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e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/
ISSN: 1984-3151
MEDIES ELETROACSTICAS DE UM ESTDIO DE LOCUO: O CASO DA RDIO ITATIAIA
ELETROACOUSTICS MEASUREMENTS OF A VOICEOVER STUDIO: THE ITATIAIA RADIO CASE
Matheus Perillo1; Fabrcio Aleksandro da Silva2; Igor Amariz Pires3
Recebido em: 30/10/2011 - Aprovado em: 14/12/2011 - Disponibilizado em: 30/12/2011
RESUMO: Este trabalho apresenta medies eletroacsticas do estdio principal de locuo da Rdio Itatiaia. Inicialmente foram apresentados conceitos bsicos na rea de udio. Em seguida, a metodologia e os resultados coletados foram discutidos. O estudo da acstica no estdio tem por objetivo a obteno de excelente qualidade de som dentro um estdio de locuo. PALAVRAS-CHAVE: udio, Estdio de locuo, Medidas Eletroacsticas. ABSTRACT: This paper presents electroacoustic measurements in the principal voiceover studio of Itatiaia Radio. Initially, basic concepts about audio have been presented. Then, the methodology and the experimental results were discussed. The actual acoustic study aims the achievement of an excellent audio quality inside the voiceover studio. KEYWORDS: Audio, Voiceover Studio, Eletroacoustic Measurements.
____________________________________________________________________________
1 INTRODUO
A primeira transmisso de rdio ocorreu por volta do
ano de 1906, nos Estados Unidos da Amrica
enquanto a transmisso pela televiso se deu por
volta do ano de 1928 (FERRARETTO, 2001). Durante
esses processos, houve necessidade de se fechar
uma sala para que se pudessem fazer as
transmisses e tambm gravaes de programas de
rdio e TV sem nenhuma interferncia externa.
Entretanto, aps o fechamento das salas, comearam
problemas de reverberao e at mesmo eco dentro
dos grandes ambientes.
A partir da criao das salas fechadas para
transmisso, denominadas estdios, iniciaram-se os
estudos da acstica com a finalidade de minimizar e
proporcionar resultados significativos para se ter uma
excelente qualidade de som dentro destes ambientes.
Com base no exposto questionam-se como minimizar
os rudos e reverberao durantes as transmisses
1 Engenheiro Eletricista. Centro Universitrio de Belo Horizonte UniBH, 2011. Rdio Itatiaia. Belo Horizonte, MG. [email protected];
2 Engenheiro Eletricista. Centro Universitrio de Belo Horizonte UniBH, 2011. CEMIG. Belo Horizonte, MG. [email protected]
3 Doutor em Engenharia Eltrica. PPGEE/UFMG, 2011. Professor do Centro Universitrio de Belo Horizonte - UniBH. Belo Horizonte, MG. [email protected] .
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visando obter uma qualidade sonora dentro das salas
de locuo e gravao.
O trabalho tem por objetivo principal desenvolver um
projeto para minimizao dos rudos e reverberao
ocorrentes durantes as transmisses, visando obter
uma qualidade sonora dentro das salas de som de um
estdio de locuo e gravao. Como objetivos
especficos, foram realizadas medies
eletroacsticas do estdio (resposta de freqncia,
tempo de reverberao e estrutura de ganho) para
identificar as falhas do processo de transmisso e
propor um plano corretivo para minimizar os rudos e
reverberao do estdio de transmisso da Rdio
Itatiaia.
2 REFERENCIAL TERICO
Esta seo trata dos conceitos bsicos na rea de
udio. Sero abordados os seguintes conceitos: som,
rudo, medidor de nvel de presso sonora e
microfone.
2.1 SOM
Segundo (BISTAFA, 2006), o som pode ser
pesquisado pelo lado fsico, ou pelo psicolgico. Pelo
lado fsico pode-se questionar, por exemplo: que h
som quando tomba uma rvore num parque onde no
h ningum para ouvir o barulho da queda. Neste
aspecto o entendimento fsico, ou seja, h produo
de som sempre que um objeto posto a vibrar, ou
quando ocorre o estmulo fsico.
Do lado psicolgico, a explicao que quando essas
vibraes so transmitidas at os ouvidos,
experimenta-se a sensao da audio. Tal postulado
pressupe a existncia de um meio atravs do qual o
som possa se propagar. Para que isso seja possvel,
basta que o meio possua elasticidade e inrcia, como
no caso do ar (CYSNE, 2006).
Para que esse som seja detectado pelo sistema
auditivo humano, necessrio uma variao da presso
ambiente.
O som pode ser definido como uma variao da
presso ambiente detectvel pelo sistema auditivo. Ao
nvel do mar, a presso ambiente de 101.350 Pa1. A
menor variao de presso ambiente detectvel pelo
sistema auditivo da ordem de 2 x 10-5 Pa2 . Essa
presso chama-se limiar da audibilidade. E a variao
de presso ambiente capaz de provocar dor o limiar
da dor, sendo da ordem de 60 Pa (BISTAFA, 2006).
De acordo com (FERNANDES, 2005) a propagao
do som no ar se d a partir da fonte geradora, em
todas as direes. Por ser uma vibrao longitudinal
das molculas do ar, esse movimento oscilatrio
transmitido de molcula para molcula, at chegar aos
ouvidos humanos, gerando a audio. Tal situao
conhecida como Princpio Huygens-Fresnel3 e se
aplica a essa propagao: cada molcula de ar, ao
vibrar, transmite para a vizinha a sua oscilao, se
comportando como uma nova fonte sonora.
