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Santos e pecadores RICARDO RIO [email protected] http://econominho.blogspot.com sexta-feira, 12 Novembro de 2010 9 OPINIÃO Luís Oliveira, da Miranda & Associados, avisa É de prever uma escalada continuada do endividamento público A situação económica de Portu- gal levanta sérias preocupações. O que se passa neste momento, mes- mo ao nível da política fiscal, tem que ser entendido à luz das raízes da crise e do que irá suceder no futuro próximo. Luís Oliveira, da Miranda & Associados, apresen- tou algumas das linhas de reflexão para este Orçamento do Estado, tendo em conta o seu enquadra- mento macroeconómico. Refle- xões que tiveram lugar durante um seminário organizado em conjun- to por aquele gabinete de advoga- dos e a “Vida Económica”. Desde logo, pode-se concluir que este OE terá efeitos de con- tracção e é possível uma escalada continuada do endividamento pú- blico. Também não será de estra- nhar o aumento dos gastos finan- ceiros do Estado e pode-se chegar à estagnação da economia. Neste cenário, torna-se cada vez mais inevitável o recurso ao Fundo Mo- netário Internacional. De salientar ainda que existe uma ligação entre a dívida soberana e a crise do sector bancário. De facto, a banca tem activos fortemente afectados por situações de imparidade (valores públicos e privados). Luís Oliveira chama também a atenção para o facto de os nossos bancos não te- rem acesso ao financiamento inter- nacional e estarem a viver sobretudo dos apoios do Banco Central Euro- peu. No entanto, “é imprescindível manter a estabilidade do sistema fi- nanceiro, uma situação que implica uma clara partilha do risco”. A actual situação de Portugal está estreitamente ligada à sua pre- sença na Zona Euro. E esta é uma realidade de que o país não se pode alhear, avisa Luís Oliveira. “O país tem que se consciencializar que já não existem mecanismos cambiais e que não podemos mexer na mas- sa monetária. O grande instru- mento de política económica que fica é a política orçamental, mas esta também obedece a balizas, havendo supervisão multilateral da política orçamental e procedimen- tos sobre défices excessivos.” Adianta ainda que há mecanis- mos importantes como a protecção de “bail out” e de monitorização da dívida pública. Neste âmbito, im- porta lembrar que o Banco Cen- tral Europeu apenas pode comprar dívida pública no mercado secun- dário. É essencial ainda a criação de um mecanismo permanente de emergência para situações em que a Zona Euro esteja ameaçada, de- signadamente o apoio financeiro público com partilha de “bail in” pelos credores. O problema do “lixo tóxico” Luís Oliveira considera que é fundamental fazer um enquadra- mento histórico para se compre- ender como se chegou à actual situação de graves problemas para a economia nacional. Para o efei- to utiliza o estudo da OCDE que aponta factores essenciais nesta evolução. Desde logo, o que se passou nos Estados Unidos, com uma política de financiamento à habitação sem que que houvesse garantias por parte de quem pe- dia o crédito. A banca começou a entrar num espaço de agências de empréstimos e a seguir a mesma política. Finalmente, a securitização re- sultou em que os bancos aumen- tassem a sua rentabilidade, dei- xando de ser meros intermediários financeiros. Ou seja, “a inovação financeira acabou por gerar vários activos tóxicos”, explicou Luís Oliveira. Outros estudos também apontam que na raiz da crise finan- ceira esteve a ideia que o capitalis- mo tem a capacidade inerente de auto-estabilização, pelo que a regu- lação poderia ser dispensada. GUILHERME OSSWALD S e há algo que, sendo por vezes incon- tornável, me causa algum desconforto, como sempre sucedeu ao longo dos úl- timos onze anos de “colunista económico”, é a circunstância de ter que escrever sobre alguém com quem tenho alguma proximi- dade. Desde logo porque, a ser por boas razões, temo estar a ser parcial no juízo efectuado, vendo a racionalidade ser toldada por ou- tros factores de natureza emocional. Pelo contrário, quando me vejo forçado a assumir uma postura crítica do desempe- nho, da conduta ou do discurso de alguém que merece o meu apreço, hesito sempre entre a tentação da condescendência e o receio dos danos que podem resultar de tal opinião, quanto mais não seja no plano das