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Índice
ACOMPANHAMENTO DE CRIANÇAS
Técnicas de Animação
Vivemos numa sociedade que continua a transformar-se com uma
profundidade e a um ritmo nunca visto, graças a acções realizadas por
vários agentes (sociais, económicos, políticos, culturais…).
Os empregos são cada vez mais absorventes, visto que existe uma
maior competitividade, bem como um alargamento da carga horária, o
que origina uma redução do tempo passado em família e, por
consequência, um afastamento das crianças do seio familiar desde
uma idade muito precoce.
As crianças da actualidade nascem em hospitais (instituição).
Ainda na idade latente, vão para o infantário (instituição), na infância
continuam a frequentar o infantário e o ensino básico (instituições).
Podemos concluir que, na sociedade actual, as crianças tem uma
vivência em permanente afastamento de laços e afectos e, desde
muito cedo, passam por sistemas agressivos de grande
competitividade, tendo que provar que são detentoras de diversas
competências, pois, socialmente, são-lhe impostas exigências.
Neste contexto torna-se premente não só encarar a educação
como algo mais que um meio de proporcionar/transmitir
conhecimentos, mas também e acima de tudo como um meio de
ligação do indivíduo à comunidade, um meio para comunicar, para
promover a expressividade, a criatividade e a confiança. A concepção
de educação limitada no tempo está condenada, pois na realidade o
ser humano está em constante aprendizagem, tal como é referido por
Lopes (2008) ao parafrasear Cardeira: ninguém é suficientemente culto
que não tenha nada para aprender, por outro lado, ninguém é tão
ignorante que não tenha nada para ensinar.
Formadora: Liliana Brandão 1/55
Na actual sociedade, onde a educação deve ser permanente e
comunitária, o processo educativo rejeita o modelo de
escola/armazém, valorizando a partilha de saberes entre os diferentes
contextos de aprendizagem, assim como a interacção com o meio
envolvente. Deve existir uma íntima relação entre o plano educativo e
o plano social, uma vez que e educação é condicionada e condiciona a
sociedade. É nesta interacção entre sociedade e educação que o acto
de animar deve assumir um papel de participação/acção, o que vai
também ao encontro do defendido por Ander-Egg (2000), que afirma
que a educação permanente, para construir uma acção válida, deve
ser complementada por acções de animação.
Ser animador é ser Educador e há que estar consciente
desta acção educativa. Há que querer ajudar no crescimento
de uma pessoa de uma maneira criativa.
Animação
Breve História da Animação
A animação Sócio Cultural, evidencia-se na Europa em meados dos
anos 60 do século XX e, em particular em Portugal, a partir da segunda
metade dos anos 70. Tentativa de resposta à anomia social e às
desigualdades de oportunidades sociais, consequência das
transformações sociais da época.
A Animação contempla duas vertentes: a Sócio cultural e a Sócio
educativa, embora não existam grandes diferenças de conceitos e
metodologias, porque “cultura” também é “educação”. A animação
Sócio cultural é uma modalidade de intervenção no âmbito da
educação social e pessoal, e assenta principalmente numa pedagogia
participativa, procurando estimular os sujeitos a desenvolver as suas
capacidades e competências, visando o seu bem-estar e o
desenvolvimento integral. É um método de intervenção natural porque
Formadora: Liliana Brandão 2/55
respeita sempre todo o contexto envolvente, incutindo a integração,
comunicação e participação do indivíduo, incutindo a autonomia
necessária à construção do seu futuro, adaptando-o à sociedade em
que está inserido, desenvolvendo competências, capacidades e auto-
estima, que indubitavelmente levarão à mudança e à transformação
social.
Todas as acções de animação têm uma intenção educativa,
direccionada para a necessidade do desenvolvimento pessoal e social
do indivíduo. Este é o centro de tudo, é a sua participação, socialização
e auto-estima que estão a ser incentivadas, pretendendo-se acima de
tudo elevar o indivíduo ou a criança. Todas as pessoas podem ser
potenciais destinatários de acções da animação, mas estas também
pode ser dirigidas a alguns grupos específicos, como é o caso das
crianças, dos idosos ou pessoas com necessidades especiais, tendo em
conta o facto de poderem ser desenvolvidas nas mais variadíssimas
formas, modalidades ou infra-estruturas.
Animar é:
Motivar para uma acção/actividade
Dar ânimo, dar vida
Aceitar uma iniciativa
Respeitar o projecto individual definido por cada um
Ajudar a pessoa a afirmar-se
Apoiar não substituir
Dar movimento a uma situação onde reina a imobilidade, o
aborrecimento
“ A Animação Sociocultural é um conjunto de práticas sociais que
têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação
das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na
dinâmica global da vida sociopolítica em que estão integrados”. Para
José Herrerias (2002), referido em Lopes (2008): “ A Animação
Formadora: Liliana Brandão 3/55
sociocultural é uma metodologia para desenvolver a educação.
Metodologia essa que assenta nas palavras que a descrevem: animar,
potenciar, desenvolver a sociocultura como meio de optimizar o
potencial das pessoas”, “ (…) a Animação sociocultural não é
manipulação, é um trabalho directo com as pessoas a partir da acção e
não de discursos em abstracto.
Animação é acção, é vida…
Animação na Infância
Nunca houve melhor tempo para ser crianças como agora, pois as
crianças têm oportunidades, direitos e uma posição como nunca
tiveram na comunidade. Em contrapartida, ser-se criança actualmente,
pode trazer mais pressões e decisões que nunca. O facto dos pais
trabalharem e o acesso a maior variedade de informação através dos
mass-media e da internet obrigam muitas crianças a amadurecem
mais rapidamente. Brincar, assim como as oportunidades de lazer têm
um papel fundamental no desenvolvimento deste processo. É muito
importante proporcionar à criança oportunidades de vida que lhes
permita proceder à exploração de si, dos outros e dos contextos em
que se incluem, para progressivamente procederem à descentração de
si, de tal forma que estejam aptos para se situarem como seres únicos
no meio dos outros. Poder-se-á dizer que o brincar é um meio que
permite fomentar o desenvolvimento da criança e dos sujeitos em
geral.
A participação dos pais nas brincadeiras dos filhos também é
fundamental, sempre que solicitados para tal. É claro que podem
também tomar a iniciativa, no entanto, não devem exagerar e por
exemplo, fazerem eles a actividade quando a criança só pediu uma
pequena colaboração.
Toda a criança tem direito a brincar. Ela deve escolher aquilo que
lhe dá mais prazer. Cada criança tem os seus gostos próprios e que
Formadora: Liliana Brandão 4/55
devem ser respeitados. Normalmente, há uma tendência dos adultos
em imporem as suas regras às crianças, não lhes dando oportunidade
de escolha.
As actividades de animação são, assim de extrema importância
para a criança, estimulando o seu desenvolvimento quer físico, quer
emocional. O brincar, em todos os aspectos, contribui para o
desenvolvimento integral das crianças, tornando-as felizes e alegres,
sensações que as acompanham durante todas as etapas da vida.
Através das actividades de animação desenvolvem a criatividade o que
lhes permite resolver os seus problemas, exploram o mundo físico,
preparando-se para no futuro serem adultos competentes,
responsáveis, sociáveis e tolerantes, contribuindo assim para a
solidariedade com os outros como pedras essenciais na construção de
um mundo mais feliz e justo para todos. É neste contexto que a
animação infantil deve desempenhar um papel primordial.
Segundo Lopes (2008) o desenvolvimento da Animação infantil
surgiu com o Portugal democrático, ganhando expressão como forma
de Animação socioeducativa. Teve como objectivo central
complementar as funções atribuídas tradicionalmente à escola, pela
via da Educação Não Formal.
A acção da Animação na Infância foi traduzida na execução de
actividades de carácter lúdico, destinadas a crianças entre os 8 e os 13
anos de idade, as quais se podem desenvolver independentemente ou
em articulação com a Educação Formal.
Num primeiro momento (anos 70), a Animação Infantil era
encarada como um conjunto de actividades que aconteciam no espaço
exterior á escola – Educação Não Formal. Estas actividades consistiam
em colónias de férias, passeios e visitas de estudo, permitindo às
crianças visitarem e conhecerem lugares e regiões diferentes dos seus
locais de residência. Deste tipo de actividades resultavam a partilha e
a interacção das crianças entre si e com os seus monitores, criando-se
assim uma dimensão intergeracional.
Formadora: Liliana Brandão 5/55
Em concordância com esta opinião está Jaume Trilla (1998) quando
refere que a Animação Infantil tem como primeiro objectivo permitir à
criança que possa brincar, mas sobretudo que o faça em condições que
lhe permitam o seu desenvolvimento pessoal e em grupo.
Actualmente, a escola não é o único agente educativo, pois,
também se educa a partir de muitas outras instituições, meios e
âmbitos nem sempre reconhecidos como especificamente educativos.
Desta forma, a Animação Infantil é vista não só como um conjunto de
actividades escolares (Educação Formal), como também um conjunto
de actividades que se podem desenvolver independentemente ou em
articulação com a escola (Educação Informal e Educação Não Formal).
Estas últimas actividades consistem na realização de acções de
expressão dramática, plástica, musical, jogo dramático e jogo
simbólico.
Anos 70
Actividades exteriores à
escola:
Colónias de férias;
Passeios;
Visitas de estudo.
Actualidade
Actividades escolares:
Interdisciplinaridade;
Actividades extracurriculares
(Clubes);
Biblioteca.
Actividades que se podem
desenvolver
independentemente ou em
articulação com as escolas
recorrendo a variadas
técnicas:
Expressão dramática
Expressão plástica;
Expressão musical;
Jogo dramático;
Educação Não FormalEducação Formal + Não
Formal
Formadora: Liliana Brandão 6/55
Importa salientar que é na interacção desta variedade de técnicas
que a Animação Socioeducativa pode contribuir para o sucesso da
educação formal, pois é nesta pluralidade/diversidade que encontra
espaços de acção, participação, motivação e envolvência para o estudo
de matérias consideradas pouco atractivas pois, são óptimos recursos
e técnicas de incentivo.
Qualquer acção a levar a cabo no domínio da Animação Infantil
deve obedecer a princípios que contemplem:
A criatividade (envolvimento em áreas expressivas, que
considerem formas inovadoras e processos de aprendizagem
estimulando a improvisação e a espontaneidade);
A componente lúdica (prazer na acção, alegria na participação
num clima de confiança);
A actividade (geradora de dinâmica, fruto de uma interacção
resultante da acção);
A socialização (envolvência com os outros);
A liberdade (fruto de acções sem constrangimento e repressões
na procura permanente da liberdade);
A participação (todos são actores protagonistas de papéis
principais). Jaume Trilla (1998) é da opinião que seria um erro
pensar que a Animação Sociocultural no meio Infantil tenta dar
resposta unicamente ao reconhecimento alargado do tempo livre
Infantil com o espaço educativo, apesar de a maior parte das
actividades desenvolvidas serem de carácter educativo possuindo
um leque de acções muito distintas.
