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e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ ISSN: 1984-3151 MEDIÇÕES ELETROACÚSTICAS DE UM ESTÚDIO DE LOCUÇÃO: O CASO DA RÁDIO ITATIAIA ELETROACOUSTICS MEASUREMENTS OF A VOICEOVER STUDIO: THE ITATIAIA RADIO CASE Matheus Perillo 1 ; Fabrício Aleksandro da Silva 2 ; Igor Amariz Pires 3 Recebido em: 30/10/2011 - Aprovado em: 14/12/2011 - Disponibilizado em: 30/12/2011 RESUMO: Este trabalho apresenta medições eletroacústicas do estúdio principal de locução da Rádio Itatiaia. Inicialmente foram apresentados conceitos básicos na área de áudio. Em seguida, a metodologia e os resultados coletados foram discutidos. O estudo da acústica no estúdio tem por objetivo a obtenção de excelente qualidade de som dentro um estúdio de locução. PALAVRAS-CHAVE: Áudio, Estúdio de locução, Medidas Eletroacústicas. ABSTRACT: This paper presents electroacoustic measurements in the principal voiceover studio of Itatiaia Radio. Initially, basic concepts about audio have been presented. Then, the methodology and the experimental results were discussed. The actual acoustic study aims the achievement of an excellent audio quality inside the voiceover studio. KEYWORDS: Audio, Voiceover Studio, Eletroacoustic Measurements. ____________________________________________________________________________ 1 INTRODUÇÃO A primeira transmissão de rádio ocorreu por volta do ano de 1906, nos Estados Unidos da América enquanto a transmissão pela televisão se deu por volta do ano de 1928 (FERRARETTO, 2001). Durante esses processos, houve necessidade de se fechar uma sala para que se pudessem fazer as transmissões e também gravações de programas de rádio e TV sem nenhuma interferência externa. Entretanto, após o fechamento das salas, começaram problemas de reverberação e até mesmo eco dentro dos grandes ambientes. A partir da criação das salas fechadas para transmissão, denominadas estúdios, iniciaram-se os estudos da acústica com a finalidade de minimizar e proporcionar resultados significativos para se ter uma excelente qualidade de som dentro destes ambientes. Com base no exposto questionam-se como minimizar os ruídos e reverberação durantes as transmissões 1 Engenheiro Eletricista. Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH, 2011. Rádio Itatiaia. Belo Horizonte, MG. [email protected] ; 2 Engenheiro Eletricista. Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH, 2011. CEMIG. Belo Horizonte, MG. [email protected] 3 Doutor em Engenharia Elétrica. PPGEE/UFMG, 2011. Professor do Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH. Belo Horizonte, MG. [email protected] .

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  • e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    ISSN: 1984-3151

    MEDIES ELETROACSTICAS DE UM ESTDIO DE LOCUO: O CASO DA RDIO ITATIAIA

    ELETROACOUSTICS MEASUREMENTS OF A VOICEOVER STUDIO: THE ITATIAIA RADIO CASE

    Matheus Perillo1; Fabrcio Aleksandro da Silva2; Igor Amariz Pires3

    Recebido em: 30/10/2011 - Aprovado em: 14/12/2011 - Disponibilizado em: 30/12/2011

    RESUMO: Este trabalho apresenta medies eletroacsticas do estdio principal de locuo da Rdio Itatiaia. Inicialmente foram apresentados conceitos bsicos na rea de udio. Em seguida, a metodologia e os resultados coletados foram discutidos. O estudo da acstica no estdio tem por objetivo a obteno de excelente qualidade de som dentro um estdio de locuo. PALAVRAS-CHAVE: udio, Estdio de locuo, Medidas Eletroacsticas. ABSTRACT: This paper presents electroacoustic measurements in the principal voiceover studio of Itatiaia Radio. Initially, basic concepts about audio have been presented. Then, the methodology and the experimental results were discussed. The actual acoustic study aims the achievement of an excellent audio quality inside the voiceover studio. KEYWORDS: Audio, Voiceover Studio, Eletroacoustic Measurements.

    ____________________________________________________________________________

    1 INTRODUO

    A primeira transmisso de rdio ocorreu por volta do

    ano de 1906, nos Estados Unidos da Amrica

    enquanto a transmisso pela televiso se deu por

    volta do ano de 1928 (FERRARETTO, 2001). Durante

    esses processos, houve necessidade de se fechar

    uma sala para que se pudessem fazer as

    transmisses e tambm gravaes de programas de

    rdio e TV sem nenhuma interferncia externa.

    Entretanto, aps o fechamento das salas, comearam

    problemas de reverberao e at mesmo eco dentro

    dos grandes ambientes.

    A partir da criao das salas fechadas para

    transmisso, denominadas estdios, iniciaram-se os

    estudos da acstica com a finalidade de minimizar e

    proporcionar resultados significativos para se ter uma

    excelente qualidade de som dentro destes ambientes.

    Com base no exposto questionam-se como minimizar

    os rudos e reverberao durantes as transmisses

    1 Engenheiro Eletricista. Centro Universitrio de Belo Horizonte UniBH, 2011. Rdio Itatiaia. Belo Horizonte, MG. [email protected];

    2 Engenheiro Eletricista. Centro Universitrio de Belo Horizonte UniBH, 2011. CEMIG. Belo Horizonte, MG. [email protected]

    3 Doutor em Engenharia Eltrica. PPGEE/UFMG, 2011. Professor do Centro Universitrio de Belo Horizonte - UniBH. Belo Horizonte, MG. [email protected] .

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    visando obter uma qualidade sonora dentro das salas

    de locuo e gravao.