Segundo o autor, ao ar livre, a propagao do som se
d a partir da fonte geradora, com a formao de
ondas esfricas. Essas ondas tero um comprimento
e uma velocidade de propagao.
O autor tambm afirma que a velocidade de
propagao do som depende da densidade e da
presso do ar, onde obtm a velocidade V=344,44
m/s. O fator que mais influencia na velocidade do som
a temperatura.
1 BISTAFA (2006, p. 6) entende que Pa o smbolo de pascal, unidade de presso no Sistema Internacional de Unidades de Medida. Corresponde a 1 newton por metro quadrado (1 N/m2). 2 BISTAFA (2006,6 p.) afirma que por ser incmodo trabalhar com nmeros com muitos zeros, comum nestes casos utiliza-se a chamada notao cientfica, em que 0,00002 escreve-se 2 x 10-5, assim como 200.000 escreve-se 2 x 105. 3 Christiaan Huygens (Haia, 14 de abril de 1629 Haia, 8
de julho de 1695) foi um matemtico, astrnomo e fsico neerlands.
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O autor diz tambm que outro fator importante na
propagao do som a atenuao. O som ao se
propagar sofre uma diminuio na sua intensidade,
causada por dois fatores:
Disperso das ondas: O som ao se propagar
no ar livre (ondas esfricas) tem a sua rea de
propagao aumentada, em funo do
aumento da rea da esfera. Como a energia
sonora (energia de vibrao das molculas de
ar) a mesma, ocorre uma diluio dessa
energia, causando uma atenuao na
intensidade. A cada vez que se dobra a
distncia da fonte, a rea da esfera aumenta
quatro vezes, diminuindo a intensidade sonora
em quatro vezes, ou 6 dB.
Perdas entrpicas: Em uma onda sonora,
onde acontecem sucessivas compresses e
rarefaes, ocorrem pequenos aumentos e
diminuies na temperatura do ar. Pela 2 Lei
da Termodinmica, sempre que se realiza
uma transformao energtica, acontece uma
perda, ou seja, parte da energia se perde em
forma de calor. a chamada perda entrpica.
Sem a existncia desta perda, seria possvel o
moto-contnuo. Assim, na propagao do som,
parte da energia se transforma em calor,
atenuao esta que depende da freqncia do
som, temperatura e umidade relativa do ar.
Na propagao, o ar oferecendo maior resistncia
transmisso de altas freqncias causa uma distoro
no espectro de freqncias. Por isso que nos sons
produzidos a grandes distncias, ouve-se com maior
nvel os sons graves, ou seja, os sons agudos so
atenuados na propagao segundo o autor.
Quando se tem um obstculo, ou interpe uma
superfcie no avano de uma onda sonora, esta se
divide em vrias partes: uma quantidade refletida,
outra absorvida e outra atravessa a superfcie.
O autor diz que se uma onda sonora que se propaga
no ar encontra uma superfcie slida como um
obstculo a sua propagao, esta refletida, segundo
as leis da Reflexo tica. A reflexo em uma
superfcie diretamente proporcional dureza do
material. Paredes de concreto, mrmore, vidro, etc.
refletem quase que 100% do som incidente. Um
ambiente que contenha paredes com muita reflexo
sonora, sem um projeto acstico aprimorado, ter uma
pssima inteligibilidade da linguagem.
O autor tambm cita que a absoro a propriedade
de alguns materiais em no permitir que o som seja
refletido por uma superfcie. Os materiais absorventes
acsticos so de grande importncia no tratamento de
ambientes. A Norma Brasileira NB 101 especifica os
procedimentos para o tratamento acstico de
ambientes fechados. A dissipao da energia sonora
por materiais absorventes depende fundamentalmente
da freqncia do som: normalmente grande para
altas freqncias, diminuindo para valores muito
pequenos para baixas freqncias.
A transmisso a propriedade sonora que permite
que o som passe de um lado para outro de uma
superfcie, continuando a sua propagao.
Fisicamente, a onda sonora ao atingir uma superfcie
faz com que ela vibre, transformando-a em uma fonte
sonora. Assim a superfcie vibrante passa a gerar som
em sua outra face. Portanto, quanto mais rgida e
densa for a superfcie, menor ser a energia
transmitida (FERNANDES, 2005).
O que tambm ocorre com o som segundo o autor, a
difrao. Pelo princpio de Huygens-Fresnel, pode-se
entender que o som capaz de rodear obstculos ou
propagar-se por todo um ambiente, atravs de uma
abertura. A essa propriedade dado o nome de
difrao. Os sons graves (baixa freqncia) atendem
melhor a esse princpio.
A difrao de um som em um obstculo depende do
valor relativo entre o tamanho do obstculo e o
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comprimento de onda do som. O mesmo ocorre com o
avano do som atravs de um orifcio, quando o
comprimento de onda do som muito menor que o
comprimento do obstculo ou furo, existir uma
sombra acstica, de acordo com o autor.
Os sons graves (sons de baixa freqncia e de grande
comprimento de onda) tm maior facilidade em
propagar-se no ar, como tambm uma maior
capacidade de contornar obstculos.
