE APENAS SERVIU PARA ESTIGMATIZAR SUA IMAGEM PERANTE A REQUERENTE, CAUSANDO-LHE ESPANTO E PAVOR.

2. DO DIREITO2.1. DO PRINCPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDORO Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90) veio justamente para coibir as prticas abusivas do fornecedor, como a que ocorre in casu, pois a requerida fecha os olhos para com os direitos a que faz jus a requerente, por todo o acima exposto, o que foge a compreenso do homem mediano.

Quadra registrar que o PRINCPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR, ampara a parte vulnervel na relao de consumo (o consumidor), uma vez que este se submete ao poder de quem dispe o controle sobre bens de produo para satisfazer suas necessidades de consumo. Em outras palavras, o consumidor se submete s condies que lhe so impostas no mercado de consumo.

A esse respeito Joo Batista de Almeida[footnoteRef:1] observa que o surgimento da tutela do consumidor uma [1: ALMEIDA, Joo Batista de. A Proteo Jurdica do Consumidor. 2a ed., So Paulo: Saraiva, 2000.]

"... reao a um quadro social, reconhecidamente concreto, em que se vislumbrou a posio de inferioridade do consumidor em face do poder econmico do fornecedor, bem como a insuficincia dos esquemas tradicionais do direito substancial e processual, que j no mais tutelavam novos interesses identificados como coletivos e difusos...". (sem grifos no original)

Nas lies de Micheline Maria Machado de Carvalho[footnoteRef:2] acerca da finalidade do Cdigo de Defesa do Consumidor, tem-se que: [2: CARVALHO, Micheline Maria Machado de. A Inverso do nus da Prova no Direito do Consumidor. Acesso em 21/01/2011. Disponvel em: http://www.datavenia.net/artigos/Direito_Processual_Civil/A_INVERSAO_DO_ONUS_DA_PROVA_NO.htm.]

O Cdigo de Defesa do Consumidor cuida em tutelar o consumidor principalmente em razo de sua vulnerabilidade, procurando reequilibrar as relaes de consumo, sem ferir o princpio constitucional da isonomia, tratando os desiguais de modo desigual. (grifo nosso)

Para o mestre Luiz Antnio Rizzatto[footnoteRef:3], o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor uma primeira medida de realizao da isonomia garantida na Constituio Federal. Pois, o consumidor a parte fraca da relao jurdica de consumo, e essa fraqueza decorre de dois aspectos: um de ordem tcnica e outro de cunho econmico. O de ordem tcnica est relacionado aos meios de produo monopolizados pelo fornecedor. [3: RIZZATTO NUNES, Luiz Antnio. Comentrios ao Cdigo de Defesa do Consumidor, Direito Material (arts. 1 a 54). So Paulo: Saraiva, 2000.]

o fornecedor quem escolhe o que, quando e de que maneira produzir. E o consumidor fica com a escolha reduzida, s podendo optar por aquilo que existe e foi ofertado no mercado. Essa oferta decidida unilateralmente pelo fornecedor, visando seus interesses empresariais e a obteno de lucro. O segundo aspecto, o econmico, est na maior capacidade econmica que, via de regra, o fornecedor tem em relao ao consumidor. Alm disso, no presente caso, no fora observado pela requerida a boa-f objetiva, que conforme o Cdigo de Defesa do Consumidor dever nortear e embasar toda e qualquer relao de consumo, o que in casu, infelizmente no ocorreu. E, isso porque os direitos da requerente, simplesmente foram ignorados, quando da inviabilidade por parte da requerida ao no efetuar o pagamento do seguro objeto da lide para a requerente, nica beneficiria do seguro suso.