    O trabalho tem por objetivo principal desenvolver um

    projeto para minimizao dos rudos e reverberao

    ocorrentes durantes as transmisses, visando obter

    uma qualidade sonora dentro das salas de som de um

    estdio de locuo e gravao. Como objetivos

    especficos, foram realizadas medies

    eletroacsticas do estdio (resposta de freqncia,

    tempo de reverberao e estrutura de ganho) para

    identificar as falhas do processo de transmisso e

    propor um plano corretivo para minimizar os rudos e

    reverberao do estdio de transmisso da Rdio

    Itatiaia.

    2 REFERENCIAL TERICO

    Esta seo trata dos conceitos bsicos na rea de

    udio. Sero abordados os seguintes conceitos: som,

    rudo, medidor de nvel de presso sonora e

    microfone.

    2.1 SOM

    Segundo (BISTAFA, 2006), o som pode ser

    pesquisado pelo lado fsico, ou pelo psicolgico. Pelo

    lado fsico pode-se questionar, por exemplo: que h

    som quando tomba uma rvore num parque onde no

    h ningum para ouvir o barulho da queda. Neste

    aspecto o entendimento fsico, ou seja, h produo

    de som sempre que um objeto posto a vibrar, ou

    quando ocorre o estmulo fsico.

    Do lado psicolgico, a explicao que quando essas

    vibraes so transmitidas at os ouvidos,

    experimenta-se a sensao da audio. Tal postulado

    pressupe a existncia de um meio atravs do qual o

    som possa se propagar. Para que isso seja possvel,

    basta que o meio possua elasticidade e inrcia, como

    no caso do ar (CYSNE, 2006).

    Para que esse som seja detectado pelo sistema

    auditivo humano, necessrio uma variao da presso

    ambiente.

    O som pode ser definido como uma variao da

    presso ambiente detectvel pelo sistema auditivo. Ao

    nvel do mar, a presso ambiente de 101.350 Pa1. A

    menor variao de presso ambiente detectvel pelo

    sistema auditivo da ordem de 2 x 10-5 Pa2 . Essa

    presso chama-se limiar da audibilidade. E a variao

    de presso ambiente capaz de provocar dor o limiar

    da dor, sendo da ordem de 60 Pa (BISTAFA, 2006).

    De acordo com (FERNANDES, 2005) a propagao

    do som no ar se d a partir da fonte geradora, em

    todas as direes. Por ser uma vibrao longitudinal

    das molculas do ar, esse movimento oscilatrio

    transmitido de molcula para molcula, at chegar aos

    ouvidos humanos, gerando a audio. Tal situao

    conhecida como Princpio Huygens-Fresnel3 e se

    aplica a essa propagao: cada molcula de ar, ao

    vibrar, transmite para a vizinha a sua oscilao, se

    comportando como uma nova fonte sonora.

    Segundo o autor, ao ar livre, a propagao do som se

    d a partir da fonte geradora, com a formao de

    ondas esfricas. Essas ondas tero um comprimento

    e uma velocidade de propagao.

    O autor tambm afirma que a velocidade de

    propagao do som depende da densidade e da

    presso do ar, onde obtm a velocidade V=344,44

    m/s. O fator que mais influencia na velocidade do som

    a temperatura.

    1 BISTAFA (2006, p. 6) entende que Pa o smbolo de pascal, unidade de presso no Sistema Internacional de Unidades de Medida. Corresponde a 1 newton por metro quadrado (1 N/m2). 2 BISTAFA (2006,6 p.) afirma que por ser incmodo trabalhar com nmeros com muitos zeros, comum nestes casos utiliza-se a chamada notao cientfica, em que 0,00002 escreve-se 2 x 10-5, assim como 200.000 escreve-se 2 x 105. 3 Christiaan Huygens (Haia, 14 de abril de 1629 Haia, 8

    de julho de 1695) foi um matemtico, astrnomo e fsico neerlands.

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    O autor diz tambm que outro fator importante na

    propagao do som a atenuao. O som ao se

    propagar sofre uma diminuio na sua intensidade,

    causada por dois fatores:

    Disperso das ondas: O som ao se propagar

    no ar livre (ondas esfricas) tem a sua rea de

    propagao aumentada, em funo do

    aumento da rea da esfera. Como a energia

    sonora (energia de vibrao das molculas de

    ar) a mesma, ocorre uma diluio dessa

    energia, causando uma atenuao na

    intensidade. A cada vez que se dobra a

    distncia da fonte, a rea da esfera aumenta

    quatro vezes, diminuindo a intensidade sonora

    em quatro vezes, ou 6 dB.

    Perdas entrpicas: Em uma onda sonora,

    onde acontecem sucessivas compresses e

    rarefaes, ocorrem pequenos aumentos e

    diminuies na temperatura do ar. Pela 2 Lei

    da Termodinmica, sempre que se realiza

    uma transformao energtica, acontece uma

    perda, ou seja, parte da energia se perde em

    forma de calor. a chamada perda entrpica.

    Sem a existncia desta perda, seria possvel o

    moto-contnuo. Assim, na propagao do som,

    parte da energia se transforma em calor,

    atenuao esta que depende da freqncia do

    som, temperatura e umidade relativa do ar.

    Na propagao, o ar oferecendo maior resistncia

    transmisso de altas freqncias causa uma distoro

    no espectro de freqncias. Por isso que nos sons

    produzidos a grandes distncias, ouve-se com maior

    nvel os sons graves, ou seja, os sons agudos so

    atenuados na propagao segundo o autor.

    Quando se tem um obstculo, ou interpe uma

    superfcie no avano de uma onda sonora, esta se

    divide em vrias partes: uma quantidade refletida,

    outra absorvida e outra atravessa a superfcie.

    O autor diz que se uma onda sonora que se propaga

    no ar encontra uma superfcie slida como um

    obstculo a sua propagao, esta refletida, segundo

    as leis da Reflexo tica. A reflexo em uma

    superfcie diretamente proporcional dureza do

    material. Paredes de concreto, mrmore, vidro, etc.

    refletem quase que 100% do som incidente. Um

    ambiente que contenha paredes com muita reflexo

    sonora, sem um projeto acstico aprimorado, ter uma

    pssima inteligibilidade da linguagem.