Segundo (FERNANDES, 2005), Quando um som
gerado dentro de um ambiente, escuta-se
primeiramente o som direto, e em seguida, o som
refletido. No caso em que essas sensaes se
sobrepem, confundindo o som direto e o refletido,
tem-se a impresso de uma audio mais prolongada.
A esse fenmeno se d o nome de reverberao.
O autor define-se como tempo de reverberao o
tempo necessrio para que depois de cessada a fonte,
a intensidade do som se reduza de 60 dB. Se as
paredes do local forem muito absorventes (pouco
reflexivas), o tempo de reverberao ser muito
pequeno, caso contrrio ocorrero muitas reflexes e
o tempo de reverberao ser grande. Mais sobre
reverberao ser citado adiante.
Segundo (FERNANDES, 2005), o eco uma
conseqncia imediata da reflexo sonora. Define-se
eco como a repetio de um som que chega ao ouvido
por reflexo 1/15 de segundo ou mais, depois do som
direto. Considerando-se a velocidade do som em 345
m/s, o objeto que causa essa reflexo no som deve
estar a uma distncia de 23 m ou mais.
Refrao o nome dado a mudana de direo que
sofre uma onda sonora quando passa de um meio de
propagao para outro. Essa alterao de direo
causada pela variao da velocidade de propagao
que sofre a onda. O principal fator que causa a
refrao do som a mudana de temperatura do ar
(FERNANDES, 2005).
Ressonncia, de acordo com (FERNANDES, 2005)
a coincidncia de freqncias entre estados de
vibrao de dois ou mais corpos. Sabe-se que todo
corpo capaz de vibrar, sempre o faz em sua
freqncia natural. Quando se tem um corpo vibrando
na freqncia natural de um segundo corpo, o primeiro
induz o segundo a vibrar; eles esto em ressonncia.
Na audio simultnea de dois sons de freqncias
distintas, pode ocorrer que o som de maior
intensidade supere o de menor, tornando-o inaudvel
ou no inteligvel. Diz-se que houve um
mascaramento do som de maior intensidade sobre o
de menor intensidade. O efeito de mascaramento se
torna maior quando os sons tm freqncias prximas
(FERNANDES, 2005).
Outro fenmeno so as ondas estacionrias. De
acordo com (FERNANDES, 2005), um fenmeno
que ocorre em recintos fechados. Consiste na
superposio de duas ondas de igual freqncia que
se propagam em sentido oposto. Ao se sobreporem, a
coincidncia dos comprimentos de onda faz com que
os ns e os ventres ocupem alternadamente as
mesmas posies, produzindo a impresso de uma
onda estacionria. Em locais fechados, o som refletido
em uma parede plana e o som direto podem criar esse
efeito, causando graves problemas acsticos para o
ambiente.
Muito importante tambm o eco pulsatrio. Ocorre
quando existe a sobreposio de ondas refletidas
cujos caminhos percorridos se diferenciam de um
nmero inteiro de comprimentos de onda.
O Efeito Doppler-Fizeau um outro fenmeno muito
importante. Ele ocorre quando a fonte ou o observador
se movem (com velocidade menor que a do som)
observada uma diferena entre a freqncia do som
emitido e recebido. Essa caracterstica conhecida
como Efeito Doppler-Fizeau, torna o som mais agudo
quando as fontes se aproximam e mais grave no caso
de se afastarem.
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2.3 RUDO
O rudo de acordo com (FERNANDES, 2005), todo
fenmeno acstico no peridico, sem componentes
harmnicos definidos; ou seja, rudo toda sensao
auditiva desagradvel ou insalubre.
O autor tambm afirma que fisicamente o rudo um
som de grande complexidade, resultante da
superposio desarmnica de sons provenientes de
vrias fontes. Seu espectro sempre ser uma confusa
composio de harmnicos sem qualquer
classificao ou ordem de composio. Normalmente
seu espectro de banda larga (de freqncias),
compacto e uniforme, sendo comum aparecer uma
maior predominncia de uma faixa de freqncias
(graves, mdias ou agudas).
Por conter um grande nmero de freqncias, alguns
rudos foram padronizados, sendo usados em testes e
calibrao de equipamentos eletroacsticos. Os
principais so (FERNANDES, 2005):
Rudo aleatrio: o rudo cuja densidade
espectral de energia prxima da distribuio
de Gauss.
Rudo branco: o rudo cuja densidade
espectral de energia constante para todas
as freqncias audveis. O som de um rudo
branco semelhante ao de um televisor fora
do ar.
Rudo rosa: o rudo cuja densidade espectral de
energia constante para todas as freqncias.
2.3.1 Medidor de Nvel de Presso Sonora
(Decibelmetro)
Segundo (FERNANDES, 2005), a instrumentao
para medio de rudo a nica que tem
regulamentao internacional e a que apresenta a
maior versatilidade de opes de modelos com
diferentes graus de exatido. Os medidores de
preciso constam normalmente de microfone,
atenuador, circuitos de equalizao, circuitos
integradores, mostrador (digital ou analgico)
graduado em dB conforme FIG. 1.
Figura 1 Decibelmetro Phonic PAA3 Fonte PHONIC, 2011
As curvas de ponderao (ou equalizao) dos
medidores so usadas para que o aparelho efetue as
medies do rudo de acordo com a sensibilidade do
ouvido humano. Essa equalizao dada pela curva
que atenua os sons graves, d maior ganho para a
banda de 2 a 5 kHz, e volta a atenuar levemente os
sons agudos.