A boa-f objetiva na festejada lio de Cludia Lima Marques[footnoteRef:4]: [4: MARQUES, Cludia Lima. Contratos no Cdigo de Defesa do Consumidor. 4. ed. So Paulo: RT, 2003. ]

...significa uma atuao refletida, uma atuao refletindo, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legtimos, suas expectativas razoveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abusos, sem obstruo, sem causar leso ou desvantagem excessiva, cooperando para atingir o bom fim das obrigaes: o cumprimento do objetivo contratual e a realizao dos interesses das partes. (grifo nosso)

2.2. DA INVERSO DO NUS DA PROVAAdriano Andrade[footnoteRef:5] nos ensina que a inverso do nus da prova sem sombra de dvidas, uma das mais importantes inovaes do Cdigo de Defesa do Consumidor, com previso no inciso VIII do artigo 6, verbis: [5: ANDRADE, Adriano. Interesses Difusos e Coletivos Esquematizado / Adriano Andrade, Cleber Masson, Landolfo Andrade. Rio de Janeiro: Forense; So Paulo: MTODO, 2011.]

Art. 6 So direitos bsicos do consumidor.[...]VIII a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critrio do juiz, for verossmil a alegao ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincia. (grifei)

Segundo o nobre jurista[footnoteRef:6]: [6: Idem]

... a regra geral de distribuio do nus da prova est estabelecida no artigo 333, do Cdigo de Processo Civil, que condensa, em sntese, a seguinte ideia: em regra, o nus da prova incumbe parte que tiver o interesse no reconhecimento do fato a ser provado. O encargo probatrio distribudo prvia e abstratamente pela lei (regra da distribuio esttica do nus da prova).Se tal regra funciona bem entre partes iguais, no se mostra suficiente para a defesa dos interesses do consumidor, vulnervel em face do fornecedor. Da a importncia do art. 6, VIII, do CDC, que flexibiliza as regras sobre a distribuio do nus da prova, conferindo ao juiz a possibilidade de determinar a inverso deste nus quando verificar, no processo, a presena da verossimilhana da alegao ou da hipossuficincia do consumidor (regra da distribuio dinmica do nus da prova).Percebe-se, assim, que o objetivo do CDC facilitar a defesa dos interesses do consumidor no campo da instruo probatria, de modo a permitir a igualdade substancial tambm no plano processual. (sem grifos no original)

Ex positis, a inverso do nus da prova um grande avano conferido pelo novel legislador infraconstitucional ao consumidor, parte hipossuficiente, vulnervel, nas conturbadas, desproporcionais e injustas relaes de consumo, com vistas a proporcionar paridade de armas, e isso, pelo princpio da isonomia, consagrado pelo artigo 5 da Lex Mater de 1988, s partes nelas envolvidas.

2.3. DA OBRIGAO DE FAZER PAGAMENTO DO SEGURO OBJETO DA LIDE PARA A REQUERENTEConforme afirmado o filho da requerente, em vida, contratou seguro de vida com a requerida. Ademais, a requerente a nica beneficiria do seguro objeto da lide. Conforme supramencionado, algum tempo aps aludida contratao, o filho da requerente veio a falecer. E a partir da verdadeira via crucis teve que enfrentar a requerente para obter acesso ao pagamento do seguro in quaestio a que faz jus.

Haja vista, por diversas oportunidades a requerente entrou em contato com a requerida, porm, esta veementemente, e no se sabe o motivo, se nega a pagar a requerente o que lhe devido, nica beneficiaria do seguro objeto da presente demanda, conforme afirmado alhures.