    O autor tambm cita que a absoro a propriedade

    de alguns materiais em no permitir que o som seja

    refletido por uma superfcie. Os materiais absorventes

    acsticos so de grande importncia no tratamento de

    ambientes. A Norma Brasileira NB 101 especifica os

    procedimentos para o tratamento acstico de

    ambientes fechados. A dissipao da energia sonora

    por materiais absorventes depende fundamentalmente

    da freqncia do som: normalmente grande para

    altas freqncias, diminuindo para valores muito

    pequenos para baixas freqncias.

    A transmisso a propriedade sonora que permite

    que o som passe de um lado para outro de uma

    superfcie, continuando a sua propagao.

    Fisicamente, a onda sonora ao atingir uma superfcie

    faz com que ela vibre, transformando-a em uma fonte

    sonora. Assim a superfcie vibrante passa a gerar som

    em sua outra face. Portanto, quanto mais rgida e

    densa for a superfcie, menor ser a energia

    transmitida (FERNANDES, 2005).

    O que tambm ocorre com o som segundo o autor, a

    difrao. Pelo princpio de Huygens-Fresnel, pode-se

    entender que o som capaz de rodear obstculos ou

    propagar-se por todo um ambiente, atravs de uma

    abertura. A essa propriedade dado o nome de

    difrao. Os sons graves (baixa freqncia) atendem

    melhor a esse princpio.

    A difrao de um som em um obstculo depende do

    valor relativo entre o tamanho do obstculo e o

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    comprimento de onda do som. O mesmo ocorre com o

    avano do som atravs de um orifcio, quando o

    comprimento de onda do som muito menor que o

    comprimento do obstculo ou furo, existir uma

    sombra acstica, de acordo com o autor.

    Os sons graves (sons de baixa freqncia e de grande

    comprimento de onda) tm maior facilidade em

    propagar-se no ar, como tambm uma maior

    capacidade de contornar obstculos.

    Segundo (FERNANDES, 2005), Quando um som

    gerado dentro de um ambiente, escuta-se

    primeiramente o som direto, e em seguida, o som

    refletido. No caso em que essas sensaes se

    sobrepem, confundindo o som direto e o refletido,

    tem-se a impresso de uma audio mais prolongada.

    A esse fenmeno se d o nome de reverberao.

    O autor define-se como tempo de reverberao o

    tempo necessrio para que depois de cessada a fonte,

    a intensidade do som se reduza de 60 dB. Se as

    paredes do local forem muito absorventes (pouco

    reflexivas), o tempo de reverberao ser muito

    pequeno, caso contrrio ocorrero muitas reflexes e

    o tempo de reverberao ser grande. Mais sobre

    reverberao ser citado adiante.

    Segundo (FERNANDES, 2005), o eco uma

    conseqncia imediata da reflexo sonora. Define-se

    eco como a repetio de um som que chega ao ouvido

    por reflexo 1/15 de segundo ou mais, depois do som

    direto. Considerando-se a velocidade do som em 345

    m/s, o objeto que causa essa reflexo no som deve

    estar a uma distncia de 23 m ou mais.

    Refrao o nome dado a mudana de direo que

    sofre uma onda sonora quando passa de um meio de

    propagao para outro. Essa alterao de direo

    causada pela variao da velocidade de propagao

    que sofre a onda. O principal fator que causa a

    refrao do som a mudana de temperatura do ar

    (FERNANDES, 2005).

    Ressonncia, de acordo com (FERNANDES, 2005)

    a coincidncia de freqncias entre estados de

    vibrao de dois ou mais corpos. Sabe-se que todo

    corpo capaz de vibrar, sempre o faz em sua

    freqncia natural. Quando se tem um corpo vibrando

    na freqncia natural de um segundo corpo, o primeiro

    induz o segundo a vibrar; eles esto em ressonncia.

    Na audio simultnea de dois sons de freqncias

    distintas, pode ocorrer que o som de maior

    intensidade supere o de menor, tornando-o inaudvel

    ou no inteligvel. Diz-se que houve um

    mascaramento do som de maior intensidade sobre o

    de menor intensidade. O efeito de mascaramento se

    torna maior quando os sons tm freqncias prximas

    (FERNANDES, 2005).

    Outro fenmeno so as ondas estacionrias. De

    acordo com (FERNANDES, 2005), um fenmeno

    que ocorre em recintos fechados. Consiste na

    superposio de duas ondas de igual freqncia que

    se propagam em sentido oposto. Ao se sobreporem, a

    coincidncia dos comprimentos de onda faz com que

    os ns e os ventres ocupem alternadamente as

    mesmas posies, produzindo a impresso de uma

    onda estacionria. Em locais fechados, o som refletido

    em uma parede plana e o som direto podem criar esse

    efeito, causando graves problemas acsticos para o

    ambiente.

    Muito importante tambm o eco pulsatrio. Ocorre

    quando existe a sobreposio de ondas refletidas

    cujos caminhos percorridos se diferenciam de um

    nmero inteiro de comprimentos de onda.

    O Efeito Doppler-Fizeau um outro fenmeno muito

    importante. Ele ocorre quando a fonte ou o observador

    se movem (com velocidade menor que a do som)

    observada uma diferena entre a freqncia do som

    emitido e recebido. Essa caracterstica conhecida

    como Efeito Doppler-Fizeau, torna o som mais agudo

    quando as fontes se aproximam e mais grave no caso

    de se afastarem.

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    2.3 RUDO

    O rudo de acordo com (FERNANDES, 2005), todo

    fenmeno acstico no peridico, sem componentes

    harmnicos definidos; ou seja, rudo toda sensao

    auditiva desagradvel ou insalubre.