O autor tambm destaca que os medidores de nvel
de presso sonora usam duas constantes de tempo,
aceitas internacionalmente. So os tempos
correspondentes s respostas lenta (slow), de um
segundo e, rpida (fast), de 0,125 segundos. O
medidor apresenta em seu mostrador a mdia
quadrtica (RMS = Root Mean Square) das variaes
da presso do som dentro do tempo especificado pela
constante do tempo. escolhido o valor RMS da
presso sonora porque ele relata fielmente a energia
contida na onda sonora.
A Norma Brasileira especfica para medio de rudo
a NBR 7731 (Guia para Execuo de Servios de
Medio de Rudo Areo e Avaliao de seus Efeitos
sobre o Homem), ela cita que a medio do rudo
depende fundamentalmente dos seguintes aspectos:
O tipo de problema do rudo: Qual a razo do
rudo ser um problema;
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A categoria do rudo: Se trata de rudo
contnuo, flutuante ou de impacto;
A categoria do campo acstico: A existncia
de superfcies refletoras de som;
Grau de preciso: A sofisticao das medidas.
Quantos aos mtodos de medio, a Norma cita trs:
Mtodo de levantamento acstico: um
simples levantamento do campo acstico
usando o medidor com a curva de ponderao
em A ou C. Caso haja necessidade de maior
preciso necessrio consultar as Normas
IEC 179.
Mtodo de Engenharia Acstica: A medio
feita por faixas de freqncia. Devem-se usar
equipamentos de grande preciso de acordo
com as Normas Internacionais.
Mtodo Acstico de Preciso: Deve ser feita a
anlise do rudo por faixas de freqncia,
utilizando-se at mesmo de laboratrios de
acstica.
2.4 MICROFONES
De acordo com (DO VALLE, 2002), denomina-se
transdutor qualquer dispositivo que transforma um tipo
de energia em outro. No udio tm-se alguns tipos de
transdutores como, por exemplo, o alto-falante que
transforma energia eltrica em energia acstica (som)
e o microfone que converte o som em sinal eltrico.
O autor tambm afirma que quando um fio condutor
de eletricidade se movimenta em relao ao campo
magntico de um m, ocorre uma variao de fluxo
magntico que atravessa o fio. Quando isso ocorre,
induzida no fio uma corrente eltrica.
Se, em vez de um fio reto, tiver espiras, o mesmo fio
atravessar n vezes o campo magntico. Se o fio se
move em relao ao campo magntico, induzida
uma tenso n vezes maior, porque a cada espira,
mais uma vez que o fio atravessa o campo.
Este conjunto de espiras denominado bobina e
aparece no somente nos microfones, mas em muitos
outros componentes eltricos, como os indutores,
transformadores, motores e alto-falantes.
O alto-falante comum tem uma construo
basicamente idntica do microfone dinmico, um
conjunto magntico e uma bobina acoplada a um
cone. A diferena no sentido da transduo, a
corrente eltrica aplicada bobina, faz deslocar-se em
relao ao m, fazendo vibrar o cone que produz o
som.
Uma superfcie razoavelmente extensa e leve tem a
propriedade de vibrar acompanhando o som que
incide sobre ela. Quando a massa dessa superfcie
pequena para a rea, tem-se uma membrana que
vibra intensamente de acordo com o som incidente.
Um microfone dinmico constitudo de uma
membrana acoplada a uma bobina mvel, a qual
trabalha submetida a um forte campo magntico. Este
produzido por um m redondo, cuja seo em E,
conforme visualizado na FIG. 2. Essa membrana junto
com a bobina mvel mantida em posio por uma
suspenso corrugada. Nessa suspenso, no conjunto
magntico, e na membrana muito leve e ao mesmo
tempo muito rgida, reside a tecnologia de fabricao
deste tipo de microfone.
Figura 2 - Estrutura de um microfone dinmico Fonte APRENDA TECNOLOGIA DIGITAL, 2011
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Quando o som incide sobre a membrana, o conjunto
entra em movimento acompanhando as ondas
sonoras, o que faz variar o fluxo magntico atravs da
bobina, produzindo corrente eltrica diretamente
proporcional variao da presso no diafragma, ou
seja, ao som (DO VALLE, 2002)
O mesmo autor afirma que em virtude da massa do
conjunto diafragma mais a bobina e da elasticidade
limitada da suspenso, sons de pequena intensidade
tendem a ser ignorados pelo microfone. Diz-se que
neste caso o microfone duro. Um microfone duro
atua como um filtro de dinmica, eliminando os sons
mais fracos e reproduzindo normalmente os sons mais
fortes.
Quando um som de presso exageradamente alta
chega ao diafragma, a suspenso exigida alm de
sua capacidade elstica. Ento o diafragma no
consegue mais acompanhar proporcionalmente a
variao da presso sonora, e o sinal eltrico gerado
j no uma representao fiel do som, mas uma
representao deformada nas extremidades ocorre
distoro pela saturao mecnica do microfone (DO
VALLE, 2002).
O microfone dinmico extrai energia apenas do som e
do m, ou seja, auto-suficiente, mais fcil de usar,
no requerendo fonte de alimentao externa e nem
pilhas.