relações pessoais. Em verdade, este é um desses momentos. O “meu” Professor Fernando Teixeira dos Santos, hoje reconhecido por todos os Por- tugueses na sua qualidade de Ministro das Finanças, é uma pessoa com quem sempre cultivei uma óptima relação e a quem reco- nheci o valor associado às suas capacidades técnicas e científicas, a sua ponderação e bom senso, a postura determinada na defesa das suas convicções e a capacidade para es- tabelecer bases de entendimento em contex- tos de disputa de interesses. Foi assim que sucedeu no nosso relacio- namento professor/aluno, nas participações comuns em diversos órgãos de gestão da Fa- culdade de Economia do Porto e em diver- sos contextos profissionais posteriores. Apesar da experiência “nacional” que resultava da Presidência da CMVM – Co- missão do Mercado de Valores Mobiliários e da passagem pela Secretaria de Estado das Finanças com Sousa Franco no primeiro Governo de António Guterres, a sua indi- gitação para Ministro das Finanças após a ruptura de Luís Campos e Cunha acabou por ser uma boa surpresa. Em particular durante o primeiro man- dato de José Sócrates, e pese embora a falta de sentido político que pautou algumas das suas intervenções públicas (muitas vezes em abono da sua própria credibilidade), Teixei- ra dos Santos assumiu-se como um Minis- tro disciplinado e disciplinador, mas com resultados pouco sensíveis no processo de consolidação orçamental. Aqui, tal como transpareceu para a pró- pria opinião pública, o Ministro das Fi- nanças ficou várias vezes com o ónus das opções menos simpáticas do ponto de vista político, entrando até diversas vezes em contradição com outros colegas do Execu- tivo e com o próprio Primeiro-Ministro, José Sócrates. Nesse período, Teixeira dos Santos cons- truiu uma aura de uma espécie de “grilo falante” da governação socialista - qual consciência última dos despautérios prati- cados pelos Governos de Sócrates -, numa tarefa tão louvável quanto mal sucedida por entre a cultura do desperdício, da tomada de assalto do aparelho de Estado e do po- pulismo reinante, em especial em períodos pré-eleitorais. Percebeu-se, pois, a saturação com que atingiu a fase final desse mandato e as ex- pectativas publicamente ventiladas de uma “reforma dourada” que pudesse recompen- sar devidamente os serviços prestados à Pá- tria no exercício dessas funções. Acontece, porém, que esse exílio não se consumou e que, continuando Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos se vê confron- tado com uma conjuntura política, econó- mica e financeira cada vez mais agreste, à medida que se altera a conjuntura interna- cional (ou a perspectiva como a envolvente olha para situações como a portuguesa) e que, sobretudo, se vai descobrindo o muito lixo que a Governação de Sócrates procurou esconder debaixo do tapete. Sem a solidariedade política e efectiva do resto do Executivo e do Primeiro-Ministro – sistematicamente mergulhados numa ló- gica de facilitismo e deslumbramento que muito condicionou as nossas possibilidades de mitigar de forma atempada os graves problemas que o País hoje enfrenta -, sem a capacidade política para gerir melhor algu- mas das suas intervenções públicas recentes e, porventura, sem a visão ou a vontade para encontrar soluções efectivas para os proble- mas existentes, Teixeira dos Santos tornou- se um dos rostos do colapso do Governo, do seu irremediável fracasso nas metas tra- çadas, em particular na esfera orçamental, e da nossa condenação colectiva a um prolon- gado período de “vacas magras”. Nesta fase, invocar situações como os deslocados ataques aos Presidentes de Junta de Freguesia, as críticas à “falta de patrio- tismo” da PT no processo dos dividendos, a famigerada entrevista ao Expresso em que colocava a taxa de juro de 7% sobre a nossa dívida soberana como o limiar para a inter- venção do FMI, ou os atrasos e erros técni- cos do OE/2011 são meros apontamentos no turbilhão de incidências que já conduzi- ram à sua “nomeação” como “Pior Ministro das Finanças da União Europeia” em diver- sos media internacionais de relevo. Sejamos claros: pessoalmente, continuo a achar que Teixeira dos Santos não é aquilo que hoje parece. Mas, como se pode beber da sabedoria popular, “Diz-me com quem andas…” PUB “Este OE terá efeitos de contracção” , afirma Luís Oliveira.