Em suma, a animação sociocultural nesta faixa etária deve assumir
um carácter lúdico, tendo como objectivos principais:
Dar prazer/satisfação à criança;
Dar espaço à imaginação;
Dar espaço à criatividade;
Estimular a participação efectiva e real;
Promover a sociabilização;
Formadora: Liliana Brandão 7/55
Fomentar a dimensão intergeracional;
Valorizar a educação nos seus três âmbitos (Formal, Não Formal e
Informal).
Papel do animador e os diferentes tipos de animação
O animador sócio – cultural é o agente que põe em funcionamento,
que facilita e dá continuidade à aplicação dos processos de animação.
O seu trabalho técnico apoia-se na relação pessoal com os
destinatários, o seu papel no seio do grupo é o de facilitar nele os
processos de coesão, vivências ou experiências e tomar posições
activas sobre o meio em que se realiza a animação.
O animador é também um membro do grupo, e tem como função
não só procurar a autonomia do mesmo, como também fomentar o
enriquecimento das actividades, tomando-as de qualidade e
enquadrando-as em função das necessidades e aspirações de todos, de
modo a que o conjunto de indivíduos envolvidos possa beneficiar da
criatividade de cada um.
O animador é um ser animado, corajoso, esperançado e que
possui animação e esta revela-se pela sua vivacidade e entusiasmo.
Resumindo, podemos dizer que é o que estimula espiritualmente,
socialmente…
O Animador tem como função promover e desenvolver, fora do
quadro escolar, actividades com finalidades educativas (recreativas,
culturais ou desportivas). Estas actividades têm como objectivo uma
educação global e permanente, podem dirigir-se a grupos específicos
ou serem abertas a toda a comunidade. Animador é aquele que
assume a responsabilidade de coordenar as tarefas e actividades de
um grupo. Este tem que ser capaz de estimular a participação activa
de todos levando-os a adquirirem um maior dinamismo e
desenvolvimento possível.
Perfil do Animador
Formadora: Liliana Brandão 8/55
Pessoa Profissional Perante o
Trabalho
Perante os
SujeitosSimplicidade: livre
de preconceitos;
Auto – consciente;
Confiante: Firmeza e
entusiasmo;
Alegre: Alegria de
viver contagiante;
Corajoso: Enfrentar
os desafios;
Sensato: Lidar com
as perdas e erros;
Humilde: Não é
detentor de todo o
saber;
Paz de Espírito:
Harmonia;
Simpatia:
Sentido de humor;
Exemplar: Ético de
se comportar na
sociedade;
Solidário:
Compartilhar e valor
pelo ser humano;
Dignidade, razão e
afecto;
Equilíbrio pessoal:
intelectual, afectivo,
social;
Realista:
Exequibilidade;
Dialogante:
clareza nos
propósitos;
Interactivo;
Flexível: Adaptar-
se a qualquer
situação;
Mediador e
catalisador:
Deve ter a
capacidade de
intervir; antecipar,
tomar iniciativa,
improvisar,
inventar; evoluir;
estimular as forças
colectivas;
Problematizador:
Ter sentido crítico
e reflexivo;
despertador de
consciências;
Negociador:
Empatia relacional;
Líder
Democrático:
grupos ou
comunidades;
Interventor
social e cultural:
Agente de
Persistente:
Não deve recuar
ao primeiro
problema;
Prudente: Evitar
atitudes
precipitadas;
Facilitador:
Mobilizador e
optimizador de
recursos,
potencialidades e
iniciador de
processos sociais
Formação
Adequada: Deve
dominar as
técnicas
necessárias a
todas as fases
que compõem o
projecto:
diagnóstico,
planificação,
execução e
avaliação.
Atento: Bom
observador da
realidade, saber
diagnósticar as
situações
Promover a
participação
activa cívica e
democrática de
pessoas e grupos
rumo ao
desenvolvimento
pessoal e das
comunidades;
Conhecer os
sujeitos e a sua
realidade;
Criar e
descobrir
valores nos
sujeitos;
Estimulador do
grupo que
conduza à sua
autonomia e
maturidade;
O seu estilo deve
basear-se na
cooperação e
na igualdade,
em que o
animador e os
membros do
grupo decidem
em conjunto o
que pretendem
Formadora: Liliana Brandão 9/55
Ágil: Habilidade para
executar alguma
actividade com
rapidez e destreza;
Ter ordem e
método;
Paciente e
compreensivo;
desenvolvimento
inicial
Inter – relação
entre saber, saber-
ser e saber-estar;
Dinâmico:
Sempre em
movimento e com
variedade na
intervenções;
Sociável,
Responsável,
Cumpridor e
Empenhado;
Formação ao
longo da vida;
Saber trabalhar
em equipa;
Crente e
motivado:
Trabalhar em
projectos que se
acredita;
Abertura:
Inovação e
criatividade;
individuais,
familiares,
grupais, sociais,
comunitárias e
institucionais.
Perspectiva
comunitária;
Função de
relações públicas
dentro e fora do
grupo;
Gerir
colectivamente
os conflitos;
Capacidade de
organizar e
gerir;
Imparcial: Boa
capacidade de
abstracção;
Filosofia:
Reconhecer a
responsabilidade
de estar ao
serviço dos
outros;
empreender;
Respeitar o
grupo;
Ser tolerante
com as formas de
pensar sentir e
agir;
Impulsionar à
criatividade e à
curiosidade
Levar o grupo à
auto-
aprendizagem;
Estar próximo
das pessoas e
integra-las;
Conscientizar o
grupo de seu
valor e
potencialidades;
Tornar o grupo:
lúcido, criativo,
objectivo, crítico,
tolerante, activo,
aberto.
No seu dia-a-dia deve:
- Desempenhar papéis diferenciados;
- Designar quem realiza as tarefas e as actividades;
- Actuar como catalisador que desencadeia e anima processos;
- Saber gerir os recursos humanos e materiais necessários e geri-los
de acordo com as necessidades;
Formadora: Liliana Brandão 10/55
- Proporcionar momentos de alegria, tem que intervir, respeitar,
acarinhar, ser bom comunicador, etc;
- Ter a capacidade de se modificar conforme as situações que lhe
vão aparecendo;
O animador trabalha em e para o grupo, a ele compete criar
movimento, vida, actividades, apresentar propostas e sugestões,
imaginar, despertar, influenciar, sem exercer qualquer tipo de
obrigação ou criar um sentimento de obrigatoriedade. O animador
deve ser activo, comunicador, alegre, destemido, entusiasta, optimista
e ter espírito de adaptação. Deve também ter:
Entusiasmo - para motivar as crianças;
Empatia - para compreender as crianças, colocar-se no lugar
delas;
Atitude construtiva – ser positivo, demonstrar seriedade,
comentários positivos;
Capacidade de organização do espaço;
Uma grande variedade de actividades/jogos;
Competências para planificar e preparar os jogos /actividades
com antecedência;
A figura do animador desempenha um papel central no método da
animação. É ele quem assume a responsabilidade de promover a vida
do grupo ou da criança. Para que desempenhe eficazmente as suas
funções, existem três áreas de competências fundamentais, que o
animador deve ter em conta:
O saber-saber
O saber ser
O saber-fazer
- O saber-saber, refere-se aos conhecimentos que deve possuir para
desempenhar convenientemente a sua tarefa. Além disso, um
animador, conforme a área específica do seu desempenho, deverá uma
formação adequada.
Formadora: Liliana Brandão 11/55
- O saber-ser, é constituído pela identidade pessoal, pelas nossas
características próprias, ou seja, saber ser e saber estar, diante das
mais diferentes situações. É reagir de forma assertiva e com uma
postura exemplar às situações difíceis.
- O saber-fazer, reporta-se à metodologia que usa para dar vida ao
grupo que anima, a qual é sempre o reflexo do seu ser e do seu saber.
Ao animador, compete dar tempo e espaço para que a vida
desabroche nos animados. Através das suas atitudes, o animador
promove a liberdade, a responsabilidade e o crescimento do
destinatário. Tendo em conta que a animação
socioeducativa/sociocultural abrange várias áreas de intervenção, o
animador tem também ele mesmo várias áreas de intervenção, logo a
sua definição vai ser também muito vaga. Seguindo este fio condutor,
ligado à acção cultural, temos o animador que se dedica
essencialmente aos acontecimentos e actividades culturais; o
animador que abarca as suas actividades ao extra-escolar, está ligado
à actividade de formação, por fim o animador que tem como objectivos
as causas sociais, está presente na animação/acção social.
Em suma, podemos dizer que o animador é o pilar central de toda
a actividade da animação, uma vez que é ele quem assume a
responsabilidade de promover a vida do grupo, dinamizando deste
modo as vidas dos “animados”.
Para que o animador possa desempenhar da melhor maneira as
funções que lhes estão determinadas devem ter em conta os
conhecimentos que possui, que pode e deve partilhar e, claro, ter em
atenção os métodos que irá utilizar para atingir os seus objectivos
através das actividades predefinidas. O animador é o indivíduo que
deve promover da melhor forma o bem-estar, o conhecimento, a
responsabilidade, a autonomia, o sentido crítico da vida e de tudo o
que a envolve.
O animador é muitas vezes o confidente, o conselheiro, o amigo, e
com o decorrer do tempo, torna-se em alguém muito próximo (isto é
Formadora: Liliana Brandão 12/55
mais notório, especialmente quando se trata de pessoas mais carentes
ou com alguma limitação física ou psicológica). É necessário que o
animador tenha muita estabilidade afectiva e emocional, para poder
desempenhar este papel de disponibilidade e presença, atenção e
afecto, que lhe é exigida. Embora o trabalho de grupo seja muito
importante, na animação a criança enquanto ser único e distinto é
também muito importante. Se houver uma única que goste muito de
fazer uma determinada coisa, o que fazemos? É preciso apoiar e
facilitar essa opção. É preciso o animador estar disponível e propor
actividades adaptadas ao gosto e desejos dos participantes.
Perfil do Animador Sociocultural Infantil
Em Portugal, os animadores distribuem-se por uma tipologia muito
diversificada e o seu perfil é difícil de definir, visto tratar-se de uma
figura abrangente e ambígua. Deste modo, existem diferentes perfis de
Animadores Socioculturais, dependendo dos vários âmbitos de
intervenção de cada Animador (teatro, música, cinema, actividades
interculturais, …).
Podemos, no entanto, afirmar que um animador é um Educador
Social que trabalha nos campos: Social, Cultural e Educativo. Este,
deve centrar-se não no produto mas sim no processo, que passa pela
envolvência no sentido de levar as pessoas a: participar, interagir,
sociabilizar, vencer medos e inibições, de forma a estimular as pessoas
para o SER e não para o TER. Como referido em Lopes (2008) “ (…)
Que se projecte um sistema educativo de acordo com os quatro pilares
da educação criados e defendidos pela UNESCO no séc. XX que
preconizam para o séc. XXI o Ser, o Sabre Fazer e o Aprender a viver
juntos (…) Queremos uma animação (…) que valorize o Ser pessoa e
que o Ser seja sempre mais importante que o ter (…).”
O trabalho do animador sociocultural visa a animação dos tempos
livres – ATL – e não a ocupação dos tempos livres – OTL. Podemos
assim dizer que o Animador não faz “Para”, mas sim “Com”.