Quando a fonte de som est bem em frente ao
microfone, a captao sempre ideal. Quando a fonte
de som no est em frente ao microfone, a captao
pode sofrer vrios tipos de comportamentos, como por
exemplo, pode ser normal, ligeiramente rejeitada, ou
bastante rejeitada, em funo da variao do ganho
eletroacstico em funo da direo, ou seja, da
diretividade do microfone. Essa diretividade em
princpio independe do tipo de transdutor usado,
embora certos tipos de transdutores facilitem a
construo de microfones com determinado padro
direcional.
(DO VALLE, 2002) afirma que um microfone com
qualquer tipo de transdutor, cujo nico acesso ao
diafragma seja pela frente do microfone, sofre uma
variao positiva de presso que empurrar a
membrana para dentro, produzindo uma sada eltrica
positiva. Se a fonte de som estiver em qualquer outra
posio, uma variao positiva de presso envolver a
carcaa do microfone, pressionando ainda a
membrana para dentro e produzindo uma sada
eltrica positiva. Como o corpo do microfone
geralmente pequeno em relao ao comprimento de
onda, exceto microfones grandes em freqncias
muito agudas, a presso positiva sempre empurra o
diafragma para dentro. Neste caso, a captao do
microfone no depende da direo, e diz-se que o
microfone no direcional, e sim que ele
omnidirecional. o que capta em todas as direes
(DO VALLE, 2002).
3 METODOLOGIA
O trabalho foi caracterizado por GIL (1992) como uma
pesquisa experimental, do tipo estudo de caso, pois
envolve o estudo profundo de um objeto de maneira
que se permita o seu amplo e detalhado
conhecimento.
Os procedimentos metodolgicos foram iniciados pela
reviso bibliogrfica, que teve por finalidade nivelar o
conhecimento dos pesquisadores sobre o tema e
obter dados que pudessem ajudar na discusso dos
resultados.
Aps esta etapa, foi iniciada a coleta de dados atravs
do levantamento das medidas utilizando um software
de medio acstica Easera, uma interface de udio
Roland modelo Edirol U25, um notebook Apple
MacBook Pro, um microfone de referncia AcoPacific
modelo 7012 junto com o Kit PS9200 que uma
interface para o microfone 7012, uma caixa acstica
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ativa Yamaha HS50M e os prprios microfones
modelo RE20 usados no estdio.
O Easera um software alemo para anlise de
sistemas eletrnicos e acsticos e anlise de
resposta. uma poderosa ferramenta para anlises
acsticas e eltricas que pode ser ligado a qualquer
placa de udio usando um microfone de referncia
para anlise de ambientes e o microfone local para
resposta de freqncia.
A estrutura de coleta dos dados foi montada a partir
da ligao da placa de udio Edirol UA25 no
notebook. A partir desse momento calibrou-se a
interface de udio com o software, atravs da
calibrao de sua entrada com sua sada, deixando a
relao das duas grandezas em zero db.
Feito isso foi conectado o microfone de referncia com
seu respectivo pr-amplificador na entrada da placa
de udio Edirol UA25 e uma caixa acstica Yamaha
modelo HS50M na sada da placa de udio. Depois de
terminado a instalao dos equipamentos, colocou-se
o microfone de referncia no lugar exato que funciona
o microfone do estdio e posicionou-se a caixa
acstica sua frente com uma distncia de 15 cm.
Este procedimento foi realizado para as 05 posies,
FIG. 3 e 4 dos microfones localizados no estdio
central da rdio Itatiaia.
Figura 3 - Vista da posio dos 05 microfones localizados no estdio central da Rdio Itatiaia,
fotografada a partir do acesso sala Fonte OS AUTORES, 2011
No incio das medidas coletadas foi gerado o tom,
denominado rudo rosa, na caixa acstica ativa
Yamaha HS50M, que foi captado pelo microfone de
referncia e seu registro foram desenhados atravs do
espectro de freqncia de cada posio de microfone.
O Rudo Rosa ou Rudo de 1/f um sinal ou um
processo onde o espectro de freqncias como a
densidade espectral de potncia inversamente
proporcional freqncia do sinal. O termo originou-
se pelas caractersticas desse rudo serem
intermedirias entre o rudo branco (1/f0) e o rudo
vermelho (1/f2), mais conhecido como rudo
Browniano. O rudo rosa caracteriza-se por manter a
potncia (energia) igual entre todas as oitavas sonoras
(e tambm em qualquer outra escala logartmica).
Figura 4 - Vista da posio dos 05 microfones localizados no estdio central da Rdio Itatiaia,
fotografada a partir do estdio para a rea de acesso sala
Fonte OS AUTORES, 2011
Como o microfone de referncia tem uma curva quase
ideal, ou seja, mais prximo da plana, FIG. 5. Assim
desenhou-se a resposta da caixa acstica para cada
posio de microfone para que pudesse ser
comparada com o espectro de freqncia medido com
cada microfone original do local.
Feito essas medidas com o microfone de referncia
em todas as posies, foram feitas as medidas
usando os microfones que se usa no estdio para
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locuo, o RE20. O microfone RE20 um microfone
cardiide dinmico fabricado pela Electro-Voice. A
FIG. 6 descreve a curva caracterstica e seu diagrama
polar.