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Santos e pecadoresRICARDO [email protected]

http://econominho.blogspot.com

sexta-feira, 12 Novembro de 2010 9OPINIÃO

Luís Oliveira, da Miranda & Associados, avisa

É de prever uma escalada continuada do endividamento público

A situação económica de Portu-gal levanta sérias preocupações. O que se passa neste momento, mes-mo ao nível da política fiscal, tem que ser entendido à luz das raízes da crise e do que irá suceder no futuro próximo. Luís Oliveira, da Miranda & Associados, apresen-tou algumas das linhas de reflexão para este Orçamento do Estado, tendo em conta o seu enquadra-mento macroeconómico. Refle-xões que tiveram lugar durante um seminário organizado em conjun-to por aquele gabinete de advoga-dos e a “Vida Económica”.

Desde logo, pode-se concluir que este OE terá efeitos de con-tracção e é possível uma escalada continuada do endividamento pú-blico. Também não será de estra-nhar o aumento dos gastos finan-ceiros do Estado e pode-se chegar à estagnação da economia. Neste cenário, torna-se cada vez mais inevitável o recurso ao Fundo Mo-netário Internacional. De salientar ainda que existe uma ligação entre a dívida soberana e a crise do sector

bancário. De facto, a banca tem activos fortemente afectados por situações de imparidade (valores públicos e privados). Luís Oliveira chama também a atenção para o facto de os nossos bancos não te-rem acesso ao financiamento inter-nacional e estarem a viver sobretudo dos apoios do Banco Central Euro-peu. No entanto, “é imprescindível manter a estabilidade do sistema fi-nanceiro, uma situação que implica uma clara partilha do risco”.

A actual situação de Portugal está estreitamente ligada à sua pre-sença na Zona Euro. E esta é uma realidade de que o país não se pode alhear, avisa Luís Oliveira. “O país tem que se consciencializar que já não existem mecanismos cambiais e que não podemos mexer na mas-sa monetária. O grande instru-mento de política económica que fica é a política orçamental, mas esta também obedece a balizas, havendo supervisão multilateral da política orçamental e procedimen-tos sobre défices excessivos.”

Adianta ainda que há mecanis-

mos importantes como a protecção de “bail out” e de monitorização da dívida pública. Neste âmbito, im-porta lembrar que o Banco Cen-tral Europeu apenas pode comprar dívida pública no mercado secun-dário. É essencial ainda a criação de um mecanismo permanente de emergência para situações em que a Zona Euro esteja ameaçada, de-signadamente o apoio financeiro público com partilha de “bail in” pelos credores.

O problema do “lixo tóxico”

Luís Oliveira considera que é fundamental fazer um enquadra-mento histórico para se compre-ender como se chegou à actual situação de graves problemas para a economia nacional. Para o efei-to utiliza o estudo da OCDE que aponta factores essenciais nesta evolução. Desde logo, o que se passou nos Estados Unidos, com uma política de financiamento à habitação sem que que houvesse garantias por parte de quem pe-

dia o crédito. A banca começou a entrar num espaço de agências de empréstimos e a seguir a mesma política.

Finalmente, a securitização re-sultou em que os bancos aumen-tassem a sua rentabilidade, dei-xando de ser meros intermediários financeiros. Ou seja, “a inovação

financeira acabou por gerar vários activos tóxicos”, explicou Luís Oliveira. Outros estudos também apontam que na raiz da crise finan-ceira esteve a ideia que o capitalis-mo tem a capacidade inerente de auto-estabilização, pelo que a regu-lação poderia ser dispensada.

GUILHERME OSSWALD

Se há algo que, sendo por vezes incon-tornável, me causa algum desconforto, como sempre sucedeu ao longo dos úl-

timos onze anos de “colunista económico”, é a circunstância de ter que escrever sobre alguém com quem tenho alguma proximi-dade.

Desde logo porque, a ser por boas razões, temo estar a ser parcial no juízo efectuado, vendo a racionalidade ser toldada por ou-tros factores de natureza emocional.

Pelo contrário, quando me vejo forçado a assumir uma postura crítica do desempe-nho, da conduta ou do discurso de alguém que merece o meu apreço, hesito sempre entre a tentação da condescendência e o receio dos danos que podem resultar de tal opinião, quanto mais não seja no plano das relações pessoais.

Em verdade, este é um desses momentos.O “meu” Professor Fernando Teixeira dos

Santos, hoje reconhecido por todos os Por-tugueses na sua qualidade de Ministro das Finanças, é uma pessoa com quem sempre cultivei uma óptima relação e a quem reco-nheci o valor associado às suas capacidades técnicas e científicas, a sua ponderação e bom senso, a postura determinada na defesa das suas convicções e a capacidade para es-tabelecer bases de entendimento em contex-tos de disputa de interesses.