    O autor tambm afirma que fisicamente o rudo um

    som de grande complexidade, resultante da

    superposio desarmnica de sons provenientes de

    vrias fontes. Seu espectro sempre ser uma confusa

    composio de harmnicos sem qualquer

    classificao ou ordem de composio. Normalmente

    seu espectro de banda larga (de freqncias),

    compacto e uniforme, sendo comum aparecer uma

    maior predominncia de uma faixa de freqncias

    (graves, mdias ou agudas).

    Por conter um grande nmero de freqncias, alguns

    rudos foram padronizados, sendo usados em testes e

    calibrao de equipamentos eletroacsticos. Os

    principais so (FERNANDES, 2005):

    Rudo aleatrio: o rudo cuja densidade

    espectral de energia prxima da distribuio

    de Gauss.

    Rudo branco: o rudo cuja densidade

    espectral de energia constante para todas

    as freqncias audveis. O som de um rudo

    branco semelhante ao de um televisor fora

    do ar.

    Rudo rosa: o rudo cuja densidade espectral de

    energia constante para todas as freqncias.

    2.3.1 Medidor de Nvel de Presso Sonora

    (Decibelmetro)

    Segundo (FERNANDES, 2005), a instrumentao

    para medio de rudo a nica que tem

    regulamentao internacional e a que apresenta a

    maior versatilidade de opes de modelos com

    diferentes graus de exatido. Os medidores de

    preciso constam normalmente de microfone,

    atenuador, circuitos de equalizao, circuitos

    integradores, mostrador (digital ou analgico)

    graduado em dB conforme FIG. 1.

    Figura 1 Decibelmetro Phonic PAA3 Fonte PHONIC, 2011

    As curvas de ponderao (ou equalizao) dos

    medidores so usadas para que o aparelho efetue as

    medies do rudo de acordo com a sensibilidade do

    ouvido humano. Essa equalizao dada pela curva

    que atenua os sons graves, d maior ganho para a

    banda de 2 a 5 kHz, e volta a atenuar levemente os

    sons agudos.

    O autor tambm destaca que os medidores de nvel

    de presso sonora usam duas constantes de tempo,

    aceitas internacionalmente. So os tempos

    correspondentes s respostas lenta (slow), de um

    segundo e, rpida (fast), de 0,125 segundos. O

    medidor apresenta em seu mostrador a mdia

    quadrtica (RMS = Root Mean Square) das variaes

    da presso do som dentro do tempo especificado pela

    constante do tempo. escolhido o valor RMS da

    presso sonora porque ele relata fielmente a energia

    contida na onda sonora.

    A Norma Brasileira especfica para medio de rudo

    a NBR 7731 (Guia para Execuo de Servios de

    Medio de Rudo Areo e Avaliao de seus Efeitos

    sobre o Homem), ela cita que a medio do rudo

    depende fundamentalmente dos seguintes aspectos:

    O tipo de problema do rudo: Qual a razo do

    rudo ser um problema;

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    A categoria do rudo: Se trata de rudo

    contnuo, flutuante ou de impacto;

    A categoria do campo acstico: A existncia

    de superfcies refletoras de som;

    Grau de preciso: A sofisticao das medidas.

    Quantos aos mtodos de medio, a Norma cita trs:

    Mtodo de levantamento acstico: um

    simples levantamento do campo acstico

    usando o medidor com a curva de ponderao

    em A ou C. Caso haja necessidade de maior

    preciso necessrio consultar as Normas

    IEC 179.

    Mtodo de Engenharia Acstica: A medio

    feita por faixas de freqncia. Devem-se usar

    equipamentos de grande preciso de acordo

    com as Normas Internacionais.

    Mtodo Acstico de Preciso: Deve ser feita a

    anlise do rudo por faixas de freqncia,

    utilizando-se at mesmo de laboratrios de

    acstica.

    2.4 MICROFONES

    De acordo com (DO VALLE, 2002), denomina-se

    transdutor qualquer dispositivo que transforma um tipo

    de energia em outro. No udio tm-se alguns tipos de

    transdutores como, por exemplo, o alto-falante que

    transforma energia eltrica em energia acstica (som)

    e o microfone que converte o som em sinal eltrico.

    O autor tambm afirma que quando um fio condutor

    de eletricidade se movimenta em relao ao campo

    magntico de um m, ocorre uma variao de fluxo

    magntico que atravessa o fio. Quando isso ocorre,

    induzida no fio uma corrente eltrica.

    Se, em vez de um fio reto, tiver espiras, o mesmo fio

    atravessar n vezes o campo magntico. Se o fio se

    move em relao ao campo magntico, induzida

    uma tenso n vezes maior, porque a cada espira,

    mais uma vez que o fio atravessa o campo.

    Este conjunto de espiras denominado bobina e

    aparece no somente nos microfones, mas em muitos

    outros componentes eltricos, como os indutores,

    transformadores, motores e alto-falantes.

    O alto-falante comum tem uma construo

    basicamente idntica do microfone dinmico, um

    conjunto magntico e uma bobina acoplada a um

    cone. A diferena no sentido da transduo, a

    corrente eltrica aplicada bobina, faz deslocar-se em

    relao ao m, fazendo vibrar o cone que produz o

    som.

    Uma superfcie razoavelmente extensa e leve tem a

    propriedade de vibrar acompanhando o som que

    incide sobre ela. Quando a massa dessa superfcie

    pequena para a rea, tem-se uma membrana que

    vibra intensamente de acordo com o som incidente.

    Um microfone dinmico constitudo de uma

    membrana acoplada a uma bobina mvel, a qual

    trabalha submetida a um forte campo magntico. Este

    produzido por um m redondo, cuja seo em E,

    conforme visualizado na FIG. 2. Essa membrana junto

    com a bobina mvel mantida em posio por uma

    suspenso corrugada. Nessa suspenso, no conjunto

    magntico, e na membrana muito leve e ao mesmo

    tempo muito rgida, reside a tecnologia de fabricao

    deste tipo de microfone.