Figura 5 - Detalhe da curva de resposta do microfone modelo 7012
Fonte - ACO PACIFIC, 2011, p. 1
Figura 6 - Detalhe da curva de resposta do microfone modelo RE20
Fonte - ELECTRO VOICE, 2011
Com os microfones RE20 nos lugares, foram gerados
tons rudo rosa com a caixa acstica ativa Yamaha
HS50M. Esses tons foram captados em todos os
estgios de ganho. Sada do microfone, cabo de
entrada no pr de microfone, sada do pr de
microfone e sada da console (mesa de udio).
Alm do espectro de freqncia foi medido tambm o
tempo de reverberao.
Reverberao um efeito fsico gerado pelo som, a
reflexo mltipla de uma frequncia.
Ao acionar uma fonte sonora em um recinto fechado,
as primeiras ondas geradas propagam-se at s
paredes, sendo refletidas. Percorrem um caminho em
zigue-zague por todas as direes. Nesse intervalo de
tempo, a fonte emitiu novas ondas que se combinam
com as anteriores. As vibraes sonoras aumentam
progressivamente de intensidade at alcanar um
valor estacionrio.
Dentro de um estdio de locuo como neste caso, as
reflexes no so bem vindas.
O tempo de reverberao muito discutido entre
especialistas de qual o tempo ideal para cada
ambiente. O tempo mais usado para estdios de
locuo/gravao de TR < 0,25 para frequncias
altas e mdias e TR < 0,5 para frequncias baixas.
Neste caso foi feito uma mdia de todas as
frequncias.
Para medir o tempo de reverberao usa-se o RT60.
Define-se tempo de reverberao (RT) de um recinto,
como o intervalo de tempo expresso em segundos
necessrio para que a energia acstica nesse recinto
decresa 1/1.000.00 = -60dB (da RT60) de seu valor
original a contar do momento em que a fonte que
produz a energia desligada (Engenheiro Luiz
Fernando Otero Cysne, no livro A Bblia Do Som,
captulo 3, pgina 60).
Para o tempo de reverberao, foram usados apenas
os microfones RE20 do local. Foi gerado um tom
sweep de 2,7 segundos em cada microfone e
captado o tempo de reverberao. O sweep (do ingls
sweep: varrer) uma varredura de todo o espectro de
frequncia do udio.
Ao fim de todo esse processo, obtiveram os grficos
que sero mostrados e explicados no item 4.
4 RESULTADOS E DISCUSSES
Este estudo de caso vem demonstrar as medidas
eletroacsticas do estdio principal da Rdio Itatiaia.
Depois que foi feita uma reforma no estdio principal
de locuo da Rdio Itatiaia, foi adicionado mais dois
microfones e hoje existem 5 microfones para locuo.
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e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/
O tamanho fsico do estdio continuou o mesmo,
portanto, com a adio de mais dois microfones,
aparelhos de televiso, computadores, cadeiras,
comeou a ter problemas de realimentao de ondas
estacionrias e conseqentemente, problema
acstico. At mesmo quando um s microfone
utilizado, h problema de acstica, devido reforma
no ter sido feita com materiais e tcnicas adequadas
para o mesmo.
Desde que o estdio principal da Rdio Itatiaia foi
montado, nunca houve medies para que pudessem
descrever suas caractersticas acsticas.
H algum tempo, percebeu que existia uma variao
do udio entre alguns microfones do estdio.
Com essas medies, pde-se mostrar o espectro de
freqncia de cada microfone, se algum deles est
respondendo de forma inadequada, o tempo de
reverberao de cada um deles e com todos esses
grficos, pode atuar tanto no domnio da frequncia,
atuando em equipamentos como equalizadores
grficos e paramtricos compressores; como no
domnio do tempo, fazendo transformaes na parte
fsica do local com materiais acsticos para possveis
correes.
4.1 CURVA DE FREQUNCIA DA CAIXA ACSTICA
USANDO MICROFONE DE REFERNCIA COM
RUDO ROSA
Os grficos analisados abaixo descrevem a curva de
frequncia que o microfone de referncia AcoPacific
modelo 7012 junto com o Kit PS9200 captou com o
sinal rudo rosa gerado pela caixa acstica.
A FIG. 7 apresenta a curva de resposta na posio 01.
Figura 7 - Curva de resposta da posio 01
Fonte - EASERA, 2011
Pode-se observar que obtivemos um grfico bem
linear. Obtivemos um pico separado por volta de 60Hz
que pode ter sido causado por uma ressonncia do
estdio.
A FIG. 8, descreve o espectro captado pelo microfone
na posio 2. Observa uma variao nas baixas
freqncias entre 50Hz e 200Hz que tambm pode ser
fruto de uma acstica mal feita.
Figura 8 - Curva de resposta da posio 02 Fonte - EASERA, 2011
A posio 3 mostrada no grfico da figura 9 descreve
uma linearidade muito boa.
Lembra-se que esta etapa do processo apenas para
se adquirir o espectro de freqncia gerado pela caixa
acstica em cada posio com um microfone de
referncia aferido para que possamos detectar
possveis erros na acstica fazendo medies usando
os microfones originais.
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e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/
Figura 9 - Curva de resposta da posio 03
Fonte - EASERA, 2011
A FIG. 10 que se refere posio 4, obteve o mesmo
pico por volta de 60Hz e um pico por volta de 28Hz, e
nas altas freqncias uma pequena atenuao por
volta de 3.7KHz.
Figura 10 - Curva de resposta da posio 04 Fonte - EASERA, 2011
Obteve-se uma atenuao por volta de 32Hz na FIG.
11 que corresponde posio 5 de microfone e o
resto do espectro se manteve normal.