Iterativa jurisprudncia assente no sentido de obrigar o segurador pela via judicial ao cumprimento de sua obrigao de fazer constante do contrato de seguro firmado entre as partes. Como exemplo citamos o seguinte aresto, verbis:RESPONSABILIDADE CIVIL. APLICAO DA LEI N 8078/90. AO DE OBRIGAO DE FAZER CUMULADA COM REPARAO POR DANOS MORAIS. CONTRATO DE SEGURO DE VIDA. MORTE DO SEGURADO. RECUSA DA SEGURADORA AO PAGAMENTO DA INDENIZAO SECURITRIA SOB A ALEGAO DE NO APRESENTAO DA DOCUMENTAO NECESSRIA. SENTENA JULGANDO PROCEDENTE O PEDIDO, CONDENANDO A EMPRESA R A INDENIZAR A AUTORA NO VALOR DO PERCENTUAL PREVISTO NA APLICE DE SEGURO EM QUE A MESMA CONSTA COMO BENEFICIRIA, BEM COMO, INDENIZ-LA, A TTULO DE DANOS MORAIS, NO IMPORTE DE R$ 4.000,00 (QUATRO MIL REAIS). CONDENOU A R AINDA AO PAGAMENTO DAS DESPESAS PROCESSUAIS E HONORRIOS ADVOCATCIOS, QUE FIXOU EM 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAO. INCONFORMISMO DA R. RECURSO CONHECIDO. SENTENA PARCIALMENTE REFORMADA. O PRAZO PRESCRICIONAL NUO PREVISTO NO ARTIGO 206, 1, INCISO II DO CDIGO CIVIL, REFERE-SE PRETENSO DO SEGURADO CONTRA O SEGURADOR, RESSALTANDO QUE A FIGURA DO SEGURADO NO SE CONFUNDE COM A FIGURA DO BENEFICIRIO. A EMPRESA R CONFESSA QUE A AUTORA BENEFICIRIA DA APLICE DE SEGURO DE VIDA DE SEU FINADO PAI, NO PERCENTUAL DE 30% SOBRE O VALOR A SER INDENIZADO, PORTANTO, CONFIRMADO RESTOU O DIREITO DA AUTORA EM RECEBER ESTES VALORES. OBRIGAO DE INDENIZAR, SOB PENA DE ENRIQUECIMENTO ILCITO POR PARTE DA SEGURADORA. A RECUSA DA SEGURADORA NO COMPORTA INDENIZAO POR DANOS MORAIS, NA FORMA DE PACIFICADA JURISPRUDNCIA. PRECEDENTES DO STJ E TJRJ. RECURSO A QUE SE D PARCIAL PROVIMENTO, NA FORMA DO ARTIGO 557, 1 A, DO CDIGO DE PROCESSO CIVIL, PARA AFASTAR A CONDENAO POR DANOS MORAIS E DISTRIBUIR IGUALMENTE OS NUS SUCUMBNCIAIS[footnoteRef:7]. [7: TJ-RJ - APL: 134832320068190054 RJ 0013483-23.2006.8.19.0054, Relator: DES. MARCO AURELIO BEZERRA DE MELO, Data de Julgamento: 11/02/2010, DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL]

PROCESSO CIVIL. CONSUMIDOR. AAO DE OBRIGAAO DE FAZER. NULIDADE. DECISAO. INTERESSE DE MENOR. INTERVENAO DO MP. AUSNCIA. PREJUZO. NAO CARACTERIZADO. POSSIBILIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. NAO CONFIGURADA. CONTRATO DE SEGURO. MORTE DO SEGURADO. M-F. NAO COMPROVADA. DOENA PR-EXISTENTE. REALIZAAO DE EXAME DE SUDE PRVIO. AUSNCIA. INDENIZAAO. DEVIDA. HERDEIROS/SUCESSORES. PAGAMENTO DE PARCELAS APS O SINISTRO. RESSARCIMENTO. CABVEL. 1. Na sentena guerreada, os pedidos dos autores, entre eles um menor, foram julgados procedentes, no havendo, pois, nenhum prejuzo para o menor, um dos apelados. Assim, no demonstrado prejuzo para o menor, resta impossibilitada a anulao da r. sentena. 2. Compulsando os autos, constato que o contrato de seguro fora firmado entre o segurado e o banco apelante, pois o documento de fls. 21 demonstra a relao de consumo estabelecida entre eles, a qual teve como objeto do seguro o veculo adquirido atravs de financiamento. Ademais, o documento de fls. 23 refora tal certeza, pois se trata de carta expedida pela instituio financeira, cujo teor diz respeito possibilidade de levantamento do seguro contratado. 3. O banco apelante no pode se afastar do dever de indenizar, sob o argumento de que o segurado, ora falecido, agiu de m-f ao no declarar que era portador de grave doena quando da assinatura do contrato, uma vez que aquele no exigiu a realizao de nenhum exame mdico prvio. 4. O contrato de seguro firmado prev, expressamente que, em caso de morte do segurado, o pagamento do saldo devedor do contrato de financiamento (mtuo) ser garantido pela seguradora. Em se tratando de seguro de vida, o segurado tem a faculdade de escolher quais sero seus beneficirios. Em caso de omisso, presume-se beneficirio o herdeiro, na ordem de sucesso legtima, com arrimo no art. 792 do Cdigo Civil. Assim, qualquer pagamento efetuado pelos sucessores/herdeiros aps a morte do segurado (datada de 13.11.2004 fls. 13), dever ser ressarcido pelo banco apelante. 5. Recurso conhecido e no provido[footnoteRef:8]. [8: TJ-PI - AC: 201000010062473 PI. Relator: Dr. Oton Mrio Jos Lustosa Torres, Data de Julgamento: 12/01/2011, 1a. Cmara Especializada Cvel.]