Formadora: Liliana Brandão 13/55
Lopes (2008) refere que em 1979 – Ano Internacional da Criança –
a Revista “Intervenção nº9” demonstra preocupações constantes sobre
o rumo a dar à preparação de Animadores para intervirem junto da
Infância. O referido documento manifesta, ainda, que nos processos de
aprendizagem e de formação dos Animadores Infantis se deve ter
presente a especificidade deste escalão etário.
Considerava-se que esta formação deveria incidir no apelo
constante à criatividade, à imaginação e à capacidade expressiva dos
animadores. Nesta faixa etária o animador deve ter uma formação
voltada para o âmbito socioeducativo, em que utiliza como meios para
a sua actuação suportes de índole recreativo e cultural voltados,
fundamentalmente, para o estímulo da criatividade. Os seus objectivos
devem estar direccionados para o desenvolvimento integral da
personalidade, da capacidade expressiva e da vivência colectiva da
criança.
Principais actividades do Animador
As actividades principais a desempenhar por este técnico são:
- Diagnosticar e analisar, em equipas técnicas multidisciplinares,
situações de risco e áreas de intervenção sob as quais actuar, relativas
ao grupo alvo e ao seu meio envolvente;
- Planear e implementar em conjunto com a equipa técnica
multidisciplinar, projectos de intervenção sócio-educativa;
- Planear, organizar, promover e avaliar actividades de carácter
educativo, cultural, desportivo, social, lúdico, turístico e recreativo, em
contexto institucional ou na comunidade, tendo em conta o serviço em
que está integrado e as necessidades do grupo e dos indivíduos, com
vista a melhorar o seu desenvolvimento integral.
- Elaborar relatórios de actividades desenvolvidas.
Compete ao animador motivar as crianças:
Formadora: Liliana Brandão 14/55
Criando condições que orientem a sua vontade para a
participação nas actividades propostas;
Conhecendo-as muito bem, propondo actividades adaptadas aos
desejos delas, às necessidades de desenvolvimento assim como
aos objectivos por ele delineados;
Estabelecer um clima de confiança, ajudando-as a vencer os
medos ou inseguranças;
Quebrar hábitos errados das crianças, favorecendo o dinamismo,
ajudando-as a melhorar a sua confiança e valorização;
Percebendo que a recusa de uma criança revela muitas vezes
medo ou insegurança;
Utilizando um vocabulário adaptado e apresentando os seus
projectos e explorando os seus conteúdos e objectivos;
Actividades de animação
A primeira questão que devemos formular, é acerca do porquê das
actividades nos programas de animação. Do que se trata é de tentar
alternativas contra a passividade e o individualismo, favorecer os
contactos humanos e, na medida do possível, espicaçar para que as
crianças “aumentem” o seu esforço, as suas capacidades e o seu
entusiasmo para realizar tarefas de interesse comum.
Normalmente o que faz uma criança se não brincar? Até aos 6
anos, a criança viverá uma das mais complexas fases do
desenvolvimento humano, nos aspectos intelectual, emocional, social e
motor, que será tanto mais rica quanto mais qualificadas forem as
condições oferecidas pelo ambiente e pelos adultos que a cercam.
Para isso, uma criança necessita de ser estimulada através de um
quotidiano rico e diversificado de situações de aprendizagem,
planeadas para desenvolver as linguagens e as emoções e estabelecer
os pilares para o pensamento autónomo.
Formadora: Liliana Brandão 15/55
A animação apresenta actividades diversificadas que podem servir
como complemento para a educação e desenvolvimento de uma
criança. Para tal, é fundamental:
Criar lugares e ocasiões de encontro (creche, jardim, escola, mas
também com outras crianças)
Constituir um ponto de partida para depois empreender tarefas de
maior amplitude
Criar espaços e lugares para a participação intergeracional, familiar
e social.
Erikson baseia-se na teoria psicossocial do desenvolvimento, que
defende, que cada indivíduo molda a sua vida de acordo com as suas
experiências. Para este autor, todas as pessoas atravessam oito
momentos, que levam a que o indivíduo, consecutivamente, vá
acumulando experiências, e isso pode ser um ponto a seu favor, se o
indivíduo, continuadamente, for fazendo a actualização dos seus
conhecimentos. Nunca nos devemos contentar apenas com o que
adquirimos anteriormente, é importante saber e constatar que temos
necessidade de adquirir novos conhecimentos. E as crianças também
são assim, com a fase dos porquês e sempre a quererem saber tudo…
Todo o desenvolvimento psicológico ocorre sempre num contexto
sociocultural, o que nos leva a perceber que nos desenvolvemos em
conjunto com o contexto onde nos encontramos inseridos e que o que
pode ser importante para uma dada cultura, pode não o ser para outra.
Para o mesmo problema, os adultos ou as crianças reagem de maneira
diferente, de acordo com as marcas e os conhecimentos que
adquiriram ao longo da vida. Como tal, a animação deve ser
intergeracional e não sectária, ou seja, a maior parte das dinâmicas
que se utilizam na animação de crianças ou idosos, podem ser
adaptadas a todas as faixas etárias. É evidente, que ao trabalhar com
crianças ou com idosos, ou grupos específicos, temos que ter em
consideração o seu grau de autonomia, idade, etc, adaptando os
exercícios, sempre que necessário.
Formadora: Liliana Brandão 16/55
A animação pode actuar em todos os campos, quer seja mental,
física ou afectiva, incitando a uma melhor participação e inserção na
comunidade ou no grupo.
A animação deve centrar-se sempre, sobre as necessidades, os
desejos e os problemas vividos por cada membro do grupo, ninguém
pode ficar de fora ou estamos a contrariar precisamente aquilo que
serve de base à animação. Ao propor qualquer actividade, (o que é
preciso ter em conta, para começar) o animador tem primeiro que
avaliar as condições físicas e psicológicas dos animados e perceber as
suas capacidades e motivações.
Animação Lúdica
A criança precisa ter tempo e espaço para brincar. É importante
proporcionar um ambiente rico para a brincadeira e estimular a
actividade lúdica no ambiente familiar e escolar, lembrando que rico
não quer dizer ter brinquedos caros, mas fazer com que elas explorem
as diferentes linguagens que a brincadeira possibilita (musical,
corporal, gestual, escrita), fazendo com que desenvolvam a sua
criatividade e imaginação. É a brincar que aprende o que mais
ninguém lhe pode ensinar. É dessa forma que ela se estrutura e
conhece a realidade. Além de estar a conhecer o mundo, está-se a
conhecer a si mesma. Ela descobre, compreende o papel dos adultos,
aprende a comportar-se e a sentir-se como eles.
O acto de brincar pode incorporar valores morais e culturais, em
que as actividades podem promover a auto-imagem, a auto-estima, a
cooperação, já que o lúdico conduz à imaginação, fantasia, criatividade
e à aquisição dum sentido crítico, entre outros aspectos que ajudam a
moldar as suas vidas, como crianças e, futuramente, como adultos.
É através da actividade lúdica que a criança se prepara para a
vida, assimilando a cultura do meio em que vive, integrando-se nele,
adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a
Formadora: Liliana Brandão 17/55
competir, cooperar com os seus semelhantes: a conviver como um ser
social.
Materiais lúdicos e brinquedos
Às vezes, no jogo utilizam-se alguns elementos que o completam,
enriquecem e estimulam o desenvolvimento da criança. De facto,
existe uma relação entre o jogo e o material que se vai usar. Estes
elementos podem ser:
-Materiais de natureza tais como a água, a terra, barro, folhas, pedras,
ossos, entre outros.
-Objectos e materiais variados destinados a ser usados como objectos
lúdicos, tais como cortiças, caixas, cordéis, trapos, entre outros.
-Objectos quotidianos que se transformam automaticamente em
brinquedos com a ajuda da imaginação e criatividade da criança: um
desses exemplos pode ser o facto de uma vassoura se converter num
cavalo, entre muitos outros exemplos.
-Criações artesanais ou industriais especialmente desenhados e
confeccionados para um fim. Estes elementos são os brinquedos.
Para que servem os brinquedos?
O primeiro objectivo dos brinquedos é conseguir que a criança
jogue; é fazer com que o brinquedo seja visto pela criança como um
objecto de jogo. O brinquedo faz com que a criança se entretenha, se
divirta, de maneira a que esta não perca a imaginação e não a impeça
de se expressar.
Nem todos os brinquedos cumprem os seus objectivos nem
apresentam as mesmas possibilidades lúdicas e educativas. Entre
outros aspectos, os adultos julgam que no geral, quanto menos
estruturado e complexo é um brinquedo, maiores são as probabilidades
de interacção.
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A evolução dos brinquedos através do tempo
Os brinquedos estão directamente ligados ao universo infantil,
estão presentes desde os tempos remotos através da sua estética e
dos valores da sociedade. Os brinquedos acompanham não só as
crianças e adolescentes, como também os adultos, e oferece a cada
idade o elemento que mais se ajusta aos interesses e capacidades das
pessoas.
-Existiu um período em que o brinquedo era fabricado em casa e
manualmente, a partir de materiais quotidianos.
Este sistema predomina desde a Antiguidade até à Idade Média.
Assim, na cultura Persa, encontram-se pequenas figuras de pedra ou
de barro; no Egipto, bonecas de trapo e esferas de papiro; na Grécia,
jogos de pratos de barro e mármores; em Roma, bonecas de marfim e
jogos de mesa. Jogos como damas e xadrez foram introduzidos em
Espanha pela civilização árabe e da Idade Média chegaram-nos os
cavalos e cavaleiros feitos de argila.
-O segundo período de fabricação artesanal e manufactura, são os
brinquedos que são elaborados para vender. Aparecem soldados de
ligação do séc. XIII, também surgem bonecas de madeira e
posteriormente de porcelana, cavalos e bonecas de cartão, etc. Mais à
frente, aparecem brinquedos de lata e em muitos casos com
mecanismos incorporados que deram lugar aos autómatos, chamados
agora, os brinquedos tecnológicos.
-Com a fabricação industrial dos brinquedos, incorpora-se um terceiro
período e o actual. É na metade do séc. XX quando se generaliza o
acesso aos brinquedos por parte das crianças nas sociedades
industrializadas, comportando uma fabricação industrial de grande
escala. Espanha é um dos países pioneiros na indústria de brinquedos
com uma larga tradição de indústrias concentradas em Alicante e
Valência, a metade das quais são pequenas empresas com menos de
Formadora: Liliana Brandão 19/55
dez trabalhadores. O acesso generalizado aos brinquedos traduz-se no
desenvolvimento da fabricação industrial.
Classificação dos brinquedos
Existem várias formas de classificar os brinquedos. Existem
classificações concentradas no brinquedo, outras baseadas no tipo de
jogo que proporcionam, outras que se apoiam na etapa evolutiva,
outras segundo o seu valor educativo, também segundo os aspectos da
personalidade que desenvolvem, entre outros. Em seguida, classificam-
se algumas delas:
Segundo a idade
A maioria dos catálogos de brinquedos baseia a sua classificação
na idade de quem o usa. Todos os fabricantes são obrigados a indicar
de forma visível em etiquetas, a idade mínima de referência a que o
seu produto se destina, com a seguinte frase: “Brinquedo
recomendado a partir de… anos”
Segundo o âmbito de desenvolvimento que fomentam
A variável em que se baseia esta classificação é: sensorial,
motricidade, cognitiva social ou emocional.