Figura 11 - Curva de resposta da posio 05 Fonte - EASERA, 2011
Uma vista mais ampla de todos os espectros de
frequncia pode-se avaliar na FIG. 12 que traz todos
os grficos sobrepostos.
Figura 12 - Curva de resposta de todas as posies Fonte - EASERA, 2011
4.2 CURVA DE RESPOSTA DE FREQUNCIA DA
CAIXA ACSTICA USANDO MICROFONE
ELECTRO-VOICE RE20 COM RUDO ROSA EM
TODAS AS POSIES
Os grficos seguintes foram gerados atravs da
captao do rudo rosa gerado pela caixa acstica
pelos microfones originais RE 20 que se usa no
estdio da Rdio Itatiaia em suas respectivas
posies. Os mesmos foram ligados diretamente na
placa de udio.
Observa-se na FIG. 13 que de acordo com suas
caractersticas de fabricao, o mesmo apresenta uma
excelente resposta. Pode observar que por volta de
50Hz, 400Hz e 3.5KHz obteve algumas diferenas que
podem ser corrigidas eletronicamente.
Figura 13 - Curva de resposta da caixa acstica com
microfone RE20, posio 01 Fonte - EASERA, 2011
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e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/
Figura 14 - Curva de resposta da caixa acstica com
microfone RE20, posio 02 Fonte - EASERA, 2011
A FIG. 14 acima demonstra o grfico do microfone 02
e que tambm obteve uma excelente resposta do
mesmo.
A FIG. 15 apresenta o grfico do microfone RE20 03 e
obteve uma boa linearidade nas baixas freqncias e
nas altas, por volta de 12KHz houve uma variao,
porm, no se pode levar em considerao.
Como mostra na FIG. 16 abaixo, entre 3KHz e 4.5KHz
houve uma atenuao, mas que se necessrio pode
atuar com um equalizador paramtrico e aliviar, e
acima de 12KHz obteve variaes imperceptveis.
Figura 15 - Curva de resposta da caixa acstica com
microfone RE20, posio 03 Fonte - EASERA, 2011
Figura 16 - Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, posio 04
Fonte - EASERA, 2011
No grfico abaixo, mostrado abaixo na FIG. 17, tem o
espectro de freqncia captado pelo microfone 05. Um
excelente grfico sem nenhuma anomalia. Obteve
uma atenuao por volta de 50Hz e um pico por volta
de 60Hz.
Figura 17 - Curva de resposta da caixa acstica com
microfone RE20, posio 05 Fonte - EASERA, 2011
O grfico da FIG. 18 descreve o grfico de todos os
microfones RE20 sobrepostos para que se possa ter
uma visualizao melhor.
Observa-se que houve uma coerncia entre todos os
grficos, o que um excelente resultado.
Figura 18 - Curva de resposta da caixa acstica com
microfone RE20, todas as posies Fonte - EASERA, 2011
4.3 CURVA DE RESPOSTA DE FREQUNCIA DA
CAIXA ACSTICA USANDO MICROFONE
ELECTRO-VOICE RE20 COM RUDO ROSA
SADA DO MICROFONE VERSUS A SADA DA
MESA DE UDIO
Esta parte do estudo muito importante, pois se pode
ver a curva do microfone pura e a mesma depois que
se passou por toda a estrutura de ganho.
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e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/
A estrutura de ganho o equilbrio da amplitude do
sinal em todos os seus estgios.
Ajustar a estrutura de ganhos fazer com que a
corrente eltrica do sinal de udio esteja sempre
compatvel entre os diversos aparelhos do caminho, e
ainda no melhor nvel de trabalho possvel. Um
excesso de corrente causar distoro e at mesmo
queima de componentes. Por outro lado, um sinal
eltrico muito baixo traz diversas conseqncias ruins,
como degradao da qualidade sonora causada pelo
rudo de fundo inerente aos prprios equipamentos.
O caminho percorrido pelo sinal eltrico gerado pela
bobina do microfone o seguinte: sai do microfone,
passa por um pr-amplificador de microfone que
amplifica esse sinal e entrega na entrada da mesa de
som. Retornou-se com esse sinal da sada da mesa
de som para a entrada da placa de udio e captou-se
o grfico.
O grfico da FIG. 19 est relacionado com o microfone
01. Pode-se observar que o grfico que est na cor
verde a sada da console (mesa de udio) e o
grfico na cor vermelha sada do microfone. As
diferenas visveis que esto nos grficos, so devido
equalizao feita digitalmente na mesa de udio.
So compensaes feitas para que se possa atingir
um udio adequado.
Neste microfone, observa que pouco se fez em
relao equalizao. A diferena visvel que se
percebeu e que dever ser percebida nos grficos
seguintes a amplitude do sinal que nada mais , do
que um ganho de sinal que se obteve nos estgios de
ganho.
Figura 19 Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, sada do microfone versus sada da
mesa de udio posio 01 Fonte - EASERA, 2011
Figura 20 - Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, sada do microfone versus sada da
mesa de udio posio 02 Fonte - EASERA, 2011
O grfico da FIG. 20 acima, que se refere ao
microfone 02 e demonstra o mesmo que aconteceu
com o microfone anterior. Apenas teve notavelmente o
aumento do ganho.
Houve uma pequena diferena nas altas frequncias
2.5KHz e 10KHz mas nada que d uma grande
diferena no udio.