Cumpre ressaltar, ser de assaz sabena, que o contrato (mormente o contrato de seguro objeto da lide firmado entre a requerida e o de cujus, filho da requerente, nica beneficiaria do seguro em comento) um acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir um Direito, possuindo trs princpios bsicos, autonomia da vontade, supremacia da ordem pblica e o da obrigatoriedade. cedio que, as partes contratantes devem cumprir o contrato entre estes celebrado, pois faz lei entre as partes. Se quaisquer das partes descumpri-lo, dever sofrer os rigores da legislao aplicvel a matria em causa.

Nesta toada, requer seja por este mm. Juzo deferido o pedido autoral atinente a obrigao de fazer, a fim de que a requerida, cumpra sua parte no contrato de seguro objeto da lide, pagando a requerente o que lhe devido por fora contratual, o que desde j se requer.

2.4. DO DANO MORALConforme supra afirmado, o filho da requerente, em vida, contratou seguro de vida com a requerida. Cumpre ressaltar que, conforme acima demonstrado, a requerente a nica beneficiria do seguro objeto da lide. Aps aludida contratao, o filho da requerente veio a falecer. E a partir da verdadeira via crucis teve que enfrentar a requerente para obter acesso ao pagamento do seguro in quaestio a que faz jus. O que lhe causou srios abalos a sua psique.

Pelo exposto supra, percebe-se que a requerida agiu com manifesta negligencia e evidente descaso com a requerente, por todo o acima mencionado. Desta forma, no pode a requerida se eximir da responsabilidade pela reparao do dano causado a requerente, pelo qual indubitavelmente responde.

Sobre o tema, assim j se firmou farta jurisprudncia de nossos tribunais. Como exemplo citamos o seguinte aresto infra, verbis:SEGURO DE VIDA EM GRUPO. Morte do segurado. Negativa de pagamento pela seguradora sob o fundamento de que o segurado, quando faleceu, no mais trabalhava para a estipulante. 1. Ao contrrio do que alegou a r, o segurado tambm contribua para o pagamento do prmio. As provas juntadas aos autos comprovaram que no ms do sinistro, houve o desconto do prmio, o que garantiu a cobertura do seguro. Assim, os beneficirios do segurado tm direito ao pagamento do prmio. 2. Dano moral[footnoteRef:9]. [9: TJ-SP - APL: 85456420098260157 SP 0008545-64.2009.8.26.0157, Relator: Carlos Alberto Garbi, Data de Julgamento: 01/06/2011, 26 Cmara de Direito Privado, Data de Publicao: 06/06/2011]

Caio Mrio da Silva Pereira[footnoteRef:10] ensina que o indivduo titular de direitos integrantes de sua personalidade, o bom conceito que desfruta na sociedade, os sentimentos que estornam a sua conscincia, os valores afetivos, merecedores todos de igual proteo da ordem jurdica. [10: PEREIRA, Caio Mrio da Silva. Responsabilidade Civil. 9 ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense. 1998, pg. 59]

A Lex Mater de 1988, assim preceitua no inciso X do artigo 5, seno vejamos: Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:[...]X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao. (grifamos)

Dessa forma, claro que a requerida ao cometer imprudente ato, afrontou confessada e conscientemente o texto constitucional acima transcrito, devendo, por isso, ser condenada respectiva indenizao pelo dano moral experimentado pela autora.