- Sensorial ou de desenvolvimento da criatividade
Este tipo de brinquedos facilita o conhecimento e domínio do
próprio corpo e ajuda a criança desde a primeira infância a entrar em
contacto com o que a rodeia a partir da estimulação dos sentidos,
favorecendo o descobrimento e o prazer de novas sensações. Jogos
tais como: moldar plasticina, os jogos de pinturas, criações de moda,
bijutaria, maquilhagem ou até mesmo os jogos de disfarce.
- Motricidade ou de desenvolvimento da mesma
A experiência, diz que a prática melhora qualquer habilidade de
maneira a que haja uma forma estupenda de dominar o próprio corpo,
ganhando destreza, coordenação, equilíbrio, exercitada através dos
jogos. Este âmbito pode dividir-se em motricidade global
Formadora: Liliana Brandão 20/55
(coordenação de movimentos de todo o corpo) e motricidade fina
(exercitação precisa das mãos e dedos).
-Motricidade global: bicicletas, triciclos, patins, cordas,
malabares, bolas, entre outros.
-Motricidade fina e habilidade manual: yo-yos, construções,
miniaturas, fantoches, entre outros. Assim como os brinquedos de
coser, recortar, tecer e tricotar ou vestir os vestidos às bonecas.
Cognitivos ou de desenvolvimento da inteligência
Estes brinquedos ajudam no desenvolvimento intelectual, no raciocínio,
na lógica, na atenção, no domínio da linguagem, etc.
Brinquedos de construção, como puzzles, associações, jogos de
cartas, dominós, montar e desmontar, jogos de perguntas e respostas,
jogos de linguagem, etc., são alguns exemplos de jogos relacionados
com a cognição e de desenvolvimento da inteligência.
Relação social ou de desenvolvimento da sociabilidade
São brinquedos que favorecem as relações entre as pessoas. A
participação de mais do que um jogador, ajuda a criança a relacionar-
se com os outros e a comunicar, favorecendo o intercâmbio de ideias,
materiais ou experiências. Também os brinquedos que requerem
acordos entre diferentes jogadores ajudam na assimilação de normas
sociais, no respeito pelos outros e na aceitação de regras, conceitos
que integram todos os aspectos básicos das relações interpessoais.
Formam parte desta tipologia todos os brinquedos que colaboram
com jogo simbólico: bonecas e bonecos, veículos, garagens, cozinhas,
hospitais, escolas, disfarces, etc. também os jogos desportivos, de
mesa entre outros.
Desenvolvimento afectivo e emocional
O jogo é uma actividade que deve proporcionar prazer, alegria e
satisfação, permita à criança que se expresse livremente e a
descarregar tensões, garantido um equilíbrio emocional e afectivo são:
- Os disfarces e as representações em miniaturas de elementos do
mundo real (carros, lojas, cozinhas…), permitem representar e
Formadora: Liliana Brandão 21/55
imaginar diversas situações do mundo adulto, experimentando
diferentes papéis que ajudam a configurar a própria personalidade.
- Outro tipo de jogos como os de peluche, as bonecas ou as figuras
de acção, promovem a expressão e manifestação de sentimentos,
desejos, medos e emoções.
Por outro lado, as crianças gostam de se colocar sobre aprovação. Os
desafios que lhes propõem jogos como quebra-cabeças, jogos de
habilidade ou de mesa, favorecem a experimentação do êxito pessoal
e social, que é a base da auto-estima.
O brinquedo como transmissor de valores
Os brinquedos são representações em miniatura do mundo real,
que brindam as crianças com a possibilidade de imitar, reproduzir e
representar as actividades de desenvolvimento dos adultos que as
rodeiam. No entanto, deve-se ter em conta que as crianças jogam e
reproduzem aquilo que vêm, não aquilo que lhes é dito que está bem
ou não, e assim, vão construindo a sua identidade de acordo com a
cultura que lhes é transmitida. Normalmente levam a cabo esta
construção a partir da imitação dos modelos que têm por perto (a mãe,
o pai, as amizades, o/a educador/a e também através da televisão).
É dever dos adultos facilitar às crianças brinquedos que
transmitam, através da sua forma e do jogo que compõem, atitudes de
respeito para com os outros, evitando todos aqueles que transmitam
valores não recomendáveis para a sua formação. As mensagens
sexistas e violentas, ou as que são pouco respeitosas, podem ser
representadas através de objectos que estão destinados ao jogo, e
portanto, à educação das crianças.
O Jogo Sexista
Podem-se afirmar que não existem brinquedos sexistas, sendo que
Formadora: Liliana Brandão 22/55
o adulto é que pode converter o brinquedo em algo sexista, ao dizer
que as bonecas são para as meninas e os bonecos para os meninos.
Porquê fomentar que as capacidades como a audácia, a valentia e
a iniciativa, são estimulados nos jogos dirigidos a rapazes? Eles são
também património das meninas, se elas assim o desejarem. Porque
não permitir que os meninos ensaiem e exercitem atitudes como a
sensibilidade, o sentido da estética ou mesmo a ternura, através de
jogos considerados tradicionalmente de meninas?
Não se trata de impor nada, nem forçar nada a ninguém, nem tão
pouco proibir; de facto, o que interessa é considerar espontâneo e
inato algo que é aprendido, educado e cultural. Se aprenderem isso
naturalmente, se não lhe for dito que isso é das meninas ou vice-versa,
a criança desenvolver-se-á sem ideias de sexismo.
As crianças imitam vias de conduta através dos adultos, assumem
as suas vivências nas suas próprias casas, nas escolas, nas ruas e
reproduzem-nas fielmente. Do mesmo modo, interiorizam a valorização
que estes ensinamentos adquirem na sua sociedade.
O importante é oferecer-lhes padrões e modelos novos de relação
entre géneros, onde a igualdade de direitos e oportunidades seja
ensinada e estimulada. É igualmente importante que os brinquedos
sejam jogados por ambos os géneros, ou seja, os meninos podem
brincar com bonecas e as meninas com carros, e deixar a dualidade
tradicional «isto é das meninas e isto dos meninos», de parte. Seria
convincente fomentar o desejo nos pequenos, de romper barreiras,
assim como a curiosidade pelo desconhecido, o novo, experimentar e
comprovar vivencialmente o quão atractivas podem resultar estas
novas actividades.
Os jogos sexistas não existem: é a forma como se usam e o papel
que o adulto lhes atribui convertendo-os em sexistas.
Os brinquedos e os jogos violentos
Existem argumentos científicos que defendem a ideia de que o
Formadora: Liliana Brandão 23/55
jogo e o brinquedo canalizam a violência e a agressividade,
proporcionando uma eficaz válvula de escape a essa energia interior,
servindo para se libertar da agressividade natural.
É indiscutível que todas as crianças têm uma carga de
agressividade que é necessária exteriorizar e canalizar. Existem muitas
maneiras de faze-lo sem que isso implique participar num jogo
violento. Com recurso a este tipo de jogo, corre-se o risco de que esta
seja a única estratégia que a criança tem para resolver conflitos em
situações reais. Não há dúvida que as brincadeiras violentas servem de
meio para uma conduta violenta.
Por outro lado, é conveniente reflectir sobre os brinquedos que
suscitam estes jogos. Assim, é certo, que quando uma criança não tem
armas para jogar, inventa-as convertendo por exemplo, o cabo de uma
vassoura numa espada, ou até mesmo o próprio dedo numa pistola.
Também é de referir que é preferível a criança criar as suas armas com
objectos quotidianos, que brincar com armas que mesmo sendo de
brincar, são influenciáveis na sua conduta. Também temos que tomar
consciência que muitas das imagens violentas a que as crianças
assistem também se devem ao faço dos jogos de consola, por
exemplo, que os próprios pais compram, e que por vezes nem sabem o
que nele contém.
Apesar destes argumentos, é importante evitar por parte dos
adultos uma rejeição radical pelo brinquedo, e tentar evitar as
proibições severas, que podem alimentar caprichos e curiosidades
maliciosas (o fruto proibido).
Existem peritos que recomendam oferecer às crianças, jogos que
tenham modelos pacíficos de brincadeira saudável, para que as
mesmas o depreendam dessa forma.
O consumo sustentável
Nem sempre os melhores brinquedos são adquiridos em lojas.
A grande quantidade de brinquedos elaborados pela nossa sociedade
Formadora: Liliana Brandão 24/55
de consumo supõe um impacto meio-ambiental importante, e uma
grande parte desses materiais é feito de plástico. É necessário
transmitir aos pais das crianças hábitos de consumo sustentável em
pró de uma consciência de respeito em torno dele mesmo, segundo a
regra dos três R’s:
-Reciclar os brinquedos, para que possam ser feitos outros novos
através de material já usado;
-Reutilizar os brinquedos dando a familiares e amigos,
oferecendo-os a quem lhe dê utilidade;
-Reduzir o consumo de brinquedos desnecessários;
O consumo solidário
As condições de trabalho que existe nalguns dos países onde se
fabricam muitos brinquedos, levam alguns consumidores responsáveis
a preocuparem-se pela forma como estes são fabricados, mantendo
assim uma atitude solidária.
Os brinquedos e a publicidade
O bombardeamento publicitário que liga o mundo infantil e familiar
através dos meios de comunicação de massas, provoca nas crianças
uma manipulação que em muitos casos, o desejo de se ter aquilo que
se anuncia, por vezes não corresponde às necessidades que de facto a
criança pode ter.
Assim, os brinquedos que só servem para observar, brinquedos de
funcionamento complicado, brinquedos delicados que restringem a
acção, brinquedos não adequados à sua idade, brinquedos que
alimentam e exercitam valores não desejados, são requeridos pelas
crianças e comprados pelos adultos.
O excesso de brinquedos provoca a indiferença da criança. É
exagerada a obtenção de brinquedos em grande quantidade como
Formadora: Liliana Brandão 25/55
ocorre em festas de aniversário, e no Natal. Por isso, convém espaçar a
oferta de brinquedos durante o ano todo.
Tão pouco é conveniente comprar todos os brinquedos que as
crianças pedem sem selecciona-los, é necessário que pais e
professores se unam e se informem, e juntos possam avaliar que
existem muitos outros jogos que normalmente não aparecem nas
televisões ou revistas, e que são muito úteis. Dar-se-ão também conta
de que a publicidade pode ser enganosa.
O Papel dos Adultos
O adulto pode (e deve) estimular a imaginação das crianças,
despertando ideias, questionando-as para que elas próprias
procurem soluções para os problemas que surjam. Além disso,
brincar com elas, procurando estimular as crianças e servir de
modelo, ajuda-as a crescer.
O brincar com alguém reforça os laços afectivos. Um adulto, ao
brincar com uma criança, está-lhe a fazer uma demonstração do seu
amor. A participação do adulto na brincadeira eleva o nível de
interesse, enriquece e estimula a imaginação das crianças.
A importância da motivação no desenvolvimento de actividades
A motivação é o processo que se desenvolve no interior do
indivíduo e que o impulsiona a agir mental e fisicamente. O sujeito
motivado está disposto a dispensar esforços para alcançar os seus
objectivos. Motivar será o processo de incentivar, desencadeador de
impulsos internos da criança, de forma de levá-la a interessar-se pela
participação nas actividades de animação propostas pelo animador.