A FIG. 21 est relacionada ao microfone 03 e
igualmente as anteriores no se visualizam mudanas
drsticas a no ser a amplitude normal do udio na
sada da mesa de udio.
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e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/
Figura 21 - Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, sada do microfone versus sada da
mesa de udio posio 03 Fonte - EASERA, 2011
Figura 22 - Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, sada do microfone versus sada da
mesa de udio posio 04 Fonte - EASERA, 2011
A FIG. 22 demonstra o grfico do microfone 04.
Observa-se pequenas variaes como entre 3KHz e
10KHz e mais uma vez observou a diferena de
amplitude do sinal.
Abaixo, demonstrado na FIG. 23, est o grfico do
microfone 05. Pode-se descrever que aconteceu o
mesmo do microfone 04. So variaes quase que
idnticas.
Figura 23 - Curva de resposta da caixa acstica com microfone RE20, sada do microfone versus sada da
mesa de udio posio 05 Fonte - EASERA, 2011
Nesta seo, observou que houve pequenas
variaes entre as sadas dos microfones comparadas
com as sadas da mesa de udio.
A variao mais percebida foi a da amplitude entre o
sinal medido na sada do microfone com o sinal
medido na sada da mesa de udio. Pequenas
variaes de frequncia entre os grficos podem
certamente ser ajustes feitos no equalizador digital da
mesa de udio, e tambm se pde perceber em todos
os grficos da sada da mesa de udio, um pico
positivo por volta de 17KHZ que pode ter sido gerado
por algum equipamento do circuito, mas que neste
caso no faz diferena por causa do espectro de
frequncia usado e tambm isso ser filtrado nos
processadores seguintes.
4.4 CURVA DE RESPOSTA DO TEMPO DE
REVERBERAO
Nesta seo, ir discutir os grficos que demonstram
o tempo de reverberao de todos os microfones
originais do estdio.
Abaixo na FIG. 24, est demonstrado o grfico do
tempo de reverberao do microfone 01. Observa-se
que foi gasto 0,0462 segundos para a energia cair
70dB e se manteve estvel, o que se torna aceitvel
dentro do que foi dito acima.
Figura 24 - Tempo de reverberao microfone 01 Fonte - EASERA, 2011
A FIG. 25 abaixo demonstra o tempo de reverberao
do microfone 02. Observa-se que o tempo gasto foi de
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e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/
0,0697 segundos para a energia cair 70dB o que
tambm satisfaz bem as necessidades do estdio.
Figura 25 - Tempo de reverberao microfone 02 Fonte - EASERA, 2011
Figura 26 - Tempo de reverberao microfone 03 Fonte - EASERA, 2011
A figura 26 acima demonstra claramente uma acstica
inadequada da posio 03 que se refere ao microfone
03.
Observa-se que para a energia cair 60dB, demorou
0,154 segundos e em 0,477 segundos a onda ganhou
energia novamente e perdendo somente aps 1,3
segundos. Isso no adequado, pois se quer que
quando a onda caia no ganhe energia novamente e
com se diz na linguagem tcnica fantasma.
Abaixo se tem o tempo de reverberao da posio 04
mostrado na FIG. 27. Observa-se que se gastou 0,123
segundos para cair apenas 50dB e 1,3 segundos para
cair 60dB.
Figura 27 - Tempo de reverberao microfone 04 Fonte - EASERA, 2011
O grfico da FIG 28 abaixo tambm est fora do que
se deseja. Tem-se somente em 0,199 segundos uma
queda de 50,4dB e somente em 1,3 segundos caiu os
60,3dB desejado.
Figura 28 - Tempo de reverberao microfone 05
Fonte - EASERA, 2011
5 CONCLUSO
De acordo com os grficos obtidos com todas as
medies, conclui-se que em relao perda de
freqncias, quase no houve discrepncia em
relao ao udio original e o udio na sada da mesa
de udio. Isso quer dizer que passando por todos os
estgios de ganho, nenhum deles est filtrando ou
ampliando exageradamente algumas das freqncias
que esto sendo geradas pela caixa acstica. Porm
isso no quer dizer que a acstica est perfeita.
No que diz respeito reverberao, observou-se uma
reverberao muito alta nos microfones 03, 04 e 05 e
isso implica em realimentao dos microfones com
essas ondas estacionrias, o que no bom para o
propsito de um estdio de locuo.
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e-xacta, Belo Horizonte, v. 4, n. 3, p. 51-66. (2011). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/
Neste caso a interveno ter que ser feita
fisicamente no local, mudando materiais e
reposicionamento de microfones.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem Professora Arlete Vieira da
Silva do curso de Engenharia Eltrica do UniBH, pelo
apoio. Agradecem, especialmente, Rdio Itatiaia por
permitir que fosse feito esses estudos para uma
melhoria da qualidade de som dentro do estdio
principal de locuo.
____________________________________________________________________________
REFERNCIAS
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FERNANDES, JOO CANDIDO: Acstica e Rudos, So Paulo, 2005.
CYSNE, LUIZ FERNANDO OTERO: A Bblia do Som. So Paulo, 2006. ACO ELETRO: 7052PH Phanton Powered Measurement Microphone System, ACO Pacific, Inc. FERRARETTO, LUIZ ARTUR: Rdio, o veculo, a histria e a tcnica. Ed. Sagra Luzzatto. Porto Alegre, 2001.