    Figura 2 - Estrutura de um microfone dinmico Fonte APRENDA TECNOLOGIA DIGITAL, 2011

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    Quando o som incide sobre a membrana, o conjunto

    entra em movimento acompanhando as ondas

    sonoras, o que faz variar o fluxo magntico atravs da

    bobina, produzindo corrente eltrica diretamente

    proporcional variao da presso no diafragma, ou

    seja, ao som (DO VALLE, 2002)

    O mesmo autor afirma que em virtude da massa do

    conjunto diafragma mais a bobina e da elasticidade

    limitada da suspenso, sons de pequena intensidade

    tendem a ser ignorados pelo microfone. Diz-se que

    neste caso o microfone duro. Um microfone duro

    atua como um filtro de dinmica, eliminando os sons

    mais fracos e reproduzindo normalmente os sons mais

    fortes.

    Quando um som de presso exageradamente alta

    chega ao diafragma, a suspenso exigida alm de

    sua capacidade elstica. Ento o diafragma no

    consegue mais acompanhar proporcionalmente a

    variao da presso sonora, e o sinal eltrico gerado

    j no uma representao fiel do som, mas uma

    representao deformada nas extremidades ocorre

    distoro pela saturao mecnica do microfone (DO

    VALLE, 2002).

    O microfone dinmico extrai energia apenas do som e

    do m, ou seja, auto-suficiente, mais fcil de usar,

    no requerendo fonte de alimentao externa e nem

    pilhas.

    Quando a fonte de som est bem em frente ao

    microfone, a captao sempre ideal. Quando a fonte

    de som no est em frente ao microfone, a captao

    pode sofrer vrios tipos de comportamentos, como por

    exemplo, pode ser normal, ligeiramente rejeitada, ou

    bastante rejeitada, em funo da variao do ganho

    eletroacstico em funo da direo, ou seja, da

    diretividade do microfone. Essa diretividade em

    princpio independe do tipo de transdutor usado,

    embora certos tipos de transdutores facilitem a

    construo de microfones com determinado padro

    direcional.

    (DO VALLE, 2002) afirma que um microfone com

    qualquer tipo de transdutor, cujo nico acesso ao

    diafragma seja pela frente do microfone, sofre uma

    variao positiva de presso que empurrar a

    membrana para dentro, produzindo uma sada eltrica

    positiva. Se a fonte de som estiver em qualquer outra

    posio, uma variao positiva de presso envolver a

    carcaa do microfone, pressionando ainda a

    membrana para dentro e produzindo uma sada

    eltrica positiva. Como o corpo do microfone

    geralmente pequeno em relao ao comprimento de

    onda, exceto microfones grandes em freqncias

    muito agudas, a presso positiva sempre empurra o

    diafragma para dentro. Neste caso, a captao do

    microfone no depende da direo, e diz-se que o

    microfone no direcional, e sim que ele

    omnidirecional. o que capta em todas as direes

    (DO VALLE, 2002).

    3 METODOLOGIA

    O trabalho foi caracterizado por GIL (1992) como uma

    pesquisa experimental, do tipo estudo de caso, pois

    envolve o estudo profundo de um objeto de maneira

    que se permita o seu amplo e detalhado

    conhecimento.

    Os procedimentos metodolgicos foram iniciados pela

    reviso bibliogrfica, que teve por finalidade nivelar o

    conhecimento dos pesquisadores sobre o tema e

    obter dados que pudessem ajudar na discusso dos

    resultados.

    Aps esta etapa, foi iniciada a coleta de dados atravs

    do levantamento das medidas utilizando um software

    de medio acstica Easera, uma interface de udio

    Roland modelo Edirol U25, um notebook Apple

    MacBook Pro, um microfone de referncia AcoPacific

    modelo 7012 junto com o Kit PS9200 que uma

    interface para o microfone 7012, uma caixa acstica

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    ativa Yamaha HS50M e os prprios microfones

    modelo RE20 usados no estdio.

    O Easera um software alemo para anlise de

    sistemas eletrnicos e acsticos e anlise de

    resposta. uma poderosa ferramenta para anlises

    acsticas e eltricas que pode ser ligado a qualquer

    placa de udio usando um microfone de referncia

    para anlise de ambientes e o microfone local para

    resposta de freqncia.

    A estrutura de coleta dos dados foi montada a partir

    da ligao da placa de udio Edirol UA25 no

    notebook. A partir desse momento calibrou-se a

    interface de udio com o software, atravs da

    calibrao de sua entrada com sua sada, deixando a

    relao das duas grandezas em zero db.

    Feito isso foi conectado o microfone de referncia com

    seu respectivo pr-amplificador na entrada da placa

    de udio Edirol UA25 e uma caixa acstica Yamaha

    modelo HS50M na sada da placa de udio. Depois de

    terminado a instalao dos equipamentos, colocou-se

    o microfone de referncia no lugar exato que funciona

    o microfone do estdio e posicionou-se a caixa

    acstica sua frente com uma distncia de 15 cm.

    Este procedimento foi realizado para as 05 posies,

    FIG. 3 e 4 dos microfones localizados no estdio

    central da rdio Itatiaia.

    Figura 3 - Vista da posio dos 05 microfones localizados no estdio central da Rdio Itatiaia,

    fotografada a partir do acesso sala Fonte OS AUTORES, 2011

    No incio das medidas coletadas foi gerado o tom,

    denominado rudo rosa, na caixa acstica ativa

    Yamaha HS50M, que foi captado pelo microfone de

    referncia e seu registro foram desenhados atravs do

    espectro de freqncia de cada posio de microfone.

    O Rudo Rosa ou Rudo de 1/f um sinal ou um

    processo onde o espectro de freqncias como a

    densidade espectral de potncia inversamente

    proporcional freqncia do sinal. O termo originou-

    se pelas caractersticas desse rudo serem

    intermedirias entre o rudo branco (1/f0) e o rudo

    vermelho (1/f2), mais conhecido como rudo

    Browniano. O rudo rosa caracteriza-se por manter a

    potncia (energia) igual entre todas as oitavas sonoras

    (e tambm em qualquer outra escala logartmica).