As novas perspectivas sintetizam uma série de princípios
psicopedagógicos comuns a todas as tarefas de ensino-aprendizagem e
Formadora: Liliana Brandão 26/55
chamam a atenção para a existência de diferentes tipos de
aprendizagem consoante a natureza da tarefa a aprender.
Estes princípios básicos são um esforço de conciliação entre as
várias teorias, funcionando também como estratégias de motivação:
• Estabelecer a ideia de conjunto da tarefa a aprender;
• Relacionar os conhecimentos e as habilidades a adquirir com os
já adquiridos;
• Orientar a atenção das crianças para os elementos novos da
tarefa a aprender;
• Fomentar a participação das crianças;
• Nos primeiros momentos da aprendizagem orientar as crianças,
mas retirar progressivamente essa orientação, a fim de permitir
que se responsabilizem pela sua própria aprendizagem;
• Criar condições que desenvolvam a capacidade de transferência
de conhecimentos e habilidades para novas situações;
• Dar feedback desenvolvendo nas crianças a capacidade de se
auto-avaliarem;
• Criar um clima afectivo conducente à aprendizagem;
• Avaliar as aprendizagens das crianças e a eficácia do
desempenho do educador/animador.
TÉCNICAS E ACTIVIDADES
Critérios Para a Selecção das Técnicas
SEGUNDO OS OBJECTIVOS
Existem técnicas para:
• Promover a participação;
• Estimular as atitudes positivas;
• Desenvolver a criatividade;
• Tomada de decisões;
• Facilitar a compreensão vivencial de uma situação;
SEGUNDO A MATURIDADE DO GRUPO
Formadora: Liliana Brandão 27/55
Quanto menos maturidade tiver o grupo, será necessário utilizar
técnicas que exijam menor atenção e implicação pessoal.
SEGUNDO O TAMANHO DO GRUPO
Existem actividades mais adequadas para grupos pequenos e outras
para grupos maiores.
SEGUNDO AS CARACTERISTICAS DOS MEMBROS DO GRUPO
- Sexo- Idade- Interesses- Necessidades
SEGUNDO A CAPACIDADE DO ANIMADORAs técnicas exigem conhecimento teórico e experiência.
- Personalidade- Qualidades Humanas- Criatividade- Adaptação ao grupo
Técnicas de animação de grupos
Segundo estudos, o comportamento do indivíduo é diferente
quando está sozinho e quando está acompanhado. Nas crianças isto é
ainda mais notório. A dinâmica de grupos estuda o funcionamento do
grupo, que não é só um conjunto de pessoas, mas sim estas e os seus
objectivos, as finalidades, os interessses, etc.
As dinâmicas de grupo são uma ferramenta de estudo de grupos
e também um termo geral para processos de grupo. Em psicologia e
sociologia, um grupo são duas ou mais pessoas que estão mutuamente
conectadas por relacionamentos sociais. Por interagirem e se
influenciarem mutuamente, os grupos desenvolvem vários processos
dinâmicos que os separam de um conjunto aleatório de indivíduos.
Estes processos incluem normas, papéis sociais, relações,
desenvolvimento, necessidade de pertencer, influência social e efeitos
sobre o comportamento. O campo da dinâmica de grupo preocupa-se
Formadora: Liliana Brandão 28/55
fundamentalmente com o comportamento de pequenos grupos e um
conjunto de outros indivíduos. Membros e grupos são indissociáveis
e não existem dois grupos iguais. Os membros de um grupo têm
objectivos comuns, reconhecem quem pertence ou não ao grupo, têm
o seu estilo próprio de comunicação, desaprovam quem desrespeite as
suas regras e desenvolvem sistemas de hierarquização.
Todas as pessoas pertencem a grupos, e estes são usados para
nos definirmos. Ser membro de um grupo é uma relação de influência
recíproca entre um indivíduo e o grupo. As pessoas passam a maior
parte do tempo em grupo, nascemos e vivemos em pequenos grupos
mas a educação e a socialização normalmente ocorre em grupos
maiores, como as escolas, clubes, instituições sociais e até o trabalho.
A maioria das nossas actividades são realizadas em grupo, exigindo
uma grande interdependência.
No entanto, por vezes a integração não acontece de forma
perfeita, devido a problemas de relacionamento, que acontecem onde
existe mais de uma pessoa. O Homem é um ser social, a coexistência é
a estrutura das relações humanas, mas poucas vezes paramos para
observar o que está a acontecer num grupo e reconhecer qual é o
nosso comportamento grupal.
A dinâmica de grupos pretende criar um clima de relações
verdadeiramente humanas do indivíduo com o grupo e vice-versa, dos
indivíduos entre si, e também do grupo com outros grupos. OS Grupos
podem ser classificados como sendo de REFERÊNCIA E DE PERTENÇA.
Grupo de pertença: Pertence-se a um grupo, não só por o dizermos,
mas sim se a globalidade dos membros desse grupo nos reconhecer
como um dos seus, o que acontece quando respeitamos todas as
normas e regras desse grupo.
Devemos ter sempre presente que somos um SER para os demais, um
SER em relação, que depende dos demais e que está feito para os
demais. Disto temos muito pouca consciência, mas podemos adquiri-la
através da vivência e da convivência.
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Grupo de referência: O sujeito não pertence ao grupo, mas este
influencia as suas atitudes. “Eu uso este estilo porque o tipo dos
Morangos também usa”. “Aquele grupo é uma referência para mim,
quero ser como eles…”
Em suma um grupo é um conjunto de indivíduos que partilham os
mesmos valores, que têm objectivos comuns e em que todos
interactuam para alcançar esses objectivos.
Técnicas de animação
Existem diferentes técnicas que permitem animar os grupos, de
acordo com os objectivos que se pretendam alcançar. Estas são
instrumentos de ajuda para conseguir o que nos propomos, mas não
existem técnicas infalíveis que resolvam todos os problemas.
Técnicas de sensibilização e integração grupal
Destinada a todas as pessoas que se integram como novos
membros na vida de um grupo. Na primeira vez há sempre nervosismo,
ansiedade e insegurança. O clima afectivo-social que se cria nas
primeiras sessões é fundamental e definitivo na futura marcha do
grupo. Estas técnicas permitem a integração no seio do grupo, assim
como sensibilizam os membros para os valores de cada membro.
Técnicas grupais de dinamização e comunicação
Todos nós nos movemos motivadas por algo, porém esse algo nem
sempre aparece claro nas nossas actuações, necessitando da ajuda
dos demais. Dinamizar uma comunidade exige um grande esforço
criativo por parte do animador. Sem comunicação não é possível fazer
qualquer avanço, por isso estas actividades para além da dinamização
têm que apostar na comunicação, utilizando áudio-visuais, posters,
colagens, teatro, música, etc.
Formadora: Liliana Brandão 30/55
Técnicas grupais de participação/cooperação
Implica maturidade nas relações humanas no grupo, para que
sejam capazes de colaborar em assuntos comuns mesmo que as
opiniões sejam diferentes. Participar com os demais é sempre uma
renúncia à opinião pessoal em favor do bem do grupo, sendo por isso
necessário, desprender-nos do individualismo que tem minado as
relações humanas.
Técnicas grupais para o desenvolvimento da criatividade
A criatividade exige abertura à novidade. O animador deve ser
uma pessoa criativa, imaginativa e capaz de improvisar. O temor do
ridículo, a insegurança pessoal, inibe muitas vezes. Deve-se lutar
contra o conformismo, a passividade e a comodidade, buscando novas
alternativas para o grupo. É o papel desta técnicas desenvolver a
criatividade e a imaginação.
Técnicas grupais de avaliação de aprendizagens e da vida
intra-grupal
A avaliação do grupo, da sua integração, da participação dos
membros, das atitudes e dos interesses demonstrados em todas as
actividades que se executaram, ou seja, avaliar o clima social do
grupo. A avaliação da vida do grupo e de cada um dos seus membros,
é o melhor termómetro para indicar como temos caminhado, que tipo
de dificuldades surgiram e como é que se resolveram. Podem avaliar-
se os conhecimentos apreendidos e também o clima social na vida
interna do grupo.
Plano de Desenvolvimento Individual (PDI)
O que é o PDI?
É um instrumento que visa os serviços prestados ao cliente, que
promovam a sua autonomia e qualidade de vida, respeitando o seu
projecto de vida, hábitos, gostos, confidencialidade e privacidade. No
Formadora: Liliana Brandão 31/55
caso das crianças, este poderá ser realizado como forma de construir
um projecto de desenvolvimento para cada uma das crianças.
Elaboração do PDI
A elaboração do PDI deve ser adequada às necessidades, hábitos,
interesses e expectativas, na medida em que este é um ser único e
individual.
Objectivos
Conhecer o utente e definir áreas de intervenção a desenvolver de
acordo com as suas necessidades e vivências.
Actividade – É a estratégia escolhida para expor ou vivificar um
determinado tema, para concretizar um ou vários objectivos, para
ocupar positivamente um determinado período de tempo. Esta poderá
ser a leitura de uma história, uma dramatização, a participação num
jogo, a visualização de um filme, a realização de uma pintura, etc. As
actividades não são mais do que estratégias para se trabalhar /ensinar
um assunto. Devem ser sempre escolhidas em função das pessoas e
não do educador, pelo que se deve ter em conta:
• A idade do grupo a quem se destina;
• Os interesses desse grupo;
• Os objectivos a que nos propomos;
• O material que a actividade exige;
• O tempo disponível para a sua execução;
• Onde vão decorrer os trabalhos;
• Todos os recursos exigidos e disponíveis;
Material – Para a realização de qualquer actividade é necessário
material para a executar. Logo devemos ter em conta:
O tipo de material;
A idade de quem o vai usar;
O grau de perigosidade;
Formadora: Liliana Brandão 32/55
A sua manipulação;
O seu desgaste;
E o número suficiente de material face ao grupo;
Tempo – A duração das actividades deve ser prevista
antecipadamente de modo a que se ajuste às necessidades do grupo,
às suas capacidades, ao trabalho e aos conteúdos, ao material a usar e
à idade dos membros do grupo.
A planificação de actividades deve ser flexível de modo a
proporcionar reestruturações ou até reorientação sempre que
necessário, mediante os obstáculos ou dificuldades encontradas,
aquando do momento de reflexão que o grupo deve fazer
periodicamente.
Várias técnicas de animação
Existem várias técnicas de animação capazes de proporcionar o
desenvolvimento integral das crianças, umas têm maior incidência no
desenvolvimento fisco/motor, nomeadamente as técnicas de expressão
corporal, outras incidem mais no desenvolvimento sensitivo como é o
caso das actividade de expressão plástica e outras poderão
desenvolver a criança a nível físico/motor, sensorial, mental e social,
como é exemplo a expressão dramática.