Foi assim que sucedeu no nosso relacio-namento professor/aluno, nas participações comuns em diversos órgãos de gestão da Fa-culdade de Economia do Porto e em diver-sos contextos profissionais posteriores.

Apesar da experiência “nacional” que resultava da Presidência da CMVM – Co-missão do Mercado de Valores Mobiliários e da passagem pela Secretaria de Estado das Finanças com Sousa Franco no primeiro Governo de António Guterres, a sua indi-gitação para Ministro das Finanças após a ruptura de Luís Campos e Cunha acabou por ser uma boa surpresa.

Em particular durante o primeiro man-dato de José Sócrates, e pese embora a falta de sentido político que pautou algumas das suas intervenções públicas (muitas vezes em abono da sua própria credibilidade), Teixei-ra dos Santos assumiu-se como um Minis-tro disciplinado e disciplinador, mas com resultados pouco sensíveis no processo de consolidação orçamental.

Aqui, tal como transpareceu para a pró-pria opinião pública, o Ministro das Fi-nanças ficou várias vezes com o ónus das opções menos simpáticas do ponto de vista político, entrando até diversas vezes em contradição com outros colegas do Execu-tivo e com o próprio Primeiro-Ministro, José Sócrates.

Nesse período, Teixeira dos Santos cons-truiu uma aura de uma espécie de “grilo falante” da governação socialista - qual consciência última dos despautérios prati-cados pelos Governos de Sócrates -, numa tarefa tão louvável quanto mal sucedida por entre a cultura do desperdício, da tomada de assalto do aparelho de Estado e do po-pulismo reinante, em especial em períodos pré-eleitorais.

Percebeu-se, pois, a saturação com que atingiu a fase final desse mandato e as ex-pectativas publicamente ventiladas de uma “reforma dourada” que pudesse recompen-sar devidamente os serviços prestados à Pá-tria no exercício dessas funções.

Acontece, porém, que esse exílio não se consumou e que, continuando Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos se vê confron-tado com uma conjuntura política, econó-mica e financeira cada vez mais agreste, à medida que se altera a conjuntura interna-cional (ou a perspectiva como a envolvente olha para situações como a portuguesa) e que, sobretudo, se vai descobrindo o muito lixo que a Governação de Sócrates procurou esconder debaixo do tapete.

Sem a solidariedade política e efectiva do resto do Executivo e do Primeiro-Ministro – sistematicamente mergulhados numa ló-gica de facilitismo e deslumbramento que

muito condicionou as nossas possibilidades de mitigar de forma atempada os graves problemas que o País hoje enfrenta -, sem a capacidade política para gerir melhor algu-mas das suas intervenções públicas recentes e, porventura, sem a visão ou a vontade para encontrar soluções efectivas para os proble-mas existentes, Teixeira dos Santos tornou-se um dos rostos do colapso do Governo, do seu irremediável fracasso nas metas tra-çadas, em particular na esfera orçamental, e da nossa condenação colectiva a um prolon-gado período de “vacas magras”.

Nesta fase, invocar situações como os deslocados ataques aos Presidentes de Junta de Freguesia, as críticas à “falta de patrio-tismo” da PT no processo dos dividendos, a famigerada entrevista ao Expresso em que colocava a taxa de juro de 7% sobre a nossa dívida soberana como o limiar para a inter-venção do FMI, ou os atrasos e erros técni-cos do OE/2011 são meros apontamentos no turbilhão de incidências que já conduzi-ram à sua “nomeação” como “Pior Ministro das Finanças da União Europeia” em diver-sos media internacionais de relevo.

Sejamos claros: pessoalmente, continuo a achar que Teixeira dos Santos não é aquilo que hoje parece.

Mas, como se pode beber da sabedoria popular, “Diz-me com quem andas…”

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“Este OE terá efeitos de contracção” , afirma Luís Oliveira.

Juiz desembargador Eurico Reis na conferência da “Vida Económica” sobre “Direito da Saúde”

Conceito de “acto médico” deve ser clarificado “no mais curto prazo possível”

O veto político que o então Presi-dente da República, Jorge Sampaio, conferiu ao diploma aprovado em Conselho de Ministros em Agosto de 1999 – era ministra da Saúde Maria de Belém Roseira - e que conferia uma definição jurídica, pela primeira vez, do conceito de ‘acto médico’, que há muito era re-clamado pela Ordem dos Médicos e por vários operadores do sector da saúde em Portugal, ainda não foi ultrapassado.