    Figura 4 - Vista da posio dos 05 microfones localizados no estdio central da Rdio Itatiaia,

    fotografada a partir do estdio para a rea de acesso sala

    Fonte OS AUTORES, 2011

    Como o microfone de referncia tem uma curva quase

    ideal, ou seja, mais prximo da plana, FIG. 5. Assim

    desenhou-se a resposta da caixa acstica para cada

    posio de microfone para que pudesse ser

    comparada com o espectro de freqncia medido com

    cada microfone original do local.

    Feito essas medidas com o microfone de referncia

    em todas as posies, foram feitas as medidas

    usando os microfones que se usa no estdio para

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    locuo, o RE20. O microfone RE20 um microfone

    cardiide dinmico fabricado pela Electro-Voice. A

    FIG. 6 descreve a curva caracterstica e seu diagrama

    polar.

    Figura 5 - Detalhe da curva de resposta do microfone modelo 7012

    Fonte - ACO PACIFIC, 2011, p. 1

    Figura 6 - Detalhe da curva de resposta do microfone modelo RE20

    Fonte - ELECTRO VOICE, 2011

    Com os microfones RE20 nos lugares, foram gerados

    tons rudo rosa com a caixa acstica ativa Yamaha

    HS50M. Esses tons foram captados em todos os

    estgios de ganho. Sada do microfone, cabo de

    entrada no pr de microfone, sada do pr de

    microfone e sada da console (mesa de udio).

    Alm do espectro de freqncia foi medido tambm o

    tempo de reverberao.

    Reverberao um efeito fsico gerado pelo som, a

    reflexo mltipla de uma frequncia.

    Ao acionar uma fonte sonora em um recinto fechado,

    as primeiras ondas geradas propagam-se at s

    paredes, sendo refletidas. Percorrem um caminho em

    zigue-zague por todas as direes. Nesse intervalo de

    tempo, a fonte emitiu novas ondas que se combinam

    com as anteriores. As vibraes sonoras aumentam

    progressivamente de intensidade at alcanar um

    valor estacionrio.

    Dentro de um estdio de locuo como neste caso, as

    reflexes no so bem vindas.

    O tempo de reverberao muito discutido entre

    especialistas de qual o tempo ideal para cada

    ambiente. O tempo mais usado para estdios de

    locuo/gravao de TR < 0,25 para frequncias

    altas e mdias e TR < 0,5 para frequncias baixas.

    Neste caso foi feito uma mdia de todas as

    frequncias.

    Para medir o tempo de reverberao usa-se o RT60.

    Define-se tempo de reverberao (RT) de um recinto,

    como o intervalo de tempo expresso em segundos

    necessrio para que a energia acstica nesse recinto

    decresa 1/1.000.00 = -60dB (da RT60) de seu valor

    original a contar do momento em que a fonte que

    produz a energia desligada (Engenheiro Luiz

    Fernando Otero Cysne, no livro A Bblia Do Som,

    captulo 3, pgina 60).

    Para o tempo de reverberao, foram usados apenas

    os microfones RE20 do local. Foi gerado um tom

    sweep de 2,7 segundos em cada microfone e

    captado o tempo de reverberao. O sweep (do ingls

    sweep: varrer) uma varredura de todo o espectro de

    frequncia do udio.

    Ao fim de todo esse processo, obtiveram os grficos

    que sero mostrados e explicados no item 4.

    4 RESULTADOS E DISCUSSES

    Este estudo de caso vem demonstrar as medidas

    eletroacsticas do estdio principal da Rdio Itatiaia.

    Depois que foi feita uma reforma no estdio principal

    de locuo da Rdio Itatiaia, foi adicionado mais dois

    microfones e hoje existem 5 microfones para locuo.

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    O tamanho fsico do estdio continuou o mesmo,

    portanto, com a adio de mais dois microfones,

    aparelhos de televiso, computadores, cadeiras,

    comeou a ter problemas de realimentao de ondas

    estacionrias e conseqentemente, problema

    acstico. At mesmo quando um s microfone

    utilizado, h problema de acstica, devido reforma

    no ter sido feita com materiais e tcnicas adequadas

    para o mesmo.

    Desde que o estdio principal da Rdio Itatiaia foi

    montado, nunca houve medies para que pudessem

    descrever suas caractersticas acsticas.

    H algum tempo, percebeu que existia uma variao

    do udio entre alguns microfones do estdio.

    Com essas medies, pde-se mostrar o espectro de

    freqncia de cada microfone, se algum deles est

    respondendo de forma inadequada, o tempo de

    reverberao de cada um deles e com todos esses

    grficos, pode atuar tanto no domnio da frequncia,

    atuando em equipamentos como equalizadores

    grficos e paramtricos compressores; como no

    domnio do tempo, fazendo transformaes na parte

    fsica do local com materiais acsticos para possveis

    correes.

    4.1 CURVA DE FREQUNCIA DA CAIXA ACSTICA

    USANDO MICROFONE DE REFERNCIA COM

    RUDO ROSA

    Os grficos analisados abaixo descrevem a curva de

    frequncia que o microfone de referncia AcoPacific

    modelo 7012 junto com o Kit PS9200 captou com o

    sinal rudo rosa gerado pela caixa acstica.

    A FIG. 7 apresenta a curva de resposta na posio 01.

    Figura 7 - Curva de resposta da posio 01

    Fonte - EASERA, 2011

    Pode-se observar que obtivemos um grfico bem

    linear. Obtivemos um pico separado por volta de 60Hz

    que pode ter sido causado por uma ressonncia do

    estdio.