Desenvolvimento físico e movimento – Expressão corporal
Neste âmbito de experiência a acção educativa estimulará a
criança a que vá conhecendo o seu corpo, identificando
progressivamente as suas qualidades (género, cor do cabelo, altura,
etc.) e formando uma imagem positiva do seu corpo. Desde o princípio
deve ir aprendendo que as pessoas são diferentes, mas que todas
devem ser respeitadas e aceites por igual (o educador deve vigiar para
que em nenhum momento apareçam indícios de discriminação). Por
Formadora: Liliana Brandão 33/55
outro lado, é importante que vá adquirindo consciência das
potencialidades motoras que lhe oferece o seu corpo, bem como das
limitações que ele mesmo tem.
O objectivo é experimentar os sentidos, distribuir e canalizar a
energia para actividades que exercitam e mexem com o corpo:
ginástica, dança, jogos rítmicos, mímica, etc.
Dado que o jogo é a actividade por excelência nesta fase, será
através dele e do movimento que, com mais facilidade, a criança irá
adquirindo tanto o conhecimento e o controlo do seu corpo como os
restantes aspectos da sua personalidade que se incluem nos diferentes
âmbitos de experiência destas fases e que, evidentemente, se
trabalham através de actividades de animação.
Exemplos de actividades que podem ser dinamizadas:
Dançar - Pôr às crianças música de diferentes ritmos do folclore
popular, para que, imitando o educador, dancem livremente. Dar as
mãos às mais inibidas e ajudá-las a movimentarem-se ao ritmo da
música.
Dar passos com ajuda - Dar a mão à criança para a auxiliar nos
primeiros passos descontrolados que der e estimulá-la a apoiar cada pé
devagar no chão.
Andar transportando objectos - Enquanto a criança está de pé,
entregar-lhe um pequeno objecto e pedir que lho leve até um local
próximo (de uma cadeira para outra, da cadeira para
a mesa, etc.).
Andar arrastando um brinquedo - Em posição de
pé, oferecer à criança um brinquedo atado a uma
corda, que ela deve agarrar com a mão. O educador
ajudará a arrastá-lo, enquanto a criança anda.
Lançar bolas - Em posição de pé, oferecer à criança uma pequena
bola para que a lance para a frente, imitando o educador.
Subir as escadas a gatinhar ou em pé com apoio – Colocar a
criança junto da escada e, em posição de gatinhar ou em pé, pedir-lhe
Formadora: Liliana Brandão 34/55
que suba os degraus para ir conseguindo chegar aos diversos objectos
que antes foram colocados no 1º, 2º, 3º……. degraus.
Descer escadas - Descer escadas exige maior equilíbrio postural. O
educador dará a mão à criança para que esta, sempre a imitar, coloque
um pé no degrau inferior mais próximo. Em seguida, realizará a mesma
acção com o outro pé. Repetindo, ambos descerão a escada degrau a
degrau.
Fazer garatujas (rabiscos) - Estender papel contínuo no chão e, com
um instrumento suave (marcador grosso, lápis de cera, giz), mostrar às
crianças como fazer garatujas. Pedir que as façam sozinhas, ajudando
e segurando na mão daquelas que não se decidam. Pouco a pouco,
diminuir as ajudas. Noutros momentos, utilizar um tipo de suporte
diferente (encerado, cartolinas, papel de jornal, etc).
Rasgar e colar - Entregar às crianças pedaços de papel de seda para
que, imitando o educador, os rasguem fazendo pedaços pequenos, que
depositarão num cesto. Usando o indicador e o polegar em jeito de
pinça, ensiná-las a apanhar os pedacinhos de papel que estão no cesto
e a colá-los num suporte impregnado de cola, criando assim uma obra
vistosa.
Amarrotar – Entregar às crianças pedaços de papel, para que,
imitando o educador, os amarrotem formando grandes bolas que serão
guardadas num cesto.
Enroscar – Oferecer às crianças parafusos gigantes de plástico ou
garrafas de água vazias. Observando o educador, aprenderão a
enroscar com uma mão enquanto com a outra seguram no parafuso ou
a garrafa. No início, as crianças devem ser ajudadas, guiando-lhes a
mão nas voltas.
Abrir e fechar recipientes – Pôr à disposição das crianças caixas e
recipientes de cartão, madeira, plástico, etc. Ensinar-lhes como se
abrem e estimulá-las a que sejam elas a fazê-lo e a meter objectos nos
recipientes, prestando as ajudas necessárias.
Encaixar figuras – Oferecer à criança placas perfuradas nas quais
possa encaixar duas figuras ou formas geométricas. Mostrar-lhe como
Formadora: Liliana Brandão 35/55
se encaixam e pedir que seja ela a fazê-lo, prestando-lhe muita ajuda
de início. Após repetidos ensaios sem que receba ajuda, aumentar o
número de encaixes em cada placa.
Passar folhas – Oferecer às crianças histórias pequenas com folhas
grossas de cartão. Ensinar-lhes como devem passar as folhas para ver
as imagens. Progressivamente, diminuir a grossura das folhas.
Visitas à comunidade (verem alguma actividade que não seja
comum para a maioria das crianças - ver a fazer pão, por exemplo).
Vários: Passeios temáticos, ciência divertida (magia, experiências com
utensílios do quotidianos), culinária (confecção do bolo de aniversário
sempre que uma das crianças faça anos), actividades na mesa
(construção com legos, montagem de puzzles), realização de jogos
populares (saltar à corda, furar balões, etc), Jardinagem – Permitir às
crianças explorar a terra e em simultâneo compreenderem como as
plantas vivem, “obrigando-as” as cuidar cada uma da sua planta, por
exemplo.
(…)
Desenvolvimento sensorial e exploração do mundo – Expressão
plástica
As crianças irão estabelecer contacto com diferentes materiais e
texturas (gesso, papel, cartão, cartolina, algodão, tecido, etc), cujas
aplicações tão distintas serão convertidas em objectos divertidos e
úteis, tais como molduras, ímanes, máscaras, fantoches, álbuns,
quadros, e muito mais.
Exemplos de actividades que podem ser dinamizadas:
Realizar pequenas obras plásticas - Colocar no chão ou na parede,
à altura das crianças, papel contínuo de cor branca, para que
destaquem melhor os traços.
- Oferecer às crianças diversos instrumentos grossos e de cores: ceras
macias, marcadores, giz, «tinta de dedos».
Formadora: Liliana Brandão 36/55
- De início, pedir que imitem o educador e façam garatujas ou linhas
verticais. Guiar a mão das que não queiram fazê-lo espontaneamente.
Elogiar as criações e deixar os frisos a adornar a sala.
- Estampagem (com batatas, rolhas de cortiça, esponjas...) – dar às
crianças vários tipos de estampagem e ajuda-las a fazerem criações
em várias folhar ou numa de tamanho gigante.
- Modelagem: barro, pasta de papel, madeira, moldar, plasticina,
massas de cor, entre outras.
Desenvolvimento emocional e representação mental –
Expressão dramática/musical
As crianças são chamadas a participar em todas as fases de uma
peça de teatro: a criação de um argumento, a construção do cenário, a
exploração das personagens, a elaboração do guarda-roupa, a
distribuição dos papeis, os gestos, a fala, a mímica, etc. O esforço em
manter a criança intelectualmente activa e corporalmente passiva
implica uma atenção especial. A necessidade de actividade física e
jogo espontâneo nesta fase de desenvolvimento [na infância] é crucial,
se não mesmo decisiva na delimitação de hábitos saudáveis para uma
vida activa.
Partindo da ideia de que através das actividades artísticas se
proporciona a comunicação e a expressão, o corpo assume um papel
preponderante como principal instrumento dessa expressão. A
educação artística exige não só a cabeça, mas o corpo no seu todo,
contribuindo desta forma para o desenvolvimento integral do indivíduo.
O trabalho criativo realizado pela criança, revela o seu
desenvolvimento físico, através da sua capacidade de coordenação
visual e motriz, pela forma como controla o seu corpo, guia o seu
grafismo e executa certos trabalhos.
Estimulação sensorial do ouvido
- Gravar vozes de pessoas próximas da criança (mãe, pai, auxiliar de
educação , etc.), com um conteúdo positivo para ela. Accionar o
Formadora: Liliana Brandão 37/55
gravador e comprovar se manifesta alguma reacção ao ouvir as vozes
e se as identifica.
- Mostrar livros com imagens de animais (cão, gato, vaca). Enquanto a
criança contempla as imagens, o adulto emite a onomatopeia
correspondente.
Estimulação sensorial do gosto
- A partir dos 2 anos, as crianças já ingerem todo o tipo de alimentos.
Portanto, a estimulação do gosto consistirá e proporcionar-lhes sabores
muito diferenciados, a diferentes temperaturas e com distintas
consistências. Por exemplo: dar-lhes uma colherzinha de algum
alimento conhecido da criança e pedir-lhe que identifiquem o sabor,
como doce, amargo, etc.
- As frutas são-lhes dadas em pedacinhos, para evitar que se
engasguem. Para além de serem necessárias e saudáveis nesta idade,
são poderosos estimulantes graças a seus variadíssimos sabores doces
(banana, pêra) ou ácidos (laranja, morango).
Estimulação sensorial do olfacto
- As crianças reagem a cheiros conhecidos (a comida, os pais, produtos
de higiene, médicos, etc.), com agrado ou com rejeição. Devemos
habituá-las a uma grande gama de cheiros, evitando os demasiado
fortes, que possam produzir alguma irritação na pituitária.
- Preparar, em frascos, produtos que tenham cheiros peculiares:
vinagre, limão, colónia, sumo de laranja, etc. Ajudar a que, pouco a
pouco, os vão identificando
Estimulação sensorial do tacto
- Nos jogos e actividades que as crianças diariamente realizam, deve
ter-se a preocupação de lhes oferecer materiais variados de diferentes
texturas: macios (balões pouco cheios algodão, plasticina), duros
(blocos de madeira, tijolo de plástico), lisos (papéis de todo o tipo),
rugosos (cartões canelados, tecido de serapilheira). Não se trata de
saberem a qualidade táctil dos materiais, mas sim de se irem
apercebendo das diferentes texturas.
Estimulação sensorial da visão
Formadora: Liliana Brandão 38/55
- Pendurar, com uma corda, objectos a uma certa altura. Fazer com
que oscilem como um pêndulo (bolas brilhantes), ou em forma circular
(avião com motor), para que sigam os movimentos desses objectos
com o olhar.
- Lançar feixes de luz breves e intermitentes com uma lanterna, para
que as crianças procurem o reflexo na parede.
- Apresentar desenhos de objectos de uso habitual realizados em
cartolina (bola, boneca, mesa, chupeta) e «fotos» desses mesmos
objectos, para que os emparelhem.
- Imitar canções (Expressão musical) - As crianças gostam muito das
canções ou lenga-lengas acompanhadas de gestos e movimentos
simples, que o educador, no início, lhes cantará ou recitará; pouco a
pouco, irão tentar imitar os gestos e, posteriormente, a pronúncia dos
sons finais das palavras e da palavra final de cada verso
- Aproveitar os momentos de descontracção, depois das refeições, após
a realização de uma actividade motora e sempre que o educador
julgue oportuno, para pôr fragmentos de música clássica, se possível
calma, pois é a que mais costuma agradar às crianças.
- Visualização de filmes
- Realização de Karaoke para crianças com musicas que elas conheçam
e adoram.