O ilustre jurista Rui Stoco[footnoteRef:11], em sua clebre dissertao sobre o tema, nos traz que: [11: STOCO, Rui. Responsabilidade Civil e sua Interpretao Judicial. 4 ed. Ver. Atual. e ampl. Ed. RT, pg. 59 ]

A noo de responsabilidade a necessidade que existe de responsabilizar algum por seus atos danosos. (grifo nosso)

luz do artigo 186 do Cdigo Civil, aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que moral comete ato ilcito.

Para que se caracterize o dano moral, imprescindvel que haja: a) ato ilcito, causado pelo agente, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia; b) ocorrncia de um dano, seja ele de ordem patrimonial ou moral; c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.

Ora Exa., cumpre destacar que, a presena do nexo de causalidade entre os litigantes est patente, sendo indiscutvel o liame jurdico existente entre ambos, de modo contrrio a requerente, no teria sofrido os danos morais pleiteados, objeto da presente pea vestibular.

Evidente, pois, que devem ser acolhidos os danos morais suportados, visto que, em razo de tal fato, decorrente de culpa nica e exclusiva da requerida, a requerente teve a moral afligida, foi exposta ao ridculo e sofreu constrangimentos de ordem moral, o que inegavelmente consiste em meio vexatrio.

Dano moral repise-se, o dano causado injustamente a outrem, que no atinja ou diminua o seu patrimnio; a dor, a mgoa, a tristeza infligida injustamente a outrem com reflexo perante a sociedade, o que subsume da presente quaestio.

Neste sentido, colacionamos o seguinte aresto, verbis:O dano simplesmente moral, sem repercusso no patrimnio, no h como ser provado. Ele existe to-somente pela ofensa, e dela presumido, sendo bastante para justificar a reparao. (TJPR Rel. Wilson Reback RT 681/163). (sem grifos no original)

Preconiza o artigo 927 do Cdigo Civil.Aquele que, por ato ilcito, causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo. (grifamos)

Maria Helena Diniz[footnoteRef:12], ao tratar do dano moral, ressalta que a reparao tem sua dupla funo, a penal constituindo uma sano imposta ao ofensor, visando diminuio de seu patrimnio, pela indenizao paga ao ofendido, visto que o bem jurdico da pessoa (integridade fsica, moral e intelectual) no poder ser violado impunemente, e a funo satisfatria ou compensatria, pois como o dano moral constitui um menoscabo a interesses jurdicos extrapatrimoniais, provocando sentimentos que no tm preo, a reparao pecuniria visa a proporcionar ao prejudicado uma satisfao que atenue a ofensa causada. Da, a necessidade de observar-se as condies de ambas as partes. [12: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Brasileiro. 7 vol. 9 ed. So Paulo: Saraiva. ]

Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da fixao da reparao, vez que no existem critrios determinados e fixos para a quantificao do dano moral, a reparao do dano h de ser fixada em montante que desestimule o ofensor a repetir o cometimento do ilcito.

E na aferio do quantum indenizatrio, deve ser levado em conta o grau de compensao das pessoas sobre os seus direitos e obrigaes, pois quanto maior, maior ser a sua responsabilidade no cometimento de atos ilcitos e, por deduo lgica, maior ser o grau de apenamento, quando ele romper com o equilbrio necessrio na conduo de sua vida social.

Quadra registrar que, dentro do preceito in dubio pro creditori, o importante que o lesado, parte principal do processo indenizatrio seja integralmente satisfeito, de forma que a compensao corresponda ao seu direito maculado pela ao lesiva da requerida.

Bem se v, a saciedade, ser indiscutvel a prtica de ato ilcito por parte da requerida, configuradora da responsabilidade de reparao dos danos morais suportados pela requerente, requer-se ento, a condenao daquela em danos morais pela ofensa psique da requerente.

3. DOS HONORRIOS assaz consentneo que o servio prestado por advogado tem carter pblico, nos termos do 1 do art. 2, da Lei 8906/94, donde se infere a sua importncia para a sociedade.