    A FIG. 8, descreve o espectro captado pelo microfone

    na posio 2. Observa uma variao nas baixas

    freqncias entre 50Hz e 200Hz que tambm pode ser

    fruto de uma acstica mal feita.

    Figura 8 - Curva de resposta da posio 02 Fonte - EASERA, 2011

    A posio 3 mostrada no grfico da figura 9 descreve

    uma linearidade muito boa.

    Lembra-se que esta etapa do processo apenas para

    se adquirir o espectro de freqncia gerado pela caixa

    acstica em cada posio com um microfone de

    referncia aferido para que possamos detectar

    possveis erros na acstica fazendo medies usando

    os microfones originais.

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    Figura 9 - Curva de resposta da posio 03

    Fonte - EASERA, 2011

    A FIG. 10 que se refere posio 4, obteve o mesmo

    pico por volta de 60Hz e um pico por volta de 28Hz, e

    nas altas freqncias uma pequena atenuao por

    volta de 3.7KHz.

    Figura 10 - Curva de resposta da posio 04 Fonte - EASERA, 2011

    Obteve-se uma atenuao por volta de 32Hz na FIG.

    11 que corresponde posio 5 de microfone e o

    resto do espectro se manteve normal.

    Figura 11 - Curva de resposta da posio 05 Fonte - EASERA, 2011

    Uma vista mais ampla de todos os espectros de

    frequncia pode-se avaliar na FIG. 12 que traz todos

    os grficos sobrepostos.

    Figura 12 - Curva de resposta de todas as posies Fonte - EASERA, 2011

    4.2 CURVA DE RESPOSTA DE FREQUNCIA DA

    CAIXA ACSTICA USANDO MICROFONE

    ELECTRO-VOICE RE20 COM RUDO ROSA EM

    TODAS AS POSIES

    Os grficos seguintes foram gerados atravs da

    captao do rudo rosa gerado pela caixa acstica

    pelos microfones originais RE 20 que se usa no

    estdio da Rdio Itatiaia em suas respectivas

    posies. Os mesmos foram ligados diretamente na

    placa de udio.

    Observa-se na FIG. 13 que de acordo com suas

    caractersticas de fabricao, o mesmo apresenta uma

    excelente resposta. Pode observar que por volta de

    50Hz, 400Hz e 3.5KHz obteve algumas diferenas que

    podem ser corrigidas eletronicamente.

    Figura 13 - Curva de resposta da caixa acstica com

    microfone RE20, posio 01 Fonte - EASERA, 2011

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    Figura 14 - Curva de resposta da caixa acstica com

    microfone RE20, posio 02 Fonte - EASERA, 2011

    A FIG. 14 acima demonstra o grfico do microfone 02

    e que tambm obteve uma excelente resposta do

    mesmo.

    A FIG. 15 apresenta o grfico do microfone RE20 03 e

    obteve uma boa linearidade nas baixas freqncias e

    nas altas, por volta de 12KHz houve uma variao,

    porm, no se pode levar em considerao.

    Como mostra na FIG. 16 abaixo, entre 3KHz e 4.5KHz

    houve uma atenuao, mas que se necessrio pode

    atuar com um equalizador paramtrico e aliviar, e

    acima de 12KHz obteve variaes imperceptveis.

    Figura 15 - Curva de resposta da caixa acstica com

    microfone RE20, posio 03 Fonte - EASERA, 2011

    Figura 16 - Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, posio 04

    Fonte - EASERA, 2011

    No grfico abaixo, mostrado abaixo na FIG. 17, tem o

    espectro de freqncia captado pelo microfone 05. Um

    excelente grfico sem nenhuma anomalia. Obteve

    uma atenuao por volta de 50Hz e um pico por volta

    de 60Hz.

    Figura 17 - Curva de resposta da caixa acstica com

    microfone RE20, posio 05 Fonte - EASERA, 2011

    O grfico da FIG. 18 descreve o grfico de todos os

    microfones RE20 sobrepostos para que se possa ter

    uma visualizao melhor.

    Observa-se que houve uma coerncia entre todos os

    grficos, o que um excelente resultado.

    Figura 18 - Curva de resposta da caixa acstica com

    microfone RE20, todas as posies Fonte - EASERA, 2011

    4.3 CURVA DE RESPOSTA DE FREQUNCIA DA

    CAIXA ACSTICA USANDO MICROFONE

    ELECTRO-VOICE RE20 COM RUDO ROSA

    SADA DO MICROFONE VERSUS A SADA DA

    MESA DE UDIO

    Esta parte do estudo muito importante, pois se pode

    ver a curva do microfone pura e a mesma depois que

    se passou por toda a estrutura de ganho.

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    A estrutura de ganho o equilbrio da amplitude do

    sinal em todos os seus estgios.

    Ajustar a estrutura de ganhos fazer com que a

    corrente eltrica do sinal de udio esteja sempre

    compatvel entre os diversos aparelhos do caminho, e

    ainda no melhor nvel de trabalho possvel. Um

    excesso de corrente causar distoro e at mesmo

    queima de componentes. Por outro lado, um sinal

    eltrico muito baixo traz diversas conseqncias ruins,

    como degradao da qualidade sonora causada pelo

    rudo de fundo inerente aos prprios equipamentos.

    O caminho percorrido pelo sinal eltrico gerado pela

    bobina do microfone o seguinte: sai do microfone,

    passa por um pr-amplificador de microfone que

    amplifica esse sinal e entrega na entrada da mesa de

    som. Retornou-se com esse sinal da sada da mesa

    de som para a entrada da placa de udio e captou-se

    o grfico.

    O grfico da FIG. 19 est relacionado com o microfone

    01. Pode-se observar que o grfico que est na cor

    verde a sada da console (mesa de udio) e o

    grfico na cor vermelha sada do microfone. As

    diferenas visveis que esto nos grficos, so devido

    equalizao feita digitalmente na mesa de udio.

    So compensaes feitas para que se possa atingir

    um udio adequado.