ATELIERS
A programação dos ateliers procura a integração e o
desenvolvimento das crianças em diferentes áreas:
Ateliers e actividades grupais:
Histórias Enfeitadas (teatro de fantoches, contos através de
objectos e através de imagens)
Atelier de Artes Plásticas (decoração de objectos com
colagens e pinturas em relevo)
Formadora: Liliana Brandão 39/55
Atelier de Esponjas Mágicas (construções com colagem de
esponjas mágicas e coloridas)
Jogo Humano (jogo de equipas onde as crianças são os próprios
peões, tendo de realizar diferentes tarefas para alcançar a meta)
Danças com coreografias diversas
Pinturas Faciais
Caça ao tesouro as crianças adoram revirar o parque ou o
jardim à procura de pequenos tesouros em forma de guloseimas.
Princesas e Piratas (as crianças são caracterizadas de
princesas e piratas através de pinturas, adereços e vestuário)
Escultura de Balões (cães, flores e espadas são um sucesso
garantido junto de todas as crianças)
Festa temáticas (caracterização dos participantes através de
pinturas faciais, modelação de cabelos e adereços)
Aprendizes de culinária: as crianças poderão ter oportunidade
de aprender como utilizar alguns utensílios de cozinha, a
reconhecer os alimentos e as suas propriedades, e a realizarem e
criarem algumas receitas (bolachas artesanais, super-
sandwiches, bebidas coloridas, saladas, sobremesas deliciosas,
decoração de bolos)
Educação ambiental: conhecer os recursos da terra, a sua
importância e aproveitamento. Técnicas de reciclagem e bons
hábitos de defesa do ambiente.
Os animais nossos amigos: aprender sobre as características e
hábitos dos animais domésticos e selvagens, o seu tratamento,
higiene e cuidados de saúde.
Riscos e rabiscos: um momento criativo, no qual se estimula a
elaboração de desenho e pintura livre ou orientada para
determinado tema.
Conto um conto: o gosto pela leitura surge muitas vezes através
da arte de saber contar uma história seja ela fantasia ou
realidade. Cada criança terá oportunidade de ouvir e contar, de
Formadora: Liliana Brandão 40/55
reinventar as histórias, de reflectir sobre os significados, o
enredo e as características das personagens.
Os filmes: altura para o visionamento de um filme
cuidadosamente escolhido em função do seu conteúdo lúdico-
didáctico e das preferências das crianças.
Jardinagem: as diferentes espécies, o calendário, a plantação, as
ferramentas e muito mais curiosidades sobre este tema.
Corpo Humano: mostrar como se constitui a pele, o esqueleto,
os órgãos e como funcionam os diferentes sistemas que o
compõem. Os cuidados de higiene e alimentação.
Momentos musicais: aprender os sons. Os diferentes géneros
musicais. Os nossos instrumentos (sons que fazem as mãos, a
boca, os pés). Construção de instrumentos com diferentes
materiais.
Hora do faz-de-conta: aqui as crianças podem ser o que
quiserem. Entre monstros e fadas, reis e rainhas, criam-se trajes
e adereços, faz-se maquilhagem e pinturas, penteados radicais,
trancinhas e totós e enfeitam-se as unhas das meninas.
Foto-mania: contar uma história por meio de imagens. Recolher
fotografias sobre um tema será um desafio para as crianças.
Construção de Bijutaria: para usar ou oferecer. Massa de
moldar, missangas e outros materiais irão ser convertidos em
pulseiras, colares, anéis, porta-chaves, cintos, alfinetes, etc.
Poesia: aprender a fazer poesia, rimas, lengas-lengas de
pequenas coisas.
Países do mundo: abordar de uma forma divertida as
características de cada país, os seus povos e raças, o seu clima e
os seus costumes.
As profissões: conhecer os diferentes ofícios, o que fazem os
familiares, as profissões de antigamente e as de hoje.
Jornalinho: em grupo poderemos criar um jornalinho interno com
histórias, notícias locais, técnicas de ilustração, curiosidades,
receitas, anedotas e adivinhas e muito mais.
Formadora: Liliana Brandão 41/55
Actividades ao ar livre: Ao longo do ano poderão ser
organizadas algumas visitas, passeios ou actividades ao ar livre,
como por exemplo visitas a monumentos.
As actividades propostas pelo animador, a nível físico, devem
estimular a motricidade. As actividades cognitivas ou mentais visam
desenvolver o cérebro e o sistema nervoso activo. As expressivas, são
actividades manuais e artísticas onde dão largas à imaginação. As
lúdicas, pode ser divertimento puro e simples, o que não quer dizer que
não sejam também educativas; que seja ao gosto dos participantes,
dança, teatro ou outras. E as actividades comunitárias são aquelas que
criam e dinamizam as relações interpessoais e sociais dos mais
pequenos com a comunidade.
Plano de Actividades (PA)
Elaboração de um Plano de Actividade (PA)
Plano: conjunto de programas. O programa operacionaliza um
plano mediante a realização de acções orientadas para alcançar as
metas e os objectivos propostos num determinado período.
Planear – É usar procedimentos para introduzir uma organização e
racionalização a acção com vista a alcançar determinadas metas e
objectivos.
Quando pretendemos realizar actividades com crianças sejam elas
de estimulação cognitiva ou física estas têm sempre, ou deveriam ter,
um objectivo, por conseguinte, essas actividades e esses objectivos
têm de ser pensados, trabalhados ou planeados atempadamente. Uma
forma de preparar as actividades de uma forma utilitária passa pela
elaboração de um plano de actividades. Este plano poderá ser diário,
semanal, mensal ou anual e deverá conter os dados mais importantes –
a data, o tipo de actividade, o local, os objectivos, os recursos –
Formadora: Liliana Brandão 42/55
humanos, materiais, financeiros, a responsabilidade de cada
interveniente e por fim a avaliação da sua aplicabilidade. O plano anual
é o plano que está mais sujeito a alterações por diversos factores,
nomeadamente imprevistos temporais, institucionais e mesmo
pessoais. No entanto é importante que haja um plano anual ainda que
se saiba que poderá sofrer constantes alterações, pois só este
permitirá uma estruturação do trabalho que se pretende realizar com o
público-alvo, neste caso as crianças. O plano semana só deverá ser um
complemento do plano anual e não como a única planificação.
Elementos da planificação
Um Plano poderá ser um instrumento muito útil quer no domínio
da organização do tempo quer na definição dos objectivos das
actividades. Deve conter uma série de elementos de fácil interpretação
para quem lê e para quem o utiliza. Um plano poderá ser anual,
semestral, trimestral, mensal, semanal e diário.
Elaboração de um plano de actividades
Objectivos: Para Quê…?
Quando planeamos executar qualquer tarefa ou actividade, ainda
que inconscientemente, temos sempre um objectivo, como tal, não
seria adequado construirmos um plano sem termos em conta este
dado.
Os objectivos podem ser divididos em gerais – mais abrangentes e
pouco prático e específicos – mais direccionados para a acção e
práticos. Isto é, os objectivos gerais descrevem grandes orientações
para as acções (…), descrevendo as grandes linhas de trabalho a
seguir, os objectivos específicos exprimem os resultados que se espera
atingir e que detalham os objectivos gerais, funcionando como a sua
operacionalização, estes distinguem-se dos gerais pois não indicam
uma direcção a seguir, mas as etapas a alcançar.
Formadora: Liliana Brandão 43/55
O objectivo deve ser o mais específico possível de modo a que
qualquer pessoa perceba o que se pretende. Os objectivos gerais
devem ser acompanhados pelos objectivos específicos. O objectivo é
uma intenção em relação à modificação que se pretende que a pessoa
tenha, é a descrição de um conjunto de comportamentos que a pessoa
deverá manifestar depois da actividade.
Os Objectivos devem ser definidos em função do/s destinatário/s e
não do Educador .
Local: Onde…?
Este dado é importante e terá de ser definido com alguma
antecipação, pois nem sempre o espaço está disponível ou adaptado
Se por outro lado for um espaço público a visitar, como por exemplo
um museu ou outra instituição essa necessidade será, ainda mais,
evidente.
Metodologia: Como…?
De que forma irá ser realizada. Que métodos vão ser usados para a
realização ou planificação da actividades/das actividades.
Actividades e Tarefas: o que se pretende desenvolver.
Neste dado deverá constar o nome da actividade, e uma breve
descrição da mesma, pois por vezes o nome da actividade nem sempre
é suficiente para a descrição da mesma. Exemplo: Comemoração do
dia da Mãe – realização de um ramo de flores com papelão e de um
postal para juntar ao ramo.
Calendarização
Este dado é imprescindível na construção do plano, ele deverá
indicar o mês ou o dia em que irá ser realizada a actividade. Exemplo:
5 de Março – terça-feira de tarde e a duração de cada actividade.
Recursos
Formadora: Liliana Brandão 44/55
Outro dado imprescindível na construção de um plano e na
execução do mesmo são os recursos. Estes podem dividir-se em:
Recursos humanos – referem-se às pessoas intervenientes quer
na elaboração do plano, quer na execução do mesmo. Podem
desempenhar tarefas muito distintas, tendo todas um papel
imprescindível.
Recursos materiais (logísticos) – são todos os materiais
necessários para a execução das actividades: equipamentos, infra-
estrutura físicas, instrumentos, obejctos, etc...
Recursos financeiros – serão as verbas disponíveis para a
execução das actividades planeadas.
Os recursos têm de ser suficientes para todos os participantes, e
atempadamente requisitados e adquiridos. (Se for um passeio ao
exterior, é necessário requisitar um autocarro e motorista). Muito
importante também, é saber qual a disponibilidade da instituição,
relativamente a este assunto.
Para actividades de maior envergadura, algumas perguntas se
impõem:
- Existem recursos necessários?
- É preciso recorrer a parceiros externos?
- Quais os recursos disponíveis na comunidade, próxima e alargada?
- Quais os recursos disponibilizados pelos parceiros, formais e
informais?
Avaliação
A avaliação é uma componente do processo de planeamento.
Todos os projectos contêm necessariamente um “plano de avaliação”
que é acompanhado de mecanismos de auto controle que permitem,
de forma rigorosa, ir conhecendo os resultados e os efeitos de
intervenção e corrigir as trajectórias caso sejam desejáveis. A
avaliação é algo de extrema importância para a compreensão do
sucesso ou insucesso das actividades planeadas.
Formadora: Liliana Brandão 45/55
Critérios de avaliação:Eficácia – perceber em que medida os objectivos foram atingidos e as
acções/ actividades foram realizadas;
Eficiência – relacionada com a avaliação do rendimento técnico da
acção, resultados obtidos relativamente aos recursos utilizados;
Adequabilidade – avalia em que medida a acção/actividade foi
adequada face ao contexto e à situação na qual se pretendia intervir;
Equidade – destina-se a avaliar em que medida existiu igualdade de
oportunidades de participação de todos os intervenientes na acção/
actividade;
Impacto – utilizado numa perspectiva de médio ou longo prazo,
destina-se a avaliar em que medida a acção/actividade contribuiu para
a melhoria da situação, numa perspectiva de mudança.
A responsabilidade
É importante uma definição do papel de cada elemento
interveniente no plano, desta forma será indispensável atribuir a cada
elemento a sua responsabilidade nas actividades a desenvolver.