E essa indefinição jurídica, que ainda hoje prevalece, gera dúvidas constantes entre os utentes dos ser-viços de saúde e a classe médica em geral e promove a litigiosidade nos tribunais, para o que também tem ajudado a mediatização de alguns casos em que foram detectados er-ros médicos e que, ultimamente, têm saltado para as páginas dos jor-nais e os ecrãs de televisão.

Questionado à margem de uma conferência promovida pela “Vida

Económica” sobre “Direito da Saúde - Os Problemas Actuais e os Desafios do Futuro”, que decorreu esta semana no Porto, Eurico Reis, juiz desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa, foi bem claro na mensagem. “Sem dúvida” que há necessidade de retomar o tema, do ponto de vista legislativo, quer para clarificar o papel e as responsabili-dades dos médicos perante os do-entes, quer para evitar dúvidas in-terpretativas por parte dos tribunais e, ainda, para protecção dos utentes dos serviços de saúde.

Miguel Leão, presidente à altu-ra da secção regional do Norte da Ordem dos Médicos e também presente na conferência da VE, re-alçou, na sua intervenção, em tom crítico, o veto de Jorge Sampaio em 1999, que impediu, na prática, que hoje não haja “garantia aos cidadãos contra as práticas enganosas”. Deu ainda nota de “uma nova aproxi-mação legal” à definição de ‘acto

médico’ feita em 2009, mas que, se-gundo o médico, não foi suficiente.

Recorde-se que a Ordem dos Médicos emitiu uma posição públi-ca, à data, lembrando que a defini-ção legal de ‘acto médico’ era “uma preocupação que decorria e decorre da necessidade de validar, no plano jurídico, o método científico ine-

rente ao exercício da Medicina, de garantir a qualidade da prestação de cuidados de saúde e, ainda, de definir esferas de intervenção bem delimitadas dos diversos corpos profissionais”.

Nas declarações que prestou à “Vida Económica” à margem da conferência, o juiz Eurico Reis lem-

brou que, “hoje, as pessoas estão mais despertas” para estas questões, “até porque até muito recentemente não havia esta noção da responsabi-lização e da existência de uma auto-ridade com capacidade para inspec-cionar e aplicar sanções”, como é a Entidade Reguladora da Saúde.

TERESA [email protected]

O juiz desembargador Eurico Reis (à esquerda), ladeado por João Luís de Sousa, di-rector-ajdunto da “Vida Económica” (ao centro), e por António Vilar, do gabinete de advogados António Vilar & Associados. Conferencistas e participantes na conferência “Direito da Saúde” durante um intervalo

para café.

Os oradores convidados pela “Vida Económica” analisaram os problemas actuais e os desafios do futuro do sector da Saúde.

sexta-feira, 22 Outubro de 2010ÓCIO E NEGÓCIOS20

A Entidade Reguladora da Saúde, a cujo Conselho Direc-tivo preside, desde há cerca de um mês, Jorge Almeida Simões, vai apresentar em Novembro o relatório de um estudo de fiscali-zação de todas as entidades que fazem cirurgia de oftalmologia em Portugal.

A notícia foi revelada à “Vida Económica” por Eurico Castro Al-ves, vogal do Conselho Directivo da ERS, à margem da conferên-cia sobre “Direito da Saúde”. O objectivo é verificar se estas clíni-cas – cerca de 200 unidades em Portugal - cumprem os critérios de segurança e de qualidade mí-nimos exigíveis ao sector.

“São mais de duas centenas de instituições que estão iden-tificados por nós”, referiu Euri-co Castro Alves, explicando que “combinámos com um grupo de profissionais do sector, oftalmolo-gistas, credenciados pela Ordem dos Médicos, que vão com os nossos técnicos fazer fiscaliza-ção”. Na mão, “levam uma lista de critérios que têm de ser cum-pridos para garantir a segurança dos cidadãos, de modo a vemos quem cumpre ou não cumpre”.

Sem querer adiantar-se quan-to às conclusões do estudo, que ainda está a decorrer, o respon-sável da ERS foi dizendo que “a esmagadora maioria das institui-ções cumpre com os critérios”, embora a partir de “algumas in-formações” que lhe têm chegado seja possível concluir que “há alguns que não cumprem”. Se isso se confirmar, diz Eurico Cas-tro Alves, a umas “vamos propor o seu encerramento temporário para poderem proceder às alte-rações necessárias para poderem continuar a funcionar”. As outras “terão mesmo de encerrar”.