    Neste microfone, observa que pouco se fez em

    relao equalizao. A diferena visvel que se

    percebeu e que dever ser percebida nos grficos

    seguintes a amplitude do sinal que nada mais , do

    que um ganho de sinal que se obteve nos estgios de

    ganho.

    Figura 19 Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, sada do microfone versus sada da

    mesa de udio posio 01 Fonte - EASERA, 2011

    Figura 20 - Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, sada do microfone versus sada da

    mesa de udio posio 02 Fonte - EASERA, 2011

    O grfico da FIG. 20 acima, que se refere ao

    microfone 02 e demonstra o mesmo que aconteceu

    com o microfone anterior. Apenas teve notavelmente o

    aumento do ganho.

    Houve uma pequena diferena nas altas frequncias

    2.5KHz e 10KHz mas nada que d uma grande

    diferena no udio.

    A FIG. 21 est relacionada ao microfone 03 e

    igualmente as anteriores no se visualizam mudanas

    drsticas a no ser a amplitude normal do udio na

    sada da mesa de udio.

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    Figura 21 - Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, sada do microfone versus sada da

    mesa de udio posio 03 Fonte - EASERA, 2011

    Figura 22 - Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, sada do microfone versus sada da

    mesa de udio posio 04 Fonte - EASERA, 2011

    A FIG. 22 demonstra o grfico do microfone 04.

    Observa-se pequenas variaes como entre 3KHz e

    10KHz e mais uma vez observou a diferena de

    amplitude do sinal.

    Abaixo, demonstrado na FIG. 23, est o grfico do

    microfone 05. Pode-se descrever que aconteceu o

    mesmo do microfone 04. So variaes quase que

    idnticas.

    Figura 23 - Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, sada do microfone versus sada da

    mesa de udio posio 05 Fonte - EASERA, 2011

    Nesta seo, observou que houve pequenas

    variaes entre as sadas dos microfones comparadas

    com as sadas da mesa de udio.

    A variao mais percebida foi a da amplitude entre o

    sinal medido na sada do microfone com o sinal

    medido na sada da mesa de udio. Pequenas

    variaes de frequncia entre os grficos podem

    certamente ser ajustes feitos no equalizador digital da

    mesa de udio, e tambm se pde perceber em todos

    os grficos da sada da mesa de udio, um pico

    positivo por volta de 17KHZ que pode ter sido gerado

    por algum equipamento do circuito, mas que neste

    caso no faz diferena por causa do espectro de

    frequncia usado e tambm isso ser filtrado nos

    processadores seguintes.

    4.4 CURVA DE RESPOSTA DO TEMPO DE

    REVERBERAO

    Nesta seo, ir discutir os grficos que demonstram

    o tempo de reverberao de todos os microfones

    originais do estdio.

    Abaixo na FIG. 24, est demonstrado o grfico do

    tempo de reverberao do microfone 01. Observa-se

    que foi gasto 0,0462 segundos para a energia cair

    70dB e se manteve estvel, o que se torna aceitvel

    dentro do que foi dito acima.

    Figura 24 - Tempo de reverberao microfone 01 Fonte - EASERA, 2011

    A FIG. 25 abaixo demonstra o tempo de reverberao

    do microfone 02. Observa-se que o tempo gasto foi de

  • 65

    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    0,0697 segundos para a energia cair 70dB o que

    tambm satisfaz bem as necessidades do estdio.

    Figura 25 - Tempo de reverberao microfone 02 Fonte - EASERA, 2011

    Figura 26 - Tempo de reverberao microfone 03 Fonte - EASERA, 2011

    A figura 26 acima demonstra claramente uma acstica

    inadequada da posio 03 que se refere ao microfone

    03.

    Observa-se que para a energia cair 60dB, demorou

    0,154 segundos e em 0,477 segundos a onda ganhou

    energia novamente e perdendo somente aps 1,3

    segundos. Isso no adequado, pois se quer que

    quando a onda caia no ganhe energia novamente e

    com se diz na linguagem tcnica fantasma.

    Abaixo se tem o tempo de reverberao da posio 04

    mostrado na FIG. 27. Observa-se que se gastou 0,123

    segundos para cair apenas 50dB e 1,3 segundos para

    cair 60dB.

    Figura 27 - Tempo de reverberao microfone 04 Fonte - EASERA, 2011

    O grfico da FIG 28 abaixo tambm est fora do que

    se deseja. Tem-se somente em 0,199 segundos uma

    queda de 50,4dB e somente em 1,3 segundos caiu os

    60,3dB desejado.

    Figura 28 - Tempo de reverberao microfone 05

    Fonte - EASERA, 2011

    5 CONCLUSO

    De acordo com os grficos obtidos com todas as

    medies, conclui-se que em relao perda de

    freqncias, quase no houve discrepncia em

    relao ao udio original e o udio na sada da mesa

    de udio. Isso quer dizer que passando por todos os

    estgios de ganho, nenhum deles est filtrando ou

    ampliando exageradamente algumas das freqncias

    que esto sendo geradas pela caixa acstica. Porm

    isso no quer dizer que a acstica est perfeita.

    No que diz respeito reverberao, observou-se uma

    reverberao muito alta nos microfones 03, 04 e 05 e

    isso implica em realimentao dos microfones com

    essas ondas estacionrias, o que no bom para o

    propsito de um estdio de locuo.

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    e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/

    Neste caso a interveno ter que ser feita

    fisicamente no local, mudando materiais e

    reposicionamento de microfones.

    AGRADECIMENTOS

    Os autores agradecem Professora Arlete Vieira da

    Silva do curso de Engenharia Eltrica do UniBH, pelo

    apoio. Agradecem, especialmente, Rdio Itatiaia por

    permitir que fosse feito esses estudos para uma

    melhoria da qualidade de som dentro do estdio

    principal de locuo.

    ____________________________________________________________________________

    REFERNCIAS

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