Planificação
É usar procedimentos para introduzir a organização e
racionalidade à acção, com vista a alcançar determinadas metas e
objectivos. A execução das diferentes técnicas devem ser aproveitadas
para trabalhar alguns temas básicos:
Trabalhar os hábitos de higiene e limpeza;
Utilizar diferentes materiais e técnicas;
Estimular a actividade cognitiva através da observação directa,
manipulação e experimentação;
Reforçar a autonomia;
Motivar, explicar o que vão fazer e porquê;
Criar um ambiente sereno, descontraído e aberto às experiências;
Despertar a curiosidade e a vontade;
Dar importância aos interesses, motivações dos participantes.
Formadora: Liliana Brandão 46/55
(…)
Formadora: Liliana Brandão 47/55
EXEMPLO: Plano anual de actividades – Jardim de Infância
ACTIVIDADES OBJECTIVOS INTERVENIENTES DINAMIZADORES CALENDÁRIO
Reunião de Pais e Encarregados de Educação
Apresentação aos encarregados de educação: da docente, da auxiliar de educação, dos diferentes espaços do jardim de infância, dos horários e pausas lectivas do jardim, do funcionamento e tabela de preços do apoio à família e por fim, dos objectivos a desenvolver no jardim de infância.
Encarregados de Educação, Educadores de Infância e Auxiliares de Acção Educativa dos diferentes Jardins.
Educadores dos diferentes Jardins de Infância.
5 ou 6 de Setembro
Início do ano lectivo Promover a integração dos alunos na comunidade escolar, no espaço físico e no espaço social.
Encarregados de Educação, Educadores, Auxiliares e crianças.
Educadores e Auxiliares de Educação.
11 de Setembro
Dia Mundial da Água História da menina gotinha de água.Consciencializar os alunos para a importância da água.Hábitos de higiene.
Educadores, Auxiliares e grupos de crianças.
Educadores de Infância
1 Outubro
Desfolhada Tradicional A realizar na comunidade local. (*)
Preservar o património cultural.Promover a Socialização.Contribuir para o alargamento de saberes globais.
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças e comunidade local.
Educadores e Auxiliares.
Outubro (data sujeita a marcação)
Dia Mundial da Alimentação (semana da alimentação) – fabrico de pão, confecção de um doce com frutos da época.
Promover uma alimentação racional.A roda dos alimentosSensibilização para regras de higiene alimentar.
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças, Encarregados de Educação
Educadores de Infância e Auxiliares de Educação.
16 Outubro
Visita ao CastanheiroApanha de castanhas
Conhecer a árvore.Como nascem as castanhas.Sensibilização para as regras de andar no exterior em grupo.Promover a amizade e a convivência entre o grupo
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças.
Educadores de Infância
? Outubro (data sujeita a marcação)
Formadora: Liliana Brandão 48/55
Magusto (*) Manter as tradições populares: História de S. Martinho, canções, lenga-lengas Levantamento e registo. Jogos tradicionais. Adquirir vocabulário relacionado.Promover valores e relações humanas: amizade, partilha, solidariedade.
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças.
Educadores e Auxiliares de Educação.
11 Novembro
Festival de pequenos artistas "Corpo Mágico"
Desenvolver as capacidades preceptivas, coordenativas, físicas, intelectuais, da sociabilidade e afectividade.
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças do Jardim-de-infância de Aldeia Nova, Animadoras
Animadoras do Centro de Recursos
12/11 19/1126/11
Comemoração do NatalVisita do Pai NatalFesta de Natal (*)
Conhecer os costumes e tradições da época natalícia.Histórias, canções e lenga lengas alusivas á época - Levantamento e registo.Promover o convívio e a confraternização.Promover a criatividade
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças, Encarregados de Educação e Animadores da Câmara.
Educadores, Auxiliares de Educação e Animadores da Câmara.
DezembroFesta de Natal-18/12Visita do Pai Natal em data a combinar.
Festival de pequenos artistas "Corpo Mágico"
Desenvolver as capacidades preceptivas, coordenativas, físicas, intelectuais, da sociabilidade e afectividade.
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças do Jardim de Infância de Aldeia Nova , Animadoras
Animadoras do Centro de Recursos
7/Janeiro14/ Janeiro21/Fevereiro
Festa das FogaçasConfecção de fogaças
Promover valores tradicionais da região.Promover o convívio e a confraternizaçãoContribuir para o alargamento de saberes globais
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças, Encarregados de Educação
Educadores e Auxiliares de Educação.
17 de Janeiro
Festival de pequenos artistas "Corpo Mágico".
Desenvolver as capacidades preceptivas, coordenativas, físicas, intelectuais, da sociabilidade e afectividade.
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças do Jardim de Infância de Igreja nº1,Animadoras do Centro de recursos
Animadoras do Centro de Recursos
19/2 26/219/3
Dia do Livro Promover o gosto e respeito pelos livros.Construção de histórias tradicionais ou inventadas, em livros.
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças.
Educadores de Infância.
15 de Março
Dia do Pai Fomentar e fortalecer laços familiares.Valorizar a figura paterna. Promover a interacção escola/família; Visita do Pai à escola.
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças e pais.
Educadores de Infância.
19 de Março
Formadora: Liliana Brandão 49/55
Dia Mundial da Árvore
Sensibilizar a criança para a importância da árvore na Natureza; Motivar a criança para a preservação e protecção da Natureza.
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças.
Educadores de Infância.
21 Março
Festival de pequenos artistas "Corpo Mágico"
Desenvolver as capacidades preceptivas, coordenativas, físicas, intelectuais, da sociabilidade e afectividade.
Educadores, Auxiliares, grupos de crianças do Jardim de Infância de Igreja nº1,Animadoras do Centro de recursos
Animadoras do Centro de Recursos
2/4
9/4
Festa da Páscoa:História do coelhinho da Páscoa.Lanche convívio (*)
Reviver as tradições da Páscoa.Proporcionar à criança momentos de alegria e diversão.Promover a socialização.Desenvolver capacidades de expressão oral: canções, quadras, rimas etc. relativas à ocasião.
Educadores, Auxiliares de Educação, Pais e grupos de crianças
Educadores de Infância
11 de Abril
Dia da Mãe Fomentar e fortalecer laços familiares; Valorizar a figura materna; Promover a interacção escola/família: visita da mãe à escola.
Educadores, Auxiliares de Educação, Pais e grupos de crianças
Educadores de Infância e Auxiliares de Educação
2 Maio
Passeio à Quinta Pedagógica de Aveiro - Projecto da Câmara de Stª Mª da Feira
Proporcionar novas situações de aprendizagem.Aquisição de novos conhecimentosPromover o convívio e a confraternização entre Jardins.
Educadores, Auxiliares de Educação, e grupos de crianças, Câmara de Stª Mª da Feira
Educadores de Infância
Maio (data a combinar).
Dia Mundial da Criança ( actividade a desenvolver em parceria com a Câmara e/ou Agrupamento da Corga) (*)
Sensibilizar a comunidade escolar para a importância dos direitos da criançaPromover o convívio entre crianças de outras escolasProporcionar momentos de alegria e diversão
Educadores, Auxiliares de Educação, e grupos de crianças, Câmara de Stª Mª da Feira e/ou Agrupamento da Corga
Educadores de Infância Câmara e/ou Agrupamento da Corga.
1 de Junho
Dia Mundial do Ambiente (actividade a desenvolver em parceria com a Câmara) (*)
Sensibilizar a comunidade escolar para a defesa e conservação do ambiente
Educadores, Auxiliares de Educação, e grupos de crianças, Câmara de Stª Mª da Feira
Educadores de Infância e Câmara
5 de Junho
Passeio de Final de Ano BRACALÂNDIA
Promover o convívio entre crianças de outras escolasProporcionar momentos de alegria e diversão
Educadores, Auxiliares de Educação, e grupos de crianças
Educadores de Infância
Junho (em data a combinar)
Formadora: Liliana Brandão 50/55
Feira Medieval (*) Vivênciar épocas ancestrais (costumes hábitos, trajes etc.)Contribuir para o alargamento de saberes globais
Educadores, Auxiliares de Educação, e grupos de crianças, Câmara de Stª Mª da Feira
Câmara de Stª Mª da Feira
Junho (?)
Festa Final de Ano (*) Promover a relação escola/famíliaPromover momentos de diversão e alegria
Educadores, Auxiliares de Educação, grupos de crianças Pais
Educadores Auxiliares de Educação
Junho (em data a combinar)
Retirado do site: http://infancia.no.sapo.pt/plano_de_actividades.htm
Formadora: Liliana Brandão 51/55
Conclusão
Brincar tem moldado as normas, valores e costumes de todas as
culturas; é uma força maior na qual todas as culturas participam, é
como que uma auto-expressão para o próprio prazer da criança, é um
comportamento auto-motivado, pois ninguém pode forçar uma criança
a brincar; contudo, para a criança, brincar, pode ser um assunto sério.
Brincar é fundamental, pois permite à criança enfrentar desafios,
resolver problemas, aperfeiçoar o pensamento e desenvolver
potencialidades, é um comportamento muito habitual em períodos de
desenvolvimento do conhecimento de si próprio, do mundo físico e
social e dos sistemas de comunicação. As crianças brincam e isso
constitui para elas uma actividade normal, fundamental. É através das
actividades de animação que a criança explora o mundo e se conhece
a si mesma. Longe de serem meros passatempo, as actividades de
animação são, simultaneamente, reflexo e estímulo do seu
desenvolvimento motor, cognitivo e afectivo, constituindo a base das
suas actividades futuras. A criança ao realizar actividades específicas
para a sua idade, para além de explorar o mundo ao seu redor,
também comunica sentimentos, ideias, fantasias, revelando-se nas
suas futuras actividades culturais. O facto de os pais trabalharem fora
de casa deixando os filhos entregues a amas ou instituições, o uso
excessivo da televisão, a falta de espaços na rua e as casas demasiado
pequenas, são factores que diminuem as oportunidades de brincar,
indispensáveis ao desenvolvimento integral da criança.
É cada vez maior a importância que se atribui ao “brincar” e é
relevante o papel pedagógico desta acção que se reflecte na
aprendizagem da criança em todos os seus níveis de desenvolvimento,
desde a afectividade, a criatividade, a partilha, a socialização, a
inexistência de egoísmo, a construção da sua personalidade.
Defender a importância da educação ao longo da vida é pensar no
futuro e pensar no futuro, qualquer que seja a dimensão considerada,
obriga a pensar na criança, obriga sobretudo a reflectir se o que hoje
Formadora: Liliana Brandão 52/55
investimos na criança é suficiente para garantir o melhor do seu
desenvolvimento.
Desta forma é importante transmitir às minhas crianças
conhecimento, mas mais que isso, comportamentos, destrezas,
atitudes, valores e um grande sorriso. Porque o poder do sorriso é
grande, e saber sorrir é algo muito importante. Antoine Exupéry diz:
“No momento em que sorrimos para alguém, descobrimo-lo como
pessoa, e a resposta do seu sorriso quer dizer que nós também somos
pessoa para ele”.
.
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Formadora: Liliana Brandão 53/55
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