ENTIDADE REGULADORA

DA SAÚDE INVESTIGA CLÍNICAS

DE OFTALMOLOGIA

Terceira ediçãoVida Económica promove preparação para concurso de inspector tributário

Expansão passa pelo Brasil e outros mercados emergentes

Sonae Sierra não sente quebra do consumo nos centros comerciais

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Os centros comerciais geridos pela So-nae Sierra tiveram 439 milhões de vi-sitantes no primeiro semestre. As ren-

das desceram muito pouco, a taxa de ocupação subiu de 95,4% para 96,3%, e o volume total de vendas nas lojas subiu 1,3% em Portugal – revelou esta semana Fernando Guedes de Oli-veira, administrador-delegado da empresa.

Apesar do cenário de estabilidade nas vendas dos centros comerciais, que contrasta com a quebra de consumo sentida em vários sectores de actividade, a Sonae Sierra considera que o mercado português está esgotado e não com-porta a abertura de novas unidades.

Brasil assegura metadedos resultados

“Queremos encontrar novas avenidas de

expansão” – disse Fernando Oliveira. O Brasil, os países da Bacia do Mediterrâneo, nomeadamente Chipre e Marrocos, e a Ásia são as principais apostas. Neste momento, o Brasil já representa cerca de 20% da ac-

tividade da Somae Sierra e gera metade dos resultados da empresa. Nos planos da Sonae Sierra está a entrada na Bolsa de São Paulo, para financiar o crescimento da actividade. “Neste momento é difícil arranjar dívida. Tornou-se um recurso muito escasso” – re-feriu Fernando Oliveira.

Para o administrador da Sonae Sierra, a ex-pansão dos centros comerciais em Portugal teve um papel decisivo na modernização do

comércio. Segundo referiu, o congelamento das rendas comerciais foi um factor favorável à expansão dos centros comerciais ao dificultar a instalação dos operadores nos centros das ci-dades. A ocupação dos espaços mais atractivos dependia do acordo dos comerciantes já insta-lados e do pagamento de elevados valores de trespasse que em muitos casos inviabilizavam a instalação determinando a preferência pelos novos centros comerciais.

sexta-feira, 24 Setembro de 2010 9EM FOCO

RECTIFICAÇÃO

Congresso Europeu e Nacional do

Laboratório Clínico Na  edição  N.º  1361,  de  10 

de  Setembro,  a  Vida  Económi-ca publicou uma entrevista com Augusto  Machado,  chairman  do Comité  Organizador  do  1º  Con-gresso  Europeu  e  Nacional  do Laboratório  Clínico.  Na  mesma entrevista, Augusto Machado era simultaneamente  identificado como  presidente  da  Ordem  dos Farmacêuticos,  o  que  não  cor-responde à verdade e motivou o imediato pedido de correcção do Comité Organizador do Congres-so  e  da Ordem dos  Farmacêuti-cos.  Pelo  lapso,  apresentamos as devidas desculpas aos nossos leitores a Augusto Machado e às duas entidades visadas.

O grupo editorial Vida Eco-nómica, em parceria com o Ins-tituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (IS-CAP), vai realizar a terceira edi-ção do “Curso de Preparação para o Concurso de Inspector Tributá-rio, a decorrer entre os dias 6 e 23 de Outubro.

A formação é destinada a licen-ciados em Direito e tem lugar nas instalações do ISCAP, em regi-me pós-labora, num total de 48 horas. Os objectivos passam por proporcionar os conhecimen-tos indispensáveis nas áreas do Direito Administrativo, do Di-reito Fiscal e do Direito das So-ciedades para os candidatos que pretendem aceder à categoria de inspector tributário do qua-dro de pessoal da Direcção-Geral dos Impostos (DGCI). A inscri-ção proporciona a oferta do li-vro “Direito Tributário de 2010 – 11ª Edição”.

O programa é composto por dois módulos. O primeiro é da responsabilidade do docente do ISCAP José de Campos Amorim, tendo como matérias as garantias dos contribuintes, a LGT, o Có-digo de Procedimento e de Pro-cesso tributário e Regime Com-plementar do Procedimento de Inspecção Tributária e o regime geral das infracções tributárias. O segundo módulo, da responsabi-lidade do mestre Paulo Vascon-celos, incide sobre o Direito das Sociedades. Podem ser obtidas informações através de [email protected] ou do telefone 22 33 99 466.