Neste diapaso, cedio que a parte que deu causa propositura da demanda, ou seja, o vencido, arque com os devidos honorrios, ilao que se extrai do caput do art. 20 do CPC, in verbis:Art. 20. A sentena condenar o vencido a pagar ao vendedor as despesas que antecipou e os honorrios advocatcios... (grifei)

O mestre Pedro Donel[footnoteRef:13] presenteia-nos com preciosa lio sobre a matria em questo, in verbis: [13: DONEL, Pedro Roberto. HONORRIOS NA EXECUO DE SENTENA DA LEI 9099/95. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 51, 1 out. 2001. Disponvel em: . Acesso em: 12 jan. 2012.]

O advogado tem direito assegurado aos honorrios convencionados, fixados por arbitramento e os de sucumbncia. (art. 22 do Estatuto da Advocacia e da OAB). (grifo nosso)

A jurisprudncia de igual forma tem assentado entendimento que, o trabalho despendido pelo profissional do direito deve ser remunerado, conforme se infere do aresto infra, verbis:HONORRIOS ADVOCATCIOS CAUSA SINGELA, SEM CONDENAO FIXAO POR APRECIAO EQUITATIVA VALOR ARBITRADO CONSENTNEO AOS DITAMES LEGAIS PERMANNCIA[footnoteRef:14]. [14: TJDF 5 T. Apelao Cvel, Rel. Des. Vasquez Cruxen, DJU 25/09/2002, in DOS SANTOS, Sandra Aparecida S. Os Honorrios Advocatcios e a sua Natureza Alimentar. Disponvel em: http://jus.jus.com.br/revista/texto/11370. Acesso em 23/01/2012. ]

1 Ainda que no seja a causa complexa e que houve julgamento antecipado da lide, a verba honorria deve remunerar o trabalho do profissional de forma condigna e no pode ser reduzida, posto que j arbitrada em valor de acordo com as diretrizes traadas pelo artigo 20, do Cdigo de Processo Civil, sem que seja exorbitante. (grifo nosso)

Amparado pelo exposto supra, a requerente acredita que ao deferir os honorrios estar V. Exa., aplicando a mais pura e ldima justia.

4. DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOSFace ao exposto, pede-se e requer-se a V. Exa.:a) Seja citada a requerida, para querendo se manifeste sobre a presente exordial, inclusive com depoimento pessoal, sob pena de revelia e confisso, podendo produzir as provas que julgarem necessrias. Sendo que, a citao e demais atos processuais, sejam realizados, se necessrio, com a faculdade contida no 1, do art. 172, do CPC;b) Seja deferida a inverso do nus da prova, dada verossimilhana das alegaes e hipossuficincia da requerente;c) Seja deferido o pedido de dano moral constante da presente pea vestibular, pela ofensa psique da requerente, conforme acima exposto, patrocinado pela requerida, com valor a ser arbitrado por V. Exa.;d) Seja por V. Exa., deferido os honorrios advocatcios, condenando a requerida ao seu pagamento, em percentual a ser arbitrado por V. Exa.;e) Seja deferido por este mm. Juzo a obrigao de fazer, com supedneo nos artigos 632 e 633, ambos do CPC, afim de que a requerida efetue o devido pagamento do seguro objeto da lide para a requerente, nica beneficiria do seguro suso.f) Pretende a requerente provar o alegado, por todas as provas admitidas em direito. g) Por fim, requer que as intimaes deste r. juzo sejam feitas em nome do advogado que firma a presente.

6. DO VALOR DA CAUSAD-se presente causa o valor de R$ 28.960,00 (vinte e oito mil e novecentos e sessenta reais).

Termos em que,Pede e espera deferimento.

Vitria/ ES, 30 de Abril de 2014.

__________________________MARCELO SERAFIM DE SOUZAADVOGADO - OAB/ES 18.472Rua So Pedro, n 245 Vitria/ ES www.marceloserafim.jud.adv.brBairro: Nova Palestina 99778-6930 [email protected]